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Para além
do olhar
No Olhares – Centro de Inteligência Visual, em Barcelos, Ana Paula Pinto de Azevedo
acompanha diariamente crianças e adultos. O objetivo é prevenir, diagnosticar e tratar de
forma integrada o sentido da visão, associando o sistema visual e neurológico.
Especialista em Optometria
Comportamental e doutoranda
em Neurociência Clínica, Ana
Paula Pinto de Azevedo coordena, desde 2004, o Centro de Inteligência Visual que reúne uma
equipa multidisciplinar ligada ao
tratamento da Visão e às áreas
de integração sensorial. “Sempre
interpretei a visão não de uma
perspetiva meramente refrativa –
se o indivíduo vê bem ou mal –,
mas como um processo complexo que nos permite percecionar
e compreender o meio que nos
rodeia”, elucida a optometrista,
que, em Barcelona, aprendeu
que “receitar uns óculos é muito
simples e o sistema visual é um
processo muito mais complexo,
por isso temos de ter em atenção
as funções e funcionalidades
e o que estas vão provocar na
integração com os restantes
sentidos”.
Cada vez mais, o ser humano é um ser visual – 80% da informação que o cérebro recebe é
captada pela visão. Diariamente,
a especialista acompanha crianças e adultos com disfunções
que afetam, de alguma forma,
a visão e, consequentemente,
o comportamento e a postura
nos espaços que os rodeiam.
O principal objetivo do centro é
prevenir, diagnosticar e tratar de
forma integrada e abrangente
o sentido da visão e tudo a ele
associado.
Ver e Visão
são conceitos
distintos
Ver é a ação que nos permite identificar um objeto. A
Visão prende-se com o processo
neurológico complexo que necessita de ser integrado com os
outros sentidos, como é o caso
da audição e da proprioceção
(a consciência do corpo no
espaço), fundamentais para o
desenvolvimento de processos
ao nível da linguagem, leitura e
escrita com rendimento global
positivo.
Ao longo da sua vasta experiência, Ana Paula Pinto de
Azevedo já acompanhou e
tratou pacientes de todas as
idades com disfunções distintas
que penalizavam o seu desenvolvimento, desequilibrando a
integridade sensorial. A miopia,
o défice de atenção, a hiperatividade/impulsividade e a postura
são as principais disfunções
abordadas e tratadas no Centro
de Inteligência Visual.
Hoje, a miopia é um problema de saúde pública mundial;
em Portugal, segundo um estudo da Universidade do Minho, a
miopia atinge mais de 5% das
crianças entre os 6 e 9 anos,
percentagem que aumenta para
25% aos 13 anos, e para 45%
nos universitários de recente
ingresso nessa Universidade.
No passado, a miopia tinha
uma componente genética e
manifestava-se numa idade em
que a criança ainda se estava a
desenvolver (3-4 anos). Porém,
hoje assiste-se ao aparecimento
de míopes cada vez mais tarde,
dando origem às chamadas
miopias comportamentais. Especialista no controle desta patologia visual, a optometrista tem
dedicado grande parte do seu
trabalho ao combate da miopia.
A Terapia Corneal Refrativa
(Corneal Refractive Therapy
- CRT), aprovada na Europa
em 2004, é uma técnica não
cirúrgica de uso de lentes de
contacto noturnas, que corrigem
a miopia e astigmatismo durante
a noite, permitindo uma visão
perfeita durante o dia. “Quando
compensamos a miopia com
óculos ou lentes de contactos
tradicionais, simplesmente resolvemos a visão desfocada
que causa este defeito, mas
não é possível controlar o seu
aumento. Mediante tratamentos
preventivos com terapias visuais
e a Ortoqueratologia, podemos
evitar que o paciente adquira
uma miopia cada vez maior”,
esclarece, indicando que vários
estudos científicos consideram
que a lente CRT é “segura e
eficaz em pacientes de todas
as idades”.
No âmbito do défice de
atenção e da hiperatividade/
impulsividade, o sistema visual
desempenha também um importante papel para que se consiga
desenvolver corretamente o foco
e a atenção. A visão periférica
está, assim, interligada com a
capacidade de atenção, pois as
áreas neurológicas da atenção
e dos movimentos sacádicos
(movimento que os olhos realizam) estão diretamente ligados.
“Trabalho com muitas crianças
com imaturidades atencionais
visuais e auditivas. Distraem-se
facilmente, não terminam as
tarefas e não conseguem filtrar a
informação. As crianças hiperativas usam o movimento para se
percecionarem no espaço que
se baseia na proprioceção, que
consiste na consciência do corpo
no espaço e, por consequência,
processa toda a informação externa”, evidencia a especialista.
Na área da postura, a aplicação de lentes prismáticas posturais, cujo objetivo é melhorar
a integração sensorial e corrigir
alterações posturais, é uma das
principais técnicas de tratamento. “A postura, área integrada
aos 3-4 anos, permite localizar-se e organizar-se num espaço
do ponto de vista sensorial e
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integrativo. Uma disfunção nesta área leva a
uma instabilidade ocular que interfere com a
informação visual e propriocetiva, provocando alterações nas relações viso-espaciais.
Muitos adultos têm alterações posturais que
afetam o nível de ansiedade, levando muitas
vezes a instabilidade emocional e ataques de
pânico”, revela.
Centro
Neurossensorial e
Investigação
Desde maio de 2015, Ana Paula Pinto
de Azevedo coordena o Centro Neurossensorial, em Braga, que agrega uma equipa
especializada e multidisciplinar em várias
áreas do neurodesenvolvimento pediátrico,
mas também com um polo direcionado para
adultos, que surge da necessidade da Integração sensorial/postural. As especialidades
presentes abrangem a área Neurossensorial
e Neuroauditiva, a Posturologia, a Dislexia, o
Défice de Atenção, entre outras áreas complementares.
Segundo a nossa interlocutora, está em
fase inicial um estudo de investigação que
abarca diferentes áreas clínicas, estando
prevista uma parceria com a Casa do Professor de Braga, permitindo conhecer, desta
forma, as causas que levam a determinadas
sintomatologias, com posteriores publicações
que comprovem os resultados obtidos.
Com o intuito de complementar todo este
trabalho e consciente da importância da luz na
integração sensorial, a especialista enfatizou
a importância de acompanhar o seu trabalho
com a parte técnica da montagem, sabendo
que a escolha simples da armação, não
passa apenas pelo lado estético, definindo
este passo como fulcral na qualidade da sua
funcionalidade. Como o exemplo das lentes
prismáticas posturais.
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