Engenharia do Ambiente Mecânica dos Fluidos Ambiental (1º semestre, 3º ano) (Primeiro Exame, 19 de Janeiro de 2013) Duração 2h30. Justifique todas as respostas. Problema I (Exame/Teste 1) A Figura ao lado representa uma câmara de pressão esférica, fixa ao solo por 6 parafusos. Calcule a força que cada parafuso deve fazer para manter a câmara fixa ao solo (3 valores) (Teste 4 valores) A força vertical é dada pelo peso de fluido que está (ou estaria) acima da superfície. Neste caso é a diferença entre o peso de um cilindro de 4 metros de diâmetro e 6 de altura e uma semi-esfera de 4 metros de diâmetro. Em rigor a este peso temos ainda que descontar o peso de um cilindro de 4 metros de altura e 3 cm de diâmetro, que tem valor desprezável. 1 4 F g ( 4 2 ) * * 22 * 23 4 * * 0.0152 / 6 12 * 103 N 2 3 Se não tivéssemos descontado o peso do cilindro central, o valor seria o mesmo, se arredondado para este número de casas decimais. Outras perguntas interessantes que se poderiam fazer sobre este problema: Quanto vale a força hidrostática exercida pelo fluido no fundo do depósito? A pressão é hidrostática e uniforme e por isso a força vale: Ffundo g ( 4 2 ) * * 22 740 * 103 N Mas a força resultante tem que ser o peso do sistema… Efectivamente a força resultante é a força hidrostática para baixo, menos a força hidrostática para cima: 14 FRe s Ffundo Fcima g ( 4 2 ) * * 22 g ( 4 2 ) * * 22 * 23 4 * * 0.0152 23 14 FRe s * 23 4 * * 0.0152 23 Que é o peso do fluido no interior do sistema. Problema II (Exame/Teste 1) A B Jacto produzido por uma contracção e incidente numa placa plana. A figura ao lado representa uma conduta que termina numa contração, formando um jato que sai para a atmosfera. Na frente do jato está um tubo de Pitot. Se a pressão à entrada da contração for 110 kPa e as perdas por atrito forem desprezáveis, calcule: a) A velocidade de saída e o caudal escoado (1 val) b) A altura H a que a água sobe no tubo de Pitot (1 val) c) A força exercida pelo fluido na contração (3 val) 1 1 P U 2 P U 2 2 2 1 2 UA1 UA2 U1 U2 D22 U 2 2 D1 9 2 1 1 U 110 * 10 * 103 * 2 * 103 * U22 2 2 9 3 U2 220 14.9m / s 1 1 81 Q UA 14.7 * * 0.022 0.01878m3 / s 18.8L / s Se tivéssemos desprezado a energia cinética em 1, o resultado seria o mesmo. A Altura H é igual à pressão em 1, à parte da energia cinética. 1 P U 2 gH 2 2 1 2 14.92 U2 11.1m 2g 2g Se tivéssemos partido da pressão em 1 e ignorado a energia cinética teríamos obtido 11m. Esta diferença é muito pequena porque a secção de saída é 1/9 da de entrada. A força exercida na contração calcula-se a partir de um balanço de força e de quantidade de movimento: H QU 2 QU 1 PnA1 PnA2 * F 103 * 0.018814.9 1.65 110 * 103 * 0.062 0 F F 0.78 * 103 N 78kg A força exercida sobre o fluido é para trás e a força sobre a conduta é para a frente, 78 kg. Problema III (Exame/Teste 2) Tubo: L= 600 m, D= 30 cm =0.4 mm 20 m B 5m Considere o sistema de elevação de água (= 103 kg/m3; =10-3 Kgm1 -1 s ) representado esquematicamente na FiguraError! Reference source not found.. A conduta tem 600 metros e inclui um conjunto de curvas não representado na figura. Considere um caudal de 60 L/s. a) Se o fluido fosse ideal, qual seria a altura de elevação da bomba? (1 val) b) Efectivamente a potência requerida pela bomba é de 3 kW. Quanto desta potência é perdida nos acidentes da conduta? (3 val) c) O diâmetro da conduta parece-lhe adequado? (1 val) Se o fluido fosse ideal a única energia a fornecer seria a energia potencial e por isso a altura de elevação da bomba seriam 25 metros. No caso real a bomba tem que fornecer a energia potencial mais a energia dissipada na conduta por atrito e nas singularidades. A altura de elevação da bomba é: P gQH 3 * 103 50m 103 * 9.8 * 0.06 O que significa que as perdas são de 25 m. No tubo a perda de energia é de: H L 1 2 * U D 2g O Reynolds e a rugosidade relativa são: H 4f Re UD D 4Q 103 * 0.3 4 * 0.06 2.4 * 105 2 3 2 D 10 * 0.3 0.4 4 * 10 4 D 300 E consequentemente o coeficiente de atrito vale: 4f=0.017 e a perda de carga na conduta será: 600 1 H 0.018 * 0.852 1.3m 0.3 2g E por conseguinte a perdas nos acidentes são de 23.7 metros. O diâmetro da conduta é adequado porque as perdas por atrito são só 2.6 metros, mas as perdas localizadas são enormes, o que significa que há uma obstrução enorme algures na conduta. Problema III Pmin + 1 2 P A PMax a A Figura representa linhas de corrente em redor de um automóvel, obtidas num ensaio de laboratório, utilizando fumo para visualizar o escoamento. a) T2 - Indique os pontos de pressão máxima e de pressão mínima. (1 val) b) T1 - Ao longo da linha de corrente que passa por “P”, indique as zonas em que o termo advectivo da equação é positivo e onde é negativo e a zona em que o seu valor absoluto é mínimo. (2 val) c) T2 - Esboce os perfis de velocidade e de tensão de corte nas secções 1 e 2, sobre o veículo. (2 val) d) T2 - Indique a região onde está separada a camada limite e represente esquematicamente a linha de corrente que passa no ponto A, localizado na traseira do veículo (1 val) e) T2 - Esboce a forma que passaria a ter a linha de corrente que passa por P se este fosse modificado para ser uma carrinha. Como variaria o coeficiente de resistência? (1 val) A pressão é máxima no ponto de estagnação (pressão total) e é mínima sobre o veículo onde a velocidade é máxima (as LC estão mais próximas umas das outras). O termo convectivo é positivo nas zonas de aceleração e negativo nas zonas de desaceleração. E nulo nas zonas onde a velocidade não varia ao longo do deslocamento. Ele é por isso positivo na parte frontal do carro e negativo na parte posterior. Sobre o carro a velocidade mantém-se mais ou menos constante e por isso o termo convectivo é mínimo. Sobre o tejadilho do carro a velocidade varia mantendo a concavidade porque o gradiente de pressão é aproximadamente nulo. Na parte posterior do carro o gradiente é adverso e por isso o perfil de velocidade tem um ponto de inflexão e a tensão de corte tem um máximo nesse ponto. A camada limite está claramente separada na parte depois da mala do carro. Na zona inclinada a linha de corrente afasta-se do carro, mas pode ser só porque a velocidade está a baixar. No ponto A a velocidade deve ser para cima, pois espera-se que este +ponto esteja numa bolha de recirculação. Se o carro passa-se a ser uma carrinha as linhas de corrente descolaria assim que o escoamento sai do tejadilho. Na zona frontal do carro e sobre o tejadilho nada se alteraria. O coeficiente de resistência deveria aumentar.