As Religiões dos Filhos de Abraão

Propaganda
conferências
ENTRADA GRATUITA LEVANTAMENTO DE SENHA DE ACESSO 30 MINUTOS ANTES
DE CADA SESSÃO, NO LIMITE DOS LUGARES DISPONÍVEIS
As Religiões
dos Filhos de Abraão
Rembrandt. Abraão e Isaac, 1634. Óleo sobre tela. 158 x 117 cm, Hermitage, São Petersburgo.
chamámos “Os Filhos de Abraão”, pedimos
a cinco crentes de cinco religiões monoteístas que se reconhecem na filiação do
Patriarca, que viessem explicar a sua fé.
Que viessem dizer, por palavras que todos
entendam, em que acreditam, porque acreditam e como acreditam. Talvez, sabendo,
nós possamos compreender melhor. Porque
pelo menos uma certeza se impõe: desde os
tempos mais longínquos e nas civilizações
mais diversas, que o homem, que muitos
homens, estabelecem uma relação com
uma transcendência.
José Tolentino de Mendonça, doutorado
em Teologia Bíblica com a tese “A construção de Jesus. Uma leitura narrativa de Lc
7,36-50” (2004), é actualmente Professor
do Departamento de Estudos Bíblicos
da Faculdade de Teologia (Universidade
Católica Portuguesa. É também membro
do Centro de Estudos Religiões e Culturas
e director da revista de teologia Didaskalia.
Além do trabalho no campo bíblico,
desenvolve uma importante e reconhecida
actividade como poeta, ensaísta e tradutor.
5 de Março
O catolicismo como radical elogio da Beleza
por José Tolentino de Mendonça
Que sabemos nós, crentes ou não, da
religião dos outros? Porque há milhões
de pessoas, sensíveis, inteligentes, boas,
que regem as suas vidas pela fé num Deus
único, e que através dessa fé acreditam que
a sua vida e o mundo têm um sentido, uma
coerência, que de outra forma não teriam?
Que razões têm essas pessoas?
E não é verdade que, por desconhecermos a fé do outro, naquilo que ela tem
de explicável, nos parece que a vida dele
assenta em práticas e crenças injustificáveis no mundo actual? Como se a fé dos
outros fosse qualquer coisa de primitivo,
ou mesmo perigoso.
Desconhecer aquilo que é um elemento
fundamental da vida das pessoas, é não as
compreender, é permitir que se instale em
nós o preconceito e a intolerância.
Em paralelo ao ciclo de música que
Há dois momentos na experiência da
beleza. S. Tomás de Aquino classifica-os
como species e lumen: forma e esplendor.
Enquanto forma, o belo pode ser captado,
calculado e descrito. Mas a forma não seria
bela se não fosse fundamental manifestação de uma invisível profundidade e
plenitude. A beleza não é apenas a beleza
que a comunicação de Deus gera: é a beleza
substancial do próprio Deus. A beleza de
Deus cria o belo, que, por agora, só podemos crer, não contemplar abertamente.
«Agora vemos como em um espelho e de
maneira confusa», escreveu S. Paulo na
1ª Carta aos Coríntios. Mas considerando
precisamente isso que impede ao homem a
visão nítida e total da beleza, gostaria que
partíssemos de uma afirmação do teólogo
Matthias Joseph Scheeben: «A beleza da
fé católica radica justamente em mostrar‑nos, através dos mistérios da graça, uma
elevação desmesurada da nossa natureza».
O que o catolicismo aponta não é, afinal, a
possibilidade impossível da beleza?
2ªFEIRAS 2007 · JANEIRO 29 · FEVEREIRO 5, 12 E 26 · MARÇO 5 SALA 2 · 18H30
Download