Universidade Federal do Rio Grande do Sul Centro Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Agronegócio – CEPAN Programa de Pós-Graduação em Agronegócios – PPG Agronegócios Prof. Eugenio A. Pedrozo Mestrando: Nurdine Salé Resumo: Agro industrialização da economia global agro alimentar: Unindo a economia de desenvolvimento e a pesquisa em agronegócios Michael L. Cook, Fabio R. Chaddad O objetivo deste artigo é de examinar o processo da agro industrialização de dois pontos de vistas: economia de desenvolvimento e pesquisa em agronegócios. A evolução da abordagem conceptual e metodológica oriundas destes dois campos é explorada e têm sido realizadas observações gerais sobre a interdependência econômica agrícola, mudança institucional e organizacional, interesses de diferentes âmbitos, causas da agro industrialização, orientação, escolha de ferramentas micro analíticas, terminologia e unidade de análise. O artigo conclui explorando o potencial da união entre a economia de desenvolvimento e a pesquisa em agronegócios com vista a informar o futuro da agenda de investigação em agro industrialização. O sistema global de alimento e fibra está num processo de transformação radical. Não se opondo á falta de unanimidade escolar como referencia comum, existe um consenso geral sobre a agro industrialização, que é um processo principal para o sistema econômico e social distintivo apresentando três características dinâmicas. Segundo Reardon e Barret (2000) a definição da agro industrialização: (a) o crescimento do agro processamento, distribuição, e provisão exterior de insumos para agricultura; (b) mudança institucional e organizacional em relação á empresas agro alimentares e á agricultura tal como o aumento da coordenação vertical marcado; (c) mudanças concomitantes dentro do sector agrícola tais como mudanças na composição do produto, tecnologia, estrutura do sector e do mercado. Contribuição da economia de desenvolvimento para explicar a agro industrialização A economia de desenvolvimento é um amplo campo de pesquisa. A amplitude da investigação é baseada na definição da agro industrialização do Reardon – Barret, na qual concentra-se na abordagem micro analítica. A característica distinta do enfoque micro analítico para o desenvolvimento é que as instituições são explicitamente endogenadas, particularmente o processo de mudança institucional, a escolha e o desenho de planos institucionais (Williamson, 1996 a) De acordo com Hoff et al. (1993) na presença de custos de transação e dos constrangimentos da informação, as instituições influenciam a eficiência e a distribuição de recursos. A nova economia institucional focaliza no processo histórico da mudança institucional (North, 1990), na economia de direitos de propriedade (Demesetz, 1967) e na teoria económica de custos de transação de uma empresa (Williamson, 1985). A abordagem não-micro analítica dentro da tradição da economia de desenvolvimento que informa a agro industrialização, é a literatura de ligações intersectoriais. Este campo dá ênfase ás ligações entre o sector agrícola e não-agrícola num cenário rural tendo em conta as ligações de produção anteriores e posteriores atribuídas por Hirschman (1985) e ás ligações de consumo propostas por Mellor (1976). A literatura de ligações intersectoriais diz respeito a medição da magnitude de produção e ligações de consumo por meio de multiplicadores estáticos baseados em tabelas nacionais de insumo-produto (Haggblade et al. , 1989; Delgado et al. , 1994). Macheche et al. (1997) construindo em cima desta literatura propõe uma agenda de pesquisa sobre como estimular os elos entre o sector agrícola e não- agrícola. Os autores identificam um conjunto de determinantes de investimentos e capacidade de utilização afetando o estabelecimento das ligações, entre elas: custos de transação. Como elevados custos de transação podem forçar as ligações institucionais e organizacionais, inovações são necessárias para o crescimento da interdependência da economia rural levado a cabo pela agro industrialização. Escobal et al. (2000) apresenta uma análise de inovações institucionais endógenas em Peru, tais como a produção sob contrato e a qualidade restrita e padrões de segurança, para apoiar a exportação de culturas não tradicionais. Fazendo isso, os conceitos das ligações intersectoriais aparece para iniciar um movimento em direção á análise micro econômica do fenômeno da agro industrialização. Contribuição da pesquisa em agronegócios informando a agro industrialização O conceito e definição de agronegócio – “o somatório de todas as operações involvidas na produção e distribuição de alimento e fibra” – refere-se ao fenômeno da pós segunda guerra mundial de aumentar “as funções unificadas” e a “interdependência” entre o sector produtivo agrícola e os negócios antes e depois da porteira (Davis, 1956). Subsequentemente a pesquisa em agronegócios desenvolveu-se ao longo de dois paralelos níveis de análise: o estudo da coordenação entre a participação vertical e horizontal dentro da cadeia de alimento, conhecido como economia do agronegócios, e o estudo da tomada de decisão dentro das estruturas de governamentais da cadeia alimentar alternativa, conhecido como gestão do agronegócios. Economia do agronegócios Foi nos meados de 1950 que Davis e Goldberg (1957) utilizando o modelo de Leontieff de insumo-produto, documentaram e propuseram um modelo para aumentar a especialização dentro do sistema agro alimentar. Mais a frente, os seus achados sugerem que as atividades econômicas de agregação de valor antes e depois da porteira tinham aumentado enquanto que as atividades no nível do sector produtivo diminuíram. A partir daí, vários pesquisadores avançaram com estudos de descrever e identificar arranjos ou planos de coordenação dentro dum sistema. Goldberg (1968) introduziu uma nova abordagem do agronegócios – commodity system approach CSA – “getting commodity systems right” , onde ele focaliza a sua atenção na coordenação e harmonia da cadeia, particularmente nas relações verticais do sistema agro alimentar. Os proponentes do CSA comentaram que através de arranjos de intercambio durável, os sistemas coordenados poderiam reduzir os custos/unidade, aumentar os lucros do sistema e de cada participante do sector, aumentar a resposta á demanda do mercado, e em muitos casos aumentar a produtividade. Foi desenvolvido mais tarde o conceito francês “filiére” e o enfoque americano “sub sector” incorporou um paradigma mais dinâmico do que estático, uma orientação horizontal, uma abordagem de performance-conduta-estrutura de uma organização industrial tradicional. O principal objetivo dos pesquisadores que aplicam a abordagem da “filiére” e do “sub sector” é getting marketing performance right ou obter uma boa performance do mercado. Gestão do agronegócios Para efeitos desta discussão o termo gestão do agronegócios é definido como o estudo da coordenação dentro do própria empresa e motivação, comparando com o estudo da coordenação entre empresas definida por economia do agronegócios. Sem opor-se a gestão/economia agrícola “get farm enterprise mix right” as primeiras análises internas da empresa foram realizadas através de estudos de custo e eficiência nos anos 1950-1960 (French, 1977). Com o aparecimento de vários jornais de agronegócios e com a IAMA – Associação Internacional de Gestão de Agronegócios, o trabalho interno da firma do sector agro alimentar se desenvolveu mais ainda. O sistema desenvolveu-se para: a direção de gestão estratégica do “getting strategy right” e para a direção de economia institucional nova do “getting organizational design right”. Observações gerais Observação 1- interdependência da economia agrícola: ambos os campos, economia de desenvolvimento e pesquisa em agronegócios, originam ao mesmo tempo com um reconhecimento de que o valor agregado da produção agrícola decresce relativamente ao valor adicional pelos participantes do sistema não agro alimentar. Observação 2 – mudança institucional e organizacional: economia de desenvolvimento e a pesquisa em agronegócios geralmente concorda que o número crescente dos arranjos complexos contratuais substituindo locais de mercado é uma característica definida do fenômeno da agro industrialização. Observação 3 – diferentes âmbitos de interesse: é notável a diferença na amplitude da agenda de pesquisa entre o agronegócios e a economia de desenvolvimento. O âmbito da economia de desenvolvimento inclui ambos recursos bem sucedidos e os destituídos durante o processo de agro industrialização, enquanto que os pesquisadores em agronegócios focalizam seus interesses na eficiência e nos assuntos de competitividade dos restantes participantes e organizações. Observação 4 – o que causa a agro industrialização? – economistas de desenvolvimento sugerem que a causa da agro industrialização é o forte comportamento de mercado de uma firma privada implementadas através de decisões estratégicas e estruturais; enquanto que os acadêmicos de agronegócios começam com a premissa de que agro industrialização determinada duma maneira exógena e os câmbios são organizados por meios custos de transação minimizando estruturas governamentais. Observação 5 – escolha de ferramentas micro analíticas: pesquisadores de desenvolvimento e de agronegócios estão crescentemente aplicando as ferramentas micro analíticas para examinar o fenômeno da agro industrialização, mas a escolha da abordagem poderá afetar significantemente a sua produtividade. Observação 6 – escolha de terminologia: a terminologia é extremamente importante quando lidando com assuntos complexos e fenômeno, especialmente num ambiente de orientação multidisciplinar. Observação 7 – unidades de análise: a falta de conformidade relacionada com a unidade comum de análise origina falta de incentivos para fazedores de leis ou polícias, pública e privada, para incorporar esta informativa mas menos ortodoxa produtividade dentro do processo de tomada de decisão. Observação 8 – dois navios passando durante a noite: uma final observação para o espanto é como é que dois campos da ciência social aplicada, economia de desenvolvimento e a pesquisa em agronegócios utilizando abordagens micro analíticas no estudo do mesmo fenômeno sócio econômico – agro industrialização – pode passar silenciosamente durante a noite sem se notarem um ao outro. Parece que existe a possibilidade de haver um cross fertilização. Existe uma vasta lista de barreiras, falta de incentivos, e desconexões, até então há uma necessidade de explorar se é suficiente para impedir uma futura colaboração. Perspectivas para o futuro A revisão da literatura de pesquisa de desenvolvimento e de agronegócios não só documenta as barreiras para unir a brechas entre os dois campos mas também identifica alguns aspectos em comum e potenciais complementaridades. Portanto conclui-se que a união/ponte concebida como o abismo entre economia de desenvolvimento e agronegócios merece muita atenção se for para alcançar um objetivo socialmente desejável, é importante aprimorar o entendimento sobre as causas e soluções do processo global da agro industrialização.