UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA DE CÁSSIA SANCHEZ CRETE A IMPORTÂNCIA DO ENVOLVIMENTO FAMILIAR NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO AUDITIVA DO IDOSO: A ADAPTAÇÃO AUDITIVA PELO OLHAR DO CUIDADOR FAMILIAR CURITIBA 2014 2 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA DE CÁSSIA SANCHEZ CRETE A IMPORTÂNCIA DO ENVOLVIMENTO FAMILIAR NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO AUDITIVA DO IDOSO: A ADAPTAÇÃO AUDITIVA PELO OLHAR DO CUIDADOR FAMILIAR Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão de Curso de Especialização em Audiologia da Universidade Tuiuti do Paraná Orientadora Dra. Angela Ribas CURITIBA 2014 3 RESUMO Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, data), o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos até 2025. Informações do IBGE confirmam que a população tem atingido 80 anos ou mais, com esta expectativa aumentada é notório que a população necessita de um acompanhamento efetivo e melhor esclarecimento de como encarar a velhice. A presbiacusia é a denominação da deficiência auditiva mais comum no idoso, embora não única. O uso da prótese auditiva auxilia a comunicação, embora muito restrita. Para usar o ASSI este paciente pode referir dificuldade por questões visuais, motoras, psíquicas entre outras. A família desempenha um papel importante de cuidador e é muito importante estar presente no auxílio do tratamento do idoso sendo que é a família a estrutura e confiança pela intimidade deste ente. O objetivo desta pesquisa foi analisar a convivência do familiar cuidador com a rotina do paciente idoso protetizado a partir disso verificar as expectativas e estratégias utilizadas por estes familiares no sentido de auxiliar o idoso no uso da prótese auditiva julgadas pelo olhar deste cuidador. Como conclusão é notória a participação efetiva das mulheres da família como papel de cuidador, a maioria também desempenham seus papéis profissionais na sociedade, muitos idosos estão bem adaptados aos olhos desses familiares e conseguem ser mais independentes em seus afazeres cotidianos. Palavras-chave: Idoso, família, prótese auditiva, presbiacusia, fonoaudiologia. 4 ABSTRACT According to the World Health Organization (WHO data), Brazil will be the sixth country in the world in number of elderly 2025. Information IBGE confirm that the population has reached 80 years or more, with this increased expectation is notable that the population requires an effective monitoring and better understanding of how to face old age. Presbycusis is the most common denomination of hearing impairment in the elderly, although not unique. The use of hearing aids aids communication, although very restricted. To use this ASSI patient may present difficulty with visual, motor, and other psychological issues. The family plays an important role as caregiver and is very important to be present in aiding the treatment of the elderly and those is the family structure by intimacy and trust this one. The objective of this research was to analyze the interaction of family caregivers of the elderly with routine patient prosthetized from that verify the expectations and strategies used by these families in order to assist the elderly in the use of hearing aids judged by the look of this caregiver. In conclusion it is evident the effective participation of women in the family as caregiver role, most professionals also play their roles in society, many seniors are well suited to families and those eyes can be more independent in their daily chores. Key-words: Elderly, family, hearing aids, presbycusis. 5 Sumário 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 6 2. O IDOSO ........................................................................................................ 8 3. A AUDIÇÃO DO IDOSO .............................................................................. 11 3.1. COMORBIDADES DA VELHICE ........................................................... 12 3.2 O PAPEL DA FAMÍLIA NA VELHICE .................................................. 13 4. O USO DE PRÓTESE AUDITIVA................................................................ 15 5. MATERIAL E MÉTODO............................................................................... 16 6. RESULTADOS............................................................................................. 17 6.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ...................................................... 17 6.2 CARACTERIZAÇÃO DOS CUIDADOS ............................................... 20 7. DISCUSSÃO ................................................................................................ 27 8. CONCLUSÃO .............................................................................................. 29 REFERÊNCIA .................................................................................................. 30 ANEXOS .......................................................................................................... 34 ANEXO.1- TERMO DE CONSENTIMENTO ................................................. 34 ANEXO 2- QUESTIONÁRIO ..................................................................... 35 6 1. INTRODUÇÃO O envelhecer é um processo natural do corpo humano, ocorre de forma multifatorial e subjetiva, o corpo fica submetido à lentidão de várias funções, um declínio harmônico de todo conjunto orgânico (DIAS, 2007). Segundo ZIMERMAN (2000) envelhecer pressupõe alterações físicaspsicológicas e sociais do individuo, sendo esta mudança natural e gradativa. Rossi e Sader (2008) relatam que há várias teorias que tentam explicar o envelhecimento e cada qual contribui, para compreensão parcial do fenômeno envelhecer. Gênero, classe social, saúde, educação, fatores de personalidade, história passada e contexto sócio histórico são importantes elementos que se mesclam com aidade cronológica para determinar diferenças entre os idosos, dos 60 aos 100 anos ou mais (NERI, 2005) A presbiacusia é a denominação da perda auditiva ocasionada pelo envelhecimento: Com a idade avançada ocorre a diminuição de mitose de determinada célula, acúmulo de pigmentos intracelulares (lipofucsina) e alterações químicas no fluido intercelular, comprometimentodo osso temporal, e também das vias auditivas e do córtex cerebral e labirinto posterior. Há degeneração do plexo nervoso sacular e de seu neuroepitélio, com perda de otólitos saculares e, em menor grau, dos otólitos utriculares. (NETO, 2007) O uso do aparelho auditivo (AASI) aumenta a quantidade de informação acústica tornando audível através de recurso tecnológico e eletrônico, porém, não milagroso principalmente no que se diz respeito ao processamento auditivo de sons mais complexos,neste caso o da fala. Aumentar a intensidade do som não é garantia que haverá entendimento efetivo de toda a conversa, pois temos que levar em consideração o grau, o que existe de resíduo de percepção de fala e o tempo de privação auditiva, 7 idade do diagnostico, qualidade do equipamento de amplificação entre outros (MENDES, BARZAGHI, 2011) Diante das diversas dificuldades e acuidades que o corpo do idoso apresenta existe um necessita de supervisão. A família tem grande contribuição em relação à atenção à população idosa e, portanto, é imprescindível a discussão da importância do papel da família com os indivíduos da terceira idade (NERI, 2005). Observando estes aspectos foi desenvolvida esta pesquisa com o objetivo de discutir as necessidades que o idoso possui ao utilizar AASI e verificar as estratégias utilizadas por familiares no sentido de auxiliar o deficiente auditivo idoso. 8 2. O IDOSO Existem diversas teorias que explicam o processamento do envelhecimento, são elas: teoria do relógio biológico, teoria da multiplicação celular, teoria das reações cruzadas de macromoléculas, teoria dos radicais livres, entre outras. Segundo EfrainOlszewer e MelanyOlszewer(2005) envelhecer “é um processo natural que acontece desde que nascemos. Porém fica mais evidente após os 30 anos, período da vida em que se acredita que o cérebro alcançou a maturidade. O corpo passa por diversas fases e mudanças durante toda a vida e todos estão sujeitos ao envelhecimento, mas não existe uma regra geral que defina como cada ser humano passará pela 3ª idade. Na velhice as funções orgânicas vão declinando e é variante entre indivíduos em ritmo e acontece de forma mescla, pois em aspecto clínico corriqueiro é possível observar idosos da mesma idade com diferentes aspectos físicos, mentais e de integração na sociedade (NETTO, 2005). O que podemos afirmar cientificamente é que o envelhecer é o resultado de perdas diárias de neurônios, diminuição da massa encefálica e da contribuição do oxigênio até o cérebro, o que determina a função neurológica e conseqüentemente há diminuição dos reflexos, debilidades cognitivas, memória recente com perda parcial, o que dificulta a aprender coisas novas. Os autores Olszewer e Olszemer (2005) afirmam que no nosso sistema nervoso periférico nota-se “uma perda variável de mielina (membrana que recobre os nervos) com a diminuição dos reflexos e da atividade sensitiva e motora.” Como afirma RUSSO (2004) “o envelhecimento é muito mais complexo e não simplesmente devido ao comprometimento funcional das células de um ou outro sistema”, pois não podemos avaliar o individuo como um só membro ou 9 uma só função, pois é um corpo em um todo, e cada parte tem sua peculiaridade. De acordo com Olszwer e Olszewer (2005): A qualidade do envelhecimento está relacionada principalmente com a qualidade de vida durante a infância, adolescência e obviamente na fase adulta da vida. É justamente neste período que, com diferentes posições e atitudes, vamos definir com que qualidade de vida conseguiremos envelhecer “- Combate as leis do envelhecimento. Ou seja, sendo multifatorial não podemos descartar, no idoso, tão somente seu quadro clínico atual, como também fatores que contribuíram durante toda sua vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002), o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos até 2025. Informações do IBGE confirmam que a população tem atingido 80 anos ou mais demonstrando que as pessoas estão vivendo mais e é este o grupo populacional que mais cresce nos países desenvolvidos. Com esta expectativa aumentada é notório que a população necessita de um acompanhamento efetivo e melhor esclarecimento de como encarar a velhice, tantos dos profissionais da saúde, quanto o apoio do governo e todo cidadão, assim gerando juntos, melhorias na qualidade de vida. Sendo que nesta fase da vida devida as diversas acuidades generalizadas do corpo físico, existe uma dependência emocional, econômica que deve ser suprida e cuidada como define o artigo terceiro (3º) do Estatuto do Idoso: o “Art. 3 É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.” 10 No setor de saúde pública a atenção deve ser especializada no idoso, pois existem comorbidades esperadas na velhice. Frie citado por Veras (2008) diz que: “Deve-se buscar a compreensão da morbidade, o que significa desenvolver estratégias que visem postergar a morte ao máximo possível, retardando a evolução das doenças, a fim de levar a vida para o limiar mais próximo do limite máximo da existência da espécie humana“. Sendo que a promoção de saúde é o foco para este público. Segundo a Carta de Ottawa, realizada na Primeira Conferencia Internacional de Saúde que ocorreu no dia 21 de novembro de 1986, tendo como objetivo promover a melhoria na saúde pública para todos, define-se que promoção de saúde é a “capacitação das pessoas e comunidades para modificarem os determinantes da saúde em benefício da própria qualidade de vida” (Ministério da saúde, 2002). A intervenção do Estado com o objetivo de proporcionar qualidade de vida aos cidadãos é realizada através das Políticas Públicas. No Brasil, a Política Nacional de Saúde do Idoso (PSNI) que tem por objetivo permitir um envelhecimento saudável, o que significa preservar a sua capacidade funcional, sua autonomia e manter o nível de qualidade de vida (GORDILHO et al, 2000). São diversas as Leis, Políticas e Portarias que o governo disponibiliza para dar suporte à melhoria da qualidade de vida do idoso. Pelo que nos compete neste trabalho não podemos deixar de citar: “Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência Esta Política Nacional adota o conceito fixado pelo Decreto n.º 3.298/99, que considera “pessoa portadora de deficiência aquela que apresenta, em caráter permanente, perdas ou anormalidades de sua estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, que gerem incapacidade para o desempenho de atividades dentro do padrão considerado normal para o ser humano”. Seu propósito é reabilitar a pessoa portadora de deficiência na sua capacidade funcional e desempenho humano – de modo a contribuir para a sua inclusão plena em todas as esferas da vida social – e proteger a saúde deste segmento populacional, bem como prevenir agravos que determinem o aparecimento de deficiências.” 11 3. A AUDIÇÃO DO IDOSO A presbiacusia é a denominação da deficiência auditiva mais comum no idoso, embora não única. Segundo Ballen et al (2010), consiste no envelhecimento do sistema auditivo, acarretando a diminuição da sensibilidade auditiva e reduzindo a integibilidade de fala. A palavra presbiacusia é de origem grega que significa o envelhecimento da função ouvir. Ocorre de forma lenta e degenerativa e entende se que a presbiacusia pode ser correlacionada a fatores intrísicos e extrínsecos que o indivíduo apresenta, como por exemplo, fatores genéticos e exposição ao ruído.Segundo Megighian (2000) citado por Frues e Cerchiari, observa que a perda auditiva se torna freqüente a partir dos 55 anos de idade, atingindo cerca de 14% da população entre 60-64 anos e 50 a 60% acima dos 80 anos. As alterações e lesões ocasionadas diretamente ao fator idade podem comprometer todos os sistemas neurológicos gerando queixas comuns como tonturas, desequilíbrios, esquecimentos, zumbido. Sintomas que também podem estar associados a uso de medicamentos, distúrbios vasculares, infarto e doenças de pequenos vasos entre outros (BRONSTEIN E LEMPERT, 2010). Além de alterações periféricas, o envelhecimento atinge o funcionamento central. O enfraquecimento do processamento auditivo e das vias aferentes afeta na percepção da fala e isto agrava as dificuldades de comunicação desta população(KATZ, 1999). A disacusia que acompanha o envelhecimento prejudica diretamente a compreensão da fala gerando distúrbios na comunicação. Em pesquisa, Rosa et al (2009), concluíram que: “todos os idosos com queixa de não ouvir bem(...) apresentaram alteração do processamento auditivo (...) na medida em que aumenta a perda auditiva, aumenta o grau de alteração do processamento auditivo (...). Assim como a diminuição auditiva, a dificuldade de entender o que as pessoas falam, mesmo em ambientes confortáveis acusticamente, é uma queixa muito comum 12 entre os idosos (...). Estes problemas sejam de ordem periférica, como perdas auditivas, ou de ordem central, as chamadas desordens de processamento auditivo, quando afetam o idoso, acabam por desencadear problemas de comunicação importantes, que por sua vez geram dificuldades de adaptação social, ocupacional e familiar. É muito comum indivíduos idosos referirem que são capazes de ouvir, mas não entendem a fala.” Os idosos portadores de presbiacusia experimentam uma diminuição da sensibilidade auditiva e uma redução na inteligibilidade de fala em níveis supraliminares, o que vem a comprometer seriamente seu processo de comunicação verbal (MIRANDA CALAIS et at, 2008). Segundo Paiva (2010), na velhice “a perda auditiva não significa somente não ouvir bem, ela vem acompanhada de sentimentos frustrados pela inabilidade na compreensão de seus familiares e amigos, fazendo que a comunicação se torne um desafio”. A presença de zumbido revela-se como um dos sintomas achados na presbiacusia, associado, ou não, a presença de hipertensão arterial e outros sintomas otoneurológicos, como a vertigem. Porém o desconforto do zumbido, não se acha correlação com o grau da perda auditiva, como sugere estudo Ferreira (2009). 3.1. COMORBIDADES DA VELHICE É importante aceitar o envelhecimento como parte necessária da vida. Isso já é um grande consolo para envelhecer, segundo Olszewer e Olszewer (2005), mas não estamos preparados psicologicamente para envelhecer, pois no “auge” das nossas forças e beleza física e intelectual encontra-se um prazer de viver nos cegando a possibilitar um pensamento que podemos encontrar marcar do tempo em rugas, flacidez, além de contar muitas vezes, com a dependência a terceiros. Hungria (2000) nos lembra que pelo fato da presbiacusia ser desencadeada pelo avanço da idade não podemos esquecer que é um corpo que está envelhecendo e não apenas o ouvir. Na velhice é esperado que ocorram duas ou mais patologias etiologicamente relacionadas denominados este fator de comorbidade patogênica. É difícil classificar em um idoso apenas uma doença a ser adquirida, desenvolvida e 13 contagiosa a ser tratada, pois na velhice todo o sistema imunológico, neurológico e demais vias apresentam desgastes naturais, fragilidade e conseqüência de exposição a fatores de risco que poderia comprometer a saúde. Russo (1999) propõe uma intervenção global quando se trata de protetização no idoso, tendo como objetivo uma avaliação que inclua aspectosfísico, visão, coordenação motora e destreza manual, como também, psíquica, psicológica, sociológica, capacidade auditiva e avaliação de aspectos da comunicação, exemplo leitura orofacial e a introdução da família no tratamento. O resultado de uma pesquisa realizada no município de São Paulo no ano de 1989 demonstra que mais da metade da população que foi observada (53%) referia necessidade de ajuda parcial ou total para realizar pelo menos uma das atividades da vidadiária. Foi notado também, que 29% dos idosos necessitavam de ajuda parcial ou total para realizar até três dessas atividades, e 17% necessitavam de ajuda para realizar quatro ou mais atividades da vida diária (Rosa et al, 2003). O idoso foi um dia jovem, cheio de ideais e objetivos, este novo estágio da vida em que em algum momento pode haver a dependência para executar uma ou mais tarefas, gerando depressão por esta dependência psicossocial, Motriz (2002) diz: “Do ponto de vista da saúde mental, no idoso, a lentificação psicomotora e a não mobilidade física provocam baixa auto-estima, diminuição da sua participaçãona comunidade e a redução do círculo das relações sociais. Como conseqüênciassão agravados o sofrimento psíquico, a sensação de incapacidade funcional e os sentimentos de isolamento e de solidão” Mas não podemos pensar a velhice apenas como um conjunto de doenças que avançam com o aumento da idade, principalmente quando a velhice vem acompanhada de hábitos saudáveis (NERI, 2002; COSTA, 2002). 3.2- O PAPEL DA FAMÍLIA NA VELHICE A família, segundo o conceito da sociologia, é um conjunto de pessoas que se encontram unido por laços de parentesco. Leme e Silva (2002) relatam que o 14 idoso doente só será completo com a presença da família sendo esta a estrutura e intimidade. E é esta família que esta atualmente esta ocupando o papel do cuidador. O cuidador família por muitas vezes deixa de lado seus afazeres e põe em primeiro lugar a necessidade do seu familiar (LEAL, 2000). Devido a diversas dificuldades financeiras hoje encontradas nos lares brasileiros, os filhos e parentes do idoso têm assumido o papel daquele que da assistência na saúde, mesmo com os diversos programas de saúde publica para tender este publico alvo são insuficientes e nem sempre de fácil acesso (ARAUJO, 2012). SADD (1999) afirma: As funções familiares foram gradativamente sendo substituídas pelo setor público, reduzindo o papel central da família como suporte básico dos idosos. “Este não e o caso, porém, da maioria dos países menos desenvolvidos – o Brasil entre eles-, onde a família (em especial filhos adultos) continua representando fonte primordial de assistência a parcela significativa da população idosa” De origem latim, a palavra família tem significado de “servente, escravo”, que descreve estes laços com a dependência física, afetiva e financeira em todos os níveis sociais e de idade. Segundo (ROLLA, 1980) “A família é um grupo de pessoas que atuem em interesses comuns e com desenvolvimento afetivo (...) para obter soluções para os problemas do ciclo da vida”. Varias pesquisas nacionais e internacionais apontam a grande importância do papel da família como cuidador na velhice e afirmam que estes ficam sobrecarregados (GONÇALVES, ALVAREZ et al, 2006) em razão dos cuidados e responsabilidades com os parentes idosos que demandam de um atendimento muitas vezes específicos “(ARAUJO, 1999) 15 4. O USO DE PRÓTESE AUDITIVA O uso do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), a conhecida prótese auditiva, tem sido efetivo para a melhora da qualidade de vida do idoso que está perdendo a audição. O objetivo da seleção e adaptação de prótese auditiva nos idosos é melhorar a capacidade auditiva que conseqüentemente melhora a privação sensorial e o handicap , resultando em beneficio e melhora na qualidade vida do sujeito protetizado e o convívio em seu meio o que reduz o isolamento (TEIXEIRA,ALMEIDA e at AL , 2008) O AASI colabora qualitativa e quantitativa, para a percepção da informação acústica. Porém este sinal acústico que é amplificado é muito peculiar, e está relacionado com a possibilidade de estimulação e percepção do campo dinâmico da audição desse individuo e de sua compreensão de fala (MENDES e BARZAGHI, 2011). Os aparelhos auditivos, mesmo em seus avanços extraordinários, desempenham um papel de auxiliadores utilizando os limiares presentes no campo dinâmico da audição do paciente, mas a percepção de fala em suas minúcias e particularidades ainda é um grande desafio para o fonoaudiólogo audiologista. Vale ressaltar que características como “configuração da perda auditiva tipo e qualidade do sistema de amplificação, atendimento fonoaudiológico, características cognitivas e participação da família (MENDES e BARZAGUI, 2011) são fatores de supra importância para boa adaptação e melhor aproveito do uso do AASI. De acordo com um estudo realizado por Mondelli e Souza (2012) o uso de prótese auditiva no idoso traz benefício e todos os aspectos, melhorando significativamente na qualidade de vida em geral quanto às oportunidades de atividades de lazer. 16 5. MATERIAL E MÉTODO Este trabalho de pesquisa tem caráter transversal e analítico. Foi desenvolvido numa Clínica de Saúde Auditiva credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no município de São José dos Pinhais-PR, durante o período de março de 2014 até julho de 2014. A amostra foi composta por 52 familiares de usuários de prótese auditiva que freqüentam o serviço, sendo estes respondentes de um questionário formado por 11 perguntas semi-abertas e fechadas (anexo 2). Foi estabelecido que para participar da pesquisa o familiar deveria ter que morar com o paciente, portanto 100% da amostra residi com o idoso que possui perda auditiva seja na mesma casa ou no mesmo lote. E todos pacientes deveriam ser usuários de prótese auditiva pelo menos 15 dias. Os pacientes possuíam mais de 65 anos de idade e perdas auditivas por presbiacusia bilaterais de grau leve até severo e estavam usando o AASI no mínimo por 15 quinze dias. Os respondentes foram selecionados aleatoriamente dentre os acompanhantes que estavam em sala de espera aguardando, com o idoso, pelo atendimento. Depois de esclarecidos sobre os objetivos e sigilo da pesquisa, assinaram termo de consentimento livre e esclarecido (anexo 1), e responderam ao questionário (anexo 2), aplicado por uma fonoaudióloga treinada. Como critério de inclusão ficou estabelecido: ter grau de parentesco com o paciente usuário do serviço;residir na mesma casa ou no mesmo lote. E todos pacientes deveriam ser usuários de prótese auditiva pelo menos 15 dias Foram excluídos os acompanhantes e pacientes que não se enquadraram nestes critérios. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética institucional sob número CEP/UTP 46/2009 (ANEXO 3). 17 Os dados obtidos foram digitados em planilha eletrônica e tratados estatisticamente. Serão apresentados a seguir. 6. RESULTADOS A amostra da presente pesquisa foi composta por 52familiares de idosos que responderam ao questionário, sendo 80,76% (42/52) do gênero feminino e 19,23% (10/52) do masculino. 6.1 CARACTERIZAÇÂO DA AMOSTRA Os dois grupos foram caracterizados de acordo com idade, gênero e grau de parentesco, e os resultados estão descritos na tabela 1. TABELA 1 – Caracterização da amostra por gênero e idade Variável Feminino Masculino n % n % 19 a 35 anos 6 11,54 2 3,85 36 a 50 anos 17 32,69 4 7,69 51 a 65 anos 15 28,85 2 3,85 66 ou mais 4 7,69 2 3,85 Filho 28 53,85 5 9,61 Neto 2 3,85 2 3,85 Irmãos 1 1,92 0 0 Cônjuge 8 15,38 3 5,77 IDADE GRAU DE PARENTESCO FONTE: CRETE, 2014 18 A condição de vida, do ponto de vista profissional e pessoal, interfere na qualidade de vida das pessoas, em especial, dos idosos. Normalmente, a situação de vida atual de um idoso reflete dos recursos disponíveis dos seus familiares e realizados ao longo da vida em diversos setores. Os dados acerca de situação marital e de convivência familiar estão descritos na tabela 2. TABELA 2 – Caracterização da amostra em relação à convivência marital/familiar Variável Feminino Masculino n % n % Solteiro 8 15,38 2 3,85 Casado 31 59,61 8 15,38 Viúvo 1 1,92 0 0 Separado/div. 0 0 2 3,85 SITUAÇÃO MARITAL FONTE: CRETE, 2014 Outros dois aspectos que influenciam a qualidade de vida na terceira idade dizem respeito ao grau de instrução e à formação profissional/ tipo de ocupação desempenhada pelo familiar cuidador do idoso, e os resultados estão descritos nas tabelas 3 e 4. Os dados referentes a grau de instrução foram categorizados de acordo com os critérios relacionados a seguir, considerando-se a estrutura antiga do ensino escolar: • Não alfabetizado • 1º grau incompleto – não chegou à 8ª série do 1º grau • 1º grau • 2º grau incompleto – não chegou à 3ª série do 2º grau • 2º grau • Superior Os dados referentes à profissão foram categorizados de acordo com os critérios relacionados a seguir: 19 • Trabalhador da indústria: Operários • Auxiliar de Escritório • Professor. • Comércio: Atendente, vendedor, balconista, comerciante. • Auxiliar de enfermagem/ Técnico de Enfermagem • Doméstico: cozinheiro, faxineiro, zelador, servente, serviços gerais. • Do lar. • Autônomo: soldador, pintor, jardineiro. • Agricultura. • Agente de Saúde. TABELA 3 – Caracterização da amostra por grau de instrução Variável FEMININO MASCULINO (n=52) (n=52) n % n % Não alfabetizado 1 1,92 0 0 1º grau incompleto 7 13,46 3 5,77 1º grau 14 26,92 3 5,77 2º grau incompleto 0 0 0 0 2º grau 18 34,61 4 7,69 Superior 2 3,85 0 0 FONTE: CRETE, 2014 TABELA 4 – Caracterização da amostra por profissão/ocupação Variável FEMININO MASCULINO (n=52) (n=52) n % n % 0 0 1 1,92 PROFISSÃO Trab. Indústria 20 Auxiliar de Escritório 1 1,92 1 1,92 Professor 1 1,92 0 0 Comércio 4 7,69 2 3,85 Auxiliar de Enfermagem 6 11,54 0 0 Doméstico 5 9,61 0 0 Do lar 8 15,38 0 0 Autônomo 2 3,85 3 5,77 Agricultura 3 5,77 1 1,92 Agente de Saúde 1 1,92 0 0 Aposentadoria/ Pensão 9 17,31 2 3,85 Desempregado 2 0 0 3,85 FONTE: CRETE, 2014 6.2 - CARACTERIZAÇÂO DOS CUIDADOS Os cuidados que os familiares têm com os idosos protetizados foram investigados a partir de uma série de perguntas (anexo 01), e os resultados obtidos estão apresentados nos gráficos a seguir, que correspondem às questões referenciadas no questionário: GRÁFICO 1 – Qual a expectativa do respondente em relação ao parente a iniciar o uso do AASI? 21 FONTE: CRETE, 2014 GRÁFICO 2 –O respondente compreende a necessidade do uso do AASI pelo idoso? FONTE: CRETE, 2014 GRÁFICO 3- Dos correspondentes, quantos consideram o paciente bem adaptados com suaspróteses auditivas ? FONTE: CRETE, 2014 22 GRÁFICO 4- Qual situação que o correspondente observa mudança significativa após o uso do AASI? FONTE: CRETE, 2014 GRÁFICO 5- O cuidador/ família observa o paciente mais independente com seus afazeres do dia a dia após a protetização? 23 FONTE: CRETE, 2014 GRÁFICO 6- O correspondente ajuda o paciente com seu aparelho auditivo? FONTE: CRETE, 2014 GRÁFICO 7- Em uma palavra defina o seu parente antes de usar o aparelho auditivo 24 FONTE: CRETE, 2014 GRÁFICO 8- Em uma palavra defina o paciente após o uso do aparelho auditivo FONTE: CRETE, 2014 GRÁFICO 9- Se acaso o correspondente se sente aborrecido em ter que ajudar o parente a mexer e/ou colocar seu aparelho auditivo? 25 FONTE: CRETE, 2014 GRÁFICO 10 - Família utiliza de alguma estratégia para facilitar o uso do AASI para seu parente? FONTE: CRETE, 2014 GRÁFICO 11 – Quais são estas estratégias? 26 FONTE: CRETE, 2014 GRÁFICO 12- O QUE O CORRESPONDENTE CONSIDERA QUE FAZ PELA SAÚDE AUDITIVA DO PACIENTE? FONTE: CRETE, 2014 GRÁFICO 13 – SOBRE A EXPECTATIVA DO CUIDADOR /FAMÍLIA FOI ALCANÇADA? 27 FONTE: CRETE, 2014 7. DISCUSSÃO A expectativa de vida tem se prolongado e há uma tendência desta situação se intensificar gerando mais idosos e estes cada vez mais velhos, criando uma preocupação em melhorar a qualidade de vida para aquele que apresenta diversas dificuldades motoras, sensórias, funcionais em todo o corpo: o idoso. Os aparelhos auditivos têm alcançado grande inovação tecnológica e se tornam cada dia mais “inteligentes”, porém não são como uma “orelha nova” como alguns correspondentes relatam durante a entrevista. É importante retomarmos que existe uma desordem em todo processamento auditivo que vai se tornando cada vez mais lento e de baixa compreensão em um todo, de som, de fala, de localização (BUSS et al, 2012) Neste trabalho foi analisado que alguns idosos têm como cuidador a própria família, este papel de cuidador tem sido desempenhado por filhas casadas. Pesquisas anteriores, como a realizada Vilella et al (2006/RJ), por PIMENTA et al (2009/ SP) e GONÇALVES et al (2006) descrevem este mesmo perfil de cuidador. Podemos destacar, do ponto de vista do familiar cuidador, que a maioria dos pacientes se encontram bem adaptados. 28 É notório, após a adaptação do aparelho auditivo melhora significativa para a conversação. O uso de prótese auditiva gera qualidade de vida, gerando a autoconfiança (LACERDA et al, 2012) conseqüentemente uma pessoa independente para seus afazeres cotidianos é o que mostra na questão 5, onde a maioria dos familiares questionados responderam que este idoso após ser protetizado demonstrou mais independência em suas tarefas cotidianas A maioria dos pacientes que demonstram independência nas tarefas diárias são auxiliados por seus familiares, que desempenham o papel de cuidador, na hora de manusear seu aparelho auditivo, porém estes não utilizam de estratégias facilitadoras, relatam que quando este idososestão de aparelhos conseguem se “virar sozinho”, e muitos parentes colocaram como observação durante o preenchimento do questionário que para tarefas mais complexas como ir ao banco ou realizar negociações precisam serem supervisionados. Das estratégias usadas pelos correspondentes desta pesquisa obtivemos, alguns utilizam a falar de frente como estratégia facilitadora para o idoso, BOÈCHAT (1992) afirma que a comunicação é um conjunto de atitudes que promovem a mensagem a ser recebido pelo usuário de prótese auditiva. Para KOZLOWSKI (1997), o apoio visual da fala é fundamental da percepção da fala para todos, sejam ouvintes ou não. Lembrar verbalmente sobre o uso do aparelho, também e reconhecido por este cuidador como uma estratégia facilitadora para o uso do aparelho auditivo. Maior partes dos questionados acredita que levar nas consultas é uma forma de cuidar da saúde auditiva deste idoso,pois grande parte, além de cuidar do paciente, exercem uma profissão. Os participantes da pesquisa relatam que o idoso por eles cuidado antes de usarem o aparelho auditivo a maior parte dos idosos eram mais nervosos e após o uso do AASI são pessoas mais felizes e calmas MONDELLI ET AL (2012) realizou uma pesquisa que aponta melhoria na interação social do idoso protetizado, evitando o isolamento, colocado em evidencia a importância do aspecto auditivo para a qualidade de vida e saúde geral do indivíduo. 29 8. CONCLUSÃO Através desse trabalho podemos concluir que o perde predominantedestes cuidadores familiares que convivem com os idosos protetizados são da categoriafilhas casadas e que exercem uma profissão. A maioria destes familiares que desempenham o papel do cuidador relatam como expectativas alcançadas uma melhora significativa na comunicação e independência nas tarefas cotidianas após a adaptação da prótese auditiva, mas em muitos relatos observam que necessitam de observação em negociações. Mais da metade dos pesquisados não utilizam estratégias que facilite o uso do aparelho para seus parentes idosos, pois acreditam que não há necessidade de auxílio facilitadores. Através do olhar destes cuidadores que acreditam que auxiliar o manuseio aparelho colocando no paciente ou trocando a pilha os fazem independentes e levar nas consultas é uma forma de cuidar da audição dos idosos. 30 REFERÊNCIAS BALLEN et al. Saúde Auditiva: Da Teoria a Prática Editora Santos, 2010. BRASIL. Lei No 10.741,de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.Casa CivilSubchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>.Acessado em 01 de maio de 2014. BRONSTEIN, A e LEMPERT, T. Tonturas – Diagnóstico e Tratamento – Uma abordagem prática. Editora: Reviver, 2010. BUSS, l.H. et al .Processamento auditivo em idosos: implicações e soluções . Rev. CEFAC. 2010 Jan-Fev; 12 (1): 146-151. 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Também estou ciente de que não será fornecido valor de remuneração por participação na referida pesquisa. ___________________________ Nome do pesquisado RG ____________________________ Pesquisador 35 Anexo 2 – Questionário Nome: Idade: Grau de Parentesco: Grau de instrução: Profissão: Condição Marietal: Sexo: Renda: Questionário: 1-QUAL FOI A SUA EXPECTATIVA INICIAL EM RELAÇÃO AO SEU PARENTE COMEÇAR A USAR O APARELHO AUDITIVO? 2-ENTENDE O POR QUE ELE NECESSITA USAR O PARELHO? 3-VOCÊ CONSIDERA O PACIENTE BEM ADAPTADO? 4- QUAL A SITUAÇÃO QUE CONSIDERA RELEVANTE QUE DEMONSTRA MELHORA SIGNIFICATIVA NA VIDA DO PACIENTE APÓS O USO DO APARELHO? 5-VOCÊ CONSIDERA O PACIENTE CAPAZ DE SER INDEPENDENTE COM APARELHO EM SUAS ATIVIDADES DO DIA A DIA? 6- SOBRE A COLOCAÇÃO, TROCA DE PILHAS , MANUSEIOS GERAIS VOCÊ AJUDA ? 7-DIGA EM UMA PALAVRA QUE REPRESENTE O COTIDIANO DO PACIENTE ANTES E UMA PALAVRA QUE REPRESENTE O DEPOIS DO USO DO APARELHO AUDITIVO. Antes : __________________________________ Depois : ____________________________________ 8- VOCÊ SE SENTE /OU EM ALGUM MOMENTO VOCÊ SE SENTIU ABORRECIDO APÓS O PACIENTE COMEÇAR A USAR O APARELHO AUDITIVO? 9- EXISTE ALGUMA ESTRATÉGIA USADA PELA FAMÍLIA PARA FACILITAR O USO DO APARELHO AUDITIVO NO DIA A DIA DO PACIENTE? 10- O QUE VOCÊ FAZ PELA SAÚDE AUDITIVA DO PACIENTE? 11- SUAS EXPECTATIVAS INICIAIS FORAM ALCANÇADAS?