“Variabilidade das propriedades físicas e químicas do solo em uma

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INFLUÊNCIA DA DECLIVIDADE DO SOLO NOS PROCESSOS EROSIVOS NA
MICROBACIA CÓRREGO SANTO INÁCIO – MG
Ana Gabriela de Sousa Balator Silva (1), Edellâene Félix Rodrigues (1), Willian Geraldo da
Silva (1), Abel da Silva Cruvinel (2)
(1)
Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitária- Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM.
[email protected].
(3)
Professor do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária - Centro Universitário de Patos de Minas –
UNIPAM.
1. INTRODUÇÃO
O constante uso de terras para atividades agrícolas e agropecuárias sem o manejo
adequado se torna cada vez mais responsável pela fragilidade ambiental, que se refere à
vulnerabilidade do ambiente em sofrer qualquer tipo de dano e está relacionado com fatores
de desequilíbrio (ZANZARINI, 2008; TAMANINI, 2008).
Uma das principais causas de degradação do solo compreende a erosão que, de acordo
com Amorim et al. (2000), se refere ao “processo de desprendimento e transporte das
partículas do solo, trazendo, como consequência, prejuízos ao setor agrícola e ao meio
ambiente, com reflexos tanto econômicos quanto sociais”.
As áreas que possuem o maior potencial erosivo são determinadas através da
declividade do terreno, já que quanto maior for o ângulo de declividade, mais rapidamente a
energia potencial das águas pluviais se transforma em energia cinética, aumentando a
velocidade das massas de água e sua capacidade de transporte. Além de reduzir a capacidade
produtiva para as culturas, ela pode causar sérios danos ambientais, como assoreamento e
poluição das fontes de água (SILVEIRA et al. , 2006).
Nesse contexto, esse trabalho tem como objetivo realizar o mapeamento de
declividade da microbacia córrego Santo Inácio, localizada na divisa dos municípios de
Presidente Olegário/MG e Varjão de Minas/MG, para determinar se a declividade da área
estudada influencia no aparecimento de processos erosivos.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A microbacia do córrego Santo Inácio pertence à bacia hidrográfica estadual do Rio
Abaeté, sendo seu afluente direto e inserido na bacia hidrográfica federal do Rio São
Francisco, de Unidade de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos do Entorno da Represa
de Três Marias – SF4 e do Rio Paracatu SF7 (UPGRH). A mesma abrange os municípios de
Presidente Olegário/MG e Varjão de Minas/MG, situada entre as coordenadas geográficas
com latitude 18°20’12.48”S e longitude 46°04’58”O, às margens da BR-365, na mesorregião
Noroeste de Minas, cuja ocupação do solo corresponde, em sua maioria, à atividades
agrícolas.
Para realizar o mapeamento da declividade do terreno foram utilizados dados do
Modelo Digital de Elevação (MDE) oriundos do SRTM (Shuttle Radar Topography Mission),
obtidos no formato GeoTIFF, articulados a partir da folha topográfica SE-23Y-B do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em escala 1:250.000 e com resolução espacial de
90 metros, disponibilizada pela Embrapa Monitoramento por Satélite (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária), no programa Brasil em Relevo. A técnica de SIG necessária para se
tratar o SRTM foi aplicada por meio do software ArcGis 10.2.
A classificação da declividade da microbacia córrego Santo Inácio compreende seis
intervalos distintos (suave ondulado, ondulado, forte ondulado, montanhoso e escarpado)
sugeridos pela Embrapa (1979): suave ondulado, ondulado, forte ondulado, montanhoso e
escarpado, sendo desenvolvida através da ferramenta Slope do software citado anteriormente.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A aplicação dos procedimentos metodológicos realizados no ambiente GIS gerou,
como resultado, o mapeamento de declividade da microbacia córrego Santo Inácio,
apresentado na figura 01.
Figura 01 – Mapa de declividade da microbacia córrego Santo Inácio
A tabela 01 apresenta as áreas, em ha, correspondente à cada classe proposta pela
Embrapa (1979) para a microbacia de estudo.
Tabela 01 – Distribuição das classes de declividade – microbacia córrego Santo Inácio
Limites Percentuais (%)
Classes de relevo
Área (ha)
Área (%)
0–3
Plano
1204,1
57,4
3–8
Suave ondulado
770,6
36,7
8 – 20
Ondulado
91,06
4,3
20 – 45
Forte ondulado
33,04
1,6
45 – 75
Montanhoso
0
0
> 75
Escarpado
0
0
2098,8
100
Área total da microbacia
Fonte: Dados da pesquisa.
Analisando os resultados obtidos, verifica-se que nas áreas da microbacia córrego
Santo Inácio há um predomínio de relevo Plano e Suave Ondulado, que correspondem,
respectivamente, a 57,4% e 36,7% da área total. De acordo com Corseuil e Campos (2007),
essas áreas são consideradas nobres e ideais para o plantio de culturas anuais que adotem
práticas de conservação do solo para se controlar processos erosivos. Para as áreas que
apresentam declividade acima de 20%, os autores sugerem que sejam desenvolvidas
atividades relacionadas à pecuária, silvicultura e preservação ambiental.
Para se evitar futuros estágios de fragilidade ambiental, pode se adotar práticas de
terraceamento e plantio de vegetação. Crul (2012) explica que o uso do terraceamento é
recomendado para declives superiores a 3%, comprimentos de rampa maiores que 100 metros
e topografia regular. Essa prática, quando bem planejada e bem construída, reduz as perdas de
solo e água pela erosão e previne a formação de sulcos.
A área de estudo não demonstra características de uma microbacia declivosa já que
não apresenta áreas com declividade Montanhosa e Escarpada.
4. CONCLUSÕES
(i) as ferramentas de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), relacionadas à confecção
de mapas temáticos, são consideradas ágeis e confiáveis por facilitar a visualização e
interpretação dos dados;
(ii) o estudo da declividade em uma bacia hidrográfica é fundamental para a identificação da
influência desempenhada pela mesma em relação ao aparecimento de processos erosivos,
além de auxiliar na escolha de práticas conservacionistas que melhor adequam e trazem
benefícios;
(iii) por apresentar relevo plano, a declividade encontrada na microbacia córrego Santo Inácio
não apresenta alta influencia na degradação do solo ocasionada por processos erosivos. No
entanto, sugere-se que as atividades agrícolas presentes adotem práticas de conservação do
solo, como o terraceamento.
REFERÊNCIAS
AMORIM, R. S. S.; ET AL. Influência da declividade do solo e da energia cinética de chuvas simuladas no
processo de erosão entre sulcos. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande,
Paraíba, v. 5, n. 1, 2001.
CORSEUIL, C. W; CAMPOS, S. Geoprocessamento aplicado na determinação das classes de declive e de
uso das terras da microbacia do Arroio Ajuricaba – Marechal Cândido Rondon – PR. Revista Energia
Agrícola , Botucatu, São Paulo, v. 22, n. 1, 2007.
CRUL, M. Levantamento e Conservação do Solo, 2012. Disponível em:<
http://www.dcs.ufla.br/site/_adm/upload/file/slides/matdispo/geraldo_cesar/terraceamento.pdf>. Acesso em: 24
set. 2015.
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Serviço Nacionalde Levantamento e Conservação
de Solos (Rio de Janeiro, RJ). In: REUNIÃO TÉCNICA DE LEVANTAMENTO DE SOLOS, 10, 1979, Rio de
Janeiro. Súmula… Rio de Janeiro, 1979. 83 p.
SILVEIRA, C. T.; et al. Mapeamento de declividade de vertentes: aplicação na APA de Guaratuba / Paraná. In:
Simpósio Nacional de Geomorfologia, 6, 2006, Goiânia. Anais... Goiânia: 2006.
TAMANINI, M. S. A. Diagnóstico Físico-Ambiental para determinação da fragilidade potencial e
emergente da Bacia do Baixo Curso do Rio Passaúna em Araucária – PR. 105 p. Dissertação (Mestrado em
Geografia) – Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008.
ZANZARINI, R. M. Recuperação de uma nascente no município de Araguari/MG por meio da técnica de
recuperação natural: uma proposta de avaliação, recuperação e educação ambiental. 2008. 88 f. Trabalho Final
de Graduação (Bacharel em Geografia) – Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia, 2008.
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