ASSOCIAÇÃO DE ESCOLAS CRISTÃS DE EDUCAÇÃO POR PRINCÍPIOS ABORDAGENS PEDAGÓGICAS COMPARADAS CURSO I – FUNDAMENTOS CONCEITOS E PRÁTICAS DA EP JULIANA POMPEO HELPA 10 de Junho de 2015 Curitiba, Paraná ASSOCIAÇÃO DE ESCOLAS CRISTÃS DE EDUCAÇÃO POR PRINCÍPIOS JULIANA POMPEO HELPA Trabalho apresentado conforme programa de EAD – curso 1 exigência Fundamentos Conceitos e Práticas da EP. Prof: PHD Inez Borges e Mestranda Ana Beatriz Rinaldi 10 de Junho de 2015 Curitiba, PR do SUMÁRIO I. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 II. DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO ............................................................................... 1 III. DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ ............................................................... 2 IV. DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO POR PRINCÍPIOS ............................................. 2 V. O PENSAMENTO DE JOÃO AMÓS COMÊNIUS ............................................ 3 VI. RELAÇÃO ENTRE FILOSOFIA DE EDUCAÇÃO E FILOSOFIA DE GOVERNO ...................................................................................................................... 4 VII. FILOSOFIA DE EDUCAÇÃO E FILOSOFIA DE GOVERNO NA VISÃO DE COMÊNIUS..................................................................................................................... 5 VIII. FILOSOFIA DE EDUCAÇÃO DE COMÊNIUS EM CONTRASTE COM A FILOSOFIA DE EP ........................................................................................................ 5 IX. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 7 X. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 8 I. INTRODUÇÃO A nação brasileira vivencia um período sob forte influência de pensamentos ideológicos que permeiam o sistema educacional vigente. A não neutralidade da educação ocasiona a ideologização de grupos com tendências marxistas que contraditoriamente defendem uma educação laica. Nesse cenário, torna-se imprescindível a elaboração de uma reflexão sobre o que significa educar uma geração segundo a Abordagem de Educação Por Princípios. Neste ensaio abordaremos tais questões, visando a reflexão dos conceitos de educação e a sua consequente influência no sistema de governo de uma nação. Para isso faremos uma comparação entre a Abordagem de Educação Por Princípios e o pensamento de João Amós Comênius. II. DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO Para refletir sobre abordagens educacionais e a sua influência numa nação, é fundamental a compreensão do que significa educar. A palavra educação é originária de termos latinos, tais como os verbos “educare” e “educere”. Educere, se origina do temo “ex – ducere”, que significa, literalmente, conduzir (à força) para fora; o primeiro, vem de “educare” que significa amamentar, criar, alimentar, por isso mesmo se aproxima do vocábulo latino “cuore” (coração). De modo simplificado, podemos compreender que EDUCERE (latim), signifca: EDU – verter ,servir, derrubar e CERE – extrair,receber,descobrir. (AECEP, 2012). Na concepção de Noah Webster, (1828), educar significa: Iluminar o entendimento Corrigir o temperamento Formar maneiras e hábitos da juventude Capacitá-la a ser útil no futuro. A reflexão sobre o significado da palavra educação fundamenta nosso pensamento acerca da cosmovisão que se pretende semear na próxima geração. 1 III. DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ Para aprofundamento do que significa educar numa perspectiva cristã, é necessário refletir sobre a visão educacional primeiramente das famílias judaicas e sua consequente influência na história cristã até os dias atuais. Após a reforma e a expansão do protestantismo, nações colonizadas por protestantes tiveram seu sistema educacional profundamente influenciado pelos princípios bíblicos, atribuindo à família a igreja a responsabilidade primária pela educação das novas gerações. Segundo o dr Paul Jehle, a visão Cristã da Educação é passar a tocha dos mais elevados propósitos de Deus para a próxima geração por meio de um processo de discipulado que equipa os estudantes a irem mais longe que seus pais e antepassados. Uma visão falsa para a educação repousa no alvo da conquista humana e esta, lenta e sutilmente coloca o ser humano em escravidão cada vez maior, por meio de amarras da mente de muitas gerações futuras à própria e pecaminosa natureza e aos seus padrões de pensamento. (JEHLE, Ensino e Aprendizagem, P. 97) Embora existam muitas instituições educacionais brasileiras, que se declaram como escolas cristãs, talvez a maior parte considere a Bíblia apenas em uma pequena parte do currículo ou de práticas devocionais como cultos e momentos específicos da jornada escolar. Tais escolas se diferem grandemente das escolas de Educação Por Princípios, cuja abordagem possui a Bíblia como centralidade filosófica, metodológica e curricular, como demonstraremos a seguir. IV. DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO POR PRINCÍPIOS Dra Inez Borges afirma que no cenário brasileiro atual, presenciamos o ataque violento às instituições como a família e a igreja, em virtude da implantação de um sistema totalitário de governo. Para viabilização de tal sistema de governo, é necessária a aplicação de metodologias e currículos embasados nesta filosofia, de forma que garanta a manutenção do pensamento ideológico que o fundamenta. Paul Jehle afirma que a filosofia educacional atual de uma nação, se tornará a filosofia de governo da próxima geração. 2 Se os métodos não são neutros e existe um método cristão de educação, qual ele é? Isto é o que chamamos de Abordagem Por Princípios. Resumidamente, esta Abordagem na educação dá aos indivíduos a capacidade de basear, na Bíblia, todos os aspectos da vida. (MC DOWELL, P. 118). Nesse cenário, apenas a educação das crianças com base em princípios bíblicos de governo, pode representar uma forma de levar adiante a missão da Igreja de Jesus Cristo. (BORGES, Ensino e Aprendizagem, nota da autora, p. 60). Tal abordagem educacional é designada como Educação por Princípios, constituindo-se de um método educacional cristão que desenvolve o raciocínio a partir de fundamentos bíblicos identificados em cada assunto abordado. Esta abordagem proporciona o aprimoramento acadêmico e do caráter da criança. (AECEP, 2015). Segundo o manual de formação da AECEP, os propósitos de uma educação cristã são proporcionar oportunidades de aprendizagem para que: As pessoas conheçam e desenvolvam um relacionamento pessoal e crescente com Deus e sua criação, fundamentado na revelação das Escrituras e ajudar as pessoas desenvolvam conhecimentos, habilidades e atitudes sendo preparadas para toda boa obra e que assim possam glorificar e agradar a Deus. Nossa intenção é que os alunos adquiram a sabedoria e o conhecimento de Deus para que afetem o mundo. Podemos compreender o conceito fundamental de Educação por Princípios como uma maneira de ensinar e aprender que coloca a Palavra de Deus no coração de cada matéria e ensina o aluno como pensar e aprender. Este método de educação libera o potencial do indivíduo, forma caráter cristão, constrói uma erudição baseada numa cosmovisão cristã e habilita a formação de líderes servidores. (Fundamentos, Conceitos e Práticas em Educação Por Princípios. AECEP. Curso I. MG. 2015.). V. O PENSAMENTO DE JOÃO AMÓS COMÊNIUS Historicamente, muitos pensadores contribuíram para o desenvolvimento da educação como a conhecemos atualmente. A reforma Protestante foi de 3 grande contribuição para o desenvolvimento da educação e dos sistemas de governo entre as nações cristãs. Ligados ao desenvolvimento da Reforma Protestante, estão os Irmãos Morávios. Em seus princípios fundamentais havia a crença de que a educação manteria a unidade entre eles, que se tornaram os fundadores da Universidade de Praga (1348). Nesse contexto, em 28 de março de 1592, João Amós Comenius nasceu em Nivnice, na cercania de Uherský Brod, na Morávia, hoje República Tcheca. Sendo considerado o pai da didática, em 1657 Comêmius publicou a Didática magna e contribuiu para o desenvolvimento da história da educação. Com o passar do tempo, as ideias de Comênius espalharam-se e influenciaram outros educadores, cristãos ou não cristãos, resultando na criação de escolas paroquiais ou laicas ao longo de todo o ocidente. VI. RELAÇÃO ENTRE FILOSOFIA DE EDUCAÇÃO E FILOSOFIA DE GOVERNO Após mais de trezentos anos de publicação da Didática Magna, a tese central defendida pelo dr Paul Jehle pode ser resumida na seguinte expressão: Princípios de vida, de educação e de governo são inseparáveis. Com base nesta premissa, o autor defende duas visões básicas de filosofia de vida: cristã e anticristã. Consequentemente, as formas de educação e de governo que derivam de tais filosofias, permeiam o pensamento de milhões de seres humanos desde a mais tenra idade. Fundamentado na visão cristã de educação, o autor apresenta os propósitos eternos de Deus para o ser humano, a saber: a vida, a liberdade e a propriedade. A abordagem da filosofia humanista atual acerca da relação entre governo e educação, visa gerar a coletividade, desprovida de raciocínio e autogoverno, mantendo a interdependência, que facilita o processo de dominação e controle. Nesse sentido, a educação cristã deve privilegiar e incentivar o autogoverno, como forma de submissão a Cristo e obediência à sua vontade. 4 VII. FILOSOFIA DE EDUCAÇÃO E FILOSOFIA DE GOVERNO NA VISÃO DE COMÊNIUS Comênius apresenta em seu pensamento, aspectos dessa estreita relação entre filosofia de educação e filosofia de governo. Ao escrever suas primeiras obras, incluindo a Didática tcheca, o autor visava soerguer a sua pátria. (GASPARIN, 1994, p. 54). No pensamento de Comênius, a educação seria o meio para alcançar a paz e pôr fim à guerra, visto que ela seria “a salvação para a corrupção do gênero humano” (COMENIUS, 1999, p. 14-15 aput LOPES) e a maneira de fazer do homem “paraíso de delícias do criador” Comênius afirma que “a natureza dá ao homem as sementes do saber, da honestidade e da religião, mas não dá propriamente o saber, a honestidade e a religião, estas se adquirem orando, aprendendo e agindo” Comênius declara que a educação visa o desenvolvimento da razão (conhecimento intelectual e capacidade de conhecer todas as coisas) da virtude (capacidade de se relacionar com os semelhantes de forma justa e honesta) e a piedade (relacionamento com Deus). VIII. FILOSOFIA DE EDUCAÇÃO DE COMÊNIUS EM CONTRASTE COM A FILOSOFIA DE EP Segue quadro comparativo para compreensão do pensamento da Filosofia de Educação no Comênius em contraste com a Filosofia de EP. Pressupostos Filosóficos de Pressupostos Filosóficos da Comênius Educação Por Princípios “Estão lâmpada, candeeiro, óleo e Educação que visa o crescimento pavio, e tudo o que é necessário: em sabedoria. quem souber produzir a centelha, acolhê-la, acender a luz poderá ver – belíssimo maravilhosos – espetáculo tesouros da os divina sabedoria”. 5 Na esfera relacionada ao governo, a Três esferas de Jurisdição: educação seria o meio para alcançar a) o Lar (que foi o primeiro a ser a paz e pôr fim à guerra. estabelecido e designado a fim de manifestar, em primeiro lugar, o governo de Deus, Gênesis 2.21-24); b) a Igreja (comunidade redimida da aliança mencionada nas Escrituras como a Noiva de Cristo, ou o Corpo de Cristo, Efésios 1.22-23); c) o Governo Civil (instituição designada para executar a justiça e as leis de Deus - Romanos 13.1-4). Em outras palavras, o ser humano Educação para a formação integral não pode ser fragmentado, pois ele do ser humano. é, em sua concepção, um “micromundo”, na medida em que é visto à luz das diferentes faces de sua existência: política, econômica, social, psicológica e religiosa. Educação para “a salvação para a O homem foi criado com propósitos corrupção do gênero humano”. “A natureza dá eternos. ao homem as Existem princípios imutáveis que sementes do saber, da honestidade ajudam e da religião, mas não o ser humano no dá cumprimento dos propósitos de propriamente o saber, a honestidade Deus para sua vida. e a religião, estas se adquirem orando, aprendendo e agindo”. Comênius declara que a educação A educação deve formar o caráter. visa o desenvolvimento da razão A história é de relevância crucial na (conhecimento intelectual e formação do caráter. capacidade de conhecer todas as coisas) da virtude (capacidade de se relacionar com os semelhantes de 6 forma justa e honesta) e a piedade (relacionamento com Deus). Nós ousamos prometer uma Didática O aprendizado da escrita e da leitura Magna, ou seja, uma arte universal são fundamentais, pois fornecem de ensinar tudo a todos: de ensinar subsídios de modo certo, para para o exercício da obter soberania – Raciocinamos com base resultados; de ensinar de modo fácil, nas palavras que conhecemos. portanto, sem que docentes e Educação transformadora que parte discentes se molestem ou enfadem, do interno para o externo. mas ao contrário, tenham grande alegria; de ensinar de modo sólido, não superficialmente, de qualquer maneira, mas verdadeira para cultura, conduzir aos à bons costumes, a uma piedade mais profunda [...]. O homem nasceu com a capacidade Existem princípios absolutos em de adquirir a ciência das coisas e todas as disciplinas: na linguagem, aprender as diversas formas do na história, na Biologia, etc. e estes conhecimento porque isso é princípios revelam o caráter de Deus resultado de sua criação por Deus IX. CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluindo, o sistema de educação atual corresponde ao próximo sistema de governo. Nesse sentido, a Abordagem de Educação Por Princípios é uma ferramenta valiosa para a formação de uma geração apta para transformar o rumo histórico da nação brasileira. João Amós Comênius influenciou o rumo da educação de sua nação e influenciou a história da educação em outras nações. Teremos hoje a mesma ousadia? A grande questão é: diante do cenário atual, o que faremos? 7 X. REFERÊNCIAS AECEP. Fundamentos, Conceitos e Práticas em Educação Por Princípios. Curso I. MG. 2015. BORGES, Inez Augusto. Educação e Personalidade. Editora Mackenzie, 2002. JEHLE, Paul. Ensinando a Bíblia: nosso texto central. Minas Gerais. AECEP, 2014. JEHLE, Paul. Ensino e Aprendizagem: Uma Abordagem Filosófica. Minas Gerais. AECEP, 2015. JEHLE, Paul. Teaching and Learning Syllabus Guide. Heritage Institute Ministries, 2003. LOPES, Edson Pereira. O Milenarismo Dos Taboritas Na Boêmia Do Século Xv e Sua Influência No Pensamento De João Amós Comenius. Ciências Da Religião – História e Sociedade Volume 5 • N. 2 • 2007. Disponível em: <editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cr/article/viewFile/485/307>, acesso 02/04/2015 às 10h52. LOPES, Edson Pereira. O Conceito De Educação Em João Amós Comenius. 2008. Disponível em <www.mackenzie.com.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XIII__ 2008__2/O_Conceito_de_Educacao_em_Joao_Amos_Comenius__Edson_Per eira_Lopes_.pdf> SAMPAIO,SANTOS, MESQUITA. Do conceito de Educação à Educação no Neoliberalismo, 2007. www:///C:/Users/julia_000/Downloads/dialogo-660.pdf SALVATORI, Mateus. A Educação em Hegel, 2010. Disponível em <www.ucs.br/ucs/tplcinfe/eventos/cinfe/artigos/artigos/arquivos/eixo_tematico9/ A%20educacao%20em%20Hegel.pdf>, acesso 31/03/2015 às 9h17 SPROUL Jr C. G. - A intervenção do governo na Educação. – Vídeo. ZATTI, vicente. Autonomia e Educação em Immanuel Kant e Paulo Freire, 2007. Disponível <www.pucrs.br/edipucrs/online/autonomia/autonomia/capitulo4.html>, em acesso 31/03/2015 às 9h17. WEBSTER, Noah. Webster Dictionary, [si]. [sn]. 1828. Disponível em < webstersdictionary1828.com>, acesso em 31/03/2015 às 9h. 8