DELINEANDO CONVERGÊNCIAS ENTRE INVESTIGAÇÃO TEMÁTICA E MODELAGEM MATEMÁTICA Ana Paula dos Santos Malheiros UNESP, Brasil [email protected] RESUMO Este texto apresenta as aproximações existentes entre a Modelagem em Educação Matemática e as Investigações Temáticas, propostas por Paulo Freire. A partir de um estudo bibliográfico, baseado no paradigma qualitativo, a pesquisa mostra como as ideias e pressupostos acerca das Investigações Temáticas convergem para a Modelagem, principalmente nas concepções baseadas na perspectiva sociocrítica, pautada na Educação Matemática Crítica, principalmente quando o tema eleito para o trabalho faz parte do cotidiano e/ou da realidade dos alunos. O estudo evidencia diversas aproximações entre a Investigação Temática e a Modelagem e ressalta que em ambas se busca, além da construção do conhecimento por meio do diálogo, a reflexão e o despertar da consciência crítica dos educandos e dos educadores. Palavras-chave: Paulo Freire. Educação Matemática Crítica. Educação Matemática. ABSTRACT This paper presents existing approaches between the Modeling in Mathematics Education and the Thematic Researches, proposed by Paulo Freire. From a bibliographical study, based on the Qualitative Paradigm, the V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil research shows how the ideas and assumptions about the Thematic Research converge on Modeling, mainly on concepts from the social critic perspective, based on the Critical Mathematics Education, especially when the chosen theme for the work is part of the students´ daily lives and/or their reality. The study reveals several links between the Thematic Research and Modeling and highlights that not only the construction of knowledge through dialogue is sought in both, but also the reflection and awakening of critical consciousness of learners and educators. Key-words: Paulo Freire. Critical Mathematics Education. Mathematics Education. 1 Introdução A Modelagem1, no contexto da Educação Matemática, teve início no século XX (BARBOSA, 2001), quando matemáticos puros e aplicados discutiam métodos para se ensinar Matemática. No Brasil, seu surgimento, de acordo com Borba e Villarreal (2005), ocorreu a partir das ideias e trabalhos de Paulo Freire e de Ubiratan D’Ambrosio, na década de 1970, os quais valorizavam aspectos sociais em salas de aula. Biembengut (2009) também destaca que a Modelagem, no cenário da Educação Matemática, no Brasil, surgiu quase que no mesmo período que em outros países, principalmente pela atuação dos professores Aristides Barreto, Ubiratan D’Ambrosio, Rodney Bassanezi, João Frederico Meyer, Marineuza Gazzetta e Eduardo Sebastiani. Na década de 1980, a Modelagem ganhou força por meio da influência dos trabalhos do professor D’Ambrosio – orientador do professor Bassanezi, quem conduziu os principais trabalhos da área - que ministrava aulas e orientava trabalhos tanto na UNESP quanto na UNICAMP (ARAÚJO, 2010; BORBA; VILLARREAL, 2005), além de proporcionar cursos para a formação de professores em serviço. Foi neste período que ela se consolidou como abordagem pedagógica no Brasil e, desde então, diversos estudos sobre Modelagem na Educação Matemática têm surgido. Ainda, nos últimos anos, é notório o aumento de pesquisas acerca dessa tendência em Educação 1 Nesse texto Modelagem e Modelagem Matemática serão utilizados como sinônimos, evitando assim possíveis repetições. 2 V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil Matemática (BIEMBENGUT, 2009). Nesse contexto, a Modelagem vem sendo investigada e discutida enquanto abordagem pedagógica por pesquisadores como Barbosa (2001; 2003; 2007), Araújo (2002, 2007; 2009; 2010), Bassanezi (2002), Borba (2002; 2009), Malheiros (2004; 2008; 2012), dentre tantos outros2. Nesses trabalhos, uma das principais características da Modelagem consiste em lidar com “problemas abertos”, sendo um de seus objetivos é resolver uma situação “qualquer” com auxílio da Matemática. Se olharmos para parte da literatura da Educação Matemática, as concepções de Modelagem encontradas diferenciam-se em alguns aspectos e o que as distingue, basicamente, é a ênfase na escolha do problema a ser investigado, que pode partir do professor, pode ser um acordo entre professor e alunos ou então os estudantes podem escolher o assunto que pretendem investigar. Além disso, é possível considerar que elas possuem um objetivo comum: investigar e/ou pesquisar e/ou resolver problemas da realidade (seja ela do estudante, da escola, da comunidade) utilizando, para isso, conhecimentos matemáticos. Ainda, se continuarmos a investigar a literatura existente, encontramos autores (ARAÚJO, 2009; JACOBINI; WODEWOTZKI, 2006; BARBOSA, 2003) que afirmam que dentre as diferentes concepções de Modelagem existentes no contexto da Educação Matemática, há aquelas que podem ser classificadas de acordo com a perspectiva sociocrítica, que tem como base os trabalhos de Paulo Freire, Ubiratan D’Ambrosio e Ole Skovsmose, prioritariamente. Porém, em um levantamento bibliográfico 3 realizado recentemente no Brasil, encontrei apenas o trabalho de Forner (2005), que menciona a obra de Freire e a Modelagem concomitantemente. Sua pesquisa investigou as influências da obra de Paulo Freire na formação de professores de Matemática, a partir de entrevistas com renomados educadores matemáticos nacionais. Nesse trabalho, o autor evidencia que há relação entre a Modelagem e o pensamento freireano e alguns de seus entrevistados também mencionam influências de Freire na Etnomatemática e na Modelagem, principalmente. Entretanto, elas não são explicitadas no trabalho. Também encontrei trabalhos que relacionam a perspectiva dialógica de Paulo 2 Nesse texto não será realizada uma revisão de literatura aprofundada sobre Modelagem em Educação Matemática, visto que tal fato não é foco do mesmo. 3 Tal levantamento foi realizado no bando de teses da CAPES e também nos principais periódicos da área, ao longo do primeiro semestre de 2011. 3 V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil Freire explicitamente com a Educação Matemática Crítica (EMC), como o de Silva (2007). Nele, a autora apresenta interlocuções existentes entre EMC e a perspectiva dialógica, com o foco na formação dos professores de Matemática. Recentemente, em Meyer, Caldeira e Malheiros (2011, p.15), escrevemos que “[...] podemos traçar um paralelo entre a filosofia de educação de Paulo Freire e o trabalho escolar com a Modelagem Matemática de fenômenos de interesses de seus alunos e de suas comunidades”. Nesse sentido, considerando que parte da comunidade que pesquisa Modelagem evidencia a influência de Paulo Freire na Modelagem, de modo direto ou indireto, comecei a me debruçar com maior interesse sobre sua obra, com intuito de tentar melhor compreender de que maneira tal fato aconteceu. Ao longo dos estudos realizados, me deparei com as Investigações Temáticas (FREIRE, 2005), publicadas na obra Pedagogia do Oprimido, na década de 1960. Assim, nesse texto, de cunho teórico, apresento as aproximações existentes entre a Modelagem e as Investigações Temáticas. Para tanto, trago algumas questões acerca da Modelagem, assim como das Investigações Temáticas. No que diz respeito à metodologia, a pesquisa que deu origem a esse texto é pautada no paradigma qualitativo, pois busca compreender as possíveis convergências entre as Investigações Temáticas e a Modelagem no cenário nacional. Assim, ela foi baseada em um estudo bibliográfico, podendo ser classificada então como uma pesquisa bibliográfica (FIORENTINI; LORENZATO, 2006), ou seja, aquela que acontece prioritariamente a partir de textos escritos. As obras utilizadas foram basicamente aquelas que tratam da EMC, com ênfase nas suas convergências com a Modelagem, as que apresentam a Modelagem na perspectiva sociocrítica e também a produção de Paulo Freire como livros e artigos que abordam as Investigações Temáticas. A busca pelos textos que baseiam essa pesquisa foi realizada a partir das publicações brasileiras em anais de eventos como os dois últimos SIPEM4 – Seminário Internacional de pesquisa em Educação Matemática, as duas últimas CNMEM 5 – Conferência Nacional de Modelagem na Educação Matemática, no Banco de Teses da 4 5 Realizados em Águas de Lindóia, SP, e, 2006 e em Brasília, DF, em 2009. Realizadas em Londrina, PR em 2009 e em Belém, PA em 2011. 4 V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil CAPES6, por meio de buscas virtuais com combinações de palavras-chaves e também em consultas à bibliotecas e acervos (pessoais e de outros pesquisadores da área). 2 Modelagem Matemática e Educação Matemática Crítica A Modelagem permeia o cenário da Educação Matemática há algum tempo, conforme foi mencionado. Recentemente, ela passou a integrar também os documentos oficiais do Ministério da Educação (MEC) como um caminho possível para os processos de ensino e de aprendizagem da Matemática na Educação Básica (BRASIL, 2006). Na literatura específica sobre o tema, não há uma única definição de Modelagem, mas as concepções apresentadas apontam convergências. Desse modo, ela pode ser compreendida como um caminho para o “fazer” Matemática em sala de aula. A partir de observações da realidade (do aluno e/ou do mundo) e partindo de questionamentos, discussões e investigações, os estudantes, ao fazerem Modelagem, defrontam-se com problemas que podem modificar as ações na sala de aula, além da forma como se compreende o mundo (MEYER; CALDEIRA; MALHEIROS, 2011). Tal ideia se aproxima daquilo que Freire (2005) denomina “Leitura de Mundo”. Nesse texto, a Modelagem é vista como uma abordagem pedagógica na qual os estudantes, a partir de um tema de interesse deles, utilizam a matemática para investigá-lo e compreendê-lo, sendo o professor o orientador ao longo de todo o processo. Existem pequenas sutilezas que fazem com que as concepções de Modelagem adotadas por pesquisadores apresentem aspectos diferenciados. No cenário educacional, ela pode ser compreendida como um método de investigação e ser relacionada com a ideia da integração da Matemática com outras áreas do conhecimento. É possível encontrar uma revisão de literatura sobre as diferentes concepções de Modelagem em várias publicações da área (MALHEIROS, 2004; ARAÚJO, 2002). Dando continuidade às sutilezas que fazem a diferença nas perspectivas sobre Modelagem, alguns pesquisadores acreditam que é possível trabalhar com qualquer tema ao se desenvolver um trabalho com Modelagem e outros, não. Além disso, a Modelagem é vista por muitos como uma estratégia pedagógica motivadora, capaz de despertar o interesse do aluno pela Matemática, relacionando-a 6 Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior. <http://www.capes.gov.br/servicos/bancode-teses>. Acesso em 15 nov. 2011. 5 V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil com fatos do seu cotidiano ou, de modo mais incisivo, com as necessidades cotidianas de suas comunidades. Com a Modelagem também pode-se criar possibilidades interdisciplinares na sala de aula, fato considerado muito importante dentre as questões relacionadas ao ensino e a aprendizagem, mostrando que, no caso, a Matemática não é uma ciência isolada das outras. Nesse sentido, autores como Bassanezi (2002) acreditam que quando a aprendizagem é realizada por meio da Modelagem, os estudantes conseguem relacionar a Matemática com suas aplicações, vislumbrando alternativas que possam direcionar suas aptidões ou até sua formação. Assim, em contraste com a ideia de alguns pesquisadores, a Modelagem também pode ser vista como o esforço de descrever matematicamente um fenômeno que é escolhido pelos alunos com o auxílio do professor. Com isso, o professor tem o papel de conduzir seus alunos na transformação e matematização de um tema amplo em uma questão mais restrita a ser investigada. E, a partir da matematização do tema escolhido pelo aluno, este, muitas vezes, consegue compreender determinados fenômenos e elaborar algumas conjecturas. Porém, o objetivo ao se trabalhar com Modelagem é, na maioria das vezes, tentar compreender fatos, elaborar e atribuir significados aos modelos, utilizando para isso a Matemática. Desse modo, na Modelagem, o professor é um agente participante de todo o processo, que busca auxiliar e orientar os alunos, com o objetivo de torná-los protagonistas da produção do conhecimento. Assim, no trabalho com a Modelagem em sala de aula, o docente deve estar preparado para possíveis imprevistos, principalmente quando são os alunos que propõem o tema a ser desenvolvido. Na literatura nacional, há perspectivas de Modelagem que se apoiam principalmente nos conceitos da EMC, como os trabalhos de Araújo (2002; 2009), por exemplo. Sobre tal temática, Jacobini e Wodewotzki (2006) publicaram um texto que apresenta uma reflexão sobre a Modelagem no contexto da EMC e Araújo (2009) teceu considerações sobre o que seria a Modelagem na perspectiva da EMC. A EMC surgiu, no contexto da Educação Matemática, na década de 1980, a partir da preocupação de educadores com os aspectos políticos da Educação Matemática, e suas discussões giram em torno da questão da democracia (SKOVSMOSE, 2001). Nesta perspectiva, o diálogo e a democracia devem estar presentes na sala de aula ao se fazer matemática. Para Skovsmose (2008), a noção de diálogo proposta por Freire é uma das 6 V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil inspirações teóricas para a educação crítica. Assim, na EMC, os estudantes possuem um grau de envolvimento muito grande no desenvolvimento e controle do processo educacional e, com isso, a relação existente entre o professor e os alunos tem papel fundamental. “Vários tipos de relação são possíveis, mas a Educação Crítica enfatiza que um princípio importante é que os parceiros sejam iguais” (SKOVSMOSE, 2001, p.17). Sobre tal fato, Freire (2011a, p. 25) afirma que “[...] embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado”. Para Skovsmose (2001), um dos pontos chave da EMC não está inserido no processo educacional, mas está relacionado com problemas existentes fora do universo da Educação. Assim, ele acredita que as questões estudadas devem ser relevantes para os alunos, de acordo com seus interesses, além desses possuírem uma relação próxima com situações ou problemas existentes em seu contexto social. Nesse sentido, afirma que “a educação crítica deve ser baseada em diálogos e discussões, o que talvez seja uma forma de fazer com que a aprendizagem seja conduzida pelos interesses dos alunos” (SKOVSMOSE, 2008, p. 10). O autor ainda complementa que, “[...] para ser crítica, a educação deve reagir às contradições sociais” (SKOVSMOSE, 2008, p.101) e destaca que a EMC tem se manifestado por meio de orientações para problemas, organização de projetos, interdisciplinaridade, dentre outros. A proposta da EMC é fazer com que todos sejam matematicamente alfabetizados, para que eles possam vivenciar, entender e questionar a sociedade em que vivem. Ainda, em Alrø e Skovsmose (2006), os autores enfatizam que a EMC se preocupa com a maneira com que a Matemática influencia o ambiente cultural, tecnológico e político e acreditam que as competências matemáticas devem servir para que isso aconteça. Desse modo, a EMC não está apenas preocupada com maneiras “mais eficientes” de ensinar determinados conteúdos e sim com questões como “De que maneira a aprendizagem da Matemática pode contribuir para o desenvolvimento da cidadania?”, dentre outras. E, para eles, a comunicação, com base no diálogo, favorece certas qualidades da aprendizagem de Matemática, “[...] a que nós nos referimos como aprendizagem crítica da matemática manifestada na competência da materacia” (ALRØ; SKOVSMOSE, 2006, p.19). Considerando as questões apresentadas, acredito que ao se propor um trabalho com Modelagem em sala de aula, com base em situações de interesse dos alunos e que 7 8 V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil fazem parte do seu dia-a-dia, está se possibilitando ao estudante que ele compreenda o papel da Matemática na sociedade. E tal fato vai ao encontro de elementos da perspectiva da EMC. A Modelagem, como aprendizagem da vida, como forma de ler o mundo, como forma de compreendê-lo e de poder tomar decisões, converge para os pressupostos apresentados por Skovsmose (2001; 2007) e outros autores antes aqui mencionados. Ademais, quando se trabalha com a Modelagem na perspectiva da EMC, professores e alunos são participantes do processo de aprendizagem, não apenas da Matemática, mas de questões relacionadas ao cotidiano e que possuam relevância social, à cidadania e ao seu exercício consciente, além de questões relacionadas aos interesses dos estudantes. Um aspecto que aproxima a Modelagem da EMC é o fato de que, muitas vezes, não há uma única resposta ao problema investigado, ou então existem muitos caminhos para que se chegue até ela. Tal fato permite que a Matemática possa ser vista como uma área que possui influência humana, que pode ser questionada (BORBA; SKOVSMOSE, 2001). Tal visão vai contra a ideologia da certeza da Matemática, que para Borba e Skovsmose (2001), reforça a ideia de a Matemática se tornar parte de uma linguagem de poder, ou seja, o argumento matemático não é contraargumentado, visto que ele é estável e inquestionável. Assim, a EMC tem como um de seus objetivos combater a ideologia da certeza da Matemática e a Modelagem pode ser um caminho para que isso aconteça. E, sobre a Matemática, em particular, Skovsmose (2007) afirma que ela representa uma preocupação da EMC, pois ela não deve ser considerada apenas de uma perspectiva educacional, mas também de um ponto de vista filosófico e sociológico. Assim como na Modelagem, o objetivo da EMC não é apenas que o indivíduo aprenda Matemática e, sim, que ele a utilize para compreender seu entorno, sua realidade e que possa, a partir dela, exercer sua cidadania. Nesse sentido, uma pesquisa realizada com base nas premissas da EMC se compromete com transformações dos sujeitos envolvidos, uma das bases do paradigma crítico, e vai ao encontro de ideias presentes na obra freireana. 3 Investigação Temática De acordo com Nascimento e Linsingen (2006), a problematização e a dialogicidade são os dois princípios centrais que norteiam a filosofia de Paulo Freire. E, para Freire (2005), problematizar ultrapassa a ideia de que, a partir de um problema ou V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil situação do cotidiano do estudante, o professor trabalhe certo conteúdo. Para ele, problematizar é “[...] exercer uma análise crítica sobre a realidade problema” (FREIRE, 2005, p. 193), ou seja, é mais do que aprender um conteúdo ou conjunto deles e sim compreender a situação em que este se mostra presente. Nessa direção, Nascimento e Linsingen (2006, p. 104) destacam que “a problematização deve ser um processo no qual o educando se confronta com situações de sua vida diária, desestabilizando seu conhecimento anterior e criando uma lacuna que o faz sentir falta daquilo que ele não sabe”. Tal concepção vai ao encontro da ideia de educação realizada com a participação dos estudantes e não sobre eles, essa última baseada na concepção de uma “educação bancária”, antidialógica (FREIRE, 2005). E, para que a problematização seja incorporada ao contexto educacional, Freire (2005) propõe o trabalho de conteúdos programáticos da educação a partir da investigação de temas geradores, denominada por ele de Investigação Temática (IT), considerada como ponto de partida do processo educativo. Segundo ele, tal “[...] investigação implica, necessariamente, uma metodologia que não pode contradizer a dialogicidade da educação libertadora” (FREIRE, 2005, p. 101), educação essa pautada na ideia de que professor e alunos aprendem e ensinam juntos, por meio do diálogo. Para Freire (2005), a educação libertadora, problematizadora, é aquela que supera a contradição educador-educandos, ou seja, para ele, a educação é uma atividade na qual os envolvidos, educandos e educadores, apesar da diferença que os conotam e mediatizados pelo mundo, se educam em comunhão. Além disso, tal educação não acontece de forma mecânica e, sim, por meio de investigação e reflexão, para o desenvolvimento da criticidade, pois para Freire (2005), conhecer implica em interferir na realidade conhecida. Especificamente sobre a IT, Freire (2005) afirma que ela é realizada por meio de uma metodologia conscientizadora, com o objetivo de proporcionar aos sujeitos uma forma crítica de pensamento acerca das questões de seu cotidiano. Para ele, “investigar o tema gerador é investigar [...] o pensar dos homens referido à realidade, é investigar seu atuar sobre a realidade, que é sua práxis” (FREIRE, 2005, p. 114). Nesse contexto, professor e alunos se tornam sujeitos do processo. Freire (2005) ainda ressalta que quanto mais ativa for a postura dos indivíduos na investigação de uma temática, mais eles se aprofundarão sobre ela e, então, se apropriarão dela. A IT tem por objetivo explicitar o que Freire (2005) denomina de situações- 9 V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil limites, as quais podem ser compreendidas como situações contraditórias ou barreiras insuperáveis, mas que devem ser encaradas como um obstáculo à sua libertação, possível de ser ultrapassado. Assim, a partir de tais situações devem emergir os temas geradores, os quais guiarão as ações pedagógicas e permitirão aos educandos superar as situações-limites. Com isso, os sujeitos deixam a realidade em que se encontravam e passam a integrar outra, na qual assumem um posicionamento crítico. Nesse sentido, “no momento em que a percepção crítica se instaura, na ação, se desenvolve um clima de esperança e confiança que leva os homens a se empenharem na superação das ‘situações-limites’” (FREIRE, 2005, p. 105). Tal superação só acontece nas relações entre homens-mundo, dialógicas, por meio de ações sobre a realidade. Não obstante, a IT não pode ser reduzida a um ato mecânico, visto que consiste em um processo de busca, de conhecimento, e, consequentemente, de criação. Assim, exige dos sujeitos, a partir das descobertas, no encadeamento dos temas, a interpenetração dos problemas, com o objetivo de compreender a totalidade que está sendo investigada. Já no processo de busca pelo tema, deve estar presente também a busca pela problematização, considerando o vínculo com outros temas e também o seu papel e envolvimento no contexto no qual está inserido. Para Freire (2005, p. 118) “[...] toda investigação temática de caráter conscientizador se faz pedagógica e toda autêntica educação se faz no exercício do pensar”. Assim, nesse modelo de educação, dialógica por excelência, conforme afirma Freire (2005), os conteúdos não são “depositados” e sim organizados e constituídos na visão de mundo dos educandos, mundo esse onde se encontram os seus temas geradores. Com isso, espera-se que educandos e educadores sejam capazes de realizar uma leitura crítica do mundo. Para Freire (2005), a IT passa pelos processos de codificação, decodificação e problematização, pois as contradições que os sujeitos vivenciam e observam são a eles apresentadas como códigos que devem ser decodificados e problematizados para que a superação dos mesmos seja possível, ou seja, eles devem problematizar as situações, até então consideradas “situações-limites”. Depois de delimitada a área na qual se vai trabalhar, a primeira etapa se inicia com um diálogo com os indivíduos e observações, com intuito de realizar um levantamento preliminar das condições do local. Nesses contextos são identificadas as contradições, as “situações-limites”. Na sequência, são eleitas algumas dessas 10 V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil contradições e, a partir delas, são preparadas as codificações que serão apresentadas aos sujeitos na terceira etapa, para que eles possam analisar sua própria realidade. Freire (2005, p. 130) denomina esses exercícios de “[...] diálogos decodificadores, nos ‘círculos de investigação temática’”. Na etapa seguinte, tem início o estudo sistemático e interdisciplinar das informações coletadas, para que então possa ser realizada a delimitação temática, por cada um dos especialistas envolvidos no processo. Assim, será feita a redução temática. Entretanto, nesse processo de redução dos temas, Freire (2005, p. 134) destaca que “[...] a equipe reconhecerá a necessidade de colocar alguns temas fundamentais que, não obstante, não foram sugeridos pelo povo, quando da sua investigação”. Ainda, o autor reforça que a inclusão de tais temas corresponde à perspectiva dialógica da educação, que permite que os educadores também participem dela, sugerindo temas que consideram importantes. Na sequência, acontece a última etapa no contexto educacional, a partir do material elaborado pela equipe, com base nos temas. E, para que ela ocorra, Freire (2005) sugere, a partir de um exemplo, alguns procedimentos didáticos, como debates, dramatizações, etc. e afirma que independente da metodologia utilizada, o importante, do ponto de vista de uma educação libertadora, e não “bancária”, é que, em qualquer um dos casos, os homens se sintam sujeitos do seu pensar, discutindo o seu pensar, sua própria visão do mundo, manifestada implícita ou explicitamente, nas suas sugestões e de seus companheiros (FREIRE, 2005, p. 139). Nesse sentido, as ideias das Investigações Temáticas, propostas por Freire (2005), apontam para o diálogo e a problematização de temas de interesse dos educandos como um caminho para a aprendizagem crítica e reflexiva. E elas apresentam convergências com algumas premissas da Modelagem, pautadas principalmente na abordagem sociocrítica, conforme explicitarei na sequência. 4 Diálogos entre a Modelagem e a Investigação Temática Conforme apresentado anteriormente, algumas concepções de Modelagem podem ser classificadas de acordo com a perspectiva sociocrítica e são baseadas nas ideias da EMC, pois ao se levar a Modelagem para sala de aula, com base em situações de interesse dos alunos e que fazem parte do seu dia-a-dia, pode-se possibilitar ao estudante a compreensão do papel da Matemática na sociedade. Ao analisarmos as publicações de Skovsmose acerca da EMC, Freire e sua perspectiva dialógica sempre 11 V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil são mencionados, relacionado principalmente com a ideia de materacia, que não se resume apenas às habilidades matemáticas, “mas também a competência de interpretar e agir numa situação social e política estruturada pela matemática” (SKOVSMOSE, 2008, p. 16). Nas obras de Paulo Freire, sua ênfase é na alfabetização. Entretanto, em uma entrevista sobre Educação Matemática, Freire evidencia a importância do conhecimento matemático para a leitura do mundo. Segundo ele, “a vida que vira existência se matematiza” e, com isso, enfatiza a necessidade de educadores e professores de matemática desmistificarem a Matemática ensinada na escola. Para Freire, a alfabetização matemática, que ele denominou de mate-alfabetização ou math-literacy, contribuiria para o desenvolvimento da cidadania. Freire acredita que os professores devem despertar os estudantes para que eles se assumam enquanto matemáticos e, para que isso ocorra, o professor tem que ter consciência do que é ensinar. Um outro saber que eu preciso saber é que ensinar não é transferir conhecimento, transferir conteúdo. É lutar para com os alunos, criar condições para que o conhecimento seja construído, seja reconstruído. Isso para mim é ensinar. [...] É preciso que eu, como professor, saiba que do ponto de vista histórico, o homem e a mulher primeiro aprenderam, para depois ensinar. O aprender precedeu sempre o ensinar. [...] Agora, é preciso clarear e esclarecer o que significa mesmo ensinar. [...] eu produzo, eu crio, eu recrio o conhecimento, eu não engulo conhecimento. [...] Conhecimento eu produzo socialmente (FREIRE, 1996, <http://vello.sites.uol.com.br/entrevista.htm>. Acesso em 10 de mai. 2012). Nessa perspectiva, Santos (2007) evidencia que, para Freire, um educador não é compreendido como uma figura estática e descomprometida com o seu quefazer e sim um sujeito dialógico, crítico e preocupado com as questões sociais. O educador é aquele que permite que o aluno participe do processo de construção de seu próprio conhecimento e, para isso, deve lançar mão de metodologias em sinergia com tais propósitos, que vão ao encontro das ideias de Modelagem e de EMC apresentadas até então. Para Freire, uma dessas metodologias era a IT. No contexto da Educação Matemática, acredito que a Modelagem pode ser considerada como uma dessas metodologias. Para Forner (2005, p.49), a relação entre o pensamento freireano e a Modelagem existe “[...] quando se parte de uma situação contextualizada, trabalha sobre ela, estimula-se o diálogo para chegar a uma resolução, estabelecendo inclusive uma discussão válida sobre os resultados apresentados”. Assim, possibilitar que os alunos 12 V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil façam Modelagem é, possivelmente, permitir que eles se assumam enquanto matemáticos, conforme destacou Freire. Na direção do que afirma Forner (2005), é possível caracterizar a Modelagem como uma IT, pois assim como nas Investigações Temáticas, na Modelagem a problematização e o diálogo são fatores imprescindíveis. Ainda, ao se trabalhar com Modelagem a partir de um tema de interesse dos estudantes, tanto professor quanto alunos aprendem e ensinam, pois muitas vezes o educador precisa aprender sobre o tema eleito para atuar enquanto mediador dos processos de ensino e de aprendizagem e, além disso, mesmo que o tema não seja novo para o educador, enquanto o educador ensina os educandos ele aprende saberes da prática docente. E, assim como a IT não pode ser reduzida a um ato mecânico, o mesmo pode ser afirmado acerca da Modelagem, pois nela se exige a busca, a problematização, a investigação e a análise da(s) solução(ões) encontrada(s) no contexto da situação problematizada. Conforme afirma Freire (2005), a IT passa pelos processos de codificação, decodificação e problematização. Tais processos podem ser encontrados também ao se fazer Modelagem, na medida em que, primeiramente, se escolhe um tema para investigar, em comunhão, pois, segundo ele “daí também que o conteúdo programático para a ação, que é de ambos [educador e educando] não possa ser de exclusiva eleição daqueles, mas deles e do povo” (ibidem, p. 101). A escolha do tema deve ser de algo que tenha significado para os educandos, e “o conceito do ‘tema gerador’ não é uma criação arbitrária, ou uma hipótese de trabalho que deva ser comprovada” (ibidem, p. 102) e sim algo que se queira compreender melhor em sua plenitude. Na Modelagem, a codificação do tema pode ser entendida como a compreensão do mesmo, a partir das informações que se tem a priori, informações essas que suscitaram o interesse na investigação. A decodificação acontece quando se mergulha no tema e o compreende numa esfera mais ampla. Para Freire (2005), a decodificação é um ato cognoscente que pode promover o surgimento de uma nova percepção e, com isso, a construção do conhecimento. A partir de então acontece a problematização, que na Modelagem podemos entender como o processo de escolha do problema gerado a partir do tema eleito. Desse momento em diante, a Matemática se torna uma das atrizes na compreensão e/ou resolução de tal problema. A ideia de situação-limite, proposta por Freire (2005), pode ser interpretada no 13 V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil contexto da Modelagem quando são encontradas possíveis contradições ao se investigar determinado problema, principalmente quando esse problema é real, faz parte da comunidade em que se vive. Assim, é possível inferir que, por meio da Modelagem, os educadores, partindo de uma educação problematizadora, podem debater questões de cunho social, com a finalidade de desenvolver o pensamento crítico dos educandos, a partir das situações-limites. Desse modo, as ideias de Freire acerca das Investigações Temáticas convergem para os pressupostos da Modelagem, pautada na EMC, principalmente quando o tema eleito para o trabalho faz parte do cotidiano e da realidade dos estudantes. 5 Considerações Finais Para Jacobini e Wodewotzki (2006), Paulo Freire foi o pioneiro no Brasil a apresentar questionamentos acerca de posturas democráticas, com posicionamentos críticos, com reflexões sobre a razão e a finalidade do ensino, em uma esfera mais ampla. Tais ideias foram levadas para EMC, visto que Skovsmose referencia o pensamento freireano em boa parte de suas obras. E, na Modelagem, há uma corrente que se inspira nas premissas da EMC, conforme citado anteriormente. Diante desse cenário, esse texto, de cunho teórico, teve como objetivo apresentar as ideias da obra freireana, e, em particular, as convergências existentes entre a IT, proposta por Freire, e a Modelagem, de uma perspectiva da EMC. Por meio do estudo das Investigações Temáticas, encontrei convergências entre elas e a Modelagem, na medida em que em ambas se busca, além da construção do conhecimento, a reflexão e o despertar da consciência crítica do educando e dos educadores. Ademais, Freire (2005) destaca que nas Investigações Temáticas pode ocorrer o que ele denomina de o tema do silêncio, quando o grupo de educandos não consegue apresentar um tema de interesse para a investigação. Para ele, tal fato “sugere uma estrutura constituinte do mutismo ante a força esmagadora de ‘situações-limites’, em face das quais o óbvio é a adaptação” (ibidem, p. 114). Isso também acontece, em alguns momentos, quando se propõe para uma turma escolher um tema de interesse deles para o trabalho com Modelagem. Há muitas vezes a dificuldade da eleição de algo que se quer investigar. Acredito que isso pode acontecer pela falta de hábito dos estudantes em participar das decisões em sala de aula. Para Freire (2005, p. 118), “toda investigação temática de caráter conscientizador 14 15 V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil se faz pedagógica e toda autêntica educação se faz investigação do pensar”. Vejo que tal afirmação vai ao encontro das ideias de Modelagem apresentadas nesse texto, mostrando mais uma vez as convergências entre ela e as Investigações Temáticas. Observo, entretanto, que, nesse texto, não esgotei as possíveis convergências entre a obra de Paulo Freire e a Modelagem e, sim, apresentei uma pequena parte das possíveis aproximações entre elas. Assim, fica aqui o registro para que novos estudos sejam realizados, com vistas a contribuir para que a comunidade que investiga e trabalha com Modelagem em sala de aula possa compreender as influências de Freire nessa metodologia de ensino. Agradecimentos Embora não sejam responsáveis pelo conteúdo desse artigo, agradeço a Aparecida Chiari, Debora Soares, Luana Oliveira, Rúbia Amaral e Silvana Santos pelas críticas e sugestões em suas versões preliminares. Referências ALRØ, H.; SKOVSMOSE, O. Diálogo e Aprendizagem em Educação Matemática. Tradução de FIGUEIREDO, O. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. ARAÚJO, J. L. Brazilian Research on Modelling in Mathematics Education. ZDM Mathematics Education. 42:337–348. DOI 10.1007/s11858-010-0238-9. 2010. ARAÚJO, J. L. Uma Abordagem Sócio-Crítica da Modelagem Matemática: a perspectiva da educação matemática crítica. In: ALEXANDRIA - Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v.2, n.2, p.55-68, jul. 2009. ARAÚJO, J. L. 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