REAL É A SEGUNDA MOEDA QUE MAIS DESVALORIZOU NO MUNDO A situação vai caminhando dentro do que se poderia esperar de pior Por Pedro Paulo Silveira* O dólar continua subindo e já está beirando os R$ 4,00 para o comercial e quase R$ 4,20 no turismo. A moeda brasileira está em segundo lugar no “ranking” da desvalorização acumulada em doze meses. A situação vai caminhando dentro do que se poderia esperar de pior. A queda do nível de atividades está se intensificando, as expectativas em relação ao futuro retardam as decisões de gastos das famílias e das empresas, a queda da atividade piora a arrecadação do governo, essa queda da arrecadação amplia o déficit público e isso piora as expectativas. É um poço sem fundo. A coisa fica ainda mais dramática se considerarmos como elevadíssima a chance da Moody´s ou da Fitch rebaixarem a nota de crédito do Brasil, seguindo a decisão recente da S&P. Com a nota rebaixada ainda mais investidores estrangeiros sairiam do país, desvalorizando mais o real. E a chance de rebaixamento da nota de crédito do país aumentou na sexta passada com a divulgação da arrecadação de impostos de agosto. Ela veio em R$ 93,7 bilhões, com uma queda de 10% relação a julho e de 9% em termos reais em relação a agosto do ano passado. Esse dado aumentou a expectativa de piora do déficit público e, por consequência, de piora da relação dívida /PIB, que indica a sustentabilidade de longo prazo das finanças públicas. Ela está calculada pela média semestral e deflacionada pelo IPCA. Note que ela bateu um pico em maio de 2014 e depois veio caindo fortemente. Essa queda resulta tanto da desaceleração da economia como da política de isenções tributárias dadas pelo governo a alguns setores específicos da economia. Ao mesmo tempo que as expectativas pioram, também pioram os preços praticados no mercado financeiro. Os juros explodiram e refletem as incertezas em relação ao futuro e isso acaba por pressionar ainda mais as condições de crédito para as empresas e famílias. Estamos em um ponto em que o crédito está fazem uma pressão negativa enorme sobre a economia real, seja porque as taxas ficaram mais caras, seja porque a oferta está sendo reduzida fortemente pelo sistema financeiro nacional. Esse evento, que aumenta a velocidade da queda da atividade da economia por conta da oferta de crédito pelo sistema bancário, é denominado acelerador financeiro[1]. Antes um aliado forte da alta do crescimento, ele agora se transforma em forte componente da super recessão que pode levar o PIB brasileiro a encolher mais de 6% em três anos. Como esse martírio não parece ter fim, a taxa de câmbio esperada deve continuar a subir. Se os R$ 4,0 de hoje parecem muito, amanhã eles poderão ser até baratos. *Economista-chef Tov Corretora 21/09/2015