referencias da literatura sobre a formação do psicólogo brasileiro.

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REFERENCIAS DA LITERATURA SOBRE A FORMAÇÃO DO
PSICÓLOGO BRASILEIRO.
Joélia Oliveira dos Santos (bolsista do ICV/CNPq), João Paulo Sales Macedo
(Orientador, Depto de Psicologia - UFPI)
Introdução: A Psicologia no Brasil, por muito tempo manteve-se distante das problemáticas e
dos movimentos sociais, com práticas voltadas para um público seleto da sociedade,
concentrado nos grandes centros urbanos, onde suas práticas giravam em torno da
regulamentação da ordem social econômica, e para a segmentação e diferenciação como
forma de auxiliar na manutenção do lucro necessário a manutenção do capital, o maior
demandatário das práticas psicológicas até então (Yamamoto e Oliveira, 2010). A partir da
década de 80, com a inserção da Psicologia nas políticas públicas, a profissão passou a
receber outras demandas de acordo com o novo campo de atuação, o que possibilitou a
ampliação de seu leque de ação, bem como garantir uma reserva de mercado importante para
o futuro da profissão (Leite et al, 2013). Este percurso de imersão em outros espaços de
intervenção, com uma clientela distinta da hegemonicamente assistida pela Psicologia, será
fortemente cobrada dentro dos cursos de formação em Psicologia no Brasil por reverberar no
campo da prática profissional. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo mapear na
literatura os desafios para a formação e o exercício profissional, identificando assim, os
principais elementos conceituais e contextuais, ético-político e teórico-metodológicos que
desloquem o pensar acerca do projeto da profissão e formação do psicólogo brasileiro.Para
tanto, inicialmente problematiza-se o processo de institucionalização e consolidação do Serviço
Social no Brasil, bem como as demais literaturas elencadas, e a partir desse exercício traçar
contrapontos para pensar a Psicologia no seu processo de construção da profissão e dos
cursos de formação no Brasil, seus limites, desafios e possibilidades existentes nesse
processo.
Metodologia: Trata-se de um estudo exploratório com base no levantamento bibliográfico e
documental acercada formação e atuação do psicólogo no Brasil. Uma vez identificado o
material disponível sobre o tema na literatura brasileira, procedemos na análise do material
tendo como base as dimensões ético-política e teórico-metodológica da profissão.
Resultados e discussões: A partir da bibliografia estudada acerca da evolução da Psicologia
enquanto ciência e profissão no Brasil, e o seu desvelar dentro do campo das políticas
públicas, que a levou a uma maior aproximação com os processos sócio-econômico-político, é
que nos suscitou algumas questões acerca de como a Psicologia adentra esse novo campo de
ação, sem uma história de luta e engajamento político e que discursos de compromisso social
lhe são posto por este campo, que vão para além da ampliação do seu leque de atuação a uma
parcela maior da sociedade? E que desafios estão postos no campo das políticas sociais, e
como isso está sendo trabalhado ainda dentro do processo de formação?Diferentemente do
Serviço Social, o processo de institucionalização da Psicologia, ocorre tardiamente, somente a
partir da década de 80, em decorrência da reconfiguração econômica e social que o país se
encontrava,possibilitando vislumbrar novos espaçosde atuação e garantir a expansão da
profissão no mercado de trabalho. Em ambas inicialmente, não havia uma vinculação orgânica
com os interesses das classes populares, no entanto o Serviço Social consegue ainda na
década de 80 avançar nesse campo, formulando um Projeto Político de Ruptura da profissão
(Silva, 2011). Juntamente com a institucionalização, ocorre o processo de interiorização e
expansão da profissão, o que viabilizou o aumento do número de profissionais psicólogos
atuando pelo país em virtude da expansão das políticas públicas, bem como pelo crescimento
das Instituições de Ensino Superior, que passaram a ofertar cursos de formação em Psicologia
em cidades de médio e pequeno porte (Macedo & Dimenstein, 2011). A Psicologia adentra em
novos territórios de ação, que demandam outras formas de se perceber enquanto ciência e
profissão, que estão para além da simples ampliação do público atendido, demandando da
Psicologia reflexão sobre os desafios de debruçar-se sobre as camadas populares, tendo em
vista, a heterogeneidade de problemáticas que emergem do social. Como bem afirma Dantas
(2013), que há uma grande diferença entre ampliação da população atendida e a ampliação da
dimensão política da prática profissional, que se revela na maioria das vezes, na simples
transposição de modelos teórico-técnicos tradicionais para o campo, que apontaria
politicamente para uma prática desvinculada das necessidades reais posta pelo o social. O que
culminaria pensar em um compromisso social que perpasse pela construção de um projeto
ético-político da profissão. Pensar para o campo da Psicologia um projeto de profissão, não
como está posto no Serviço Social, por que seria quase que utopia pensar por essa via, até por
ser a psicologia um emaranhado de outras psicologias, mas, pensar na construção de um
projeto para profissão é necessário, tendo em vista a compreensão da dimensão ética-política
das ações do psicólogo. Como coloca Yamamoto (2012), seria necessária a construção de um
projeto na coletividade das demais profissões, haja vista, que para poder atuar diante das
problemáticas sociais não teria como atuar isoladamente, cada um com seu saber em suas
ilhas, pois em sua construção seria permitido a polifonia das vozes sociais para a aproximação
com o outro. Em que esse outro deve ser compreendido como um ser coletivo, e que possui
singularidades e múltiplos modos de existir, que seria por natureza um devir, e como tal,
necessitaria ser visto com olhos de coletividade e não aprisionado em um único saber.
Ressalta ainda ser possível falar em construção de uma unidade de diversos, num viés
igualitário, não na perspectiva de unicidade, ou redução a um determinado aporte teórico-
metodológico no campo da Psicologia, mas um projeto ético-político que permita
construirprojetos societários alternativos em aproximações com a lutas populares que norteie a
atuação do psicólogo independente do lugar de sua atuação profissional, por este se configurar
como uma espaço que comporta uma dimensão plural dentro da Psicologia. Como sugere
Dantas (2010), o propósito da formação deve ser o questionamento por outros modelos de
formação “psi”, que estejam implicados em uma luta cotidiana de afirmar caminhos diferentes
dos hegemonicamente posto para profissão.
Conclusões: Assim, os desafios postos no campo da formação em Psicologia perpassa pelas
discussões acerca de um projeto ético-político da profissão e do compromisso social da
profissão, questões que se intercruzam na realidade cotidiana da atuação profissional. Desse
modo, a Psicologia precisa urgentemente assumir uma postura profissional de co-construção
de seus espaços de inserção social a fim de criar novos arsenais teórico-metodologicos e
técnicos para a profissão assumindo um viés de co-instituidores de um processo de ocupação
da Psicologia, que teve início há quarenta anos, e que ainda se mantem em curso.
Viabilizando desse modo que a profissão possa se reatualizar, buscando novos campos, para
além dos já postos socialmente para a Psicologia, isto é, que possa construir outros espaços
de atuação bem como outros aportes teórico-metodológicos e técnicos de inserção, que levem
em conta a realidade de cada campo. Assim, esse estudo, não teve por intento elencar
respostas aos desafios postos a formação bem como para a profissão, mas suscitar reflexões
acerca desses desafios e de problematizar como estes estão sendo postos em discussão e
aproximação com a realidade nos cursos de formação em Psicologia.
Apoio: UFPI
Palavra-Chave: Formação em Psicologia. Interiorização da profissão. Políticas Públicas.
Referencias
DANTAS, C. M. B. A ação do psicólogo na Assistência Social: “interiorização da profissão” e
combate à pobreza. Natal, RN, 2013. Originalmente apresentada como Tese de Doutorado,
pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2013.
DANTAS, J. B. Formar psicólogos: Por quê? Para quê? Fractal:Revista de Psicologia, Rio de
Janeiro, v. 22 – n. 3, p. 621-636, Set/Dez. 2010.
LEITE, J. F., MACEDO, J. P., DIMENSTEIN, M., DANTAS, C. A formação em Psicologia para a
atuação em contextos rurais. In LEITE, J. F & M. DIMENSTEIN (Org). Psicologia em
contextos rurais. Natal: EDUFRN, p. 27-55, 2013.
MACEDO, J. P.& DIMENSTEIN, M. Expansão e interiorização da Psicologia:
reorganização
dos saberes e poderes na atualidade. Psicologia: ciência e profissão, v.31- n.2, p. 296-231,
2011.
YAMAMOTO, O. H. 50 anos de profissão: responsabilidade social ou projeto ético-político?
Psicologia: ciência e profissão, v.32 (num. esp.), p.6-17, 2012.
YAMAMOTO, O. H., OLIVEIRA, I. F. Política social e psicologia: uma trajetória de 25 anos.
Psicologia: teoria e pesquisa, v.26 (num. esp.), p.9-24, 2010.
SILVA, M. O. S. O Serviço social e o popular: resgate teórico-metodológico do projeto
profissional de ruptura. São Paulo, Cortez, 2011.
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