Serviço Social de Olhos Abertos para a Educação: ensino público e de qualidade é direito de todos/as Brasília, 15 de maio – Dia da Assistente Social TITULO DA PALESTRA: Desafios à Formação das Assistentes Sociais em Matéria de Política Educacional 1 Profa. Dra. Silvia Cristina Yannoulas 2 Introdução Em primeiro lugar, gostaria de parabenizar às colegas Assistentes Sociais no seu dia. É uma data ou mês especial, de comemoração reflexiva, e sinto-me grata por ter sido convocada a compartilhar esse importante momento. Há exatos seis anos realizava meu concurso para professora adjunta no Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília, que me acolheu e permitiu desenvolver um trabalho de reflexão crítica sobre a relação entre educação e serviço social. Agradeço muito sinceramente o convite recebido, o qual oportunizou a sistematização do trabalho desenvolvido com o Grupo de Pesquisa TEDis ao longo dos últimos seis anos. As falas políticas da mesa de abertura que me precedeu colocaram muito claramente o tamanho dos desafios a serem enfrentados quanto à formação das 1 A elaboração do presente trabalho contou com o apoio da CAPES, através do Programa Observatório da Educação (Edital 038/2010/CAPES-INEP). Foram utilizados como subsídios para sua elaboração, além das reflexões sobre a prática docente no Departamento de Serviço Social da UnB, os trabalhos e as inúmeras atividades desenvolvidas junto às pesquisadoras do TEDis (na ordem alfabética): Assistente Social Camila Rosa Fernandes Souza, Assistente Social e Mestre em Política Social Kelma Jaqueline Soares, e Doutora em Política Social Natalia de Souza Duarte, a quem agradeço especialmente. Também, agradeço a colaboração desinteressada da Profa. Maria Lucia Garcia Teixeira, da Universidade Federal de Espirito Santo. 2 Silvia Cristina Yannoulas é formada em Ciências da Educação pela Universidade de Buenos Aires, Mestra em Ciências Sociais pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Sede Acadêmica Argentina, e Doutora em Sociologia pelo Programa de Doutoramento Conjunto FLACSO/Brasil – Universidade de Brasília. Atualmente é professora adjunta do Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília, e realiza estudos de pós-doutoramento no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Lidera o Grupo de Pesquisa TEDis – Trabalho, Educação e Discriminação. Coordena o Projeto Política Educacional e Pobreza, apoiado pelo Programa Observatório da Educação da Capes. Contato: [email protected]. 1 Assistentes Sociais em matéria de Política Educacional. A apresentação que construímos pretende contribuir ao debate sobre a inserção das assistentes sociais na educação formal, suas maneiras de atuação e potencialidades. Estrutura-se em quatro partes, além da introdução: o direito à educação, as assistentes sociais no espaço escolar, a política educacional e a formação das assistentes sociais, e a relação da política educacional com a política de assistência social. As políticas educacionais “... podem ser definidas como programas de ação governamental, estruturadas a partir de valores e ideias, que se dirigem a públicos escolares e são implementadas pela administração e pelos profissionais da educação. Essas politicas aplicam-se a um domínio tanto mais vasto na medida em que se assiste, desde a década de 1970, a uma avalanche de reformas que visam elevar e aprimorar o nível geral de instrução da população, assim como estender o domínio de conhecimentos transmitidos pelas instituições escolares” (ZANTEN, 2011, p. 640). A reflexão que desenvolvemos no Grupo de Pesquisa TEDis compreende a educação como direito social, como dimensão da vida social que resulta de lutas passadas e presentes pelo acesso aos conhecimentos e à legitimação profissional, decorrentes da posse de credenciais educacionais numa sociedade capitalista estruturada em classes sociais em conflito e contradição. Nesse sentido, consideramos que o sistema educacional está tensionado pela lógica capitalista de reprodução de privilégios, e que o direito à educação é permeado por interesses distintos e contraditórios. Precisamos esclarecer aqui os limites da nossa fala. Não é nossa intenção falar das teorias da educação em sentido amplo (o que é educar?), ou segundo correntes da didática que definem a melhor maneira de ensinar (como educar?), ou ainda dos problemas e tensões envolvidos na determinação do que é necessário ensinar (teorias do currículo). Tampouco é nossa intenção discorrer sobre as práticas das assistentes sociais como práticas político-pedagógicas, no sentido freiriano, ou sobre as correntes epistemológicas envolvidas nas práticas das assistentes sociais (totalizante, crítica ou fenomenológica). Não desmerecemos nenhuma das abordagens mencionadas, porém é necessário apontar que não constituem o objeto da nossa reflexão hoje. Nossa visão do direito à educação refere-se à política educacional na sua conformação sócio-histórico-política, entendendo que as instituições educacionais são produzidas historicamente através de lutas políticas travadas por diferentes grupos 2 sociais, no seu permanente anseio pelo acesso, permanência e sucesso escolar numa sociedade permeada de contradições. O Direito à Educação O direito à educação como direito declarado expressamente em lei é relativamente recente, remonta ao final do século XIX e inícios do século XX (semelhante aos demais direitos sociais). Ele é produto dos processos desencadeados pelos segmentos de trabalhadores que visualizavam na educação formal uma porta de entrada ou um mecanismo para a participação econômica, social e política. Era considerado o caminho para a emancipação (por exemplo, pelas feministas igualitaristas), para a mobilidade social (por exemplo, pelos trabalhadores) e para a integração social (por exemplo, pelos teóricos sociais funcionalistas). No Brasil, nas Constituições Federais de 1934 e 1988 a educação formal foi considerada direito de todos e dever do Estado e da Família. Na Constituição de 1934 foi estabelecida a obrigatoriedade e a gratuidade (ensino primeiras letras), e também foram determinadas as fontes de financiamento nacional estabelecendo pela primeira vez uma vinculação orçamentária para garantir o direito à educação. Antes disso, a educação formal gratuita era reservada apenas aos considerados cidadãos (pela Constituição Imperial de 1824) (Cury, 2007). Hoje em dia, grosso modo: ▪ Os Municípios são os responsáveis pelo ensino infantil e fundamental, e para tanto devem aplicar no mínimo 25% dos impostos. ▪ Os Estados são responsáveis pelo ensino fundamental e médio, e também devem para tanto aplicar no mínimo 25% dos impostos. ▪ A União tem responsabilidade supletiva e redistributiva com relação à educação básica, e é responsável pelo ensino superior, incluída aqui a formação das professoras e das assistentes sociais; para tanto deve destinar 18% dos impostos. 3 A Constituição Federal de 1988 significou um processo de desconstrução do regime autoritário e a construção de um novo pacto sócio-político. Nesse contexto, a educação ganhou um capítulo próprio (Vide capítulo III, artigos entre 205 e 214). O Art. 208 estabeleceu o direito à educação como direito público subjetivo, o que significa que o indivíduo que não tiver acesso ao ensino considerado obrigatório possui mecanismos jurídicos para fazer valer esse direito. Cabe ao cidadão à faculdade de exigi-lo quando lesado. A Lei de Diretrizes e Bases - LDB (Lei N. 9394/1996) estabeleceu que a educação básica fosse mais do que o ensino fundamental: deve incluir educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos. O Art. 4 da LDB afirma que a educação básica será gratuita e progressivamente obrigatória, e no Art. 34 foi estabelecido que fosse progressivamente integral. Duas polêmicas são fundamentais com relação ao direito à educação: a) relação entre União, estados e municípios, e b) ensino público versus privado. Constituem duas grandes polêmicas relacionadas com os recursos necessários para a garantia do direito à educação: a primeira refere-se às responsabilidades de cada ente federado para com o direito à educação e suas fontes de financiamento; a segunda diz respeito à restrição ao lucro (escolas lucrativas diferentes das filantrópicas, pois as escolas consideradas filantrópicas podem sim receber verbas públicas e isenção de impostos). A gestão democrática da política educacional, estabelecida no Art. 206 da Constituição Federal de 1988, pretende assegurar a mobilização e a participação da comunidade na determinação das políticas educacionais e escolares. Destarte, para entender o direito à educação no Brasil, é necessário estudar, além da Constituição e LDB, os Planos Nacionais de Educação (2001-2010, 2011-2010). 3 Mas o estabelecimento dessas leis e orientações programáticas convive com um contexto maior de restrições às políticas sociais. Um conjunto de intelectuais 3 Sobre gestão democrática da escola, vide Souza & Yannoulas (2009). 4 vinculados às confederações de professores de diferentes países da América Latina elaborou balanços críticos da implantação de reformas educacionais da virada do século (vide OLIVEIRA, 2003). As principais características das reformas apontadas por eles foram: ▪ Descentralização financeira e administrativa com avaliação centralizada (vide YANNOULAS, SOUZA & ASSIS, 2009). ▪ Trabalho pedagógico com parâmetros semelhantes ao modelo industrial da acumulação flexível. ▪ Focalização e equidade, no lugar de universalidade e igualdade. ▪ Conceito de qualidade semelhante ao utilizado pelas empresas, determinado pelo pragmatismo (proficiência, ser aprovado no vestibular, conseguir emprego, entre outros aspectos); e ▪ Conformação de um mercado educacional. É nesse contexto que devemos pensar a inserção das assistentes sociais no espaço escolar. As Assistentes Sociais no Espaço Escolar As escolas não são ilhas, e nesse sentido também fazem parte da deterioração das relações sociais em geral no contexto contemporâneo. Assistimos ao retrocesso da proposta dos direitos sociais universais, à ascensão de propostas de mínimos sociais, da exigência da “contrapartida” ou da condicionalidade como condição para acesso a direitos sociais. Essas limitações determinam uma função compensatória para as redes públicas de educação, e sinalizariam uma função paliativa para as Assistentes Sociais na educação formal, como gestoras da pobreza dos alunos que hoje em dia frequentam a escola pública, contrariamente à função universalizante e preventiva que poderiam desenvolver (ver PEREIRA, 2010). 5 No Documento elaborado pelo GT Educação do CFESS (2011) para subsidiar o debate, destaca-se que a atuação das assistentes sociais na educação formal não pode prescindir de uma análise dos princípios ideológicos dos programas sociais que operam nas escolas. A larga disseminação do termo “inclusão”, que atravessa diferentes políticas sociais e a própria política educacional, tem contribuído significativamente para obscurecer esses princípios ideológicos, produzindo um discurso que não aprofunda na compreensão das determinações das desigualdades educacionais. As assistentes sociais podem contribuir ao: “... desafio de desvelar esse aparente consenso em torno da ´inclusão educacional´ nos diferentes níveis e modalidades da política de educação. Isto requer compreender que sua inserção nos estabelecimentos educacionais, seja na esfera da gestão ou da execução dos programas e projetos dirigidos para a garantia do acesso à educação escolar, é historicamente determinada pelas disputas em torno da consolidação e do alcance da educação pública como um direito social. A condução técnica e instrumental de seu trabalho, a partir da realização de estudos socioeconômicos, das visitas institucionais e domiciliares, das articulações interinstitucionais, das ações intersetoriais dos programas sociais de transferência de renda, do acionamento das redes socioassistenciais e do sistema de garantia de direitos, ainda que expresse procedimentos característicos de seu universo profissional, adquire significados particulares no âmbito dos processos institucionais. Tais processos combinam, contraditoriamente, as possibilidades reais de ampliação do acesso e da permanência na educação a um conjunto de diretrizes políticas que não apontam para uma efetiva consolidação do princípio da universalização.” (página 52). Assim, devemos desenvolver uma perspectiva mais abrangente dos eixos possíveis de atuação das assistentes sociais em matéria de política educacional, destacando, entre outros possíveis, os seguintes sete aspectos: 1) Quanto à relação entre os conselhos que cuidam de diferentes aspectos vinculados à proteção social e garantia de direitos das crianças e adolescentes: cuidar da articulação com os conselhos de educação, da criança, tutelares, entre outros relevantes. 2) Quanto ao acesso aos programas suplementares pelas escolas da rede pública: afirmar o acesso da escola e seus alunos aos programas geridos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, tais como merenda escolar, transporte, assistência à saúde, uniforme, livro didático, entre outros. 6 3) Quanto ao acesso aos programas de assistência social geridos pelo MDS e executados na modalidade de transferência de renda no espaço escolar: participar na gestão e ampliação de cobertura de programas tais como Bolsa Família e BPC na Escola. 4 4) Quanto à passagem das creches do MDS para o MEC: trabalhar na difícil interface envolvida na educação infantil, entre o educar e o cuidar. 5) Quanto à inserção escolar de estudantes em situações específicas: problematizar a relação entre o sistema educacional “regular” e as situações específicas, tais como unidades de internação de adolescentes, escolas de meninos e meninas de rua, adolescentes em cumprimento de medida socioeducacional de Liberdade Assistida, entre outras possíveis. 6) Quanto ao preparo para o exercício da cidadania intra-escolar: contribuir à realização de eleições de representantes de turma e de direção do estabelecimento escolar, entre outros assuntos. 7) Quanto à relação escola-comunidade: articular e facilitar a relação, especialmente nos momentos chaves como é a elaboração e vivência do Projeto Político Pedagógico. 5 A construção de espaços coletivos de organização política da comunidade escolar seria uma função diferente do diálogo já existente entre as professoras ou orientadoras educacionais com os pais e as mães dos alunos. Significaria organizar um sujeito político, articular a escola com as redes de proteção, e isso tudo poderia ser feito pelas Assistentes Sociais. Significaria: “... um processo contínuo, gerador de uma nova experiência de gestão política, que nasce da consciência crítica elaborada na ação e no debate. Na escola, a gestão estaria, assim, nas mãos de todos os participantes e envolvidos nas atividades educacionais, isto é, professores, alunos, pais e 4 O uso do termo escolar incorpora a definição da utilização do aparato institucional escolar com finalidades distintas. A palavra educativo reúne informações sobre o processo de ensino-aprendizagem. O termo escolar engloba a noção de educativo, fazendo referência ao conjunto de programas e ações desenvolvidas ao interior na escola. Essa diferenciação elaborada por Algebaile (2009) é importante para situar a execução de programas suplementares à educação e de assistência social no espaço escolar, as quais podem não atuar no plano educativo, porém modificam os sentidos da escola. 5 Defendemos aqui a ideia de que o PPP não se reduz a um documento exigido pela legislação mas sim uma construção cotidiana/ permanente das relações educacionais no que se refere às autonomias administrativa, financeira, jurídica e pedagógica (SOUZA e YANNOULAS, 2010). 7 comunidade, e não apenas de um Conselho e de um diretor.” (SCHLESENER, 2006, p.184). A Política Educacional na Formação das Assistentes Sociais As políticas educacionais vêm sendo foco de pesquisas e reflexões sistemáticas, constituindo a área de concentração de grande número de Programas de Pós-graduação em Educação. A pesquisa sobre política educacional desenvolvida nos mencionados programas mostra seus vínculos com o clima político e econômico de cada etapa histórica. Os denominados estudos críticos denunciam irregularidades, inconsistências administrativas e incoerências teórico-políticas das políticas educacionais. O desenvolvimento dos estudos críticos a partir da década de 80 permitiu a criação de associações como a Anpae (Associação Nacional de Política e Administração da Educação) e a Anped (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação), e a criação de linhas de pesquisa específicas nos Programas de Pós-graduação em Educação. Todos esses elementos permitiram a constituição e consolidação do campo da política educacional (Santos e Azevedo, 2009). Gostaríamos de salientar a importância de desenvolver esse olhar crítico sobre as políticas educacionais nos Programas de Pós-graduação em Política Social e na Abepss (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social), no contexto do estudo dos processos de negação dos direitos sociais, contribuindo para a afirmação da necessidade de políticas universalistas. É necessário que as futuras assistentes sociais se apropriem da arena da Política Educacional, circulem nesse campo, desenvolvam e aprofundem suas pesquisas nessa área. Qual seria a importância da entrada expressiva de assistentes sociais na arena da Política Educacional? No nosso entendimento, para a atuação das futuras assistentes sociais no campo educacional é necessário realizar uma reflexão sistemática sobre a relação entre o Estado, a Sociedade Civil, e o Conhecimento, compreender a maneira em que se estrutura essa relação. Mas são necessárias outras duas disciplinas, aliadas permanentes de uma compreensão abrangente dessa relação: a Historia da Educação e a Sociologia da Educação. Por que nós chegamos a uma determinada concepção de Política Educacional nos tempos de hoje? O que houve antes dessa Política? São perguntas da Historia da Educação. De outro lado, a estrutura desigual da sociedade 8 estudada pela Sociologia da Educação está relacionada não apenas com a distribuição dos bens materiais, mas também dos simbólicos, do conhecimento. Mudar essa estrutura de desigualdade deveria ser o foco da Política Educacional. A trilogia Sócio-Histórico-Política, que a nosso ver é indissociável, ainda é imensa, vamos focar um pouco mais ainda. O nosso esforço deveria ser o de compreender os elementos sócio-histórico-políticos da política educacional latinoamericana e brasileira. Como é a Política Educacional atual, qual o sentido dela nessa sociedade capitalista de classes e com as correlações de forças que existem num determinado momento de uma determinada sociedade. Como trabalhar esse triângulo? A história da educação conta o processo de constituição das desigualdades educacionais, a sociologia da educação analisa o presente do sistema educacional discriminatório, e a política educacional apresenta-se como elemento de futuro, como um direcionamento para mudar esse presente, compreendendo os elementos históricos que determinaram esse presente da educação numa sociedade determinada. Com raízes no passado, compreender a sociedade do presente e sonhar com o futuro. Estudamos as políticas educacionais no intuito de compreender qual é o futuro que aquela sociedade se coloca como desejável. Esse futuro que as políticas educacionais desenham não é unívoco, existe uma consolidação temporária de propostas estruturadas a partir de elementos de diferentes vertentes e setores em disputa pela hegemonia. A politica educacional não funciona na prática da mesma maneira como no papel. Há vários grupos dentro da arena educacional, os movimentos dos professores, os movimentos dos alunos, os movimentos dos secretários da educação, os empresários da educação, as associações de pesquisa e pós-graduação, por mencionar alguns. Todos eles em disputa vão gerando modelos ou destinos possíveis da política educacional. Assim, quando falamos a política educacional de tal período, definimos a partir do que é hegemônico, o predominante nessa época. O que não significa que todo mundo estava de acordo com aquele futuro planejado. Também é necessário considerar a relação da política educacional com as diferentes políticas setoriais: Política de Trabalho, Política de Assistência Social, Política de Saúde, Política de Lazer; e as transversais: de Gênero, de Raça, de Crianças 9 e Adolescentes, etc. Esse conjunto de políticas é a maneira em que a população consegue exprimir num determinado momento um futuro ideal. Para a educação formal sempre são colocadas várias demandas, várias funções, pela diversidade de grupos e de interesses. Estas funções podem predominar mais em alguns momentos do que outros, mas elas todas estão presentes na reprodução e na inovação. São essas funções: política, social, cultural, e econômica. A função cultural está relacionada à conservação ou construção de valores, ideais, conhecimentos da humanidade, o que deve ser socializado para novas gerações assim como a renovação de valores e conhecimentos para gerações futuras, essa seria a função cultural da escola. Existe ainda outra função, que é a política. Através do sistema educacional se apoia a adesão a determinado tipo de governo (no caso, democrático, republicano, etc.) e se realiza a seleção de lideranças políticas e de gestão de um regime democrático. Estudamos na escola, quando surgiu a democracia, como surgiu, e acabamos fomentando a adesão a esse sistema, recrutando futuros líderes, etc. Uma função política. Temos uma função social também. Por quê? Porque as classes sociais os grupos sociais diferentes, possuem valores e conhecimentos diferenciados e por vezes opostos. Elas transitam circuitos educacionais desiguais e neles obtêm diplomas desiguais. Assim os sistemas educacionais contribuem à estrutura de classes da sociedade. Existe o circuito da educação de alta qualidade para a elite, o circuito da educação de baixa qualidade para a população em situação de desvantagem, entre outros. Também há o ensino diferenciado para populações diferentes dentro da mesma escola, seriam as trajetórias educacionais, nas quais meninas e meninos aprendem coisas diferentes ainda que frequentando a mesma instituição. Então, as meninas escolhem certas disciplinas, os meninos escolhem outras, e o valor do diploma de um e de outra será diferenciado quanto ao prestígio e as remunerações. Os diplomas e as credenciais educacionais contribuem para uma seleção social. Essa é a função social do sistema educacional, estabelecendo critérios para a mobilidade social. Qual é o diploma obtido 10 por um estudante, até que nível do sistema educacional a pessoa frequentou, costumam constituir critérios importantes de seleção social. 6 Existe também uma função econômica, estreitamente atrelada à função anteriormente mencionada. O lugar privilegiado para a formação da força de trabalho, no modelo de produção flexível, é o sistema educacional. Porque aprender a ler e a escrever, fazer contas, alguns elementos de inglês e familiaridade com a tecnologia são elementos necessários para se inserir no mercado de trabalho produzido no contexto do modelo de acumulação flexível. A passagem pelo sistema educacional é necessária, pois é onde se aprende a fazer isso tudo. É uma função econômica do sistema educacional, formação da classe trabalhadora para alimentar o sistema capitalista. Sintetizando: entendemos o sistema educacional e as escolas como espaço da luta de classes com relação a três questões: o conteúdo (diretrizes curriculares, livros didáticos, etc. – o que merece ser ensinado?), a estrutura do sistema (circuitos e trajetórias – como os setores da sociedade se inserem no sistema?), e a gestão da escola (PPP – como os atores se relacionam com a instituição escolar). Também consideramos que nesse espaço escolar são desenvolvidas quatro funções ou estratégias: a função Econômica = formação da força de trabalho, a função Cultural = conservar ou (re)criar valores e ideias, a função Política = adesão ao sistema de governo e recrutamento de líderes, e a função Social = distribuição e organização da população segundo diplomas educacionais. Mas a própria noção de sistema educacional e de escola foi historicamente construída, não é uma categoria universal no sentido de válida por todo o tempo e lugar. A ideia de sistema educacional é uma ideia da sociedade moderna, fortemente associada ao processo de industrialização. O momento de grande urbanização, com a população se deslocando para as cidades na procura de inserção nas novas indústrias, marca o inicio da demanda por serviços educacionais, das demandas pelo Direito à Educação inclusive atrelado à capacidade de votar e ser votado próprio nos novos sistemas políticos democráticos e republicanos. Os trabalhadores e trabalhadoras clamaram por direito a um lugar em que as crianças pudessem receber esses conhecimentos e ser 6 Para uma compreensão das trajetórias sócio-economicas no sistema educacional brasileiro, vide PEREGRINO, 2010. 11 educados, porque as famílias não mais eram estendidas e não continuariam a cumprir essa tarefa cultural e social. Um debate quase permanente estrutura-se em torno a qual é o poder da educação para resolver os problemas da desigualdade social. Porque ora espera-se tudo da educação, ora se coloca a educação como a fonte da eterna reprodução da mesma sociedade desigual. A educação formal pública é uma das demandas das sociedades modernas. No Brasil, a luta por uma educação pública de qualidade para todos é pleiteada por movimentos sociais e entendida como elemento fundamental de uma sociedade democrática e republicana. Contudo, o debate sobre a universalização da educação deve estar acompanhado de uma reflexão sobre o papel que o sistema educacional assume na realização de políticas sociais focalizadas, como a política de assistência social. A Relação da Política Educacional com a Política de Assistência Social Um dos desafios para as assistentes sociais é refletir sobre a relação contraditória entre a política educacional e a política de assistência social no contexto mais amplo da proteção social. Com a universalização da educação a parcela mais pobre da sociedade entrou massivamente na escola e novos conflitos e contradições surgiram. Essa situação é particularmente significativa, pois desvenda de maneira contundente como o sistema educacional é atravessado pelo modo de produção capitalista, entremeando condições socioeconómicas com desempenho escolar e condicionalidades educacionais. Existem duas grandes maneiras de relacionar a educação formal e a situação de pobreza. De um lado, o otimismo pedagógico próprio da concepção pedagógica produtivista, revigorada no contexto neoliberal, entende que a educação é motor para a ruptura da desigualdade social, capaz de propiciar a ascensão social da população pauperizada e a promoção da cidadania crítica. De outro lado, o pessimismo pedagógico próprio das pedagogias críticas entende que a educação é hábil em avigorar a desigualdade social, visto que o sistema educacional se centra na distribuição de credenciais educacionais e exige que a população historicamente desfavorecida supra uniformemente as demandas de uma instituição escolar moldada segundo parâmetros que lhe são alheios (Saviani, 2008). 12 Na tentativa de fugir à polarização, entendemos que a relação entre pobreza e educação não se expressa de forma linear. A educação formal é vista como parte de um complexo emaranhado que, na relação entre Estado e Sociedade de Classes, reúne elementos não apenas cognitivos ou propriamente pedagógicos, mas também econômicos (distribuição de bens simbólicos que operam posteriormente como chaves para a inserção no mercado de trabalho capitalista), culturais (reconhecimento dos bens simbólicos a serem conservados, distribuídos e certificados), e políticos (estabelecimento de mecanismos de exclusão total e de inclusão excludente, seleção “meritocrática” de lideranças). 7 Seguindo a Apple (2005), para evitar o reducionismo econômico na interpretação das funções do sistema educacional seria necessário fazer algumas ponderações. As escolas e as políticas educacionais sofrem constantes pressões para se adaptarem às necessidades econômicas orientadas ao aumento constante da produtividade (e do consumo). Entretanto, alguns fenômenos educacionais não são explicáveis pela determinação econômica em última instância, sem uma análise que incorpore as questões de gênero e raça/cor. Por exemplo, a análise exclusivamente econômica de custo-benefício não consegue explicar por que as mulheres (especialmente as negras) obtém menos retorno do investimento realizado em estudos superiores ou conseguem menor mobilidade social com base nos anos de escolaridade do que os homens (brancos ou negros). A educação formal não é uniforme nem homogênea, ainda que seja pautada por regularidades advindas das políticas educacionais. A escola tem diferentes sentidos e utilidades para distintas populações, incentivando os indivíduos a procurarem-na como elevador social (indispensável para a formação da força de trabalho, propiciando maior adaptabilidade às mudanças no processo de trabalho), ou mesmo um passaporte para o futuro (indispensável para a integração social, atenuando as disparidades sociais e contendo as possibilidades de conflito). As escolas públicas cumprem papel de agência estatal, sendo por vezes a única representação do poder público em determinados espaços geográficos (OLIVEIRA, 2000). A escola é um dos espaços privilegiados para o estudo da interface entre as políticas educacionais e as políticas assistenciais, por exemplo, através da análise dos 7 Para uma discussão da noção de igualdade e de mérito escolar, vide Dubet (2008). 13 programas suplementares ao ensino. Esses programas foram definidos na Constituição Federal de 1988 (artigo 208, VII) para garantia da gratuidade e da igualdade de condições de acesso e permanência no ensino fundamental regular nas escolas públicas (artigo 206). A garantia de atendimento ao educando através de programas suplementares é reafirmada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) - Lei Número 9.394/1996 (Art. 4º VIII), e também pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei Número 8.069/1990 (Art. 54 VII). No ensino fundamental, a omissão quanto à oferta dos programas suplementares ao ensino ou sua oferta irregular configura crime de responsabilidade da autoridade competente, nos mesmos termos da não garantia de vagas. Vale a pena ainda ressaltar a Emenda Constitucional N. 59/2009, que versa sobre os recursos públicos para a ampliação dos programas suplementares e da obrigatoriedade dos dois extremos da Educação Básica, a educação infantil e o ensino médio. São consideramos programas suplementares8: a alimentação (criado em 1955, merenda escolar), o livro didático, o uniforme escolar (por vezes atrelado ao Programa Bolsa Família), o material didático, a assistência financeira (criado em 1995)9, a biblioteca da escola (criado em 1997), o transporte escolar (criado em 2004, Caminho da Escola ou Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE), os equipamentos para educação infantil (criado em 2007)10, os equipamentos para a recreação (bolas, parquinhos, quadras), o acesso à internet (Programa Banda Larga nas Escolas), a assistência à saúde (por exemplo, kits de higiene bucal, teste oftalmológico). 8 Para mais informações sobre os programas suplementares, ver o sitio do FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação: http://www.fnde.gov.br/index.php 9 O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) tem por finalidade prestar assistência financeira, em caráter suplementar, às escolas públicas da educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas de educação especial mantidas por entidades sem fins lucrativos, registradas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) como beneficentes de assistência social, ou outras similares de atendimento direto e gratuito ao público. 10 O Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (ProInfância), foi criado para assistir financeiramente e com caráter suplementar à construção de creches e escolas de educação infantil, bem como a aquisição de equipamentos para a rede física escolar desse nível educacional. O programa é parte das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) do Ministério da Educação. Os recursos destinam-se à construção e aquisição de equipamentos e mobiliário para creches e pré-escolas públicas da educação infantil. 14 Além dos programas suplementares ao ensino, há também os programas de assistência social implementados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza - MDS no espaço escolar, tais como Bolsa Família11 e BPC na Escola12. Entretanto, as equipes das escolas normalmente não possuem informação detalhada sobre o funcionamento e finalidade desses programas, mesmo sendo a frequência uma condicionalidade para o acesso. De acordo com Campos (2003), esse espaço de intersecção entre a política de assistência social e a política educacional não se expressa de forma clara. Ao analisar as composições das políticas sociais no Brasil, Campos destaca que a política de assistência social seleciona como público-alvo as parcelas mais pobres da população. Já a política educacional é pautada, ainda que de forma controversa, no acesso universal da população-alvo. A interface entre essas duas políticas se coloca quando existem os programas de transferência de renda focalizados nos segmentos mais pobres da população e executados por meio da escola. Para que essa provisão ocorra, é preciso que essa parcela mais pobre da população esteja inserida no espaço escolar, o que se traduz como exigência de contrapartida na frequência escolar. 13 No entendimento de Algebaile (2009) a percepção desenvolvida pelas professoras sobre os programas de transferência de renda com interface no espaço escolar poderia estar esvaziada da crítica sobre o contexto da expansão das políticas sociais focalizadas. Para a autora, a forma como a transferência de renda se relaciona com a educação formal está determinada no lugar secundário que cumprem no Brasil as redes educacionais públicas. Há novas tarefas que são demandadas para a escola em contexto 11 O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa de transferência de renda que vincula o recebimento do auxílio financeiro ao cumprimento de compromissos (condicionalidades) nas áreas de Saúde e Educação, com a finalidade de reforçar o acesso das famílias em situação de pobreza aos direitos sociais básicos. 12 O Programa BPC na Escola integra o PDE, instituído pela Portaria Interministerial N. 18 de 2007. Contempla, por meio dos Ministérios de Educação, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Saúde e Secretaria Especial de Direitos Humanos, ações direcionadas aos beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada) na faixa etária de 0 a 18 anos. Pretende contribuir a elevação da qualidade de vida das pessoas com deficiência beneficiárias do BPC, ampliando o direito à educação inclusiva através da articulação inter-setorial das três esferas de governo e a integração de políticas de educação, assistência social, saúde e direitos humanos. 13 Lavinas (2007) comenta um segundo aspecto relativo às contrapartidas, que também é fonte de problemas: a exigência do cumprimento de obrigatoriedades como condição para o exercício de um direito social fere os próprios princípios de cidadania. Tal cobrança se torna ainda mais problemática se consideramos que não há outros mecanismos de acompanhamento das famílias além da cobrança de contrapartidas. 15 de gestão da pobreza, e a educação formal passa a atuar como elo orgânico entre essas políticas, modificando os sentidos da escola. Além disso, a precarização e flexibilização do trabalho docente não permitem o adequado desenvolvimento de uma perspectiva crítica sobre as profundas mudanças que afetam a escola atual. Connell (2002) realiza uma leitura histórica sobre a transferência de renda no espaço escolar, indicando que os programas compensatórios14 surgem como a resposta a, pelo menos, duas demandas: o fracasso da expansão educacional do segundo pósguerra mundial e o fracasso no acesso igualitário à educação. A educação formal foi levada então para o contexto da Assistência Social sob a argumentação de que as carências materiais ocasionavam o baixo rendimento educacional. Mas o que a noção de educação compensatória trouxe não foi o enfrentamento da pobreza, em plano coletivo, e sim a responsabilização da família pela carência material e consequentemente pelo baixo desempenho educacional. Assim, alimentou-se a ideia de que a educação compensatória deveria ser focalizada nas famílias mais pobres. Essas famílias deveriam ser providas de condições materiais mínimas para possibilitar o sucesso educacional dos seus filhos. 15 Entretanto, a nossa compreensão é de que a pobreza precisa ser analisada como um fenômeno complexo, para além de uma situação de carência temporária. Trata-se de um fenômeno da sociedade de classes, oriundo da complexa relação entre Capital e Trabalho. Os programas compensatórios voltados para a permanência dos mais pobres nas escolas são destarte construídos na trama dessa complexa relação, entre a garantia do acesso à educação formal e o enfrentamento da pobreza (ver SOARES, 2011). Torna-se fundamental discutir a interface entre as condicionalidades dos programas de transferência de renda e o direito à educação, para desenvolver uma perspectiva crítica sobre a tensão focalização/universalização na instituição escolar enquanto espaço de materialização das ações de gestão da pobreza. Se por um lado alguns autores apontam que a educação básica perde ou relativiza sua função propriamente educacional 14 A noção de política de compensação inscreve-se no campo da luta contra as desigualdades educacionais. Surge nos anos 60 nos Estados Unidos como parte dos programas de combate à pobreza, e perduram até hoje apesar das mudanças de orientação. Foram estabelecidos em diversas partes do mundo paralelamente com a massificação da escola, devendo garantir a igualdade de oportunidades em nome do Estado-providência. Por médio da ação compensatória se faria o nivelamento do percurso escolar, instituindo dispositivos específicos para públicos desfavorecidos. Segundo Frandji (2011), as políticas de compensação debatem-se entre distintos objetivos: pedagógicos, socioeconómicos e políticos. 15 Sobre fracasso e sucesso educacional no Brasil, ver Patto (2010). 16 quando incorpora no cotidiano escolar os programas de enfrentamento à pobreza (ver, por exemplo, ALGEBAILE, 2009), por outro lado sabemos que a educação básica não consegue incorporar intrinsecamente os alunos pobres no modelo vigente de educação formal (ver, por exemplo, DUARTE, 2012). Assim, o próprio modelo escolar deverá ser repensado, de maneira tal que consiga verdadeiramente incorporar a todos com qualidade. 16 E essa leitura crítica sobre a escola atual visando uma educação emancipadora, que se afaste da perspectiva empresarial da educação, deveria ser desenvolvida por professoras de educação básica e assistentes sociais, de maneira conjunta e dialógica. Concluindo Diante do exposto, entendemos que o nosso objetivo aqui foi o de estimular a reflexão sobre a complexidade da política educacional, suas contradições, limites e possibilidades de atuação. Compete às Assistentes Sociais se inserirem nesse debate, por meio de reflexão ampliada sobre o que é o Direito à Educação e sobre as funções da política educacional em contextos determinados, nos quais ao mesmo tempo pode atuar como política de contenção, mas também pode ser um instrumento legítimo de melhoria da classe trabalhadora. Pensar a materialização da política educacional na sociedade capitalista é considerar a existência de conhecimentos construídos socialmente, porém distribuídos e apropriados de maneira desigual, o que reproduz privilégios e discriminações de diversa natureza. O esforço teórico e prático do Serviço Social para incorporar a política educacional deveria estar orientado por uma perspectiva crítica sobre essa produção social do conhecimento e sua apropriação individual, desigual e discriminatória. É preciso pensar a relação entre Serviço Social e Educação para além da sua dimensão escolar, tendo como horizonte a ampla, contraditória e múltipla determinação da política educacional. Ou seja, o Serviço Social não deveria reduzir o seu olhar apenas à instituição escolar, mas desenvolver uma perspectiva totalizante no campo da política educacional, entendida como um direito social fruto de lutas históricas e alvo de crescentes desconstruções pela lógica do Capital. 16 Outros países da América Latina passaram por experiências semelhantes na tentativa de universalizar a educação básica (ver AGUERRONDO, 1992). 17 Referências AGUERRONDO, Inés. Escuela, fracaso y pobreza: Cómo salir del círculo vicioso. Washington: OEA, 1993. ALGEBAILE, Eveline. Escola Pública e Pobreza no Brasil. A ampliação para menos. Rio de Janeiro: Lamparinha / Faperj, 2009. APPLE, Michael W., Para além da lógica do mercado. Compreendendo e opondo-se ao Neoliberalismo. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2005. AZEVEDO, Janete M. L. de, A educação como Política Pública. Campinas, SP: Editora Autores Associados, terceira edição, 2004. CAMPOS, Maria M. Educação e Políticas de Combate à Pobreza. Revista Brasileira de Educação. N. 24, Sept./Dezembro 2003, p. 183-191. CFESS, Subsídios para o Debate sobre Serviço Social na Educação. Brasília: CFESS/GT Educação, Junho de 2011. CONNELL, Robert. Pobreza e Educação. In: GENTILI, Pablo (org.). Pedagogia da Exclusão: Crítica ao neoliberalismo em educação. Petrópolis/RJ: Vozes, 2002, décima edição, p. 11 – 42. CURY, Carlos R. J. A Educação como Desafio na Ordem Jurídica. In: LOPES, Eliane et. al. (orgs), 500 Anos de Educação no Brasil. Autêntica, 3° Edição, 1° reimpressão, 2007, p. 567-584. DUARTE, Natalia de S. Política Social: um estudo sobre educação e pobreza. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade de Brasília. UnB, Abril de 2012. DUBET, Francois. O que é uma Escola Justa? A Escola das Oportunidades. São Paulo. Editora Cortez, 2008. FRANDJI, Daniel. Compensãção (Políticas de). In: ZANTEN, Agnes van (coord.), Dicionário de Educação. Petrópolis/RJ: Vozes, 2011, p. 127-130. LAVINAS, Lena. Gasto Social no Brasil: programas de transferência de renda versus investimento social. In: Ciência & Saúde Coletiva, 12 (6), 2007, p. 1453-1476. 18 OLIVEIRA, Dalila Andrade. Educação básica. Gestão do trabalho e da pobreza. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. OLIVEIRA, Dalila Andrade (org.). Reformas Educacionais na América Latina e os Trabalhadores Docentes. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. PATTO, Maria Helena S. A Produção do Fracasso Escolar. Histórias de submissão e rebeldia. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2010. PEREGRINO, Mônica. Trajetórias desiguais: um estudo sobre os processos de escolarização pública de jovens pobres. Rio de Janeiro: Garamons, 2010. PEREIRA, Potyara A. P. Entrevista. Politizando - Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Política Social. Brasília, Número sobre Educação e Política Social, 2010. SANTOS, Ana L. F. dos & AZEVEDO, Janete M. L. de. A pós-graduação no Brasil, a pesquisa em educação e os estudos sobre a política educacional: os contornos da constituição de um campo acadêmico. in: Revista Brasileira de Educação. Set./Dez.2009. V. 14, N. 42, p. 534-550. SAVIANI, Dermeval, A Pedagogia no Brasil: História e Teoria. Campinas/SP: Autores Associados, 2008. SCHLESENER, A. H. Gestão democrática da educação e formação dos conselhos escolares. In: FERREIRA, Naura S. C. (Org.). Políticas Públicas e gestão da educação: polêmicas, fundamentos e análises. Brasília: Líber Livro Editora, 2006, p. 177-189. SOARES, Kelma J. Pobreza e Educação Formal: a relação entre pobreza e política educacional no Distrito Federal. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade de Brasília. UnB, Agosto de 2011. SOUZA, Camila R. F., YANNOULAS, Silvia C. Democratização da gestão nas Escolas públicas brasileiras: A educação como intervenção participativa. Revista Argumentum. , v.2, p.71 - 93, 2010. WITTMANN, Lauro C. & GRACINDO, Regina V. (coords)., O Estado da Arte em Política e Gestão da Educação no Brasil: 1991 a 1997. Brasília / Campinas: ANPAE / Editora Autores Associados, 2001. 19 YANNOULAS, S. C., SOUZA, C. R. F., ASSIS, S. G. Políticas Educacionais e Estado Avaliador - Uma relação conflitante. Sociedade em Debate (UCPel). , v.15, p.55 - 67, 2009. ZANTEN, Agnes van (coord.), Dicionário de Educação. Petrópolis/RJ: Vozes, 2011. 20