set 11 n 030 CARTA DO GESTOR O movimento dos mercados em setembro pode ser resumido, de maneira sucinta, como uma extensão do que havia sido visto em agosto. “Incerteza” e “deterioração das perspectivas” para a economia global continuaram sendo expressões extremamente presentes no dia-a-dia dos mercados e da mídia especializada. O receio de investidores ao redor do mundo ainda é explicado pelas dúvidas quanto à sustentabilidade do crescimento dos EUA e, principalmente, pela situação europeia. Foi sob esse pano de fundo que o principal índice do mercado de ações americano, o S&P, perdeu 7,2% em setembro e acumulou recuo de 10,0% em 2011. Na Europa, um dos principais epicentros da deterioração mundial, o Euro Stoxx (índice que agrega as cinquenta principais ações da Zona do Euro) perdeu 5,3% no mês e 22,0% no ano (em Euros). Em paralelo, o nosso Ibovespa – amplificando a dinâmica externa – recuou 7,4% em moeda local e já recua 24,5% em relação ao fechamento de 2010. No segmento cambial, a moeda brasileira encerrou a trajetória de valorização diante do dólar que já durava mais de dois anos para se desvalorizar em quase 15% no mês (para R$ 1,88) ante a cotação de fechamento de agosto (R$ 1,64). O valor mais fraco do Real foi registrado em 22 de setembro, aos R$ 1,90/US$. Predomina a percepção de que não apenas a piora global de aversão ao risco tenha influenciado a moeda brasileira, mas também a decisão do Banco Central do Brasil de dar início a um ciclo de redução da taxa de juros de referência, na reunião de 31 de agosto, de maneira surpreendente. Também sob o efeito da política monetária e do cenário internacional, o mercado de juros manteve o movimento de queda dos juros futuros, que já havia sido bastante pronunciado em agosto. Ao longo do mês, diversas alternativas para o impasse europeu chegaram a ser aventadas, com o intuito de solucionar definitivamente os problemas de financiamento nos países periféricos em dificuldades, o agravamento da desconfiança de agentes de mercado, e o eventual contágio para bancos e outras economias centrais da área. Mas nenhuma delas foi capaz, até o momento, de contar com o apoio necessário dos vários membros do bloco, graças à diversidade de interesses e objetivos dos envolvidos. E quanto mais tempo se leva para solucionar a questão na Europa, maior é a deterioração do “sentimento” global, maior a necessidade de aporte de recursos para cobrir o rombo dos insolventes, mais para baixo projeções de crescimento econômico vão sendo revistas, e maior é o risco de que a deterioração atinja economias até então mais saudáveis. Já está claro que o aspecto mais assustador deste episódio não está propriamente em um evento extremo em um dos periféricos envolvidos nos planos de resgate até agora – que possivelmente, por serem relativamente pequenos, não afetariam drasticamente a economia global. Mas sim na eventual contaminação irremediável para outros países mais centrais (leia-se, importantes no contexto global) na eventualidade de default em um dos periféricos. De fato, a probabilidade de transformação das crises soberanas (como foi o caso de Portugal, Irlanda e Grécia, até então) em um “evento de crédito” (ou seja, problemas mais amplos envolvendo bancos e/ou sistemas financeiros de maneira mais generalizada) vem crescendo. O exemplo do banco franco-belga Dexia, o primeiro banco europeu (fora dos periféricos) a ser nacionalizado nas últimas semanas, é uma pequena amostra deste aumento de probabilidade, elevando assim o risco de uma crise mais disseminada e profunda, similar ao que foi o episódio visto em 2008/2009. Vale lembrar que este não é nosso cenário base, mas à medida que quadros assim drásticos vão ganhando terreno, aumenta o pessimismo e a chance de que se tornem autorrealizáveis. A grande crítica de economistas e investidores tem recaído sobre a lentidão em se alcançar soluções. É necessário que as atuais políticas adotadas por dirigentes da Zona do Euro, União Européia e FMI possam se transformar em políticas que, ao invés de buscar apenas acalmar os mercados e reduzir a incerteza momentaneamente, solucionem de maneira irrevogável os problemas financeiros. Tradicionalmente, a literatura de crises econômicas propõe que a melhor estratégia a ser empregada é algo conhecido na linguagem militar (e que foi nos últimos tempos apropriada pelos economistas) como “shock and awe”, cuja tradução livre seria algo como “choque e pavor”. Na prática, como abordagem de crises, isto equivaleria a surpreender fortemente os agentes de mercado na elaboração de planos de contenção de recessões ou deteriorações econômicas, garantindo um efeito surpresa e assim minimizando drasticamente incertezas e temores. Pelo contrário, o estilo até o momento das medidas adotadas é sempre “muito pouco, e muito tarde”. Não cabe a este a nós aqui – nem temos tal pretensão – apontar a grande solução para as dificuldades que vem sendo vivenciadas na Europa. Mas, até para o observador leigo, fica transparente que nada do que foi implementado até este ponto é a chave do problema. Talvez, a “panaceia” (para usar uma palavra que tem sido exaustivamente empregada por analistas, jornalistas e formuladores de políticas nas últimas semanas) destes tempos turbulentos passe pela saída de alguns membros do que hoje conhecemos como Zona do Euro ou, no extremo oposto, pelo fortalecimento da integração regional, abdicando da soberania de suas políticas fiscais em prol de maior unidade e de um maior rigor da gestão dos orçamentos públicos. Mas, novamente, fica aqui um grande “talvez”... Em setembro, o cenário para o mercado de renda variável permaneceu bastante difícil. Na Europa, a Grécia voltou a ser o foco das atenções gerando muita incerteza nos mercados. Além disso, a expectativa de um crescimento abaixo do potencial nos Estados Unidos por um longo período e as incertezas sobre uma desaceleração da economia chinesa aumentaram o clima de incerteza. Com este cenário instável, a bolsa brasileira registrou mais um mês de queda, com Ibovespa e o IBX se desvalorizando 4,5% e 7,4%, respectivamente. Destaque negativo para a performance das empresas do setor de construção civil. O Boletim Financeiro é desenvolvido pela Icatu Vanguarda Administração de Recursos Ltda. para fins de circulação privada e com propósito meramente informativo. As análises contidas neste documento foram realizadas em caráter de estrita boa-fé a partir de informações e dados obtidos de fontes consideradas confiáveis e, dessa forma, as opiniões ora demonstradas podem ser modificadas a qualquer tempo, sem prévia comunicação. A Icatu Vanguarda Administração de Recursos Ltda. não assume qualquer responsabilidade por quaisquer decisões de investimento, baseadas neste documento, não constituindo o mesmo em sugestão e/ou expectativa de investimento ou performance. Este documento está atualizado até a presente data, não se comprometendo a Icatu Vanguarda Administração de Recursos Ltda. em efetuar atualizações de novas informações ou eventos futuros. FUNDOS DE INVESTIMENTO - GESTÃO ICATU VANGUARDA ADMINISTRAÇÃO RECURSOS SET-11 set/11 Últimos 12 Meses Últimos 24 Meses Últimos 36 Meses Últimos 60 Meses 'Acum. 2011 2010 2009 2008 2007 set/11 ago/11 jul/11 Referenciado Icatu Vanguarda Referenciado Selic FI % Selic 11.19% 97.34% 21.22% 97.22% 34.38% 96.55% 67.20% 95.61% 8.47% 97.27% 9.51% 97.31% 9.66% 97.08% 11.86% 95.08% 11.39% 95.85% 0.91% 96.59% 1.05% 97.73% 0.95% 97.92% R$ 134,769,624 0.50% - Renda Fixa Icatu Vanguarda Renda Fixa FI % Selic 11.58% 100.72% 21.81% 99.89% 35.27% 99.04% 68.15% 96.97% 8.74% 100.35% 9.76% 99.92% 9.89% 99.44% 11.83% 94.87% 10.77% 90.65% 0.96% 102.22% 1.18% 109.47% 0.95% 98.44% R$ 58,996,848 0.50% - Icatu Vanguarda Crédito Privado RF LP % CDI 11.84% 103.18% 22.94% 105.36% 37.14% 104.83% 72.54% 103.82% 8.97% 103.24% 10.19% 104.60% 10.81% 109.20% 12.13% 98.10% 12.06% 102.02% 0.98% 104.20% 1.14% 106.29% 1.01% 104.39% R$ 163,011,903 0.50% - Icatu Vanguarda Renda Fixa Real FI Versus IMA - C 15.68% -0.28% 33.72% -0.97% 51.03% -2.40% 123.53% -7.51% 9.77% 0.12% 22.36% -1.13% 9.27% -0.61% 13.78% -0.88% 23.69% -1.18% 1.88% 0.11% 1.10% 0.10% 0.48% 0.04% R$ 70,602,615 0.25% - Icatu Vanguarda GOLD FIRF % CDI 11.80% 102.87% 22.24% 102.16% - - 8.94% 102.81% 9.93% 101.88% 4.32% 98.50% - - 0.98% 104.59% 1.17% 109.44% 0.98% 101.09% R$ 149,942,524 0.15% - Icatu Vanguarda IPC GOLD FIRF Versus IMA - B 5+ 16.46% -0.10% 33.03% -0.63% - - 8.47% -0.04% 21.30% -0.55% 5.47% -0.30% - - -0.35% -0.07% 6.90% 0.01% 0.23% 0.06% R$ 102,932,065 0.25% - Icatu Vanguarda FIC IPC GOLD FIRF Versus IMA - B 5+ 15.83% -0.74% 31.80% -1.85% 62.63% -8.10% 95.37% -11.53% 7.99% -0.51% 20.75% -1.11% 20.75% -2.76% 6.05% -1.44% 10.34% 1.13% -0.40% -0.12% 6.79% -0.10% 0.19% 0.02% R$ 74,678,600 0.50% - Icatu Vanguarda IPC GOLD PLUS FIRF Versus IMA - B 5 16.89% -0.25% 30.12% -0.69% - - 12.97% -0.18% 12.73% -0.31% 3.46% -0.14% - - 1.69% 0.03% 3.94% 0.03% 1.23% -0.03% R$ 395,192,286 0.25% - - - - - 12.44% -0.71% 1.33% -0.09% - - - 1.65% -0.02% 3.84% -0.06% 1.18% -0.08% R$ 84,996,579 0.50% - Multimercado Macro Icatu Vanguarda Advanced Institucional FI Multimercado % CDI 9.65% 84.09% 18.99% 87.24% 32.52% 91.78% 73.32% 104.95% 7.27% 83.61% 8.79% 90.24% 10.18% 102.87% 12.52% 101.20% 14.85% 125.58% 0.77% 82.23% 1.05% 97.99% 0.69% 71.39% R$ 17,302,693 0.75% 20% (CDI) Ações IBX Ativo Icatu Vanguarda Ações IBX FI (*) Versus IBX Médio / Fechamento(*) -26.70% -9.19% -17.15% -9.24% -2.10% -11.13% 31.18% -21.16% -26.86% -7.91% 1.95% -0.67% 73.37% 0.54% -42.73% -0.92% 45.62% -2.73% -7.42% -2.87% -4.93% -0.76% -6.44% -1.42% R$ 38,225,327 0.35% - Ações Dividendos Icatu Vanguarda Dividendos FI em Ações (*) Versus IBX Médio / Fechamento(*) -3.20% 14.31% 9.77% 17.67% 27.96% 18.93% - -6.54% 12.41% 7.75% 5.14% 58.35% -14.49% -34.43% 7.38% 47.05% -1.30% -2.45% 2.10% -3.02% 1.15% -3.29% 1.72% R$ 63,114,527 1.00% - Long And Short - Neutro Icatu Vanguarda Long Short FI Multimercado % CDI 2.57% 22.41% 11.29% 51.87% 25.92% 73.16% - 1.22% 14.00% 7.54% 77.42% 10.21% 103.19% 16.42% 133.29% - 0.33% 35.20% -0.18% -16.50% -0.06% -5.94% R$ 5,026,195 1.50% 20% (CDI) Indicadores Financeiros Selic CDI Dólar Comercial TR Poupança IGP-M IGP-M + 6% a.a. IMA - C (Ref : IGPM) IMA - B (Ref : IPCA) IMA-B 5 + (Ref.: IPCA) IBX Fechamento Ibovespa Fechamento 11.50% 11.47% 9.46% 1.21% 7.45% 7.46% 13.91% 15.96% 16.67% 16.56% -17.51% -24.64% 21.83% 21.77% 4.29% 1.74% 14.67% 15.81% 30.10% 34.69% 31.81% 33.65% -7.91% -14.94% 35.61% 35.43% -3.13% 3.04% 23.31% 15.36% 37.36% 53.42% 62.57% 70.73% 9.03% 5.62% 70.28% 69.87% -14.71% 6.07% 43.06% 36.91% 83.00% 131.04% 110.70% 130.72% 52.17% 43.55% 8.71% 8.69% 11.30% 0.99% 5.62% 4.15% 8.80% 9.65% 10.75% 8.51% -18.95% -24.50% 9.77% 9.74% -4.31% 0.69% 6.90% 11.32% 17.97% 23.50% 17.04% 21.85% 2.62% 1.04% 9.95% 9.90% -25.49% 0.71% 6.92% -1.71% 4.14% 9.88% 18.95% 23.52% 72.84% 82.66% 12.47% 12.37% 31.94% 1.63% 7.90% 9.81% 16.45% 14.65% 11.03% 7.50% -41.77% -41.22% 11.88% 11.82% -17.15% 1.45% 7.70% 7.75% 14.16% 24.87% 14.04% 19.10% 47.83% 43.65% 0.94% 0.94% 16.83% 0.10% 0.60% 0.65% 1.14% 1.76% 0.66% -0.28% -4.55% -7.38% 1.07% 1.07% 1.99% 0.21% 0.71% 0.44% 0.98% 1.00% 5.43% 6.89% -4.17% -3.96% 0.97% 0.97% -0.31% 0.12% 0.62% -0.12% 0.37% 0.43% 0.67% 0.17% -5.01% -5.74% ICATU Vanguarda FIC IPC GOLD PLUS RF Versus IMA - B 5 Patrimônio Líquido - Tx Adm. (a.a.) Tx Perf. (a.a.)** - Este documento foi elaborado pela Icatu Vanguarda com fins meramente informativos. Apesar do cuidado utilizado tanto na obtenção quanto no manuseio das informações apresentadas, a Icatu Vanguarda não se responsabiliza pela publicação acidental de informações incorretas, nem tampouco por decisões de investimentos tomadas com base nas informações contidas neste documento, as quais podem inclusive ser modificadas sem comunicação. Fundos de investimento não contam com garantia do administrador do fundo, do gestor da carteira, de qualquer mecanismo de seguro ou, ainda, do fundo garantidor de créditos - FGC. A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura. Para avaliação da performance dos fundos é recomendável uma análise de período mínimo de 12(doze) meses. Ao investidor é recomendada a leitura cuidadosa do prospecto e do regulamento do fundo ao aplicar seus recursos. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. (*) Em atendimento à Instrução CVM nº 465, desde 02/05/08, este fundo deixou de apurar sua rentabilidade com base na cotação média das ações e passou a fazê-lo com base na cotação de fechamento. Assim comparações de rentabilidade devem utilizar, para períodos anteriores a 02/05/08, a cotação média dos índices de ações e, para períodos posteriores a esta data, a cotação de fechamento. 1