A História das Ciências e o fomento à cidadania no Ensino

A História das Ciências e o fomento à cidadania no
Ensino Fundamental I
Michele Alves da Silva
Universidade Federal do ABC
Mestranda em Ensino, História e Filosofia das Ciências e da Matemática
Profa. Dra. Márcia Helena Alvim
Universidade Federal do ABC
Orientadora
Resumo
A presente pesquisa tem por finalidade versar sobre o importante papel da
História das Ciências no ensino de ciências do Ensino Fundamental I, tendo em vista
um ensino de ciências com enfoque em CTS, que pretende capacitar o aluno para
uma melhor atuação na sociedade e ajudando-o a lidar efetivamente e funcionalmente
com questões científicas e tecnológicas tão presentes em nossas vidas nos dias
atuais. O desafio atual é trazer para a sala de aula do Ensino Fundamental, um ensino
de ciências significativo, que leve a reflexão dos alunos para seu papel de cidadão
crítico na sociedade. Sociedade essa imersa num mundo científico e tecnológico com
transformações, muitas vezes, de velocidade alarmante. A inclusão efetiva da História
das Ciências no Ensino Fundamental I poderá possibilitar uma influencia positiva ao
desafio de ensinar ciências conferindo significado aos conteúdos trabalhados na área
e os contextualizar já nas séries iniciais. Essa inclusão é proposta nos documentos
norteadores da educação brasileira: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e
nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais. O currículo de ciências
proposto pelo PCN visa o enfoque em Ciência, Sociedade e Tecnologia. A tendência
CTS privilegia o ensino ao tratar das inter-relações entre explicação científica,
planejamento tecnológico, tomada de decisões e resoluções de problemas presentes
no cotidiano. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais, a
História das Ciências deve ter espaço no ensino na área, pois, proporciona uma visão
contextualizadora das relações do ser humano com a natureza. Assim a História das
Ciências pode levar a compreensão da estrutura da ciência, humanizá-la e aproximála do aluno, desenvolvendo seu conhecimento sobre como o pensamento científico
mudou através do tempo. Possivelmente a História das Ciências, promove uma melhor
compreensão dos conceitos científicos por demonstrar seu desenvolvimento e
aperfeiçoamento.
Palavras-chaves: História das Ciências, Ensino de Ciências, Tendência CTS
Introdução
Este trabalho investiga e/ou faz uma reflexão sobre como a prática do ensino
de ciências pode ser melhorada pelas informações obtidas da História das Ciências,
visando à formação de cidadãos críticos. Esta pesquisa buscou refletir sobre a
educação científica com foco CTS, visando emergir a relação entre educação
científica, tecnológica e social, nas quais os conteúdos científicos e tecnológicos são
estudados juntamente com a discussão de seus aspectos históricos, éticos, políticos e
sócio-econômicos.
A inclusão efetiva da História das Ciências no Ensino Fundamental I, ou seja,
desde a infância, possibilitará uma influencia positiva ao desafio de ensinar ciências
com enfoque CTS. Acreditamos que a inserção da História das Ciências confere
significado à aprendizagem de Ciências e a torná-la atrativa e motivadora para as
crianças. Essa inclusão é proposta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
1
e nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências, os documentos norteadores da
educação brasileira. Em nenhum outro momento histórico o ensino de Ciências foi tão
pertinente, por colaborar na construção de uma aprendizagem significativa do
conhecimento reunido historicamente na área.
A proposta desse trabalho se faz favorável tendo em vista a crise brasileira no
ensino de Ciências demonstrada através dos resultados insuficientes no Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), onde o país ocupou em 2009 a 53ª
posição entre 65 países participantes, segundo o Ministério da Educação. O PISA
ocorre a cada três anos e tem como objetivo medir se os alunos de 15 anos possuem
conhecimentos para inserção participativa na sociedade. Visa a melhoria das políticas
públicas e resultados na educação e ocorre desde 2000.
Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT),
com a colaboração da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (Unesco) em 2010, o interesse e a percepção do brasileiro pela ciência
cresceu significativamente nos últimos anos.(BRASIL,2011). Por que esse interesse
não se reflete em exames feitos com estudantes da área?
A inclusão efetiva da História das Ciências no Ensino Fundamental I busca
possibilitar uma influência positiva ao desafio de ensinar ciências conferindo
significado aos conteúdos trabalhados na área e os contextualizar já nas séries
iniciais.
Ensino de Ciências Naturais nas séries iniciais do Ensino Fundamental com
enfoque CTS
Analisando brevemente o ensino de Ciências Naturais, no Brasil, percebemos
que o mesmo tem sido ministrado de acordo com diferentes propostas educacionais.
Ainda hoje, são baseadas na mera transmissão de informações, tendo como recurso
exclusivo o livro didático e sua transcrição na lousa; outras já incorporam avanços,
produzidos nas últimas décadas, sobre o processo de ensino e aprendizagem em
geral e sobre o ensino de Ciências em particular. (BRASIL, 2001).
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais, que
orienta a educação brasileira, é inconcebível a formação de um cidadão crítico sem o
conhecimento científico, pois, esse se faz fortemente presente em nosso cotidiano.
Observamos as seguintes orientações:
Mostrar a Ciência como um conhecimento que colabora para a compreensão do mundo e suas
transformações, para reconhecer o homem como parte do universo e como indivíduo, é a meta
que se propõe para o ensino da área na escola fundamental. A apropriação de seus conceitos e
procedimentos pode contribuir para o questionamento do que se vê e ouve, para a ampliação das
explicações acerca dos fenômenos da natureza, para a compreensão e valoração dos modos de
intervir na natureza e de utilizar seus recursos, para a compreensão dos recursos tecnológicos que
realizam essas mediações, para a reflexão sobre questões éticas implícitas nas relações entre
Ciência, Sociedade e Tecnologia. (BRASIL, 2001).
O objetivo do Ensino de Ciências no ensino fundamental, segundo o PCN, é
mostrar o conhecimento científico como auxílio na compreensão do mundo e suas
transformações, fazendo o indivíduo se considerar como parte integrante do mundo.
Os conteúdos de Ciências Naturais no Ensino Fundamental são apresentados
em blocos temáticos, conforme o PCN. São quatro blocos temáticos: Ambiente; Ser
humano e saúde; Recursos tecnológicos; e Terra e Universo. Nos blocos serão
valorizados conceitos, procedimentos e atitudes centrais para entendimento do tema
em questão. Pois, em Ciências Naturais, as atitudes estão diretamente ligadas ao
desenvolvimento de posturas e valores humanos, na relação entre homem, o
conhecimento e o ambiente.
Observemos o que traz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
9394/1996): Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando,
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania (...)
(BRASIL, 2010).
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Conforme o documento PCN, o ensino de ciências será favorecido se obtemos
o enfoque CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade), pois, auxiliará na reflexão sobre as
questões éticas subentendidas no dia-a-dia do aluno. No ensino de Ciências Naturais
deverá ocorrer a construção ampla da área, para auxílio da aprendizagem significativa,
transformando o conhecimento já existente no aluno. Formando uma concepção sobre
Ciências, suas relações com a Tecnologia e com a Sociedade. Tecnologia que aparece
como meio para suprir as necessidades humanas. O mesmo documento, logo em sua
apresentação, apresenta objetivos claros sobre o ensino quando esclarece que o
aluno deve perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente,
identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para
a melhoria do meio ambiente; questionar a realidade formulando-se problemas e
tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a
intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando
sua adequação. (BRASIL, 2001).
Devemos levar em consideração, ainda, o nível de desenvolvimento intelectual
e emocional, assim como a formação escolar do educando. O aluno já traz para o
ambiente escolar um conjunto de representações intuitivas sobre a natureza e seus
fenômenos, a tecnologia e da sociedade, obtidos no seu cotidiano.
De acordo com Moreira (1997), para que ocorra a aprendizagem significativa
deve haver o crescimento e modificação do conceito subsunçor. A aprendizagem
significativa ocorre quando a nova informação apoia-se em conceitos importantes
(subsunçores) que já existem no cognitivo, ou seja, o conhecimento prévio do aluno.
Ausubel (1918-2008), define estruturas cognitivas como estruturas hierarquicas de
conceitos que são exposições das experiências do indivíduo. A partir de que já foi
incorporado pelo aluno, o conhecimento pode ser construído e atrelado com novos
conceitos facilitando a compreensão das novas ideias, o que dará um significado real
ao conhecimento adquirido.
Aprendizagem significativa é o processo através do qual uma nova informação (um novo
conhecimento) se relaciona de maneira não arbitrária e substantiva (não-literal) à estrutura
cognitiva do aprendiz. É no curso da aprendizagem significativa que o significado lógico do
material de aprendizagem se transforma em significado psicológico para o sujeito. Para Ausubel
(1963, p. 58), a aprendizagem significativa é o mecanismo humano, porexcelência, para adquirir e
armazenar a vasta quantidade de idéias e informações representadas em qualquer campo de
conhecimento. (MOREIRA, 1997)
Todos os campos do conhecimento científico- Astronomia, Biologia, Física,
Geociências e Química, podem cooperar para a tomada, no dia-a-dia, de decisões
conscientes relacionadas às questões próprias da natureza, como fazer uso dos seus
recursos e entender os recursos tecnológicos como mediadores nesse processo.
Portanto, levar o aluno a criar condições de contestar e avaliar diferentes explicações
favorece o desenvolvimento de postura investigadora, questionadora, reflexiva e
crítica, para com as idéias e informações que lhe são apresentadas. Ou seja, o
desenvolvimento de uma postura reflexiva crítica levando assim a uma educação
cidadã. O PCN de Ciências Naturais deixa explícito que o educando não será um
cidadão e sim o é hoje e conhecer a ciência é aumentar a sua participação na
sociedade. Contudo, devemos ultrapassar o já defasado ensino de ciências tradicional
e avançarmos para contribuirmos com os questionamentos e as reflexões dos alunos
sobre o conhecimento científico que compreender a natureza da ciência na
perspectiva CTS, demanda, segundo Santos (2002): A inclusão no currículo de alguns
aspectos do conteúdo da ciência que tenham a ver com a sua aplicabilidade, com
conhecimentos prévios, com compromissos ideológicos e com a distinção entre
conhecimentos e crenças. Uma seleção de conteúdos que contemple aspectos da
ciência nas práticas, em assuntos cívicos, e na qualidade de vida.
De acordo com Santos (2005), uma educação cidadã implica em fazer uma
revisão dos currículos, esses com a finalidade levar o aluno a armazenar uma enorme
quantidade de conhecimentos, propostas curriculares não devem servir para esse
propósito, mas sim continuar a aprender. Compreender as mudanças do mundo,
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evitando os tradicionais afastamentos, típicas do positivismo, entre racionalidaderazoabilidade e razão-emoção. A autora disserta ainda que, reflexões centradas na
educação CTS e na cidadania são essenciais para aumentar o potencial dos currículos
de ciências em rumo a uma educação cidadã. Com conteúdos significativos e a
práticas pedagógicas que, reposicionem o ser através do saber. Tratando-se assim, de
acreditar na construção do saber e do cidadão, contribuindo para a instituição de
identidades pessoais e sociais.
As crianças que ingressam no ensino fundamental no primeiro ciclo trazem sua
curiosidade natural e também seu conhecimento próprio de mundo, adquirido no
ambiente familiar, na cultura regional, mídia e através da cultura de massa. Na escola
o aluno deve encontrar condições para que esse conhecimento seja ampliado,
transformado e sistematizado, com auxílio do professor. Com isso, o aluno aproximase das noções de ambiente, corpo humano e das transformações de materiais do
ambiente, por meio de técnicas criadas pela humanidade no mundo de hoje e ao longo
de sua história. Deve-se considerar que o dia-a-dia da criança, ou seja, suas imagens
mentais são cheios de fantasia e que ela dá vida e vontade aos objetos e as coisas do
mundo. Somente com o amadurecimento o aluno exibi um modo mais racional de
explicar a realidade. (BRASIL, 2001).
O objetivo desta pesquisa é investigar como trazer para a sala de aula do
Ensino Fundamental, um ensino de ciências significativo, que leve a reflexão dos
alunos para seu papel de cidadão crítico na sociedade. A tendência CTS privilegia o
ensino ao tratar das inter-relações entre explicação científica, planejamento
tecnológico, tomada de decisões e resoluções de problemas presentes no cotidiano.
Acreditamos que através da abordagem teórica CTS e da implementação de questões
oriundas da História das Ciências à aprendizagem do conteúdo científico nos primeiros
anos do ensino fundamental poderemos promover um ensino significativo, buscando
formar alunos uma visão crítica sobre a ciência, a tecnologia e a sociedade,
demonstrando que o pensar científico não é uma verdade absoluta e sim mutável e
instável, dependente de contextos culturais, políticos e éticos da sociedade e do
momento histórico vivenciado. Neste sentido, buscaremos através da reflexão crítica
sobre a ciência, a tecnologia, a sociedade e o ensino, promover a cidadania e o
pensamento crítico.
História das Ciências no ensino de ciências
Segundo o PCN durante os primeiros anos do ensino fundamental a
aproximação com o conhecimento científico se faz progressivamente, na medida em
que o aluno ressignifica imagens, fatos e noções. Ele ressignifica o mundo e constrói
explicações orientadas pelo conhecimento científico. O aluno é autônomo e convidado
a construir seu conhecimento.
O ensino de ciências passou a ser fragmentado e focado em certo fenômeno
da natureza ou técnica se afastando cada vez mais da realidade. A
interdisciplinaridade tratada na HC promoverá mudanças conceituais, propõe uma
nova atitude diante do conhecimento, uma mudança de atitude em busca da
construção do conhecimento, ou seja, em busca da construção do ser como pessoa
integral. A interdisciplinaridade surge como uma das respostas à necessidade de uma
reconciliação epistemológica, processo necessário devido à fragmentação dos
conhecimentos ocorrido com a revolução industrial e a necessidade de mão de obra
especializada. Fazenda (2006) nos traz ainda que seja fundamental que o projeto seja
contextualizado de forma a garantir o sucesso da aprendizagem. As práticas
pedagógicas em sala aula devem ultrapassar uma visão fragmentada e
descontextualizada do ensino, tornando as aprendizagens significativas. Essa tarefa,
porém, não nos parece tão fácil, pois, viemos de uma cultura escolar altamente
disciplinar e fortemente difundida.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais, a História
das Ciências deve ter espaço no ensino de ciências, pois, proporcionam uma visão
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contextualizada nas relações do ser humano com a natureza. O PCN defende ainda
que, haja a iniciação, no âmbito histórico, na forma de história dos ambientes e das
invenções, nas séries iniciais. O mesmo referencial também oferece aos professores
alguns subsídios para a compreensão das dimensões do fazer científico,
demonstrando o caráter não neutro dessa atividade e sua ligação de reciprocidade
com o fazer tecnológico. Neste sentido buscaremos refletir sobre essas inquietações
em relação ao ensino de ciências, tomando como importante referencial importância
da História das Ciências, por acreditar que suas discussões podem contribuir para a
construção de uma visão da ciência como produção humana e, assim, não neutra, e
contextualizadora dos conteúdos científicos. Para que a aprendizagem seja de fato
significativa e formemos alunos com visão crítica sobre a ciência, a tecnologia e a
sociedade, demonstrando que o pensar científico não é uma verdade absoluta e sim
mutável e instável, dependente de contextos culturais, políticos e éticos da sociedade
e do momento histórico vivenciado.
Para entender a história da ciência num olhar sob e foco CTS, precisamos
retirar a visão de que alguns cientistas foram os sábios geniais isolados dos contextos
sócio-culturais e da comunidade científica.
Combatendo ainda, as imagens
falsamente transparentes, lineares e anedóticas da história da ciência. Proporcionando
mais do que um visão sobre o mesmo tema. Mostrar a importância de algumas
tecnologias que servem ou serviam, ao longo da história, a uma comunidade
específica. Introduzindo, assim, os alunos numa cultura científica humanizada.
(SANTOS, 2002).
Com a inclusão efetiva da história das ciências, podemos rever ainda, o leque
de conteúdos trabalhados em ciências nas séries iniciais, que se demonstram
repletos, porém sem uso real na efetiva ação cidadã.
Para Trindade (2008), o questionamento é como fazer, então, as conexões
entre os diferentes conhecimentos por meio da História da Ciência? A abordagem
sistêmica poderá organizar os conhecimentos e levar a compreensão não apenas pela
análise, mas ainda pela síntese. A História da Ciência pode conseguir essa síntese,
por demonstrar a Ciência como uma forma de compreender o mundo e não como
verdade absoluta, com uma visão que dependerá do tempo e grupo social, algo
sempre em transformação que procura respostas para as necessidades de sua época.
Já há algum tempo outros países utilizam a história das ciências no ensino de
ciência, até mesmo na tentativa de aproximação entre as duas áreas. De acordo com
Bizzo (1992), a tendência de olhar o passado na espera de compreensão do futuro,
deve ser vista cuidadosamente, para que não demonstremos a história como uma
sequência linear dos fatos.
A História da Ciência permite uma construção e uma compreensão dinâmica da
nossa existência, da convivência harmônica com o mundo da informação e do
entendimento histórico da vida científica, social, do universo, ou seja, é um
aprendizado com aspectos práticos e críticos de uma participação na cultura científica,
atividade puramentehumana. (TRINDADE, 2011).
A História das Ciências pode conferir significado ao aprendizado de Ciências. E
ainda levar a compreensão da estrutura da ciência, humanizá-la e aproximá-la do
aluno, desenvolvendo seu conhecimento sobre como o pensamento científico mudou
através do tempo: contagiados por contextos sociais, morais, espirituais e culturais.
Possivelmente a História das Ciências, promove uma melhor compreensão dos
conceitos científicos por demonstrar seu desenvolvimento e aperfeiçoamento.
Promove o entendimento do que existe atualmente, porém, nos apresenta novas
possibilidades. (MATTHEWS, 1992).
Metodologia
Para investigar como a História das Ciências pode fomentar a compreensão da
estrutura das Ciências Naturais nos primeiros anos do Ensino Fundamental, dando
ênfase ao enfoque CTS, fizemosuso de: análise de documentos oficiais na área do
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ensino de Ciências, revisão bibliográfica sobre o tema, pesquisas qualitativas, na
forma de questionários, com vinte e cinco professores polivalentes que ministram
aulas na educação básica municipal de São Bernardo do Campo - SP nas séries
iniciais. Afim de, analisar a prática dos mesmos em relação ao uso de História das
Ciências no ensino de Ciências. Com as informações recolhidas nos questionários
poderemos responder algumas questões, já citadas anteriormente: Como é abordada
a História das Ciências nos primeiros anos de escolarização? Apenas como
ilustração? Curiosidade? É trabalhada com os alunos do primeiro ciclo, a reflexão
sobre o aparecimento dessa atividade do ser humano? Auxilia na Capacitação do
aluno para uma melhor atuação na sociedade, com uma postura de cidadão crítico?
Faremos, ainda, uma reflexão do resultado dos questionários a partir dos referenciais
teóricos utilizados nesta pesquisa.
Conclusões finais
Essa pesquisa está em processo de finalização. O que foi dissertado até o
presente momento são estudos feitos a partir de revisões bibliográficas. Contudo,
observamos facilmente que a História da Ciência, no ensino de ciências, tem sido
usada, nos livros didáticos, como uma historiografia de fatos curiosos, ilusórios e
simplistas quanto aos conceitos científicos.
Com a história das ciências, incluída no ensino fundamental, poderá ser
concedida uma contextualização da Ciência nos dias atuais, demonstrando que as
relações na Ciência são multi e interdisciplinar. Uma vez que a aprendizagem
significativa, o conteúdo previamente apreendido pelo aluno representa um importante
influenciador no processo de aprendizagem. Esse conhecimento da História das
Ciências resultará num "ponto de ancoragem" onde as novas informações irão
encontrar um modo de se integrar a aquilo que o indivíduo já conhece. Esse processo
de associação de informações denominada Aprendizagem Significativa, poderá
resultar numa melhor compreensão das Ciências. Também proporcionará aos alunos a
reflexão sobre a construção histórica das ciências e a discussão sobre as diversas
abordagens históricas no ensino de Ciências.
A educação cidadã que ansiamos, procura despertar no aluno sua criticidade
na sociedade, sociedade essa permeada por questões científicas e tecnológicas,
pessoas capazes de mudar sua história, dependendo de sua consciência e força de
vontade para fazer valer sua importância no contexto social, sendo a escola e o
professor os principais mediadores dessa construção da consciência crítica que se
almeja. Superando um ensino descontextualizado e baseado no acúmulo de
informações. Fazendo uma análise acerca de onde e como aquele conhecimento
científico apresentado em sala de aula está presente nas vidas dos sujeitos e, sempre
que possível, as implicações destes conhecimentos na sociedade. Buscando assim
dar significado ao conhecimento escolar, incentivar o raciocínio e a capacidade de
aprender a aprender.
Cremos ainda, que a HC não deve ser vista como uma nova panacéia dentro
do ensino de ciências com enfoque CTS e sim uma possibilidade num ambiente
interdisciplinar. Tendo em vista, portanto, uma revisão nos currículos de ciências
brasileiros.
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