A Artigo de Revisão Luna RCP & Costa MJC Vitamina A e sua relação com níveis glicêmicos: aspectos metabólicos e perspectivas na prevenção da disglicemia Relation between vitamin A and glycemic control: metabolic aspects and perspectives in the prevention of dysglycemia Rafaella Cristhine Pordeus Luna1 Maria José de Carvalho Costa2 Unitermos: Glicemia. Índice glicêmico. Vitamina A. Keywords: Blood glucose. Glycemic index. Vitamin A. Endereço para correspondência: Rafaella Cristhine Pordeus Luna Universidade Federal do Piauí. Campus Senador Helvídio Nunes de Barros. Coordenação do Curso de Nutrição Rua Cícero Duarte, S/N – Bairro do Junco – Picos, PI, Brasil – CEP 64600-000. E-mail: [email protected] Submissão: 24 de janeiro de 2013 Aceito para publicação: 11 de abril de 2013 1. 2. RESUMO Introdução: Dentre os contribuintes para o aumento das doenças crônicas destacam-se os valores elevados de glicemia, que são suficientes para desencadear mudanças funcionais em vários tecidos-alvo. Nesse contexto, a vitamina A tem sido foco de diversos estudos com ênfase no papel fundamental que pode desempenhar na prevenção ou atenuação dessas alterações. Em modelos experimentais, os pesquisadores referem relação entre deficiência de vitamina A e hiperglicemia, no entanto, pesquisas realizadas com humanos não revelaram essa associação. Método: Para os critérios de revisão foram selecionados estudos que abordassem o tema proposto, sendo revisados e selecionados artigos em português, inglês, francês e espanhol, utilizando as bases de dados PubMed, LILACS e SciELO. Resultados: Em virtude da preocupação especial com o recente aumento da prevalência da diabetes em todo o mundo, o papel do metabolismo retinoide sobre o metabolismo da glicose e da resistência à insulina no corpo humano é de uma importância notável. Assim, ensaios clínicos baseados em dietas com vegetais e frutas ricas em carotenoides fornecerão importantes compreensões para prevenção e redução do risco de diabetes e intolerância à glicose prejudicada. Conclusão: Verificou-se que não há consenso quanto à ação da vitamina A nos níveis glicêmicos em estudos populacionais, tornando-se necessárias mais investigações, com diferentes metodologias, para esclarecer essa relação. Conclui-se que se deve manter a ingestão diária atualmente estabelecida de vitamina A, até que se tenham resultados mais consistentes para subsidiar a necessidade ou não de modificações na recomendação dessa vitamina no tratamento e na prevenção de alterações da glicemia de jejum. ABSTRACT Introduction: Elevated blood glucose values that trigger functional changes in various target tissues contribute to an increase in chronic disease. Vitamin A can play a key role in preventing or mitigating those changes and has been the focus of several studies. Several authors have reported on the relationship between vitamin A deficiency and hyperglycemia in experimental models, however, there is not a consensus on these relationships in humans. Method: For the criteria for review included studies that addressed the theme, being reviewed and selected articles in Portuguese, English, French and Spanish, using the databases PubMed, LILACS and SciELO. Results: Given the special concern over the recent increase in the prevalence of diabetes worldwide, the role of retinoid metabolism on glucose metabolism and insulin resistance in the human body is of marked importance, as well as clinical trials based diet with vegetables and fruits rich in carotenoids provide important insights for preventing and reducing the risk of diabetes and impaired glucose tolerance. Conclusion: According to consulted literature, there is not a consensus regarding the action of vitamin A on blood glucose in adults so more studies with different methodologies are needed to clarify these relationships. Therefore, the currently established, recommended daily intake of vitamin A must remain until more consistent study results are available to support changes in the recommendation for the treatment and prevention of fasting glucose levels. Nutricionista, Mestre em Ciências da Nutrição pela Universidade Federal da Paraíba, Docente do Curso de Nutrição da Universidade Federal do Piauí, Membro externo do Conselho Técnico Científico do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Saúde e Nutrição (NIESN) da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil. Nutricionista, Doutora em Alimentação e Nutrição pela Universidade de Bourgogne, França, Orientador no Programa de Pós-graduação em Ciências da Nutrição, Vice-coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Saúde e Nutrição (NIESN), Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil. Rev Bras Nutr Clin 2013; 28 (2): 141-8 142 Vitamina A e sua relação com níveis glicêmicos ASPECTOS BIOLÓGICOS, METABÓLICOS E FUNCIONAIS DA VITAMINA A INTRODUÇÃO O aumento da prevalência de doenças metabólicas, tais como a obesidade e o diabetes, tornou-se um problema de saúde pública mundial. Dentre os contribuintes para o aumento das doenças crônicas destacamse os valores elevados de glicemia, que são suficientes para desencadear mudanças funcionais em vários tecidosalvo 1. Nesse contexto, a vitamina A tem sido foco de diversos estudos com ênfase no papel fundamental que pode desempenhar na prevenção ou atenuação dessas alterações2. Recentemente, a importância dessa vitamina na biologia do tecido adiposo, obesidade e diabetes tipo II tem se tornado aparente3-5. A vitamina A é um micronutriente essencial para uma variedade de processos fisiológicos, tais como diferenciação dos tecidos, imunidade e visão. No entanto, embora muitos conhecimentos já estejam disponíveis a respeito dessa vitamina, ainda existem aspectos importantes a serem abordados e esclarecidos, como, por exemplo, qual o seu papel na manutenção de níveis glicêmicos adequados em humanos2. A vitamina A é um micronutriente essencial à manutenção de importantes funções para o metabolismo normal. No seu amplo espectro de atuação, exerce ação essencial em inúmeras funções fisiológicas que abrangem visão, manutenção da integridade das membranas biológicas, crescimento, desenvolvimento, manutenção e diferenciação do tecido epitelial, reprodução e na resistência às infecções, mediada pela ação moduladora da resposta imune19,20. No organismo, a vitamina A pode ser encontrada como retinol, retinal e ácido retinoico. Todas essas formas são tóxicas em altas concentrações, dessa forma elas estão associadas a proteínas nos fluidos extracelulares e no interior das células. A vitamina A é armazenada principalmente como ésteres graxos de cadeia longa e, como provitamínicos carotenoides no fígado, rim e tecido adiposo. O retinol é fornecido pela dieta na forma de precursores, como os carotenoides, ou na forma de vitamina A pré-formada, como os retinil ésteres, e dentre estes o retinil palmitato21. Em modelos experimentais utilizando roedores (ratos), os pesquisadores referem relação entre deficiência de vitamina A e hiperglicemia 6-11. No entanto, pesquisas realizadas com humanos não revelaram essa associação2,12,13. Por outro lado, a maioria dos estudos populacionais publicados tem relacionado a ingestão dietética e concentração plasmática dos carotenoides favorecendo o metabolismo da glicose14-18. Os carotenoides precisam ser convertidos em vitamina A (retinol) para se tornarem biologicamente ativos. Nesse processo, devem ser levados em consideração dois aspectos igualmente importantes: a biodisponibilidade do produto e a bioconversão na forma ativa do retinol. O produto dessas duas propriedades determina a bioeficácia do carotenoide (provitamina A) quanto à eficiência de sua absorção e conversão na forma ativa do retinol20. Portanto, a presente revisão teve como finalidade analisar as relações entre a vitamina A e níveis glicêmicos, procurando contribuir para melhor entendimento sobre as mesmas. Estruturalmente semelhantes à vitamina A, os carotenoides são um grupo de quase 600 compostos, porém, apenas cerca de 50 desses têm atividades provitamínicas A, sendo o all–trans-β-caroteno o de maior atividade in vivo, um dímero do retinol, o qual constitui o principal carotenoide provitamina A da dieta do ocidente, mas também α-caroteno e β-criptoxantina contribuem para o suprimento da vitamina A e previnem a deficiência da mesma22. MÉTODO A pesquisa compreendeu uma revisão da literatura. Para os critérios de revisão foram selecionados estudos experimentais e populacionais que abordassem o tema proposto. Foram revisados e selecionados estudos em português, inglês, francês e espanhol, utilizando as bases de dados PubMed, LILACS e SciELO e em livros que abordaram o referido tema. Ressalta-se que publicações clássicas e de destaque sobre o assunto foram utilizadas, independente do ano de publicação, considerando que os estudos sobre o tema proposto são escassos, dessa forma, selecionou-se para revisão não somente estudos realizados nos últimos 10 anos. Os termos de indexação utilizados para a pesquisa foram: glycemia; glucose levels; vitamin A; serum retinol; retinol; dietary vitamin A. O processo de digestão da vitamina A pré-formada e dos carotenoides inicia-se no estômago, onde os ésteres de retinil e os vários carotenoides sofrem ação de enzimas proteolíticas. Desse ponto, ésteres de retinil são hidrolisados no intestino delgado sob a forma de retinol, que é absorvido mais eficientemente do que os ésteres; e os carotenoides são clivados dentro das células da mucosa intestinal em moléculas de retinaldeído, que são reduzidos a retinol e, então, esterificados a ésteres de retinil23. Os carotenoides e retinil ésteres após convertidos em retinol e reesterificados no enterócito, são incorporados aos quilomícrons, que por sua vez são transportados Rev Bras Nutr Clin 2013; 28 (2): 141-8 143 Luna RCP & Costa MJC para o fígado. No fígado, retinil ésteres são retomados, processados e metabolizados, e o retinol é estocado na sua forma éster. O fígado libera retinol associado à Retinol Binding Protein (RBP), a proteína transportadora do retinol, que o transporta para as células-alvo21. Após a absorção do retinol ocorre a conjugação do mesmo ao ácido glicurônico, ocorrendo então a esterificação do retinol, originando ésteres de retinil, ou a oxidação do retinol no interior celular, na qual o retinol é convertido irreversivelmente para o metabólito ativo, ácido all-trans-retinoico, que possui funções de crescimento e diferenciação nas células21. Os ésteres de retinil são transportados via drenagem linfática, do intestino para o sangue, e então para o fígado, como constituintes dos quilomícrons. Eles são depositados principalmente no fígado, mas também no tecido adiposo, pulmões e rins24. Análogos do retinol, com ou sem atividade biológica, são chamados retinoides. O retinoide natural predominante na circulação é o retinol em níveis micromolares, derivado particularmente do β-caroteno e palmitato (retinil ester). A função primária do retinol, e retinil, é servir como o precursor para a biossíntese de retinoides ativos. O retinol tem seis isoformas biologicamente ativas: all-trans, 11-cis,13-cis, 9,13-di-cis, 9-cis e 11,13-di-cis, sendo all-trans a forma predominante3,21. Os retinoides têm sido relacionados como fatores cruciais para o controle do programa de diferenciação de determinadas células epiteliais e para os seus efeitos sobre a visão, crescimento, reprodução e a resistência à infecção. Dessa forma, a deficiência de vitamina A pode resultar em diferenciação celular alterada, redução da resistência à infecção, anemia e morte3. O retinol é a forma mais abundante de armazenamento da vitamina A, sendo o fígado o principal local de armazenamento, mas não o único. Os estoques corpóreos de vitamina A no fígado correspondem a cerca de 50%-80%, de onde o retinol, após desesterificação dos ésteres de retinil, circula para os tecidos periféricos ligados a RBP que transita no plasma em um complexo com a transtiretina (pré-albumina). Esse estoque regula os efeitos de variabilidade nas taxas de ingestão de vitamina A, particularmente contra os riscos de deficiência durante períodos de baixa ingestão dessa vitamina. Após a ligação aos receptores de membrana, o retinol entra na célula-alvo e a RBP é novamente liberada na circulação, sendo posteriormente degradada ou reciclada20,23. Em termos gerais, os carotenoides são menos biodisponíveis que a vitamina A pré-formada, porque estão ligados à matriz dos vegetais. As necessidades para absorção intestinal são superiores aos da vitamina A e ainda devem ser enzimaticamente clivados e armazenados como vitamina A ou caroteno em vários tecidos25. Na presença de anormalidades da absorção de gorduras, a absorção do retinol sofre redução, sendo a absorção do retinol quase integral em condições de normalidade do aparelho gastrintestinal. O armazenamento da vitamina A é feito em forma de ésteres de retinil, e, após hidrólise dos ésteres, o fígado libera continuamente retinol livre na circulação sanguínea, mantendo uma concentração constante de sua forma ativa na circulação23. As necessidades de vitamina A são atualmente definidas pelo Institute of Medicine (Instituto de Medicina) com o termo Retinol Activity Equivalent (RAE), equivalente de atividade de retinol (EAR), baseados na bioeficácia de cada carotenoide ou grupo de carotenoides quanto a sua conversão na forma ativa de vitamina A. As necessidades de vitamina A são baseados na garantia de estoques hepáticos adequados de retinil ésteres26. RELAÇÕES ENTRE A VITAMINA A, SECREÇÃO DE INSULINA E NÍVEIS GLICÊMICOS: ESTUDOS EXPERIMENTAIS COM MODELOS ANIMAIS As atividades da vitamina A são mediadas pelo metabólito do catabolismo do retinol, o ácido retinoico, o qual ativa o receptor de ácido retinoico e o receptor de retinoide X. Uma vez que o receptor de retinoide X é um parceiro heterodimérico obrigatório para muitos receptores nucleares envolvidos no metabolismo, é razoável assumir que o estado da vitamina A e de retinoides contribua para a homeostase da glicose e dos lipídios. Até o momento, o impacto da vitamina A e dos retinoides no metabolismo energético em animais e humanos tem sido demonstrado em algumas investigações clínicas básicas 4. A manutenção da glicemia normal depende principalmente da capacidade funcional das células β pancreáticas em secretar insulina e da sensibilidade tecidual à ação da insulina. A disfunção das células β e a resistência insulínica são anormalidades metabólicas inter-relacionadas na etiologia do diabetes tipo II27. A resistência à insulina caracteriza-se por falhas das células-alvo em responder aos níveis normais de insulina circulantes, resultando em hiperinsulinemia compensatória na tentativa de se obter uma resposta fisiológica adequada28. Turner et al.29 postularam que os níveis insulinêmicos e glicêmicos de jejum eram predominantemente regulados por uma relação de feedback entre o fígado e as células β. Segundo essa proposta, uma redução na secreção de insulina levaria o fígado a aumentar a glicemia basal até que os níveis normais de insulina fossem estabelecidos, inibindo, posteriormente, a secreção de glicose pelo fígado por um feedback negativo. Rev Bras Nutr Clin 2013; 28 (2): 141-8 144 Vitamina A e sua relação com níveis glicêmicos Desse modo, segundo os mesmos autores acima citados, a glicemia basal seria uma função das células β e a hiperglicemia seria mantida por uma redução na insulinemia. Por outro lado, o aumento da resistência à insulina necessitaria de um acréscimo nos níveis de insulina na veia porta com o objetivo de limitar a liberação de glicose, e a glicemia basal seria ligeiramente aumentada até que os níveis suficientes de insulina fossem produzidos. Assim, a insulinemia basal representaria uma função da resistência à insulina. Se um indivíduo com capacidade funcional da célula β reduzida se tornasse obeso, desenvolvendo resistência à insulina, a glicemia basal tenderia a ser ainda mais elevada, com o objetivo de manter níveis insulínicos aumentados na tentativa de vencer a resistência à insulina29. Algumas pesquisas clássicas do final da década de 1980 e 1990 demonstraram a relação da vitamina A com a secreção de insulina pelas células β do pâncreas10,30. In vitro, a deficiência de vitamina A não afetou o conteúdo de insulina das ilhotas, tamanho celular, número ou estrutura. No entanto, in vivo, ratos com deficiência de vitamina A tiveram liberação de insulina induzida pela glicose prejudicada e intolerância à glicose, que melhorou com repleção dessa vitamina. Ilhotas normais tiveram maiores concentrações de proteína ligadora de retinol (PLR) e de proteína ligadora celular do ácido retinoico (PLCAR). A deficiência de vitamina A reduziu as concentrações da PLR, mas não os níveis de PLCAR. Os autores concluíram que o retinol é necessário para a secreção normal de insulina, e que o ácido retinoico pode substituir o retinol nesta função10. De acordo com Matthews et al.7, a deficiência intrauterina de vitamina A (6,25% das necessidades) prejudica o crescimento e o desenvolvimento de células β fetais. Tanto a área celular como o número de células β por ilhota foram reduzidos em fetos expostos a uma oferta marginal de retinoide no útero. Com o aumento da idade, o defeito pode tornar-se evidente devido a uma progressiva diminuição da massa de células ou função. Possíveis explicações incluem um efeito de continuidade da deficiência de vitamina A na função das ilhotas ou falha na replicação de células β em substituição àquelas que morrem. Essa evolução da intolerância à glicose e a incapacidade de células com o tempo lembram a falência das ilhotas que se observa no diabetes tipo II em humanos. É importante ressaltar, por outro lado, que a relação encontrada no estudo citado anteriormente reportou-se a animais com consumo muito baixo de vitamina A, faixa de consumo, quando adaptado para humanos, improvável de ser encontrada em populações de países em desenvolvimento2. Pesquisa realizada com ratos não-obesos com diabetes tipo 1 relacionaram o consumo de dietas ricas em polifenóis ou vitamina A com o efeito protetor contra ataque inflamatório auto-imune das células β do pâncreas e potencial para a redução do aparecimento e patogênese do diabetes autoimune. O aumento dos níveis de polifenóis ou vitamina A na dieta apresentou profundos efeitos na supressão inflamatória e na redução do dano oxidativo nas ilhotas6. Por outro lado, outros resultados com modelos animais do diabetes tipo I humano demonstraram que a deficiência de retinol diminuiu o risco de diabetes e de inflamação das ilhotas pancreáticas e que o ácido retinoico substituiu pelo menos em parte o retinol no processo que leva em direção ao diabetes, sugerindo que a deficiência de vitamina A diminui o risco diabetes e de inflamação das ilhotas nos ratos propensos ao diabetes autoimune. Os autores colocam que outra possível explicação para esse achado estaria no fato que o retinol ou um específico metabólito do retinol seria necessário na diabetogênese na linhagem de ratos avaliada (BB/Wor rats)31. Investigação experimental também com ratos Biobreeding (BB), modelo animal de rato diabético, induzidos por streptozotocina, sugeriu decréscimo na disponibilidade hepática de vitamina A, possivelmente causada por diminuição do transporte dos estoques hepáticos, sendo outro transtorno metabólico associado com o diabetes tipo I. A disponibilidade metabólica da vitamina A foi prejudicada em ratos BB após o início da hiperglicemia. A presença de hiperglicemia afetou o metabolismo da vitamina A devido ao decréscimo dos níveis plasmáticos de retinol e suas proteínas carreadoras no plasma e no fígado no início do diabetes. As concentrações de vitamina A hepáticas e plasmáticas nos ratos sem diabetes foram similares àquelas do grupo controle, sugerindo que a deficiência de vitamina A é decorrente, principalmente, da hiperglicemia8. Observando o efeito em curto prazo da deficiência dietética de vitamina A, Ramachandran et al.9 avaliaram ratos pós-púberes do sexo feminino, com o objetivo de encontrar possível inter-relação entre a vitamina A e o metabolismo geral, verificando elevação significativa na glicemia nesses animais. Blaizot et al.11 observaram as variações das concentrações sanguíneas de glicose e insulina e o controle da vitamina A em ratos com deficiência após administração de glicose por diversas maneiras. A deficiência de vitamina A diminui a glicemia e insulinemia inicial dos ratos em jejum. Parece que a liberação de insulina do pâncreas de ratos deficientes é normal após um tratamento moderado: por exemplo, após uma única injeção de glicose 0,5 g/ Rev Bras Nutr Clin 2013; 28 (2): 141-8 145 Luna RCP & Costa MJC kg, ou durante a digestão de uma mistura de farinha ou perfusão intestinal in vivo de glicose de soluções com fracas concentrações (0,5 a 2 g/L). Porém, após uma dieta rica em glicose (65 %) ou durante perfusões intestinais de soluções com um maior conteúdo de glicose (até 15 g/L), a hiperinsulinemia foi fugaz nos ratos deficientes que apresentaram a mais alta hiperglicemia, em alguns animais perfundidos. CONCENTRAÇÕES SÉRICAS CIRCULANTES DE VITAMINA A E CAROTENOIDES E SUA RELAÇÃO COM RESISTÊNCIA À INSULINA E GLICOSE SANGUÍNEA: ESTUDOS REALIZADOS COM HUMANOS A secreção de insulina pelas células β ou a resistência à insulina exerce um importante papel no desenvolvimento do diabetes tipo II32. O estresse oxidativo tem um desempenho chave na patogênese dessa doença, pela secreção de insulina prejudicada ou aumento da resistência à insulina33. Portanto, os nutrientes antioxidantes, como vitaminas ou carotenoides, podem ter uma esperada proteção contra o desenvolvimento dessa doença15. A maioria das investigações tem relacionado a ingestão dietética e a concentração plasmática dos carotenoides com o metabolismo da glicose, resistência à insulina, início de disglicemia e diabetes tipo 2 em diferentes populações14-18,34-36. Avaliando 1.665 indivíduos com idade entre 40-74 anos, participantes da terceira pesquisa nacional de saúde e nutrição dos Estados Unidos (NHANES III/Third National Health and Nutrition Examination Survey), com tolerância normal ou prejudicada à glicose e com diagnóstico prévio ou recente de diabetes, Ford et al.35 observaram que as concentrações de insulina de jejum foram inversamente correlacionadas com as concentrações de todos os carotenoides séricos, com evidência mais forte para o β-caroteno e o licopeno. Em pesquisa anterior, Facchini et al. 36 publicaram que a utilização da glicose mediada pela insulina estava inversamente relacionada com a ingestão dietética das vitaminas A e E. Os autores relataram uma inversa correlação entre carotenoides séricos, α e β-caroteno, licopeno, β-criptoxantina e luteína/zeaxantina, e resistência à insulina. Em outra investigação, com indivíduos de 30 a 70 anos, os carotenoides séricos, especialmente, β- criptoxantina, foram inversamente associados com o modelo homeostático de avaliação da resistência à insulina (HOMA-IR/Homeostasis Model Assessment of Insulin Resistance), em pesquisa com 812 indivíduos nãodiabéticos, sugerindo que esses carotenoides podem atuar contra a resistência à insulina15. Inversas correlações entre resistência à insulina e ingestão dietética de vitaminas antioxidantes lipossolúveis foram encontradas em pesquisa realizada com indivíduos, com idade média de 47 anos, em vários níveis de resistência à insulina e tolerância normal à glicose. Os autores colocam que a diminuição da ingestão dietética dessas vitaminas contribui para o decréscimo das concentrações plasmáticas de carotenoides e tocoferóis, que, por sua vez, prejudica a habilidade da utilização da glicose mediada pela insulina no músculo. A resistência à insulina resulta em aumento da peroxidação lipídica, um processo acentuado pela diminuição do conteúdo antioxidante. Ou seja, a peroxidação lipídica secundária à diminuição das vitaminas antioxidantes, pode prejudicar a ação da insulina34. No Botnia Dietary Study (Estudo Dietético de Botnia), Yölen et al. 18, avaliando indivíduos com alto risco de diabetes tipo 2, com idade entre 20 e 70 anos, encontraram associações inversas entre ingestões dietéticas de α-caroteno, β-caroteno, licopeno, níveis séricos de β-caroteno e resistência à insulina. Em outra pesquisa, com indivíduos maiores de 25 anos, no Australian Diabetes, Obesity and Lifestyle Study (AusDiab) (Estudo Australiano de Diabetes, Obesidade e Estilo de vida), os pesquisadores encontraram uma tendência de aumento na glicose plasmática pós-prandial 2h e insulina de jejum com decréscimo dos carotenoides analisados. Houve tendência de diminuição das concentrações de glicose plasmática de jejum com o aumento de α- e β-caroteno 16. Outra interessante pesquisa, o Epidemiology of Vascular Ageing Study (Estudo Epidemiológico de Envelhecimento Vascular) avaliou o papel dos carotenoides na prevenção do diabetes sugerido por suas propriedades antioxidantes. A análise incluiu 1.389 voluntários com idade entre 59 e 71 anos. A glicose plasmática de jejum foi mensurada em 2, 4 e 9 anos depois da inclusão dos indivíduos ao estudo. Os autores observaram que o risco de disglicemia foi significativamente mais baixo nos participantes com carotenoides plasmáticos mais altos, confirmando uma relação independente entre carotenoide plasmático e início de disglicemia14. Utilizando dados referentes ao NHANES III, Ford et al.17 compararam as concentrações circulantes de vitaminas A, C, e E, retinil ésteres, cinco carotenoides e selênio em 8.808 americanos adultos maiores de 20 anos, com e sem síndrome metabólica. Não houve diferenças significantes entre a ingestão dietética de vitamina C, vitamina E e carotenoides entre os participantes com e sem síndrome metabólica, no entanto, a ingestão dietética de vitamina A foi significativamente menor nos indivíduos com a síndrome. Depois dos ajustes para idade, as Rev Bras Nutr Clin 2013; 28 (2): 141-8 146 Vitamina A e sua relação com níveis glicêmicos concentrações sanguíneas de vitamina C, α- e β-caroteno, β-criptoxantina e luteína/zeaxantina foram menores entre os participantes com síndrome metabólica. Por outro lado, aqueles com a síndrome metabólica tiveram maiores concentrações de retinol e vitamina E do que os que não apresentaram a síndrome. Segundo Tavridou et al.37, avaliando indivíduos com idade entre 25 e 74 anos, as concentrações séricas de vitamina A são maiores em indivíduos com tolerância prejudicada à glicose do que em indivíduos com tolerância à glicose normal. Em estudo realizado por Erikstrup et al.38, os autores demonstraram que a razão retinol/ proteína transportadora de retinol (RBP) foi elevada em pacientes com diabetes tipo II. Com base nessas observações, pode-se inferir que, na tolerância diminuída à glicose, possivelmente, é exigida mobilização de vitamina A. Sabe-se que, quando a vitamina A é muito solicitada, circula dos depósitos para as células requisitoras, aumentando sua concentração no sangue. É importante ressaltar, ainda, que os valores sanguíneos podem apresentar-se na faixa de normalidade e, no entanto, ocorrer deficiência a nível hepático 2,39. Por outro lado, resultados apresentados por Krempf et al. 13 não evidenciaram correlação entre a concentração sanguínea de vitamina A e o controle da glicose sanguínea conforme avaliação com hemoglobina glicada (HbA1c). Avaliando a ingestão dietética de vitamina A de indivíduos saudáveis com idade entre 18 e 22 anos, Zulet et al.12 não encontraram associação da glicemia de jejum, nem do HOMA-IR, com a ingestão de vitamina A. Em recente pesquisa com indivíduos na faixa etária entre 60 e 90 anos de idade, Luna et al. 2 observaram que não houve relação entre valores glicêmicos e de retinol sérico e dietético, entretanto, a maioria dos idosos avaliados apresentou valores adequados dessas variáveis, podendo-se, portanto, citar como limite, a baixa amplitude dos valores das variáveis estudadas que pode ter impossibilitado o surgimento de relações significativamente estatísticas, destacando-se a baixa prevalência de idosos com valores reduzidos de retinol sérico (3,1%). Portanto, mais estudos são necessários para a investigação do papel da vitamina A na etiologia da tolerância prejudicada à glicose e diabetes37. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em relação aos carotenoides, ensaios clínicos baseados em dietas com vegetais e frutas ricas nesses compostos fornecerão importante compreensão não somente na prevenção de complicações do diabetes, mas também na redução do risco de desenvolvimento da doença, especialmente entre aqueles com intolerância à glicose prejudicada. Em virtude dessa preocupação especial com o recente aumento da prevalência da diabetes em todo o mundo, o papel do metabolismo retinoide sobre o metabolismo da glicose e da resistência à insulina no corpo humano é de uma importância notável. Estudos em andamento deverão oferecer novos esclarecimentos sobre os mecanismos de regulação da glicose por retinoides. Esses estudos contribuirão para um maior entendimento dos fatores importantes e podem levar a futuras intervenções terapêuticas. Na presente revisão, verificou-se que não há consenso quanto à ação da vitamina A nos níveis glicêmicos em estudos populacionais, tornando-se necessárias mais investigações com diferentes metodologias, como os estudos controlados e os de seguimento, para esclarecer essa relação. Portanto, conclui-se que se deve manter a ingestão diária atualmente estabelecida de vitamina A, até que se tenham resultados mais consistentes para subsidiar a necessidade ou não de modificações na recomendação dessa vitamina no tratamento e na prevenção de alterações da glicemia de jejum. REFERÊNCIAS 1.American Diabetes Association. Diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes Care. 2012;35(Suppl 1):S64-71. 2.Luna RC, Nascimento CC, Asciutti LS, Franceschini SC, Filizola RG, Diniz AS, et al. Relation between glucose levels, high-sensitivity C-reactive protein (hs-CRP), body mass index (BMI) and serum and dietary retinol in elderly in population-based study. 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