ECONOMA DA EMPRESA UNIVERSIDADE PORTUCALENSE INFANTE D.HENRIQUE Departamento de Economia - Teoria da Empresa - ECONOMIA DA EMPRESA 1 Índice 1. Motivações para uma teoria da empresa 2. Contributos iniciais para a análise da organização 2.1. Chester Barnard (“The functions of the executive”, 1938) 2.2. Herbert Simon (“Administrative Behavior”, 1947 ) 3. Natureza da Empresa (R. Coase) 4. A lógica da organização industrial – fundamentos da teoria dos custos de transacção ECONOMIA DA EMPRESA 2 1. Motivações para uma teoria da empresa “o próprio Marshall optou por uma atitude cautelosa, quase anti-teórica, em relação aos fundamentais: ele recusou-se a seguir hipóteses rigidamente definidas, mas insistiu em se manter o mais próximo possível da realidade concreta discutindo condições representativas em oposição a tendências limitativas” “O método teórico na sua forma mais pura consiste, então, no estudo completo e em separado dos princípios gerais, com a exclusão rígida de todas as flutuações, modificações e acidentes de todas as formas devido à influência de factores que são menos gerais do que aqueles que estão sob investigação numa qualquer fase da análise. A nossa questão relaciona-se com a apropriabilidade de utilização deste método de uma forma toleravelmente rígida no estudo da economia. A resposta a esta questão depende da possibilidade de se encontrar no fenómeno em estudo princípios gerais com uma constância e importância que justifique o seu isolamento e estudo separado. O autor é da opinião de que esta questão pode ser respondida afirmativamente.” Garantir que “ o modelo estático e a reflexão sejam coexistentes”. Frank Knight (1922) ECONOMIA DA EMPRESA 3 1. Motivações para uma teoria da empresa Três tipos de observações que são a base para a evolução da teoria da empresa: 1.º Há que atender à complexidade e forma da organização interna à empresa, uma vez que estas são relevantes para o seu desempenho. 2.º Há que reformular o conceito de gestor tendo em conta: as suas funções reais, as suas limitações, e a influências dos seus objectivos no objectivo global da empresa. 3.º Há que reanalisar o ambiente em que a empresa está inserida por forma a melhor compreender a razão da sua existência como uma instituição económica alternativa ao mercado. ECONOMIA DA EMPRESA 4 2.1. Chester Barnard: “As funções dos executivos” - 1938 A organização formal é “uma forma de cooperação entre homens que é conscienciosa, deliberada e objectiva” “cooperação induzida” versus “cooperação instantânea” “A sobrevivência da organização depende da manutenção de um equilíbrio de carácter complexo ... [o que] implica reajustamentos internos à empresa ... [uma vez que] o centro do nosso interesse é o processo pelo qual [a adaptação] é conseguida.” Organização interna da Empresa Autoridade Relações de emprego Organização informal Incentivos económicos ECONOMIA DA EMPRESA 5 2.2. Herbert Simon: “Comportamento Administrativo” - 1947 Racionalidade Limitada O Agente económico é “intencionalmente racional mas apenas o é limitadamente” “As organizações são úteis para alcançar objectivos humanos, apenas, porque o indivíduo é limitado em conhecimento, capacidade de previsão, habilidade e em tempo disponível” “ A chave para a simplificação do processo de escolha é a substituição do objectivo da maximização pelo objectivo da satisfação de encontrar um curso de acção que seja suficientemente bom” Micro análise “A premissa de decisão … é a unidade apropriada de estudo do comportamento” Relações internas à empresa “Se o trabalhador tivesse a certeza de que o empregador tinha em conta as suas preferências, ele estaria disposto a trabalhar por um salário inferior” Hierarquias “… é frequente a complexidade assumir a forma de uma hierarquia …” Sub-objectivos “Os membros de uma organização tendem a avaliar uma acção somente em termos de sub-objectivos, mesmo quando estes estão em conflito com os objectivos da organização no seu todo.” ECONOMIA DA EMPRESA 6 3. R. Coase : “Natureza da Empresa” - 1937 Sistema Económico “Um economista encara um sistema económico como sendo co-ordenado pelo mecanismo dos preços ordenando e transformando a sociedade não numa organização mas antes num organismo.” “O sistema económico funciona por si só” sustentando-se no mecanismo dos preços. Fora da empresa a direcção da produção é orientada por movimentos dos preços versus Dentro da empresa é um administrador que coordena a produção Se a organização da produção pode ser feita fora do âmbito de uma empresa, sob a direcção do mecanismo dos preços, então porque é que existe a Empresa? O que é que condiciona o aparecimento da empresa? ECONOMIA DA EMPRESA 7 3. R. Coase : “Natureza da Empresa” - 1937 Razões para o aparecimento da empresa: • “porque é desejável por si mesma” • Desejo de ser controlado • Desejo de controlar • “porque os consumidores podem preferir ser fornecidos por empresas” • Existe um custo associado à utilização do mecanismo dos preços • Custo de descoberta do preço (informação) • Custo de negociação e de elaboração dos contratos individuais Na empresa existe um único contrato em que “o factor, em troca de uma remuneração (fixa ou variável), concorda em aceitar a direcção do empresário dentro de certos limites”. • Pode ser necessário garantir um fornecimento de um bem ou serviço no longo prazo • O contrato de longo prazo é menos arriscado do que um contrato de curto prazo. • “Parece improvável que a empresa consiga emergir sem ser num cenário de incerteza.” • Tratamento discriminatório por parte do Governo. ECONOMIA DA EMPRESA 8 3. R. Coase : “Natureza da Empresa” - 1937 A Natureza da Empresa: “… o funcionamento do mercado tem um preço, formando uma empresa e permitindo o controlo (a existência de um empresário) para dirigir os recursos consegue-se alcançar poupanças em custos de marketing. O empresário tem que desempenhar as suas funções ao mínimo custo, aproveitando o facto de poder aceder a factores de produção a preços mais baixos do que aqueles que se verificam no mercado a que ele se sobrepõe, porque é sempre possível reestabelecer o funcionamento do mercado aberto se ele falhar nesta função. “Uma empresa consiste no sistema de relações que é criado quando a direcção dos recursos é dependente do empresário.” “Uma empresa aumenta de tamanho quando transacções adicionais (que podiam ser coordenadas pelo mecanismo os preços) são organizadas pelo empresário e diminuem de tamanho quando ele abandona a organização destas transacções.” ECONOMIA DA EMPRESA 9 3. R. Coase : “Natureza da Empresa” - 1937 Limites ao crescimento da empresa: Porque é que não existe uma só empresa? 1.º A função de desempenho o produtor pode apresentar rendimentos decrescentes à escala. 2.º A eficiência na distribuição dos factores pode diminuir com o aumento das transacções. 3.º O preço de alguns factores de produção pode aumentar com a dimensão. 4.º Tendência para a diversificação nas decisões e para a dispersão espacial. Contributo marginal decrescente da função administrativa Ceteris paribus uma empresa tende a ser maior: 1.º “quanto menor o custo de organização e quanto menor o ritmo de aumento destes custos com o aumento do número de transacções organizadas”. 2.º “quanto menor a probabilidade do empresário errar quanto menor o aumento o ritmo de aumento dos erros com o aumento do número de transacções organizadas”. 3.º “quanto maior for a diminuição dos preços de fornecimento dos factores de produção (ou menor o crescimento) para empresas de grande dimensão”. ECONOMIA DA EMPRESA 10 3. R. Coase : “Natureza da Empresa” - 1937 O Empresário (Coase discute Knight) O aumento da especialização no trabalho exige a criação de uma força integradora. Porque é que o empresário substitui o mecanismo de preços nesta função? Existindo incerteza e exigindo-se a tomada de decisões de resultado incerto a par as operativas: “Com a natureza humana, tal como a conhecemos, seria impraticável ou muito pouco comum que um homem garantisse a outro um determinado resultado de uma acção sem que lhe fosse dado o poder de orientar o seu trabalho. Ao mesmo tempo a segunda parte não se colocaria sob a orientação da primeira sem essa garantia”. ECONOMIA DA EMPRESA 11 4. Fundamentos da teoria dos custos de transacção Âmbito da análise (microanálise) “A economia dos custos de transacção adopta uma aproximação comparativa ao estudo da actividade económica segundo a qual as transacções são a unidade de análise básica e as características dos actores humana e das estruturas de governação são colocadas sobre análise” Pressupostos de comportamento: racionalidade limitada; oportunismo A transacção é o objecto de análise e deve ser caracterizada: Quanto á frequência Quanto á incerteza Quanto á especificidade Importância do processo de decisão ECONOMIA DA EMPRESA 12