1 30 de setembro | Dia Nacional do Cancro Digestivo | Entrevista No

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30 de setembro | Dia Nacional do Cancro Digestivo | Entrevista
No Dia Nacional do Cancro Digestivo, a Associação Portuguesa dos Nutricionistas (APN)
realizou uma entrevista à Europacolon Portugal – Apoio ao Doente com Cancro
Digestivo (EC), que agora divulgamos, convidando-o à leitura.
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APN: Que patologias estão incluídas no cancro digestivo?
EC: As patologias incluídas no cancro digestivo são o Cancro Colo-Rectal (ou Intestino),
Esófago, Estômago, Fígado, Pâncreas, Tumores Neuroendócrinos e GIST.
APN: Qual o campo de atuação da Europacolon Portugal?
EC: A Europacolon Portugal - Apoio ao Doente com Cancro Digestivo é uma Instituição
Particular de Solidariedade Social que faz parte da organização Pan-Europeia
Europacolon. Foi criada em 2006, no Porto, com a função primordial de contribuir para a
diminuição do número de mortes do Cancro do Intestino (recentemente alargado para o
âmbito digestivo) promovendo a sensibilização da população para as vantagens da
prevenção, rastreio e diagnóstico precoce e também dar apoio aos pacientes e
familiares, aumentar a sua literacia em saúde e melhorar a sua qualidade de vida e bemestar.
A Europacolon coloca ao dispor da população os seguintes serviços: Consultas de
psicologia, nutrição, atendimento social, voluntariado, apoio jurídico, sessões de grupo,
linha de Apoio (808 200 199) 24h/7dias, logística do RAS, ações de sensibilização e
prevenção
primária
e
apoio
especial
a
pacientes
ostomizados.
APN: Quais os principais fatores de risco?
EC:
Intestino – Histórico familiar, idade, pólipos, alterações genéticas, doenças inflamatórias
no intestino, obesidade, estilo de vida (dieta rica em gorduras, fritos, açúcar, carnes
vermelhas, carnes processadas e pobre em fruta, legumes e hortaliças),álcool, tabaco e
sedentarismo.
Pâncreas, Fígado, Estômago, Esófago (fatores comuns) – Diabetes, tabaco, álcool,
alimentação, dieta rica em gorduras, fritos, açúcar, carnes vermelhas, carnes
processadas e pobre em fruta, legumes e hortaliças, sedentarismo, obesidade, estilo de
vida.
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APN: Quais os principais sintomas a que devemos estar atentos?
EC:
Intestino - Alteração persistente dos hábitos intestinais, com o aparecimento de prisão
de ventre ou diarreia (ou uma alternância das duas), sem razão aparente e/ou fezes
muito escuras; Perda de sangue pelo reto/ânus ou misturado nas fezes sem irritação,
dor ou prurido; Sensação de que o intestino não esvazia completamente; Dor forte ou
desconforto abdominal, sem explicação aparente; Cansaço e emagrecimento sem razão
aparente.
Pâncreas - Os sintomas mais comuns são:
- Perda de peso sem motivo aparente/explicação
- Dor abdominal e/ou dor de costas
- Sensação de inchaço
- Icterícia (coloração amarelada de pele, mucosa e escleróticas)
Outros sintomas comuns do cancro pancreático incluem:
- Problemas intestinais
- Indigestão, azia, náuseas e vómitos
- Febre e calafrios
- Cansaço extremo/fadiga
- Pancreatite aguda (inflamação do pâncreas)
- Fezes grandes, sem cor, de mau odor e flutuantes
Estômago - O cancro do estômago pode provocar os seguintes sintomas:
Indigestão ou sensação de ardor (azia), desconforto ou dor no abdómen, náuseas e
vómitos, diarreia ou obstipação, dilatação do estômago, após as refeições, perda de
apetite, fraqueza e cansaço, hemorragia (vómito de sangue ou sangue nas fezes).
Fígado - Perda de peso sem razão aparente, cansaço, perda de apetite e/ou
enfartamento, icterícia, aumento do tamanho do fígado e/ou baço, náuseas e vómitos,
ascite, dor abdominal, comichão.
APN: Quais as principais causas?
EC:
- Antecedentes familiares e comportamentais tais como: tabaco, álcool, falta de rastreio
de base populacional (o que diminuiria drasticamente os números da mortalidade no
cancro do intestino, que é curável se detetado a tempo), alimentação desadequada,
fatores ocupacionais, sedentarismo, fraca literacia em saúde.
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APN: Qual a sua prevalência Mundial e em Portugal?
Globocan 2012 - Portugal
Mortalidade
540
2285
3797
908
1268
8798
Tipo
Esófago
Estômago
Intestino
Fígado
Pâncreas
Total
Incidência
608
3018
7129
1004
1225
12984
Tipo
Esófago
Estômago
Intestino
Fígado
Pâncreas
Total
Globocan 2012 - Mundial
Incidência
Mortalidade
455784
400169
951594
723073
1360602
693933
782451
745533
337872
330391
3888303
2893099
5 Anos de Prevalência
687
5028
19613
858
795
26981
5 Anos de Prevalência
464063
1538127
3543582
633170
211544
6390486
APN: Qual a relação entre o peso e estas doenças?
EC: De acordo cm a investigação de World Cancer Research Found a partir do Projeto de
atualização contínua (Continuous Update Project) e segundo relatório de peritos (Second
Expert Report), o ganho de peso, excesso de peso e obesidade está associado a um risco
aumentado de desenvolvimento de vários tipos de cancro, incluindo o intestino, mama,
próstata, pâncreas, endométrio, rim, fígado, vesícula biliar, esófago e cancro do ovário.
A Gordura corporal, determinada pelo índice de massa corporal IMC, é um fator
fundamental que influencia os níveis de um número de hormonas e fatores de
crescimento. A insulina e a leptina são elevadas em pessoas obesas, e pode promover o
crescimento de células cancerosas. Além disso, a resistência à insulina é aumentada, em
particular por gordura abdominal, e o pâncreas compensa o aumento da produção de
insulina. Esta hiperinsulinemia aumenta o risco de cancro do cólon, do endométrio e do
rim, e, possivelmente, do pâncreas. Nos homens, a obesidade está relacionada com
baixos níveis de testosterona, que por sua vez podem ser associadas ao aumento do
risco de cancro da próstata.
A obesidade está também associada a um estado inflamatório crónico de baixo grau. O
tecido adiposo é caracterizado por infiltração de macrófagos, sendo estes uma fonte
importante de inflamação neste tecido. O adipócito produz fatores pró-inflamatórios, e
indivíduos obesos têm concentrações elevadas de fator de necrose de tumor circulantes
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(TNF-alfa), interleucina (IL)-6 e proteína C-reativa, em comparação com pessoas magras,
bem como de leptina, que também funciona como uma citoquina inflamatória. Essa
inflamação cronica pode promover o desenvolvimento do cancro.
A obesidade é ainda um fator de risco para esteato-hepatite não alcoólica, que pode
progredir para cirrose e, por conseguinte, um risco aumentado de desenvolvimento de
cancro do fígado.
Além disso, a obesidade é uma causa conhecida de formação de cálculos biliares, e
tendo cálculos biliares aumenta o risco de cancro da vesícula biliar.
Por fim, o excesso de gordura corporal aumenta o risco de pressão arterial elevada, um
fator positivamente relacionado com o desenvolvimento de cancro do rim.
Assim sendo, manter um peso saudável através de uma alimentação equilibrada e
atividade física regular, ajuda a reduzir o risco de desenvolver cancro.
APN: Qual o papel da alimentação no tratamento?
EC: A alimentação no tratamento do cancro digestivo deve seguir as orientações das
recomendações da prevenção do cancro. Contudo, frequentemente estão associados os
sintomas gastrointestinais específicos, necessitando de uma alimentação orientada e
personalizada.
Os sintomas gastrointestinais, associados ao cancro digestivo, mais frequentes são
enjoo, diarreia, obstipação e flatulência. A intervenção alimentar e nutricional
personalizada ajuda a melhorar estes sintomas, tendo em conta os fatores individuais de
cada paciente.
APN: Qual a importância da alimentação na prevenção? Quais as recomendações?
EC: Os cientistas estimam que cerca de um terço dos 13 cancros mais comuns podem
ser evitados através de uma alimentação mais equilibrada, do controlo do peso corporal
e da prática da atividade física regular. Por sua vez, o controlo do peso corporal é
conseguido através de uma alimentação equilibrada, variada e da prática regular de
atividade física.
Uma alimentação baseada em alimentos de origem vegetal é um grande primeiro passo
para comer bem e reduzir o seu risco de cancro, apresentam um valor energético mais
baixo e são mais ricos em vitaminas, minerais e fibra, ajudando a promover a saciedade
e a controlar o peso. Os alimentos de origem vegetal são os cereais, preferencialmente
integrais, por conterem mais nutrientes (arroz, massa, pão, aveia), batata, leguminosas
(feijão, grão, ervilhas, lentilhas), hortícolas e frutas, com peles e sem adição de gorduras
e açúcares. De acordo com estudos científicos, o consumo de frutas e hortícolas ajudam
a reduzir uma variedade de cancros, nomeadamente: boca e garganta, esófago,
estômago, pulmão, por apresentarem uma composição nutricional rica em vitaminas e
minerais, baixo valor energético, permitindo ajudar a manter o peso corporal e a
fortalecer o sistema imunológico. Além disso, são ricos em fitoquímicos, promovendo a
proteção das células contra danos que podem levar ao desenvolvimento do cancro.
Mais recentemente estudos demonstram que a ingestão de alimentos ricos em fibras
diminui o risco de cancro do intestino, por acelerar a passagem dos alimentos no
sistema digestivo.
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Recomendação: Comer pelo menos 5 hortofrutícolas por dia, todos os dias, e remodelar
o seu prato: 2/3 com alimentos de origem vegetal e adicionar uma porção menor de
carne, peixe, ovo ou proteína vegetal, ajuda na prevenção do cancro.
O consumo de carnes vermelhas e processadas deve ser evitado. Há fortes evidências
científicas que relacionam a ingestão de uma grande quantidade de carne vermelha
(carne bovina, carne de porco, cordeiro e cabra, bem como, alimentos como
hambúrgueres, carne picada, costeletas de porco e cordeiro assado) e processada
(presunto, bacon, fiambre, salsichas, carnes fumadas, carnes picadas, hambúrgueres)
com cancro do intestino.
Uma possível razão para esta relação é o composto que confere à carne a cor vermelha,
heme, pode danificar o revestimento do intestino. Além deste facto, estudos também
mostram que pessoas que comem muita carne vermelha tendem a comer menos
alimentos de origem vegetal, beneficiando menos das suas propriedades protetoras. Há
ainda estudos com fortes indícios de que as carnes processadas são uma causa de
cancro de intestino. Quando a carne é preservada pelo fumo, salgada, ou pela adição de
conservantes, várias substâncias carcinogéneas podem ser formadas.
Recomendação: Não comer mais do que 300g (peso cozinhado) por semana de carne
vermelha e processadas o mínimo possível. Mantenha alguns dias da semana livre de
carne vermelha e adicione leguminosas, como feijão, grão-de-bico e lentilhas, para
substituir uma parte da carne em pratos como bolonhesa ou massas com carne. Em vez
de bacon, chouriço ou salame, experimente frango picante ou salsichas vegetarianas.
Os alimentos e bebidas ricas em gordura ou açúcar tendem a ser elevados em valor
energético, sendo comumente designados de alimentos densamente energéticos.
Assim, comer desses alimentos (fast food, babatas fritas, bolachas e chocolates, por
exemplo) ou beber uma grande quantidade de bebidas açucaradas (bebidas energéticas,
polpas, cola, limonadas ou outras bebidas não alcoólicas adoçadas com açúcar) pode
significar maior propensão para ganhar peso, uma vez que estes alimentos são
altamente calóricos em baixo volume.
Recomendação: Alimentos ricos em gorduras e açúcares devem ser evitados. Troque as
suas bebidas açucaradas por água ou chá sem açúcar.
Comer muito sal pode aumentar o risco de pressão arterial elevada, assim como cancro
do estômago. O organismo precisa de sal, mas apenas em pequenas quantidades,
devendo a ingestão diária de sal ser inferior a 6 g (2,4 g de sódio). Contudo,
habitualmente consome-se maior quantidade de sal do que o recomendado. Estudos
demonstram que sal e alimentos conservados em sal são uma causa de cancro do
estômago, por danos provocados pelo sal no revestimento do estômago.
Recomendação:
Verifique os rótulos dos alimentos e escolha produtos com menos sal ou sódio. Tenha
em mente que os alimentos rotulados como "reduzido de sal / sódio" ainda podem ser
bastante salgados. Escolha alimentos enlatados ou embalados sem adição de sal.
Reduza gradualmente, e em seguida, corte o sal que adiciona durante a confeção ou à
mesa. O seu paladar ajustar-se-á, permitindo-lhe desfrutar o verdadeiro sabor dos
alimentos e perceber sabores mais sutis. Use especiarias, ervas, alho, pimenta, gengibre
e limão em vez de sal, adicionando sabor aos alimentos de forma rápida e fácil. Além
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disso, prefira frescos aos processados como o bacon, carnes curadas e algumas salsichas
todos contêm altos níveis de sal e também podem causar cancro de intestino. Por fim,
evitar alimentos pré-confecionados.
Reduzir a ingestão de álcool, reduz o risco de cancro incluindo da boca, garganta,
esófago, fígado, intestino e da mama. De acordo com a investigação cientifica, o álcool
pode danificar diretamente o nosso ADN, aumentando o nosso risco de cancro além de
que tem valor energético, contribuindo para o excesso de peso.
Recomendação: Opte por bebidas de menor tamanho. Para os homens não mais do que
2 bebidas por dia e para as mulheres, uma bebida por dia, sendo que uma bebida
equivale a um copo de vinho de 125ml ou 25ml de bebidas espirituosas ou 500ml de
cerveja.
Tendo um peso saudável também pode ajudar a reduzir o risco de doença cardíaca e
diabetes tipo 2.Uma das maneiras mais fáceis de descobrir se tem um peso saudável é
verificar o seu Índice de Massa Corporal (IMC). Isto diz-lhe se você está na faixa de peso
saudável para a sua altura, por isso é um guia útil para a maioria dos adultos.
Por fim, a amamentação é uma escolha pessoal, mas há muitos benefícios para a mãe e
o bebé. Além do leite materno assegurar todas as necessidades energéticas e
nutricionais até aos seis meses de idade do bebé, promove ao bebé um sistema
imunitário mais forte e com menos probabilidade de desenvolver eczema. A pesquisa
também demonstra que os bebés amamentados têm menos probabilidade de
desenvolverem excesso de peso ou obesidade na vida adulta, sendo assim uma forma
importante de reduzir o risco de desenvolver vários tipos de cancro, bem como doenças
cardíacas, dislipidemias e diabetes tipo2. Para a mãe a amamentação é também
benéfica, pois ajuda no controlo de peso e controlar os níveis hormonais e assim a
reduzir o risco de cancro da mama.
Recomendação: Promover amamentação pelo menos até aos seis meses de idade.
Europacolon Portugal – Apoio ao Doente com Cancro Digestivo
Linha de Apoio : 808 200 199
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