INTRODUÇÃO À NATUREZA DA CIÊNCIA 1. INTRODUZINDO A QUESTÃO: Por que estudar natureza da ciência ???? Qual a importância desses conhecimentos para minha formação ???? Como estes conhecimentos se relacionam à minha vida ???? • Contribuições da história e filosofia das ciências (HFC) para o ensino de ciências (Matthews 1994; El-Hani e cols. 2005): – HFC pode humanizar as ciências, conectando-as com preocupações pessoais, éticas, culturais e políticas; – HFC pode tornar as aulas de ciências mais desafiadoras, bem como estimular o desenvolvimento de habilidades de raciocínio e pensamento crítico; – HFC pode contribuir para a aprendizagem dos conteúdos de ciências, ao iluminar os contextos em que problemas científicos surgiram e soluções foram propostas; – HFC pode melhorar a formação de professores, ajudando-os a desenvolver uma compreensão mais rica e autêntica das ciências; – HFC pode ajudar os professores a compreender as dificuldades de aprendizagem dos alunos, alertando-os para as dificuldades históricas no desenvolvimento do conhecimento científico; – HFC pode contribuir para uma compreensão mais rica de debates educacionais, como aqueles sobre o construtivismo, o multiculturalismo etc; – HFC pode ajudar pesquisadores a compreender as relações complexas entre ciência, tecnologia e sociedade, e as dimensões históricas, filosóficas e culturais da ciência e da tecnologia; – Desse modo, HFC pode oferecer aos pesquisadores bases mais seguras para decisões de ordem ética, metodológica etc. que devem tomar no contexto de sua prática científica. 2. A PRINCIPAL QUESTÃO: O QUE É CIÊNCIA, AFINAL????? PERGUNTAS ORIGINAIS: Qual a origem e o sentido do mundo? Qual o sentido do homem no mundo? Por que estamos aqui? De que é constituído o universo? O universo é finito ou infinito? etc... Modelos Leis Ciência Teorias Fatos O Conhecimento sobre o mundo: tradicional, mítico, religioso, filosófico, científico, artístico, etc. O conhecimento científico é uma forma específica de conhecer e perceber o mundo ! ! ! –A relação entre filosofia e ciência na história –A relação entre religião e ciência na história 3. AS DIFERENTES FORMAS DE CONHECIMENTO: 3.1. O Conhecimento de senso comum “A produção de conhecimento como modo cultural de adaptação ao mundo, mediante um esforço de representação pragmaticamente apropriada.” ATENÇÃO ! ! ! Koche trata do conhecimento de senso comum como sinônimo de ‘conhecimento ordinário, comum ou empírico’. Mas, – Faz confusão com conhecimento tradicional e desconhece o valor deste; – O senso comum não é um ‘viver sem conhecer’ (contra Buzzi, citado por Koche), nem é privado de estrutura; - Considera o conhecimento científico como não-fragmentado e conhecimento de senso comum como conhecimento fragmentado; - O conhecimento de senso comum freqüentemente não é compatível com idéias científicas, pois muitas idéias científicas têm uma natureza contraintuitiva; - Há conhecimentos práticos, encontrados em comunidades tradicionais, que são fundados em, e justificados por, estruturas de conhecimento Ex.: conhecimentos sobre manejo de abelhas e vespas entre os Índios Kayapó 3.2. O Conhecimento Científico “Sistematicidade: a ciência almeja uma visão integrada, unitária da realidade, por meio de princípios explicativos.” HOJE: O problema da fragmentação do conhecimento científico Qual o caminho seguro para a interdisciplinaridade? Exemplos de construção de conhecimento sintético na história da ciência: a mecânica clássica, a teoria darwiniana da evolução. Sistematicidade Teorias • Principais Características: Mas, afinal, o que são TEORIAS ??? – O caráter imediato do conhecimento de senso comum: solução de problemas do dia-a-dia, não-planejado, ametódico; “Uma teoria é um sistema de proposições sobre o mundo, incluindo leis, modelos, hipóteses, princípios explicativos.” - Caráter utilitarista; - Subjetividade; - Linguagem vaga; - Estrutura desorganizada baixo poder de crítica Poder explicativo Poder preditivo Poder heurístico A metáfora do balde e da lanterna (Popper) 1. Os ‘fatos’ são sempre vistos à luz de teorias 2. Não há observações puras, porque toda observação pressupõe interpretação teórica 3. O que torna uma observação interessante, problemática, óbvia etc. é sua relação com o que já conhecemos. Logo, a observação nunca está livre de influência teórica Teoria OBSERVAÇÕES (problema) 3.2.2. Critérios de demarcação do conhecimento científico I. Compromisso com ideal da racionalidade Teste de consistência teórica (verdade sintática) Teste de consistência empírica (verdade semântica) Sistematicidade II. Compromisso com ideal da objetividade Testabilidade Crítica intersubjetiva (verdade pragmática) Dedução Indução Teoria 3.2.1. O Problema da Objetividade ANTES: O conhecimento objetivo é aquele que corresponde a fatos concretos no mundo, não sendo contaminado pela visão dos sujeitos HOJE: [Kant e Wittgenstein]: É o caráter público do conhecimento que lhe dá objetividade, pelo controle racional mútuo Assim,um conhecimento científico se torna objetivo pelo processo de sua crítica intersubjetiva A necessidade de sistematização e de DEFINIÇÃO PRECISA DE CONCEITOS 3.2.3. “O Método Científico” ! ! ! ! Não há um Método científico, como uma receita a ser seguida pelos cientistas ! ! ! Há uma diversidade de métodos, amparados por uma lógica hipotéticodedutiva (H-D), sendo os métodos sancionados pela comunidade de praticantes à qual um cientista pertence O método comparativo nas ciências biológicas O método experimental nas ciências biológicas 3.2.4. Tipos de Raciocínio Lógico INDUÇÃO 3.2.6. Estrutura H-D DEDUÇÃO Premissa 1: Hipótese Premissa 2: Descrição de condições do teste empírico 3.2.5. O Contexto da descoberta e o contexto da justificação Conclusão: Previsão Contexto da descoberta (Campbell & Reece, “ciência da descoberta”) • O papel da criatividade e da imaginação na ciência • • • Indução e descoberta • Teste empírico: Concretização das condições previstas na dedução Natureza do teste empírico: Sistematicidade e descoberta Método Experimental O conhecimento científico evolui principalmente por causa da elaboração de novas teorias e novos conceitos (ou reformulação de teorias e conceitos) ou por causa da descoberta de novos fatos? Método Experimentos: série de observações mediadas por mudanças controladas das condições A natureza analítica do método experimental → Controle e análise de cada variável que influencia um fenômeno separadamente Contexto da justificação (Campbell & Reece, “ciência hipotético-dedutiva”) • A estrutura lógica HIPOTÉTICO-DEDUTIVA (H-D) 1. Por que ‘hipotética’? 2. Por que ‘dedutiva’? O uso crescente de métodos sintéticos na biologia Reconstituição in vitro Modelagem in silico Mesocosmos e macrocosmos 1. Por que hipotética? Uma hipótese como tentativa de responder uma questão de pesquisa específica, no contexto de uma teoria – uma explicação em julgamento – uma suposição informada 2. Por que ‘dedutiva’? Utiliza a lógica ‘se... então’ Modelagem de redes complexas Genômica funcional 4. Considerações Finais: (i) A ciência trabalha com três critérios de verdade: o sintático, o semântico e o pragmático; (ii) Mas a soma dos três não é suficiente para demonstrar a verdade de uma afirmação sobre o mundo e justificar sua aceitação como conhecimento inquestionável ! ! ! (iii) Assim, o conhecimento científico é sempre conjectural, tentativo, provisório OBS: Isso é característica de todo e qualquer conhecimento **** Não há certezas: 1. Problema da indução 2. Natureza da percepção sensorial 3. Dependência teórica da observação ******* Mas, há razões para confiarmos: 1. Testabilidade e corroboração 2. Objetividade e natureza pública 3. Racionalidade e consistência teórica 4. Poder explanatório 5. Poder preditivo 6. Poder heurístico