Modelo Resumo Expandido

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USO DE BIOFERTILIZANTE NATURAL DE ORIGEM ANIMAL NA PRODUÇÃO
DE MUDAS DE PIMENTÃO
Rogério Nunes Gonçalves1*, Aretha Medeiros Silva1, Ana Paula Ferreira de Franco2, Adilson
Pelá3
1
Mestrando em Produção Vegetal (bolsistas CAPES e FAPEG), pela Universidade Estadual
de Goiás, Unidade Universitária de Ipameri-GO, *[email protected], 2Pós graduanda em desenvolvimento sustentável e meio ambiente pela Universidade Estadual de
Goiás, Unidade Universitária de Ipameri-GO, 3Engenheiro Agrônomo, Doutor em
Agronomia, Prof. da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Ipameri-GO.
RESUMO – O trabalho teve como objetivo
avaliar diferentes proporções de urina de
bovino, no desenvolvimento vegetativo do
pimentão. O experimento foi conduzido em
casa de vegetação localizada na UnU de
Ipameri – UEG, em bandejas de polietileno
expandido (isopor) de 128 células,
preenchidas com substrato comercial. Os
tratamentos consistiram de: controle (água
deionizada) e suspensões aquosas de urina de
bovino nas concentrações: 6, 9, 12, 15, 18,
21 e 24%, em volume de calda de 50 ml por
parcela. O experimento foi instalado em
Delineamento Inteiramente Casualizado
(DIC), com quatro repetições. Efetuou-se
uma única aplicação de cada diluição da
urina através de uma bomba manual, aos
doze dias após a semeadura das sementes. Os
dados médios foram submetidos á análise de
variância e análise de regressão, usando-se o
software Sisvar (FERREIRA, 2000). A
aplicação de urina de bovino na forma de
pulverização promoveu estímulos ao
desenvolvimento de mudas de pimentão,
referentes ao desenvolvimento vegetativo das
plantas, tais como: altura de planta, número
de folhas da planta massa fresca e seca. Os
resultados demonstraram que a urina de
bovino tem bom potencial na produção de
mudas de hortaliças.
PALAVRAS-CHAVE: Mudas. Olerícolas.
Biofertilizantes.
INTRODUÇÃO
O pimentão (Capsicumannuum L.) é
uma olerícola de grande importância
econômica no Brasil. A garantia de altas
produtividades na cultura do pimentão esta
diretamente ligada à qualidade das mudas
produzidas.
Diante disto torna-se necessário
buscar alternativas para produzir mudas de
boa qualidade. A produção de mudas é
considerada a fase mais importante para a
maioria das olerícolas, pois a sua qualidade
influencia no desempenho das culturas no
campo (MINAMI E PUCHALA, 2000).
A produção de mudas é um aspecto
considerado de grande relevância, uma vez
que os custos das instalações e dos insumos
são onerosos. Neste aspecto é recomendável
acelerar o processo de produção e
desenvolvimento dessas mudas para garantir
maior lucratividade aos agricultores. Além
do mais, conseguir levar ao consumidor o
produto final com uma boa aparência e
qualidade. A incorporação dos substratos
com biofertilizantes minerais solúveis
constitui uma alternativa adotada para
propiciar um rápido desenvolvimento das
mudas, com redução do tempo no processo
de produção das mesmas, e essa incorporação
promove a antecipação de transplantio para o
campo (BARBOSA, 1999).
Dentro deste processo de produção de
mudas, a agricultura orgânica, relata
alternativas
importantes
que
podem
contribuir para os produtores de mudas.
Deste
modo,
podemos
destacar
o
biofertilizante urina de bovino, como uma
alternativa que pode contribuir na produção
de mudas de hortaliças. Portanto, a utilização
do biofertilizante a base de urina de bovino
pode ser considerada como uma das
alternativas de melhoria do desenvolvimento
vegetativo de culturas em sistemas naturais
de cultivo (SANTOS, 1992). Em algumas
olerícolas como: tomate, pimentão, alface,
pepino,
couve-flor
e
feijão-vagem,
recomendam-se a aplicação de 0,5 litros de
urina para 100 litros de água em intervalos de
sete dias (EMATERCE, 2000).
A urina de bovino, quando aplicada
em plantas cultivadas, tem mostrado
vantajosos os incrementos de produção. Em
abacaxi, segundo Gadelha e Celestino
(1992), não somente ocasionou aumentos na
produtividade comercial, agindo como fator
nutricional, mas também se comportou como
um defensivo natural contra o agente
etiológico da fusariose.
A aplicação da urina de bovino de
forma equilibrada pode contribuir para a
elevação dos teores foliares de alguns
nutrientes, porém, dependendo da espécie,
pode não interferir efetivamente no
metabolismo e no desempenho produtivo
(SOUZA, 1999).
Portanto, apesar da urina de bovino
ser considerada uma alternativa promissora
na cadeia produtiva de hortaliças, existe
pouca informação e estudos sobre o emprego
desta como biofertilizante para a produção de
mudas de pimentão.
Logo se verifica que há necessidade
de buscar mais informações sobre o emprego
da urina de bovino na produção de mudas de
pimentão, neste contexto. O presente trabalho
objetivou avaliar o desenvolvimento
vegetativo de mudas de pimentão em função
da aplicação de urina de bovino via
pulverização foliar, submetido a diferentes
dosagens.
METODOLOGIA
O experimento foi realizado na
Universidade Estadual de Goiás - UnU de
Ipameri. Foi conduzido em casa de vegetação
em bandejas de polietileno expandido
(isopor) de 128 células preenchidas com
substrato comercial. O delineamento
utilizado foi o inteiramente casualizado
(DIC), com oito tratamentos (doses) e quatro
repetições. Cada parcela foi constituída por
32 plantas. Os tratamentos consistiram de:
controle (água deionizada) e suspensões
aquosas de urina de bovino nas
concentrações: 6, 9, 12, 15, 18, 21 e 24%,
conforme (Tabela 1).
O volume de calda aplicada por
parcela foi de 50 mL. Efetuou-se uma única
aplicação de cada diluição da urina através de
um pulverizador manual, aos doze dias após
a semeadura do pimentão.
A urina de bovino foi coletada de
matrizes da raça Holandesa em fase de
lactação,
confinadas
e
alimentadas
diariamente com: Brachiariadecumbens,
silagem de milho, ração concentrada e
suplementação mineral. Antes da aplicação, a
urina passou por um período de repouso
durante nove dias em recipiente plástico com
tampa para que ocorresse a formação de
amônio, com o objetivo de facilitar a
absorção dos nutrientes pelas plantas.
Aos cinco dias após a emergência das
plantas, foram aplicadas as dosagens para os
respectivos tratamentos conforme mostrado
na tabela 1.
A irrigação foi realizada mantendo-se
um turno de rega fixo, cujo volume de água
aplicado foi de 150 mL por parcela
diariamente, mantendo o substrato próximo á
capacidade de campo.
As avaliações foram feitas aos 15 dias
após a aplicação da urina de bovino. Os
parâmetros avaliados foram: altura de planta
(cm), número de folhas, massa fresca da
planta (g) e massa seca da planta (g).
Para a avaliação da altura de plantas,
utilizou-se uma régua graduada, e todas as
plantas representativas de cada parcela foram
avaliadas.
Para determinação da massa verde,
utilizou-se balança de precisão de 0,01g. Já
para a determinação da massa seca, todas as
plantas foram colhidas e submetidas a uma
estufa a 65°C por um período de 24 horas.
Logo após o termino do período de secagem
as amostras foram pesadas, a fim de se obter
os valores de massa seca.
Os resultados foram submetidos à
análise de variância pelo teste F a 5% de
significância e análise de regressão.
Empregou-se o software Sisvar (FERREIRA,
2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se, que com aplicação do
biofertilizante obtido a partir da urina de
bovino, até certo limite de sua concentração
na
suspensão
aquosa,
estimulou
significativamente o desenvolvimento das
plântulas de pimentão. Diante dos dados
obtidos, notou-se que a urina contribui de
modo positivo para o desenvolvimento
vegetativo das mudas de pimentão.
A massa seca e fresca das plantas
foram beneficiadas pela aplicação do
biofertilizante até a dose 15% da solução
pulverizada, ou seja, com ajustes quadráticos
significativos (figuras 1a e 1b). Verificou-se
que os valores máximos obtidos com esses
parâmetros foi de aproximadamente 300%
em relação as plantas que não receberam o
biofertilizante. Porém doses acima de 15%
mostraram redução nesses valores. O número
de folhas da planta também apresentou ajuste
quadrático significativo, com maior número
de folhas com 15% de biofertilizante, porém
com aumentos menos expressivos que de
biomassa. Esses resultados assemelham aos
encontrados por Pereira et al. (2000), os
quais avaliaram o efeito da urina de bovino
na produção de mudas de alface.
Esse comportamento positivo das
plantas do pimentão em relação à aplicação
de urina de bovino pode ser atribuído à
atividade hormonal, ou mesmo pelo
fornecimento de macronutrientes advindo da
sua composição, principalmente pelo
nitrogênio e potássio (K). Visto que o K é um
dos principais nutrientes responsáveis pelo
desenvolvimento vegetativo das plantas na
fase inicial.
Analisando a mesma tabela verificase que a massa fresca das mudas de pimentão
veio a confirmar o resultado obtido na massa
seca. Os maiores valores de massa foram
encontrados nas doses máximas (15 %) de
urina. Com base nestes resultados, podemos
observar que além de estimular o
crescimento das mudas de pimentão, a urina
de bovino pode propiciar um maior acúmulo
de biomassa.
A altura de plantas apresentou ajuste
quadrático significativo. Maior altura foi
verificada com a dose de 15% do
biofertilizante, proporcionando também
incremento de aproximadamente 300% em
relação a não aplicação. Doses superiores a
esta, ocasionou redução no tamanho médio
das plantas. Esses resultados mostram que a
urina de bovino, é biofertilizante de grande
potencial para produção de mudas.
Ferri (1979) verificou que substâncias
(auxinas) presentes na urina de vaca podem
contribuir
como
estimulante
no
desenvolvimento de mudas.
Verificou-se que para todos os
parâmetros avaliados, a dose máxima a ser
utilizada é de 15 % de urina bovina na
solução, já que doses superiores inibiram o
desenvolvimento vegetativo e acúmulo de
biomassa nas plantas de pimentão.
CONCLUSÕES
A aplicação do biofertilizante de
urina de bovino promoveu incrementos no
desenvolvimento vegetativo de mudas de
pimentão.
A concentração próxima de 15 % do
biofertilizante foi o limite mais adequado na
produção de mudas, pois promoveu os
maiores valores de massa fresca e seca (g) e
maior número de folhas e altura de plantas
(cm), em mudas de pimentão.
APOIO: Concessões de bolsa: CAPES e
FAPEG.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, A. P. Adubação foliar com
fertilizante orgânico em alface cultivada
em hidroponia (sistema NFT). In:
CONGRESSO
BRASILEIRO
DE
CIÊNCIADO SOLO, 27, 1999, Brasília.
Anais... Brasília: SBCS,1999. (Resumo
Expandido T042-9).
EMATERCE. Urina de vaca: adubo e
defensivo natural para o solo e plantas.
Fortaleza, SRD, 2000. 3p. (Boletim
Informativo).
FERREIRA, D.F. Sistema de análises de
Regressão. Lavras: UFLA, 2000. (SISVAR
4.3. pacote, computacional).
FERRI, M. G. Fisiologia Vegetal. São
Paulo: Pedagógica Universitária, v. 2. 1979.
MINAMI, K; PUCHALA, B. Produção de
mudas de hortaliça de alta qualidade.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18,
Suplemento, p.162 – 163, 2000.
SANTOS, A.C.V. Biofertilizante líquido, o
defensivo agrícola da natureza. Rio de
Janeiro, EMATER-RIO, 1992, 16p.
SOUSA, W.P. Avaliação dos efeitos da
adubação organo-mineral do solo sobre a
produção de pimentão (Capsicumannuum
L.). 1999. 47p. Monografia (Graduação em
Agronomia) - Centro de Ciências Agrárias.
Universidade Federal da Paraíba, Areia.
Figura 1: Valores médios de a) massa seca; b) massa fresca; c) números de folhas e e) altura do pimentão,
em função de diferentes doses de biofertilizante de urina de bovino, aplicadas em mudas de pimentão,
Ipameri-GO, 2012.
Tabela 1 – Tratamentos edoses aplicadas de urina bovina, aplicadas em mudas de pimentão da variedade
Gaúcha, Ipameri-GO, 2012.
Tratamentos
Doses (%)
T-1
T-2
T-3
T-4
T-5
T-6
T-7
T-8
0
6,0
9,0
12,0
15,0
18,0
21,0
24,0
Volume total da calda (50 mL)
Vol. de Água
Vol. de Urina (mL)
(mL)
50,0
0
44,0
6,0
41,0
9,0
38,0
12,0
35,0
15,0
32,0
18,0
29,0
21,0
26,0
24,0
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