UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE COLEGIADO DE PEDAGOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS EM EDUCAÇÃO/ CAMPUS DE CASCAVEL CO-PROMOÇÃO: FACULTAD DE PERIODISMO Y COMUNICACIÓN SOCIAL DE LA UNIVERSIDAD NACIONAL DE LA PLATA – ARGENTINA Caderno de Resumos I Congresso Internacional de Estudos do Rock 25 a 27 de Setembro de 2013 Cascavel – Paraná BRASIL I Congresso Internacional de Estudos do Rock Organização Colegiado de Pedagogia e Mestrado em Educação/ Campus de Cascavel Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Co-Promoção Facultad de Periodismo y Comunicación Social Universidad Nacional de La Plata – Argentina Apoio: Colegiado de Pedagogia/ Campus de Francisco Beltrão Colegiado de Letras/ Campus de Cascavel Programa de Pós-Graduação em Letras/Campus de Cascavel Programa de Pós-Graduação em História/ Campus de Rondon Coordenação Geral Alexandre Felipe Fiuza Comissão Organizadora Alessandra Santi Ana Karine Braggio Andrea Cristina Martelli Antonio Marcio Ataide Célio Roberto Eyng Cristini Colleoni Deonir Kurek Geni Rosa Duarte Giovani Pinheiro Lourdes Kaminski Alves Ludmilla Kujat Witzel Marcia da Silva Magalhães Mateus Mioto dos Santos Sergio Pujol Silvana Schmitt Silvana Vaillões Comitê Científico Adalberto Paranhos (UFU) Álvaro Luiz Hattner (UNESP/ São José do Rio Preto) Emmanuel Nicolás Kahan (UNLP – Argentina) Ernesto Bohoslavsky (UNGS – Argentina) Esteban Rodríguez (UNLP – Argentina) Carlos Vallina (UNLP – Argentina) Ivan Marcelo Gomes (UFES) José Adriano Fenerick (UNESP/ Franca) Luiz Antonio Mousinho (UFPB) Luis Augusto Schmidt Totti (UNESP/ São José do Rio Preto) Ravel Giordano de Lima Faria Paz (UEG) Sergio Pujol (UNLP-Argentina) Silvio Demetrio (UEL) Teresa Cascudo (Universidad de la Rioja – Espanha) Xavier Valiño (Universidad de Santiago de Compostela – Espanha) Palestrantes: João Ricardo (Músico, líder e criador do Secos & Molhados – São Paulo, SP) Rodrigo Merheb (Pesquisador, jornalista e autor do livro "O Som da Revolução") Prof. Dr. Sérgio Pujol (Universidad Nacional de La Plata - Argentina) Prof. Dr. Pablo González (Diretor do Instituto de Música da Universidade Alberto Hurtado, de Santiago - Chile) Prof. ª Ms. Tânia Teixeira Pinto (FECAP/ SP – São Paulo, SP) Prof. Dr. Guilherme Bryan (Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, FEBASP, São Paulo, SP) Prof. Ms. Arthur Dapieve (Professor da PUC- RJ e colunista do jornal O Globo – Rio de Janeiro) Prof. Dr. Silvio Demétrio (UEL – Londrina, PR) Prof.ª Dr.ª Geni Rosa Duarte (UNIOESTE) Músicos participantes Banda oficial do Congresso Cristini Colleoni Kristopher Venzke Nogueira Péricles Ariza Luciano Dallastra Giovani Pinheiro Murilo Cezar Bredt Caroline de Fátima Gomes Bredt Valter Mazzo Nilo do Canto Everton Rodrigo Godoi (Cebola) Luiz Haab Sil Vaillões Banda Fulminantes: Bateria: Heron Sales Guitarra: Diego Brum Baixo: Beto Pinheiro Guitarra/Voz: Victor Sales Banda Vinil Voador Voz: Cibele Pereira Guitarra: Alysson Borges Baixo: Andre Chrun Teclado: Lalau Bateria: Thiago Fábrica Elétrica Guitarra e vocal: José Luis da C. Silva (Zé Luis) Guitarra: Bruno Soares Contrabaixo: Iago Moreira Bateria: Gabriel Sanches Silva Músicos dos Acústicos: Luiz Henrique de Lara Heron T. Sales Ecos da Tribo Guitarra e Voz: Ricardo Bulgarelli Teclados: Luciano Veronese Baixo: Andre Chrun Bateria: Everton Rodrigo Godoi (Cebola) Serginho Ribeiro (participação especial nos vocais) Beto Eyng e Seus Capangas Teclados e Voz: Célio Roberto Eyng Bateria: Jorge Backes Baixo: Dirlei César Galvão Guitarra: Edegar José Cappellari Junior Violão, Sax e Arranjo: Cilas Pereira da Rocha Ministrantes de Workshops: Baixo, Guitarra, música e mercado (com os músicos da banda Hangar) Ministrantes: Eduardo Martinez Luís Fernando Gomes de Melo O videoclipe e o rock Ministrante: Fernanda Carolina Duarte Artista Plástico – Exposição Músicas Ilustradas Rafael Hoffmann Arte do material gráfico e do cenário do Congresso: Ana Karine Braggio OBS: A Comissão Organizadora não responde pelos erros que por ventura existam nos resumos, nem se responsabiliza pelo conteúdo dos mesmos. Toda e qualquer responsabilidade legal recai sobre os autores, inclusive no que tange ao direito autoral. Ficha catalográfica Elaborada pela Bibliotecária: Jeanine Barros CRB-9/1362 C759 Congresso Internacional de Estudos do Rock, 1.: 2013: Cascavel, PR. I Congresso Internacional de Estudos do Rock: caderno de resumos, Cascavel, 25 a 27 de setembro de 2013 / Coordenação: Alexandre Fiuza, Antonio Marcio Ataide e Silvana Vaillões. — Cascavel, PR: UNIOESTE, 2013. Promoção: Colegiado de Pedagogia, Programa De PósGraduação Em Letras Em Educação/ Campus De Cascavel. Co-Promoção: Facultad De Periodismo Y Comunicación Social De La Universidad Nacional De La Plata – Argentina 1. Rock - Congressos. I. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. II. Título. CDD 21.ed. 785.43 I Congresso Internacional de Estudos do Rock SUMÁRIO APRESENTAÇÃO...............................................................................................................7 SIMPÓSIO TEMÁTICO HISTÓRIAS DO ROCK...................................................................8 SIMPÓSIO TEMÁTICO POÉTICAS DO ROCK..................................................................31 SIMPÓSIO TEMÁTICO ROCK E CINEMA........................................................................48 SIMPÓSIO TEMÁTICO ROCK E COMPORTAMENTO.....................................................55 SIMPÓSIO TEMÁTICO ROCK E CONTRACULTURA........................................................78 SIMPÓSIO TEMÁTICO ROCK E EDUCAÇÃO...................................................................94 SIMPÓSIO TEMÁTICO ROCK E OUTRAS ARTES..........................................................111 Apresentação A importância do rock na formação cultural e política das mais variadas camadas sociais e dos mais diversos povos não vem sendo considerada por eventos acadêmicos. Afinal, trata-se de um profícuo campo de análise para as ciências humanas e sociais, como bem expressam os inúmeros estudos realizados nas áreas da História, Artes, Música, Letras, Sociologia, Antropologia, Educação, entre outras. Alguns congressos, por sua vez, vêm dedicando alguns de seus simpósios temáticos a esse assunto, mas entendemos a importância de construir um espaço em que o rock seja o tema central de um encontro acadêmico e científico. A escolha do rock como tema para um congresso no Brasil advém, dentre outros motivos, da observância da bela iniciativa de pesquisadores portugueses quando da realização do Congresso Poéticas do Rock em Portugal: Perspectivas críticas de uma literatura menor, realizado na Universidade de Lisboa e organizado pelo Centro de Estudos de Teatro da mesma instituição, entre 06 e 08 de abril de 2009. Motiva-nos ainda o amplo quadro de possibilidades de divulgação de pesquisas nem sempre reunidas e discutidas em fóruns comuns. O rock não se resume a um gênero musical, uma vez que passou por uma série de mutações internas, trata-se de um fenômeno que vem influenciando o comportamento social, as criações literárias e estéticas, a moda, o mercado, o comportamento, a formação de grupos culturais, entre outros campos. Portanto, embora a indiscutida relevância do gênero musical, o fenômeno rock ampliou sobremaneira sua área de influência, traduzindo-se num campo fértil de investigação para as diferentes áreas do conhecimento. Não bastasse sua relevância acadêmica, este evento também se destaca pela proposta de divulgação cultural, pois entende que a Universidade deve estimular as manifestações artísticas, sem perder do horizonte, contudo, as amplas possibilidades de investigação acadêmica inerentes ao fenômeno. O evento conta com sessões de apresentação de comunicações orais e orais-musicais (permitindo que os pesquisadores possam apresentar canções intercalando com uma exposição oral), bem como conta com espetáculos musicais, palestras e palestrasmusicais, o que inclusive é facilitado pela presença de uma banda de apoio do evento, com a participação de músicos de referência do Oeste do Paraná. Nesta primeira edição do Congresso escolhemos como músico homenageado João Ricardo, líder e criador da banda Secos & Molhados, cujo primeiro disco completa em 2013 quarenta anos de seu lançamento. O disco Secos & Molhados tornou-se um dos maiores clássicos da música brasileira e referência obrigatória para músicos e ouvintes. O Congresso reúne renomados pesquisadores da Argentina, Chile e Brasil, bem como mesas redondas, workshops e sessões de conversa com músicos brasileiros que participaram do “rock nacional”. Por sua vez, os simpósios temáticos denotam a rica diversidade de temáticas, demonstrando a relevância social, cultural e acadêmica dos trabalhos aqui reunidos, e refletindo a riqueza deste gênero musical e suas múltiplas interfaces. Alexandre Fiuza Antonio Marcio Ataide Silvana Vaillões (Organizadores do Caderno) Simpósio temático Histórias do Rock Trabalhos que abordam o processo de criação de letras, gêneses de discos, a formação de grupos, eventos importantes na trajetória artística dos protagonistas desse gênero musical, as mesclagens do gênero com outras tendências musicais. ROCK CON HUELLAS ARGENTINAS: PROCESO DE GLOCALIZACIÓN EN LA PRIMERA ETA PA DEL “ROCK NACIONAL”. Julio Ogas (Universidad de Oviedo) RESUMO: La dualidad entre producto nacional e internacional ha estado presente en el rock hecho en Argentina desde sus comienzos. Esta condición no escapa al modelo cultural basado en la oposición nacional universal que, con toda su carga ideológica y estética, marcó buena parte de la producción musical del país. Sin embargo, si tenemos en cuenta que el rock, a la vez que expresión artística, es un producto de la industria discográfica y de comunicación globalizada, podemos enfocar su adaptación a la cultura y al mercado argentino a partir del concepto de glocalización. Término que, tal como lo propone Roland Robertson, nos permite comprender más acabadamente la complementación e interpenetración que se da entre las tendencias, aparentemente opuestas, de homogeneización y la heterogeneización presentes en la cultura y el mercado argentino de las décadas de los sesenta y setenta. Décadas que constituyen, a nuestro entender, la primera etapa de la glocalización del rock en Argentina. El estudio desde esta perspectiva lo abordamos individualizando los diferentes componentes que hacen a la poética del rock y su modelación dentro de la cultura argentina. Así diferenciamos entre: a) adaptación idiomática, dentro de ella nos centramos en la referencia verbal a paisajes cercanos y, en la utilización del castellano y los modismos locales; b) el grano en la voz, asociado a elementos que ciertas voces del rock argentino aportan a la relación con la tradición musical local; y c) los iconos sonoros e índices estilísticos que tejen lazos con géneros musicales precedentes. Para abordar la producción de algunos de los grupos más destacados del rock argentino tomamos como referencia las teorías sobre globalización que nos ofrecen autores como Featherstone, Lash o Robertson, entre otros, y los principios del análisis semiótica musical propuesto en nuestros trabajos anteriores. PALAVRAS-CHAVE: Rock argentino; Semiótica musical; Glocalización e música. QUEM TEM UM SONHO NÃO DANÇA – CAZUZA E O IMAGINÁRIO DA AIDS NOS ANOS DE 1980 Lucas Cardoso dos Santos RESUMO: A finalidade do presente trabalho é discutir as relações cotidianas através da obra de um poeta e músico renomado dos anos de 1980, Agenor de Miranda Araújo Neto, ou Cazuza, como ficou comumente conhecido. O estudo se fez baseado nos sentimentos presentes nas letras de músicas, entrevistas e cartas redigidas à imprensa. A partir disto, recorre-se a noção de subjetividade como perspectiva teórica que busca auxiliar a interpretação das fontes. Partindo do pressuposto de que, o ser humano em quanto ser pensante é provido de emoções, sentimentos, ideias, afinidades, gostos, etc., busco aqui apresentar significativos aspectos de subjetivação cotidiana. Como veremos, apesar de inserido em um conjunto de regras morais, existem as possibilidades de luta e resistência ao que está instituído. A abordagem do lado “escuro” da vida é uma característica marcante de suas composições, contudo, destaco aqui o fato de ter ele evidenciado nelas sua experiência com o Vírus HIV. No início dos anos de 1980, o imaginário coletivo atribuía essa doença aos grupos marginais ou pessoas que detinham condutas reprováveis fazendo assim com que muitos contaminados escondessem a doença. Somamos a isso o fato de ser a doença nesse contexto histórico desconhecida, incurável, não ter tratamento médico e aquele que era diagnosticado como positivo detinha um curto período de vida. Evidencio aqui que, Cazuza, após sua experiência traumática (ter a ciência de que era portador do vírus HIV), suas angústias e lutas são transpassadas em suas composições. Neste sentido, é de suma importância compreender o que se entende por subjetividade, quem é o artista, que doença era essa e em que momento ele escreve sua obra. PALAVRAS-CHAVE: Cazuza; Aids; Subjetividade. A CANÇÃO INTERTEXTUAL: MÚSICA, CULTURA E CONTEXTO EM “PRIMAVERA NOS DENTES”. Marcos Vinícius Ferreira de Oliveira RESUMO: O presente artigo procura discutir e analisar a letra da canção “Primavera nos dentes”, do grupo musical Secos e Molhados, destacando a relação intertextual textocontexto. Para o trabalho, serão utilizados conceitos que aproximam a Teoria Semiótica dos Estudos Culturais. Originalmente um poema publicado na década de 1950, em Portugal, durante o regime salazarista, o artigo verifica como os versos de João Apolinário ganharam novos contornos significativos ao se transformarem em canção por seu filho João Ricardo, músico, compositor e integrante dos Secos e Molhados, que a incluiu no LP de estreia do grupo, em 1973, em plena ditadura militar no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Semiótica; Estudos Culturais; canção popular; ditaduras. QUEDA, ASCENSÃO, DOMINAÇÃO: CONSIDERAÇÕES DA CENA BLACK METAL EM CURITIBA NOS ANOS 1990 Marlon Citon (Universidade Federal do Paraná) RESUMO: Dentro da temática de simpósio Histórias do Rock, e da constituição do Heavy Metal nos anos 1980, este trabalho tem como proposta analisar o desenvolvimento da cena Black Metal na cidade de Curitiba nos anos de 1990, em especial através de duas bandas fundadoras da cena, Amen Corner (Fall, Ascension, Domination, The Final Celebration, Jachol Ve Tehilá) e Murder Rape (In Liaison with Satan, Celebration of Supreme Evil e ...and Evil Returns). Trata-se de um movimento artístico/cultural específico formado da chamada Música Extrema e suas vertentes, que desenvolveu similaridades e especificidades dentro de um contexto de popularização do estilo ao redor do globo nos anos 1990. Como parte de um trabalho histórico, buscamos analisar especificidades na formação da cena Black Metal em Curitiba pelo viés da produção artístico/cultural, por elementos que formatariam tais grupos dentro do contexto histórico quanto artístico/musical do gênero. As fontes utilizadas concernem a fotos, músicas e letras pertencentes a trabalhos lançados por tais bandas ao longo da década de 1990, buscando entender suas similaridades e especificidades dentro de sua respectiva conjuntura. Além da problematização do contexto, buscamos entender como o Black Metal se estabeleceu dentro do gênero musical do Rock, como parte do Heavy Metal e seu desenvolvimento nos anos 1980, tendo diferenciações como formadoras de uma identidade singular, principalmente ao que concerne as temáticas musicais, estruturas, comportamento social/individual e estética relacionados ao gênero musical. Assim, esse trabalho possui o intuito de problematizar várias fontes e sua constituição frente a vários elementos de influências diferentes, na formação de uma identidade específica, singular da cena curitibana dentro de uma conjuntura maior, global. PALAVRAS-CHAVE: Black Metal, Curitiba, Anos 1990. IDENTIDADES TRANSNACIONALES LATINO-AMERICANAS: LA APROPIACIÓN DEL ROCK EN ARGENTINA Y COLOMBIA 1968 - 1973 Hernando Cepeda Sánchez (Universidade Federal do Rio de Janeiro) RESUMO: Entre 1968 y 1973, los artistas de música juvenil en Argentina y Colombia, transformaron la música rock en un género local. Después de una primera experiencia en la que los jóvenes latinoamericanos crearon vínculos identitarios con los productos culturales anglo estadunidenses, ellos desarrollaron un género musical que vinculó la métrica y el ritmo de la música rock, con compases e instrumentaciones de carácter regional y nacional. El rock debe ser entendido como una mercancía de carácter transnacional, debido a los significativos desplazamientos que ejerció desde mediados del decenio del cincuenta. Los artistas juveniles en Bogotá y Buenos Aires valoraron ese carácter transnacional, para apropiarse del género y concebir sobre él imaginarios nacionalistas. En esta ponencia se observará cómo los artistas locales optimizaron sus inversiones culturales al punto de redefinir el discurso sobre la nación. Argentina y Colombia atravesaron por dos historias distintas, solo unidas por la apropiación de la música juvenil. En Bogotá los artistas exploraron la música de los Andes, del Caribe y del Pacífico. En Argentina se evidenció con mayor claridad el proceso de hibridación, porque apareció el tango como un género musical hegemónico que reunía los discursos de nación. A comienzos del decenio del setenta los artistas juveniles, tanto en Argentina como en Colombia, asumieron la responsabilidad de concebir la nación, la cual surgió como el resultado de la apropiación de los bienes culturales internacionales, mediados por los intereses colectivos de la juventud local. El rock, asumido como una mercancía cultural, pasó por un proceso de imitación y apropiación, determinado por los intereses nacionalistas. PALAVRAS-CHAVE: Rock; Argentina; Colômbia. A CATARSE HISTÓRICA DE UMA GERAÇÃO ENGASGADA: JUVENTUDE URBANA E O ROCK BRASILEIRO DOS ANOS 1980 Aline Rochedo (Universidade Federal Fluminense) RESUMO: Nos anos 1980 as mudanças que haviam ocorrido na sociedade brasileira afetaram as formas de participação e definiram uma nova maneira de expressão. O rock significou a linguagem mais direta que resgatou a poesia de rua e a liberdade de expressão, traduzindo o jeito de falar e pensar de uma época. Apesar de não estar diretamente ligado ao protesto, o rock neste processo, também ecoou como voz de quem reivindica democracia. Tendo em comum o fato de terem nascido e crescido durante o governo ditatorial e participado da abertura política, a juventude diretamente afetada pelos “anos de chumbo”, é caracterizada por um comportamento irreverente e rebelde, se diferenciando das anteriores. Os protagonistas/precursores do Rock construíram caminhos de transformação na esfera cultural do país e representam uma parcela da juventude do período. Tais jovens não chegaram a enfrentar o regime diretamente, mas sofreram os impactos provocados por ele. Esta proposta é um desdobramento da pesquisa realizada durante o Mestrado em História Social, na Universidade Federal Fluminense, intitulado “Os filhos da Revolução” a juventude urbana e o rock brasileiro dos anos 1980. Na dissertação de mestrado analisei a trajetória do rock nacional a partir do momento em que este gênero é associado aos jovens, ocupando uma posição central na indústria fonográfica e na mídia nacional. As canções do rock tornaram-se expressões coletivas e instituíram representações sobre a sociedade brasileira em transformação. PALAVRAS-CHAVE: Rock; História; Juventude. CAMINHANDO EM RUAS SUJAS: O HEAVY METAL BRASILEIRO NOS ANOS 1980 Wlisses James de Farias Silva (Universidade Federal do Acre) RESUMO: O Heavy Metal surge como fenômeno cultural no final dos anos 1970 e inicio dos anos 1980 na Europa Ocidental (principalmente Inglaterra) e Estados Unidos logo se espalhando pelo mundo nos anos seguintes, alcançando todos os cinco continentes e tornando-se hoje uma verdadeira “tribo global”. A durabilidade desse gênero musical e sua aceitação entre os jovens é tamanha que é bastante comum em qualquer cidade ocidental mesmo pequena, nos deparar com grupos de jovens cabeludos trajando calças jeans e camisetas pretos com estampas divulgando o nome das mais diversas bandas dos mais diversos países. Esse poder de atração é salientado por Janotti: “É fascinante o enorme poder de sedução que o rock e em especial o Heavy Metal, vem exercendo sobre a juventude contemporânea. O Rock Pesado não é simplesmente um estilo musical, mas um espaço em que é possível vivenciar um sentimento diante do mundo contemporâneo”. A origem desse gênero musical remonta ao final dos anos 1960 no auge da efervescência cultural e da contestação juvenil em praticamente todo o mundo, principalmente na Europa, Estados Unidos e América Latina, aí incluso o Brasil, onde movidos por uma vontade de desafiar os mais diversos poderes em suas sociedades, jovens de várias partes do mundo foram às ruas promovendo grandes manifestações que sacudiram o planeta no período. O objetivo deste trabalho e, analisar historicamente como esse fenômeno chega ao Brasil e como aqui se estabelece com suas adaptações e contradições. PALAVRAS-CHAVE: Heavy Metal; Brasil; Fenômeno social. O ROCK’N’ROLL MANTRA DE GEORGE HARRISON Fábio Dobashi Furuzato (UEMS – Campo Grande) RESUMO: George Harold Harrison (1943-2001) completaria 70 anos de vida, em 24 de fevereiro deste ano. Conhecido como “o beatle quieto”, por ser menos desinibido que John Lennon e Paul McCartney – desde que o grupo, ainda iniciante, apresentava-se em bares de péssima reputação em Hamburgo (Alemanha), no início dos anos 60 –, George contribuiu imensamente para a história do rock. Além de ser o principal guitarrista de uma das bandas mais influentes de todos os tempos, se não a mais influente, compôs algumas dentre as melhores canções dos Beatles, tais como “Something” e “Here comes the Sun”. Em abril de 1965, sob efeito de LSD, o músico viveu uma experiência mística que marcaria sua vida e sua obra para sempre. No mesmo ano, ouviu o som da cítara e se tornou o pioneiro dentre os guitarristas de rock, ao tocá-la na gravação de “Norwegian Wood”. Em 1966, procurou Ravi Shankar, para que ele lhe ensinasse de fato a tocar o instrumento. Shankar tornou-se seu professor, mas também o aconselhou a conhecer a Índia, por considerar o conhecimento da realidade cultural de seu país necessário para o verdadeiro aprendizado da cítara. O interesse pela música hindu, juntamente com a busca espiritual de George, fizeram com que ele se tornasse um dos grandes divulgadores do hinduísmo no ocidente. O presente trabalho – baseado principalmente em A biografia espiritual de George Harrison: o místico entre os trabalhadores (2012), de Gary Tillery – busca homenagear o “beatle quieto”, destacando o aspecto espiritualista de sua contribuição para o rock. Através de um breve relato de sua trajetória e pela análise de algumas de suas canções, como “Art of dying”, “Isn’t it a pity”, “Maya love”, “Brainwashed”, queremos mostrar que é perfeitamente possível combinar uma mensagem mística com o que há de melhor no bom e velho rock’n’roll. PALAVRAS-CHAVE: George Harrison (1943-2001); hinduísmo; rock’n’roll. O ROCK NACIONAL E A TRANSIÇÃO POLÍTICA (1979-1985): O HUMOR NAS CANÇÕES DE LÉO JAIME, RAUL SEIXAS E LÍNGUA DE TRAPO. Mateus Mioto dos Santos (UNIOESTE) Alexandre Felipe Fiuza (UNIOESTE) RESUMO: Transições históricas de cunho político, social e econômico representam um terreno fértil para o estudo e apreensão da cultura e memória de um povo. No caso brasileiro, iremos nos deter em fins da década de 1970 até meados da década de 1980, período que se inicia com o governo de João Batista Figueiredo, que ensaiava a abertura política no país e a implementação paulatina de um indefinido governo civil. Em 1979, em meio à criação efetiva do Conselho Superior de Censura, a retomada do movimento estudantil e a aprovação da Anistia, o rock brasileiro igualmente atravessava uma transição do rock progressivo para uma influência do punk e, posteriormente, da estética new wave. Com a eleição direta para governador em 1982 e com a transição democrática em 1985, o rock nacional é alçado à portavoz de significativa parte da juventude. Naquele momento, a crítica musical e política qualificaria a produção musical do rock como um retrocesso, comparando-a aos ícones da MPB e de bandas do início da década de 1970. A pecha de alienada, perdida e nonsense foi recorrente em relação ao rock nacional. Apesar desta leitura, curiosamente já superada, o rock foi um termômetro das mudanças culturais e políticas por qual passava o país durante o início do período de redemocratização. Diferente da crítica política setentista, estes jovens do chamado rock nacional vão se valer de recursos como o humor, a ironia, o deboche, o escracho e a crítica virulenta, atacando os dogmas políticos e morais defendidos durantes duas décadas pelos ideólogos da ditadura. Por sua vez, esta produção musical foi influenciada por movimentos estrangeiros, como o new wave e o punk, mas construíram um perfil diferenciado se valendo da verve poética de alguns de seus músicos, bem como mantiveram o uso da metáfora uma vez que a Censura brasileira continuou sendo exercida até 1988, quando de sua extinção pela Constituição. Para tanto, este trabalho abordará algumas destas canções, compostas por Léo Jaime, Raul Seixas e Língua de Trapo, que se valeram de uma inconteste irreverência para destilar sua crítica ao regime que se findava e lançava novos olhares aos novos tempos que se desenhavam para esta juventude. PALAVRAS-CHAVE: Rock nacional; transição; humor. REPRESENTAÇÃO DO ROCK BAIANO NA MÍDIA IMPRESSA FEIRENSE E A ASCENSÃO DA AXÉ MUSIC COMO IDENTIDADE ÚNICA DE BAIANIDADE Adriana Matos de Almeida (USAL) Patrícia Matos de Almeida (Universidade Estadual de Feira de Santana) RESUMO: A década de 90 foi marcante para a ascensão da Axé Music como gênero musical e representação cultural de uma dita identidade baiana, a qual foi expressivamente fomentada pela mídia como um todo. Paralelamente a esse cenário, contudo, observava-se a movimentação de grupos identificados com a cultura Rock que se articulavam para contestar aquela visão monolítica da cultura baiana. Entretanto, o que se percebe é que ocorreu um silenciamento dessas articulações por parte da mídia, fazendo com que uma identidade única de baianidade fosse ratificada não só na Bahia como projetada em nível nacional. Esses conflitos se encontram pouco abordados por aqueles que se propõem a estudar questões culturais sobre a cidade de Feira de Santana, na Bahia, em um período mais recente. Observase que, entre os anos de 1995 e 2005 existiu uma movimentação em Feira de Santana de grupos que pensavam outras expressões culturais, bem como em espaços alternativos para aqueles que não se identificavam com o que era (im)posto, até então, como o “cartão postal da Bahia”, ou seja, a axé music. Desta forma, o presente trabalho pretende analisar os conflitos entre a representação do rock baiano na mídia impressa feirense e a ascensão da Axé Music ratificada, principalmente, pela mídia na Bahia, como identidade única de baianidade naquele momento, tomando por base os discursos e informações veiculadas nas principais mídias impressas feirenses do período, bem como os relatos articuladoras na cena rock de Feira de Santana. de pessoas que foram PALAVRAS-CHAVE: Rock; Axé Music; Identidade Baiana. “PARA NÃO FICAR SENTADO À BEIRA DO CAMINHO”: UMA ANÁLISE DO ÁLBUM “CARLOS, ERASMO...” (1971) Antônio Augusto Pereira da Silva Gizele Zanotto RESUMO: A primeira metade da década de 1970 foi uma época extremamente profícua para a música popular brasileira. Apesar de ter sido um dos momentos mais rígidos da ditadura militar, este período engloba alguns dos grandes clássicos conceituais do portfólio brasileiro de música, dentre eles, “Carlos, Erasmo...” (1971). O álbum consagrou uma ruptura na perspectiva musical do cantor e compositor Erasmo Carlos, reconhecido até então como intérprete da Jovem Guarda. Influenciado pela cultura hippie e pelo soul o disco surpreende e inova ao agregar uma gama de temas antes não explorados pelo artista. O álbum constitui-se de 13 faixas, as quais evidenciam um grande choque de gêneros, afastando-se da ingenuidade jovem-guardista “para não ficar sentado à beira do caminho” e partir para um plano musical mais ousado. A proposta deste trabalho consiste na análise das repercussões do álbum no período de seu lançamento pela atual Universal Music, estreando pela Philips, selo conhecido por seu catálogo de MPB, Samba e Bossa Nova, subsidiado a interpretações de críticos musicais para com o disco. Ainda, articula-se uma análise do período histórico que se insere a obra, articulada com estudos sobre a história da música brasileira durante o mesmo período. Contudo, referencia-se o estudo das letras musicais que compõem o álbum, as quais evidenciam a produção, difusão e recepção no campo cultural brasileiro. Para tanto, a proposta metodológica tem se pautado no estudo do discurso divulgado pelas composições, assim como na análise da obra do artista, seu ideário e intencionalidades. Nesse sentido, no caso específico da avaliação desta obra e seus elementos discursivos, faz se uso de instrumentais da Análise do Discurso. O álbum “Carlos, Erasmo...” representa uma ruptura musical e constitui-se num importante veículo para a compreensão da própria cultura brasileira em sua composição, articulação e rearticulação constantes, sobretudo ao apelar a elementos passíveis da compreensão significativa pelo público amplo de nosso país. PALAVRAS-CHAVE: Roberto Carlos; Erasmo; Disco. “WE SACANEATE WITH HEAVY METAL”: AS HIERARQUIEAS DO METAL NAS CANÇÕES DO GANGRENA GASOSA Rainer Gonçalves Sousa (Instituto Federal de Goiás de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás) RESUMO: Na região suburbana do Rio de Janeiro da década de 1990, um conjunto de bandas passaria a formular um cenário musical atuante nos mais diferentes gêneros do rock. Esses novos grupos tiveram como referência outros gêneros musicais como o hardcore, heavy metal, metalcore, ragga e crossover, não construindo – segundo a conhecida expressão cunhada por Caetano Veloso – uma “linha evolutiva” em relação às bandas de rock dos anos de 1980. Ao mesmo tempo, não alcançaram a projeção das grandes bandas que estrelaram o cenário do “rock nacional” noventista, com exceção do Planet Hemp. Entre tais conjuntos, o grupo Gangrena Gasosa aparece fundando um gênero musical para si mesmo, nomeado “saravá metal”. A junção de elementos visuais, musicais e temáticos da religião afro-brasileira com o heavy metal não aparece somente como uma ação criativa dos membros do Gangrena. Para eles, essa novidade servia como estratégia para que o público não percebesse o quanto “tocavam mal”. Contudo, percebemos que, em meio a esse tom de deboche, há uma série de canções que debatem temas significativos de ordem cotidiana. Entre tais, vemos um grupo específico de canções que se voltam para o próprio comentário do processo de expansão do metal em diversos subgêneros que poderiam ou não ser considerados, segundo os discursos dos membros banda e de suas canções gravadas, como próprios de uma contracultura efetivada em termos estéticos. De tal modo, analisaremos nessa apresentação um conjunto de canções que incorporam e reinterpretam a própria história do heavy metal, a exploração de elementos visuais pelos conjuntos musicais e a relação das bandas com a própria a indústria fonográfica de sua época. PALAVRAS-CHAVE: Gangrena Gasosa; heavy metal; cenário musical. UM ESTUDO SEMÂNTICO DAS LETRAS DO DISCO CABEÇA DINOSSAURO DA BANDA TITÃS Sílvia Horwat de Morais Caetano (UNIOESTE) RESUMO: Lançado em junho de 1986, o terceiro disco da banda Titãs foi incluído na lista dos 100 melhores discos brasileiros de todos os tempos. “Cabeça Dinossauro” que, quando lançado, foi praticamente barrado nas rádios e na TV por apresentar-se num tom agressivo, recebeu diversos prêmios e tornou-se um dos marcos do rock brasileiro. Seu sucesso foi tamanho que no final de 2012 foi relançado. Diversas bases da sociedade vieram à discussão na década de 80 atráves do disco Cabeça Dinossauro, fato este que se mostra evidente a começar pela escolha dos títulos de algumas canções: "Polícia" (Tony Belloto e Sérgio Britto), "Igreja" (Nando Reis), "Estado Violência" (Charles Gavin e Paulo Miklos), “Dívidas” (Arnaldo Antunes e Branco Mello) e “Homem Primata” (Ciro Pessoa, Marcelo Fromer, Nando Reis e Sérgio Britto). O disco trouxe um “Titãs” muito agressivo no âmbito da sonoridade. Letras contundentes e “inconformistas” mostraram uma banda que sofria influências da cultura punk e que não perdoava as instituições sociais mais importantes, como o Estado, a Igreja, a família e a polícia. O objetivo de nosso trabalho é tecer algumas considerações acerca da contextualização histórica do disco supramencionado, mas o que se pretende, acima de tudo, é analisar semanticamente as letras de suas músicas. O intuito é entender como e em que medida a análise do discurso nos auxilia a interpretar por exemplo “Homem Primata” que apresenta críticas acerca do Estado Capitalista e “Dívidas” que faz alusão aos abusivos impostos pagos pela população. PALAVRAS-CHAVE: Rock; Titãs, Cabeça Dinossauro; análise semântica. UMA RELAÇÃO MUITO POUCO HARMÔNICA: O ROCK BRASILEIRO E A CRÍTICA MUSICAL NA REVISTA SOMTRÊS Cassiano Scherner (PUCRS) RESUMO: A crítica musical e sua abordagem sobre rock brasileiro nas revistas musicais brasileiras da década de 1980. Ao longo de sua existência, entre os anos de 1979 a 1989, a revista Somtrês, idealizada pelo jornalista Maurício Kubrusly, se notabilizou por dirigir-se a um público amplo, ávido por novidades tecnológicas e também por agregar vários gêneros musicais em uma só publicação. No caso do rock, além das reportagens e críticas musicais dirigidas aos apreciadores desse gênero - tanto o produzido no Brasil quanto o estrangeiro – a revista volta-se também para os apreciadores da música popular brasileira, do jazz, da música clássica e até da discoteca. A partir de 1982, o rock brasileiro começa a se fazer presente na mídia com prestígio. Os então novatos Titãs, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho entre outros tantos, passavam de meros grupos desconhecidos para o estrelato. E o rock produzido no Brasil, até então um gênero musical considerado menor, tanto em termos de público e de mídia, se fortalece e é alçado de forma definitiva em nossa cultura musical. Ao longo da sua trajetória, quando tratavam do rock brasileiro, as críticas musicais de Somtrês mostravam em grande maioria, uma imensa ressalva a este gênero. Essa situação continua mesmo depois do rock brasileiro se consolidar em termos de mídia e de público, fato este que acontece posteriormente ao I Rock in Rio, que acontece em janeiro de 1985 e considerado um marco na consolidação deste gênero por aqui. PALAVRAS-CHAVE: crítica musical; rock brasileiro; revistas musicais. A HISTÓRIA DO ROCK NACIONAL ARGENTINO E BRASILEIRO E SUAS NUANÇAS NO PERÍODO DE DITADURA MILITAR Silvana Lazzarotto Schmitt (UNIOESTE) Ana Renata Lazzarotto (UNIPAR) RESUMO: Este artigo é resultado de um projeto de pesquisa brasileiro-argentino intitulado “Memória, Ditadura e Exílio: a trajetória dos músicos no Cone Sul (décadas de 1960 a 1980)”, o qual tem como objeto de estudo a história dos músicos exilados durante as ditaduras ocorridas no Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile, entre as décadas de 1960 e 1980, mediante a análise da bibliografia, discografia, documentos oficiais das polícias políticas e serviços de informação, e, principalmente, a partir dos testemunhos dos envolvidos. Dessa forma, procuramos neste breve texto, tecer algumas considerações sobre a forma como o Rock nacional da Argentina e Brasil foram organizados. Pretende-se ainda estabelecer uma discussão comparativa sobre a maneira como as ditaduras se posicionaram em relação a este gênero musical, dedicando-se especialmente ao estudo de músicos que foram exilados. A discussão inicia-se com um sucinto resgate da história do Rock em nível mundial e então se desdobra para a análise das especificidades do Rock nacional em ambos os países para depois realizar uma análise pormenorizada das relações estabelecidas no período de ditadura militar por que passaram Argentina e Brasil. Pretende-se ainda analisar/relacionar a repercussão do rock nos países supracitados, considerando que no caso brasileiro o rock no Brasil encontrou oposição tanto nas direitas, que considerava o estilo um atentado aos valores morais, ocidentais e cristãos, como nas esquerdas, que o consideravam como centro do colonialismo cultural imputado ao Brasil pelos países centrais. No caso da Argentina também havia o discurso da direita que o rock era um invento das ideologias ateias e as esquerdas que era música decadente, burguesa, norte-americana. Por isso, nosso texto pretende dialogar com essa perspectiva, no sentido de analisá-la. PALAVRAS-CHAVE: História; Ditadura; Rock Nacional; Músicos exilados. NARCISIMO E CULTURA ROCK: IMAGENS DO QUE SOU Róbi Jair Schmidt (Univel) RESUMO: Com o presente tema, busco analisar a produção de canções elaboradas por componentes dos grupos de rock no Brasil dos anos 80, quando abordam aspectos sobre a cultura narcisista. A questão fundamental do narcisismo está relacionada ao fato de que muitas das canções de rock sugerem uma posição crítica com relação ao universo narcisista, tão fortemente cultuado na contemporaneidade. Nesse sentido, busco apontar para algumas situações em que os poetas do rock são claros críticos com relação a este estilo. Além disso, objetivo indicar que a cultura rock encontra-se envolvida num jogo complexo com o narcisismo contemporâneo. Dessa maneira, ao se verem ricos e famosos, muitos dos artistas não consegue conciliar este espírito crítico em suas produções artísticas. Espaço aberto, portanto, para a discussão sobre aspectos significativos das sociedades contemporâneas, assentadas em regimes capitalistas e na burocracia, e saturadas de objetos inseridos num padrão mercadológico, de imagens de propaganda, de erotismo e sentimentalismo comerciais, de estereótipos que entravam a linguagem e amenizam o teor crítico e criador dos discursos. Diante desse contexto, percebo certa aproximação por parte de muitos dos compositores da música rock aos jogos de sedução e poder, característicos do narcisismo contemporâneo, principalmente no que se refere às perspectivas de atingir a condição de “pop star”. Nesse sentido, a cultura rock acaba se vendo diante de um impasse: por um lado, luta para quebrar barreiras impostas por uma sociedade que limita o acesso à produção artística e, por outro lado, precisa aceitar a condição de celebridade do meio musical que proporciona lucros estratosféricos às gravadoras com a venda de seus discos. PALAVRAS-CHAVE: imagem; narcisismo; rock. ACONTECEU EM JANEIRO: ROCK E O FIM DA DITADURA NO BRASIL Daniel Cantinelli Sevillano (FFLCH/USP) RESUMO: O ano de 1985 prometia mudanças radicais nos rumos da política nacional brasileira; pela primeira vez desde 1964, um candidato civil de oposição ao regime militar tinha chances reais de vencer as eleições indiretas para o cargo de Presidente da República, pondo fim à ditadura que já durava mais de 20 anos. Enquanto partidos e políticos de oposição buscavam fortalecer a candidatura de Tancredo Neves, os jovens do país pareciam interessados em outro evento que aconteceria no mês de janeiro daquele ano, na cidade do Rio de Janeiro: o Rock in Rio. O intuito deste artigo é analisar de que forma dois dos principais jornais diários do país, a Folha de São Paulo e o Jornal do Brasil, cobriram esses eventos que marcaram o início do período conhecido como Nova República. Através da leitura e análise das edições diárias entre 01 e 21 de janeiro de 1985, pretendo averiguar como a cobertura da eleição e a do Rock in Rio ganharam destaque nas páginas dos jornais, muitas vezes estando lado a lado na primeira página de suas edições. A questão levantada através da leitura dos periódicos é verificar como foi dada a cobertura aos dois eventos, mostrando que a inserção do país no cenário roqueiro mundial teve tanta importância quanto às eleições indiretas para presidente. A ênfase dada ao evento, com a vinda de bandas internacionais e a participação de bandas recém-criadas do rock brasileiro, demonstra a importância que o estilo musical adquiria num país que havia passado duas décadas sob um regime em que a liberdade era constantemente cerceada. A cobertura oferecida pelos dois jornais ilustra de que maneira o rock, em certa medida, adquire ar de contestação numa sociedade que buscava por novos espaços e formas de expressão. PALAVRAS-CHAVE: redemocratização; rock nacional; Rock in Rio. QUANDO O INDIE COMEÇOU? CONTRIBUIÇÕES DAS BANDAS FELLINI E MARIA ANGÉLICA NÃO MORA MAIS AQUI PARA A CONSOLIDAÇÃO DO INDIE ROCK NACIONAL Cynthia de Lima Campos (UFPE) RESUMO: Surgido no pós-punk e sob a influência do ethos do-it-yourself, e por se confundir, em certa medida, com o rock underground e alternativo, o indie rock é representado mundialmente por bandas que surgiram ainda na década de 1980 como o R.E.M., o Sonic Youth, mas também por bandas e músicos surgidos neste século, como The Strokes e The Killers. Mesmo tendo surgido da corruptela da palavra independent, o gênero não ficou restrito apenas às formas de produção, envolvendo uma variedade de padrões musicais, sobretudo aqueles ligados à experimentação de linguagens. Associado a um público diferenciado culturalmente, na época de seu surgimento, e até os anos 1990, o indie se restringia a poucos lugares, sobretudo no Brasil, já que a maioria das canções eram em inglês e os álbuns só podiam ser adquiridos por importação. Ainda na década de 1980, duas bandas despontaram no cenário nacional: a Fellini e a Maria Angélica Não Mora Mais Aqui. Ambas propunham uma linguagem musical inovadora, tinham como frontmen, profissionais da mídia, tocavam em bares da cena underground paulista, como o Madame Satã e conseguiram gravar álbuns por gravadoras independentes numa época em que os custos envolvidos nos processos de gravação musical exigiam altos investimentos. Assim é que buscamos identificar as relações das duas bandas com o indie rock nacional, que surgiu posteriormente e se consolidou na década seguinte, tomando como pontos de análise as influências que a Fellini e a Maria Angélica sofreram de outros músicos, as bandas que elas influenciaram, os processos de construção dos álbuns, assim como a trajetória de ambas as bandas, já que a motivação para o encerramento das atividades é comum, qual seja, as disputas por reconhecimento numa época em que a indústria fonográfica brasileira ainda dominava o mercado de discos. PALAVRAS-CHAVE: Indie; Banda Fellini; Banda Maria Angélica Não Mora Mais Aqui. CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS NAS RELAÇÕES ENTRE O ROCK E O TROPICALISMO Rafael Andrade (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) Vitor Ferreira Pinto (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) RESUMO: O presente trabalho pretende examinar as relações de dois importantes movimentos da música popular brasileira, partindo do estudo das músicas de seus principais ícones: Raul Seixas e o Rock Nacional; e Caetano Veloso e o Tropicalismo. Inicia-se a análise a partir do contexto histórico e cultural em que surgem essas duas tendências, ambas consideradas um afronto à ordem estabelecida que se aliava em defesa da música tradicional e regional como traços da cultura brasileira. Nesse ambiente, Caetano Veloso lidera, em 1967, o movimento tropicalista, que num primeiro momento flerta com o rock, tanto estrangeiro quanto o iê-iê-iê já produzido no Brasil, e sai em defesa deste, originando muitas contribuições. Em 1978, uma música lançada em seu LP “O dia em que a Terra parou”, Raul Seixas parece remeter a uma música, “Odara”, lançada por Caetano no mesmo ano. “Tapanacara” aparenta ser um desabafo de Raul sobre uma possível divisão na década de 60, na Bahia, entre a turma que frequentava o Teatro Vila Velha (bossa-novistas) e aquela que frequentava o Cine Roma (roqueiros). Essa evidência parece ser mais clara na música “Rock n’ Roll”, feita por Raul Seixas e Marcelo Nova onze anos depois. A réplica de Caetano resultou na música “Rock n’ Raul”, que tomou proporções muito maiores: primeiro pelo fato do alvo não ter mais o “direito de resposta”, e segundo porque devido a uma pequena citação (”Lobo bolo”) na música, o roqueiro Lobão comprou a briga, gerando mais músicas e prolongando ainda mais essa relação musical tradicionalmente polêmica na canção brasileira. PALAVRAS-CHAVE: Rock Nacional; Tropicalismo; Divergências. O SERTÃO ROQUEIRO: QUANDO A GUITARRA SE UNIU À VIOLA NASCEU O ROCK RURAL Ana Ribas (UNIPAR) RESUMO: Eram meados de 1970, no Brasil dos anos de chumbo, surge uma nova maneira de se fazer música que fundia instrumentos eletrônicos com a viola sertaneja, o baião e o rasqueado. Nascia ali um novo estilo de se fazer música que se tornaria conhecido como Rock Rural. O primeiro grupo a chamar a atenção para essa nova forma de se fazer música foi o trio Sá, Rodrix & Guarabira, mas por todo país eclodiram bandas que aderiram a ele. Para a concretização dessa análise a metodologia busca, com base na terceira geração dos Annales, realizar pesquisa em fontes de historial oral, como reportagens, textos postados em blogs, sites e revistas especializadas. A investigação busca também entender o processo de hibridização cultural, que mesclou o até então rock brasileiro, feito inicialmente seguindo os mesmos moldes vindos do exterior, com a música regional brasileira, conforme a análise proposta por Néstor Garcia Canclini. Combinações, sínteses e desdobramentos que desenvolveram uma produtividade criativa distinta das mesclas culturais já existentes em toda América latina. Uma nova maneira de se fazer Rock menos copiada, que buscava explorar nas suas origens sertanejas fórmulas para se tornar cada vez mais originais, esse entrelaçamento de elementos veio a produzir o que Canclini define como “culturas híbridas”. Dessa forma, esse estudo busca abordar a historiografia de um estilo que não chegou a se firmar como um movimento, mas que até hoje repercute na produção musical brasileira e agrega a ele adeptos. PALAVRAS-CHAVE: Rock; Rural; Hibridismo. A CONSTITUIÇÃO DO CAMPO DE PRODUÇÃO CULTURAL DO ROCK´N´ROLL NO BRASIL EM TRÊS TEMPOS Victor Guilherme Pereira Fernandes (Universidade Federal de Juiz de Fora) RESUMO: Ao falar-se em rock brasileiro a imagem a que se remete normalmente é à geração pós-punk da década de 80 que inclui bandas como Blitz, Legião Urbana, Titãs e Engenheiros do Havaí. Entretanto os primórdios do rock no Brasil remontam à década de 1950, tiveram grande impulso com o movimento da Jovem Guarda e um período anuviado que parece não ter existido, visto que ofuscado pela MPB, a canção de protesto e a Tropicália. Trata-se do rock brasileiro da década de 1970, movimento extremamente criativo, de bandas que abusavam da psicodelia, do progressivo e do hard-rock sem se desfazerem da MPB, ao contrário se valendo das influências tupiniquins para elevar o gênero do rock´n´roll a novos patamares. O presente artigo se valerá do arcabouço conceitual bourdieusiano explorando conceitos como os de campo, violência e dominação simbólicas e capital simbólico para tentar fazer justiça a este período nebuloso da história do gênero em questão no Brasil. O trabalho pretende desmistificar sem favoritismos os motivos pelos quais o rock brasileiro só viria a se emancipar e se autonomizar na década de 80 apesar dos hercúleos esforços dos músicos da década anterior. Recorremos a historiadores da canção popular como Marcos Napolitano, a sociólogos da intelectualidade brasileira como Sérgio Miceli e Hermano Vianna e a depoimentos de participantes e comentadores do movimento rock nas três décadas cruciais para sua conformação no Brasil, os anos 60, 70 e 80 do século XX. A partir deste texto espera-se que o leitor tenha uma melhor perspectiva dos movimentos internos do campo da música, das estratégias postas em práticas pelos dominantes, os artistas da MPB, e da reviravolta capitaneada pelos roqueiros oitentistas que consagraram o movimento e foram brindados com uma celebração pra lá de grandiosa: o festival Rock in Rio de 1985. PALAVRAS-CHAVE: campo do rock brasileiro na década de 70; música popular brasileira; capital simbólico. WOODSTOCK: DE IMPROVISO A MARCO CULTURAL DO SÉCULO XX Carla Alves Ribeiro Martins (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) RESUMO: O propósito deste artigo é apresentar algumas considerações sobre o festival Woodstock que aconteceu em 1969, festival este, que seria um encontro de hippies e protesto contra a Guerra do Vietnã, o capitalismo, a sedimentação do conceito de liberdade ao amor, às mulheres, à vida em sociedade, mas que se tornou um marco cultural e simbólico para gerações posteriores no século XX. O rock tocado apresentava caráter contestatório, inserindo-se em movimento de contracultura. O festival representou o fortalecimento de uma nova cultura musical, iniciada na década de 1950 nos EUA. O rock’n roll revolucionou a tradição juvenil, transformando jovens em contestadores de modelos sociais pré- estabelecidos, a começar pela vestimenta. Porém, o novo padrão de comportamento dos jovens, foi apresentado como típico de uma sociedade desenvolvida e consumista, internacionalizou-se, e acabou sendo exportado para vários países com o auxílio da indústria de cinema sob o lema “American way of life”. O rock comercializado apresenta-se como mais um produto a ser consumido, como era propagandeado pela indústria fonográfica e cinematográfica. O desejo dos jovens era seguir o que ouviam e viam. A influência da sua comercialização descaracterizou-o como um modo de ver o mundo, uma mensagem ideológica de protesto e fragmentou-o em rock progressivo, heavy metal, new wave, objetivando maiores vendas. O estudo vale-se de pesquisa bibliográfica e consulta a artigos e periódicos. Consideramos que a autenticidade do festival Woodstock e seus resultados para o rock foram, em parte, deturpados pela mesma sociedade capitalista que os motivou a construir uma nova sociedade pacifista e comunitária. PALAVRAS-CHAVE: Woodstock; contracultura; indústria cultural. A CONTRIBUIÇÃO DE RAUL SEIXAS PARA A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA E DO ROCK’N’ROLL NO BRASIL Eduardo de Quadros Melo (Universidade Federal do Maranhão) Maristhela Rodrigues da Silva (Universidade Federal do Maranhão) RESUMO: Análise de como do ressurgimento da discussão sobre a identidade da Música Popular Brasileira (MPB) atinge novas proporções com a chegada do Rock’n’roll como música e cultura no Brasil, mais especificamente na figura de Raul Seixas. É possível perceber que com a formação dos primeiros grupos musicais e movimentos de expressão de artistas brasileiros baseados no rock há o surgimento de uma dicotomia entre a MPB, defendendo as raízes tradicionalmente conhecidas da música brasileira e o rock que ganha cada vez mais espaço com a Jovem Guarda e grupos de artistas como Os Mutantes. Dentro desse diálogo identificase ainda um terceiro movimento de identidade musical brasileira representado pelo Tropicalismo, uma espécie de movimento antropofágico que buscava as raízes do que seria uma expressão musical genuinamente brasileira. Essas disputas, no entanto, se dão no âmbito do estilo musical próprio, fazendo com que a Bossa Nova, a Jovem Guarda e o Tropicalismo, todos coexistindo em um espaço cultural cada vez mais diversificado, levantem suas bandeiras para conquistar cadê vez mais espaço na mídia, apreciação da crítica e aceitação popular. É possível perceber, no entanto, que Raul Seixas colabora para esse debate musical de maneira diferenciada: justapondo estilos diferenciados em uma mesma música (a exemplo Let me sing, let me sing) ou mesmo mesclando em seus álbuns canções de estilos diferentes, tais como samba (Aos trancos e Barrancos), baião (Aventuras de Raul na cidade de Thor) e rock’n’roll (A verdade sobre a nostalgia). Conclui-se que os álbuns e as composições de Raul Seixas, colaboram com o debate de maneira que não visavam à distinção completa dos principais estilos musicais que coexistiam no Brasil, mas sim resultando em uma mescla que fazia com que a discussão acerca do que seria MPB se estendesse a influências musicais externas e aos mais variados estilos. PALAVRAS-CHAVE: Rock; Música Popular Brasileira; Raul Seixas. CULTURA MATERIAL: O DESENVOLVIMENTO TÉNICO DA GUITARRA Roger Renilto Diniz Costa (UNIPAR) RESUMO: Neste trabalho objetivaremos construir a evolução histórica e técnica da guitarra a partir de uma abordagem da cultura material da música. Em função da evolução da guitarra, observaremos também alguns outros instrumentos da família musical deste instrumento, que culminaram em seu desenvolvimento no ocidente desde os tempos medievais. Chegando aos meados do século XX, quando a guitarra passa pela eletrificação com captadores magnéticos, focaremos nossa análise no contexto de alguns estilos musicais que foram criados a partir da nova sonoridade que foi então proporcionada, especificamente o Rock. Teceremos algumas comparações entre diferentes épocas destacando as principais mudanças que ocorreram no instrumento desde sua criação, traçando assim uma cronologia que permitirá entender também o papel da música na cultura. Pretendemos mostrar que a música é uma fonte historiográfica válida, já que é fortemente enraizada na cultura popular, e expressa como poucas outras coisas (fontes/objetos) as disparidades e dinâmicas socioculturais que se dão entre as classes e dentro das próprias classes, conforme nos coloca E. P. Thompson. Por fim, ao tratarmos do Rock and Roll como estilo musical surgido a partir das mudanças materiais do instrumento e do novo som que este proporcionou, pelo menos em suas origens, discutiremos deste estilo representar todo um movimento cultural (ou contra-cultural) mais do que simplesmente uma tendência estética produzida pelas tendências mercadológicas e midiáticas da moda, da indústria cultural, sendo também um construto social e, portanto, passível de estudos amplamente diversificados, indo de uma análise artístico-psicológica a outra sociológica-política. PALAVRAS-CHAVE: Guitarra; Cultura Material; Rock and Roll. O ROCK NA AMAZÔNIA: PECULIARIDADES DESSE GÊNERO NA HISTÓRIA DA MÚSICA URBANA EM BELÉM DO PARÁ Keila Michelle Silva Monteiro RESUMO: Na história da música no Pará ainda há pouco registro sobre o gênero rock embora a produção local deste tipo de música urbana tenha sido relevante no sentido de apresentar trabalhos peculiares, com rico conteúdo musical e/ou literário, divulgados de certa forma, pela mídia local e global. Por exemplo, o primeiro grupo de heavy metal, vertente do rock, a lançar um disco de caráter nacional é paraense, surgindo com ele outras bandas no resto do Brasil. E é justamente em Belém que o rock vai ganhar as releituras mais diversificadas, onde musicalmente se mistura aos ritmos da Amazônia e muitos outros, e quanto à letra, encontra compositores que valorizam o seu caráter de protesto, de denúncia acerca dos problemas dessa região e do mundo, e há bandas que fazem isso até hoje. Este trabalho pretende fazer uma espécie de resumo da história do rock em Belém desde a chegada do gênero até as suas novas tendências de modo a considerar a sua recepção nesta cidade, a sua adaptação, bem como a sua concepção por parte dos artistas paraenses como integrantes inseridos na história da música brasileira. É pelo fato da quase inexistência de bibliografia a respeito deste tema, que venho me valer da história oral para abordá-lo de forma a cruzar os olhares entre os produtores desta cultura e alguns autores de diversos campos de conhecimento, como a Etnomusicologia e os Estudos Culturais. Tendo-se em vista que não pretendo esgotar o tema e que há bandas surgindo a todo o momento, considero este trabalho um pontapé inicial para que pesquisadores, sob diversas óticas, de posse de conhecimentos provenientes de várias disciplinas, pesquisem este gênero nesta cidade, o qual se renova a cada momento sendo fonte de riqueza cultural e reflexo das possíveis identidades do ser humano que habita a Amazônia. PALAVRAS-CHAVE: Amazônia; música urbana; rock. INTERINFLUÊNCIAS ENTRE O PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DE ROCK NO CENÁRIO MUSICAL BRASILEIRO E PROCESSOS DE RENOVAÇÃO ESTÉTICA DA MPB Edson Leão Ferenzini RESUMO: Estudo sobre a interinfluência entre o rock produzido no Brasil e correntes ligadas à tradição da música popular brasileira e como essa relação contribuiu para um processo de mão dupla: consolidação do rock no cenário musical brasileiro e renovação estética da MPB. Parte do princípio de que a assimilação do rock no universo cultural brasileiro não se deu apenas pela reprodução purista das diferentes formas musicais internacionais criadas sob esse rótulo. Implicou também em diversificado e complexo processo de hibridação com relações de influência mútua entre correntes ligadas às tradições musicais brasileiras - particularmente a MPB, principalmente em busca de renovação estética - e artistas e grupos tributários de uma tradição roqueira (em grande parte na busca de uma identidade local diferenciada). Longe de se constituírem em correntes isoladas, a MPB e o rock brasileiro contaram, em seu desenvolvimento, particularmente nos anos 70 e 80 com vários momentos de diálogo que, em certo sentido, levaram adiante os experimentos tropicalistas dos anos 60. São manifestações desse diálogo, tendências híbridas da música brasileira pós-tropicalista dos anos 70, como o Rock Rural, os movimentos que demarcaram identidades regionais (artistas nordestinos) o Clube da Esquina em Minas, entre outros. São também aspectos dessa interinfluência, a atuação de músicos oriundos de bandas de rock integrando bandas de apoio e (ou) como músicos de estúdio, contribuindo para a formatação da sonoridade de artistas da MPB, num processo de renovação de linguagens, introdução de novas tecnologias, além de contribuir para a renovação de público. Por sua vez a utilização de ritmos, influências de letristas da MPB e outras referências da música brasileira, foram algumas das estratégias usadas por roqueiros na busca de criar formas locais de rock. PALAVRAS-CHAVE: Rock; MPB; hibridismos. ARCO IRIS: COMO PINTAR COM COLORES LOCALES UN FENÓMENO UNIVERSAL Lucio Raúl Carnicer (IASPM-AL. Radio Nacional Córdoba) RESUMO: El descubrimiento del rock and roll norteamericano irradió réplicas globales, generando como respuesta unificada el mérito a la copia perfecta. En Ibero América, la primera novedad fue la adaptación al castellano o portugués de los éxitos de época. Con posterioridad, el uso de la lengua doméstica generó composiciones originales, y acompañó el proceso creativo hacia un continuo acercamiento a las distintas músicas regionales. Los resultados se cristalizarán tanto en los aspectos musicales: lenguaje rítmico, melódico y armónico, textos, instrumentación, arreglos o interpretación; como en su universo de sentidos: gráfica de discos, vestuario o puesta en escena. En Latinoamérica se marcarían velozmente las diferencias entre contemporáneos de La Nueva Ola y los prototipos del rock progresivo. La hibridez como pilar evolutivo se acelerará y abarcará territorios cada vez más amplios. Carlos Santana y su fusión afrocaribeña, El Kinto en Uruguay incorporando candombe a la música beat, Los Jaivas en Chile y sus cuecas y huaynos eléctricos, Os mutantes en Brasil abanderados en el tropicalismo. En Argentina, y en sintonía con lo planteado, el naciente rock daba muestras de originalidad en solistas y bandas tales como Moris, Miguel Abuelo, Almendra o Manal. En este contexto, la agrupación Arco iris abriría un nuevo camino, invocando en forma reiterada la convivencia de elementos estándares del rock, con ciertas particularidades siempre resignificadas- de la música popular de raíz folklórica. A partir de este enunciado, la experiencia generó un punto de referencia en el ámbito del rock local tanto en su carácter de pionero, como en la construcción de una importante tradición vigente en la actualidad. El presente trabajo pretende abordar el fenómeno musical de Arco iris, poniendo foco en el período 1968-1975 correspondiente a la estadía de Gustavo Santaolalla como principal compositor del grupo. PALAVRAS-CHAVE: Rock; folklore; fusión. BREVE HISTÓRICO DO ROCK NACIONAL: ENTRE LETRAS E IDEAIS, UM INSTRUMENTO DE PROTESTO POLÍTICO Elocir Aparecida Corrêa Pires (UNIOESTE) Maira Vanessa Bar (UNIOESTE) RESUMO: A música é um instrumento social utilizado para expressar sentimentos, frustrações, desejos, apresso e repulsa nas relações que o homem estabelece com o mundo. É utilizada, também, como ferramenta de protesto contra questões que afligem a humanidade como: guerras, repressão, preconceitos, entre outros motivos. A música como protesto tem por objeto provocar o interesse do ouvinte ao denunciar problemas sejam estes de origem social, política ou econômica. Nessa direção, sujeitos brasileiros possuem algumas vivências históricas como, por exemplo, o regime de opressão, instaurado na Ditadura Militar, que levaram vários compositores a criar e a inovar a cultura musical. Nem mesmo a forte censura dos organismos governamentais impediu o afloramento dos ideais políticos e de sociedade presentes nas letras musicais. Esses compositores escreveram em suas músicas anúncios de indignação e de protesto, principalmente, em relação à política brasileira. No Brasil a partir dos anos de 1960, o rock ganhou popularidade entre os jovens, músicos e artistas, pela possibilidade deste em transmitir e manifestar sua ideologia. Neste intento este trabalho busca analisar a relação entre a composição musical e a política governamental, manifesta pelos jovens associados ao gênero do rock. Trata-se de um breve histórico do rock nacional, apontando a importância deste estilo musical e da formação de bandas nacionais que fizeram parte deste momento. Os resultados indicaram que uma grande parcela dos jovens, por meio do rock, veicularam sua mensagem de militância política; acreditando que a música deveria ser, também, arte conscientizadora, revolucionária, capaz não só de servir a cultura lúdica, mas de mover as massas para a revolução social e política. PALAVRAS–CHAVE: Ditadura Militar; Rock Nacional; Música. CORAZONES DE LOS PRISIONEIROS: UN DISCO FUNDACIONAL Macarena Lavín (Asociación Chilena de Estudios en Música Popular ASEMPCh) RESUMO: En 1990 se editó Corazones de Los Prisioneros, el grupo más popular de los años 80s en Chile. Con unas pocas excepciones la prensa recibió este álbum con sorpresa, escepticismo, pues tenía ideas preconcebidas de cómo debía sonar: pop/rock y contenido social, y político, coherente con la historia de la banda. Sin embargo, el resultado fue diferente: “tecno pop” y romántico, sin alusión alguna al fin de la dictadura (Es necesario decir que Chile recién retornaba a la democracia ese año). En esta ponencia se intentará analizar la recepción del disco desde la prensa y el concepto de autenticidad que aplicaron para escribir de él, valor “presente en la escritura periodística del rock” (Moore, 2002). En el año de la publicación de Corazones las noticias, críticas y reseñas, estuvieron teñidas por el hecho de que Los Prisioneros volvían como dúo, con un integrante menos. Corazones, sin embargo, vendió miles de copias ese año, incluso por adelantado. Casi veinte años más tarde, varios músicos exitosos de la nueva generación lo tomaron como álbum de cabecera y la crítica lo consideró una obra cumbre de la música popular chilena. Por eso, también sería pertinente incluir a periodistas musicales afines (David Ponce, Cristián Araya) como estos músicos actuales (Gepe y Javiera Mena, entre otros) para reflexionar en torno a Corazones. De esta forma, por medio de “una fuerza social y cultural” (Karja, 2006) y ayudado por la revalidación de sus fans, ese disco pasa a formar parte de los discos que son canonizados por los medios como los que se debe escuchar; y así, el último disco de Los Prisioneros se convirtió, con el tiempo, en un álbum fundacional en el pop chileno. PALAVRAS-CHAVE: Prensa; autenticidad; canonización. OLHAR O PASSADO, CANTAR O PRESENTE: DOS MUTANTES A FERNANDA TAKAI Geni Rosa Duarte (UNIOESTE) RESUMO: Na história da música popular, há inúmeros momentos em que diferentes tradições dialogam. Mais do que simplesmente regravações, podemos enxergar releituras tanto de autores como de gêneros musicais, que passam a ser ressignificados. Todavia, há múltiplas formas pelas quais essas releituras / regravações se fazem, em diferentes momentos e com diferentes significados. A partir do movimento tropicalista, compositores e intérpretes do campo do que passou a ser chamado Música Popular Brasileira (MPB) aproximaram-se de intérpretes e compositores identificados com o rock. Mais do que trazer “lenha para a fogueira” do breve movimento capitaneado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, esses encontros abriram caminhos para conjuntos como, por exemplo, os Mutantes. Valendo-se das quebras propostas pelo movimento, os Mutantes voltaram-se para algumas regravações, dando a elas uma interpretação própria, muitas vezes ligadas ao deboche. O objetivo deste trabalho é fazer aproximações entre essas leituras e aquelas realizadas por Fernanda Takai, mais recentemente, através dos CDs Onde Brilhem os olhos seus e Luz Negra, na esteira da sua participação na banda Pato Fu. São interpretações que se fazem em tempos diferentes, com diferentes objetivos e estabelecendo diferentes diálogos com a tradição musical de diferentes temporalidades, possibilitando a atribuição a elas de diferentes significados e sentidos, na perspectiva aberta por Mikhail Bakhtin. PALAVRAS-CHAVE: tradições musicais; releituras; dialogismo. ROCK E DITADURA: INTRODUÇÃO À ANÁLISE SEMIÓTICA DAS CAPAS DE DISCOS DOS ANOS 70 Elisangela Furlan (UNIOESTE) RESUMO: Este trabalho busca fazer uma análise semiótica das capas de discos de rock de artistas brasileiros da década de 70. Partindo da semiótica de Pierce, aborda o saber abstrato e formal, generalizado, que se permite a constatação de sua existência, ao qual exprime o contexto à sua volta por meio de uma tríade, sendo esta, primeiridade, segundade e terceiridade. Será observada ainda a consciência racional da qualidade, relação e representação. Este estudo busca analisar as capas de discos de artistas de rock e as manifestações artísticas em meio à censura da época. Para tal, se ocupará da produção imagética das capas, interpretando signos e significados, presentes intencionalmente, nos anos 70 cuja liberdade de expressão era vedada pelos ditames da ditadura. Nesse sentido, entende-se a capa como elemento do conjunto da linguagem que o grupo ou artista propunha discutir. Entre os principais criadores das capas de discos no Brasil, com sua forte verve crítica, destaca-se Elifas Andreatto, importante ilustrador de inúmeras capas de discos de vinil nos anos 70, com traço poético e profundo sentido social. Dessa forma, busca-se analisar o processo visual das capas de discos dos grupos de rock da década de 70 e sua produção no contexto histórico e as manifestações artísticas a partir da lógica social e a relação entre a arte e política de artistas associados ao gênero do rock. Almeja-se com este trabalho estabelecer um diálogo entre arte e memória, abordando como a repressão pode ser percebida nas metáforas utilizadas pelos artistas nos materiais fonográficos, imagéticos, diretamente relacionados à busca da livre expressão da linguagem no rock. Enfim, tem-se como principal objetivo a análise crítica de algumas capas de discos, uma vez que elas são parte integrante e intencional de um projeto artístico, que engloba estas imagens, as canções e todo o complexo processo que envolve uma feitura do disco. PALAVRAS-CHAVE: Semiótica; Capas de disco; Ditadura. CLARA CROCODILO: SERIALISMO, LIRISMO E GUITARRAS ELÉTRICAS NA MÚSICA DE ARRIGO BARNABÉ Juliana Wendpap Batista (PUCRS) RESUMO: Clara Crocodilo é a faixa título do LP independente, lançado em 1980 pelo compositor paranaense Arrigo Barnabé. Considerado uma obra sui generis no cenário da música brasileira, o álbum apresenta oito canções que utilizam a estética das histórias em quadrinhos para criar uma narrativa musical que conta a saga de um Office-boy transformado em um monstro híbrido. As composições são seriais e misturam referências da vanguarda europeia do início do século XX com elementos da música popular brasileira. Propomos uma análise da canção Clara Crocodilo contemplando texto poético e texto musical, visando reconstituir e apreender, o quanto possível, o micro-universo desta composição. Tal intento abrange o desafio de empreender historicidade a esta produção musical partindo de indícios e sinais envolvidos neste processo criativo. A trajetória do artista é parte disto e compreendê-la é importante para o entendimento de suas referências utilizadas na concepção de Clara Crocodilo. Nos fins de 1970 e início de 1980, Arrigo Barnabé e sua Banda Suave Veneno impactaram públicos com suas sonoridades contundentes numa mescla de guitarras elétricas e lirismo nos vocais. Arrigo Barnabé é comparado, por alguns, ao músico estadunidense Frank Zappa, por sua trajetória imbricada entre o erudito e o popular, e a estória de seu monstro mutante foi transformada em uma ópera-rock em 1981. Tais aspectos levam a crer que nossa temática está alinhada com a proposta do simpósio Histórias do Rock. O presente estudo foi parte da pesquisa realizada para a dissertação de Mestrado “O universo de Clara Crocodilo: história & música no LP de Arrigo Barnabé”, defendida no início de 2013 no Programa de Pósgraduação em história da PUCRS. PALAVRAS-CHAVE: Clara Crocodilo; Arrigo Barnabé; História e Música. OS FANZINES NA DIVULGAÇÃO DO PUNK ROCK BRASILEIRO – 1981 A 1995 Marco Antonio Milani (UNESP/Assis) RESUMO: Na segunda metade da década de 1970, os discos de punk rock vindos da Inglaterra e dos Estados Unidos começaram a tocar nas vitrolas brasileiras. Da mesma maneira, alguma parca informação sobre a cultura punk, chegava às revistas nacionais. Como tais reportagens não satisfizessem os punks brasileiros, eles fizeram entrar em cena outro personagem já protagonista no Hemisfério Norte, os fanzines. Desse modo, os fanzines punks se espalharam pelo país ao longo da década de 1980, constituindo o principal veículo para sua música. Resenhas sobre bandas, entrevistas, letras de música, bem como o endereço de contato dos próprios músicos circulavam através dos fanzines consolidando uma verdadeira rede de comunicação capaz de levar o punk rock aos mais diversos cantos do Brasil, e mesmo fora dele. Distribuidoras de fundo de quintal, fã-clubes, casas de shows – os chamados salões – são o fruto dessa intensa comunicação. Além, é claro, de inúmeros festivais e bandas que nasceram de tamanha efervescência cultural que tinha a expressão inglesa “do it yourself” como mote. Aliás, era o amadorismo que transpassava todos os elementos desse cenário. De um lado, o punk rock, feito por adolescentes com pouca ou nem uma formação musical, com instrumentos de baixa qualidade e gravado em estúdios simples. De outro, fanzines feitos pelos fãs desses conjuntos, adolescentes que empregavam cola, tesoura e caneta, além de uma eventual máquina de escrever, na confecção desses suportes de leitura, que eram multiplicados em fotocopiadoras e enviados por correio a futuros fãs. Qualquer um poderia encomendar uma fita, disco, pôster ou camiseta do novo conjunto, a apenas uma correspondência de distância. PALAVRAS-CHAVE: Punk rock; Fanzines; Informação. INDAGAÇÕES SOBRE A VISIBILIDADE DE ARTISTAS INDEPENDENTES DO ROCK BRASILEIRO DOS ANOS 2000 EM PUBLICAÇÕES ESPECIALIZADAS VINCULADAS A EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO DE GRANDE PORTE NO PAÍS Luis Fernando Rabello Borges (UFSM) RESUMO: Este artigo traz algumas indagações envolvendo a história recente do rock brasileiro, mais precisamente naquilo que diz respeito à visibilidade midiática (ou falta de) de artistas e/ou bandas independentes dos anos 2000 em publicações especializadas vinculadas a grandes grupos empresariais de comunicação no país. Quando se fala em rock brasileiro, encontram-se incluídos, aqui, a música pop e a MPB contemporânea, e ao mesmo tempo ficam de fora os estilos que possuem grupos de seguidores fiéis (regionais ou não), como o heavy metal e seus subgêneros, o hip hop, a axé-music e o tecnobrega, entre outros. Da mesma forma, entende-se por publicações especializadas de grande porte, neste trabalho, cadernos de cultura de jornais diários do centro do país como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Jornal do Brasil e O Globo, revistas de música mensais como Rolling Stone e Billboard, e blogs veiculados por grandes portais e pertencentes a jornalistas e críticos que já trabalharam em revistas de música, como os de Régis Tadeu, André Barcinski e André Forastieri. A partir desse recorte, podem ser trazidas à tona algumas indagações. Quais são os critérios ou razões para a publicação de algum artista e a não publicação de outros? Como se dá essa publicação? De que forma esses artistas são abordados? Qual o tratamento/enfoque dispensado? Em que medida os mesmos aparecem em meio a outros conteúdos? E, inversamente falando, como esses artistas chegam ao conhecimento dos jornalistas das publicações especializadas? Até que ponto e de que forma os músicos fazem uso – ou deixam de fazer – de recursos próprios de visibilidade, analógicos e sobretudo digitais, como site, redes sociais e e-mail? PALAVRAS-CHAVE: rock brasileiro; visibilidade midiática; publicações especializadas. ROCK DE COMBATE: A MÚSICA DE PROTESTO NO INTERIOR DOS MOVIMENTOS SOCIAIS Ueslei Pereira de Jesus (UESB) Aminne Zamilute Paiva (UESB) RESUMO: Partindo de um estudo em que primeiramente vamos buscar momentos em que o Rock aparece em lutas, enunciando modos de ver, pensar e dizer, traduzindo homens no seu tempo, em sua história, é no corpo principal do trabalho que especificamos o objeto em um grupo, a banda Norte-Americana Rage Against The Machine, onde buscamos entender a sua relação com o Exército Zapatista de Libertação Nacional - EZLN, a partir da análise de sua produção seja em texto (leras de músicas), áudio (CDs) ou em Audiovisual (Clipes, Shows em DVD e Documentários), pensando o contexto de emergência das enunciações no interior da obra, seja o caráter político, econômico e social, chegando a analise dos discursos e das lutas e “misérias” sociais que tornaram possível ser dito o que se disse e não outra coisa em seu lugar dentro do universo do Rock. Para tanto, partimos da complexidade do próprio objeto, seja áudio ou audiovisual, para a escolha das próprias ferramentas de pesquisa, jamais separando o homem que fala (ou banda) do homem que existe, e que existe historicamente, ou seja, num tempo e espaço específico. Partindo de postulados de Michel Foucault para a Análise do Discurso, principalmente na sua obra A Arqueologia do Saber e de outros autores para a análise dos enunciados na obra do RATM vamos então para outros autores organizando possíveis quadros para a análise a partir do contexto socioeconômico. Aqui o homem que diz, e que diz artisticamente através de canções, shows e clipes é o mesmo homem que come que sofre que ri que luta e que resiste, aquele que fala com uma voz que não é somente sua voz, mas a voz de sua história. PALAVRAS-CHAVE: Discurso; História; Rock. POR TRÁS DE CROSSROAD BLUES Vinícius Cazalli Maranhão (UNICENTRO - Guarapuava-PR) Níncia Cecília Ribas Borges Teixeira (UNICENTRO - Guarapuava-PR) RESUMO: O artigo tem o objetivo de fazer uma análise semiótica da musica Crossroad Blues de 1936 do americano Robert Johnson, destacando elementos próprios da vida dos negros descendentes de escravos nos campos de algodão e ilustrando a lenda de que Johnson teria feito um pacto com o diabo para ser o maior Bluesman da época. O estudo de problemas de significação musical tem sido realizado em diferentes povos há quase tanto tempo quanto a própria prática da música. Não se poderia ignorar a funcionalidade comunicativa das canções nas chamadas culturas primitivas, ao redor do globo, e o blues tem justamente esse caráter, é um estilo musical que teve origem no longo do delta do rio Mississipi nos Estados Unidos, a música é caracterizada pela melancolia, nasceu como a voz dos escravos nos latifúndios do sul dos Estados Unidos. Há uma relação cultural e antropológica extremamente forte com o estilo musical, os escravos cantavam durante os trabalhos nas plantações para aliviar a dureza e o sofrimento devido às péssimas condições aos quais eram submetidos, sendo esse um dos principais motivos da migração para os grandes centros. Esse trabalho tem o intuito de difundir e contextualizar o blues como gênero musical de suma importância para o nascimento do rock, tendo como enfoque principal um dos principais nomes do estilo Robert Johnson e trazendo consigo uma lenda muito peculiar que se tornou conhecida mundialmente. Para isso, serão utilizados estudos de Lúcia Santaella, que tem como base as teorias de Peirce, e classificam signos como ícones, índices e símbolos, que servirão de base para o melhor entendimento do contexto e do histórico do blues junto ao cotidiano dos negros nos campos de algodão. PALAVRAS-CHAVE: Blues; Crossroad; Semiótica. O PERÍODO PÓS-64 E O MOVIMENTO CULTURAL DO ROCK COMO RESISTÊNCIA SOCIAL E POLÍTICA Andreia Peron (Unioeste) Jorge Henrique Baptista da Silva (Unioeste) RESUMO: A problemática pretendida neste trabalho refere-se a inferir análise sobre o movimento cultural que utilizava o gênero musical do rock como alternativa de resistência contra o Regime Civil-Militar imposto no Brasil a partir de 1964. Este período, que possui a característica de aviltamento de liberdades e democracia, durou tempo o bastante para marcar a história brasileira com atos de arbitrariedade e violações em vários campos do direito. Nesta perspectiva, tudo e todos eram considerados “inimigos em potencial”. Devido esta característica do Regime ditatorial em vigência, a vigilância sobre todos os setores da sociedade era intensa; para tanto, foram criados e fomentados órgãos de controle, legitimados pelo signo de proteção interna contra os perigos e ameaças existentes. Isto aponta explicação sobre a utilização maciça da censura, que por seu caráter inquisitivo exigia dos artistas uma capacidade ímpar de inferir suas críticas de modo velado, driblando os sistemas de controle. Portanto, o objeto deste trabalho será inferir sobre o movimento cultural enfatizando a análise sobre a tendência crítica utilizada pelo gênero musical do rock e seus artistas que faziam de suas músicas instrumentos de resistência e compromisso social contra o regime imposto; como também, perpassará brevemente pela trajetória histórica do rock brasileiro e a relevância política dos festivais realizados neste período. PALAVRAS-CHAVE: Ditadura civil-militar; Resistência Política e Social; Rock. A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NEGRA PARA O ROCK AND ROLL Kleiton Linhares (UNIOESTE) RESUMO: É sabido que o Rock and Roll levanta multidões e tem influenciado gerações ao longo de sua história. Somos movidos por ícones que nos envolvem ao som de suas músicas e melodias inconfundíveis, cantamos, ouvimos, curtimos, muitas vezes até seguimos as ideologias dos representes desse gênero musical. Porém, qual é a origem do rock? De onde vêem as influências deste gênero musical? A quem pense que o rock foi criado por Elvis Presley na década de 50, porém para época foi difícil aceitar que um branco cantava e dançava como um negro. Num momento histórico onde a sociedade pautava-se na segregação, onde o apartheid determinava quem era bom e quem não era, quem frequentava a este ou aquele lugar, é possível que a cultura musical dos povos oriundos da África pode influenciar um gênero musical que se estendeu pelo mundo todo? Este trabalho tem como pretensão uma análise do ponto de vista da história dos povos africanos levando a consideração sua contribuição em todos os aspectos, mas principalmente ao que cerne à música, ao ritmo trazido da África e utilizado por este povo como forma de atenuar todo o sofrimento causado pelo processo escravagista. Saber se a influência da cultura negra de fato existiu neste gênero musical é uma maneira de resgatar, valorizar e recontar a história de um povo que ainda hoje é visto como secundário. Portanto a análise e a pesquisa sobre a influência da música negra para o rock seguirá no sentido da confirmação e da valorização da cultura dos povos africanos. PALAVRAS-CHAVE: Influência; música negra e rock. Simpósio temático Poéticas do Rock Pesquisas que tratam das especificidades estético-literárias de canções desse gênero, contemplando as qualidades artísticas de letras, arranjos, álbuns, conjunto da obra, entre outros temas. A POÉTICA MODERNA DE RENATO RUSSO Luciano Carneiro Alves (UFMT – Rondonópolis) RESUMO: A proposta desta reflexão é pensar o lugar que algumas referências estéticas foram adquirindo no processo criativo de Renato Russo, de modo a responder à recorrente associação da obra deste artista a um “mal-estar” em relação ao seu tempo, por vezes nomeado de pós-moderno. O intuito é evidenciar como a poética de Renato Russo expressa características eminentemente modernas, tanto no discurso que enuncia quanto nos diálogos estéticos que estabelece. Percebe-se que, ao longo de sua carreira, Renato Russo foi adquirindo maior consciência sobre sua obra e, principalmente, sobre o papel político e social que poderia desempenhar enquanto artista. Seja mencionando Fernando Pessoa ou Carlos Drummond de Andrade como referências para o seu fazer poético, ou tendo Bob Dylan, Beatles, Gilberto Gil como referentes dialógicos, ou ainda se inspirando em John Lennon para mobilizar seu prestígio em prol da causa da diversidade sexual, Renato Russo coloca-se em posição estética, social e política que o distancia de uma adesão ao ideário pós-moderno e, consequentemente, de uma poética que a ele se filie. Pertencente a uma geração que pensou a política a partir das questões ressaltadas nos anos 1970 relativas à vida cotidiana e liberação do desejo, o fato de Renato Russo não acreditar na militância política institucionalizada como melhor estratégia de transformação, não significou em absoluto um abandono das utopias modernas. Tinha em suas canções o meio privilegiado para expressar seus horizontes de expectativas, buscando usar o poder que adquirira na cena cultural brasileira em prol das causas que acreditava. O “pequeno tratado de virtudes” que caracteriza em obras como o disco As Quatro Estações ou a celebração reflexiva que propõe em Stonewall Celebration Concert (1994) ajudam-nos a perceber um artista em busca de ideais e utopias que remetem à modernidade. PALAVRAS-CHAVE: Poética; Renato Russo; Modernidade. RITA LEE: A MUSA DA TROPICÁLIA CANTA Norma Sueli Rosa Lima (UFF/Funcefet/Universidade Católica de Petrópolis) RESUMO: Trata-se de apresentar, no percurso da letra de música da compositora Rita Lee, nesses quase 50 anos de carreira, algumas homenagens que realizou em suas letras, a pessoas públicas (como Pagu, Isadora Duncan, Elvira Pagã, Gilberto Gil, entre outros) ou a personagens anônimos, de ambos os sexos (Menino Bonito, Copacabana Boy e Rapaz, do álbum Reza, lançado no ano passado, entre outros). Persegue-se, igualmente, uma inversão realizada pela artista, espécie de anti-homenagem, como na canção Chata, em que surge a anti-musa, licença poética que aqui usamos, na medida em que, é uma das intenções poéticas de Rita Lee. As homenagens ou anti-homenagens que realiza em seu repertório se circunscrevem na própria proposta do Tropicalismo (1967-1969), de questionamentos às convenções. Assim é que suas musas e, por que não ousarmos dizer, musos, bem como as suas antíteses (os anti-musos e anti-musas) abrangem tanto seres do sexo masculino como do feminino, ou podem, ainda, personificar instituições, causas ecológicas e outros. O corpus das canções escolhidas compreenderá as várias fases de sua carreira, a do grupo Mutantes até a mais recente solo, distribuída em 35 álbuns, nos quais, em pelo menos 34, são observadas composições dela, as quais ela fez sozinha ou com parcerias. Aborda-se o campo do gênero, ao afirmarmos Rita Lee como uma das maiores compositoras do Brasil em ativa, visto ser a mais gravada por outros intérpretes, reforçando o espaço que a Mulher vem conquistando cada vez mais na nossa sociedade, em cuja trajetória de lutas ela teve e tem papel de destaque. Traça-se, igualmente, aproximação e reflexões entre letra de música e poesia, objeto de exame no âmbito dos estudos culturais, cujo contexto abrange temas como o erudito, o popular e a cultura de massa. PALAVRAS-CHAVE: Rita Lee; Gênero; Estudos Culturais. ENTRE CHACALES E JUGUETES PERDIDOS. DISCURSIVIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA EM UMA ETAPA DO CAMPO DO ROCK NA ARGENTINA Adrián Pablo Fanjul (Universidade de São Paulo) RESUMO: Partindo da hipótese de que, no começo da década de 1980, acontece no rock argentino uma desestabilização das configurações enunciativas dominantes no seu período “clássico”, abordamos o espaço do denominado underground como uma das diversificações dentro do campo roqueiro. Especificamente, tratamos sobre como se insere a figuração da resistência social e política na regulação discursiva desse espaço que será nosso universo de observação. Adotamos como referencial teórico e metodológico, dentro dos estudos enunciativos e discursivos, aquelas perspectivas que dão prioridade às relações entre enunciados e aos lugares sociais do dizer que se constituem historicamente nessas relações. Consideramos primeiramente composições e encartes de discos da banda Patricio Rey y los redonditos de ricota, mais conhecida como Los redondos. Do nosso ponto de vista, trata-se das produções onde mais claramente se observa a voz enunciadora como o próprio cenário de conflito entre posicionamentos e perspectivas representadas. Também será objeto de análise um texto não musical, mas produzido dentro do espaço de circulação do underground e de forte diálogo com o rock, o romance curto La banda de los chacales, de Enrique Syms, publicado por entregas na revista Cerdos & Peces, em 1987. Nele, a oscilação de perspectivas se transforma em deslocamento, e a própria voz, filiada, por tradição de gênero e suporte, à resistência, ganha corpo em uma separação ostensiva a respeito de qualquer moral ou princípio em relação ao coletivo. Em segundo lugar, observamos o disco Luzbelito, de 1996, um dos últimos da produção de Los Redondos, onde encontramos uma relativa estabilização de lugares sociais do dizer, que relacionamos a um processo de reorganização da memória discursiva no campo. Concluímos, a partir disso, que são pré-figuradas relações entre enunciados do já-ex underground e dizeres de algumas das novas formas de ativismo social que atingirão seu auge, na Argentina, nos anos posteriores. PALAVRAS-CHAVE: Rock argentino; discurso e enunciação; movimentos sociais. AS CARTAS DE CAZUZA E RENATO RUSSO PARA ALÉM DOS MUROS OU O DIÁRIO DO FIM EM SEUS ÁLBUNS-DESPEDIDA BURGUESIA (1989) E A TEMPESTADE (1996) Márcio Antonio de Souza MACIEL (UEMS – Campo Grande) RESUMO: Inserido dentro do Simpósio Temático “Poéticas do Rock”, cujas pesquisas “tratam das especificidades estético-literárias de canções desse gênero”, o nosso trabalho tem por objetivo, em um primeiro momento, discutir a temática tanatográfica literária (e, mais especificamente, a temática tanatográfica homoerótica) nos dois derradeiros álbuns Burguesia, de Cazuza, lançado em agosto de 1989, e A tempestade, da Legião Urbana, grupo liderado por Renato Russo, lançado em setembro de 1996, dos poetas do rock brasileiro, ambos vitimados pelo vírus HIV. Em um segundo momento, como decorrência da leitura tanatográfica do texto poético, seguida da leitura tanatográfica sobre o texto homoerótico, também, presente nos dois “diários litero-musicais”, partimos, de modo mais detido, para leitura tanatográfica sobre a sidografia literária (escrita poética sobre a AIDS) inscrita nas duas peças musicais. Por fim, como suporte para essa nossa análise dos textos poéticos de ambos (e conhecidos) artistas brasileiros, sob essa perspectiva crítica, ajudam-nos teóricos como Bessa (1997) e Sontag (2007), dentre outros. PALAVRAS-CHAVE: tanatografia literária; Cazuza (Burguesia, 1989); Renato Russo (A Tempestade, 1996). URBANA LEGIO OMNIA VINCIT: A POESIA NO ROCK DA LEGIÃO URBANA – UMA ANÁLISE DE SUA CONTRIBUIÇÃO MUSICAL José Ferreira Sobrinho (UNIOESTE) RESUMO: A Legião Urbana é um grupo de rock brasileiro (vocal e instrumental) criado em Brasília, em 1982, o qual alcançou formação definitiva com Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, tendo inicialmente Renato Rocha (‘Negrete’) como baixista. Sob influência de bandas de rock inglesas, fez sucesso com músicas de letras politizadas e carregadas de poesia, tais como Geração Coca-cola (1985), Que país é este (1987), Por enquanto (1986), Quando o sol bater na janela do teu quarto (1989), entre outras. Neste caso, a problemática a ser abordada aqui é a contribuição musical da Legião Urbana como crítica ao cenário político brasileiro e à edificação da poética do Rock Nacional – a qual se configura como nosso objeto de pesquisa e se confunde com o simpósio temático ao qual está relacionado (“Poéticas do Rock”). Janeiro de 1985 foi o mês do rock no Brasil. Naquele mesmo mês, a gravadora EMI Odeon lançava o álbum Legião Urbana, o primeiro de uma série que mudaria a história do rock nacional. Era só o começo de uma trajetória de sucesso. O tom das letras compostas por Renato Russo era a expressão viva de seus sentimentos e angústias pessoais, mas também aquilo que o tornava coletivo e universal. Ele era o legítimo porta-voz de uma legião de fãs que compunha as mais variadas tribos urbanas. ‘Não foi tempo perdido’: a Legião Urbana é uma banda capaz de ao mesmo tempo radiografar o Brasil e cantar canções sobre a existência humana e os estados d’alma: eis o desafio ao qual nos propomos com esta pesquisa. PALAVRAS-CHAVE: Legião Urbana; Crítica Política; Poética do Rock. ESTRUTURA TONAL DO ROCK: MODOS, CADÊNCIA E DIRECIONALIDADE Stefany Sohn (Universidade Federal do Paraná) RESUMO: Este artigo tem como objetivo abordar, por meio da teoria, de estatísticas e de análises específicas as características harmônicas presentes no rock and roll, por meio de bandas consideradas clássicas pela crítica, como Led Zeppelin, Rolling Stones, The Who, Journey, Heart, Survivor, The Beatles, entre outras. Como referências teóricas, autores como David Temperley, Walter Everett e Trevor de Clercq serão usados. Em primeiro lugar, este trabalho trata do sistema tonal específico do rock: escalas mais usadas, modos frequentes, funções harmônicas e condução de vozes. Em seguida, a partir do tema “condução de vozes”, explica-se a independência melódica-harmônica presente no gênero, esclarecendo a divergência observada por Temperley entre a estrutura harmônica e a melodia em parte das músicas de rock. A terceira parte deste trabalho estuda as cadências presentes no final de refrões e estrofes, chamadas de cadências seccionais e a presença do IV grau nestas terminações (cadências plagais). Utilizando-se de estatísticas constatadas por outros autores, apresentamos evidências da naturalidade da cadência plagal dentro do gênero rock. Em seguida, comparamos as características já apresentadas com a ideia de K. Stephenson de que a harmonia do rock tem uma forma espelhada (mirror-like) em relação aos movimentos harmônicos de outros estilos. Por último, apresentamos análises de músicas específicas, para elucidar melhor e de forma prática as características apresentadas anteriormente neste trabalho. Esta pesquisa faz parte de um trabalho em andamento produzido por um grupo de pesquisadores independentes que surgiu a partir do Curso de Extensão 'O DNA do Rock'. PALAVRAS-CHAVE: Sistema tonal; Análise musical; Rock. O ROCK CANTADO EM PORTUGUÊS PELO TECNOBREGA: DESLOCAMENTOS DE SENTIDO Lucas Martins Gama Khalil RESUMO: Este trabalho objetiva analisar algumas versões brasileiras de canções anglófonas, especialmente canções consideradas “rock” que, quando produzidas com letras em português, costumam ser avaliadas pejorativamente por parte considerável da recepção. Embora as versões mantenham a melodia das canções-base, muitas delas associam-se a estilos como “tecnobrega” ou “breganejo”, suscitando algumas questões polêmicas acerca, por exemplo, de saberes constituídos no campo da crítica musical e literária. Nossa principal pergunta de pesquisa é: o que possibilita tais deslocamentos qualitativos e estilísticos, dada a manutenção de uma estrutura melódica? Ao invés de nos concentrarmos apenas nas materialidades “imediatas” das canções (letra e melodia), defendemos a hipótese de que as práticas discursivas que cercam esses produtos culturais constituem significantemente os sentidos deles provenientes. Em outras palavras, os conceitos referentes a estilos musicais definem-se a partir de redes enunciativas produzidas historicamente e discursivamente. Essa exterioridade, que pode ser relacionada, especialmente, a um singular modo a partir do qual o artista constitui sua imagem diante do público (por meio de capas de álbuns, sites oficiais, mise-enscène dos espetáculos musicais etc.), ajuda a determinar o que pode e deve ser dito acerca de uma obra musical. Em vista da inserção do trabalho na área da Linguística, nosso arcabouço teórico é constituído por estudos de autores como Michel Pêcheux e Michel Foucault, recorrentemente associados ao campo de estudos da Análise do Discurso. A partir de reflexões teóricas sobre as práticas discursivas e a legitimação de dizeres, objetivamos investigar como as materialidades das versões brasileiras de canções anglófonas produzem efeitos de sentido, face ao funcionamento de uma exterioridade. PALAVRAS-CHAVE: rock; discurso; recepção. AMOR E MELANCOLIA: DUAS FACETAS NAS CANÇÕES DE CAZUZA E MAYSA Job Lopes (UNIOESTE) RESUMO: O presente artigo busca analisar as temáticas do amor e da melancolia em canções de Cazuza e Maysa. A partir da obra do jovem compositor Cazuza, analisar-se-á as músicas Minha flor, meu bebê e Eu preciso dizer que eu te amo e com base na fortuna musical de Maysa, as canções, Ouça e Por causa de você. Verifica-se nesse estudo, que as facetas apresentadas nas composições compreendem sentimentos exacerbados que constituem um amor platônico e um sofrimento interminável. Um dos temas mais recorrentes nas composições é a melancolia – um sentimento que o psicanalista Sigmun Freud (1974), considera "A ausência que dói". Uma sensação de vazio, de auto-acusação, que resulta em uma apatia e negativismo constante. Analisa-se nas composições um sujeito poético que perde a vontade de viver e passa a dedicar-se ao ser amado – centro de sua vida. Na melancolia nada tem motivação, a vida torna-se opaca e os “dias nublados”. Enquanto do outro lado, está o amor que “aquece o inverno” com uma força persistente, mas que desenvolve na mente e no coração um relacionamento irreal, pois idealiza um ser inexistente, e assim, vive de falsas ilusões e alimenta possibilidades inalcançáveis. Dessa forma, valendo-se de uma análise poética das canções, depreende-se um sujeito lírico em busca de um sentimento outrora vivenciado, mas que no presente encontra-se perdido, e nessa incessante concretização amorosa, o eu vai se entristecendo e mergulhando em um profundo desespero. PALAVRAS-CHAVE: Música; Literatura; Eu poético. GÊNEROS MUSICAIS, THRASH METAL E MEMÓRIA: ROOTS E A POLIFONIA Robson Santos Costa (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) RESUMO: O Thrash Metal é um subgênero da música metal – termo utilizado de forma genérica para diversos estilos musicais derivados do rock que possuem características em comum – surgido nos últimos anos da década de 1970 e que veio a se popularizar em todo o mundo na década seguinte. O thrash metal pode ser compreendido como um gênero polifônico em sua essência, visto que seria, desde seu surgimento, uma mistura da sonoridade de bandas do movimento conhecido como New Wave of British Heavy Metal com a música Punk. Embora o metal seja um produto da indústria cultural de massas – mesmo surgindo à margem desta – que tenta conservar uma suposta autenticidade, ele se modifica constantemente, tanto no quesito de sonoridade, como na parte lírica e de vestuário. Essa constante mudança acarretou no surgimento de diversos outros subgênros ou modificações em um próprio subgênro como, por exemplo, a mistura com outros gêneros musicais “estranhos” à sonoridade metal. Em 1996 a banda brasileira de thrash metal Sepultura lançou um álbum intitulado Roots, no qual apresentava uma supostamente insólita mistura da sonoridade thrash metal com gêneros musicais brasileiros, africanos e indígenas. Trabalharemos com a noção da música como uma linguagem composta por diferentes gêneros que possuem especificidades que lhes são inerentes. Os gêneros serão compreendidos de acordo com a noção proposta por Mikhail Bakhtin que os compreendem como formas relativamente estáveis de enunciados criados socialmente por meio de uma tradição discursiva. Desse modo, pretendemos analisar no álbum Roots a polifonia e o dialogismo – entendidos, no sentindo bakhtiniano como as “vozes” presentes em um enunciado – presente na “interconexão” do gênero thrash metal com outros gêneros musicais, tanto no aspecto musical como lírico. Roots será tratado como um enunciado único que, concomitantemente ao fato de apresentar uma nova sonoridade, emana e reconstrói uma memória de diversos gêneros musicais. PALAVRAS-CHAVE: Thrash Metal; Discurso; Roots. O CHEIRO DO MATO NA MÚSICA E NA POESIA: REVERBERAÇÕES DO BUCÓLICO NO ROCK PARANAENSE Alex Ferraz (Univel) Laysmara Carneiro Edoardo (Unioeste ) RESUMO: O presente trabalho visa abordar o rock rural paranaense com base na construção da relação com o interior e a ode às raízes, procurando identificar aspectos que constroem a relação cidade e espaço rural, principalmente sobre as personagens que transitam sobre ambos os espaços e remetem, tanto nas letras quanto nas melodias, a um sentimento nostálgico e sereno. Relacionando expressões do arcadismo setecentista, da poesia mineira de Drummond e Adélia Prado, das expressões congêneres do Clube da Esquina, de Sá, Rodrix e Guarabira, Kleiton e Kledir, Vital Farias, Zé Ramalho, o rock e baião de Raul Seixas e a musicalidade caiçara de Renato Teixeira, junto a outras expressões de mesma matriz poética, buscaremos as peculiaridades e similitudes nas produções de João Lopes e do grupo Blindagem, buscando identificar elementos que promovem a elegia do bucólico e a perspectiva saudosista da vivência rústica, uma vez que são realizadas referências à saída do interior e à vida na cidade grande, em um movimento de memórias e sensações, seja quanto à estrada, ao pinhão, ao pé vermelho, aos espaços conhecidos ou a sujeitos que ficaram para trás, tendo como principal elemento de reflexão a diferença de tempo entre os dois universos. Cabe observar também que tal mote advém igualmente dos valores difundidos pelo movimento hippie e pelo folk, nas expressões de Jack Kerouac, Bob Dylan ou Simon & Garfunkel, por exemplo, que passam a ser interiorizados e assimilados à cultura local e agregam peculiaridades harmônicas e de linguagem. Por fim, caberá ainda apontar as possíveis expressões coetâneas do rock rural com a finalidade de identificar a manutenção ou não dos fundamentos constitutivos do gênero, bem como as possíveis referências temáticas ou estilísticas. PALAVRAS-CHAVE: rock rural; memória; literatura. THE DARK SIDE: QUANDO O LADO B É O LADO A Marina Ambrozio Galindo Rolim (Universidade Estadual de Londrina) RESUMO: Gravado no lendário Abbey Road Studio, The Dark Side of the Moon (1973) da banda britânica Pink Floyd, é um álbum inquietante do qual emergem temas relacionados ao homem, seu corpo e sua mente. Surpreendente pela novidade, Dark Side marcou a produção da banda ao utilizar efeitos sonoros gerados pela captação de diversas situações, como o tiquetaquear simultâneo de diversos relógios e uma pessoa correndo ao redor de um microfone, trazendo à tona temas mais pessoais, como a ganância e a loucura nas letras das músicas. Desde “Speak to me”, primeira faixa do playlist, até “Eclipse”, que encerra o disco, o ouvinte é conduzido por uma viagem ininterrupta, permeada por experiências sensoriais que o retiram do lugar de ouvinte passivo, e o colocam no lugar incômodo de quem se reconhece, por vezes, na poesia de cada letra. Considerado o mais importante e influente álbum de rock já gravado, Dark Side revela uma visão ampliada do universo e do homem, na qual a luz e a sombra coexistem harmonicamente, regendo tudo o que sob elas existe com a mesma força, a mesma influência e a mesma importância. Luz e sombra, belo e feio, bom e mau são dicotomias que inquietam o pensamento humano desde suas primeiras indagações. Destacamos, aqui, a discussão proposta por Santo Agostinho (354 – 430 d.C.) no Diálogo sobre a Ordem, para quem o mundo organiza-se pela Ordem na qual lados opostos existem simultaneamente e com a mesma significância pois tudo o que existe, existe porque e para que a Ordem exista. Sendo assim, este artigo realizará uma leitura da letra da música “Eclipse” a partir da filosofia agostiniana relacionando seus conteúdos e buscando compreender a produção artística sob o viés filosófico, valorizando e ampliando sua significação, dentro e fora do álbum que compõe. PALAVRAS-CHAVE: Pink Floyd; Santo Agostinho; Ordem. A PSICOLOGIA DA ARTE EM DIÁLOGO COM OS POETAS DO ROCK: UM ESTUDO POSSÍVEL Alexandre Collares Baiocchi (IFPR\Palmas) Dileuza Niebielski Baiocchi (Unioeste-Cascavel) RESUMO: O presente estudo se propõe a pesquisar a interlocução do campo da Psicologia da Arte com a música rock, enfocando especialmente a vertente poética do rock, ou seja, onde a música e a poética se entrelaçam, tanto em poetas e compositores brasileiros como Arnaldo Antunes, Renato Russo, Bernardo Vilhena, para citar apenas alguns exemplos, como em artistas de outros países como Jim Morrison e o dinamarquês Eik Skaloe. O campo da Psicologia da Arte possui seus postulados epistemológicos e ontológicos oriundos, principalmente, da Psicologia Social de Lev Vygotsky e a Psicologia da Forma (Gestalt), vertentes que enfocaremos no trabalho. A Psicologia da Gestalt possui propostas na análise da forma, da harmonia, ritmo, métrica e melodia tanto da composição musical quanto poética. Já as contribuições de Vygotsky, que possuem matriz no materialismo histórico e dialético, enfatizam o social e o cultural como constituinte do sujeito e a arte, sendo o gênero de música rock uma manifestação artística, é, por conseguinte, uma expressão do social. Portanto, o objetivo deste trabalho é também ressaltar a importância de muitas composições poéticas do rock e das possibilidades de relação destas na constituição das subjetividades dos sujeitos. Quanto á metodologia do estudo será utilizado o método de análise do discurso, a partir dos pressupostos de Mikhail Bakthin, pois as letras das músicas, os versos das composições e dos poemas, além da forma, são discursos, e discursos sociais compostos de sujeitos para outros sujeitos. Congruentes ao lócus interdisciplinar serão pesquisadas as contribuições de historiadores, sociólogos e antropólogos da música rock, como Tupã Gomes Correa e Valdir Montanari, brasileiros, e também internacionais como Sergio Pujol, Simon Frith, Paul Friedlander, Peter Wicke, entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Psicologia da Arte; Música Rock; Poéticas. DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS ENTRE OS MUTANTES E OS BEATLES Twigy Emanuela Nascimento Zerede (UEPG) Felipe Augusto Viera (UEPG) RESUMO: O período entre 1960 e 1970 pode ser considerado um divisor de águas nas questões socioculturais do mundo ocidental. O moralismo rígido estava sendo superado, as verdades absolutas do sonho americano já não empolgavam mais a nova geração. Não demoraria muito para que ideologias alternativas se proliferassem entre os jovens, e sua força motriz se faz vista nos movimentos artísticos. O espírito vanguardista dos anos 60 pode ser observado nos filmes de Robert Aldrich, na literatura de Jack Kerouac e nas músicas de Jimmy Hendrix e Os Beatles. Ecos dos vanguardismos europeu e americano chegaram ao Brasil através do movimento musical que conhecemos como Tropicália. Influenciado pela antropofagia literária dos anos 20 o movimento tropicalista foi o “start” para grandes artistas como: Gil, Caetano entre outros. Dentre os grupos brasileiros que mais refletiram a cultura Pop e Rock mundial foi sem dúvida Os Mutantes. O estilo psicodélico com fortes influências dos Beatles foi decisivo para sua inserção no cenário nacional, além disso, o grupo brasileiro foi um dos primeiros a buscar influências não só do Rock internacional, mas também dos elementos da música e da cultura brasileira. A influência dos Beatles sobre os Mutantes gerou inúmeras controvérsias no decorrer da carreira da banda, e por vezes Os Mutantes foram acusados de plagiar canções do quarteto britânico. No entanto, até o momento, poucos, de fato, se arriscaram a mostrar tais ocorrências em obras dos Mutantes. O trabalho aqui proposto busca trazer a tona materiais musicais das canções dos Mutantes que podem ter conexões expressas com músicas dos Beatles. Para isso serão utilizadas duas frentes de trabalho: a busca por materiais sonoros que serão elucidados através de recursos analíticomusicais (análise harmônica, Melódica e Rítmica); e fazer as conexões entre as canções propostas através da teoria da Intertextualidade. A teoria Intertextual, sistematizada por Julia Kristeva, pode nos trazer respostas satisfatórias em relação ao intercâmbio de discursos musicais entre os Beatles e os Mutantes. A teoria de Kristeva afirma que todo “texto” é intertextual pelo simples fato de que todos os escritores, artistas, ou bandas estão de alguma forma dialogando com sua própria geração. Obviamente materiais sonoros de uma banda podem aparecer em outras canções do mesmo período. Sendo assim, o plágio é deixado de lado podendo então se falar em intertextualidade. Isso nos ajudará a encontrar formas de citações, paráfrases, ou alusões de canções dos Beatles em músicas dos Mutantes. PALAVRAS-CHAVE: Os Mutantes; Análise; Intertextualidade. A DISSEMINAÇÃO DA ARTE NO MELOPOEMA “THE END” DE JAMES DOUGLAS MORRISON Wellington Stefaniu (UNICENTRO) RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo realiar um estudo do poema/música “The End” de James Douglas Morrison (Jim Morrison), com o intuito de analisar as vertentes determinantes na sua composição. Para tanto, tomaremos esta música como um poema e o investigaremos tendo por base teórica os conhecimentos no campo da Psicanálise, da Teoria da Literatura e da Simbologia. Nossos objetivos estarão centrados em desvendar os enigmas propostos pelo autor na referida obra, analisando seus elementos simbólicos, levando em conta fatores como o determinado momento em que foi escrito, publicado e cantado e ainda a influência que a obra “Édipo Rei” do dramaturgo grego Sófocles exerceu na composição do mesmo. Consideraremos também o estilo poético do autor, o qual beirava ao modernismo, sendo totalmente rebelde e desafiador, em um mundo cristão e conservador, atormentado por guerras civis, mundiais e disputas pelo poder, que por sua vez, faziam com que os jovens da época se opusessem ainda mais às políticas vigentes e defendessem bandeiras nas quais a paz, o amor e a liberdade (sobretudo a liberdade de expressão) eram pregados com ardor e vividos como filosofias de vida. Tentaremos nos aproximar de uma interpretação aprofundada sobre os possíveis pensamentos que inspiraram James Douglas Morrison ao publicar e cantar um poema tão polêmico e desafiador para a época, buscando sentido em seus significantes para mostrar seus inúmeros significados, trazendo à tona os ideais filosóficos do autor, relacionando a isso as vertentes literárias presentes no referido poema, tentando demonstrar, sempre com clareza, as resoluções mais aceitáveis para a interpretação da obra aqui discutida. PALAVRAS-CHAVE: Jim Morrison; Teoria Literária; simbologia. A LÍRICA ENGENHEIRIANA SEGUNDO CAMÕES Karine Ramos da Rocha (Universidade Federal do Pará) RESUMO: O presente trabalho busca analisar as músicas Pra ser sincero e 3x4 pertencentes à banda brasileira de rock alternativo Engenheiros do Hawaii, levando em consideração alguns elementos pertinentes a lírica camoniana. Enfatizaremos o ideário neoplatonizante recorrente nos temas do amor e desconcerto do mundo em ambas. A escolha deste objeto se deve a expressão poética presente nas canções. O estudo deste visa, a princípio, uma retomada a temática amorosa, em que observaremos a evocação do ser amado e expressão do desabafo com que se desenvolvem os estados de espírito, as emoções, lembranças, desejos, contradições, entre outros. Logo, apresentaremos nesta análise o desconcerto do mundo proposto por Camões, em que a racionalidade provém de um sentimento inatingível. Por fim, abordaremos a ideia de neoplatonismo, que representa o amor divinizado presente nas canções, em que o sentimento de alma é mais importante do que o sentimento físico. Para Camões, o amor verdadeiro não se concretiza na terra e só quem sente este amor espiritual sem toque, puro em sua essência a concretizará e continuará a desfrutá-lo na eternidade (transcendente). Assim, observamos a riqueza poética descrita no Rock em Engenheiros, para que este haja o reconhecimento poético através de elementos constitutivos na poesia de Camões. PALAVRAS-CHAVE: Camões; Engenheiros do Hawaii; Rock. JONI MITCHELL, PRISIONEIRA DA MÚSICA E DA ESTRADA: UMA ANÁLISE FILSOSÓFICA DE HEJIRA Raquel A. Cesar Silva (Universidade de Passo Fundo) Marcos Moraes (Universidade de Passo Fundo) RESUMO: Partindo do questionamento básico acerca do que transforma um músico, ou um conjunto deles, em legítimos representantes do gênero musical que se habituou chamar de rock and roll, o trabalho que aqui se apresenta pretende desvendar parte da trajetória artística de Joni Mitchell, tomando como corpus de análise o álbum Hejira, lançado pela cantora e compositora canadense em 1976. Mitchell apareceu pela primeira vez no cenário musical como uma artista de folk music e assim permaneceu até o lançamento de Court and Spark (1974), no qual misturou tendências e gêneros num trabalho mais evidentemente inclinado ao jazz do que os anteriores jamais haviam sido, e que acabou por conquistar imenso sucesso de público. Não obstante, ao longo de quarenta anos de atividades como produtora, compositora e intérprete, Mitchell é sempre lembrada como um dos grandes nomes do rock, tendo sua obra constantemente citada ou revisitada em obras contemporâneas do gênero. A complexidade lírica e o teor confessional de suas letras encontram-se sintetizados nas nove faixas que compõem o álbum Hejira, no qual a voz poética da compositora descreve elipses em torno das jornadas – físicas e metafísicas – que marcaram sua trajetória autoral. Tomando como base teórica a obra Por uma filosofia do ato, de Mikhail Bakhtin, este estudo pretende analisar a maneira como a necessidade de evasão e mobilidade, bem como a busca por uma liberdade híbrida – misto de desejo de partir e anseio de voltar –, são características que conferem à música e à postura artística de Joni Mitchell universalidade e perenidade. PALAVRAS-CHAVE: Jornada; Liberdade; Joni Mitchell. A POÉTICA DO TERROR EM THE TERROR (2013), DO FLAMING LIPS Luis Eduardo Veloso Garcia (Universidade Estadual de Londrina) RESUMO: Pretendemos neste trabalho construir algumas interpretações do significado conceitual do terror dentro das canções do disco The Terror (2013), do grupo de rock americano Flaming Lips. Definido segundo o Dicionário Aurélio como um “estado de grande pavor”, um “grande medo ou susto”, o terror se apresenta como uma importante variante poética que complementa qualquer segmento das artes em geral. No rock, podemos encontrálo através de diversas variações que este símbolo carrega da literatura, seja pela sua origem gótica em nomes como H. P. Lovecraft ou Edgar Allan Poe com a influente “literatura de horror” (que refletirá diretamente em bandas como Black Sabbath e seus sucessores), ou até mesmo pelos caminhos dos escritores que refletiam sua condição de incômodo diante do mundo que o cercavam como Rimbaud ou Albert Camus (que encontra espaço no rock progressivo, principalmente nos trabalhos conceituais de bandas como o Pink Floyd ou The Who), reafirmando em ambos os casos, o confronto com o desconhecido, matéria inerente do insólito literário cujos textos teóricos de Zvetan Todorov e David Roas conseguem definir precisamente. A análise que buscaremos apresentar parte, então, do apontamento das ideias que compreendem tanto a atmosfera criada sonoramente pela banda quanto os caminhos poéticos explorados em suas letras, pois é clara a preocupação do Flaming Lips em construir uma obra da qual a sensação de desconforto e desespero é a chave para seu entendimento. Portanto, mais do que um grande disco de rock, veremos aqui em The Terror o importante papel que este gênero musical pode ter para conceitualizar símbolos tão fortes como o terror em seu processo artístico mais bruto. PALAVRAS-CHAVE: Terror; Flaming Lips; The Terror. ROCK DE CONTESTAÇÃO, ROCK COMO PRODUTO Carlos Rogerio Duarte Barreiros (USP) RESUMO: Ao longo do século XX, o rock esteve alinhado, em diversas passagens de sua história, a movimentos de contestação às injustiças sociais, à lógica de mercado e ao próprio modo de produção capitalista como um todo. Não se pode afirmar, entretanto, que esse gênero de canção se distancie pela contribuição que teve na própria formação da indústria cultural fonográfica, do caráter de produto que lhe é intrínseco, homogeneizado pelas ideologias e delineado por elas, na contramão da própria crítica que eventualmente possa ter veiculado. A análise dessa contradição por meio de canções marcantes da história do rock brasileiro – especialmente dos Mutantes e de Raul Seixas, além de bandas da década de 80 e de outras mais recentes, diretamente associadas ao momento atual da música brasileira como um todo, a chamada música independente – será engendrada de modo a levantar e avaliar alternativas formais apresentadas pelos compositores para aprofundar a feição crítica do rock como gênero de canção. No caso brasileiro específico, o rock nacional, mais aceito e divulgado entre as classes médias, apropriou-se, desde o nascedouro, do caráter engajado de que outras artes, especialmente a literatura, já estavam investidas – mas esteve sempre na iminência do que se poderia chamar de cooptação estética que lhe foi impressa pela dinâmica interna da indústria cultural fonográfica até a última década do século XX. É somente com o recrudescimento da internet que se radicaliza a potencialidade, ainda longe de ser profundamente explorada, de ampliação do mercado médio de música – que abrigaria propostas estéticas e políticas mais contestatórias, para além da padronização do mercado padrão – como espaço de produção, cada vez mais insistente, de obras de crítica e repúdio à arte como mercadoria. PALAVRAS-CHAVE: rock brasileiro; música independente; indústria cultural. “OS BRANQUELOS DO FIM DO MAPA”: HUMBERTO GESSINGER E A AFIRMAÇÃO DE UMA IDENTIDADE GAÚCHA Gustavo Balbueno de Almeida (Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul) RESUMO: O texto pretende analisar a obra do compositor gaúcho Humberto Gessinger, líder da banda Engenheiros do Hawaii, mostrando a relação ambígua que o autor tem com Porto Alegre – sua cidade natal -, assim como as considerações sobre sua identidade gaúcha, e a constante busca por afirmá-la no decorrer de sua obra. Para a realização da pesquisa, utilizamos sua obra musical (os discos produzidos com o autor com os Engenheiros do Hawaii) entre os anos de 1986 e 2007, lembrando que a obra musical não pode ser vista apenas a partir da letra da canção, mas como uma junção entre a letra, melodia, harmonia e ritmo. Além disso, no caso específico da banda Engenheiros do Hawaii, as capas dos álbuns assumem um caráter muito importante se a inserirmos na busca de Gessinger pela identidade gaúcha, ao que procuraremos mostrar como a análise das capas podem ser importantes fontes de auxílio para a análise das canções. Será usada como fonte, também, o Livro “Pra ser sincero – 123 variações sobre o mesmo tema”, espécie de autobiografia escrita pelo autor e lançada em 2010, e na qual é possível obter informações complementares às canções. PALAVRAS-CHAVE: Humberto Gessinger; Música; Identidade. BANCO DEL MUTUO SOCCORSO: TRANSPOSIÇÃO DA TEORIA DA EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES PARA O ROCK PROGRESSIVO Antonio Marcio Ataide (USP – Unioeste) RESUMO: Esta comunicação objetiva apresentar e analisar o segundo álbum da banda Banco del mutuo soccorso, uma das maiores expoentes do rico – e desconhecido – cenário do rock progressivo italiano dos anos 70 do século XX. Formado no fim dos anos 60, o grupo liderado por Vittorio Nocenzi (tecladista e vocalista) começa a ganhar o público italiano no início da década seguinte, após vencer alguns concursos para novas bandas de rock na capital italiana, seja com o lançamento de seu primeiro álbum (Banco del mutuo soccorso), em 1972, obra grandemente influenciada pelo progressivo vindo da Inglaterra (mas os elementos musicais tipicamente italianos não estão ausentes), seja pelo concept album lançado em fins do mesmo ano: Darwin!, obra mais expressiva da banda romana. Como o próprio título sugere, esse disco estabelece um diálogo poético com o grande naturalista inglês e sua obra que trata da teoria da evolução das espécies, vertendo, em linguagem musical, uma espécie de tradução intersemiótica entre dois códigos, diversos conceitos e ideias das teses de Charles Darwin. Os títulos e as letras desenvolvem temas como a evolução do planeta e dos seres vivos, o domínio dos grandes répteis e a conquista da posição ereta pelo homo sapiens, além de ampliarem as experiências poético-musicais reportando-as a assuntos relacionados à cultura, como o trabalho cooperativo entre humanos, a sublimação lírica do amor carnal, e as conturbadas relações com a História e com o Tempo, acompanhadas de arranjos comuns ao cenário progressivo da época, como a forte presença dos sintetizadores, enriquecida com elementos da grande tradição musical italiana, como o canto lírico, harmonias tipicamente mediterrâneas e instrumentos barrocos. PALAVRAS-CHAVE: Rock Progressivo Italiano; Banco de mutuo soccorso; Darwin!. VASCO ROSSI: PRAZER EM CONHECÊ-LO? Jocimar Bertelli (Unioeste) RESUMO: A presente comunicação pretende apresentar o autor e cantor de rock italiano Vasco Rossi (1952), atuante na península italiana desde os anos setenta até os dias atuais. Desde seu disco de estreia em 1978 (Ma che cosa vuoi che sia una canzone) até as últimas produções (Vivere o niente, 2011; L’altra metà del cielo, 2012), Vasco sempre se mostrou um artista irônico e contestador, tanto que se auto denomina um provocautore (neologismo criado a partir da fusão entre as palavras autor e provocador), ou seja, um compositor que busca levar seu público a não ser mero fruidor de suas músicas, incitando-os a tornarem-se sujeitos capazes de pensar, criticamente, sobre os diversos temas de suas canções. Artista de enorme sucesso na Itália, suas tournées registram recordes de público, lotando grandes estádios como o San Siro de Milão, o Olimpico de Roma ou o San Paolo de Nápoles, além de grandes arenas por todo o país. A partir do livro Diario di bordo, publicado em 1995, buscaremos delinear os principais traços da escrita de Vasco Rossi, como o engajamento, o protesto, sua peculiar forma de lidar com o amor, comparando e analisando sua produção estritamente poética com as letras de suas músicas. PALAVRAS-CHAVE: Vasco Rossi; Rock italiano; poética. BECK, OU COMO SOAR ESTRANHO Matias Corbett Garcez (Universidade Federal de Santa Catarina) RESUMO: Sabe-se que o músico norte-americano Beck é um artista ousado e experimental, mas ao mesmo tempo pop. Seus díspares trabalhos, quase todos com sucessos em paradas musicais, atestam o feito inesperado. Mas o que transforma Beck em um artista ao mesmo tempo vendável, em termos de mercado, e experimental e vanguardista, em termos musicais? Em outras palavras, o que faz dele um artista estranho? Em um de seus poemas John Cage nos diz: “compose not to express, but to change myself”. (Compor não para me expressar, mas para me modificar). As músicas de Beck não falam algo sobre ele, as músicas são ele. Escutar Beck é estar aberto a novos sons, à confusão sensorial. Discorrer sobre Beck é mais um exercício de pegar o verbo certo do que ter que escolher um adjetivo. Beck é mais sobre o que passa pelo corpo do artista que está a cantar e o que isso provoca em nós que escutamos, do que qualquer outra coisa. Escuta-lo é entrar no processo de erotização da escuta – de que fala Roland Barthes – onde o clímax da escuta se manifesta com a perda do ‘sujeito’ do ouvinte. Escutar Beck é uma perda de costumes, preconceitos e classificações e, também, a aceitação do extraordinário, a abdicação de escutar algo previsível, é o entrar em um terreno ainda pouco explorado, que é o da música estranha. Vale lembrar que este processo em constante movimento, sempre além de qualquer simples definição que é Beck continua com produção ativa até os dias atuais; esses dias de loucuras, extravagâncias e cada vez mais limites sendo ultrapassados em termos sociais, psicológicos e culturais. Esta pesquisa discute a poética dos discos e de músicas especificas de Beck ao longo de sua carreira, e como tais poéticas revelam certa estranheza em sua obra. PALAVRAS-CHAVE: Estranhamento; Sonoridades; Transmutações. CAN YOU TELL ME WHERE MY COUNTRY LIES?: GENESIS E O FOLCLORE BRITÂNICO José Otaviano da Mata Machado Silva (Faculdade de Letras – UFMG) RESUMO: Esse artigo trata das relações entre o conjunto britânico de rock progressivo dos anos 1970 Genesis e elementos da tradição e do folclore britânico. O rock progressivo, no momento de seu surgimento no final da década de 1960, se configurou enquanto um gênero essencialmente britânico. Tanto as influências musicais quanto o imaginário tradicional anglogermânico serviram para dar forma para o que foi entendido como “rock progressivo” num primeiro momento. Uma das bandas que melhor ilustram essa tendência de diálogo com a tradição inglesa é o Genesis. Esse trabalho busca explorar as relações entre diversos elementos do folclore britânico e identificar sua influência na obra do Genesis, em especial nas letras e performances ao vivo de Peter Gabriel, vocalista do grupo. Com o objetivo de limitar o escopo do estudo, o trabalho vai focar centralmente em duas expressões do folclore britânico, os “nursery rhymes” e os “mummer's play”. Os “nursery rhymes” britânicos são tradicionais poemas infantis que se popularizaram principalmente a partir do século XIX na Inglaterra e subsequentemente nos Estados Unidos. Eram usados tanto pedagogicamente quanto para entreter e distrair as crianças e até hoje estão presentes no imaginário anglófono. Os “mummer's play”, por sua vez, são pequenas peças folclóricas de teatro de rua, presentes a partir do século XVIII, que tratavam especialmente dos temas da ressurreição e da dualidade. O presente trabalho apresentará um apanhado da fortuna crítica e acúmulo teórico sobre esses gêneros (e alguns outros exemplos do folclore britânico) e os relacionará com a produção artística (musical, teatral e visual) do Genesis de 1971 a 1975. PALAVRAS-CHAVE: Folclore britânico; rock progressivo; “nursery rhyme”. 1965 (DUAS TRIBOS) – BRASIL, O PAÍS DO FUTURO! A TRUCULÊNCIA DO REGIME MILITAR FORMANDO DUAS TRIBOS NA SELVA URBANA BRASILEIRA. ANÁLISE DA LETRA DE RENATO RUSSO Anderson Olympio Umbelino de Lima (Universidade Federal de Mato Grosso) RESUMO: O presente artigo faz análise minuciosa da música e letra “1965 (Duas Tribos)” de Renato Russo, lançada pelo grupo Legião Urbana em 1989 no álbum “As Quatro Estações”. Se valendo de uma precisão no jogo de palavras, Renato Russo, na letra da canção, desenha toda uma crítica ao regime militar brasileiro iniciado no Golpe de 1964. Nessa canção ele fala do período mais radial do regime, da formação do AI -2 onde a ditadura se institucionalizava e dividia a população: os apoiadores do regime X oponentes. O bem contra o mal, formando as duas tribos do título da canção. Com muitas metáforas, a letra trás substantivos que aparentemente trabalha o imaginário das pessoas, às vezes com direcionamento infantil, citando personagens de desenho, brinquedos, estações do ano, flores, otimismo. Mas implicitamente, revelando a metáfora, ele trata o contexto político do período, com seu discurso ufanista sobre o futuro do país. O andamento musical acelerado com influência de punk rock, usando guitarra distorcida, bateria pulsante e vocal agressivo, acentua a intenção de contestação proposta na letra. O objetivo da pesquisa é desvendar esse momento político brasileiro proposto por Renato Russo na letra da canção e relacionar com autores como Heloísa Buarque de Hollanda e Roberto Schwarz que, em seus respectivos estudos, relatam o período Militar no país e o impacto junto às produções artísticas do período. A metodologia aplicada é a pesquisa bibliográfica e discográfica. PALAVRAS-CHAVE: Renato Russo; rock brasileiro; regime militar. UM CALAFRIO DE DELEITE EM MARILYN MANSON: A FILOSOFIA DO BELO HORRÍVEL Alessandra Navarro Fernandes (Universidade Estadual de Londrina) RESUMO: A concepção do belo nas artes vem sendo transformada desde o advento das estéticas que se opõem à ideia do clássico – o correto nas proporções, harmonioso porque equilibrado, verdadeiro porque aliado ao bem, ao didático e à moral – propondo uma reavaliação daquilo que causa deleite aos sentidos. A própria noção de um belo despertado pela sensação e não somente pela ideia pré-concebida tem um trajeto histórico-cultural que rompe com a maneira canônica de se perceber o mundo – aquela a estabelecer as regras do bom gosto, a postular um conhecimento humanista antropocêntrico e valorizador do homem e da divindade à sua semelhança. A ruptura intensifica-se nas estéticas do século XVII que desassimilam a percepção do equilíbrio das coisas mediante o novo valor da ciência, das filosofias que se desejam racionalistas e das mudanças nas relações sociais e econômicas que balançam os valores da cultura aristocrática diante da inserção de novas escolas e regras do gosto. Vítor Manuel de Aguiar e Silva observa um caráter de assombro geral neste momento histórico: o homem que se sabe ínfimo em meio ao cosmos gigante, a fé, tingida pelo cabedal teórico da razão, lotada de indagações e um fascínio estético pelo horror, em que se misturam os sentidos e os contrários. No século XIX tais aspectos tornam-se mais do que relativização: tornam-se sensibilidade, aspergindo-se como gosto e como a própria vida. É a cultura do belohorrível fundamentando a beleza dos aspectos ditos “negativos”: a feiura, a enfermidade, o grotesco, o macabro, o satânico e o ambíguo. Aspectos que adentraram como sensibilidade no século XX, encontrando no rock a plenitude: um espaço onde dizer, viver, tornar público e tornar identidade tal ideário. Marilyn Manson é uma das realizações artísticas mais completas desse ideal, no que se refere à voz, aos efeitos sonoros, à imagem e à atitude da banda. Este trabalho pretende analisar alguns aspectos da filosofia do belo-horrível na referida banda, a partir do trajeto histórico do gosto, acima exposto. PALAVRAS-CHAVE: filosofia; estética; Marilyn Manson. LUIS ALBERTO SPINETTA: EL PRIMER LOCO DEL ROCK EN ARGENTINA Juan Ignacio Jalif (UBA - IDAES-UNSAM) RESUMO: En el libro “Van Gogh el suicidado por la sociedad”, Antonin Artaud nos interpela: “¿Qué se entiende por alienado? Es un hombre que prefiere volverse loco -en el sentido social de la palabra- antes que traicionar una idea superior del honor humano. Por esa razón la sociedad amordaza en los asilos a todos aquellos de los que quiere desembarazarse o protegerse, por haber rehusado convertirse en cómplices de ciertas inmensas porquerías. Pues un alienado es en realidad un hombre al que la sociedad se niega a escuchar, y al que quiere impedir que exprese determinadas verdades insoportables”. Luis Alberto Spinetta, el Flaco, poeta y músico del rock argentino, se propuso a lo largo de su carrera a negarse a no ser escuchado, no quiso que lo amordazaran y se resistió con sus mejores armas: sus letras, sus canciones. En este trabajo, nos proponemos analizar la locura manifiesta del Flaco a partir de un texto de su autoría a principios de la década del setenta; texto que puede leerse en términos de una denuncia escrita. A su vez, buscaremos conectar dicho texto-escrito con el texto-disco Artaud para caracterizar la singularidad y la vanguardia en la poética de Spinetta. Para esta tarea apelaremos a la utilización de diferentes recursos, técnicas y herramientas del análisis semiológico. En este conjunto de enunciados se establecen líneas de contacto con discursos que lo precedieron como así también discursos destinados. Entendemos que el texto-objeto de análisis es sólo una parte de una totalidad discursiva mucho más compleja que abarca las lecturas del músico de la obra del poeta francés, la composición-produccióngrabación del disco, la escritura del manifiesto, la presentación en vivo y su entorno, las gramáticas de reconocimiento, etc. PALAVRAS-CHAVE: discursos; poesía; locura. ROCKET TO RUSSIA (RAMONES, 1977): QUE “FOGUETE” ÉSSE? Ravel Giordano Paz RESUMO: Álbum preferido de muitos fãs dos Ramones, Rocket to Russia contém ‘clássicos’ como “Sheena is a punk rocker”, “I don’t care”, “Teenage lobotomy” e as versões da banda de punk rock californiana para “Surfin’ bird” (criada e gravada originalmente pela banda The Trashman) e “Do you wanna dance?” (de Bob Freeman). Aparentemente, nenhuma unidade temática conjuga essas e outras canções, algumas marcadas pelo teor visceralmente crítico e outras abertamente festivas. Entretanto, a ideia de um artefato com determinado destino contida no título do álbum sugere outra possibilidade: que, em sua diversidade e, mesmo, suposta contraditoriedade temática, Rocket to Russia possa ser ‘lido’ como um painel da realidade e das tensões políticas e sociais de meados da década de 70. É essa hipótese que sustentamos neste trabalho, situando cada uma das canções do álbum no interior desse ‘painel’, cujo fundo ideológico – aliás, estético-ideológico, na medida em que as próprias ‘concepções punk’ de mundo estão em seu cerne – pode se revelar muito menos contraditório do que parece a princípio. Na base dessa discussão está o postulado de autores como Walter Benjamin e Fredric Jameson quanto à indissociabilidade, consciente ou inconsciente, entre arte e política. PALAVRAS-CHAVE: Ramones; Rocket to Russia; Arte e Política. A POÉTICA DO FUNERAL DOOM METAL Ederson Vertuan (Universidade Estadual de Londrina) RESUMO: O propósito desta investigação é determinar quais técnicas sonoras o gênero funeral doom metal utiliza e como elas são tratadas a fim de transformar poesia fúnebre em “som” fúnebre. A hipótese é a de que o desenho sonoro do gênero funeral doom metal possa ser compreendido e interpretado segundo os critérios da poética, cujos elementos como ritmo e melodia podem ser identificados de maneira “traduzida” da poesia escrita para o som de instrumentos musicais. PALAVRAS-CHAVE: Poética; Desenho Sonoro; Funeral Doom Metal. O DNA DO ROCK: UM ESTUDO SOBRE CROSS RHYTMHS Fernando Nicknich Jorge Falcón RESUMO: Este trabalho mostra parte de uma pesquisa em andamento sobre rock, e neste caso trabalha com “cross-rhythms” dentro do gênero rock, e mais especificamente dentro de um recorte da produção de grandes bandas inglesas e norte-americanas entre 1970 e 1980. Como introdução se apresentam as características gerais do estilo rock. Em seguida se consideram essas características musicais como resultante da transculturação da corrente imigrante colonizadora na América do Norte, que levaram a música religiosa anglicana, com as manifestações musicais dos povos africanos da região subsaariana próxima ao Oceano Atlântico, trazidos entre os séculos XVI e XVIII. Seguidamente define-se “cross-rhythms” e se analisam exemplos de bandas importantes do estilo rock/heavy metal como Kiss, Van Halen, Led Zeppelin, Iron Maiden, Deep Purple, AC/DC, Black Sabbath, Joe Jackson e outros. Oferecem-se explicações técnicas sobre os modelos estudados, utilizando-se como amostragem as estruturas rítmicas sobre compasso 4/4, sendo sugerido que este modelo pode ser adaptado para outras estruturas rítmicas. Utilizar-se-á o conceito de acentos fenomenológicos, estruturais e métricos de Lerdahl e Jackendoff (1987, 17) aplicados a estruturas fraseológicas características do estilo chamadas de riffs. PALAVRAS-CHAVE: Cross-rhythms; estruturas rítmicas; riffs. “HURRICANE” E “FAROESTE CABOCLO”: UM ESTUDO DA ESTRUTURA NARRATIVA DE DUAS CANÇÕES DE SUCESSO DO ROCK Marli Rosa (Fulbright Scholar-In-Residence (SIR) at University of Montevallo, USA - UNICAMP) RESUMO: O presente trabalho consiste de uma análise comparativa e interdisciplinar de aspectos sócio-históricos, musicais e linguísticos da estrutura narrativa de “Hurricane” (Bob Dylan) e “Faroeste Caboclo” (Renato Russo). Compostas nos anos 1970, tais canções possuem como característica marcante o fato de terem sido grandes sucessos populares, apesar de extrapolarem o tempo de três minutos de gravação, característica padronizada pela indústria fonográfica para a canção de massa. Em seu estudo clássico O narrador, Walter Benjamin afirma enfaticamente que a narrativa é um gênero em extinção, pois ela exige um tempo muito diferente daquele vivido nas sociedades capitalistas: o da troca da experiência humana entre o narrador e seus ouvintes. Apesar dessa visão pessimista, ainda é possível encontrarmos reminiscências de narrativas na sociedade atual, o que será demonstrado nessa comunicação. Gravada em 1975, “Hurricane” apresenta a história do encarceramento do lutador americano de boxe Rubin Carter. Acusado de triplo assassinato, em 1967 Carter foi julgado culpado e sentenciado à prisão perpétua, porém afirmava que tinha sido acusado injustamente, vítima de preconceito racial. Composta por Renato Russo em 1979 e gravada em LP somente em 1987 por pressão da gravadora, “Faroeste Caboclo” é fruto do desejo de construir uma narrativa tendo “Hurricane” como inspiração. Mas, ao contrário do que afirmou o próprio Renato Russo sobre sua famosa composição, mesmo com essa referência musical em mente, a análise aqui proposta aponta mais diferenças do que semelhanças entre essas duas canções. Polêmico, o presente trabalho visa responder as seguintes indagações: o que essa narrativa de Dylan trouxe de tão especial para ter marcado tanto Renato Russo, a ponto de o compositor brasileiro desejar também fazer “a sua ‘Hurricane’”? Que semelhanças e diferenças existem na construção dessas duas narrativas? O que elas nos dizem sobre duas terras tão diversas, no caso, Brasil e Estados Unidos? PALAVRAS-CHAVE: Bob Dylan; Renato Russo; narrativas do rock. Simpósio temático Rock e Cinema Estudos comparativos que abordam relações homológicas, históricas, de procedimentos artísticos, dentre outros aspectos, entre esses dois códigos de expressão. CINEMA E ROCK: UMA ANÁLISE DOS USOS DA IMAGEM DOCUMENTAL PARA A ESTÉTICA DO VIDEOCLIPE EM CHIARASCOPE DE RICARDO SPENCER Caroline Govari Nunes (Universidade Federal de Santa Maria) Cássio dos Santos Tomaim (Universidade Federal de Santa Maria) RESUMO: Este artigo visa abordar a relação entre música e expressão audiovisual no DVDColetânea Chiaroscope, da cantora e compositora Pitty, que conta com direção, edição e roteiro do cineasta Ricardo Spencer. Nos interessa compreender a comunhão entre rock’n’roll e cinema por meio de um estudo analítico dos diferentes formatos e conceitos que o realizador dá ao tema e à cantora, aqui transformada em personagem, assim como os usos da imagem documental como variação estética para o formato videoclipe. Chiaroscope, que foi lançado em 2009 e intitulado pelo realizador e pela banda como um Home Movie, apresenta tratamentos estéticos distintos em cada uma das 11 músicas que compõem o produto audiovisual, exibindo cada faixa com fotografia singular e uma “vestimenta” visual adequada para traduzir a essência das músicas em questão. O caminho metodológico que percorremos durante este artigo engloba entrevistas com Ricardo Spencer e Pitty, análise do produto audiovisual Chiaroscope, além de ampla pesquisa bibliográfica sobre cinema documentário, vídeos experimentais, videoclipe, música no cinema e rock’n’roll. Neste trabalho, identificamos a construção e, posteriormente, a quebra de alguns conceitos e da narrativa clássica vista até então nos produtos audiovisuais da própria Pitty e de outros músicos brasileiros, resultando em vídeos carregados de características subjetivas e experimentais, contribuindo de forma inovadora para o cenário contemporâneo do videoclipe brasileiro. O uso da imagem documental no videoclipe, intercalando bastidores das gravações e cenas cotidianas dos músicos, visa um realismo estético particular do documentário do Cinema Direto, o que contribui para tornar mais familiar a relação da banda com os seus fãs. Por outro lado, os videoclipes não se resumem a um tratamento objetivo das imagens, mas procuram adequar e manusear as imagens documentais conforme os sentidos musicais de cada canção. PALAVRAS-CHAVE: Pitty; Ricardo Spencer; cinema experimental. “YOU´RE SO FUCKIN´HIGH, MAN”: A REPRESENTAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS ILEGAIS NOS FILMES DOS MÚSICOS CHEECH & CHONG Ana Beatriz Biassio Carneiro (UEPG) Roberto Luiz Pocai Filho (UEPG) RESUMO: Além de formar uma banda de Rock n' Roll, Cheech & Chong são conhecidos como uma dupla de comediantes que participa de filmes de humor desde a década de 1970. Utilizando um visual “hippie”, atuam como usuários de várias substâncias entorpecentes ilegais no país onde vivem, os Estados Unidos. Entre essas estão a maconha, o LSD, a cocaína, entre outras. A dupla ficou conhecida por estrelar filmes como “Queimando tudo”, “Cheech & Chong atacam novamente”, “Ainda doidões”, “Os irmãos Corsos”, entre outros. Entre suas músicas se destacam “Up in smoke”, “Lowrider”, “Earache my eye”, “Santa Claus And His Old Lady”. Este artigo tem por finalidade discutir a forma como essas substâncias entorpecentes consideradas ilegais são apresentadas, abordadas e utilizadas nos filmes de Cheech & Chong. Ao problematizar tal discussão, o artigo abre oportunidade de observarmos diversas representações não somente sobre essas substâncias, mas também sobre o contexto onde estão inseridas, suas formas de uso pelos jovens, sua ligação com a música e a sexualidade, sua abordagem por parte da população estadunidense, sua legalização e as ideias que rondam tal tema. Torna-se interessante colocar a proibição do uso desses entorpecentes como algo construído pelas instituições legais estadunidenses. Nesse sentido, a representação das substâncias entorpecentes de forma humorística nos filmes e nas músicas de Cheech & Chong deve ser vista como atuante no senso crítico da população. Para possibilitar tal problematização, o artigo utiliza a metodologia de análise do conteúdo do discurso proposta por Laurence Bardin, recortando das fontes palavras centrais ou frequentemente citadas nos filmes e procurando nelas seu significado para o contexto onde atuam. PALAVRAS-CHAVE: Cheech & Chong; Estados Unidos; substâncias entorpecentes; década de 1970. CINEMA, MÚSICA E HISTÓRIA: IMAGENS, SÍMBOLOS E PAISAGEM SONORA NO FILME PINK FLOYD THE WALL José Aparicio da Silva (IFPR) Rafael Augusto Michelato (IFPR) RESUMO: A aprendizagem de tópicos históricos e musicais em sala pode ser, vez ou outra, pensada de forma integrada para o educando perceber que a produção cultural não se dissocia do processo histórico. Afim de didatizar essa relação, propusemos a exibição de alguns filmes musicais com grupos de alunos do Ensino Médio em oficinas de música, cinema e história. O emprego de obras fílmicas como recurso didático auxilia na absorção de conteúdos curriculares, permitindo ao aluno descobrir novas formas de compreender uma dada informação. O filme aparece como alternativa atraente e motivadora, porém para isso, o filme não pode ser apenas ilustrativo ou ocupacional ao professor, mas sim, essas oficinas audiovisuais devem proporcionar espaço-tempo de construção crítica e reflexiva e de apropriação da música e da história que enredam contextualmente a obra. Numa proposta de interação ente rock, cinema e história, esta pesquisa trata de uma análise do filme Pink Floyd The Wall do diretor Alan Parker de 1982, tendo como base as categorias: família, educação, mulher, guerra e política. Tais categorias de análise são resultantes da utilização do referido filme musical como recurso didático nas aulas conjuntas das disciplinas de História e Música. Através das imagens, símbolos e da paisagem sonora presente no filme, explicitamos em sala a contextualização de dois tempos entre a infância (período imediatamente pós-segunda guerra mundial) e o auge do sucesso do personagem (início dos anos 1980, antecedente ao fim da guerra fria), e ainda, destacamos a ilustração da memória em flash back do protagonista como um complemento audível de seu estado emocional e a utilização e manipulação dos sons para a legitimação da atmosfera sônica do ambiente. Essa temporalidade, contudo, é importante, uma vez que os itens pretendidos na análise passaram por transformações históricas das mentalidades concomitantes e paralelas a biografia representada do papel principal. PALAVRAS-CHAVE: Pink Floyd; Cinema; Rock. DOS PALCOS PARA AS TELAS, THE BAND E SUA ÚLTIMA VALSA Raquel A. Cesar da Silva (Universidade de Passo Fundo) Bianca M. Q. Damacena (Universidade de Passo Fundo) RESUMO: Em 1978 foi lançado o filme The Last Waltz, documentário que registra o último grande show da banda canadense The Band. Dirigido por Martin Scorsese e contando com inúmeras participações especiais – Bob Dylan, Joni Mitchell, Eric Clapton, entre outros – o filme alterna cenas de palco com imagens da banda em estúdio e rápidas, porém marcantes, conversas entre o cineasta e os músicos no backstage. Scorsese, apesar de ser, então, um jovem diretor, já havia legado ao mundo as incensadas obras Mean Streets (1973) e Taxi Driver (1976), bem como o seminal documentário Street Scenes (1970), no qual colocava a si mesmo como participante dos protestos contra a guerra do Vietnã. Ainda no ano de 1976 os integrantes do The Band haviam decidido encerrar as turnês depois de cerca de nove anos na estrada e passarem a fazer trabalhos exclusivamente de estúdio. O final da carreira de shows ao vivo da banda liderada por Robbie Robertson seria marcada por um concerto em São Francisco, no simbólico dia de Ação de Graças. Registrado por Scorsese ao vivo, o show foi transformado pelo cineasta, dois anos depois, no que é ainda hoje considerado um dos melhores filmes sobre rock and roll da história. Este trabalho pretende analisar como o processo de adaptação do show para o cinema foi capaz de preservar a energia e a importância do The Band nos palcos, para além do contexto sócio-histórico de que a banda participava na época. Para isso, serão utilizadas aqui as ideias de Linda Hutcheon presentes na obra A theory of adaptation (2012), no qual a pesquisadora canadense atribui o sucesso de uma obra adaptada menos ao resultado final e mais ao processo desenvolvido por seus partícipes, ressaltando a mútua colaboração entre banda e cineasta na criação de uma obra de arte única e original. PALAVRAS-CHAVE: Adaptação; Cinema; The Band. “A TRILOGIA DO CIENASTA LAEL RODRIGUES: ROCK BRASILEIRO DOS ANOS 1980 EM CENA” Diego de Morais Salim (Universidade Federal Fluminense) RESUMO: O cineasta brasileiro Lael Rodrigues (1951-1989) dirigiu três filmes ao longo de sua carreira, todos no decorrer da década de 1980: “Bete Balanço” (1984), “Rock Estrela” (1985) e “Rádio Pirata” (1987). Voltados ao público juvenil, os filmes propõem um diálogo direto com o rock nacional produzido naquele contexto de surgimento de novas bandas, de abertura do mercado fonográfico e de interação de diferentes mídias no entorno da cena roqueira. Contando com a participação de artistas do rock brasileiro nas trilhas e até mesmo atuando (através de personagens fictícios ou pela inserção de videoclipes), a trilogia de Lael Rodrigues sintetiza a simbiose entre o rock e o cinema, iniciada desde os anos 1950, no cinema hollywoodiano. Os filmes se destacam de experiências anteriores da cinematografia nacional, nas quais o rock aparecia, usualmente, como um elemento acessório às narrativas. Ao contrário, o rock dos anos 1980 mediatizado pelo cinema de Lael é trazido ao relevo das histórias, em consonância à efervescência de tal movimento musical na década de produção e exibição dos referidos longas-metragens. No primeiro filme, o rock é apresentado como um sonho a ser alcançado; na segunda produção, o rock já é celebrado como um acontecimento palpável; no terceiro longa, ele serve como inspiração para o argumento do próprio filme. Em nenhuma outra experiência fílmica de então houve tanto destaque para o ritmo juvenil que se consolidava em meio à cena urbana, o que permite ressaltar a relevância dos filmes do cineasta em questão para os estudos sobre o rock brasileiro. PALAVRAS-CHAVE: Lael Rodrigues; Cinema; Rock. GABBA GABBA HEY: O SIDESHOW INVADE A CENA PUNK Verônica D’Agostino Piqueira RESUMO: É em torno do problema a respeito dos padrões institucionalizados de normalidade que o diretor Tod Browning desenvolveu sua estética e narrativa em sua obra-prima Freaks, no ano de 1932. Para o presente trabalho, a pergunta de fundo que colocamos foi desenvolvida por meio do diálogo entre o arcabouço argumentativo do filme, sustentado pela cultura e identidade outsider dos sideshows do final do século XIX e início do XX, com a multiplicação simbólica do elemento freak na cena punk rock nova yorkina do final da década de 1970. Colocando em cheque o olhar tradicional sobre as fronteiras do universo outsider, a preocupação ficou centrada na atribuição dos significados políticos, sociais, bem como culturais e psicanalíticos conferidos aos personagens do filme, unindo outra cultura colocada à margem décadas mais tarde. Deste modo, o trabalho pretende analisar como os freaks de Browning podem apresentar uma série de referências na análise sobre a construção de uma identidade punk específica, especialmente por meio da influência da banda Ramones, após a gravação do clássico Pinhead. Abrindo caminho para a identificação de novas correntes estéticas e ideológicas, resistentes à identificação entre prazer e contemplação da beleza, até que ponto Freaks fomentou uma concepção de mundo resistente à ideia de que existe uma diferença permanente entre “normais” e “anormais”. Sinalizando um universo de fragmentação de sentidos e dissolução de significados durante um novo período de crise do capitalismo, transformando a principal música do filme em hino dos seguidores do movimento punk, o trabalho pretende revelar a permanência do imaginário simbólico da cultura dos sideshows como um testemunho da criatividade da música popular americana. PALAVRAS-CHAVE: Freaks; Punk; Ramones. ROCK´N´ROLL ENQUANDO DISCURSO DE LIBERDADE: UM ESTUDO DE CASO DO FILME EASY RIDER – SEM DESTINO Fabrício Basílio (IACS-UFF) Juliana Vinuto (FFLCH-USP) RESUMO: Lançando-se mão do filme Easy Rider – Sem Destino (1969), concebido e realizado em um contexto de guerra fria e contestação ideológica, pelos então jovens atores Dennis Hopper e Peter Fonda, pretende-se desenvolver um estudo de caso a fim de ilustrar como a construção fílmica evidencia a abordagem de temas comuns ao rock como contracultura, estética própria, uso de drogas, sexo descompromissado, posição política libertária, etc., que associados a uma perspectiva sociocultural da sociedade sul-estadunidense de sua época, contribuem para a construção do imaginário social sobre liberdade, que a partir do conceito foucaultiano de discurso (FOUCAULT, 2005), permite compreender as ações dos personagens enquanto práticas permeadas por relações de poder, que os próprios discursos põem em funcionamento e que estrutura os objetos de que falam. Trata-se de um road movie no qual dois jovens e suas motocicletas experimentam uma jornada repleta de hippies, fazendeiros e policiais preconceituosos, sendo que todas essas relações mostram-se permeadas pelo uso de drogas, como a icônica experiência com LSD que permite visualizar imageticamente alucinações psicodélicas de seus protagonistas. Tudo isso sonorizado por bandas como Steppenwolf, Jimi Hendrix Experience e Birds, que não apresenta um término evidente, nem ao menos um caminho de volta, mas uma eterna continuidade. Tais problemáticas de análise, assim como outras a serem desenvolvidas durante a argumentação do artigo proposto, permitem visualizar diversas dimensões imbricadas no discurso geral sobre o significado de liberdade proferido durante a década de 60, principalmente nestes dois códigos de expressão artística, a saber: o cinema e o rock. PALAVRAS-CHAVE: Easy Rider;, Cinema; Rock. MONTAGEM PUNK ROCK: POR UM DESIGN DO ESPECTADOR IMAGINADO NO DOCUMENTÁRIO MUSICAL BOTINADA Cynthia Schneider (IFPR) RESUMO: A produção cinematográfica brasileira presencia uma espécie de surto de documentários do subgênero musical no séc. XXI. Entre tantas vertentes sonoras e músicos com obras revisitadas, Botinada (2006) vem recontar casos da primeira fase do punk no Brasil, especialmente o período de 1976 a 1984. O objetivo deste artigo é realizar o estudo de caso de um dos filmes desta produção recente e identificar como este filme documentário constitui, por meio das referências à sonoridade punk perceptíveis na montagem, um enunciante pressuposto. A teoria adotada para esta reflexão articula os conceitos do pesquisador Roger Odin, propostos em sua semiopragmática. Entre os aspectos analisados estão os processos de ficcionalização, com destaque para o que o autor considera como modo documentarizante, além da função articuladora da montagem. A análise revela que a montagem deste filme contribui sobremaneira para a intenção de assertividade rítmica evocando as características do punk rock e evidenciando o design de um enunciante pressuposto condicionável a um modo de leitura idealizado. Os conceitos teóricos sobre documentário encontram aporte em Ramos (2008), sobre a asserção e a voz no documentário, em Bordwell (2008) sobre aspectos da encenação no filme e da montagem. PALAVRAS-CHAVE: semiopragmática; documentário; punk rock; Botinada; montagem. PEPI, LUCI Y BOM Y OTRAS CHICAS DEL MONTÓN E O ROCK ESPANHOL DOS ANOS 80 Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza (UNIOESTE) RESUMO: O início dos anos de 1980, com Pepi, Luci y Bom y otras chicas del montón (1980) marca a estreia do cineasta espanhol Pedro Almodóvar no cinema de longa-metragem em circuito comercial, após uma experiência em circuitos alternativos com filmes de curtametragem. Este período da história da Espanha é emblemático porque sinaliza o processo de redemocratização do país após quase quarenta anos de ditadura franquista. No âmbito da cultura, o movimento de contracultura de inspiração pop e punk, conhecido como La Movida Madrileña, que invadiu a capital e as principais cidades espanholas, representa a liberdade de expressão, após um longo período de censura às artes e de repressão. A Movida reflete o desejo por novos ares e abarca uma gama de expressões artísticas como a pintura, a fotografia, o teatro, a música e o cinema. A trilha sonora do processo de redemocratização da Espanha foi o rock e toda sua estética que influenciou a moda, o comportamento as novas sociabilidades entre a juventude. Assim sendo, a canção considerada comprometida socialmente, como a canção de protesto, deu lugar a um discurso paródico, libertário e menos sisudo que a canção mais tradicional. Neste sentido, o filme é paradigmático da utilização desta estética e do papel desempenhado pelo rock como elemento representativo neste conjunto de mudanças culturais e sociais. Pepi, Luci y Bom tem como tema central personagens que representam a Movida e suas manifestações artísticas, entre elas, o rock espanhol. Esta comunicação tem por objetivo analisar como o rock aparece neste contexto pós-franquista e a relação que estabelece com o cinema de Almodóvar. Pesquisa financiada pelo CNPq e pela Fundação Araucária. PALAVRAS-CHAVE: Rock espanhol; Cinema; Pedro Almodóvar. LÍNGUA(GEM) & MANIFESTAÇÃO SOCIAL: O HOMEM, A LÍNGUA E SUA MATÉRIA (CONSCIÊNCIA E MUDANÇA SOCIAL) Magda Alves de Paula (IFRO) Sérgio Nunes de Jesus (IFRO) RESUMO: O trabalho tem como ancoragem evidenciar a língua(gem) e seu processo de materialização nas manifestações sociais, principalmente no rock que transforma e é transformado ao longo das décadas na/para a história. Assim, objetiva-se em delimitar o sujeito que está inserido numa prática social, cultural e ideológica que muda sua posição sujeito quando dá voz ao idealismo imaginário do rock (em suas diversas esferas). Para tanto, será relevante ancorar tais pressupostos no simpósio Rock e Comportamento, pois as concepções de idealismo, bem como da luta de classes são frequentes para uma mudança de caráter do homem e do seu imaginário. O rock por sua vez é uma manifestação que transforma e é transformado pelos valores sociais-políticos-culturais e históricos por esses sujeitos que estão inseridos nessa prática por meio de uma linguagem expressamente pragmática – para uma consciência e luta de classes engajada como materialização comportamental. O homem por sua vez, precisa dar conta não só do seu caráter histórico, mas também das formas – às vezes imutáveis do conteúdo. Isso significa um dogma que pode ser representado na política, na filosofia – ou seja, uma consciência da consciência em seu caráter transformador. O papel da consciência de classe estabelece interesses para o desenvolvimento social, onde a condição da violência estabelecida na história possa criar nas classes os problemas existentes na consciência pela luta que se estabelece e, ao mesmo tempo, se estrutura nessa consciência – importando apenas as condições e posição dominante das ações e suas questões com o “consciente” ou “inconsciente” impostos pela história. PALAVRAS-CHAVE: Língua(gem); Manifestação Social ;Consciência PSICOSES ECOAM POR TRÁS DE UMA BARREIRA IMAGINÁRIA: O TRAUMA GERACIONAL INGLÊS PÓS-SEGUNDA GUERRA EM THE WALL (1982) E TOMMY (1975) Daniel Dória (UFPR) RESUMO: O rock vem sendo, e em especial desde meados da década de 1960, porta-voz de grupos sociais diversos, em especial dos jovens. Um evento, ou melhor, um sentimento muito bem retratado pelo rock, e em especial o rock inglês, é o trauma geracional resultado da Segunda Guerra Mundial nesse país. Muitos jovens, dentre eles muitos artistas que viriam a gravar grandes álbuns em sua idade adulta, perderam seus pais no conflito de alguma forma, e esse sentimento de perda e de carência da figura paterna em casa gerada pela ausência traumática foi representando dentro da linguagem da música, e, em alguns casos, somado à linguagem audiovisual. Dois excelentes exemplos são os filmes “The Wall” (1982) e “Tommy” (1975), duas óperas-rock adaptadas de álbuns homônimos das bandas Pink Floyd e The Who onde os protagonistas se veem tornados órfãos de seus pais e, dentre outros questionamentos, nos mostram o como essa ausência pode e de fato interferiu na psique de muitos jovens, afetando sua formação individual. Em “The Wall” temos a personagem Pink, um órfão que tem de lidar com uma família desestruturada, com uma educação institucionalizada que não atende às suas demandas e que acaba se tornando uma estrela da música e é levado a lidar com as dinâmicas da fama e com as drogas. Em “Tommy” temos a personagem Tommy que se vê alienado dos seus sentidos devido a um trauma associado à perda de seu pai no contexto do conflito, o que o leva a se isolar da realidade. Proponho aqui assim que se pensem os filmes “The Wall” e “Tommy” enquanto ilustrativos desse trauma geracional inglês pósSegunda Guerra Mundial e o rock enquanto porta-voz legítimo de uma geração. PALAVRAS-CHAVE: The Wall; Tommy; Segunda Guerra Mundial. Simpósio temático Rock e Comportamento Pesquisas que abordam a influência do rock na criação e mudança de padrões comportamentais na sociedade de um modo geral, desde suas origens até suas mais hodiernas atualizações. “O TELEFONE TOCOU, NA MENTE FANTASIA” – AS REPRESENTAÇÕES DO TELEFONE REALIZDAS POR ALGUNS GRUPOS DE ROCK NACIONAL DA DÉCADA DE 1980 Gustavo dos Santos Prado (PUC – São Paulo) RESUMO: O rock nacional dos anos de 1980 emerge no horizonte acadêmico, repleto de possibilidades para inúmeras análises e interpretações. Tal movimento cultural, de grande relevância naquela década, reteve boa parte das atenções do mercado fonográfico do período. Assim, inúmeros jovens espalhados pelo país, tiveram na música elétrica, a possibilidade de dialogar com vários dilemas, que afetaram o universo juvenil. Com isso, o rock nacional influenciou comportamentos, permitiu diálogos, sendo um objeto de estudo rico para diversas áreas do conhecimento. Dai então, chamou a atenção da presente pesquisa, as formas que alguns grupos de rock, colocaram em suas composições representações do telefone. Tal investigação trouxe a baila cinco músicas, de grupos e artistas diversos, para analisar as diferentes formas que o objeto foi representado naquelas. Como resultado, o trabalho possui em seu corpo, a problematização de músicas da Legião Urbana, Ira!, Titãs, Paralamas do Sucesso e Engenheiros do Hawaii. Para dar cabo dos desafios e inquietações, a comunicação possui em seu horizonte, uma perspectiva inter-multi e transdisciplinar, fundamental no trato do documento sonoro, enquanto fonte de pesquisa. A semiótica serviu como ciência de interlocução, para analisar as letras, melodias e sonoridades. Por fim, como poderá ser notado, as representações do telefone foram múltiplas, no qual os artistas de rock atribuíram ao objeto vários significados, que variaram de acordo com as sensibilidades e subjetividades expressas em uma dada canção. Assim, o objeto sintetizou alegrias, tristezas, esperanças, angústias, frustrações e reflexões. Tais interpretações, extraídas dessa comunicação, colaborarão para demonstrar as potencialidades da música, enquanto fonte de pesquisa, bem como a salutar contribuição da semiótica para a investigação histórica. PALAVRAS-CHAVE: rock; telefone; semiótica. “SALSA-ROCK” – ESTUDO DA EXPLOSÃO MULTICULTURAL DOS MUTANTES NO BRASIL EM 1968 Daniela Sanches (UTFPR) Carlos Portella (UTFPR) RESUMO: No final dos anos 50, o Brasil encontrava-se dominado por um ritmo derivado do samba e com grandes influências do jazz chamado bossa nova. Já na década de 60, surge o tropicalismo no Festival de Musica Popular Brasileira da Rede Record. Apontaremos no presente trabalho uma banda que teve destaque ao se apresentar ao lado de Gilberto Gil na 3ª edição deste evento, tocando Domingo no Parque e conquistando o segundo lugar. Inicialmente chamados de O’Seis, recebeu de Ronnie Von o nome de Os Mutantes, nome este que representou o país no cenário musical mundial. Em junho de 1968 esta banda entrara em estúdio para a gravação do LP homônimo ao grupo que foi considerado o 9° dos 100 melhores discos da música brasileira pela revista Rolling Stone. Os Mutantes obtiveram a 12ª posição na lista dos "50 Most Out There Albums of All Time” (50 Discos Mais Experimentais de Todos os Tempos) da conceituada revista britânica Mojo, ficando à frente de nomes como Beatles, Pink Floyd, Ennio Morricone e Frank Zappa. Foi na publicação da revista que o álbum recebeu a delimitação de “salsa-rock”. É um disco inovador e fortemente influenciado pelos Beatles, e mistura a música popular brasileira (do samba em A minha menina, ao baião em Adeus Maria Fulô) com o rock psicodélico e experimental. É marcado pela utilização de diversos efeitos de estúdio, fato este novo para o cenário musical brasileiro, como guitarras distorcidas, ruídos diversos e sonoplastia de objetos na simulação de sons. O álbum foi conhecido mundialmente e muito bem recepcionado pela crítica, a qual considera este uma obra de vanguarda, e levou para fora o nome e a originalidade do Brasil. É o disco estrelado por Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee que será aqui apresentado, desde os impactos musicais até os culturais. PALAVRAS-CHAVE: rock brasileiro; experimentalismo; rock psicodélico. QUANDO O ÓDIO SOBE AO PALCO: O ROCK FASCISTA E SUA ATUAÇÃO NA AMÉRICA DO SUL (1990-2010) Pedro Carvalho Oliveira (Universidade Federal de Sergipe) RESUMO: Este trabalho apresenta os principais aspectos da hate music (ou “música de ódio”) enquanto subgênero do rock, sua relação com movimentos políticos fascistas sul-americanos e com os seus adeptos por meio do movimento RAC (Rock Against Communism). Perceberemos como este tipo de música se caracteriza, bem como o papel por ela exercido na difusão de ideias fascistas. Observamos ainda as peculiaridades do subgênero, criado na Europa, ao ser adaptado ao contexto sul-americano. Analisamos brevemente as músicas como fontes, assim como parte do aparato imagético que acompanha a música do ódio sul-americana e seus modos de distribuição na Internet. Para tanto, privilegiaremos o estudo das bandas Quinta Columna (Colômbia), do site da organização Tercera Fuerza, e da Marcha Violenta, associada ao Blood & Honour Chile. Por fim, o trabalho visa também explorar as características deste tipo de rock e sua relação com os skinheads, principais consumidores de seus produtos e a quem grande parte deles é direcionado, haja a vista sua participação decisiva na criação do RAC. PALAVRAS-CHAVE: hate music; fascismos; América do Sul. O BANHO DE LUA DE CELY E RITA: ROCK NO BRASIL TAMBÉM É COISA DE MULHER Jefferson William Gohl (UNB/UNESPAR-FAFIUV) RESUMO: Apesar de inúmeras vezes o rock ser considerado masculinizado, e em alguns de seus gêneros ser até mesmo acusado de machista, as primeiras experiências do rock no Brasil ocorreram, por intermédio da voz de mulheres, como Nora Ney, que testavam um mercado musical fonográfico novo a ser explorado. A canção “Banho de Lua” ficou gravada na memória musical brasileira, e em seu tempo foi a propulsora de um segmento de mercado musical que transportava o rock a um público alargado de escuta. Cely Campelo foi a intérprete de versões dos primeiros rocks americanos ou italianos que tiveram vendagens expressivas e seus temas reproduziam um conjunto de questões ligadas ao comportamento feminino e suas expectativas em relação ao futuro da adolescente na sociedade. Rita Lee foi outra intérprete desta canção que no caso da recriação dos músicos do grupo “Os Mutantes”, acabam fornecendo as bases para explicação de um verdadeiro corte epistemológico, na composição, produção e interpretação do rock no Brasil. Por meio da análise das interpretações desta canção em dois momentos históricos, a finalidade deste artigo é compreender as inovações ou mesmo as rupturas trazidas à cena musical brasileira e a defesa deste gênero cancional. PALAVRAS-CHAVE: Cely Campelo; Rita Lee; Rock. AS MENINAS E O ROCK AND ROLL: UM ESTUDO DAS RECONFIGURAÇÕES DE GÊNERO FEITAS POR “ADOLESCENTES ROQUEIRAS” DE SÃO GONÇALO, RIO DE JANEIRO Marília Márcia Cunha da Silva (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) RESUMO: Muitos autores têm exposto e discutido sobre a ideologia machista, e por vezes misógina, que está atrelada à composição, performance, produção, divulgação e comercialização do gênero musical rock and roll. Tendo em vista as afirmações de que o rock limita os papéis criativos e as formas de expressão femininas, levando as mulheres à, majoritariamente, se adequarem aos papéis de gênero mediados por noções masculinas de desempenho e habilidades femininas (LEONARD, 2007; BOUDAGE, 2010), este trabalho se propõe a pensar como adolescentes que se auto-intitulam “roqueiras” reconstroem noções de gênero tendo a música rock and roll como principal mediadora (como define LATOUR, 2005) para suas ações e produção de sentidos acerca do que é “ser mulher”. Entrevistando e observando alunas matriculadas numa escola estadual de São Gonçalo, periferia do Estado do Rio de Janeiro, procurou-se compreender como a música reformula identidades e como age sobre noções de gênero - levando as adolescentes a questionarem percepções tradicionais do que é feminino -, ao mesmo tempo em que erige barreiras às apropriações comportamentais e estéticas feitas pelas adolescentes. Procurou-se compreender como se constroem as “mulheres do rock”, notando o que elas podem e o que elas não podem fazer como pensam os gêneros e como, em conjunto com a música, reorganizam suas relações sociais. PALAVRAS-CHAVE: rock and roll; gênero; São Gonçalo. SERÁ QUE “SOMOS INÚTIL?” O HUMOR POLÍTICO DA BANDA ULTRAJE A RIGOR Luís Fellipe Fernandes Afonso (Universidade Federal Fluminense) RESUMO: Esse trabalho tem o objetivo de analisar como a juventude brasileira urbana da década de 1980 enfrentava as mudanças políticas e sociais que estavam ocorrendo no país, partindo do principal movimento cultural ligada à juventude, o Brock. A década de 1980 é caracterizada pela transição política de um regime ditatorial para a chamada Nova República, onde a população retoma o direito ao voto direto para o Executivo, no plano políticoinstitucional, e pela consolidação do rock como gênero musical jovem no Brasil, no plano cultural. O jovem acabou se tornando um ator importante dentro dessas duas grandes transformações, já que representava o sentimento de renovação da sociedade brasileira. A partir das letras musicais feitas e assimiladas pelos jovens podemos ter uma ideia de como tal grupo social enfrentava essas mudanças que estavam ocorrendo tanto no Brasil quanto no mundo, muitas vezes vistas não como benéficas, mas como algo incerto. Das diversas bandas que apareceram nesse novo cenário escolhi dar um destaque exclusivo à banda “Ultraje a Rigor”, devido a sua grande influência tanto entre os jovens quanto entre os especialistas em música. A banda utiliza uma linguagem irônica e crítica para fazer uma análise do que era a sociedade brasileira naquele período, falando de assuntos que eram tabus na época, como o direito ao voto e a liberdade sexual. Seu ápice é quando sua música “Inútil” é absorvida como o hino jovem do principal movimento político da época, as “Diretas já”. Por meio da análise das letras feitas pela banda Ultraje a Rigor, podemos perceber que a comédia e o humor também se tornaram meios para se compreender a sociedade neste período. PALAVRAS-CHAVE: Ultraje a Rigor; Humor; Brock. A IMPORTÂNCIA DO BANQUETE NAS GRANDES PRAÇAS PÚBLICAS (OU FESTIVAIS) DE HEAVY METAL NO BRASIL E NO MUNDO Adriano Alves Fiore (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP) RESUMO: A imagem da comezaina sempre está firmemente ligada a todas as atividades do homem e isso traz consigo um hiperbolismo positivo de tom triunfal e alegre. O banquete é muito mais que um simples acontecimento social, pois representa um triunfo do grupo como uma última etapa vitoriosa de esforço. A relação íntima entre um desfecho vencedor e a digestão de bebidas e comidas em um ambiente coletivo continua extremamente natural e difuso em todos os lugares e países. O presente artigo tem como objeto de estudo dois dos mais importantes encontros festivos de Rock da atualidade: o Rock In Rio (brasileiro) e o Wacken Open Air (alemão). E a sua indagação fundante centra-se em: Que elementos norteiam esses festivais para atrair e fidelizar uma multiplicidade de públicos, e, por conseguinte, provocar tão significativo sucesso mercadológico? Para tanto, pretende-se consolidar a tese de que: os variados tipos de riso, as situações de gestualidade obscena, de liberação da palavra, de jogo aberto com as coisas religiosas e sagradas (elementos estes próprios do conceito de carnavalização de Bakhtin) podem servir de meio a reunir e aproximar multidões, mesmo pessoas de diferentes gostos musicais, em um mesmo espaço notadamente acolhedor e lúdico. Nesses ciclópicos lugares de banquete de Heavy Metal são tolerados quebras de interditos, podendo-se incluí-los na mesma situação dos chamados santuários (ou áreas livres), protegidos de qualquer represália ou sanção de cunho moral. A reflexão acerca de dados levantados in situ por meio de observação direta será dirigida principalmente pelas teorias socioculturais de Bakhtin, mas contando ainda com o suporte precioso de princípios filosóficos como, por exemplo, de: Vilém Flusser, Friedrich Wilhelm Nietzsche e Arthur Schopenhauer. PALAVRAS-CHAVE: Banquete; Festivais de Heavy Metal; Carnavalização Bakhtiniana. ENTRE A REBELDIA E A ALIENAÇÃO: A DÉCADA DE 1980 E A MASSIFICAÇÃO DO ROCK NO BRASIL Luiz Eduardo Meneses de Oliveira RESUMO: Este projeto de pesquisa pretende investigar o modo como o processo de circulação, recepção e apropriação do rock no Brasil, ao alcançar, na década de 1980, o espaço cultural do mainstream, mantendo, todavia, em algumas de suas manifestações, como o punk rock, o caráter de cultura marginal ou periférica, provocou a construção de novas identidades culturais ao mesmo tempo transgressoras e cooptadas. Nesse sentido, busca compreender a massificação do rock como um processo que, embora possa ser compreendido como resultado de uma política cultural da diferença, deslocando, ao conquistar seu espaço, as diposições de poder da política cultural do Estado e das grandes corporações midiáticas, paga obrigatoriamente o preço da cooptação, substituindo a invisibilidade por uma visibilidade regulada e segregada, tanto do ponto de vista econômico quanto étnico e cultural, o que faz com que o “rockeiro” seja ao mesmo tempo um rebelde e um alienado. PALAVRAS-CHAVE: cultura de língua inglesa; identidade cultural; rock. A RELAÇÃO DA MÚSICA COM O COMPORTAMENTO ANTISOCIAL E PRÓ-SOCIAL: ANÁLISE DE MÚSICAS DA BANDA PLANET Jacsiane Pieniak (UNIOESTE) RESUMO: O estudo proposto pretende analisar a relação da música com o comportamento, baseado na banda de rap rock Planet Hemp, a partir da análise de três músicas: O Futuro do País, Legalize Já e A Culpa é de quem?, que integram o primeiro álbum intitulado Usuário (1995). A referida pesquisa tem como objetivo contribuir para o entendimento de como a música pode influenciar o adolescente e o jovem, considerando dois tipos de comportamentos: antissociais e pró-sociais. Para atingir o objetivo proposto, a pesquisa foi elaborada a partir de estudos bibliográficos e fontes midiáticas. Pesquisas como o de Pimentel e Günther (2009), apontam que se podem destacar dois focos no estudo sobre as letras musicais: considerando-se as letras como conteúdos que refletem valores e crenças dos consumidores e como agentes socializadores, ensinando comportamentos. É nesse sentido, que se destaca que estes comportamentos podem ser tanto antissociais como pró-sociais. As músicas da banda Planet Hemp chamaram a atenção no contexto em que foram produzidas, pelo fato de que suas letras estariam incentivando o uso de drogas, sendo este entendido como um comportamento antissocial. Isso fica explícito em trechos da música Legalize Já: “(...) legalize já porque uma erva natural não pode te prejudicar (...)”. No entanto, destaca-se que nas músicas O Futuro do País e A Culpa é de Quem?, além de reverenciar o uso de drogas, pode-se verificar a complexidade do contexto socioeconômico, as condições de exclusão e de violência da sociedade, evidencia-se, nos trechos das respectivas músicas, tal colocação:“(...) mas eu queria somente lembrar que milhões de crianças sem lar são frutos do mal que floriu num país que jamais repartiu (...)” e ainda “(...)Desde pequeno você é induzido a fumar induzido a beber (...)”. Constatou-se, portanto, que tais músicas podem ter uma influencia em comportamentos tanto antissociais como pró-sociais. PALAVRAS-CHAVE: música; comportamentos antissociais; comportamentos pró-sociais. QUE PAÍS É ESTE? A INFLUÊNCIA DA PRODUÇÃO MUSICAL DE CAZUZA E RENATO RUSSO E A JUVENTUDE BRASILEIRA. Isabela Vettori Pereira da Cruz/UNIOESTE/ [email protected] Iris Missias da Silva/UNIOESTE/[email protected] RESUMO: Com este trabalho almejamos traçar alguns parâmetros que contribuam na reflexão sobre a influência social do rock. Este gênero e movimento musical há mais de meio século consegue agregar adeptos de diferentes gerações e grupos sociais, uma parcela significativa destes são influenciados não apenas pela sonoridade do rock, mas também pelas ideologias presentes nas letras das músicas, pelo visual e pelo comportamento dos músicos. Sendo assim, pretendemos estudar a importância que esse ritmo musical exerce na vida dos jovens brasileiros e também apresentar trechos de algumas canções que contribuíram para processos de identificação da juventude com estes discursos musicais. Parte destas canções foram utilizadas em algum momento histórico como bandeira de luta em manifestações políticas, como por exemplo, na luta contra a ditadura civil-militar (1964-1984) e nas mobilizações pela redemocratização política. Cazuza é um dos cantores no qual nos referenciamos, pois ele é representativo daquilo que se denominou rock nacional, que ganhou espaço ao longo da década de 1980. Logo, podemos considerar que este artista construiu uma profícua obra de temática urbana e que em suas músicas buscou expressar o momento conturbado que vivia o Brasil. Assim como Cazuza e sua banda Barão Vermelho, os jovens dos anos 80 também ouviam os hits de Legião Urbana, para isso utilizamos os argumentos de Fábio Serra Nascimento que em sua dissertação traz uma análise sobre as canções de Cazuza, que constrói uma carreira artística que vai do rock brasileiro até a música popular brasileira chamada MPB. Ele foi um dos artistas que maior influência exerceu sobre a produção poética e musical no rock brasileiro. Portanto, este texto pretende analisar as principais temáticas sociais abordadas por estas duas bandas, centrando-se na autoria das canções de Cazuza e Renato Russo. PALAVRAS-CHAVE: Comportamento; juventude; rock nacional. ANÁLISE DO DISCURSO PINK FLOYD – ANIMALS/GEORGE ORWEL – A REVOLUÇÃO DOS BICHOS William Bruno Correa (UNICENTRO) RESUMO: A Inglaterra da década 1970 atravessou sérios problemas de desigualdade social, violência, censura, alta inflação e desemprego. A partir desse cenário, bandas de vários estilos fizeram duras críticas ao sistema de governo britânico em especial ao seu conservadorismo. Inicialmente o movimento Punk através de suas músicas de protesto e deboche expôs esse inconformismo em suas musicas. Vale lembrar que esses protestos musicais não ficaram restritos apenas ao punk rock. Dialogando com a literatura do autor britânico George Orwell “Revolução dos Bichos” a banda Londrina Pink Floyd lançaria no ano de 1977 o álbum “Animals” que traria logo em sua capa um porco sobrevoando a usina termelétrica de Bettersea. O disco apresentava uma temática totalmente diferente do seu antecessor “Wish you were here” – álbum que apresentava letras ligadas aos sentimentos e emoções. Com “Animals” a banda articula sua revolta com o capitalismo praticado na Inglaterra, da mesma maneira que o autor George Orwell fez em “Revolução dos bichos”. Porém diferentemente do livro, os músicos do Pink Floyd não vão fazer uma crítica ao chamado “socialismo real” de Stalin. Pink Floyd partirá do livro como pretexto para criticar a Inglaterra capitalista do período, com um disco cheio de analogias e menções a “Dama de Ferro” Margareth Tacher e a Mary Whitehouse - uma conservadora do governo britânico e crítica contundente de bandas que iam contra a moralidade e a decência da sua crença cristã. O discurso produzido pela banda Pink Floyd em seu álbum “Animals” pode ser analisado pela perspectiva de uma reedição do livro “Revolução dos Bichos” usando na música os personagens do livro tais como: ovelhas, Cães e porcos. Dessa forma, fazem um retrato político social sobre a Inglaterra daquele período em que os animais serão usados como metáfora para criticar os lideres políticos religiosos e a sociedade. PALAVRAS-CHAVE: Pink Floyd; análise do discurso; História e literatura; História e Música. O ROCK IN ROLL NA VELHA BAHIA: BAIANIDADE NO “MALUCO BELEZA” Marijane de Oliveira Correia (UFBA/IFBA) Catiane Rocha Passos de Souza (IFBA) RESUMO: O presente trabalho busca compreender como se representa a baianidade presente no rock in roll do cantor e compositor Raul Santos Seixas entre os anos de 1960 e 1980. A Bahia é conhecida por características relacionadas às belezas naturais, terra festeira, enfim, uma baianidade divulgada por todo mundo como sendo homogênea. A proposta é apresentar uma análise da baianidade representada no rock “Raulseixista”. Para atingir os objetivos, neste trabalho, serão analisadas obras do cantor e compositor Raul Seixas que revelam a Bahia, de forma direta ou indireta, são elas: Nanny (1964), interpretação de Raul e lançada em uma compacto com apenas duas músicas; Menina de Amaralina (1967) do álbum Raulzito e Os Panteras; Sessão das dez (1971) do álbum Sociedade da Grã-Ordem Karvenista apresenta Sessão das Dez; Quero ir (1971) do mesmo álbum anterior; Minha viola (1980) em Abre-te Sésamo; Capim Guiné (1983) lançado na Coletânea Raul Seixas, interpretação; Quando acabar o maluco sou eu (1987) retirado do álbum Uah-Bao-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! e Rock in Roll (1989) último disco de Raul lançado em parceria com o amigo Marcelo Nova, do álbum A Panela do Diabo. Nesta proposta, serão realizadas análises das canções, a fim de identificar características da sociedade local que contradizem com as representações cristalizadas de baianidade. Além da análise dos sentidos produzidos pelos textos selecionados, também é considerado o acervo imagético que faz referência às obras em estudo, dentre eles encontram-se as capas e contra capas dos discos, materiais que os acompanham. Para subsidiar esta pesquisa inicial, contamos com as discussões teóricas sobre baianidade nos autores Milton Moura e Agnes Mariano. PALAVRAS-CHAVE: Sociedade; Baianidade; Raul Seixas. MOVIMENTOS SOCIAIS E ENSINO DE HISTÓRIA: UMA ANÁLISE DO MOVIMENTO PUNK E SUAS REPRESENTAÇÕES NO ENSINO FUNDAMENTAL Érika Hasse Becker Neiverth (UEPG) RESUMO: Como acadêmica do terceiro ano de licenciatura em História e participante do subprojeto de História, do PIBID/UEPG – 2011-2013, pela inserção no cotidiano escolar, nas aulas de História, pude perceber o interesse dos alunos pelos diversos estilos musicais os quais podem influenciar diretamente no modo e pensar, agir e se vestir. Com base nessa sondagem inicial desenvolvo este projeto de pesquisa com o objetivo de tratar sobre a influência dos movimentos culturais e musicais na constituição da identidade dos jovens, analisando o movimento punk dos anos 70, como uma forma de expressão crítica ao contexto políticoeconômico inglês, norte-americano e brasileiro. O trabalho tem como ponto de partida, a concepção da música enquanto documento histórico, para a análise do contexto social que os jovens viviam e como protestavam contra a sociedade em três países diferentes, Inglaterra, Estados Unidos e no Brasil. Após a identificação das representações prévias dos alunos, pela observação de imagens estereotipadas de diferentes movimentos culturais. Por meio da realização de oficinas pedagógicas trata-se sobre o contexto político da década de 1970 nos diferentes países, quando surgiu o movimento com as bandas Ramones e Sex Pistols e Garotos Podres. Para tanto, são analisadas algumas produções musicais das três bandas quanto ao conteúdo das letras e a musicalidade. O trabalho contempla os alunos de oitavos anos em escolas de diferentes níveis sócio-econômicos, possibilitando uma análise qualitativa quanto às representações construídas quanto ao movimento punk, sob a influência de elementos culturais diversos. Os resultados finais comporão a produção de um artigo, com a finalidade de representar como o punk pode ser expresso em letras e atitudes referentes aos movimentos em questão e, assim contribuir para as reflexões acerca do ensino de História e suas possibilidades. PALAVRAS-CHAVE: movimento punk; identidade; ensino de história. “COMO É QUE EU VOU CRESCER SEM TER COM QUEM ME REVOLTAR”: ROCK, POLÍTICA E JUVENTUDE NOS ANOS 80 Paulo Gustavo da Encarnação (Faculdade de Ciências e Letras - FCL-UNESP) RESUMO: Esta comunicação tem como objetivo tratar e refletir historicamente aspectos e nuances de uma parcela da juventude representada por meio da canção “Rebelde sem causa”, da banda paulistana Ultraje a Rigor. Tendo como base a interpretação da música e da letra, propomos discutir os irônicos e bem humorados versos da canção, tais como: “Meus dois pais me tratam muito bem/(O que é que você tem que não fala com ninguém?)/ Meus dois pais me dão muito carinho/ (Então porque você se sente sempre tão sozinho?) [...] Minha mãe até me deu essa guitarra/Ela acha bom que o filho caia na farra. E o meu carro foi meu pai que me deu/Filho homem tem que ter um carro seu [...] Meus pais não querem/Que eu fique legal/Meus pais não querem/Que eu seja um cara normal” como reflexo e sintoma de uma sociedade consumista e paternalista. Ademais, vale frisar, que a canção “Rebelde sem causa” é um caso, dentre vários outros exemplos do repertório roqueiro, de canções que tinham e têm como mote a crítica social e política da sociedade brasileira. Tais reflexões fazem parte do projeto de doutorado que estamos desenvolvendo sob o título: “Rock cá, rock lá: a produção roqueira no Brasil e em Portugal, entre o debate do nacional/popular e o embate alienado/politizado – 1970/1985”. Assim, esta comunicação tem o intuito de apresentar e discutir pontualmente a canção “Rebelde sem causa” como um mecanismo e uma ferramenta crítica política a respeito do “comportamento” de uma parcela da juventude brasileira da década de 80. PALAVRAS-CHAVE: juventude; política; rock nacional. O ROCK NAS DITADURAS CIVIS-MILITARES NA AMÉRICA LATINA: O CASO DO BRASIL, ARGENTINA E CHILE NA DÉCADA DE 1980 Paula Cresciulo de Almeida (Universidade Federal Fluminense - UFF) RESUMO: O trabalho analisará a luta pela volta da democracia nos países da América Latina. O rock and roll foi a forma encontrada pelos jovens brasileiros, argentinos e chilenos para reivindicar o fim do regime civil-militar. Desta forma, é possível encontrar pela primeira vez, nesses países, um cenário favorável ao rock. As músicas denunciavam a opressão do governo militar e as dificuldades que a população enfrentava. A pesquisa investigará o caso do rock no Brasil, Argentina e Chile. PALAVRAS-CHAVE: ditadura; rock; jovens. HOJE O ROCK AINDA É UM INTERCESSOR? POR QUÊ? Simone da Silva Pires (Unipampa) RESUMO: O presente trabalho busca realizar uma abordagem da problemática sobre as conexões entre rock e sociedade, dentro do simpósio de rock e comportamento, buscando estabelecer uma reflexão geral sobre as condições sociais em que surge o rock e qual o impacto deste nestas condições sociais, ou seja, quais signos são criados e por quê. O mundo enfrentou transições, conflitos de enormes significados e proporções e, paralelamente foi buscando formas particulares de apropriar-se das respostas a essas perguntas que contraditoriamente restaram solitárias. Uma forma encontrada nesta busca ecoa no rock and roll e no seu surgimento, dos áureos e clássicos anos até a contemporaneidade. Vem e estabelece-se como elemento intercessor, pois por meio de um poder praticamente indefinível, cria signos, capazes de, seja pelo simples acorde de uma guitarra, uma letra ou um canto rebelde, expressar todas estas mudanças e conflitos. Neste sentido se propõe três análises: a) discutir as transformações sociais do capitalismo e seu impacto com o comportamento humano a partir da experiência do rock roll, b) Discutir o surgimento do rock roll e seu desenvolvimento na perspectiva de identificar como ele se transformou em um intercessor, ou não, para os indivíduos na sociedade, ou seja, como ele gerou novas significações sobre a realidade social. C) discutir as possibilidades do rock continuar a ser intercessor ou não nos dias de hoje? PALAVRAS-CHAVE: Rock; Intercessor; Capitalismo. A CENA DO ROCK UNDERGROUND NA CIDADE DE SÃO GONÇALO: CONFLITOS DE USO A PARTIR DO CASO DA PRAÇA CHICO MENDES Bruno Mendes Mesquita (Universidade Federal Fluminense) RESUMO: Em 2012, ano de seu último mandato, a prefeita Aparecida Panisset, tomou várias medidas para garantir que o eleitorado evangélico apoiasse seu sucessor Adolfo Konder. Entretanto sempre que se toma partido por um grupo acaba-se prejudicando outros. No caso de São Gonçalo um evento específico se deu a partir dessa lógica, configurando-se em um conflito de uso pela antiga praça Chico Mendes no bairro de Alcântara. A praça Chico Mendes era um lugar já tradicional de uso e encontro da juventude gonçalense. Diversos grupos como skatistas, atletas e principalmente rockeiros de inúmeras vertentes, frequentavam a praça todos os dias, utilizando suas rampas de skate, sua quadra poliesportiva, ou simplesmente seus bancos para conversar. O conflito de uso se deu a partir do fechamento para reforma da praça, nesse meio tempo a prefeita modificou o projeto para que nesse lugar fosse construída a praça da Bíblia, que além de não mais ser conhecida como praça Chico Mendes não contava no projeto a reforma das pistas de skate e da quadra poliesportiva. Dessa forma, os grupos se organizaram e através de protestos, mobilizações em redes sociais e um abaixo assinado, conseguiram que a parte da praça Chico Mendes fosse mantida e que a reforma da quadra e das pistas de skate passassem a constar no projeto da prefeitura. Apesar do acertado a prefeita Aparecida Panisset inaugura no dia 27 de dezembro de 2012 a praça da Bíblia e nada ainda foi cumprido referente a reforma da praça Chico Mendes. PALAVRAS-CHAVE: território; conflitos e rock underground. ROCK BRASILEIRO DOS ANOS 1970: TRANSGRESSÃO COMPORTAMENTAL X CENSURA MORAL Alexandre Saggiorato (UPF) RESUMO: Este trabalho apresenta um estudo sobre o rock produzido no Brasil durante a ditadura militar, mais precisamente no período de maior repressão e censura causada pelo Ato Institucional Nº 5, dentro de uma perspectiva da transgressão comportamental da censura moral do regime militar e da tentativa de engajamento artístico exercido por parte da esquerda. Contudo, será explorada a obra e a conduta de alguns grupos de rock existentes no período, sendo através da construção social desses, que investigaremos os efeitos da repressão no rock brasileiro dos anos 1970, constatando de que maneira os artistas atuaram na época. PALAVRAS-CHAVE: rock; repressão; transgressão. O ROCK COMO UM MEIO DE DIVULGAÇÃO DAS TEMÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS Regiane Avena Faco (Universidade Federal de São Carlos) Viviane Melo de Mendonça (Universidade Federal de São Carlos) RESUMO: Vivemos atualmente uma época de grandes preocupações socioambientais, resultado da visível degradação ambiental e da escassez de recursos naturais como consequência de práticas econômicas desenfreadas. A aceleração do desenvolvimento industrial, os métodos de geração de energia, a crescente necessidade de produção de alimentos e a poluição são alguns exemplos dos fatores que, em um curto espaço de tempo, levarão o planeta a um colapso biológico. As informações e notícias sobre essa temática chegam com facilidade a todos os pontos do mundo em decorrência da velocidade dos meios de comunicação e do intercâmbio cultural entre as mais diversas localidades. Neste contexto de globalização, a música é uma forma de arte que devido a sua facilidade de distribuição torna-se uma das ferramentas mais destacáveis para o desenvolvimento de posturas contrárias a devastação ambiental, especificamente no caso do rock, estilo no qual, o propósito da manifestação já se encontra atrelado. Nesse sentido, pretendemos nesse artigo apontar elementos presentes nas letras e nos videoclipes que abordem a temática ambiental, e para tal, foram selecionadas três musicas (“Another Way To Die” do Disturbed, “Harakiri” do vocalista Serj Tankian e “This Is The Time” da banda holandesa Epica) que foram analisadas por meio dos discursos produzidos em imagem, vídeo e letra, construindo uma pesquisa qualitativa sobre as relações encontradas. No geral, foi possível encontrar um uso de apelo emocional em ambas as faixas selecionadas, o que fica marcado, de fato, pela força das imagens apresentadas nos videoclipes, que oscilam em nível de impacto de acordo com o momento instrumental da música, aspectos estes atrelados a divulgação de dados alarmantes sobre as espécies em extinção, mortes de animais em massa, ocasionadas por desastres ambientais de grande amplitude e condições de vida desumanas em alguns pontos do globo. PALAVRAS-CHAVE: mídia; degradação ambiental; rock. TURISMO E TRIBOS URBANAS: ANÁLISE DA SEGMENTAÇÃO DO MERCADO TURÍSTICO PARA O CONSUMO DO PÚBLICO JOVEM DO HEAVY METAL Leticia Galvão Galdino (Universidade Federal de São Carlos) Regiane Avena Faco (Universidade Federal de São Carlos) RESUMO: A segmentação do Turismo vem sendo utilizada cada vez mais frequentemente como estratégia no Mercado Turístico para se atrair os consumidores. O público jovem, através das Tribos Urbanas, torna-se alvo desse mercado que passa a oferecer produtos com características específicas referentes a esses grupos sociais. Dessa forma, busca-se verificar a transformação de elementos culturais e de identificação da tribo dos headbangers (metalheads, ou ainda como chamados no Brasil, os “metaleiros”) em produtos turísticos e compreender como se dá esse processo e como o Mercado Turístico se articula para promovêla. Para isso o presente trabalho desenvolveu-se em três etapas, a primeira de levantamento de dados, a segunda de atividade de campo, contando com participação em eventos da tribo e entrevistas com empresas turísticas, e a terceira de análise das informações obtidas nas etapas anteriores. Através da análise dos dados coletados foi possível identificar que: 1) é possível situar os “metaleiros” como uma tribo urbana dentro dos conceitos teóricos utilizados, e identificar com a observação da realidade, características que os definem e os destacam de outras tribos; 2) a relação entre a música heavy metal e a Indústria Cultural também se demonstrou observável dentro da Tribo, sendo possível perceber sua influência nesta; 3) no que tange a questão do Turismo, contatou-se uma tendência a segmentação e um movimento por parte dos indivíduos da Tribo para transformá-la em segmento do mercado turístico e não o contrário, como era esperado. PALAVRAS-CHAVE: Turismo; Tribos urbanas; Segmentação de mercado turístico. HEAVY METAL E DESSACRALIZAÇÃO DE SÍMBOLOS RELIGIOSOS NO “HELL DE JANEIRO” Pedro Alvim Leite Lopes (UERJ) RESUMO: Heavy Metal e dessacralização de símbolos religiosos parte de uma questão explicitada no trabalho de campo para minha tese de doutorado sobre o heavy metal no Rio de Janeiro, formulada pelos frequentadores dessa cena: quais os motivos do preconceito de vários setores sociais da cidade do Rio de Janeiro e do Grande Rio contra o metal e seus fãs? A pesquisa etnográfica, na Rua Ceará (endereço do Garage e do bar Heavy Duty, centrais a cultura underground carioca) e em shows nas zonas norte e oeste e na Baixada Fluminense, de 2002 a 2006, evidencia os aspectos simbólicos intrínsecos aos conflitos registrados envolvendo fãs de metal versus frequentadores de bailes funk ou “funkeiros”, punks, grunges, emos, posers, seguranças de casa de shows e até mesmo os de uma quadra de escola de samba e o bicheiro patrono da mesma, vizinhos tais como o terreiro de umbanda próximo ao Garage, e versus não participantes da cena na escola, faculdade, trabalho, família. Como elemento central da discriminação - chegando ao extremo do assassinato de jovens, que participavam de encontro em cemitério após os shows da “Passarela do Rock” por traficantes ou membros de grupo de extermínio no município de Mesquita na Baixada Fluminense, no início dos anos 2000 – emerge a dessacralização de símbolos religiosos associados ao domínio do Mal em diversas tradições religiosas promovidas pelo heavy metal, que converte símbolos dotados de significado sobrenatural malévolo em convenções artísticas esvaziadas de periculosidade, muitas vezes positivadas – dessacralização não compreendida e suscitadora de reações negativas por parte de não participantes dessa cultura musical. PALAVRAS-CHAVE: Heavy metal; Rock e conflito; Rock e símbolos religiosos. INFLUÊNCIAS DO ROCK DA LEGIÃO URBANA NO COMPORTAMENTO DA ATUAL “GERAÇÃO COCA-COLA” Carolina C. Paes (Faculdade União de Campo Mourão – UNICAMPO) RESUMO: O comportamento humano, especialmente de adolescentes e jovens adultos, está condicionado a inúmeros determinantes sociais e culturais, e, com o passar do tempo e a partir de 1950, passou a ser influenciado também pela música, que deixou de ser uma simples forma de entretenimento e se tornou, em alguns casos, uma forma de crítica e questionamento social. Principalmente a partir da década de 80, o rock’n’roll, que agora já estava difundido em todo o mundo, passou a ter representantes importantes também no Brasil, dos quais citarei a banda Legião Urbana, que, com músicas contestadoras, se propôs a levar os jovens a refletirem e formarem opinião sobre sua política, o governo brasileiro e suas influências externas, seus amores, e tudo mais que lhes circundava. Partindo da problemática de como essa banda influenciou e ainda influencia jovens do país, tanto em questionamentos políticos quanto nos próprios relacionamentos afetivos e familiares, e especialmente em letras como “Geração Coca-Cola”, “Que país é esse?” e “Pais e Filhos”, esse artigo se propôs a realizar, utilizando como metodologia uma pesquisa bibliográfica, os seguintes objetivos: discorrer sobre a influência do rock da Legião Urbana sobre o comportamento da juventude; conceituar o comportamento desta, tanto na forma padrão quanto revolucionária; e conceituar o que é a chamada Geração Coca-Cola, a partir da análise de letras da banda. Para cumprir com isso, realizou-se uma análise dos tópicos citados sobre o ponto de vista da Psicologia, especialmente a partir de teóricos e de conceitos da psicologia Humanista, que veem o homem sob uma ótica otimista, com potencial para o desenvolvimento e a mudança a partir de uma simbolização de suas experiências sociais. PALAVRAS-CHAVE: Legião Urbana; comportamento; Psicologia. DE CONTRACULTURAL À MERCADORIA: O ROCK E A INDÚSTRIA CULTURAL Maristhela Rodrigues da Silva (Universidade Federal do Maranhão – UFMA) Eduardo de Quadros Melo (Universidade Federal do Maranhão – UFMA) RESUMO: Análise da passagem do Rock enquanto um dos elementos do movimento contracultural dos anos 1960, em especial nos Estudos Unidos, para instrumento de mercado da chamada “indústria cultural”. Identifica-se o Rock como base para o movimento contracultural nos anos 1960 e apresentam-se as principais contribuições não só musicais, mas sociais do Rock para os movimentos de protesto neste período. Compreende-se como Indústria Cultural a transformação de tudo que venha a ser produzido, no que diz respeito à arte e à cultura por um grupo, em mercadoria. A Indústria Cultural, por sua vez, reflete a disposição de um modo de organização social baseado na transformação de tudo e de todos em mercadoria refletindo em um modelo de sociedade que trata as suas relações com base no consumo, ou seja, a chamada “Sociedade de Consumo”. Entende-se que o Rock, inicialmente sendo utilizado como fonte de protesto e por isso colocado como provindo da margem da sociedade quando transformado em mercadoria, à medida que passa a ser incorporado por grandes gravadoras e levado para o norte dos Estados Unidos, mundializa-se, mas perde sua faceta de contracultura e arte marginal. Nesse sentido, conclui-se que se em parte foi graças a esse processo de mercantilização que o rock pode ultrapassar as barreiras norte americanas e ser conhecido e transformado por outros lugares, foi também essa mudança que tirou do mesmo o seu elemento fundador, a contracultura e o estar à margem, por outro lado a herança contracultural não é pelo rock abandonada tendo em vista que a atitude dos grupos que se identificam com esse estilo de música e vida social continua refletindo a margem e o protesto, até mesmo quando se trata de um protesto desconhecido. PALAVRAS-CHAVE: Contracultura; Indústria Cultural; Rock. PUNK ROCK: ATITUDE E MÚSICA, UMA VISÃO ETNOMUSICOLÓGICA André Luiz Mendes Pereira (Conservatório Estadual de Música José Maria Xavier) RESUMO: O objetivo deste texto é analisar o Punk Rock através de uma etnografia histórica, traçando seus momentos iniciais em Nova York, sua contextualização e posteriormente seu desdobramento na Inglaterra. Analisarei entrevistas concedidas pelos principais expoentes e documentários. O Punk surge no início dos anos setenta quando o movimento hippie já havia perdido sua força, alguns astros do Rock já haviam morrido, os Beatles já haviam acabado e as condições econômicas em países como a Inglaterra e Estados Unidos não apresentavam perspectivas otimistas para a juventude. O Rock era representado por grandes bandas tocando em grandes arenas, distante da maioria da juventude que morava nas periferias das grandes cidades e não se identificava com o Rock do mainstream. Em Nova York entre 1964 e 1972 surgiram bandas como Velvet Underground, Mc5, The Stooges e New York Dolls que se diferenciavam pelo ato de tocar e expressar os sentimentos sem reservas, por mais agressivos que fossem, apresentando uma nova atitude de se fazer Rock. Letras que falavam do cotidiano e sonoridades diferentes que tinham em comum a crueza dos arranjos. Outro elemento que favoreceu o surgimento do Punk em Nova York foi o CBGB, bar que somente permitia que bandas tocassem composições próprias e com esta regra proporcionou o surgimento de uma nova tendência. Outro fator relevante nesse contexto nova-iorquino foram as edições de uma revista chamada Punk quando esse nome ainda não designava um gênero. No entanto, foi com Malcolm McLaren que o Punk se constituiu posteriormente como movimento na Inglaterra. As relações entre o fazer musical e seus significados são complexos e este trabalho buscará analisar as bandas de Nova York até seu estouro na Inglaterra e em como este gênero provocou mudanças comportamentais tanto no que se refere ao ato de fazer música quanto em sua relação sócio-cultural. PALAVRAS-CHAVE: Punk; comportamento; música. HORDAS DO METAL NEGRO: IDENTIDADES, PRÁTICAS E DISCURSOS DA CENA BLACK METAL PAULISTANA Lucas Lopes de Moraes (USP) RESUMO: Guitarras distorcidas, urros pela cidade afora, guerreiros que fazem reverberar pela noite paulistana hinos de batalha contra o cristianismo e o mainstream da indústria fonográfica. Com a corpse paint (pintura cadavérica) cobrindo seus rostos e trajados para a guerra, os adeptos do black metal – uma das vertentes mais extremas do gênero musical heavy metal – produzem sua música, organizam suas práticas e discursos, e conformam uma maneira específica de ocupar os espaços urbanos. Não seriam apenas bandas, mas as autoproclamadas hordas, arranjos coletivos formados pelas alianças e cindidos pelos conflitos que permeiam o contexto relacional definido pelos “adeptos” como cena. Pela chave da Antropologia Urbana, na qual o NAU – Laboratório do Núcleo de Antropologia Urbana da USP – já vem há algumas décadas trabalhando, essa pesquisa iniciada no ano de 2012 vem analisando as práticas e maneiras de organização dos arranjos coletivos e adeptos do Black Metal na cidade de São Paulo. Diferentemente da maneira “dessacralizada” como o heavy metal comumente trabalha com os símbolos ligados ao Diabo, tratando-os como elementos estéticos de suas composições; o satanismo do black metal possuiria ares ideológicos, como uma arma política contra os “inimigos” do underground do metal extremo e as instituições e elementos religiosos disseminados pela sociedade. Assim, esse trabalho ainda em andamento, tem se preocupado em elucidar os conceitos musicais “nativos” expressos em suas composições e performances, como também a perspectiva específica desses atores sociais sobre o papel de sua música e de sua conduta no contexto urbano contemporâneo. PALAVRAS-CHAVE: Antropologia Urbana; black metal; cenas musicais. A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE HEAVY METAL ENTRE O BRASIL E O PARAGUAY Franciele Cristina Neves (UNIOESTE) RESUMO: O gosto musical tem se mostrado como um forte fator de identidade entre os grupos sociais. Assim, a sociabilidade a partir do Rock abre a possibilidade de construção de uma identidade roqueira. A pesquisa desenvolvida se preocupa com a formação de um grupo urbano que surge a partir do gênero musical Heavy Metal - mais especificamente os subgêneros denominados Thrash Metal e Death Metal. A pesquisa é realizada na região da Tríplice Fronteira do Brasil-Paraguay-Argentina. A rede é composta por indivíduos de várias cidades, que mantém contato frequente devido à cena underground. Apesar da fronteira entre nações continuar existindo, em relação à prática do Heavy Metal as margens tornam-se porosas e há a construção de um espaço “neutro” entre paraguaios e brasileiros. Ao transgredir as fronteiras físicas, as identidades nacionais assumem um campo periférico, fazendo com que a identidade headbanger fique em primeiro plano.Pretendo interpretar a dinâmica desta rede headbanger - os vários elementos que a compõe -, para ao final da dissertação entender qual a influência deste espaço híbrido e quais são as estratégias usadas por este grupo na construção de sua identidade. PALAVRAS-CHAVE: Identidade; Heavy Metal; Culturas Híbridas. O MERCADO DO ROCK E A ERA DE OURO DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA: ARTISTAS QUE SE TORNARAM PRODUTOS, NEGÓCIOS QUE SE TORNARAM LENDAS! Kadú Guariente (Fatec Internacional) RESUMO: Até pouco menos de 25 anos atrás, em uma era pré-internet e pré-informação compartilhada, a indústria em geral ditava regras e raramente se rendia ao gosto popular. A música não estava fora deste contexto e faturava alto em um mercado agressivo, de retorno rápido onde às vendas significavam a glória e títulos de reinado do Pop, do Rock, do Jazz ou qualquer estilo que se adaptasse ao que o mercado entendia como paradas de sucesso, playcharts ou revistas como Billboard e Cashbox, NME e Rolling Stone. Assim, ela evolui através de novas ideias e concepções artísticas, criando movimentos sociais, políticos e por que não mercadológicos. Baseado em um estudo de análise mercadológica, toda a pesquisa se baseará em aspectos de estudos comportamentais tendo foco nas estratégias utilizadas pelo mercado à época. Buscar traçar um paralelo entre as gerações comportamentais (Babe- Boomers, Geração X, Geração Y, etc.) e os Cases dos principais artistas e bandas de cada uma destas gerações. Como complemento o ponto chave estará na decadência do mercado fonográfico na década de 90 e o surgimento da música Digital como pano de fundo de uma revolução “Independente” do mercado da música. Acompanhará para os participantes uma pesquisa mercadológica segmentada “in-loco” que será realizada com os participantes, com o intuito de apresenta-la como balanço após o congresso. O enfoque geral do estudo contará a evolução, decadência e sobrevivência do mercado do Rock durante os seus 58 anos de existência. PALAVRAS-CHAVE: Marketin; Rock’n’Roll; Produtos. ANÁLISE DA COBERTURA JORNALÍSTICA IMPRESSA DOS EVENTOS DE HEAVY METAL DE FREDERICO WESTPHALEN Joana Frota (Universidade Federal de Santa Maria) RESUMO: No interior do Rio Grande do Sul, na cidade de Frederico Westphalen é visível um público forte e fiel do rock. No inicio dos anos 2000 uma das pioneiras bandas de Heavy Metal, chamada Snakes, formado por Duda (bateria), Murilo Medeiros (vocal), Juliano Backer (guitarra solo, vocal) e Guta Medeiros (baixo, vocal), os Snakes realizaram muitos shows para o público headbanger de Frederico Westphalen em festivais de rock realizados na cidade, na região e fora dela. Encerraram suas atividades no final de 2007, pouco tempo depois do lançamento de seu DVD, e desde então fizeram apenas algumas esporádicas reuniões e apresentações. Outro fator muito relevante para os bangers, é que há nove anos existe na cidade, o festival Na Mira do Rock que anualmente representa um espaço para os headbangers frederiquenses (tanto na plateia quanto no palco), o evento já reuniu diversas outras bandas de todo o Estado, tendo trazido também algumas atrações nacionais e até mesmo uma internacional. Mas será que a mídia frederiquense está preparada para assumir essa demanda do underground? Será que o espaço aberto para bandas como a Snakes foi suficiente para uma banda genuinamente da cidade? A divulgação e o incentivo nos meios de comunicação da cidade quase sempre foram insuficientes para popularizar o estilo. A mídia frederiquense sempre deu ênfase e destaque para as bandas não locais, desprezando assim a cultura fabricada na cidade. Apesar de Frederico Westphalen não ter, nas suas bases culturais, características inerentes a este estilo, aos poucos esse desprezo está mudando. Por isso é analisado como o jornalismo cultural e de rock é praticado nesses dois objetos, a banda Snakes e o festival Na Mira do Rock. PALAVRAS-CHAVE: Heavy Metal; Frederico Westphalen; Jornalismo de Rock. A RELAÇÃO ENTRE A LÍNGUA INGLESA E O PROCESSO DE COMPOSIÇÃO DE MÚSICAS DE HEAVY METAL NUMA VISÃO CRÍTICA E FUNCIONALISTA DA LINGUAGEM Pedro Lazaro dos Santos (Universidade Federal do Piauí) RESUMO: A difusão do inglês como a língua de comunicação mais utilizada internacionalmente se deve, principalmente, ao cinema e à música. No cenário musical, o rock sempre esteve associado à língua inglesa desde o seu surgimento entre os anos 1950 e 1960 pelo fato de ser um gênero essencialmente americano e pela sua difusão na Grã-Bretanha, concomitantemente com a inserção de diversos artistas estadunidenses e britânicos no cenário musical (Giblin, 2005). Com o Heavy Metal, gênero derivado do rock e do blues com origem na década de 1960, não seria diferente: tal gênero teve influência inicial de bandas britânicas e estadunidenses, como Kinks e Steppenwolf, auxiliando na difusão da língua inglesa no cenário musical (Walser, 1993; Weinstein, 2011). Atualmente no Brasil, há centenas de bandas de Heavy Metal que, além de cantar canções de bandas internacionais em inglês, também compõe letras de músicas nessa língua estrangeira. Esse cenário nos motiva a questionar o papel da língua inglesa no processo de composição das canções de bandas brasileiras. Buscaremos, então, pesquisar como se dá o processo de escrita em língua estrangeira de músicas autorais de bandas brasileiras através de entrevista com seus compositores e de análise das letras das músicas tendo em mente que a linguagem (re)produzida nas letras das músicas pode ser pensada numa visão funcionalista, pois o compositor usa a linguagem para representar o mundo e para identificar a si mesmo e os outros. Utilizaremos os pensamentos de Dunn (2005), Walser (1993) e Weinstein (2011) a respeito do Heavy Metal como estilo musical proveniente do rock, e de Giblin (2005), Lacoste (2005) e Rajagopalan (2005, 2008) sobre a língua inglesa como fenômeno lingüístico mundial. Analisaremos os dados gerados à luz dos Estudos Críticos do Discurso, da Filosofia da Linguagem e Pragmática Cultural para discutir o caráter performativo da língua inglesa. PALAVRAS-CHAVE: Heavy Metal; Língua inglesa; Estudos Críticos da linguagem. SOCIABILIDADES, REDES SOCIAIS E REBELDIA: UM ESTUDO SOCIIOLÓGICO SOBRE O ESTILO DE VIDA ROQUEIRO Irapuan Peixoto Lima Filho (Professor da Universidade Federal do Ceará - UFC) RESUMO: Jovens usando preto andam pelas ruas. Alguns usam adereços de metal e cabelos compridos; outros usam jaquetas coloridas e óculos enormes. Todos se reúnem para escutar bandas de rock nos fins de semana. Vindos tanto das periferias e quanto dos bairros de classe alta, movimentam um circuito de bares, boates e festas, onde a música é alta e o som distorcido. São os roqueiros. A Sociologia contemporânea preza pela observação não somente dos grandes eventos sociais, mas os “pequenos” fenômenos cotidianos. Este trabalho procura estudar os jovens que “curtem” rock nas grandes cidades. Neles, a Sociologia identifica uma série de processos sociais complexos: a estruturação de estilos de vida e a articulação de redes sociais para mantê-los. Ao analisar os roqueiros da cidade de Fortaleza, a pesquisa identifica a organização de uma complexa rede social, a rede roqueira, articulada em meio a diversos atores sociais distintos: artistas e público; promotores de eventos; organizadores; empresários; donos de estúdios musicais, funcionários e técnicos; lojistas; distribuidores; proprietários de bares, boates e restaurantes; e grupos associativos, como movimentos culturais e ONGs. A rede roqueira não é um coletivo homogêneo, mas um universo variado, subdividido em coletivos menores que a pesquisa chama de agrupamentos: maneiras diferenciadas de vivenciar na prática o estilo de vida roqueiro, como metaleiros, alternativos, punks, hardcores, skinheads, emos e bluseiros. O trabalho analisa como se dá a movimentação dessa rede roqueira, as características internas dos agrupamentos, os usos do espaço público e os conflitos internos. Afinal, num universo repleto de tantas significações, ganham destaque disputas simbólicas por legitimidade, as senhas de entrada e os modos de exclusão encontrados pelos agrupamentos para permitir ou proibir a vinculação à identificação que carregam. PALAVRAS-CHAVE: Redes sociais; comportamento, identidades. O ROCK ALÉM DO SOM: UMA ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA Amanda Veloso Garcia (UNESP) RESUMO: O rock se identifica não apenas por um som característico, mas principalmente por sua atitude. Neste trabalho, procuraremos realizar uma análise antropológica do rock amparada numa abordagem etnomusicológica tal como cunhada por Alan Merriam. Merriam elaborou um modelo, que seria um subcampo da Etnomusicologia – a Antropologia da Música –, no qual a música deve ser estudada em três níveis de análise: conceituação sobre música, comportamento em relação à música e o som em si mesmo. Isto porque o conceito produz o comportamento, e este último, por sua vez, produz o som. Para o autor, a música precisa ser entendida como um elemento da complexidade do comportamento social que carrega crenças e valores subjacentes, e, portanto, se trata de um comportamento musical e não apenas de fenômenos sonoros, o que torna fundamental o estudo dos "conceitos musicais". Nesse viés, a música é uma forma de relação e comunicação com o meio social, é um comportamento aprendido socialmente, e, portanto, esta não pode ser entendida apenas como produto, mas se constitui de um comportamento social. E, desse modo, para abranger a real complexidade das manifestações musicais é preciso que seja feito um estudo da música na cultura. Com base nesta necessidade, procuramos oferecer uma análise antropológica do rock visando entender quais conceitos o caracterizam. Pretende-se esmiuçar principalmente o que se entende por “atitude rock’n roll” mostrando como isto levou a constituição da identidade do gênero que é formada por modos de se vestir, falar e interagir com a sociedade. Alem disso, procuraremos também apresentar as razões do comportamento que produziu o rock. Acreditamos que sem esta dimensão não é possível compreender o verdadeiro significado deste estilo musical. PALAVRAS-CHAVE: Atitude Rock’n Roll; Comportamento Musical; Antropologia da Música. A IMPORTÂNCIA DOS MEIOS DIGITAIS PARA A DISSEMINAÇÃO DA BEATLEMANIA NO SÉCULO XXI Ana Paula Pereira da Silva (Grupo Educacional UNINTER) RESUMO: A cultura jovem dos anos 50 inspirou a geração que mudou o mundo. Do consumo comercial à disseminação da cultura alternativa, os Beatles marcaram a década de 1960 influenciando os fãs com suas músicas e ideais. Do yeah yeah yeah romântico no início de carreira ao nothing’s gonna change my world e o psicodelismo idealista do meio ao fim, o grupo teve total suporte dos veículos de massa para que permanecessem no mercado, fosse por comentários sobre os discos em jornais e revistas ou críticas sobre seus discursos em entrevistas na televisão. A Beatlemania foi, sem dúvidas, um dos maiores movimentos da juventude do século XX. Hoje, 50 anos após o lançamento do primeiro disco do grupo, o Please please me, é possível observar a influência das mídias digitais na cultura beatlemaníaca. Redes sociais, fóruns, sites e blogs mostram as novas gerações de fãs disseminando a cultura criada em torno da banda nos anos 60, enquanto as gerações que viveram a época e todo o contexto aproveitam para discutir e relembrar as músicas e histórias que surgiram em torno do quarteto de Liverpool. A presente pesquisa partiu do seguinte questionamento: Qual é a importância dos meios digitais para a disseminação da Beatlemania no século XXI? A análise centrou-se no estudo das interações dos fãs, visando identificar aspectos da cultura digital a partir de fatores como a nova cultura do fanatismo online, os memes e sua relação direta com o remix. Também foram observadas as ações e movimentos criados digitalmente por fãs e sua repercussão no ambiente offline. PALAVRAS-CHAVE: cibercultura; beatlemania; comunicação. A INFLUÊNCIA DO ROCK NO COMPORTAMENTO E NA CONCEPÇÃO MUSICAL DE BANDAS DE BAILE NO NORTE DO PARANÁ Anderson Sávio Ferreira (Unicentro) RESUMO: Esse trabalho que ainda está em andamento, aborda reflexões em torno da importante influência do Rock nas bandas de baile, resultantes de uma observação participante. Apesar de novos objetos relacionados à música serem estudados por historiadores, cientistas sociais, musicólogos e antropólogos, a compreensão das concepções próprias dos profissionais de bandas de baile na academia ainda é incipiente. Mesmo que esses grupos possuam uma característica eclética de repertório, a predileção da grande maioria desses músicos pelo Rock é evidente. Tal evidência resulta numa forma comportamental, interpretativa e sonora únicas em relação ao repertório variado no qual os mesmos executam. O papel do Rock nas noções de "status"; vestimenta; atitude; performance; expressão corporal; arranjamento, interpretação, dinâmica e gosto musical em bandas de baile demonstram concepções próprias desses indivíduos. As chamadas bandas de baile ou "bandas show" são uma das únicas possibilidades de trabalho formal como músico, cantor ou bailarino na música popular no interior do Paraná. Além disso, em muitas das pequenas cidades que realizam apresentações, são também umas das únicas opções de grande parte do público ver temas de Rock serem tocados ao vivo com grande estrutura. Ao ingressar em 2012 na função de baixista na banda Metrópole, onde continuo até hoje, pude verificar as concepções musicais e comportamentais do rock como músico de baile, diferentemente das experiências musicais que tive anteriormente (músico de banda de rock autoral, músico de "banda pop rock cover", "músico de bar", professor de baixo elétrico, músico de estúdio e músico de "orquestra galega"). A concepção "Rock N´Roll" de postura de palco, dinâmica e vestimenta exigiram uma adaptação ao sistema que essa banda, que tem 29 anos de existência, adere nas apresentações, e fornece o reconhecimento de diferentes conceptualizações relacionadas à música em geral. PALAVRAS-CHAVE: Bandas de baile; Rock; concepção. ROCK E JUVENTUDE: A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NO COMPORTAMENTO JOVEM EM CHAPECÓ/SC – 1967/1975 Bruna Cristina Pompermayer Gugel (Universidade Federal da Fronteira Sul) RESUMO: O rock, enquanto gênero musical e modelo comportamental, desde seu surgimento esteve ligado às massas jovens do pós-guerra. Dotado de um espírito de liberdade, rebeldia e contestação, o rock é visto como um dos principais alicerces das revoluções socioculturais promovidas pela juventude a partir da década de 1960. Um novo estilo de vida promovido pela Indústria Cultural e amplamente difundido aos jovens a partir da primeira metade da década de 1950 foi fundamental para a construção do conceito de “movimentos jovens”, tendo em vista que, até então, a juventude era vista apenas como pré-adultos, sem dispor de um modelo cultural voltado para si, mesmo que este modelo estivesse arraigado à Indústria Cultural. Considerando este aspecto renovador e contestador do rock, este facilmente espalhou-se pelo mundo, chegando aos mais distantes redutos onde a juventude, ávida por mudanças, estava. Desta forma, em meados da década de 1960, com alguns anos de atraso em relação ao resto do mundo (e ao Brasil), o rock chega ao oeste de Santa Catarina, especificamente à Chapecó, promovendo a ruptura com o modelo tradicional da sociedade daquele momento, conservadora e controladora. A análise do comportamento jovem neste período na cidade de Chapecó tem como ponto de partida fundamental nesta pesquisa o surgimento das primeiras duas bandas de rock da cidade – The Jet’s e Os Bananas – bem como sua trajetória e os problemas enfrentados pelos jovens músicos, sempre considerando o rock enquanto movimento cultural e comportamental específico da juventude do fim dos anos 1960 a meados da década seguinte. PALAVRAS-CHAVE: Comportamento; Rock; Juventude. O ROCK COMO EXPRESSÃO DAS DEMANDAS SOCIAIS: UMA ABORDAGEM SÓCIO-JURÍDICA DA MÚSICA “METRÓPOLE” DA BANDA LEGIÃO URBANA Daniele Prates Pereira (Unioeste) Tâmisa Tiveroli (UTFPR Pato Branco) RESUMO: O trabalho a ser apresentado neste Simpósio Temático sob o tema “Rock e Comportamento” tem por objeto analisar o contexto social e jurídico brasileiro à época em que a banda Legião Urbana critica o sistema de saúde através da música Metrópole. A abordagem que se propõe, a ser realizada pelo método dedutivo com bases em teóricos, legislação, entre outros levantamentos bibliográficos também tem por intenção demonstrar que o rock, dentre os estilos musicais, se apresenta como um agente de expressão das demandas sociais, podendo-se realizar a partir desta perspectiva, um olhar para o passado e o presente, tecendo-se um diagnóstico sobre as mudanças no sistema de saúde até os dias atuais, analisando-se assim o contexto pós-reabertura democrática com a implantação do SUS e o sistema atual de judicialização da saúde como busca de implementação concreta deste direito. Assim, tem-se como objeto de pesquisa a música Metrópole da banda Legião Urbana, lançada no ano de 1985, pouco tempo antes da promulgação da Constituição Federal vigente (1988), que trouxe em seu texto a previsão do Sistema Único de Saúde. A problemática em estudo trata-se da demanda social do direito à saúde, expressada claramente pela referida música: as alterações do sistema de saúde com a implementação do SUS foram suficientes para a garantia efetiva do direito à saúde criticado pela letra poética e cantada pelas multidões como grito social? O estudo demonstrará que, mesmo sendo um sistema melhor do que o anterior à CF/88 ainda há muito que se buscar para efetivar-se uma garantia plena de saúde no Brasil, e que atualmente, a própria sociedade, em geral, juntamente com a sociedade jurídica buscam na “judicialização” uma forma de ver tais direitos implementados, fugindo das vias convencionais do sistema e das funções de administração pública do Poder Executivo. PALAVRAS-CHAVE: Direito à saúde; Judicialização; Música Metrópole. DO ROCK AO SAMBÔ: PROCESSO IDEOLÓGICO DE ESVAZIAMENTO DE SENTIDOS Luciana Iost Vinhas (Universidade Federal da Fronteira Sul) Cristian Amaral da Silva (Jornal Novo Tempo) RESUMO: Pode-se dizer, de uma forma bastante ampla, que letra e música, juntas, são os elementos que constituem uma canção. Não existe uma obrigatoriedade na presença desses dois elementos, mas, na maioria das canções, ambos as compõem. Na cena musical contemporânea, é possível observar casos de canções em que as letras permanecem as mesmas, mas ocorrem algumas alterações no que concerne à música. Esse é o caso do Sambô, um grupo que opera releituras de músicas já consagradas no rock e no pop. As canções originais são trazidas para ritmos caracteristicamente brasileiros, ganhando uma roupagem de pagode universitário. Com base nessas afirmações, o objeto da presente discussão é o discurso, entendendo que a alteração da música é determinada ideologicamente, sendo tanto a música quanto a letra, compreendidas como materialidades discursivas. O protesto inicial presente nas canções do rock, ao ser reconfigurado na leitura feita pelo Sambô, deixa de existir, ocorrendo uma diferença na circulação dos sentidos atualizados, obedecendo à formasujeito capitalista. Então, para tratar sobre o assunto, é chamada a Análise do Discurso de Michel Pêcheux. A fim de exemplificar esse processo de esvaziamento de sentidos, toma-se como exemplo a canção Sunday Bloody Sunday, da banda irlandesa U2. Apesar de não ocorrer qualquer alteração na letra da música, o ritmo diferenciado promove um processo discursivo desvinculado de qualquer protesto. A nova forma como a ideologia se materializa revela um processo discursivo que promove uma desidentificação dos sujeitos com a formação discursiva dominada, na qual eram abrigados saberes de protesto. Atualmente, a identificação dos sujeitos se dá com a formação discursiva dominante, que pretende desvincular a canção de qualquer tipo de questionamento, em virtude da sua nova configuração musical. PALAVRAS-CHAVE: discurso; rock; ideologia. TEMPOS DE DIZER (D)A RESISTÊNCIA: DISCURSO E MEMÓRIA DO BRASILEIRO NO ROCK DOS ANOS 1980 Flávia Zanutto (UEM) RESUMO: As canções do rock produzidas no cenário nacional dos anos 1980 surgiram em um Brasil ainda submetido ao regime militar e ganharam espaço na mídia, em meio a uma sociedade que, por conta da ditadura, furtou-se da coragem de denunciar/questionar problemas sociais e políticos. Por essa razão, talvez, o rock brasileiro tenha se tornado instrumento de expressão mais forte entre os jovens daquela época. Nessa produção discursivo-musical, destacamos uma tentativa de acelerar, no país, um processo de tribalização e de uma identidade planetária. Se, por um viés, o pop apresenta-se como algo imperialista, por ser um tipo de música feito para qualquer público e imediatamente assimilável, de outro, o rock tem como público ouvinte um segmento bastante localizado e atuante. Buscaremos, nessa produção musical, traços de resistência aos poderes vigentes nessa década, por ser essa produção artístico-cultural uma micro-esfera de resistência, na medida em que, em um período de transição ditadura/abertura/diretas-já, portou-se como uma voz que denunciava desigualdades sociais, violência, uso abusivo do poder, educação básica insuficiente, dentre outros aspectos. Para isso, o primeiro aspecto que consideramos para nossas discussões refere-se às condições sociohistóricas que constituíram o solo epistemológico para o surgimento de um discurso de resistência em canções de grupos de rock, tais como Plebe Rude, Legião Urbana, Barão Vermelho, Capital Inicial, Ultraje a Rigor, Engenheiros do Hawaii, Os Paralamas do Sucesso, entre outros. Discutiremos essa produção musical concebendo-a como “acontecimentos discursivos” de resistência, estabelecendo a relação entre o acontecimento discursivo que caracteriza essa produção e os acontecimentos político-sociais do contexto de produção imediato em que tais peças musicais emergiram, visando a compreender os efeitos da memória na fabricação discursiva da identidade. Nesse sentido, nossa discussão versará sobre: a) algumas das letras dessa época, concebendo-as como “acontecimentos discursivos” de resistência; b) a relação entre o acontecimento discursivo que caracteriza essa produção e os acontecimentos político-sociais do contexto de produção imediato em que tais peças musicais emergiram na sociedade brasileira; c) os efeitos da memória na fabricação discursiva da identidade; e d) o funcionamento discursivo de itens lexicais e sintáticos para a produção de um efeito de resistência. PALAVRAS-CHAVE: Discurso; Resistência; Rock brasileiro dos anos 1980. BREVE REFLEXÃO SOBRE ALGUMAS MÚSICAS DA BANDA TITÃS Mariza Scheffer Freire (UNIOESTE) Anna Cecilia Scheffer (UNIOESTE) RESUMO: Neste artigo analisamos e discutimos a compreensão de algumas músicas da Banda Titãs, que surgiu na esfera do rock nacional dos anos de 1980, seguindo até os dias atuais. Extremamente autênticas, as suas composições eram frutos de pura atitude, atitude essa que diferente de hoje, meio vaga e volúvel, tinha verdadeiro compromisso com a revolta contra as coisas erradas vividas na década de 1980, desde questões políticas às clássicas religiões. Situase esta década com um marco cultural que se caracterizou pelas manifestações da juventude brasileira, fazendo transparecer os problemas socioeconômicos do período sendo que estes mesmos jovens utilizaram-se de tais músicas como forma de desabafo. Tendo em conta esse contexto, este trabalho propõe analisar as letras de algumas músicas da banda Titãs, que trazem ferrenhas críticas sociais visando relacioná-las no imaginário comportamental do jovem brasileiro, enfocando especificamente a intersecção música e política. Considerando o caráter crítico tanto no contexto cultural, como religioso, político e comportamental que estão permeadas cada estrofe de suas canções, do estilo como forma de "dar-se a ver" e comunicarse, assim como tomar em conta as múltiplas relações de poder nas quais se inscreve o que é comunicado. Na letra da música ‘Comida’, marca a geração de jovens que vivenciaram essa fome por se libertar. A música Epitáfio, dos Titãs, resgata a ideia de “aproveitar bem a vida”. Ao contrário de ser uma ode à negligência e ao descompromisso a música é uma resposta ao espírito capitalista que nos impede de ver a beleza da vida e da natureza. PALAVRAS-CHAVE: Política; Juventude; Comportamento. O ROCK QUE QUEREMOS EM NOSSO PAÍS Luciana Peronio (Universidade Federal de Juiz de Fora/MG) RESUMO: A proposta do artigo é levar o leitor a uma reflexão sobre o desenvolvimento da indústria fonográfica brasileira no que se refere ao rock produzido no Brasil. Como o mercado recebeu o novo estilo como produto? Como os consumidores aceitaram o que era produzido no país? Como os veículos midiáticos trabalharam esse produto nacional? E ainda, como o rock internacional foi recebido aqui pelos consumidores e mídias (especializadas ou não)? Pretende-se identificar, uma linha tênue ou não de mercado, que separa o rock que é produzido aqui com o que é produzido lá fora. Estaríamos dando uma maior abertura para o mercado externo ao passo de comprometer o fortalecimento do mercado nacional? Estariam as bandas internacionais vendendo e movimentando mais o mercado interno do que as bandas nacionais? Serão utilizados alguns pontos da história do cinema brasileiro que apresenta em sua trajetória cicatrizes de uma valorização dos filmes produzidos no exterior em detrimento dos que eram produzidos no país. O que levou a um enfraquecimento do cinema nacional, culminando em fases de extrema escassez da produção cinematográfica no Brasil. Parece um tanto audacioso uma comparação entre história do cinema e história do rock nacional, mas a ideia é levar o leitor a refletir sobre como o mercado é conduzido no país pelos empresários e pelos próprios consumidores. O que queremos comprar? O que querem nos vender? Será que estamos consumindo algo de forma a favorecer o mercado interno na produção do rock nacional? E relembrando, como se deu o desenvolvimento do mercado cinematográfico no país, certamente vamos encontrar muitos pontos interessantes em comum para entender a lógica de mercado onde o produto externo muitas vezes parece ganhar mais força no mercado nacional do que o próprio produto produzido no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Rock; mercado e consumo . IDENTIDADES FEMININAS NO ROCK PELAS VOZES DE PITTY E RITA LEE Jonathan Chasko da Silva (UNIOESTE) Juliana de Sá França (UNIOESTE) RESUMO: Até meados do século XIX, o papel da mulher na sociedade restringia-se ao âmbito doméstico, sendo ela a responsável por cuidar da casa, do marido e dos filhos. Tal situação passou por várias modificações a partir do momento em que as mulheres começaram a exigir equiparação aos homens no que tange aos seus direitos. Desde então, com direitos políticos e sociais assegurados, observa-se a presença e a atuação feminina nas mais diversas esferas, sendo especialmente relevante para este estudo, a expressão e produção intelectual e cultural feminina. Considerando este contexto, o objetivo deste artigo é observar a construção da identidade da mulher em duas letras de músicas de rock, "Pagu" e "Desconstruindo Amélia", de autoria das cantoras e compositoras Rita Lee e Pitty, respectivamente. As canções coexistem, entretanto, a primeira data do final do século XX e a segunda, do início do século XXI. Pretende-se, deste modo, perceber se as transformações da condição social feminina apresentam-se refletidas em tais letras, compostas em momentos históricos diferentes. Para tanto, este trabalho apresenta-se norteado pelos princípios e procedimento da Análise do Discurso de linha francesa e pelas considerações de identidade formuladas por Stuart Hall. Parte-se da hipótese de que as letras das canções demonstram que suas compositoras possuem consciência em relação aos distintos papeis sociais exercidos pelas mulheres ao longo dos anos e, a partir disso, rompem com vários mitos acerca da identidade feminina e celebram uma nova mulher - fragmentada e multifacetada -, ao discorrerem livremente sobre questões físicas, profissionais, sexuais e afetivas. PALAVRAS-CHAVE: Identidade Feminina; Rock Feminino; Pitty; Rita Lee. “BAD TRIP: O ACERVO MUSICAL BRASILEIRO EM XEQUE ATRAVÉS DO DISCO CILIBRINAS DO ÉDEN Renata Gonçalves Gomes (UFSC) RESUMO: Muito já se falou sobre a censura musical no Brasil, muito intensa principalmente durante a ditadura militar (1964-1985). Porém, pouco se discute sobre os desdobramentos que a repressão feita sobre a Música Popular Brasileira causam no contexto musical atual. Cilibrinas do Éden, uma dupla formada por Rita Lee e Lúcia Turnbull, em 1973, teve seu primeiro disco lançado em 2008, por um grupo de fãs que recuperaram o material perdido e decidiram bancar o projeto. A partir deste disco, e de materiais de arquivo de canções de Rita Lee, é que se discutirá aqui o quanto a censura nas canções contraculturais de Rita Lee, especialmente no disco Cilibrinas do Éden, interferem na produção musical da roqueira. Com produção musical subentende-se letra, música, disco, mercado e arquivo, pensando não só a negligencia em relação ao arquivo musical, mas também a modificação de letras de canções para vínculos mercadológicos, principalmente televisivos. Desta forma, Cilibrinas do Éden se mostra uma obra de suma importância para as questões que envolvem o rock nacional da contracultura à atualidade. PALAVRAS-CHAVE: Cilibrinas do Éden; Censura Musical; Contracultura; Rock; Rita Lee; Lúcia Turnbull. HEAVY METAL, NAÇÃO, CONTRACULTURA E POLÍTICA CULTURAL: O “ROCK PESADO” EM BELÉM DO PARÁ (1997-2004) Bernard Arthur Silva da Silva (Universidade Federal do Pará) RESUMO: Em um momento de reorganização do cenário roqueiro e metálico local, durante o final dos anos 90/início dos anos 2000 e, de mudança na orientação política da Prefeitura de Belém, o Rock, em especial o Heavy Metal, passou a ter presença muito frequente em espaços públicos. Por que, no caso do Rock, especificamente do Heavy Metal, existiu uma frequência considerável de shows em espaços públicos, principalmente municipais (Mercado Municipal de São Braz, Ginásio Altino Pimenta, Praça da República, Praça Batista Campos, Praça Waldemar Henrique, Espaço Aldeia Cabana, Teatro Experimental Waldemar Henrique, Memorial dos Povos)? Questionamento esse que será debatido através das informações contidas em jornais (Amazônia Jornal, Diário do Pará e O Liberal), diários oficiais (Diário Oficial do Município de Belém), fanzines, fotos, entrevistas e vídeos. Utilizando os conceitos de “underground” (Weinstein, 2000), “sociabilidade metálica” (Janotti Júnior, 2004) e “cidadania cultural” (Marilena Chauí, 2006), pode-se compreender a construção histórica da “prática urbana” (Campoy, 2008) do Heavy Metal local, além da sua posição enquanto “contracultura”, no sentido de embate e choque, ao que predominava, culturalmente, em momento anterior, na capital paraense, ligado à música erudita e música popular paraense. PALAVRAS-CHAVE: Heavy Metal; Oralidade; Política Cultural. Simpósio temático Rock e Contracultura Trabalhos que contemplam o papel do rock na criação de um estilo de vida que se constitui em deliberada oposição ao establishment, forjando novos padrões de comportamento, moda, organização social e do trabalho. ROCK E CONTRACULTURA WOODSTOCK – UMA TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA CULTURA DO ROCK E O MOVIMENTO HIPPIE Marley Kniphoff (Colégio Estadual de Jardim Santa Felicidade) RESUMO: As ideias e argumentos aqui utilizados pretendem tecer algumas considerações sobre o Festival de Woodstock, 1969, que aconteceu numa fazenda nos arredores de NY, EUA. Um dos mais emblemáticos símbolos de uma geração, o Festival Woodstock foi o maior dos festivais de Rock que se tem registro, não apenas em número de participantes, antes ainda por sua filosofia, seu modus operandi, que chocou os mais conservadores à medida que, no auge da contracultura, levou os jovens dessa geração a se concentrarem numa fazenda sem condições de atender a um número tão elevado de pessoas. Eram mais de 500.000 pessoas, muito mais do que previam os organizadores. Numa lição de socialismo, derrubaram barreiras como cercas, e tomaram o acesso, liberando a entrada de todos e estabelecendo o descontrole dos ingressos vendidos, tornando assim o evento com entrada livre para todos os presentes. Apesar das condições precárias, tal como a falta de saneamento, insuficiência de alimentos entre outros, o que sobressai desse evento é a harmonia presente entre os participantes. Tal comportamento é revelador da ideologia social do público que, embebidos do lema paz e amor, contrários ao capitalismo e à guerra, mostraram ao mundo a força social da arte e do rock. PALAVRA CHAVE: Woodstock; Cultura do rock; Movimento Hippie. CONTRACULTURA: DENÚNCIAS DA SOCIEDADE REAL E SONS DE UTOPIA NAS LETRAS E NA VOZ DE RAUL SEIXAS Kellys Regina Rodio Saucedo (Unioeste) Vilmar Malacarne (Unioeste) RESUMO: Este artigo apresenta uma reflexão sobre a representação acerca dos conflitos presentes na sociedade brasileira, inserida nas músicas de Raul Seixas. Nos anos de 1970, sobressaíram letras enfatizando a discussão de jovens sobre a possibilidade de viver em comunidades alternativas, entre outros temas. Essas comunidades permitiam aos seus idealizadores o sonho como fuga dos problemas reais, mas também, a permissão da manifestação de desejos do pluralismo cultural em oposição ao discurso urbanista utópico do período. A obra de Raul Seixas promove problematizações sobre os conflitos históricos e culturais do seu tempo, são letras imbricadas de concepções e valores em resposta a opressão provocada pela Ditadura Militar. A essência dos depoimentos cedidos em entrevistas e da sua produção musical, em parceria com Paulo Coelho, evidenciou o protesto contra a sociedade estabelecida, revelando seu ideal de organização social. PALAVRAS-CHAVE: Contracultura; Sociedade Alternativa; Raul Seixas. “O SOM UNIVERSAL” – A INFLUÊNCIA DO ROCK INGLÊS E NORTE-AMERICANO EM GIL E CAETANO Gabriel Barbosa dos Santos (PUC-Rio) RESUMO: É recorrente vermos historiadores que estudam a cultura nacional da metade do século XX versarem sobre uma eventual polaridade existente na música brasileira nos últimos anos da década de 1960. A Jovem Guarda apresentava uma musicalidade totalmente inspirada – os mais críticos dizem “copiada” – no rock’n’roll norte-americano, inglês e italiano, repleto de trejeitos e rebeldia típicos dos jovens seguidores de James Dean. Já os chamados “nacionalistas” abarcavam os defensores da música tradicional brasileira, calcada nos elementos genuínos de nossa cultura e tradição, alertando para nacessidade de usar a cultura como veículo político às massas. Entretanto, em meados de 1967, surge um movimento de vanguarda que sintetiza, critica e, ao mesmo tempo, adere ambas as propostas para a estética que defendiam. A Tropicália, liderada por Gilberto Gil e Caetano Veloso, tinha essa proposta antropofágicade abarcar o que houvesse ao alcance de moderno e amalgamar com as experiências culturais já imbricadas no sangue brasileiro. E a isso chamaram de “som universal”. Ou seja, a expressão de mais uma tensão que se vivia no âmbito cultural à época: o do nacionalismo e do cosmopolitismo. Mesmo que conflitantes, essas tensões foram assimiladas num projeto que revisitava sambas-canções da era pré-bossa-nova com as vanguardas musicais estrangeiras. E o rock era uma delas. O presente trabalho, portanto, buscará analisar a influência do rock norte-americano e inglês da década de 1960 no “som universal” de Gil e Caetano. Tentar-se-á mostrar de que forma esses dois artistas deglutiram as informações culturais do rock e as coadunaram com os vários elementos culturais nacionais, sobretudo com as premissas neoconcretas. Seja na musicalidade, no modo de vestir, na estética, nas ideias ou no comportamento, o rock foi visto por Gil e Caetano como uma expressão de modernidade, sobretudo uma forma de provocar e criticar os paradigmas da cultura brasileira da época. E o que era moderno era deglutido. PALAVRAS-CHAVE: rock; Tropicália; contracultura. ROCK, CONTRACULTURA E AS NOVAS RURALIDADES: A EXPERIÊNCIA DO PIRA RURAL EM IBARAMA E SUA RELAÇÃO COM A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL Nathana Marina Diska (Universidade Federal de Santa Maria) Clayton Hillig (Universidade Federal de Santa Maria) RESUMO: Dentre as atuais perspectivas do rural, tem se destacado o olhar a partir das “novas ruralidades”; essa perspectiva leva em consideração que o que caracteriza o rural não são as atividades agrícolas, mas também as atividades não agrícolas, como o turismo, prestação de serviços e agroindustrialização e, na sua forma mais intangível, a valorização da natureza e do modo de vida rural. Esse artigo destaca a dimensão cultural presente nas novas ruralidades não só com suas características tradicionais, vinculadas ao local e a atividade agrícola, mas à cultura cosmopolita ligada ao ecologismo, ao misticismo e ao pacifismo. Dentro dessa visão, descreve-se a experiência do festival “Pira Rural” em Cascatinha – Ibarama (RS) e suas conexões com a história cultural do rock e com os valores e princípios envolvidos na ruralidade do município de Ibarama. Conclui-se que existe uma relação concreta entre os princípios ecológicos e solidários presentes na música e nas ruralidades, como a exemplo do festival de Woodstock de 1969 que trouxe inúmeras mudanças na sociedade aliando o pacifismo à natureza, a solidariedade a uma das mais puras formas de linguagem: a música, e de maneira ainda mais concreta, o rock’n’roll, que compreendendo as necessidades temporais do povo, abraçou a ideia da pureza do ser e da necessidade de melhoria do mundo, sendo o estopim nos ideais de contracultura. Esse trabalho aborda a urgência de nossos tempos, a saber, a necessidade da preservação da natureza e da diversidade cultural e a compreensão direta que existe entre as variadas facetas do meio rural e da musicalidade do rock aliadas ao entendimento amplo da essência humana. PALAVRAS-CHAVE: Rock Rural; Novas ruralidades; contracultura. “MÚSICAS DE CONSENSO Y ESTÉTICA DE LA DISENSIÓN. LOS CASOS DE JARCHA Y TRIANA EN EL CONTEXTO ELECTORAL DE LA ESPAÑA POSTFRANQUISTA” Diego García Peinazo (Universidad de Oviedo) RESUMO: La investigación analiza las relaciones entre música e ideología en el contexto de las primeras elecciones democráticas españolas de 1977 y de los diferentes nacionalismos de la preautonomía. Se plantean dos formas de manifestación de dichas relaciones en la música popular andaluza: a) la instrumentalización de canciones para motivar el acuerdo entre partidos políticos con ideologías divergentes, b) las representaciones simbólicas de disconformidad y rebeldía, no necesariamente intencionadas por los sujetos, que favorecieron otras músicas. Folk y rock andaluz tuvieron un peso significativo en las reivindicaciones identitarias de los setenta. Sin embargo, ambos divergen en la utilización letras marcadamente políticas en el caso del primero y de evocación metafórica en el segundo. El estudio plantea la existencia de un disenso simbólico en el rock andaluz en torno a 1977, frente al consenso político articulado en torno al folk. Durante la transición, el llamado consenso derivó en renuncia y olvido de aspectos incómodos del pasado, en favor de acuerdos entre las élites políticas, para la implantación de la democracia. Frente a ello, las ansias de libertad de la juventud y la construcción de una memoria histórica que exaltaba la identidad andaluza, en el contexto de la publicación del LP Hijos del Agobio de Triana, favorecieron una estética de la disensión de perfil contra hegemónico en torno al rock andaluz, en la que lo sonoro jugaba un importante papel. Este hecho se analiza en relación al alcance político de la canción “Libertad sin ira” del grupo folk andaluz Jarcha, un himno a favor del voto que propició un canon compositivo en partidos como UCD o AP para las elecciones generales de 1977. Proponemos el término músicas de consenso, tomando como referencia el de músicas de Estado, propuesto por Esteban Buch (2001), para aglutinar músicas que en periodos postotalitarios favorecieron el objetivo político del consenso. PALAVRAS-CHAVE: Rock andaluz; Transición española; Consenso político. A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NA CANÇÃO OURO DE TOLO NUMA PERSPECTIVA DISCURSIVA CONTRACULTURAL Cezar Roberto Versa (Unioeste) Sandra Vanessa Versa (Univel) RESUMO: A música constitui uma das produções culturais mais ricas no que tange à possibilidade da construção de sentidos. O momento de produção, vinculado ao discurso construído e aos seus efeitos imaginados, constitui dentro da obra de Raul Seixas condição ímpar e exemplificação dessa situação. A canção Ouro de Tolo se denota como uma ruptura contracultural em que as palavras usadas rompem com o establishment, sem compor um aclaramento evidente de questões ideológicas, manipulando assim o próprio processo de censura vigente ao momento. A contradição vigente nessa dualidade do dizer e do dito se efetiva no contexto de produção, execução e veiculação, uma vez que tal constructo artístico usou do recurso midiático na perspectiva da indústria cultural para questionar acerca de situações de um status quo de reificação. Paulo Coelho teve a ideia de inserir Raul tocando em um programa de televisão massivo, o Jornal Nacional, da Tv Globo. Tal processo não foi feito no modelo aplicado pelas gravadoras, e sim, num rompante baseado nos ideários de uma sociedade alternativa. Raul convocou a imprensa e na Avenida Rio Branco, centro do Rio de Janeiro, cantou Ouro de Tolo. A partir de então tudo começou a acontecer àquele cantor baiano, destacando-se como um dos maiores nomes da contracultura do rock nacional. O conformismo e a ideia de sucesso social e econômico são questionados e revistos dentro de uma ótica de desconstrução, os discursos basilares do capitalismo e da coisificação são deslocados numa ética singular e existencialista. O dinheiro passa a representar o valor semântico constituído no título da canção, um ouro falso, se é que o ouro verdadeiro fosse a solução para os problemas e processos ontológicos cabíveis ao dito: “cidadão respeitável e que ganha quatro mil cruzeiros por mês”; o qual “devia agradecer ao Senhor por ter tido sucesso”. PALAVRAS-CHAVE: Contracultura; rock; discurso. DOFA, DERMA, JIMO: O GRUNGE E O ROCK UNDERGROUND ÀS AVESSAS Cristiano Marlon Viteck RESUMO: Considerado uma das últimas grandes cenas do rock de alcance planetário, o “grunge” se tornou um estilo de música de forte apelo para as massas em 1991, quando o Nirvana lançou o álbum “Nevermind”. Capitaneado pela canção “Smells Like Teen Spirit”, o disco colocou o Nirvana no topo das paradas mundiais. Junto com o sucesso do grupo, muitas outras bandas da cidade de Seattle e arredores, no Estado de Washington (EUA), alcançaram o estrelato e ajudaram a popularizar o gênero, considerado uma fusão do punk rock e do heavy metal. Porém, mais do que proporcionar a fama para muitos artistas, o “grunge” também causou mudanças na indústria musical, transformando um gênero musical associado ao “underground” em um fenômeno “mainstream” de grande apelo comercial. O seu impacto foi tão grande que as influências do “grunge” alcançaram o mundo da moda, ao mesmo tempo em que os artistas mais conhecidos do gênero estamparam inúmeras revistas e apareceram em programas de rádio ou TV, especializados em música ou não. O auge do “grunge” se estendeu até 1994, ano da morte do líder do Nirvana, Kurt Cobain, que se matou com um tiro. Porém, o legado deixado por esta cena musical deixou um rastro de influências que se fazem sentir ainda nos dias atuais. Este artigo pretende contextualizar as raízes do “grunge” a partir do cenário “underground” do rock norte-americano década de 1980, período em que ele foi “gestado” até se tornar um estilo altamente popularizado pelo Nirvana e outras bandas. Da mesma forma, o texto discute o “grunge” enquanto fenômeno musical marcante da contracultura e da rebeldia juvenil. PALAVRAS-CHAVE: grunge; contracultura; Nirvana. A CONCEPÇÃO ANARQUISTA DO POPULAR PRESENTE NA HIBRIDIZAÇÃO DA MUSICALIDADE E DO DISCURSO NO MOVIMENTO MANGUEBEAT Ana Lúcia Ribas (Unipar) Lucas Moreti (Unipar) RESUMO: Este estudo apresentado para o I Congresso do Rock, linha de pesquisa ‘Rock e Contracultura’, propõe verificar na produção musical do movimento Manguebeat traços ideológicos do discurso anarquista em seus conceitos de povo e popular. Esse movimento é firmado a partir de 1991 com a publicação e distribuição na cidade de Recife do Manifesto ‘Caranguejos com Cérebro’. Sua música mescla ritmos populares de Pernambuco com o Rock, criando uma sonoridade e posicionamento ideológico seguido por várias bandas adeptas do movimento. Mas além de proposta musical, o discurso expresso nas letras e no manifesto aproxima-se do pensamento anarquista em sua convergência com o pensamento romântico e divergência com o marxista, um processo muito parecido com o proposto por Ariano Suassuna em outro movimento pernambucano importante, o Armorial. Para averiguar a incidência desse discurso anarquista, busca-se analisar o Manifesto e as principais composições de seu maior expoente - Chico Science - tendo como base a Semiótica do Discurso apresentada por Jacques Fontanille; o fenômeno da hibridização, na busca de compreender o diálogo entre a cultura erudita, popular e de massa, estudado por Néstor Canclini; e a análise da concepção anarquista do popular presente no estudo dos meios às mediações proposto por Jesus Martin Barbero. Dessa forma, almeja-se perceber como o movimento traz a cultura popular pernambucana presente não apenas na hibridização dos ritmos populares com o Rock, mas também no discurso de suas composições e na releitura desses ritmos em sua aproximação com o pensamento anarquista. PALAVRAS-CHAVE: Manguebeat; Popular; Anarquismo. O ROCK: REGRESSÃO AUDITIVA OU LIBERDADE DE EXPRESSÃO? Bernardo Alfredo Mayta Sakamoto (UNIOESTE) Rosa de Lourdes Aguilar Verástegui (UEL) RESUMO: Questionamos qual é o estatuto do Rock: é uma música que se apresenta como regressão auditiva (na era da Indústria Cultural e da sociedade de massa) ou é a expressão da liberdade musical (na compreensão do significado da arte)? A primeira é do contemporâneo Theodor Adorno exposta em O fetichismo na música e a regressão da audição, a segunda, é do filósofo moderno Friedrich Schiller em A educação estética do homem. Para Adorno, a indústria cultural é o conjunto de meios de comunicação como o cinema, o rádio, a televisão, os jornais e as revistas, que formam um sistema poderoso para gerar lucros. O poder da esta indústria é ser acessíveis às massas, de tal maneira que os proprietários as manipulam e controlam. A indústria cultural impõe sua ideologia às massas impedindo a formação de indivíduos autônomos, capazes de pensar conscientemente. Adorno distingue a música erudita ou séria da música industrial ou comercial. Nesta última situar-se-iam o jazz, blues, rock, pop, etc. que seriam consideradas como de regressão auditiva. Schiller concebe a arte como expressão da liberdade do artista: “a arte é filha da liberdade e quer ser legislada pela necessidade do espírito, não pela privação da matéria”. Podemos compreender, com Schiller, que a criação artística não pode ser determinada por algum modo de produção. O rock, como uma arte musical contemporânea, adquire um papel liberador e progressivo desde a reflexão de arte em Schiller. PALAVRAS-CHAVE: Regressão auditiva; liberdade; arte, rock. O HARDCORE EM GOIÂNIA NOS ANOS 90. UM ESTILO DE VIDA Luiz Eduardo de Jesus Fleury (Universidade Federal de Goiás) RESUMO: Esse trabalho tem como intenção abordar o desenvolvimento do estilo de vida Hardcore em Goiânia, que se manifesta através de produções independentes (como o fanzine, por exemplo), pela música (com aproximação com os elementos da musicalidade Punk) e pelo visual. O recorte temporal escolhido, a década de 90, é justamente pelas várias transformações culturais e musicais que ocorriam pelo Mundo e no Brasil, como: a efervescência do movimento Grunge, o estabelecimento da MTV no Brasil, a chegada da internet entre outros acontecimentos os quais servirão para que o Hardcore se estabeleça entre grupos de jovens goianos. Porém, desde o final da década 80 (principalmente após o acidente radiológico ocorrido em Goiânia em 1987), já havia algumas bandas e fanzines (inclusive em regiões que hoje fazem parte do Estado do Tocantins, mas que na época ainda pertenciam ao Estado de Goiás) que “abriram” o caminho para que mais adiante, década de 90, uma cena Hardcore se consolidasse em Goiânia. Apesar de que a História da formação do Estado de Goiás está ligada a aspectos como o agrário, sertão, sertanejo, rural e interior, a relevância desse trabalho consiste numa tentativa de desconstruir parte dessa visão que Goiás e a atual capital, Goiânia, ainda perpetuam, mas que aos poucos está se desenvolvendo uma pluralidade de grupos / ideologias / estéticas (neste caso com o Hardcore) que mostram um processo de acompanhamento com todas essas transformações de caráter que, tanto podiam ser mundial ou nacional (cosmopolitismo), ocasionando aos poucos uma modificação da paisagem cultural de Goiânia. PALAVRAS-CHAVE: Hardcore; Resistência; Goiânia. O ROCK BRASILEIRO CRITICA O INCENTIVO AO CONSUMISMO: UMA ANÁLISE DA LETRA DA CANÇÃO “3° DO PLURAL”, DE ENGENHEIROS DO HAWAII Luciana P. V. de Castro (UNIOESTE) Denise Fontanella (UNIOESTE) RESUMO: A música é uma forma de comunicação muito popularizada na atualidade. Ela com maior ou menor intensidade está presente na vida do ser humano, despertando emoções e sentimentos de acordo com a capacidade de percepção que cada pessoa possui para assimilar a mesma. Sua proporção de alcance é muito grande, mas por vezes, sua mensagem não tem sido compreendida, devido ao seu toque ser priorizado na seleção das músicas, como tem apontado algumas pesquisas sobre o assunto. Deste modo, visando contribuir no aprofundamento da compreensão das mensagens contidas nas letras das músicas, buscou-se analisar aspectos nos quais canções de rock podem ser entendidas como instrumento de críticas a questões sociais contemporâneas. Para tanto foi realizada seleção e análise de uma canção de rock nacional denominada “3ª do plural”, da banda Engenheiros do Hawaii, através da análise de conteúdo, conforme os pressupostos teóricos e metodológicos de Bardin (1977). Constatou-se que na letra desta música, há uma crítica à cultura do incentivo ao consumismo, presente e fortemente retroalimentada no modelo social vigente, que estimula a continuação e simbolicamente oferece os meios para a reprodução do modelo, num ciclo ininterrupto, no qual inclusive como apontado na música tem programado o prazo para que cada produto venha a ser considerado ultrapassado e outro o substitua como alvo de consumo. É evidenciado ainda que essa sociedade que se move através das grandes indústrias que retém o poder e secundarizando o bem social, visando apenas produzir e vender cada vez mais para o acúmulo de capital e de poder e, através de propagandas que muitas vezes nos atingem imperceptivelmente, criam necessidades desnecessárias, fazendo com que as pessoas fiquem com sede de comprar e ter sempre mais e mais. PALAVRAS-CHAVE: Rock nacional; Crítica; Consumismo. TRAJETÓRIAS DE PUNKS EM LONDRINA: FORMAS DE RESISTÊNCIA JUVENIL? Polyanna Claudia Oliveira (Universidade Estadual de Londrina) RESUMO: Esse trabalho possui o intuito de fazer um resgate histórico do punk em LondrinaPR. Para pensar tal movimento juvenil é pertinente resgatar as categorizações históricas do surgimento e caracterização da juventude e sua relação com as instituições sociais. O objeto de estudo foca questões sobre resistência e rebeldia juvenis existentes nas formas de manifestação comportamental e artística dos punks. Tais manifestações perpassam quase cinco décadas em muitas localidades e, consequentemente, sofrem muitas alterações. Uma delas foi a adesão e/ou aprofundamento do anarquismo como corrente teórica que ressalta as relações e engajamentos sociais no intuito de um maior ativismo e de ações de cunho participativo que vão ao encontro de visões alternativas de sociedade. Os jovens que aderiram e construíram esse movimento, descontentes com as desigualdades sociais, formulam, ritualizam e lutam contra instituições como o Estado, a igreja e a família, numa tentativa de questionar hierarquias sociais. Estes movimentos falam, assim, de possibilidades de desestruturação do poder, através da criação de uma cultura marginal, compreendida, nesses termos, no viés do underground. Tal cultura se expressa, sobretudo nas manifestações artísticas e comportamentais (músicas, poesias, fanzines, estilos, dentre outros). A proposta do trabalho é contextualizar o anarcopunk como uma vertente de um movimento maior, analisar as construções utópicas que refletem as formas de resistência juvenil em um contexto histórico, através de jovens que conjuntamente propõem questionamentos e alternativas ao meio social no qual vivem. A metodologia empregada inclui entrevistas formais e informais a fim de retraçar trajetórias/histórias de vida de punks em Londrina- PR, para analisar as resignificações de suas praticas e ideologias ao longo das ultimas décadas. PALAVRAS-CHAVE: punk; juventude; resistência. ROCK, DROGAS E CONTRACULTURA NOS ANOS 1960 E 1970 Saulo Vinicius Barbosa (UFS) RESUMO: Este estudo examina o papel do uso das drogas na construção da subjetividade roqueira entre a segunda metade dos anos 1960 e a primeira metade dos anos 1970. Toma por instrumental os conceitos de "contracultura", de Theodore Roszak (1969), e o de "cuidado de si", de Michael Foucault (1984). Utiliza como base para análise quinze letras de músicas gravadas por bandas de rock famosas da cena musical mundial e, secundariamente, entrevistas de astros destas mesmas bandas. Foram escolhidas letras de músicas que falam implícita ou explicitamente sobre o uso de substâncias psicoativas. O material foi analisado adotando-se alguns procedimentos da Análise do Conteúdo tal como formulados por Jorge Vala (1987). Levou-se em consideração o modo como os textos representam as drogas: seus efeitos, significados, motivações para o uso e as relações sociais nas quais elas estão inseridas. Um exame preliminar do material apontou para os seguintes resultados: a) as músicas relatam experimentações de estados alternativos de consciência, tais como: alucinações, lentidão física e mental, felicidade, alteração na percepção espaço temporal, letargia, liberdade, evasão da realidade e bem-estar. Expressando, assim, uma construção alternativa de subjetividade (Cuidado de Si). b) mostram o uso de drogas e, consequentemente, os estados alterados de consciência como um símbolo de contestação ao establishment comportamental. As drogas são representadas associadas a estilos de vida mais livres ou bucólicos em contraste com a vida controlada na sociedade industrial (Contracultura). PALAVRAS-CHAVE: Rock; Drogas e Contracultura. THE ENENMY WITHIN – O HEAVY METAL RESISTE NAS ENTRANHAS DA SOCIEDADE DE CONSUMO E MIDIÁTICA Gustavo Dhein (Faculdade Cásper Líbero) RESUMO: O heavy metal é um gigante que permanece oculto para a maior parte do público. Com milhões de adeptos em todos os cantos do mundo, e com estéticas sonora e visual muitas vezes agressivas, o estilo musical e de vida sobrevive há 40 anos com uma capacidade singular de, ao mesmo tempo, aglutinar adeptos fervorosos e motivar repulsas extremadas. Na modernidade líquida, em que as (sub ou contra)culturas diluem-se de forma cada vez mais acelerada, o heavy metal permanece firme e conserva elementos de sua origem, sem abrir mão de evoluir. Qual o segredo para isso? Ele, de alguma forma, se difere de outras manifestações que surgiram o longo das últimas décadas? A ideia do artigo é justamente discutir essas questões e a hipótese de a longevidade metálica se explicar em razão de o heavy metal comportar-se como um parasita dentro da sociedade de consumo midiática e capitalista: ao mesmo tempo em que não nega estar nesse grande “organismo”, se alimenta dele e lhe causa alguns danos ou, pelo menos, mal-estar. Faz isso justamente por valorizar o abjeto, em alguns casos privilegiar a carnavalização e o grotesco ou, ainda, por meio de uma música que foge, em muitos casos, aos padrões comerciais facilmente palatáveis características que o mantém distante da mídia mainstream e são altamente valoradas e reconhecidas entre os integrantes da cultura metálica. PALAVRAS-CHAVE: Heavy metal; resistência; mídia. KILLING YOURSELF TO LIVE: ASCENSÃO E SIGNIFICAÇÕES DO HEAVY METAL NA REPÚBLICA ISLÂMICA DO IRÂ Gabriel Costa dos Santos Oliveira (Centro Universitário de Belo Horizonte-UNI-BH) RESUMO: A proposta deste artigo é explorar as origens do sub-gênero do rock n’ roll conhecido como heavy metal, surgido em uma progressão de eventos e amálgama de gêneros durante os anos 1960, identificar suas principais expressões e ideais como um movimento cultural e nesta ótica, compreender como e sob quais termos acontece sua entrada no Irã pósrevolução de 1979, levada a cabo pelo Ayatollah Rouhollah Khomeini ao derrubar o reinado de Shah Mohammad Reza Pahlavi, que proíbe expressões culturais ocidentalizadas no país, incluindo a música pesada, agregando grande repressão aos jovens do país que se identificam com o movimento. Com isto, objetiva-se entender o caráter que as composições adquirem pela lente dos artistas iranianos e as significações do estilo para os membros da comunidade formada em torno da música em um contexto contracultural repressivo e em uma dinâmica dual entre esta parte da sociedade civil e o governo islâmico (como o governo propaga suas políticas e quais as respostas de membros da comunidade underground heavy metal), embasada pelo arcabouço teórico pós-colonialista, que serve como base de análise compreensiva das motivações para a interferência e repressão estatal na matéria em estudo. Para além da bibliografia tradicional, o estudo é apoiado pela contribuição de membros ativos da cena musical iraniana, através de questionários online e entrevistas publicadas em livros, zines, documentários e websites. Além disso, a necessária análise de composições musicais de uma seleção central de artistas iranianos, escolhidos por sua relevância no principal meio de difusão da música no país hoje, que é a internet, além das opiniões de entrevistados em questionário online, dá luz ao que é essa expressão nas mentes dos envolvidos, contrastando gritantemente com o conservadorismo que o Estado iraniano imprime hoje no imaginário popular. PALAVRAS-CHAVE: Heavy Metal; República Islâmica do Irã; Pós-Colonialismo. ANOS 60, O AVANÇO DA CONTRACULTURA E A INFLUÊNCIA DO ROCK NO MOVIMENTO HIPPIE Larissa Cristina Parizotto (Unioeste) Luana Caroline Sossmeier (Unioeste) RESUMO: Este trabalho tem como objetivo trazer informações a cerca da influência do rock no movimento de contracultura, assim como na criação de um estilo de vida comunal e contra os valores capitalistas, como foi o movimento hippie. Como simpósio relacionado optou-se por “Rock e Contracultura”, apresentando assim a forma como se constituíram suas características sociais, políticas, ideológicas e filosóficas. Por meio desta pesquisa pode se contribuir com informações sobre a plenitude do evento Woodstock, que reuniu 500 mil jovens e tornou-se o marco do movimento hippie, contando com a presença dos lendários: Jimi Hendrix e Janis Joplin, que influenciavam os jovens da época e que deixaram seu legado marcado até os dias de hoje. A forma como o rock enraizou comportamentos mostra quão forte foi o gênero musical na época. Uma figura chave do movimento da contracultura foi o poeta Allen Ginsberg, que escreveu sobre os episódios influentes dos anos 60, e fazia com que os jovens da época compreendessem o novo modo de ver a sociedade. Ainda como apoio, se faz uso do filme “Across The Universe” (2007) do diretor Julie Taymor, que baseado em músicas dos Beatles revela como as músicas e os artistas rock disseminaram o pensamento livre, além de representar um dos episódios mais marcantes do movimento que foi a Guerra do Vietnã, e suas demais características. A forma de atuação do movimento contracultural hippie era vista como uma afronta para os conservadores da época, e, no entanto gerou ideologias influentes até os dias de hoje, seja como modo de pensar, agir, vestir ou falar. PALAVRAS-CHAVE: Contracultura; rock; movimento hippie. BORN TO BE WILD? REFLEXÕES SOBRE O MOTOCLUBISMO E ROCK´N´ROLL Manoella Rosane da Silva (Unioeste) RESUMO: Nesta proposta abordarei o lugar do rock’n’roll nos moto clubes a partir da análise de material de campo recolhido em minha pesquisa de dissertação, cujo marco orientador tem sido a antropologia dos rituais, levando em consideração o seus atributos de estruturação das relações dentro dos moto-clubes e, externamente, entre os moto- clubes. Os diálogos entre as contraculturas rock’n’roll e motoclubista podem ser destacados no estabelecimento de padrões de masculinidade (WOLF, 1999), na ideologia de “desajuste social” (THOMPSON, 2005), na estética (BALLARD, 1997) e a respeito do próprio desenvolvimento histórico, que ocorreu em paralelo nos dois movimentos (DULANEY, 2005). Na escala local a apreensão do rock’n’roll parece se dar de duas formas distintas: nos moto-clubes considerados “tradicionais”, há uma busca pela manutenção de estreitos laços com a ideologia e estética do rock’n’roll; e naqueles moto-clubes híbridos, ou baseados nos modelos que chamo de “clube social”, que adotam e reconhecem o estilo musical como legítimo, porém utilizam elementos estéticos que podem ser bastante diferentes daqueles propagados pela contracultura rock’n’roll. Vale destacar que, embora alguns moto-clubes internamente possam pouco ouvir músicas de estilo rock, a associação entre o rock’n’roll, ainda que seja indireta, é, atualmente, uma unanimidade. Derivada de um dos aspectos abordados em minha dissertação de mestrado, esta proposta deverá abordar as relações entre o centro discursivo e as representações hegemônicas sobre o moto-clubismo e rock’n’roll, e a sua periferia, vista sob o contexto local, os moto-clubes de Toledo no Paraná, dos moto- clubes nas suas relações com a contracultura rock’n’roll. PALAVRAS-CHAVE: Motoclubismo; rock; contracultura. RELIGIOSIDADE E MISTICISMO NA OBRA CONTRACULTURAL DE RAUL SEIXAS Simone Tatiana Pedron (Unioeste) RESUMO: Este trabalho versa sobre a religiosidade e a contracultura na obra de Raul Seixas, destacando aspectos místico-filosóficos, presentes na produção musical e no comportamento deste cantor e compositor brasileiro. As questões que nortearam a pesquisa foram, em um primeiro momento, perceber como o rock adotado pelo cantor como um estilo de vida, misturado ao baião, tornou-se um ritmo próprio, e como as dimensões deste, estiveram afinadas à contracultura. Já em um segundo momento, analisar como o papel de louco usado pelo compositor que buscou romper com seus próprios padrões, cooptou um público marginal ou insatisfeito com as opções ideológicas e musicais da época. Inspirado em místicos, filósofos e anarquistas, Raul Seixas utilizou expressões conhecidas nas suas canções e na sua filosofia, e que ainda hoje fazem parte do gosto popular. O interesse em pesquisar Raul Seixas não se deveu a um fato em si, mas sim, à complexidade de sua obra e vida, que divulgou o rock através do humor, da malícia e do conteúdo, contrariando a lógica dominante. Sua obra revelou uma contestação ao período, procurando durante sua carreira estimular uma revolução psicológica, desejando falar a um maior número de pessoas, contudo, sem sucumbir à dominação da mídia. As fontes basilares da pesquisa, como o material fonográfico e as obras escritas pelo cantor, forneceram indícios significativos ao entendimento da construção de um mito, que chamado de guru e profeta, esteve próximo dos anseios da juventude, apontando novos caminhos através de uma obra alternativa para a busca do conhecimento. PALAVRAS CHAVE: Contracultura; Religiosidade; Rock. DINÂMICAS DO ROCK UNDERGROUND Pablo Ornelas Rosa Rafael Schoenherr RESUMO: A Cena do Rock Underground brasileira é compreendida como um espaço em que diferentes tribos urbanas se expressam através de diferentes formas, através de diferentes músicas, estéticas e posições ideológicas. Entre as músicas e as tribos existentes nesta Cena do Rock Underground, podemos destacar: hardcore, hard rock, heavy metal, new metal, trash metal, punk rock, glam rock, indie, emocore, white metal, black metal, trash metal, 80´s, guitar, rockers, head bangers, straight edges, mods, indies, alternativos, entre outras. As relações simbólicas que as tribos possuem com a música podem ser extremamente variadas, relacionando-se também com as ideologias e com as estéticas próprias, fazendo com que apareçam diversas vertentes deste Rock Underground. Desta forma, torna-se perceptível os aparecimentos e as transformações destes grupos a partir de um processo de interação que ocorre através de uma tríade estabelecida a partir das diferentes músicas, estéticas e ideologias, perpassadas, sobretudo, por relação entre o comercial e o alternativo, bem como ao apelo de letras com temáticas de cunho afetivo amparado em uma perspectiva individualista ou de caráter político fundamentado na recusa e no coletivismo. Contudo, o que organiza a participação destes indivíduos e atores sociais nestas diferentes tribos urbanas ou bandas não é a semelhança, mas a similitude, pois o fato de presenciarem um mesmo show desta Cena não quer dizer que sejam da mesma tribo ou que tenham as mesmas posições ideológicas. Este artigo é resultado de pesquisas desenvolvidas em Santa Catarina que foram publicadas em formato de livro intitulado Rock Underground: Uma Etnografia do Rock Alternativo e debatidas pelos autores em Ponta Grossa, no Paraná. PALAVRAS-CHAVE: Rock; tribos urbanas; contracultura. A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO EM MY GENERATION Roberto Corrêa Scienza (UNICENTRO) Níncia Cecília Ribas Borges Teixeira (UNICENTRO) RESUMO: O artigo tem como objeto de análise a música My Generation, da banda de rock britânica The Who. As teorias utilizadas para tal análise fundamentam-se no campo da semiótica e dos Estudos Culturais. O objetivo da pesquisa é estabelecer a convergência entre Música e Cultura. O rock pode ser considerado mais que apenas um estilo musical, reflete um estilo de vida, manifesta a ideologia de uma determinada geração em um determinado espaço social e político. O compositor, em todos os estilos musicais, é movido de acordo com suas influências, suas experiências, suas desilusões e seus interesses. O rock, de forma incisiva, marca a quebra de discursos, é um estilo que tem como meta a discussão acerca dos valores vigentes em determinada sociedade. É o estilo que prega a reflexão, o gozo dos prazeres terrenos e a individualidade. Possui o ritmo que seduz a juventude e por meio dele, os jovens podem expressar o que realmente querem e pensam. O rock é a clara expressão de liberdade, seja ela musical, ideológica ou sexual. Frequentemente as letras são repletas de símbolos que carregam uma forte carga ideológica, como o caso de My Generation, do grupo The Who, objeto dessa análise. A canção é um retrato da Geração X (1965-1981), retrata os anseios e lutas da juventude britânica e que, posteriormente, serviria como hino de um estilo de música e de vida. Esta canção transita pela história, agregando contextos e novos significados, tornando-se, ainda nos dias atuais, um hino aos que acreditam nos sonhos e nas mudanças. PALAVRAS-CHAVE: Rock; My Generation; Semiótica. EXTREMISMO POLÍTICO E ROCK N ROLL: UMA MISTURA EXPLOSIVA! – A TRAJETÓRIA E OS MITOS POLÍTICOS DAS BANDAS SKINHEAD WHITE POWER BRASILEIRAS Alexandre de Almeida (Universidade de São Paulo - USP) RESUMO: Esta comunicação tem o objetivo de problematizar a utilização do rock n roll como ferramenta de difusão de ideias sobre a supremacia do indivíduo branco e a segregação racial, defendida, no Brasil, por grupos de Skinheads autodenominados racialistas ou White Power, desde o final da década de 1980. A canção é vista por estes grupos como o meio mais eficaz de atingir o seu público alvo, a juventude, com o objetivo de cooptar novos membros para suas organizações ou difundir os ideais acima descritos, em oposição a atual ordem social, considerada nociva. Na bibliografia sobre o tema, não há nenhum trabalho que, de forma sistematizada, reúna dados biográficos a respeito dessas bandas. Para tanto, em primeiro lugar, proponho uma análise genealógica das bandas que compõem essa cena musical, conhecida pela sigla RAC (Rock Against Communism, ou, Rock Contra o Comunismo). Será dado foco na produção discográfica e a relação dessas bandas com organizações nas quais atuam como porta vozes. Em segundo lugar, pretendo apresentar as principais ideias força dessas bandas, expressas nas letras das canções, que tomam a forma de mitos políticos, conforme definido por Raoul Girardet. Para o autor, o mito político é entendido como potências mobilizadoras, “expressões de vontades” das massas populares e ajudam a definir os elementos constitutivos da identidade política de um grupo. Esta comunicação pretende contribuir com o debate acerca de manifestações políticas juvenis e sua produção artística marcada, principalmente, pela apologia a violência e a crítica mordaz a Democracia. PALAVRAS-CHAVE: White Power; Rock Against Communism; Skinheads. OS MUTANTES: O MITO QUE PERMEIA A HISTÓRIA OU A CONTRACULTURA QUE SALVA, AMÉM-TE! Ludmilla Kujat Witzel (Unioeste) José Carlos da Costa (Unioeste) RESUMO: Impossível esquecer um período, marcado por repressão e turbulências no Brasil, porém, tão genial artisticamente como os anos 1960 e 1970 no Brasil. Aliás, é nos momentos mais difíceis da história como períodos de ditadura, de pós-guerra, enfim, momentos de sufocamento e opressão do homem pelo homem, dos quais se tem muitos exemplos na história, não apenas no Brasil, que se revela uma capacidade de superação no homem, principalmente através da arte, extraindo dele, suas melhores criações. Movimentos de contracultura erguem-se sob essa atmosfera, tirando as pessoas da passividade e da inércia em busca da retomada de equilíbrio, mesmo que muitas vezes, este, se atinja através do caos aparente. O descontentamento com a autoridade, com as imposições de poder, com o status quo ou cultura dominante, no mínimo chacoalha as pessoas mais sensíveis e é esse momento que nos interessa refletir neste trabalho (ou, nessa aventura), tomando como objeto de estudo o álbum Mutantes e seus Cometas no País do Baurets, lançado pelo grupo musical (banda) Os mutantes, ainda a sua formação primitiva em que imperava a grande estrela do rock brasileiro: Rita Lee. Propomos aqui, a análise de algumas músicas, não uma análise preocupada em encerrá-las em um sentido universal ou em contextualizar seu trabalho historicamente, o que propomos é um diálogo entre a poesia musical e a imagem poética que emerge dela, enquanto expressões contraculturais, nascidas num período de estranhamento e questionamento por parte dos artistas brasileiros e de mudanças radicais que atravessaram o tempo e ainda são relevantes, quando se fala em contracultura no Brasil. PALAVAS-CHAVE: Os mutantes; contracultura; música. “EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA”, SÉRGIO SAMPAIO E O DESBUNDE NA DÉCADA DE 1970 Ulisses Monteiro Coli Diogo (Universidade Severino Sombra – USS) RESUMO: O presente trabalho pretende analisar o artista Sérgio Sampaio e o seu disco “Eu quero é botar meu bloco na rua” relacionando-os a consolidação do movimento contracultural no Brasil, de forte expressividade após a reviravolta provocada pelo tropicalismo em fins da década de 1960. Desta forma, pretende-se apresentar o trabalho no simpósio temático Rock e Contracultura. O objetivo é analisar o discurso expresso pelo artista nas letras de suas canções, assim como sua linguagem musical e relacionando-o com os ideais dessa geração, tendo em consideração as especificidades da contracultura e do desbunde no Brasil, diferente em outras partes do mundo. O disco compacto da canção “Eu quero é botar meu bloco na rua” se tornou um grande sucesso de vendas após o VII Festival Internacional da Canção de 1972, e a canção foi um dos símbolos do carnaval de 1973. Porém, o long play de título homônimo a esta canção, lançado em 1973, não atingiu bons números de vendagens e construiu uma certa representação da imagem do artista. O próprio personagem vive intensamente esse período e expressa esses ideais, através de uma linguagem noturna e crítica a sociedade do período. Como suas vestimentas, a boemia, e a temática adotada podem ter se relacionadas a tal acontecimento? Pretende-se também discutir o estigma de maldito, utilizado em referência a diversos artistas do período, e como essa imagem criada se relacionou com sua carreira e trajetória através de uma relação de disputa de espaço no mercado artístico/musical através de uma relação entre estabelecidos e outsiders. Como representante da geração do desbunde, quais as consequências e relações de seu trabalho com a sociedade do período? PALAVRAS-CHAVE: contracultura, desbunde, maldito. RAMMSTEIN E A CONTRACULTURA Rosane Toebe Zen (UNIOESTE) RESUMO: Muitos músicos e artistas ligados à área musical tem encontrado na contracultura um meio de manifestar indignação e repúdio aos problemas sociais, políticos e principalmente parâmetros culturais sob os quais se têm sustentado as sociedades movidas pelo modo capitalista de produção, sobretudo na contemporaneidade, quando a ciência é posta em questionamento e as razões para os acontecimentos são cada vez mais compreendidas a partir da relatividade dos fenômenos. A banda alemã Rammstein, que se constituiu originalmente em 1994, apresenta em vários dos seus trabalhos a crítica, através das letras e dos videoclipes, a muitas das “chagas” ideológicas que assolam a humanidade. Esta crítica se manifesta de modo bastante claro nos seguintes trabalhos: à atividade laboral como castigo e razão da depreciação humana (retratado na música “Sonne” e “Mein Teil”); ao pensamento ideológico cristão (em “Rosenrot” e “Engels”); e ao estereótipo de beleza (como é genialmente questionado em “Keine Lust”), só para citar alguns exemplos. O intento deste artigo consiste na realização da análise de algumas das mais importantes criações desta banda, no sentido da busca pelas “chaves contraculturais” que animam, dão voz e movimento à maioria dos trabalhos de Rammstein. O diálogo teórico é realizado a partir dos preceitos da semiótica, campo do conhecimento que tem por objeto a compreensão dos símbolos através dos seus significantes, ou seja, da representação ou simbolização do objeto em análise (no caso em questão, letras de músicas e videoclipes). No bojo da discussão, coloca-se em questão o próprio sentido da “contracultura”, pois mesmo ela só existe por ser permitida dentro das condições materiais e ideológicas criadas dentro do senso de “cultura”, análise que de antemão a própria banda faz no videoclipe de “Amerika”. PALAVRAS-CHAVE: Rammstein; Contracultura; Semiótica. PINK FLOYD: THE PIPER AT GATES OF DAWN, UMA VIAGEM LITERÁRIA E MUSICAL NA CONSTRUÇÃO DO ROCK PSICODÉLICO Davi Ramos RESUMO: A obra da banda britânica Pink Floyd, é portadora de uma expressividade única dentro do estilo que ficou conhecido como rock psicodélico. Este estilo de rock foi um fenômeno que nasceu como parte integrante do movimento da contracultura entre os anos 1967-1969. Entre outras características podemos observar algumas referências importantes como na literatura, mitologia, no existencialismo etc. Neste trabalho buscaremos investigar os principais elementos que compõe o álbum da banda britânica Pink Floyd, denominado, The Piper at Gates of Dawn de 1967. Para tanto recuperaremos parte da obra literária que inspirou a composição do disco, o conto infantil: O Vento nos Salgueiros, (The Wind in the Willows ) do escritor escocês: Kenneth Grahame. Faremos uma análise comparativa entre o disco da banda Pink Floyd e o mais famoso capitulo homônimo deste conto: The Piper at Gates of Dawn. No cruzamento das duas obras buscaremos identificar elementos em comum entre ambos, na intenção de definir um conceito mais claro do que é o rock psicodélico, bem como, tentar recuperar como funcionava a utilização de outros recursos que compõe este estilo de rock, como o uso de substâncias psicotrópicas que alteravam o estado de consciência do indivíduo. Alguns analistas apontam este elemento como de fundamental importância para a composição das musicas psicodélicas, já que estes agiriam como uma forma de aumentar ou expandir a criatividade dos músicos. Entretanto, outra linha de críticos acusa a utilização dos alteradores de consciência como elementos chave para o fim do movimento, já que o maior expoente deste estilo, o músico Syd Barrett, encerrou sua carreira de maneira pré matura devido ao abuso de substâncias alucinógenas. PALAVRAS-CHAVE: Pink Floyd; Psicodelia; Contracultura. EM NOME DE DEUS: O SATANISMO NO HEAVY METAL Fernanda Rodrigues Protásio (UESB) RESUMO: Este trabalho tem por objetivo a análise do satanismo enquanto uma construção passível de diversas possibilidades interpretativas e de mudanças na sua utilização dentro do Heavy Metal, a depender do momento sócio- histórico no qual esta instituição foi incorporada ao movimento, para tanto utilizarei o grupo norte americano Black Sabbath, 1970 e o grupo norueguês Burzum, 1987. Partindo da premissa de que o objeto é determinado pelo tempo e pelo espaço no qual ele está inserido, o satanismo aqui, vai ser abordado dentro do Heavy Metal em dois momentos distintos, onde, no primeiro momento o satanismo vai ser incorporado ao movimento como uma expressão de contra- cultura já que se trata de finais da década de 1960 e início da década de 1970, onde a insatisfação com a maneira através da qual a cultura dominante tenta impor e padronizar um estilo de vida, atribui para os movimentos de contra- cultura contemporâneos um caráter mais agressivo, preenchendo o espaço “utópico” da paz e do amor, com uma áurea obscura. No segundo momento aponto para que devido ao fato do satanismo ter ganhado maior expressão no advento do cristianismo sendo parte fundamental e necessária para justificar a necessidade de um Deus e dos seus representantes na terra para livrar a humanidade dos males e do pecado, a sua expressão e disseminação enquanto uma instituição religiosa e, portanto, dogmática embasada nos paradigmas da cultura cristã dominante no Ocidente. Não se trata, no entanto, de estabelecer e apontar para o quanto a cultura dominante estabelece os seus padrões para a cultura popular, e sim num empenho em esclarecer como estas camadas sociais se comunicam e se interpõem. PALAVRAS-CHAVE: Contracultura; Satanismo; Heavy Metal. HEAVY METAL: DA UTOPIA HIPPIE AO REALISMO SOCIAL Mayanna Pinheiro de Souza (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB) RESUMO: Partindo do pressuposto de que o movimento Hippie, sendo uma consequência de seu contexto histórico (que implica a segunda metade da década de 1960), teria sido um movimento com ideais otimistas e tendo como uma das suas principais formas de expressão o Rock’n Roll, nas vozes de músicos como Jimi Hendrix, Janes Joplin e até mesmo em sua fase final os Beatles, a proposta do trabalho é fazer uma análise que liga a decadência do movimento Hippie ao surgimento do que na década de 1970 viria a ser reconhecido como Heavy Metal, movimento musical geralmente ligado ao surgimento da banda Black Sabbath, com propostas tidas - pela sociedade – como pessimistas, ou seja, oposto aos ideais de paz e amor dos hippies. Além de fazer um paralelo entre estes distintos discursos o projeto também relativiza o fato da banda Black Sabbath ser a única atribuída à criação do estilo e modo de vida do Heavy Metal, por aparentemente ser a pioneira nas temáticas obscuras e pelo ritmo pesado e cadenciado das músicas. Porém, no decorrer das pesquisas, com análises iconográficas e de letras de músicas da época, foi observado o fato de que essa temática já havia sido utilizada por outras bandas contemporâneas e anteriores ao Sabbath, como a banda estadunidense Coven, que possui letras explicitamente satanistas, é Rock’n Roll e teve o primeiro material gravado em 1969, um ano antes do Black Sabbath, provando assim que não foi um fenômeno intimamente ligado ao contexto histórico da Inglaterra (país de origem do Black Sabbath), mas sim a um contexto mundial em que a realidade social seja abordada nua e crua. PALAVRAS-CHAVE: Transição; Hippie; Heavy Metal. ARTUNDERGROUND: RESISTÊNCIA NO UNDERGROUND MUSICAL CUIABANO Eduardo Luis Mathias Medeiros (Unemat) Iuri Barbosa Gomes (Unemat) RESUMO: Este trabalho visa abordar como o cenário musical cuiabano se mantém hoje em meio às novas tecnologias, à convergência comunicacional (JENKINS, 2008) e às Novas Tecnologias da Comunicação (NTC). Faz-se interessante lançar um olhar sobre este movimento cultural, esta cultura eXtrema (CANEVACCI, 2005), e como ele se ancora em shows organizados pelo ArtUnderground, faceta do cenário que tentar manter vivo o espírito de contracultura do movimento. Como esses shows e demais eventos relacionados ao underground – termo este que em Cuiabá está ligado à música pesada – se mostram como formas de resistência a este tempo em que as informações e os cenários culturais estão cada vez mais interconectados? É possível manter-se underground num tempo de hibridismo cultural (BURKE, 2006)? É possível deter a marcha da história frente a iniciativas culturais que tentam se afastar ou fechar-se em si mesmas para manter um certo “purismo” (HALL, 2006)? Pretende-se traçar um histórico do Movimento Underground Cuiabano (MUC) e como ele tem se mantido ao longo dos anos, tendo nos shows do ArtUnderground um afluente para a disseminação e manutenção, bem como o fortalecimento de uma identidade cuiabana do que se convencionou chamar de underground. Pretende-se ainda localizar o Caverna’s Bar (onde é realizada, hoje em dia, a maioria dos shows) como espaço de encontro dessa cultura. Para isso serão utilizados cartazes dos shows, entrevistas, sites, vídeos e outros materiais disponíveis que ilustram e registram o percurso do ArtUnderground e do próprio Movimento Underground Cuiabano. PALAVRAS-CHAVE: ArtUnderground; heavy metal; Cuiabá Simpósio temático Rock e Educação Pesquisas e experiências pedagógicas que discutam os fenômenos educativos relacionados, direta e indiretamente, ao rock e ao consumo e fruição deste; à utilização do rock como fonte e opção metodológica no processo de ensino-aprendizagem; à análise de letras que se detenham sobre a Educação; entre outros temas similares. MÚSICA E TELEVISÃO: UMA ANÁLISE DAS LETRAS DO ROCK NACIONAL E SEU POTENCIAL EDUCATIVO Francielle Sthefane Bruschi Cordeiro Gonçalves (UNIOESTE) RESUMO: Neste trabalho, pretende-se analisar as letras de canções do rock brasileiro que têm como tema a televisão, a mídia, ou que versam sobre ambas. Examinaremos ainda a relação que estas produções estabelecem com a sociedade, tal como a concepção ideológica de mídia que pretendem difundir. Levando em consideração a educação informal como aquela que se constrói ao longo da vida, pretende-se estudar como estas letras de bandas e de cantores que transitam pelo rock repercutem em processos de formação dos jovens, como nas obras de Zeca Baleiro, do Teatro Mágico, Rita Lee, Arnaldo Brandão, Titãs, Capital Inicial e Legião Urbana. A visão presente na maior parte das letras se encontra na identificação de uma intenção de homogeneização do pensamento social, da crítica à esta intenção, da televisão como componente alienante, desconcertante. Para entender como uma visão social chegou a essa sintetização nas letras musicais, principalmente observando a peculiaridade do rock, a partir da seleção de letras e da reflexão teórica sobre as mesmas, através dos diferentes momentos históricos sociais, buscar-se-á identificar os elementos formativos presentes na linguagem musical. Estabelecendo igualmente uma ponte das mediações entre imaginário e o potencial simbólico tanto do rock como da mídia, atentando para estas relações que também estão intimamente relacionadas com o consumo e com a construção do sujeito e de uma memória social e individual. O grande interesse e intimidade do público para com o gênero musical rock é o que permite as associações e identificações destes ouvintes com os discursos musicais. Sendo assim, fenômenos sociais tematizados por este cancioneiro, como a questão midiática e a televisão, esta última considerada a mídia mais difundida no Brasil, constroem ou reforçam determinadas leituras sobre estes temas. PALAVRAS-CHAVE: Rock; Televisão; educação informal. PROBLEMATIZANDO AS PERCEPÇÕES SONORAS E VISUAIS EM OFICINAS POR MEIO DO BLUES, ROCK E HEAVY METAL Bruno Ueno Bertão (Universidade Estadual de Londrina) RESUMO: O trabalho pretende abordar os resultados de oficinas realizadas em três diferentes colégios estaduais de Londrina, Paraná. As oficinas apresentam músicas de três gêneros musicais representados pelos respectivos músicos e banda: Robert Johnson representando o Blues, Alice Cooper representando o Hard Rock e a banda Antidemon representando o Heavy Metal. Enquanto são apresentadas as três músicas e fotos dos respectivos músicos, os alunos respondem um curto questionário no qual marcam os gêneros musicais que costumam ouvir e as percepções quanto a cada música apresentada. Há um espaço também para tentar avaliar sobre o que a letra poderia estar falando, arriscando alguma temática envolvida na música. Após o recolhimento dos questionários, uma introdução é realizada apresentando a biografia dos três músicos. São então relatados fatos curiosos acerca dos artistas: até hoje há especulações de que Robert Johnson teria realizado um pacto com o demônio, que Alice Cooper apesar de suas vestimentas e impacto visual tem letras com conteúdo de humor e que a banda Antidemon possui letras cristãs. Os objetivos da oficina são: captar junto aos alunos como as nossas percepções visuais e auditivas podem acabar resultando em uma interpretação distorcida da realidade, correlacionar com a importância do distanciamento e o reconhecimento da alteridade nos estudos das Ciências Sociais e ampliar o debate para o caráter multifacetado das expressões artísticas. Um importante material advém da própria dinâmica após a apresentação das músicas, avaliando a ocorrência ou não de surpresas, o questionamento do gênero musical que por vezes algum aluno escuta e os cruzamentos que são possíveis de realizar com a área científica. Esta última, de suma importância para discorrer sobre a importância da alteridade nas relações humanas e como esta tem centralidade nos estudos da Antropologia e sobre o caráter investigativo da imaginação sociológica que marca presença na Sociologia. PALAVRAS-CHAVE: oficinas de Sociologia; alteridade; imaginação sociológica. O FESTIVAL PAMPASTOCK COMO UM INTERCESSOR SOCIAL Thaysa Flores (UNIPAMPA/São Borja/RS) Wagner Moreira (UNIPAMPA/São Borja/RS) RESUMO: A problemática central (cujo objeto é a relação entre rock e educação) do artigo em questão é: de que maneira o festival universitário de rock Pampastock - projeto de extensão da Universidade Federal do Pampa(UNIPAMPA) em São Borja/RS- age como um intercessor social e, se este por sua vez, desencadearia de algum modo influencias em nossas vidas? Para resolver essas questões utilizaremos como alicerce principal o conceito de Deleuze, de intercessores, ou seja, algo que violenta o pensamento e assim gera novos processos significativos ao nos tirar do que comumente chamamos de “zona de conforto”. Deleuze também permite que o artigo em questão venha a abranger a função pedagógica do festival visto que esse surge de uma disciplina universitária e busca construir novas formas de significar a realidade. Buscaremos, portanto, realizar três reflexões: A) Realizar um panorama do surgimento do festival tendo como base o fato dele ter sua origem, como projeto de extensão, junto à disciplina sociologia do rock (ministrada na UNIPAMPA- São Borja). B) Focar e discutir sobre os principais objetivos do festival : produzir conhecimento, ser um lugar onde se pensa a conexão rock x sociedade e a capacidade ou não do estilo cultural ser não somente mais uma expressão musical mas também uma atitude que modifica o ambiente. C) Frisar sua função intercessora,de construção de uma visão critica da sociedade, explorando assim sua função pedagógica. A partir destas reflexões poderemos compreender melhor as possíveis relações entre rock, sociedade e educação. PALAVRAS-CHAVE: Pampastock; Deleuze; Educação. ROCK E EDUCAÇÃO ZANELLA,Dayane Zanella (UNIOESTE) Helio Girelli Junior (UNIOESTE) RESUMO: Esse trabalho abordará a inserção da música de Rock Nacional no ensino de Filosofia e História, bem como sua importância para a inovação do ensino. Haja vista que o rock é conhecido por seu caráter contestatório, faremos um recorte histórico , com as composições realizadas nas décadas de 60, 70 e 80, com ênfase no período ditatorial no Brasil . O problema a ser abordado é como demos inserir a música, especificamente o rock na sala de aula? Garantindo a esse ser interdisciplinar e que produza nos alunos o desejo do conhecimento, despertando vontade de querer saber mais e ir ao fundo de suas investigações históricas e filosóficas. Queremos demonstrar a utilização do rock como fonte de interdisciplinaridade entre as duas áreas do conhecimento, a saber, Filosofia e História. Nossa proposta consistirá em trabalhar três músicas, sendo uma de cada período histórico citado, ou seja, anos sessenta setenta e oitenta, sendo assim, abordaremos temas como repressão, liberdade e a democracia. O grande desafio do presente trabalho será demonstrando métodos a serem utilizados na docência para o trabalho interdisciplinar com o rock para deixar as aulas mais dinâmicas despertando maior interesse nos alunos. PALAVRAS-CHAVE: Rock; Educação; Ditadura. “ROSA DE HIROSHIMA”, REFLEXÕES À LUZ DA LINGUÍSTICA TEXTUAL Leila Del Pozo Gonzalez (UNIOESTE) Alcione Corbari (UNIOESTE) RESUMO: A Rosa de Hiroshima, poema publicado no livro Antologia Poética (1954), foi escrito por Vinicius de Morais em protesto ao ataque a Hiroshima no desfecho da Segunda Guerra Mundial. Duas décadas depois de sua publicação, o poema ganharia um rumo inesperado ao sair do mundo literário e passar a formar parte do repertório de rock nacional, quando Gerson Conrad arranjara-lhe musicalização e Ney Matogrosso passou a interpretá-la. Muitos dizem que foi a combinação perfeita para um resultado insuperável: um hino de "paz e consciência ecológica". A presente comunicação, a propósito dos quarenta anos de criação da banda Secos & Molhados, visa a apresentar, no Simpósio Temático Rock e Educação, do I Congresso Internacional de Estudos do Rock, uma análise da letra da música Rosa de Hiroshima, a partir da perspectiva da Linguística Textual. Orienta o estudo o pressuposto de que "O conhecimento da situação comunicativa mais ampla contribui para a focalização, que pode ser entendida como a(s) perspectiva(s) ou ponto(s) de vista pelo(s) qual(is) as entidades evocadas no texto passam a ser vistas, perspectivas estas que, com certeza, afetam não só aquilo que o produtor diz, mas também o que o leitor ou o destinatário interpreta" (BENTES, 2008, p. 262). As reflexões propostas consideram o contexto de ensino de leitura, tomando em conta que este o trabalho de análise linguística em sala de aula não deve pautar-se apenas em textos canônicos, mas também em diferentes objetos de estudo (PARANÁ, 2008), no caso, uma música interpretada por uma banda de rock, já que o rock é uma manifestação cultural, e como tal deve ser estudada. PALAVRAS-CHAVE: Linguística Textual; Leitura; Rosa de Hiroshima. MOLINOS DE VIENTO: MAGO DE OZ, LA LEYENDA DE LA MANCHA E FORMAÇÃO DE LEITORES Gustavo Nishida (UFSCAR) RESUMO: Em 1998, a banda espanhola de folk metal Mago de Öz lança o disco “La Leyenda de la Mancha” como uma “modesta homenagem” ao célebre romance “El ingenioso hidalgo Don Quijite de la Mancha” de Miguel de Cervantes. Nas palavras iniciais do encarte do álbum, Txus, baterista e letrista da banda, comenta que essa homenagem é um convite à leitura dessa obra de Cervantes que, injustiçadamente, é tida como difícil de ler. Levando em consideração a proposta de composição do disco, decidimos, inicialmente, analisar uma canção para sugerir que o álbum não é uma adaptação do romance, uma vez que, ao invés de apresentar os episódios do livro buscando sua “essência”, as canções dialogam com os elementos narrativa produzindo novos textos. Nossa análise se baseia na canção “Molinos de viento”. Na epígrafe da faixa, comenta-se que a música trata do diálogo entre Dom Quixote e Sancho Pança após o incidente com os moinhos de vento. Ao invés de narrar o famoso incidente, a canção trata das explicações que Dom Quixote dá a Pancho. Elas versam sobre um olhar distinto acerca da realidade, baseado na imaginação e no coração, sugerindo outra maneira de ver o mundo. Contudo, essas explicações são de outra natureza no livro, já que, na obra de Cervantes, o cavaleiro sempre comenta que seus sentidos sempre veem as coisas tal qual ele as descreve. Como se pode ver, a obra da banda espanhola dialoga com a obra de Cervantes sem se preocupar com uma busca pela sua essência. Tais diferenças (que também se estendem a outras canções) podem funcionar como porta de entrada para a leitura da narrativa original e, consequentemente, promover a formação de leitores (Rojo, 2010) a partir de outras mídias e gêneros discursivos (Bakhtin, 1992). PALAVRAS-CHAVE: dialogismo; Dom Quijote; Mago de Oz; formação de leitores. “AULÕES DE ROCK” – A EDUCAÇÃO MUSICAL E PARA A CIDADANIA NUMA PERSPECTIVA ESTIMULANTE E DIVERTIDA Nathalia Franco (Universidade Federal de Santa Maria) Dárquila Andreola (Universidade Federal de Santa Maria) RESUMO: As instituições escolares criam barreiras com o mundo exterior principalmente pelo método de educação aplicada. A educação formal ocupa um espaço decisivo no sistema de educação atual, contrapondo o estilo de educação não formal, já que a primeira entende o ensino necessariamente em ambientes fechados, não mantendo espaços para entretenimento dos estudantes ou debates que os estimulem como cidadãos. Para diminuir essa distância, se originaram os “Aulões de Rock”. O projeto visou despertar o interesse dos estudantes, sem distinção etária ou social da escola visitada, utilizando a música nos espaços de intervalo, como uma forma de atração e estímulo à aprendizagem. Por tratar-se de uma atividade realizada nos intervalos, buscou-se a introdução musical com o auxílio de bandas locais capitaneadas pela Escola de Música Dó-Ré-Mini, seguidas de palestras e debates capazes de estimular o senso crítico acerca da musicalidade, questões comportamentais relacionadas aos estilos musicais, suas influências na sociedade de consumo e contracultura. As atividades incluem músicos, produtores musicais, professores de diversas áreas e estudantes envolvidos com a música em suas mais diversas expressões. Ao apresentar, como foco principal, a liberdade de pensamento e a capacidade de instigar os jovens a questionar e discutir questões sociais, além de enfatizar a inclusão e debater sobre o surgimento do rock e sua essência primária como uma prática destruidora do preconceito, capaz de provocar mudanças de opiniões. As atividades demonstram a prática de um saber sensível e a troca de experiências e vivências capazes de provocar a (r)evolução da sociedade atual, integrando música, ciência, cidadania e comportamento em uma atividade lúdica de cunho educacional. PALAVRAS-CHAVE: Aulões de Rock; entretenimento; educação não formal; musicalidade. ROCK E VIDEOGAME: ENSINO TRANSVERSAL ROLIM, Anderson Teixeira Rolim (UNOPAR) RESUMO: O início deste século foi, definitivamente, marcado por uma revolução digital. Diferentemente de outros momentos revolucionários na história da música, seus protagonistas não eram mais os profissionais musicistas, mas hábeis programadores e uma multidão de usuários, ávidos pelos arquivos convertidos no formato MP3. A experiência dos compartilhadores de arquivos, como o pioneiro Napster e o atual BitTorrent, acabou por indicar um caminho sem volta, no qual a indústria do entretenimento, e mais especificamente a da música, se encontra. A crise instaurada no processo de abertura dos meios digitais fez com que os modelos de negócio em torno da música precisassem ser reconsiderados. E, justamente a partir desta crise, o contato com o objeto musical assume mais uma faceta: as produtoras de videogames passam a investir neste filão. Surgem, então, jogos como Guitar Hero, Rock Band e Rocksmith, nos quais os jogadores utilizam controladores em forma de instrumentos musicais, mormente a guitarra, para executar canções pré-programadas, na maioria, de rock and roll. Esses novos jogos musicais mostram a conexão do processo de instrumentalização digital com a percepção cultural e artística. E, partindo das relações mais notórias entre esses games e o rock, como a seleção das músicas e a “timbragem” dos controladores, é possível destacar a função didática que advém da experiência lúdica, tanto no que diz respeito à formação musical básica, técnica e tecnológica, mas também, quanto à construção do gosto pessoal, que tende ao gênero em destaque. Assim, o presente artigo visa explorar alguns aspectos da relação entre os jogos citados e o processo de ensino/aprendizagem, intelectual e artístico, dos jogadores. Do mesmo modo, intenta apresentar um breve histórico das relações entre o videogame e o rock, a fim de evidenciar o estreitamento desta relação tão poderosa para o ensino e para a arte. PALAVRAS-CHAVE: Ensino; Videogame; Rock. A CONTRACULTURA REPRESENTADA PELO ROCK NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA ADOLESCÊNCIA Diogo José Siqueira (Universidade Federal da Fronteira Sul) RESUMO: Partindo da problemática “Como o Rock, enquanto forma de contracultura, pode ser usado no processo de ensino-aprendizagem na adolescência?”, realizou-se uma pesquisa bibliográfica com os seguintes objetivos: descrever de que forma o Rock pode ser um agente de contracultura e como sua influência pode atuar no processo de ensino-aprendizagem na adolescência. A Escola pode ser considerada o principal meio de disseminação cultural. Porém, o que se observa depois da Revolução Industrial é uma propagação de uma forma de ensino que priorizava a formação de cidadãos capazes de retransmitir as informações recebidas na escola, ou de cumprir os papéis que lhe fossem designados pela sociedade. Diversos movimentos surgiram na tentativa de combater estas imposições, trazendo ideias divergentes e inovações na forma de aquisição do conhecimento. A estes movimentos chamamos contracultura. A melhor forma encontrada para a disseminação destas novas ideias foram os meios estudantis e atingiram rapidamente todas as formas de arte, principalmente após a década de 1950, mas nenhuma foi tão bem firmada como a música. Porém, nem todos os gêneros musicais participaram destas mudanças. O Rock, talvez, tenha sido o principal deles. Trazendo novas concepções de liberdade e igualdade, além de um visual mais descolado, críticas à sociedade em geral, ao governo e ao Sistema. Pink Floyd, Titãs, Engenheiros do Hawaii e Legião Urbana foram algumas das bandas de origem e sucesso semelhantes. O Rock apresenta-se, portanto, como agente da contracultura propagando as mensagens, estilos e concepções criados pelos movimentos de contracultura e, sendo o estilo musical mais difundido entre os jovens, atua diretamente no processo de ensino-aprendizagem, pois incentiva o questionamento dos métodos tradicionais da escola e da sociedade, além de um posicionamento como cidadão ativo e participante, e não apenas como membro passivo da sociedade. PALAVRAS-CHAVE: rock; educação; adolescência. EDUPUNK: CONEXÕES POSSÍVEIS ENTRE A FILOSOVIA PUNK E A EDUCAÇÃO Luiz Fernando Gomes (Universidade de Sorocaba) Edgar Domingo de Albuquerque (Universidade de Sorocaba) RESUMO: As conexões entre o rock e a educação são possíveis, mas nem sempre evidentes, talvez porque esse gênero ou estilo musical seja difícil de definir nos dias de hoje ou por que a ideia que as pessoas em geral têm dele seja de um tipo de música mais voltada à performance, ao corpo e à mídia de massa do que para algum tipo de reflexão ou proveito educacional. Pensando diferente, professores do Programa de Pós-Graduação da Universidade de Sorocaba criaram o projeto Conexões Possíveis, com eventos abertos ao público em geral em torno de discussões sobre as relações entre rock e educação. Foram desenvolvidas duas atividades, uma discutindo a obra da banda Pink Floyd, outra sobre o Edupunk, movimento originado nos Estados Unidos, por Jim Groom, em 2008, cujas conexões com a educação foram abordadas sob dois aspectos: anarquismo e a construção de conhecimento e a aplicação de elementos da filosofia punk no cotidiano escolar. O que trazemos para esse congresso é uma reflexão sobre a seguinte questão: quais aspectos da ideologia educacional denominada Edupunk já estão presentes no cotidiano escolar e quais já deveriam estar? Em outras palavras, o que a escola teria a aprender com o Edupunk? O trabalho discute alguns slogans do movimento: faça você mesmo, mas com os outros, em sua comunidade; sem colaboração, a educação é uma ficção; mescle, remixe, copie, transforme, brinque; não seja como a TV, questione. Ao final, afirmamos que a escola, os alunos e as comunidades teriam muito a ganhar com uma visão mais punk da educação. PALAVRAS-CHAVE: Edupunk; Anarquismo; cotidiano escolar. RAUL SEIXAS – DA LINGUAGEM FILOSÓFICA PARA A LINGUAGEM POPULAR Julio Cezar Ramos (UNIOESTE) RESUMO: O presente trabalho trata-se de uma explanação do conteúdo de obras filosóficas prontamente identificadas em canções do cantor e compositor Raul Seixas, o pai do Rock nacional. O contato com os livros e a filosofia fez com que suas composições se tornassem os meios de expressão daquilo que sentiu através da leitura. A bagagem filosófica de letras musicais, muitas vezes metafísicas, não são apenas capazes de deleitar e comover as pessoas, mas também de instruí-las. O rock abre portas para a criatividade fazendo com que as ideias complexas da linguagem filosófica tenham o poder de encantar as pessoas ao se transformarem em simples refrões. Pensamentos de filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Descartes, Sartre, entre outros, podem facilmente ser constatados em trechos de músicas como “Por quê pra quê”, “Todo mundo explica”, “números”, além da influência de textos bíblicos, escrituras hindus e egípcias nas letras de “Gita”, “Nuit”, “Um Messias indeciso”, “Segredos da Luz”, entre outras tantas que trazem à tona a combinação de questões existenciais e diversas concepções de mundo que nos cerca. A incrível facilidade de transformar filosofia em música fez de Raul Seixas um dos grandes personagens da cultura brasileira, que por meio da leitura foi capaz de ensinar filosofia de uma maneira diferente, utilizando a música para dar novo sentido ao que é estudado nos livros. Transmitir, receber e compartilhar reflexões que aprofundem o gosto pelo conhecimento é um dos grandes desafios deste trabalho que, em nenhum momento tem a pretensão dogmática de influenciar o modo de pensar das pessoas, mas em reforçar a importância da música no contexto escolar, não apenas como simples entretenimento, mas como uma atividade que conduza ao desenvolvimento da crítica e à ampliação do saber de maneira descontraída. PALAVRAS-CHAVE: Raul Seixas; Filosofia; Música. A MÚSICA NO PROCESSO EDUCATIVO DE PREVENÇÃO ÀS DROGAS NO ENSINO MÉDIO Jocimara Monsani (UNIOESTE) Dulce Maria Strieder (UNIOESTE) RESUMO: No presente trabalho abordamos a relação entre a música e a educação formal de Ensino Médio, analisando os resultados de um projeto interdisciplinar intitulado: ANTIDROGAS, desenvolvido com alunos do colégio indígena localizado em São Miguel do Iguaçu/PR. O projeto trouxe como foco reflexões e discussões, junto aos alunos, sobre a situação mundial de consumo e efeitos das drogas, sendo estruturado com diversas atividades desenvolvidas pelo conjunto dos professores. Ao considerar que, como um recurso didático, a música colabora na comunicação e na linguagem dos grupos sociais, foi planejada e desenvolvida como uma das atividades a utilização da música: Diga não às Drogas, de Alexandre Pires, na qual se apresenta como gênero musical o rock alternativo. Enfocando a prevenção às drogas, os alunos puderam interpretar e relacionar a letra da música com a temática do projeto. A partir da música, foram estimuladas discussões sobre os efeitos negativos da droga na vida dos sujeitos e também sobre as doenças sexualmente transmissíveis. Tendo como abordagem a pesquisa qualitativa, a coleta de dados fez uso da observação do pesquisador em campo, registrando em diário de bordo as reações e formas de participação dos alunos nas atividades. Enquanto resultados é possível indicar que ao primeiro contato os alunos estranharam o gênero musical, mas em seguida mostraram-se atentos e verificaram sua relação com o tema do projeto em desenvolvimento. O estranhamento inicial se deve ao fato de os alunos não terem contato com esse recurso didático, visto que por vezes a visão um tanto conservadora de alguns docentes ocasiona uma prática rotineira, limitada ao enfoque tradicional. A música, ao provocar emoção e exercer papel na cognição, mostrou-se com potencial de sensibilização e melhoria da compreensão dos alunos sobre o tema do projeto, gerando maior participação e diálogo em sala de aula. PALAVRAS-CHAVE: Música; Educação Básica; Prevenção às Drogas. O HEAVY METAL NO ENSINO: DESMISTIFICANDO IDEIAS E SUPERANDO PRECONCEITOS PELO CONHECIMENTO HISTÓRICO George Ramon Dimbarre (UEPG) RESUMO: A partir das atividades do subprojeto de História, PIBID/UEPG-2011-2013, na perspectiva da pesquisa-ação, articuladas às reflexões teóricas realizadas no curso de graduação, optou-se nesta pesquisa pela temática - História de estilos musicais no ensino. Reconhece-se a necessidade de analisar esses estilos em seu contexto de criação visando desmistificar ideias correntes sobre os mesmos e buscar a superação de possíveis preconceitos. Para tanto, elege-se na História dos movimentos sociais, as formações de tribos urbanas e as ramificações do gênero Rock ‘n’ Roll, como expressão cultural, relacionadas aos seus contextos de criação. O final da década de 1960 e o início de 70 foram marcados pela decadência do Rock Psicodélico e o início de suas ramificações como o Heavy Metal. Este é um estilo que surgiu como contestação às tradições inglesas, remetendo às filosofias políticas, ao terror psicológico, aos impasses entre religiões cristãs e pagãs e às dificuldades enfrentadas pelo proletariado. Essa ramificação possui um embasamento teórico em suas letras e no seu âmbito instrumental, fato que não deve ser desconsiderado frente à sua simplicidade e originalidade. O Heavy Metal surge em meados de 1969, com bases no “blues”, num timbre mais grave e amedrontador, brinca com temores psicológicos da Idade Média europeia. As questões levantadas por este estilo musical, relacionadas aos conteúdos históricos ministrados no ensino, organizados em um material didático para a disciplina de História, poderão contribuir para tornar o processo de ensino-aprendizagem mais interessante e atraente, possibilitando aos alunos a compreensão do papel histórico-social desempenhado pelos estilos musicais e, assim, pela percepção da historicidade dos acontecimentos, aguçar o senso crítico diante de situações de seu cotidiano, contribuindo-se para o desenvolvimento da consciência crítica do aluno, um dos objetivos do ensino de História. PALAVRAS-CHAVE: Educação; preconceito, história. ENGENHEIROS DO HAWAII NO ENSINO DE HISTÓRIA: UMA ANÁLISE DO CONCEITO DE GUERRA Marília Luana Pinheiro de Paiva (UEPG) RESUMO: A relação existente entre história e música, possibilita a compreensão destes como objetos de pesquisa e ensino para se discutir aspectos políticos, sociais, culturais, identitários, sociológicos entre outros. Visando a relevância da história e seu contexto no qual as músicas foram produzidas, entende-se que estas representam características do seu próprio tempo. Partindo desses pressupostos a presente pesquisa que visa a utilização da música no ensino de História, discute por meio das músicas produzidas nos anos oitenta e noventa pela banda Engenheiros do Hawaii, aspectos que se referem ao uso do termo guerra como um apêndice de meios políticos e fatores morais. Nesse sentido, entende-se a guerra não apenas como movimento bélico com o fim de atingir o inimigo, conquistar territórios, mas partindo da concepção de Clausewitz que a guerra é uma continuação política por outros meios, sendo uma dialética entre temas morais e físicos, interligados a questões militares e políticas que se convergem ao mesmo ponto. No campo político e teórico a guerra se define como um processo que se constitui aos poucos e chega a resultados inesperados. Os fatores morais determinam os resultados da guerra e apontam as fraquezas e medos no campo teórico e físico. Nesta perspectiva, nas músicas analisadas é possível discutir vários aspectos sobre guerra e suas analogias em relação ao comportamento, e sentimentos pessoais, favorecendo a construção do conceito de guerra em sala de aula. As consequências provocadas em um sentido moral e de conduta se faz presente em cada música escolhida representando as decorrências causadas pelos conflitos políticos, ideológicos definidos como guerra. PALAVRAS-CHAVE: Rock; Guerra; Ensino de História. O ROCK EM SALA DE AULA Patrícia Adriana Barbosa (Colégio Santa Catarina, Juiz de Fora) RESUMO: Sou professora de História na rede municipal da minha cidade há 21 anos e na rede particular há 17. Ao longo desse tempo duas das coisas que mais me chamaram a atenção foram: o fato dos alunos demorarem ou nem chegarem a perceber que a história é feita de “personagens comuns”, que viveram, sofreram e foram felizes do seu modo, no seu tempo. A segunda coisa é a falta de informação sobre cultura. Pensando em resgatar os personagens comuns e, assim, provocar uma análise mais viva do passado e do presente e em aumentar o patrimônio cultural dos adolescentes, resolvi investir no estudo da História do Rock. Dessa forma, quando estudo com meus alunos a chamada Guerra Fria, estudamos junto o nascimento do rock, e a partir daí as mudanças que o estilo sofreu. Em sala de aula faço um esboço de algumas transformações sofridas pelo estilo nas primeiras décadas de seu surgimento, sempre as relacionando aos acontecimentos "históricos" dos períodos. Em seguida, eles têm uma aula/show com a banda FBI (Fantástica Banda Invisível), de Juiz de Fora, que destaca o começo do rock, suas influências e mudanças. As músicas tocadas são contextualizadas e as diferenças harmônicas introduzidas pelo rock na música são demonstradas na guitarra. Após a aula show os alunos partem para a pesquisa individual e para um trabalho em grupo sobre as bandas que escolherem. Eles apresentam para a turma o que fizeram: clip, power-point, tocam ao vivo, fazem um desfile, dublam etc. Assim acredito estar contribuindo para que eles adquiram um conhecimento histórico e cultural do rock e fundamental na formação de sujeitos capazes de realizarem um leitura razoável da realidade, com consciência de que estão construindo a história. Além disso, esperamos combater preconceitos e ampliar a cultura a que eles têm acesso. PALAVRAS-CHAVE: Rock ; educação; cultura. O FEMININO RETRATADO NA CENA BRASILEIRA DE ROCK’N’ROLL: UMA DISCUSSÃO DE GÊNERO Angélica Bomm (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões) Caroline Govari Nunes (Universidade Federal de Santa Maria) RESUMO: O presente artigo visa abordar a relação entre rock’n’roll e as questões de gênero na música brasileira, colocando em foco as representações agregadas à figura feminina a fim de compreender de que forma os conceitos de feminino e masculino são apresentados nas canções e de que forma eles expressam e representam construções culturais. Este estudo, através de um recorte de canções do rock’n’roll nacional, busca questionar os modelos instituídos sobre feminino e masculino com o intuito de trazermos à tona outras formas de educação em gênero. Para Colling (2009), as questões de gênero têm sido alvo de muitos estudos e pesquisas, uma vez que desconstruir papéis fixados nas diferenças é bastante significativo na construção de relações mais humanizadas. Assim, a música entra como um recurso de pesquisa que, além de expressar a forma como pensa determinada época, também constrói e, porque não, (des)constrói papéis, a fim de possibilitar novas formas de refletir e levantar questionamentos através da arte que, por sua vez, expressa vivamente os movimentos sociais que vão inscrevendo nossos modos de ser. Dessa forma, a metodologia utilizada neste trabalho caminha não somente pelos estudos de gênero como, por exemplo, Teorias Feministas próximas ao pós-estruturalismo, diferença entre os sexos e desconstrução de estereótipos pré-definidos, mas, também, invade a cena musical que retrata e expressa tais movimentos femininos, bem como as demarcações de diferenças entre ambos os sexos que aparecem retratados na música brasileira. Canções de artistas como Rita Lee, Chico Buarque, Pitty, Baby Consuelo e Pepeu Gomes aparecem aqui com objeto de estudo. Outros elementos significativos aparecerão de acordo com a importância para explicar a conexão entre rock e os movimentos de gênero. PALAVRAS-CHAVE: gênero; música brasileira; feminino. A LINGUAGEM MUSICAL E SUAS INTENCIONALIDADES EDUCATIVAS E CULTURAIS Márcia Cossetin (UNIOESTE) Rangeres Caldeira (UNIOESTE) RESUMO: Neste artigo analisamos e problematizamos as mensagens midiáticas que circulam socialmente e são publicizadas por meio da arte musical, da linguagem musical. Essas mensagens são, sobretudo, veiculadas pelos meios de comunicação e, cotidianamente, recebem notoriedade nas programações de emissoras de rádio e de televisão e de outros meios de comunicação e informação de massa. Nas mensagens veiculadas, por diversas composições musicais, encontramos, corriqueiramente, apologias ao uso abusivo de bebidas alcoólicas, à incitação da prática da violência, ao machismo, ao consumismo, dentre outros eventos, que evidenciam a cultura da banalidade, a produção de sentidos expressa pela linguagem que se articula e emana do social, imbricada, gestada na própria constituição da sociedade capitalista. Relacionamos esses discursos com as práticas educativas que podem ser desenvolvidas ao trabalharmos com músicas (dentre essas algumas que pertencem ao gênero do rock), nas práticas educativas com crianças e adolescentes, que tenham em sua composição discursiva, significado de denúncia e busca de superação dessa forma de organização social, gestora, também, da pobreza cultural que estamos vivenciando. Para tanto, trabalhamos com amparo teórico de autores da linguagem como Mikhail M. Bakthin, e autores que discutem a organização social na atualidade, os quais entendem a linguagem como uma construção em que se expressam sentidos e valores, organizados nos/pelos próprios eventos humanos (sociais, culturais, políticos, econômicos). Da análise apreendemos que não há como conceber e compreender o que pretendem as mensagens corporificadas por meio da linguagem musical sem relacioná-las ao seu processo de construção social, enquanto resultado de determinado contexto social de produção. PALAVRAS-CHAVE: Linguagem musical; sociedade; educação. BLUES E MANIFESTAÇÃO CULTURAL DE UM GRUPO MARGINALIZADO: UMA POSSIBILIDADE METODOLÓGICA DE ENSINO DE HISTÓRIA POR MEIO DA MÚSICA Alana Rasisnki de Mello (UEPG) RESUMO: O presente artigo objetiva apresentar resultados parciais da pesquisa em desenvolvimento voltada para a questão da relação existente entre história e música e alternativas metodológicas para o ensino de História. Elegendo-se a temática histórica sobre algumas questões sociais e culturais que envolveram a população afrodescendente norteamericana, do início do século XX até meados dos anos de 1950, como esse grupo obteve na música, uma forma de preservar sua cultura e manifestá-la. Assim, o blues, gênero musical a partir do qual surgem outros, como o rock and roll, se torna uma forma de impor, manter e manifestar a cultura de um grupo social que estava à margem da sociedade. Também é objetivo deste artigo mostrar como a história e música pode ser um campo do conhecimento amplo e produtivo, pois a música, como uma manifestação cultural, ajuda na compreensão de uma época e dos indivíduos que a produzira. Mostrar como o gênero musical com raízes negras, explorando suas origens em canções entoadas durante o trabalho dos escravos nas plantações do sul dos Estados Unidos, se tornou uma manifestação cultural e social de um povo marginalizado, que mesmo após o fim da escravidão, migrando de uma região rural, situada no sul, para uma urbana, ao norte do país, continuou sofrendo com a segregação racial e preconceito. Da contextualização histórico-social do gênero musical como forma de manifestação cultural, nasce uma reflexão histórica que possibilita a problematização e compreensão sobre a questão, como uma forma diversificada de se ensinar e aprender história. PALAVRAS-CHAVE: Blues; Manifestação Cultural; Ensino de História. A SISTEMATIZAÇÃO DO ENSINO DE CONTRABAIXO NO ROCK Mauricio Escher (UNIOESTE) RESUMO: O presente artigo tem como objetivo discutir o rock como ferramenta metodológica no ensino da música, mais precisamente do contrabaixo elétrico. Através de revisão e interpretação bibliográfica, busca-se fundamentar reflexões advindas de experiência profissional em escola de música especializada. Neste sentido, este artigo enquadra-se na temática “Rock e Educação”. O contexto de ensino de contrabaixo refletido neste artigo tem como base o curso da escola de música “Academia do Rock” situada em Curitiba-PR. Esta escola visa ensinar música com foco no rock n roll e tem como fundamento metodológico o material didático da Escola de Música e Tecnologia (EM&T), São Paulo – SP. A abordagem das aulas, assim como o repertório e os estudos são voltados para a prática do rock, tal vivência nos faz compreender a importância da seguinte problemática: como sistematizar o ensino do rock no curso de contrabaixo para alunos entre 8 e 50 anos (faixa etária frequente no curso da Academia do Rock)? No entanto o processo de aprendizagem da música rock parece estar em um contexto informal de ensino. Esta questão pode ser justificada devido à recente história do rock como gênero musical, assim como a recente história do contrabaixo elétrico, a visão marginalizada e a característica do rock como um meio de contestação social e política. O trabalho foi organizado em 4 capítulos: 1 Histórico da educação musical no Brasil e o cenário do Rock; 2 Relato de experiência na escola de música Academia do rock; 3 informalidade no ensino do rock; 4 caminhos para a sistematização do ensino de contrabaixo na música rock. Nesta prerrogativa busca-se abordar o rock como objeto de estudo no meio acadêmico e como parâmetro cultural na educação musical. PALAVRAS-CHAVE: Ensino musical; Rock; Contrabaixo elétrico. UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA LETRA DE MÚSICA “O PAPA É POP”: CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E EFEITOS DE SENTIDO Luciana Fracasse (UNICENTRO) RESUMO: O presente trabalho busca compreender o funcionamento discursivo da música “O Papa é Pop” lançada no quinto álbum da banda brasileira de rock Engenheiros do Hawaii, em 1990. A fundamentação teórica que nos embasa é a Análise de Discurso (AD) de orientação francesa, compreendida como uma “Teoria de Leitura” desenvolvida a partir dos trabalhos de Michel Pêcheux e demais analistas filiados aos seus postulados, como Eni Orlandi, Suzy Lagazzi, Freda Indursky, entre outros. Em específico, procuramos compreender os processos de constituição, formulação e circulação nos quais a letra da música se estrutura, enfocando, dessa forma, as condições de produção que emolduram a canção e os seus possíveis efeitos de sentido. Nessa perspectiva, nos propomos a identificar quais memórias (interdiscurso) irrompem no eixo da formulação (intradiscurso) e sustentam/legitimam o dizer da/na letra, a partir do levantamento das regularidades constitutivas do discurso ali produzido e os efeitos de deriva, deslocamentos instaurados entre os sujeitos autores e sujeitos ouvintes/leitores. Assim sendo, a partir do gesto de interpretação aqui proposto, esperamos contribuir com os demais pesquisadores/estudiosos que se dedicam ao estudo do texto/discurso e ao trabalho com a leitura de letras de música em sala de aula numa perspectiva discursiva; apresentar-se como uma fonte de pesquisa para os interessados em analisar os efeitos de sentido e as condições de produção das letras musicais, bem como a aprimorar o entendimento sobre os conceitos de constituição, formulação e circulação dos sentidos. Além disso, esperamos propiciar uma maior reflexão e criticidade aos sujeitos ouvintes/leitores perante aos inúmeros discursos que circulam diariamente em diferentes suportes midiáticos, destacando, para este trabalho, as letras de música e sua importância para o espaço acadêmico em seus mais variados níveis. PALAVRAS-CHAVE: Análise de Discurso; Engenheiros do Hawaii; condições de produção. O RESGATE DAS CULTURAS INDÍGENAS E AFRO-BRASILEIRAS ATREVÉS DO ROCK NACIONAL Silvely Brandes (UEPG) Matheus Vitor Diniz Gueri (UNICENTRO) RESUMO: Sabemos que através de suas letras (de seus discursos), a música pode influenciar, e muito, o comportamento e as opiniões de quem a ouve. No Rock, esta capacidade fica bastante evidente. Sabemos também que, desde o seu surgimento, uma das características do Rock é a abordagem de questões sociais, ideológicas e culturais que possibilitam o conhecimento e a reflexão sobre diversos assuntos dificilmente abordados em outros gêneros musicais, como por exemplo, a crítica social, o niilismo, o misticismo e o folclore. Acreditamos que o Rock é um subsídio significativo para disseminar e resgatar a diversidade cultural do nosso país. Entre tantas variedades culturais presentes no Brasil, estão as culturas indígenas e afro-brasileiras, que devem ser abordadas na escola, segundo a lei 11.645/08. Portanto, nos parece interessante unir o gosto que este gênero musical desperta nos jovens às aulas de história, língua portuguesa e literatura, (disciplinas que trabalham com as culturas indígenas e afro-brasileiras). No entanto, é preciso que o professor conheça músicas que tratam desses assuntos. Logo, este trabalho pretende identificar (a falta de) músicas do Rock Alternativo que mencionam elementos das culturas indígenas e afro-brasileiras em suas letras, focalizando principalmente aquelas que pretendem valorizar e divulgar essas culturas. Dentre os músicos/grupos de Rock Alternativo que contribuem para o resgate das culturas brasileiras e que serão abordados neste trabalho, estão: Cássia Eller, Chico Science e Nação Zumbi, Jorge Ben Jor, Legião Urbana, Lenine, Titãs, entre outros. Por fim, nosso trabalho consiste na identificação de músicas que citam, referem-se ou narram elementos das culturas indígenas e afro-brasileiras, na reflexão sobre o resgate dessas culturas através da música e sobre a possibilidade de se trabalhar a lei 11.645/08 por meio do Rock Alternativo. PALAVRAS-CHAVE: rock; culturas; educação. O JORNALISMO NA HISTÓRIA SOCIAL DO ROCK Carlos André Echenique Dominguez (Universidade Federal de Santa Maria) RESUMO: Buscamos neste artigo apontar as relações entre a expressão do rock como forma cultural e as práticas jornalísticas da atualidade em turmas de Curso de Jornalismo na UFSM, campus de Frederico Westphalen (RS) durante o período de 2009 a 2011. Neste intervalo de tempo foram trabalhadas sob a ótica da História Social do Rock a evolução sócio-histórica do estilo musical desde suas raízes no blues e jazz, passando por diversas fases e movimentos artísticos, bem como as relações com as empresas de gravação, distribuição e circulação do rock e as distintas formas de impacto social nas mídias. O objetivo da prática foi promover a disseminação do conhecimento do movimento sócio-cultural iniciado pelo rock focando no tratamento dado pela imprensa diante dos seguidos ciclos de interesse popular pela música, seus artistas e espetáculos, originando todo um modo de vida calcado na estética rock e nas contestações sociais decorrentes desta posição. As relações dos grandes expoentes com a imprensa foi historicamente marcado por relações de amor e ódio, culminando na especialização e na tematização do assunto nas editorias culturais em todo o mundo. As necessidades da imprensa em produzir ídolos criou uma relação paradoxal com o próprio meio artístico que renegava aspectos da cobertura midiática, porém sem nunca romper em definitivo o vínculo necessário a inserção do rock como um produto extremamente lucrativo para a indústria do entretenimento. No Brasil, os movimentos do exterior também contaram com uma cobertura jornalística que permitiu o acompanhamento e a influência dos movimentos, na maior parte oriundos dos EUA e da Inglaterra, que se introjetaram na cultura musical nacional, sempre com alterações cíclicas de maior e menor interesse. Esta problematização nos permitiu verificar a pertinência do ensino da história social do rock em Cursos de Jornalismo de forma a estabelecer as relações sócio-culturais dos movimentos culturais com as diversas rupturas de comportamentos estabelecidos socialmente e a proliferação de estilos musicais que revelam a grande diversidade cultural do gênero, matériaprima na produção do Jornalismo Cultural. PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo; História Social; Rock. VRIÊMIA - UM DISCO FEITO DE SAMPLES Lucio Artioli dos Santos RESUMO: Em 2009, comecei a compor as músicas do disco Vriêmia e, em 2011, criei o Rasboços e Escunhos (www.escunhos.blogspot.com), blog contendo esboços e rascunhos de versões gravadas com o metrônomo em voz e violão das músicas que fariam parte do disco. A proposta inicial com o blog foi convidar seus visitantes a participarem do processo criativo do disco colaborando com a inclusão de sons nas faixas que denominei como guias. O visitante do blog faria o download da música em versão voz e violão, acrescentando os sons que quisesse (por exemplo, o som de uma bateria) e os enviaria, numa faixa separada, para serem editados. O objetivo era gravar, produzir e finalizar as músicas a partir da intersecção entre as versões para voz e violão e o material enviado pelos colaboradores. O número pequeno de colaboradores levou à procura de outros formatos para a gravação do disco. A maneira encontrada para a sua realização, foi a utilização de sons disponíveis na internet e em programas de gravação, produção e edição de som. As livrarias de samples contém sons separados nota por nota de vários instrumentos e vão desde os sons das diferentes peças de uma bateria até as diferentes notas, timbres e jeitos de tocar de um violino. Os sons dos instrumentos das livrarias de samples foram utilizados de modo artesanal para a gravação do disco, causando a impressão no ouvinte de se tratarem de instrumentos tocados pelos instrumentistas. Violões, baixos e guitarras tocados de modo tradicional, teclados MIDI e os vocais, foram adicionados posteriormente, criando o efeito aparente de que o disco foi gravado por uma banda repleta de instrumentistas. Apresentarei no I Congresso de Estudos do Rock o passo a passo do manejo artesanal dos samples, utilizando como exemplo a construção de uma das músicas do disco Vriêmia. PALAVRAS-CHAVE: Vriêmia; Blog; Samples. DESCARTES, LEMINSKI E O PUNK ROCK: SUBVERSÃO EM IDEIAS, VERSOS E SONS Dennis Donato Piasecki (Col. Estadual Floriano Peixoto) RESUMO: Trata-se de relato de experiência pedagógica construída na disciplina de Filosofia que procurou entrelaçar a filosofia de René Descartes, a poesia de Paulo Leminski e o gênero musical punk rock. O ponto de encontro e amarra conceitual entre as três expressões é localizado na categoria de subversão. Subversão é subverter a versão, não no sentido de destruir a vigente, mas como instrumental de apropriação e ressignificação de criar outra versão possível. A filosofia cartesiana subverte a Filosofia; Leminski subverte Descartes em Poesia e a música punk rock – subversiva em sua essência – ressignifica Filosofia e Poesia, imersas num processo criativo, que traduz no som rápido e direto uma subversão que abrange não só a música enquanto arte, mas também uma gama de comportamentos e atitudes que encontram eco no entorno social. Tal categoria serviu de embasamento conceitual para o estudo, discussão e criação de pesquisa e material artístico com uma turma da segunda série do ensino médio de um colégio estadual no interior do Paraná. No desdobrar interdisciplinar pautado na tríade curricular Filosofia/Literatura/Artes, objetivando concentrar estas três áreas do saber como polos construtivos do saber escolar numa perspectiva holística e não segmentada, fomentou-se a pesquisa e aprofundamento da: 1) filosofia de Descartes, principalmente da sua obra Discurso do método (1637) no que tange à fundação do Eu (subjetividade) como princípio do pensar e, por consequência, marco inicial da chamada Filosofia Moderna; 2) da biografia e poesia de Paulo Leminski, identificada como transgressora e marginal e que mantém em seus versos alguma relação com a Filosofia de Descartes e; 3) da história do movimento punk, focando principalmente sua característica de subversor cultural, mais precisamente no fenômeno musical. PALAVRAS-CHAVE: Filosofia; subversão; punk rock. ROCK NA SALA DE AULA: A MÚSICA COMO INSTRUMENTO METODOLÓGICO NAS AULAS DE HISTÓRIA Jussara Hilario dos Santos (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS) RESUMO: O presente trabalho visa apresentar o diálogo que pode existir entre a História e o rock na sala de aula, visando a melhor absorção dos conteúdos históricos por alunos de diferentes séries. No decorrer dos últimos vinte anos uma das principais discussões na área da metodologia do ensino de história tem sido o uso de diferentes linguagens e fontes no estudo da disciplina, principalmente com o avanço tecnológico e um movimento historiográfico que se caracterizou pela ampliação da visão de documentos e temáticas dentro da história. Com isso, foi se tornando mais frequente o uso de diversas linguagens, como a música no ensino e nas pesquisas provenientes das universidades. Já nas escolas a música motiva mais o aluno, criando mais interesse por parte dos mesmos pelo conteúdo aplicado em sala. Desse modo, a música facilita o ensino da História criando empatia entre professor e aluno. O rock é um estilo musical que carrega consigo um conteúdo histórico muito rico em diversas canções. Temas como política, guerras, combate aos preconceitos na sociedade entre outros, sempre estarão ligados ao gênero musical, que pode variar entre diversas correntes dentro do próprio rock, como o metal, o hard e o punk, e, também, por uma infinidade de influências musicais, como o jazz e o blues. Portanto, o estilo musical que nasceu no fim dos anos 40 e início dos 50 com a nomenclatura de "rock and roll" e que sofreu e sofre modificações até hoje, muito vem a contribuir e enriquecer o trabalho dos professores em ensinar uma História crítica e social. PALAVRAS-CHAVE: Rock; Educação; Música. O ROCK COMO INTERMEDIAÇÃO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Giovani Pinheiro (UNIOESTE) RESUMO: O presente artigo é uma síntese sobre um trabalho de conclusão de curso, da faculdade de jornalismo, por mim cursada, cujo objetivo é discutir o uso do gênero rock como ferramenta para trabalhar conteúdos em sala de aula, seja em escolas ou faculdades. Sabe-se que a música é forte recurso didático, já que trabalha com habilidades que podem despertar nos educandos maior interesse sobre as temáticas discutidas. Assim, minha intenção é apresentar os quatro produtos jornalísticos produzidos para esse fim didático: televisão, rádio, impresso e web. O programa de televisão aborda histórias e personagens de sucesso no uso da música, mais especificamente da canção, em sala. O programa de rádio traz convidados ao estúdio para que debatam um ano histórico e as canções que foram relevantes do ano em questão, cotejando com os acontecimentos históricos. Como impresso, uma revista, que oferece dicas, material educativo e mostra professores que utilizam música em sua abordagem pedagógica. Por fim, o site, no qual, em seu endereço na rede mundial de computadores, atualiza semanalmente vídeos e programas de rádio (podcasts), além de apresentar material exclusivo O tema em questão é pouco abordado nos meios de comunicação do oeste do Paraná, especialmente, em Cascavel. O embasamento teórico foi dado pelos seguintes autores: Fonterrada (2008), Gohn (2011), Janibelli (1971) entre outros. Sendo o rock uma manifestação da contra-cultura considera-se interessante a utilização desse gênero musical, justamente na produção de cultura, ao abordar os mais diversos aspectos de suas variadas vertentes. Uma extensa leitura do assunto também foi levada a cabo para o desenvolvimento deste trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Educação; Música; Jornalismo de Cultura; Rock. EDUCOMUNICAÇÃO E ROCK: TRANSFORMANDO CONCEPÇÕES SOCIAIS Anderson da Silva (Univel) Paulo Henrique dos Santos (Univel) RESUMO: Este artigo tem como propósito mostrar como a Educomunicação pode interferir e contribuir para uma mudança na vida social e pessoal dos adolescentes, tendo como principal ênfase o rock. A Educomunicação é um trabalho onde jovens têm seu primeiro contato com meios de comunicação; eles terão o conhecimento sobre os elementos básicos do jornalismo lead, cabeça, sonora, passagem, entre outros - que constituem na realização de um programa e a partir desse contato , eles serão orientados por acadêmicos de comunicação social-jornalismo e juntos elaboraram programas jornalísticos sobre o tema em questão, que é o rock. O projeto será realizado no Centro da Juventude Professor Jomar Vieira Rocha, no bairro Interlagos. A inserção do rock na vida de adolescentes que estão acostumados a ouvir outros estilos musicais, como funk e sertanejo, o rock será uma novidade que vem agregar conhecimentos e valores na vida de tais adolescentes. Como parte do projeto, os adolescentes irão elaborar um programa jornalístico de radio com duração de 10 minutos e direito a 4 intervalos de 30 segundos e o programa irá tratar o inicio do rock até os dias atuais. O principal foco do programa tem por finalidade apresentar o rock nacional como parte da historia brasileira, além de estudar as letras musicais de acordo com o contexto histórico. Todo o material produzido - incluindo comerciais – será com os adolescentes que estarão sendo orientados pelos acadêmicos. A produção do projeto se dará em sete encontros, três deles serão abordadas relativas à teoria, restando assim quatro encontros para produção dos conteúdos práticos. PALAVRAS-CHAVE: Educomunicação; rock; educação; jornalismo. O ROCK COMO CONTEÚDO NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA DE PONTA GROSSA PARANÁ Lucas Lino Fogaça (Universidade Estadual de Ponta Grossa) RESUMO: O presente trabalho parte da obrigatoriedade do ensino de música nas escolas de educação básica, com a aprovação da Lei 11769/2008. O Rock é um gênero musical apreciado em todo o mundo, mas, muitas vezes é “desconhecido” por algumas pessoas devido a grande influência da mídia que não nos traz uma variedade de gêneros, tornando-o menos acessível para alguns, e por este motivo deve ser abordado como um conteúdo nas escolas de educação básica. Um dos objetivos deste estilo musical como um conteúdo nas instituições de ensino é o de oportunizar uma ampliação no repertório musical dos alunos. Esta pesquisa teve como enfoque analisar práticas musicais de escolas de educação básica do município, mais especificamente as que envolvem o Rock, e saber se as mesmas podem acrescentar e possibilitar uma melhor apropriação do conhecimento musical específico. A análise utiliza também como base o cotidiano dos estudantes de duas escolas de educação básica da cidade de Ponta Grossa – Paraná. A proposta de investigação enquadra-se na perspectiva qualitativa que considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. Esta análise foi realizada por meio de levantamento de referencial teórico, tendo como instrumento de pesquisa a pesquisa-ação, por ter um caráter participativo, com a finalidade de promover ações para a transformação nas abordagens dos conteúdos da disciplina de Arte em escolas do município. Acredita-se que os resultados obtidos nesta pesquisa possam auxiliar para que o Rock se encontre definitivamente efetivado como conteúdo nas escolas do município na disciplina de Arte e em consonância com outras disciplinas, envolvendo práticas significativas, bem como, conteúdos atuais e relacionados às vivências musicais dos alunos. PALAVRAS-CHAVE: Educação; Música; Jornalismo de Cultura; Rock. Simpósio temático Rock e outras Artes Relações de proximidade, influência, pressupostos artístico-ideológicos e estéticos entre o rock e as mais diversas manifestações artísticas, tais como as artes plásticas, o teatro, a dança, a fotografia, dentre outras. ROCK EM CENA: A APROPRIAÇÃO DA GUITARRA PELO TEATRO MUSICAL BRASILEIRO Sarah Mirailh (Universidade Federal Fluminense) RESUMO: A guitarra teve diversas relações com o cenário artístico brasileiro, desde a manifestação contra a guitarra elétrica em 1967 até o acolhimento da mesma por músicos brasileiros, dando uma nova expressão repleta de brasilidade ao que antes era tido como “invasão estadunidense”, tal conflito demonstrou-se também no teatro, espaço de expressão e revolução de padrões. Se a própria inserção da música ao vivo já era tida por alguns teóricos como prejudicial ao palco, galgando na última década mais espaço no cenário brasileiro, o uso da guitarra sofreu também a sua dose resistência e conservadorismo. O presente trabalho busca analisar de que forma o novo teatro musical brasileiro se utilizou do rock, em especial da guitarra, através de um breve histórico acerca do teatro musical no Brasil, culminando na atualidade, onde o próprio ator se apropria de um instrumento que, nos poucos instantes em que era empregado anteriormente tinha tal função executada exclusivamente pela orquestra, passando hoje a integrar não apenas a questão cênica do intérprete como também uma musicalidade dos personagens que vai além do cantar. Se enquadrando na temática “Rock e outras Artes”, neste caso o teatro, a apresentação irá demonstrar como o teatro musical, cuja primeira inserção oficial da guitarra se deu no espetáculo internacional Hair, é hoje utilizada em produções originais brasileiras, como “Milton Nascimento: Nada será como antes”; “Rock in Rio - O Musical” e “Tudo por um Pop Star”, abordando as semelhanças e diferenças que vão desde a utilização da guitarra pelo ator como parte da orquestra ao personagem do roqueiro como elemento central da trama, superando estereótipos antes impensáveis. PALAVRAS-CHAVE: Teatro; guitarra; rock. JORNALISMO EM QUADRINHOS: COLOCANDO O ROCK EM PAUTA Marcos Antonio Corbari Ébida Rosa dos Santos RESUMO: O rock é sempre uma boa pauta para o jornalismo. A excentricidade dos personagens que participam do processo produtivo, a relevância cultural que o gênero evoca, a influência que movimenta em meio aos nichos de interesse, as formas discursivas com que se deixa permear pelo fluxo informativo... Enfim, há um sem número de possibilidades onde podem se encontrar os estudos a respeito do rock e o fazer jornalístico. Um enfoque, porém, chama a atenção de modo especial, ao qual centramos a proposta deste trabalho: a utilização do formato grande reportagem ou livro reportagem para recuperar passagens bibliográficas a respeito de personalidades ímpares do mundo musical, destacando-se ainda, dentro dessa proposta que não é nova, a utilização de uma plataforma expressiva experimental, o jornalismo em quadrinhos. A reportagem é a obra prima do jornalismo, traduz-se na peça fundamental e mais completa do fazer jornalístico, onde o repórter deve executar de forma atenta e detalhada todas as etapas da produção de jornalismo, desde a proposição do assunto de interesse, a formulação da pauta, a pesquisa prévia de informações básicas, a identificação das fontes, a apuração das informações, a investigação dos fatos, o contraponto das informações, a interpretação dos dados, até a composição final da peça. A grande reportagem ou o livro reportagem permitem que o repórter se estenda no relato da pauta apurada, que ilustre o texto e prolongue a exposição dos fatos, que tempere a peça com cenários e reconstituições que elevam o produto ao nível mais próximo que se permite entre o informacional e o literário. Recentemente um formato expressivo diferenciado tem se desenvolvido no campo jornalístico: o Jornalismo em Quadrinhos. Brevemente define-se este tipo de produção como resultante da apropriação por parte de jornalistas das potencialidades expressivas da linguagem da arte sequencial, onde texto e imagem compõem quadros complexos, que alcançam suas figuras de sentido quando sequenciados, levando-se me conta características básicas comuns. Já é possível identificar diversos gêneros de produção jornalística reproduzidos através dessa nova plataformas expressiva, desde entrevistas, cobertura de eventos, comunicação empresarial, reconstituição de notícias, até reportagens de maior ou menor volume. O que de mais representativo se encontra, levando-se em conta o jornalismo em quadrinhos, porém, é o livro reportagem. Os quadrinhos apresentam-se também como ponto de encontro entre as temáticas do rock e seus personagens com o fazer jornalístico e seus procederes. Jornalistas e quadrinhistas tem se dedicado com certa frequência a aplicar as etapas da produção jornalística direcionadas a construção de grandes reportagens ou mesmo livros reportagem expressos através da arte sequencial para reencontrar os fatos biográficos de grandes personalidades, a exemplo do que fez o alemão Reinhard Kleist com a obra “Cash: i see a darkness” (no Brasil “Cash, uma biografia”), mesma técnica depois empregada na coletânea “Elvis”, onde divide a tarefa de organização com Titus Ackermann. PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo em quadrinhos; livro reportagem; rock. O PSICODELISMO E A ARTE CONTEMPORÂNEA DOS ANOS 60 NA INGLATERRA E ESTADOS UNIDOS Aline Pires Luz (UNESP) RESUMO: Pretende-se abordar, dentro da temática do Simpósio “Rock e outras Artes”, a relação existente entre Psicodelismo, um movimento artístico contracultural e a arte contemporânea dos anos 60, nos EUA e Inglaterra, lugares do surgimento de ambos os fenômenos. O Psicodelismo, um movimento abrangente, inclui desde objetos visuais gerados pelo rock psicodélico como as capas de discos, pôsteres de divulgação de shows, jornais da imprensa underground, até produções que se ligam à arte contemporânea como os Light Shows, um tipo de arte cinética apresentada em diversos contextos, desde discotecas até museus; os happenings onde encontramos as ações do grupo de Ken Kesey: os Merry Pranksters e seus acid tests; as ações dos grupos Diggers, Yippies, Weathermen e San Francisco Mime Troupe. Há ainda os coletivos de shows multimídia, uma mistura entre Light Show e outras técnicas de projeção, sendo o mais citado o USCO. Os shows multimídia eram também environments, campo onde encontramos a construção de arquiteturas alternativas, de inspiração fitomórfica e também inspiradas em Buckminster Fuller e seu Domo Geodésico. Houve uma série de espetáculos teatrais promovidos por Timothy Leary, inspirados no teatro mágico de Herman Hesse e incluíam Light Shows. É encontrada ainda ligação com o cinema expandido e o cinema underground; na pintura é encontrada ligações com a Op Art e a pintura visionária. Os movimentos de arte contemporânea onde as relações são mais evidentes são a Arte Pop, a Arte Op, o Minimalismo, a Land Art e os Happenings e Environments do grupo Fluxus, de Allan Kaprow, Claes Oldenbrug, John Cage, Robert Rauschenberg, Yayoi Kusama, Andy Warhol, entre outros, além de questões herdadas do Expressionismo Abstrato. PALAVRAS-CHAVE: Psicodelismo; Arte Contemporânea; Eventos multimídia. DITADURA E MÚSICA: UM RETRATO DA SOCIEDADE NAS COMPOSIÇÕES DO GRUPO SECOS E MOLHADOS Kely Cristina Enisweler (Unioeste) Sofia Neumann (Unioeste) RESUMO: Os anos da Ditadura Militar registram um dos momentos mais violentos da história brasileira, envolvendo civis e militares. A censura foi uma das principais armas do governo para camuflar a forte repressão às manifestações contra o regime governamental. A arte, o cinema, os programas de rádio e televisão faziam parte do objeto de espionagem militar. A repressão e a censura provocaram obstáculos às produções culturais e artísticas, dificultando a divulgação das composições no período. Entretanto, essa mesma censura foi um veículo propulsor da criatividade dos artistas. Estes encontraram mecanismos linguísticos para denunciar as barbáries acometidas pelo sistema instaurado no país. Neste período diversos artistas lançaram canções em que efervesciam as críticas à ditadura. Em meio a este processo formava-se o grupo musical ‘Secos e Molhados’, sob a liderança do músico e compositor João Ricardo. O grupo foi um fenômeno que vendeu milhões de discos, tendo uns dos maiores públicos em seus shows. Em seu repertório havia elementos de gêneros musicais brasileiros e do pop rock internacional, o chamado Glam Rock. Havia uma verdadeira diversidade no ritmo e nas letras das músicas. O comportamento do grupo influenciou sua geração pelas roupas extravagantes e pela maquiagem carregada, que ora espantava o público, ora seduzia. Com o objetivo de compreender este momento da história brasileira, recorreu-se a revisão bibliográfica e a análise das composições musicais do Grupo Secos e Molhados. Os resultados apontaram para um movimento cultural que expressou o novo estilo musical, refletindo as tensões sociais, políticas e culturais do sistema em vigor. PALAVRAS-CHAVE: Secos e Molhados; Ditadura Militar; Música. DIAS DE PAZ, AMOR, MÚSICA E DESIGN: O MOVIMENTO PSICODÉLICO COMO RESPOSTA DA CONTRACULTURA AO ESTABLISHMENT E AO DESIGN MODERNISTA Rafael Hoffmann (UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina) RESUMO: Os anos 1960 foram um período em que música e arte ajudaram a escrever a história de uma década e de uma geração. Da união dos ideais da contracultura, da música e, inegavelmente, das drogas, surgiram novos conceitos em comunicação visual, com características únicas, coloridas e confusas que marcariam o rompimento com uma das principais da comunicação: a de passar mensagens claras e concisas. Este trabalho tem como objetivo entender, através do estudo do momento sociopolítico da década de 1960, as origens do movimento psicodélico no design gráfico. Dessa forma, tendo como objeto de estudos os pôsteres de shows de rock psicodélico produzidos na época, procura mostrar que a origem da estética gráfica que surgiu nesse período foi uma junção perfeita entre música - que sempre ajudou a refletir, e até mesmo moldar, a cultura - e design gráfico – que passa a ser uma extensão visual da música, ajudando a exprimir o que às vezes a canção não conseguia. Ao fazer essa análise os pôsteres do movimento psicodélico ajudam a entender não apenas a música ou o design, mas principalmente as pessoas que os produziam, seus ideais, e experiências. O estudo tenta também mostrar que a estética que surgiu desse momento foi uma “resposta”, tanto da sociedade quanto do design gráfico, ao que estava acontecendo na época - o moralismo conservador, a repulsa ao american way of life, o estilo internacional e a padronização. Com isso, pretende-se também confirmar que o design gráfico pode servir de apoio para narrar o contexto social e cultural no qual estava inserido e, consequentemente, reflete de forma visual as características desse meio. PALAVRAS-CHAVE: movimento psicodélico; pôsteres; design gráfico. COLETIVO CAVERNA HOUSE Janaina Rosa Arruda (UNIOESTE) Anselmo Antônio Arruda (Unisantos) RESUMO: Itanhaém, cidade brasileira histórica, com mais de 450 anos é, agora, palco do movimento rock na região metropolitana da Baixada Santista. É nessa cidade que, depois de muita repressão, a arte ganha espaço. Convencer pseudo-autoridades em valorizar movimentos urbanos independentes nunca foi tarefa fácil, mas o propósito do Coletivo Caverna House é romper com o sistema pré-estabelecido e alcançar o público sedento por cultura. A “Caverna”, como é chamada, é um ambiente permeado por música e todo tipo de arte. Local de divulgação e propagação da cultura de rua, onde é possível encontrar artistas grafitando uma parede, escritores declamando suas obras ou bandas apresentando seus hits. A maioria das cidades da Baixada Santista apresenta grande contraste social, é uma região escassa de recursos destinados à arte. Visando uma mudança nesses paradigmas, alguns jovens decidiram oportunizar o acesso a esse tipo de cultura e mudar a realidade desgastada e limitada da comunidade daquela região. O Coletivo Caverna House promove aulas gratuitas de grafiti, skate e capoeira a crianças e adolescentes, além de ser palco para bandas de rock independentes nacionais e internacionais que buscam divulgar seu trabalho. Todas essas atividades não têm fins lucrativos, pois a prioridade daqueles que são responsáveis pelo projeto é ofertar o contato humano com a arte em todos os níveis de entendimento e aceitação. O artigo busca explicitar de que forma movimentos sociais independentes, desde que amparados em preceitos coerentes que visem à promoção humana, podem modificar a realidade de comunidades carentes de arte. Nesse ínterim, a “Caverna” se torna o local onde o indivíduo se volta para o coletivo. PALAVRAS-CHAVE: Coletivo; Arte; Rock. UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE EDGAR ALLAN POE E O HEAVY METAL Rodrigo José de Sousa (Unicentro) Rosana Gonçalves (Unicentro) RESUMO: Propõe-se, no decorrer deste trabalho, demostrar a intertextualidade presente no estilo de música contemporâneo Heavy Metal com a literatura clássica. O presente trabalho aborda um autor de fundamental importância para a literatura inglesa e universal, estuda a influência exercida por Edgar Allan Poe dentro do gênero Heavy Metal, estilo de música derivado do Rock’N Roll e apresenta uma breve biografia do autor, caracterizando assim, um trabalho que trata da relação do Rock com outras artes. Com a finalidade de quebrar os preconceitos que rodeiam esse gênero, esse trabalho apresenta uma breve biografia de Poe, contextualiza o gênero Heavy Metal e propõem-se a analisar duas músicas, “The House” e “Raven”, ambas as composições da banda de Heavy Metal Grave Digger, em relação ao conto “A Queda da Casa de Usher” e ao poema “O Corvo” de Poe. O conceito de “intertextualidade” abordado implica num diálogo entre textos; pelo ponto de vista dela, um autor não cria um texto partindo de suas ideias originais, mas, ao invés disso, reúne ideias de textos já existentes, formando assim “uma permutação de textos”, em que as elocuções, pegas de outros textos, se cruzam e se neutralizam entre si. Esse conceito, apresentado por Kristeva, em 1960, caracteriza-se por ser uma transformação, revisão e um redirecionamento dos trabalhos de Bakhtin sobre “dialogismo” (ALLEN, 2000, p. 35). Percebe-se que essa é uma área de estudo muito rica, em termos de abrangência, sendo que toda a história da literatura está envolvida pelo diálogo intertextual. É nas perspectivas teóricas, de diálogo intertextual, fundamentadas por Bakhtin e Kristeva que será fundamentado esse trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Intertextualidade e Heavy Metal. O NÚMERO DA BESTA, MITO E REPRESENTAÇÃO NO AEON DE MR. CROWLEY Alan Victor Pimenta de Almeida Pales Costa (Universidade Federal de São Carlos) RESUMO: Este esforço reflexivo pretenderá traçar um modo de ver na trajetória iniciática do magista inglês Aleister Crowley (1875-1947) o fundamento de um largo espectro de propostas artísticas estabelecidas ao longo do século XX. Seus trabalhos tiveram por base a investigação dos cânones das Ciências Herméticas, reavivados na Era Vitoriana pelas denominadas Sociedades Ocultistas. De modo genérico, estas sociedades empreenderam um movimento de reorganização e reinvenção dos estudos de caráter introspectivo e ritualístico, sob acentuada influência das doutrinas gnósticas de filiação tradicionalista no contexto europeu, pretendendo representar-se como sucessão legítima das religiões de mistério antigas e medievais. No século XIX, esse leque de estudos é ampliado e reincentivado pelas incursões colonizadoras europeias no oriente longínquo, sendo bem conhecidas as influências deste movimento sobre a obra de pesquisadores dos mundos internos, como Carl Jung por exemplo. O aspecto revolucionário atribuído às atividades de Aleister Crowley deve muito ao aspecto indiscriminado como suas investigações de um universo arquetípico ampliado por suas viagens ao longínquo representado pelas terras orientais e pela ampliação do conjunto de valores e possibilidades do pensar a si na virada do século. Conhecidas como Iluminismo Científico, suas práticas aliaram os estudos esotéricos tradicionais às práticas do Yoga em constante exercício de exploração dos próprios limites, pretendendo o alcance das matrizes arquetípicas de sua própria constituição e reorganização do quadro geral das expressões individuais. Por intermédio desta nova escola de mistérios é que observamos a ampliação das possibilidades de auto-representação e do fazer artístico sob influência da filosofia do Novo Aeon, observável nos mais variados campos de expressão: literatura, pintura, música e especialmente no teatro, caracterizando forte influência ao Rock e seus modos de expressividade. O elo comum a elas tem por característica marcante a formulação da arte como experiência estética, capaz de alterar a percepção de si e da realidade circundante. PALAVRAS-CHAVE: Aleister Crowley (1875-1947); história; representação. A NOVA ASCENSÃO CRIATIVA DO ROCK NA CULTURA DE NICHO Fernanda Mendes (UTP-Universidade Tuiuti do Paraná) RESUMO: Com o advento da internet o rock passou a ser compartilhado e reproduzido, nunca se escutou tanta música como agora: ringtones para celulares, MP3, ipods, itunes, youtube, myspace, soundcloud etc. Os sucessos da cultura de massa já não são mais tão atraentes como antigamente. Novos movimentos culturais surgem como plataformas para produção, divulgação e distribuição, aliados a uma forte demanda, principalmente entre as mídias sociais, o novo rock ganha espaço e bandas reveladas por esses movimentos estão se destacando no âmbito regional e formando público fiel. Nunca foi tão fácil gravar CD e divulgar o trabalho. A carência do rock que se encontra fora do mainstream atual, torna-se um dos gargalos musicais principais na nova era que surge - O mercado dos artistas fabricados em escala industrial está se dissipando cada vez mais, criando assim fragmentos e nichos culturais. Entender esse novo cenário, as novas mídias e as bandas de rock que estão surgindo com inacreditável competência, são desafios para a mídia popular, previsível e envelhecida. Movimentos e coletivos culturais estão sendo fundamentais para a nova difusão cultural, alguns exemplos como a “Casa Fora do Eixo” que hoje conta com mais de 19 sedes em todo o Brasil atuando à quase 10 anos na difusão cultural, também o recém-movimento chamado “Cena Underground” localizado na cidade de Colombo/PR divulga bandas de rock da região e entorno através de web rádio, trabalho esse que vem se destacando no Estado. Estamos em plena transformação cultural, social e econômica no mundo todo, a criatividade passa a ser valorizada e com isso o nostálgico rock vem renascendo e ganhando força, o que era pouco tempo atrás underground hoje está caminhando para o novo mainstream, forçando a indústria do entretenimento a mudar. Embora ainda pequena, a mudança é real e o rock é emblemático na transformação de novos tempos, a efervescência cultural está se expandindo e o rock’n’roll, mais uma vez, ressurgindo. PALAVRAS-CHAVE: Criatividade; nichos; movimentos culturais. THE KING´S RETURN...À MÚSICA: UMA ANÁLISE DA SEXTA CANÇÃO DO PROJETO WILLIAM SHAKESPEARE´S HAMLET E SUA RELAÇÃO MULTIMODAL COM A TRAGÉDIA SHAKESPEARIANA Ana Paula de Castro Sierakowski (UNICENTRO) RESUMO: A relação interartes há muito existe, mas os estudos relacionados a ela são recentes. Principalmente focada na relação entre o texto escrito com outro nicho artístico – literatura e teatro, literatura e pintura, literatura e cinema, literatura e música – volta seus olhos para a relação entre duas (ou mais) linguagens estéticas diferentes. Entretanto, a relação entre a literatura e música ainda não é um campo muito explorado, exceto quanto se trata da relação entre literatura e gêneros musicais eruditos. No que se refere a gêneros ditos populares, a união desses dois mundos parece não ser um tema que chame à atenção dos estudiosos, menos ainda se pensarmos na vertente do gênero musical heavy metal, visto como um gênero underground, do submundo da música, relacionado, na maioria das vezes, de forma estereotipada, à violência, drogas ou a cultos satânicos. Contudo, nos veio a conhecimento um projeto realizado em terras brasileiras que transporta para a música, mais especificamente, o metal (e suas várias vertentes), uma das tragédias humanas mais conhecidas da literatura canônica: Hamlet, de Shakespeare. O projeto, lançado em 2001, intitulado William Shakesperare’s Hamlet, de iniciativa da Die Hard Records, apresenta 19 faixas; 15 delas são cantadas por 14 bandas do cenário heavy metal brasileiro a fim de contar e cantar a história de Hamlet. Entremeio às 15 canções, são interpretadas 4 vinhetas que as separam em ‘4 atos’. Todas as letras das canções do álbum foram compostas pelo poeta Adriano Villa, e transpostas do português para o inglês arcaico por Alexandre Calliari. Assim, esse trabalho tem o objetivo de discorrer sobre o projeto, mas, especificamente, analisar a canção The King’s Return, interpretada pela banda Krusader, e sua relação com a tragédia shakespeariana. Para tanto, utilizar-se-á autores como Clüver (2007), Kress (2006), Hutcheon (2011), Walsen (1993), Oliveira (2002) e Costa (2007). PALAVRAS-CHAVE: literatura; interartes; Hamlet. O DIA EM QUE EDU K ENTROU PRA A HISTÓRIA DA ARTE Leonardo Felipe (UFRGS) RESUMO: Em agosto de 1985, Rogério Nazari e Telmo Lanes, dois artistas egressos do coletivo Nervo Óptico, marco da arte contemporânea brasileira, realizaram em Porto Alegre a performance Porquê Choras? (sic). O evento exibiu, pela primeira vez, as pinturas que os artistas vinham produzindo em conjunto. Nazari e Lanes dividiam um ateliê no Bom Fim, mitológico bairro boêmio da cidade, e circulavam com a tribo dark, ouvindo a música neogótica de grupos do pós-punk inglês. A pintura da dupla era repleta de imagens épicas, românticas e de signos religiosos que, retirados de seu contexto original, eram apresentados em forma de pastiche, procedimento relacionado à pós-modernidade que inflamava o debate crítico da época. Além da exibição das pinturas, Porquê Choras? incluiu uma performance que consistia em “desenhar” uma instalação com alguns elementos representados nas pinturas (pedras, rosas, cruz, corrente etc.). A performance era sonorizada ao vivo, com a participação do músico Carlos Palombini e do recém fundado Defalla, trio formado por Biba Meira, Carlo Pianta e Edu K. A partir deste evento específico, esquecido na historiografia da arte brasileira, esta pesquisa pretende tratar da relação entre as artes visuais e o rock, levantando exemplos da interação entre os campos desde a Arte Pop (Andy Warhol e o Velvet Underground), passando por Tropicalismo, Arte Conceitual e principalmente, o punk. Ao trazer a pesquisa para um contexto brasileiro, busca-se conectar a produção local à internacional e verificar como se dão os processos de tradução cultural. Assim, a pesquisa também pensará a cena porto-alegrense dos anos 1980 e sua relação com as teorias da pós-modernidade. A ironia presente no título refere-se a alguns postulados pós-modernos, especialmente aos conceitos da pós-crítica do teórico Gregory Ulmer. Também propõe uma reflexão sobre o papel do historiador de arte. PALAVRAS-CHAVE: Arte contemporânea; punk; pós-modernismo. ANÁLISE ICONOGRÁFICA E ICONOLÓGICA DO ALBUM THE NUMBER OF THE BEAST DE 1982 DA BANDA INGLESA IRON MAIDEN Cristian Machado Universidade (Estadual de Ponta Grossa) Edemila de Farias Valentim (Universidade de Lisboa) RESUMO: A presente pesquisa visa analisar, identificar, compreender e comunicar a leitura das figuras apresentadas na capa do álbum The number of the beast, de 1982, da banda de heavy metal inglesa Iron Maiden, no intuito de ressignificar os elementos contidos na referida capa, buscando entender a apropriação do mal dentro do estilo musical heavy metal, amparado pelo referencial teórico iconográfico e iconológico de uma gama de autores dotados de conhecimentos acerca do tema. Como o mal é representado na capa do álbum The number of the beast? Como o álbum ressignifica a relação entre o imagético e o textual na problematização do mal desde a idade antiga à contemporaneidade? Que permanências podem ser detectadas no álbum que configure superficialidade referente à leitura da capa do álbum desde o seu lançamento nos anos 80? Quais as contradições sociais entre discurso e prática que possibilitam o surgimento desse movimento cultural? Interpretar, com base nos aportes da iconografia e da iconologia, os significados presentes na capa do álbum The number of the beast. Possibilitar a comunicação através da imagem, demonstrar profundidade interpretativa do referido álbum através do método iconográfico. Criar a possibilidade de uma nova visão em relação ao discurso do mal na referida capa e abrir possibilidade de novas interpretações que venham a enriquecer a própria leitura das imagens associadas ao heavy metal. A pesquisa se dará através do método iconográfico e iconológico do referido álbum, através de pesquisa exploratória, qualitativa, mediante o levantamento bibliográfico e outras fontes documentais secundárias, onde os dados serão analisados de forma descritiva e as informações obtidas analisadas indutivamente. A iconografia e iconologia dialogando com a História da Arte justifica tal pesquisa estar inserida no simpósio Rock e outras Artes. PALAVRAS-CHAVE: iconografia; heavy metal; Iron Maiden. ELVIS E ISADORA: APROXIMAÇÕES E RUPTURAS ENTRE O ROCK E A DANÇA MODERNA Ana Paula de Souza Formighieri (UNIOESETE) RESUMO: Este artigo foi elaborado para apresentação no Congresso Internacional de Estudos do Rock no simpósio temático Rock e outras Artes, promovido pelo programa de Mestrado em Educação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. O presente texto tem o intuito de desenvolver uma reflexão sobre as analogias existentes entre o popular astro do Rock Elvis Presley e a pioneira da Dança Moderna Isadora Duncan, pois apesar de atuarem em linguagens artísticas diferentes, por meio de suas manifestações e expressões, eles romperam barreiras, resignificaram o movimento do corpo na arte, questionaram paradigmas pré-estabelecidos, tanto para a arte quanto para a sociedade, contribuindo com o desenvolvimento da liberdade artística e com transformações culturais e sociais. Ambos os artistas são precursores de seu tempo e desenvolveram suas Artes em uma sociedade que restringe o corpo e pune aqueles que não seguem ou que questionam o sistema estabelecido, desta forma sofreram os preconceitos dos conservadores e influenciaram a juventude, adotando uma postura vanguardista que inspira gerações. Cem anos separam o nascimento de Isadora e a morte de Elvis, um século de muita música, dança e transformações na Arte e na sociedade. O Rock popular de Elvis nos convida a dançar e promover o amor. A dança erudita de Duncan nos convida a quebrar padrões. Por meio da análise do contexto histórico e social que permeava a produção artística de Elvis e Isadora, observaremos como os dois juntos promovem a liberdade do corpo em tempos de repressão. PALAVRAS-CHAVE: Elvis Presley; Isadora Duncan; relações entre corpo, arte e sociedade. THE DARK SIDE OF THE MOON: QUATRO DÉCADAS DE UMA OBRA DE ARTE PARA CONSUMO DE MASSA Pablo Laignier (UFRJ/UNESA) RESUMO: O objetivo deste artigo é analisar a importância do álbum The Dark Side of the Moon, da banda de rock progressivo inglesa Pink Floyd, para o cenário da música massiva contemporânea, além de algumas de suas peculiaridades estético-artísticas, buscando operar uma breve síntese de sua trajetória como obra de arte/produto de consumo de massa e de suas interfaces com outros produtos da indústria cultural. O trabalho possui como referência teórica autores de diferentes disciplinas tais como a História da Arte (Gombrich), a Música sob um ponto de vista sociológico (Wisnik), a Neuropsicologia (Levitin) e a Comunicação Social (Herschmann; Janotti Jr.). Em termos de material empírico, o trabalho se utiliza de uma reportagem de capa a respeito do álbum citado publicada na revista inglesa especializada Mojo, em 1998, época do aniversário de 25 anos de The Dark Side of The Moon, além de um documentário sobre o álbum (da série Classic Álbuns). O artigo opera também uma análise das modificações realizadas no sítio eletrônico oficial do grupo Pink Floyd por conta das comemorações relativas ao aniversário de quarenta anos do lançamento de The Dark Side of The Moon, ocorridas em março de 2013. Deste modo, o artigo possui três seções: A primeira discute, conceitualmente, a importância que um álbum de música massiva pode ter enquanto obra de arte; a segunda apresenta uma síntese da trajetória de The Dark Side of The Moon; a terceira apresenta uma breve análise das comemorações dos quarenta anos desta obra a partir do sítio eletrônico oficial da banda, em que foram expostas novas versões para a icônica capa do álbum em questão, além de ter proporcionado uma mediação junto aos fãs da banda, pois estes puderam publicar mensagens sobre o disco que ficaram disponíveis para o acesso de outros usuários no ciberespaço. PALAVRAS-CHAVE: Música; Comunicação; Rock; Pink Floyd; The Dark Side of The Moon. “ROCK E QUADRINHOS: INTERTEXTUALIDADE ENTRE DIFERENTES EXPRESSÕES ARTÍSTICAS” Bruno Camargo Manenti (PUC-PR) RESUMO: Clássicas canções do rock alcançam gerações e servem de inspiração para outras produções artísticas. Diversos quadrinhos e graphic novels produzidos no Brasil (ou por brasileiros no exterior) se baseiam em músicas para criar um novo universo. A intertextualidade destas artes, a transposição do significado da palavra escrita para o desenho e a criação de um novo produto com base em outra obra são temas de destaque no presente trabalho. “Rock e quadrinhos: intertextualidade entre diferentes expressões artísticas” será apresentado no I Congresso Internacional de Estudos do Rock, em setembro de 2013 em Cascavel, dentro da temática “Rock e outras artes”. Serão observadas: “Daytripper” de Fábio Moon e Gabriel Bá, “EP” de Dalts e Magentaking, “Fire” de André Caliman, “Love hurts” de Murilo Martins, “A walk on the wild side” de Mário César, “Rock vs. Comics” de Evandro Esfolando e “Papai Noel, velho batuta”, de Fábio Melo. O trabalho faz comparações entre os produtos e a maneira como cada um se apropriou das músicas para a criação de outro objeto artístico. Da mais sutil referência até a adaptação completa das letras, estes quadrinhos mergulham no mundo do rock para reinventar a essência das canções em uma nova obra artística. Com a transposição para as histórias em quadrinhos, a música ganha novos significados e interpretações. Entre os autores utilizados, estão Umberto Eco (“Tratado Geral de Semiótica”), Henry Jenkins (“Cultura da convergência”) e Walter Benjamin (“A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica”), tratando de semiótica, intertextualidade e produção e reprodução artística. PALAVRAS-CHAVE: música; quadrinhos; intertextualidade. A MÚSICA, A POESIA E O SOCIAL EM MANU CHAO: SONS E REPERCUSSÕES NA AMÉRICA LATINA Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE) RESUMO: A música e a poesia, a arte, em geral, cria um universo paralelo à realidade que permite um olhar atento sobre o cotidiano e as vivências. Dessa forma, ao mesmo tempo em que há um olhar contemplativo do eu, há também um olhar sobre o social e o mundo. O músico francês Manu Chao (Paris-1961), cresce com influência pela crescente cena punk que se desenvolvia na França. Na adolescência, chega a tocar em algumas formações de grupos musicais, tal como o grupo rockabilly Hot Pants, que teve uma boa recepção pela crítica, mas sem grandes repercussões. Após desvincular-se do Hot Pants, Manu monta o Mano Negra – banca eclética com influências de música francesa, espanhola, e de forte presença do punk via The Clash. Em 1992, o Mano Negra fez uma turnê pela América Latina, em que os integrantes da banda viajavam de barco, ao lado de atores e de um circo, tocando em cidades portuárias ao longo de toda a costa do continente. Em 1995, o Mano Negra passa a residir na Espanha, onde monta um projeto paralelo, o Radio Bemba Sound System, junto com outros integrantes. Alguns atritos levam ao fim do Mano Negra. Manu Chao, sem banda, retorna à América do Sul e passa alguns anos viajando com seu violão e gravando ocasionalmente, sem compromisso. Como resultado musical de suas viagens, surge o disco Clandestino, lançado em 1998. Repercussão tímida inicialmente, mas “Clandestino” acaba se tornando um grande sucesso na França e na América Latina (em especial no Brasil), com suas letras que misturam o inglês, francês, espanhol, galego e português. Músicas como "Desaparecido" e a faixa-título tocaram nas rádios e tiveram ótima repercussão. Com algumas apresentações no Brasil, um dos sucessos de Manu Chao é a música "Me Gustas Tu". Manu participa do CD Tropa de Elite, da banda Tihuana com uma música denominada clandestino, inspirada em uma de suas músicas. Assim, buscar-se-á, analisar algumas composições musicais de Mano Chau com vistas à reflexão crítica e um olhar do poeta-compositor tendo em vista letras de músicas que direcionam para o contexto social latinoamericano. PALAVRAS-CHAVE: Manu Chao; Clandestino; América Latina. A COMMEDIA E A SEPULTA ARTE CONTEMPORÂNEA Jânder Baltazar Rodrigues (UEMS) RESUMO: Do ponto de vista da história literária, a importância do poema A Divina Comédia, de Dante Alighieri, é indiscutível. Tal importância se manifesta, inclusive, nos aproveitamentos não só literários como cinematográficos, em games e literomusicais, como é o caso da canção “O jogo da amarelinha (A Divina Comédia) (1987)”, da banda de pop rock experimental mineira O Último Número, onde nos deparamos com o que seria “a Beatriz perdida do Poeta Florentino” e uma releitura dos conceitos de Céu e Inferno. Ainda temos, por exemplo, o álbum de canções Dante XXI (2006), da banda de thrash metal brasileira Sepultura, também de origem mineira; em semelhante material encontraremos a apropriação de imagens e expressões presentes na Commedia, personificando as três bestas na figura dos grandes impérios capitalistas contemporâneos, EUA e Reino Unido. São esses dois objetos literomusicais que pretendemos discutir, numa abordagem comparativa entre si e com o poema dantesco, em torno de questões especificamente metafísicas (e/ou antimetafísicas), na medida em que a segurança religiosa do poeta florentino se encontra basicamente solapada no âmbito da ‘cultura alternativa’ contemporânea. Diante dessa constatação, buscaremos explicitar os reflexos estético-ideológicos dessas questões nos referidos objetos, partindo do conceito de “idealidade vazia” aplicado por Hugo Friedrich à lírica moderna. Por meio de tais métodos poderemos chegar a discutir como a arte tem sido usada para transcender ao caos social em diferentes épocas, e, se a transcendência visada pelos artistas – de acordo com seus métodos de produção – foi alcançada, e como foi alcançada, ou não, e como não foi alcançada. PALAVRAS-CHAVE: Commedia; literopoesia; rock. MOSTRAS DE ARTE HÍBRIDA: CONFLUÊNCIAS ENTRE ROCK, LITERATURA E ÓPERA Cristian Javier Lopez (UNIVERSIDAD NACIONAL DE TUCUMÁN/ANHANGUERA/UNIOESTE) RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar a relação existente, em produções artístico-musicais, entre três diferentes expressões artísticas: o Rock, a Literatura e a Ópera. Assim, por meio de pesquisas em material bibliográfico e musical mostrar-se-ão as diferentes possibilidades que, na atualidade, apresentam-se como produções híbridas as quais abrangem, justamente pela confluência de artes, diferentes setores culturais. Partimos, em um primeiro momento, da antiga relação existente entre a literatura e a música para revelar que essa relação entre as distintas expressões artísticas foi desde sempre uma constante nas produções culturais de distintas sociedades e que encontra, ainda hoje, um espaço representativo entre as artes cultivadas em diferentes países. Desse modo, por meio da confluência entre as artes, conseguem-se potencializar as distintas expressões artísticas que se amalgamam numa produção híbrida. Essa conjunção, às vezes, pode ocorrer entre algumas expressões com alto caráter elitizado – como é o caso da ópera – com outras de amplo alcance – como é o Rock, tornando-as populares e fazendo, assim, com que cheguem a um público mais diverso. Fato esse que ocorre, por exemplo, na produção musical de Cássia Eller, Freddy Mercury, entre outros. Podemos dizer que a arte literária sempre inspirou diferentes compositores ao longo da história e que eles, apoiados no ritmo natural e na cadencia dos versos líricos, deram melodia e imprimiram tons às palavras. Assim, nessa confluência artística, a Literatura, a Música do rock e a Ópera adquirem novas e mais profundas formas de expressar o subjetivismo da alma humana. Utilizar-se dessa conjunção na hora de ensinar também pode contribuir para que este processo seja mais efetivo e criativo, promovendo-se, assim, a interdisciplinaridade. PALAVRAS CHAVE: Educação; Música; Interdisciplinaridade. UM MURO E MUITOS SIGNOS: REINVENÇÕES SEMIÓTICAS DO ÁLBUM THE WALL (PINK FLOYD, 1979) Jéssica Ragazzi Balbino (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) RESUMO: Desde o seu lançamento, o álbum duplo The Wall tornou-se um dos maiores sucessos da banda inglesa de rock progressivo Pink Floyd, e, apesar de recebido com reservas pela crítica e mesmo pelos fãs, ao longo dos anos passou da categoria de fenômeno musical para a de fenômeno semiótico. Da concepção teatral da turnê do disco, passando pela adaptação cinematográfica de Alan Parker em 1982 e chegando às apresentações do ex-líder da banda Roger Waters quando da queda do Muro de Berlim, em todos esses casos, e ainda em outros, o conteúdo de The Wall foi, muito mais do que reconstruído, modificado e reinventado, por vezes com diferenças radicais em relação ao produto original, ou seja, o álbum duplo de 1979. Neste trabalho, buscaremos expor as principais diferenças estéticas e ideológicas implicadas nessas “reinvenções”, valendo-nos, sobretudo dos instrumentos da sociossemiótica sistematizados por Eric Landowski. PALAVRAS CHAVE: The Wall; Pink Floyd; Sociosemiótica. CAPAS POLÊMICAS E CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO ROCK: O STUDIUM DA FOTOGRAFIA E O DISCURSO DA REBELDIA Glaucia Mirian Silva Vaz (Ledif/UFU) RESUMO: Propomos analisar a materialidade imagética em algumas fotografias usadas em capas de discos de bandas rock. Selecionamos capas recusadas/censuradas/polêmicas que foram utilizadas em álbuns como Yesterday and Today (1966), dos Beatles, Electric Ladyland (1968), de Jimi Hendrix, Beggars Banquet (1968), dos Rolling Stones, Virgin Killer (1976), dos Escorpions, Secos Molhados (1973) entre outros. Partimos da hipótese de que, além dos temas, das letras de música e do figurino/vestuário etc., a fotografia configura uma técnica para a construção identitária do gênero rock, em especial, nas décadas de 60 e 70, cujo aspecto fundamental de identificação é a rebeldia. Percebemos que existe uma regularidade discursiva entre tais imagens, a qual aponta para os aspectos grotesco, erótico e violento como aquilo que afirma a rebeldia como característica constitutiva do gênero. Nossas análises estão calcadas nos pressupostos teorico-metodológicos da Análise do discurso de linha francesa, especificamente dos estudos de Michel Foucault, no que se refere ao discurso, e Jean-Jacques Courtine, no que diz respeito à imagem enquanto materialidade discursiva. No que tange à fotografia, partimos da obra A câmara clara (1984), de Roland Barthes, para quem a fotografia possui dois aspectos: o pré-produzido pelo fotógrafo e o que escapa ao pré-produzido, respectivamente, studim e punctum, conceitos estes que apoiarão para compreender de que a elaboração da imagem opera na construção identitária deste gênero musical. PALAVRAS CHAVE: Fotografia; Análise do Discurso; Capas de discos. AS PORTAS POR TRÁS DAS PORTAS: SETE ABORDAGENS TEMÁTICAS A PARTIR DA OBRA DO GRUPO THE DOORS Nísio Teixeira (UFMG) RESUMO: O presente trabalho pretende reunir sete abordagens temáticas possíveis a partir e, principalmente, em diálogo com a trajetória e obra do grupo californiano The Doors. Trata-se de uma atualização de discussões anteriores elaboradas para minicursos, mesa-redonda e matérias na imprensa belo-horizontina. Na proposta, apresentaremos as intertextualidades entre a trajetória e obra do grupo com as seguintes abordagens: i) Anos 1960: contexto e inserção da banda no cenário histórico da década; ii) xamanismo, incluindo a crítica de Theodor Adorno; iii) furor poeticus: a tradição de William Blake, Arthur Rimbaud e o movimento beatnik; iv) teatro: Antonin Artaud e Living Theatre; v) filosofia, especialmente a de Nietzsche; vi) música: o rock do grupo, das influências do blues, jazz, flamenco, música indiana para as influências sobre David Bowie, Echo and the Bunnymen e outros; vii) cinema: a obra de Jim Morrison, Jean Luc-Godard e tópicos como road movie e biopics, filmes de biografia (comentário sobre o filme de Oliver Stone acerca do grupo). Dado o variado escopo, o objetivo é de cárater introdutório para não só estabelecer tais intertextualidades, mas, com elas, abrir algumas portas para mostrar como a obra do The Doors pode ser um ponto de partida didático interessante para motivar no alunado a discussão e o aprofundamento de cada um dos sete temas propostos. PALAVRAS-CHAVE: The Doors; rock; educação. ASTROS NO ROCK: ROCK, ASTRONOMIA E RELATIVIDADE NAS AULAS DE CIÊNCIAS SOB UMA PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL Emerson Ferreira Gomes (USP) RESUMO: Os temas científicos estão presentes em diversas canções do rock. Encontramos em alguns produtos culturais do rock – seja nas letras, em nomes de conjuntos, nas melodias, nos efeitos sonoros ou nas capas de discos – elementos discursivos que permitem uma análise crítica da ciência na sociedade. Esta pesquisa consiste no uso dessas canções nas aulas de Física. Como objeto de pesquisa nos atemos a canções de conjuntos da década de 1970 que reiteram reflexões fenomenológicas, epistemológicas e sociais sobre a Astronomia e a Teoria da Relatividade. Como referencial pedagógico, utilizamos a obra de Georges Snyders (2008), que aponta o uso da cultura primeira do estudante – evidenciada pelo seu senso comum e suas concepções derivadas da cultura de massa – para estabelecer pontes com a cultura elaborada – que permite ampliar a visão de mundo do estudante, representada pela arte, ciência e filosofia. Para Snyders, o rock é um meio de intermediar a cultura enraizada na subjetividade do estudante com o conhecimento científico. Quando procuramos estabelecer o rock como uma manifestação cultural presente na cultura primeira no estudante, não nos referimos à hipótese rasa de que “todo estudante é fã de rock”. Partimos de um princípio de que o rock é um fenômeno cultural que não é rejeitado pelos estudantes, repercutindo, conforme afirma Friedlander (2010), a “cultura jovem e sua relação com a sociedade”. Por conta desse aspecto, acreditamos que o rock possui uma imagem positiva perante os jovens estudantes e que, conforme defende o astrônomo e educador Andrew Fraknoi (2007), se sentirão mais motivados a aprender conceitos científicos ao terem noção de que músicos de rock se interessam por esses temas. Esta pesquisa está sendo aplicada em escolas da rede pública do estado de São Paulo e nos anos inicias da graduação na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. PALAVRAS CHAVE: Astronomia; Ensino; Rock. ERA UM SUJEITO QUE COMO EU GOSTAVA DOS BEATLES E DOS ROLLING STONES, OU DE COMO O ROCK PODE CONTRIBUIR PARA UMA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS Sidney N. de Oliveira (UFPR) RESUMO: Pretende-se investigar neste trabalho se o enfrentamento da opressão pela educação crítica para os direitos humanos favorece a desconstrução e ressignificação da produção de uma subjetividade da intolerância. Parte-se das teses freudianas sobre o ódio ao estrangeiro como premissa explicativa da produção de uma subjetividade da intolerância por meio do estatuto do ódio e do paradigma do preconceito. Instituiu-se como tema gerador o rock and roll. A hipótese diagnóstica a ser sustentada e explorada neste trabalho é a de que a intolerância se efetiva a partir da desqualificação estética e da destituição dos signos por representantes ou instituições de uma cultura hegemônica, hedonista e consumista. A partir dessa posição entende-se que as diversas formas de opressão na sociedade contemporânea são articuladas a partir do mal estar inscrito nos símbolos da modernidade criando um simulacro ético de estranhamento do contra-hegemônico que deve assim ser temido ou perseguido, pois o mal, assim como a peste, é trazido pelo estrangeiro. Uma educação crítica para os direitos humanos poderia, a partir de uma concepção dialética do conhecimento, tomar a produção artístico-ideológica das grandes bandas de rock, com desencadeadora, no espaço escolar-educacional, de uma crítica libertária que compreenda e denuncie os processos de estigmatização e interdição simbólica e imaginária de um sujeito, de uma comunidade ou de um grupo. Essa experiência didático-pedagógica leva em conta a pluralidade estética, melódica e poética do rock fomentando ações e instituindo uma práxis frente ao real, possibilitando novos destinos para o desejo em um contexto de alteridade e respeito a singularidades, por meio de projetos socialmente compartilhados. Por fim, objetiva-se analisar se uma educação crítica com formação para os direitos humanos que tenha como pano de fundo o rock como projeto político- pedagógico será capaz de contribuir para a edificação de uma subjetividade emancipadora. PALAVRAS-CHAVE: psicanálise e rock; subjetividade da intolerância, educação e direitos humanos. O ROCK AND ROLL DE RAUL SEIXAS COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO PARA UMA FORMAÇÃO CRÍTICA EM SERVIÇO SOCIAL Jacqueline Garcia Carbonari (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) RESUMO: A presente pesquisa se propõe a investigar como o rock and roll de Raul Seixas pode se constituir em instrumento pedagógico na formação em Serviço Social. Através da análise das letras do autor que expressam o conteúdo da questão social, pretende-se dar visibilidade a sua contribuição para a formação de professores e profissionais críticos, conforme previsto no Projeto Ético Político do Serviço Social. O estudo pretende analisar a relação e a importância do rock and roll como expressão social, identificar as expressões sociais, políticas e críticas que podem auxiliar na leitura da realidade para serem mediadas em sala de aula, tendo como fonte a obra de Raul Seixas nas décadas de 70 e 80 do século XX. Pretende também verificar como alunos e professores em formação (pós-graduandos) percebem a possibilidade de utilizar a música e em especial a obra de Raul Seixas para a formação didático-pedagógica. O método utilizado em nossa análise é o materialista histórico que tem por base a teoria marxiana e a pesquisa é caracterizada como mista, pois articula dados quantitativos e qualitativos. A questão social é o objeto de intervenção do (a) assistente social, que se conforma por refrações de desigualdade e resistência, expressando assim o movimento da própria sociedade e impulsionando novas respostas profissionais. Numa realidade complexa, em constante mudança, faz-se necessária a discussão permanente de propostas pedagógicas alternativas e criativas que visem contribuir para a formação profissional crítica do Assistente Social. Portanto, é pertinente que a formação se valha do contato com expressões artísticas significativas da cultura brasileira, em especial no âmbito do rock and roll que estimulem o desenvolvimento da sensibilidade, a reflexão, a critícidade e instiguem a formação de sujeitos críticos. PALAVRAS-CHAVE: Rock and Roll; Raul Seixas; Formação Crítica em Serviço Social. ELEMENTOS INICIAIS PARA UMA SOCIOLOGIA DO ROCK: EM BUSCA DE UM CONCEITO Cesar Beras (UNIPAMPA/RS) RESUMO: O presente trabalho - que tem como objeto a discussão entre rock e sociedade no cotidiano - parte da seguinte problemática: quais seriam os elementos conceituais iniciais para a construção de uma sociologia do rock (disciplina ofertada pelo curso de Publicidade e Propaganda na UNIPAMPA de São Borja no RS)? Realizaremos quatro reflexões: 1) a relação entre rock e sociedade; 2) a apresentação de um breve itinerário conceitual; 3) a discussão entre rock, fugacidade e intercessores, e, finalizando, 4) uma discussão sobre a tensão de Baudelaire: desafios do rock para se tornar um intercessor. O objetivo geral é o de tentar elaborar um conjunto de reflexões conceituais que permitam compreender o rock em toda sua complexidade, enquanto um fenômeno que simultaneamente é estruturado pela sociedade e a estrutura. Pensar o rock não somente como algo que aconteceu, mas como algo que acontece e desafia a realidade. Exploraremos o conceito de modernidade, optando pela definição de Baudelaire buscando identificar uma forma de operacionalidade do processo de fugacidade, identificado, a partir do rock, ou seja, como o rock realiza este processo de fuga constante, e, para isso, trabalharemos com o conceito de intercessores de Deleuze que vai nos permitir perceber o processo de criação de signos que retirem o pensamento de seu estado rotineiro, de sua “zona de conforto”, questionando-lhe e apontando para novos rumos de como se compreender a própria realidade. Dessa maneira, poderemos identificar e trabalhar a questão da dinâmica pendular envolvida no fenômeno rock and roll. Pensar o rock dessa maneira é pensá-lo em uma perspectiva de importância no desenvolvimento da sociabilidade humana. PALAVRAS CHAVE: Sociologia do Rock; Deleuze; Produção de Sociabilidades. WEBBANGERS: QUANDO O HEAVY METAL CURITIBANO INVADE A INTERNET Guilherme de Carvalho (Centro Universitário Uninter) RESUMO: O presente trabalho propõe um debate acerca das questões que envolvem mudanças na relação da comunidade heavy metal em Curitiba, a partir do uso da internet e das novas tecnologias. No estudo realizado identificamos um perfil diferente de participantes do meio ou comunidade, os quais denominamos de webbangers. A redução dos custos de produção de músicas, decorrente das novas tecnologias, têm permitido que bandas ditas underground possam produzir conteúdos com qualidade. Além disso, os grupos têm investido na divulgação de conteúdos por meio das redes sociais e de páginas na internet ou da mídia especializada, possibilitando a divulgação de conteúdos de modo segmentado e independente. No que diz respeito aos grupos ligados ao heavy metal, observa-se mudanças significativas na relação entre bandas, público e produtores como resultado das possibilidades de comunicação desenvolvidas a partir do uso da internet. A nova realidade, no entanto, não altera as relações construídas em grupos sociais que têm como princípios integradores identitários aspectos contraculturais estabelecidas com base em conteúdos artísticos que carregam um forte simbolismo contestatório. Os dados apresentados são resultado de uma observação participante sistematizada e analisada para os fins da pesquisa. Este trabalho durou cerca de 3 anos e é composto por relatos de personagens envolvidos (músicos, jornalistas, produtores, lojistas e o público local). Além disso, nos valemos de conteúdos divulgados nos meios de comunicação especializados locais e nas redes sociais da internet e dados sobre o uso da internet por parte das bandas, onde identificamos quantitativamente o comportamento da comunidade na internet. O resultado da pesquisa aponta quatro elementos notáveis do impacto da internet sobre o heavy metal curitibano: reorientação conceitual do termo underground, troca excessiva de conteúdos, maior abrangência artística com a possibilidade de produzir e divulgar conteúdos pela rede mundial de computadores e a virtualização dos espaços de relação da comunidade. PALAVRAS-CHAVE: Webbangers; Internet; Heavy Metal; Redes sociais; Curitiba.