Ano 01 – nº 02 – junho de 2006 – ISSN 18094589 P. 14 a 15 _________________________________________________________________________________________________________ Autoritarismo em sala de aula: banir ou moderar? Ana Alice Pires da Silva1 Freqüentemente nos deparamos com vários livros e artigos publicados sobre a educação. São pedagogos e educadores, profissionais da área da educação que se preocupam em repassar, discutir, com os docentes, ou ainda discentes suas práticas sobre o melhor método de ensino. Estudos teóricos são trabalhados principalmente nos cursos de licenciatura (por exemplo, Pedagogia, Letras...) e também para quem optar por estes, em seus cursos de formação inicial. Analisando as várias tendências pedagógicas na prática escolar, verificamos algumas mudanças desde a tendência liberal tradicional, onde o professor era o responsável para ensinar a análise e para os alunos ficava o dever de decorar o que lhes era repassado, ou seja, contemplar a sabedoria do professor. De acordo com Lukesi (1994) em sua obra “Filosofia da educação”, os Intelectualistas criticavam essa tendência como o método de enciclopédia, onde os alunos deveriam saber exatamente o que havia nos livros. Hoje percebemos, com mais freqüência, a prática da Pedagogia Progressista, que vem com seus célebres representantes como Paulo Freire e sua Pedagogia Libertadora abrindo novos horizontes na história da educação. Paulo Freire trabalhava com os temas geradores, uma dialética a partir da realidade do educando. Outro representante é Freinet trazendo pela primeira vez a idéia de grupo, uma educação que de acordo com Libâneo, reúne defensores da autogestão pedagógica, uma tendência Progressista Libertária,com um sentido expressamente político. E por fim a tendência Crítico-Social dos Conteúdos, uma educação com base nas condições existentes, no interesse, na realidade e no meio em que o educando convive, isto é, o Ser no mundo do educando. Essa tendência teve como pioneiro o russo Makarenko e no Brasil quem desenvolve pesquisas nessa área é Saviani, além de outros. Agora imagine uma educação, ou essas tendências sendo praticadas em sala de aula com alunos considerados "rebeldes" ou com os adolescentes! Será que seria possível sem ser um pouquinho autoritário? Com essa análise, fica nossa discussão no sentido de esclarecer os conceitos de autoritário ou autoritarismo. Autoritário não no sentido popular de severo, bravo, mas que o educador ou professor tenha o 1 Acadêmica do curso de Filosofia IV semestre – [email protected] Ano 01 – nº 02 – junho de 2006 – ISSN 18094589 P. 14 a 15 _________________________________________________________________________________________________________ seu lugar garantido, ou seja, alguém que tem experiências, formação para compartilhar com os educandos, um mediador do conhecimento, e por esta razão se reveste de autoridade. Ao realizar essa reflexão, chegamos a um ponto que converge para a autoridade. A educação Liberal era extremamente rude, em outras palavras, passava dos limites, mas imaginamos hoje uma educação, ou uma Pedagogia Libertadora como a de Paulo Freire, a Pedagogia Libertária de Freinet com espírito de grupo ou ainda, a Crítico-Social dos conteúdos, com alunos considerados "rebeldes" ou a idade considerada crítica, a adolescência, sem um pouquinho de autoritarismo. Impossível, não?É por isso que o título propõe a reflexão: o autoritarismo em sala de aula tem que ser banido ou apenas moderado? Isso fica e critério do leitor, da reflexão provocada com esse artigo. Torna-se evidente assim, que a prática da filosofia é essencial, pois a filosofia tem importância imensurável na discusão dos problemas humanos, sendo a mediadora da discusão, em especial e na proposta presente, uma vez que possibilita uma epistemologia da educação, baseada na análise da história da humanidade, apostando no presente, realidade que se constrói com uma preocupação antropológica/cosmológica com vistas a construção da utopia. Através da práxis filosófica, da reflexão sobre qual é a melhor formação de alunos com senso crítico e professores preocupados com a pedagogia a ser aplicada, ou seja, que conhecem as teorias e as vinculam como transformação social, que saberão fazer essa distinção entre as duas faces do autoritarismo ou talvez, não ser autoritário(a), mas construir uma relação de autoridade. Referências: GADOTI, Moacir. Pensamento Pedagógico Brasileiro, 7° ed., Editora Ática,2001. LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação, São Paulo. Cortez,1994. SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: Polêmicas do nosso tempo,29 °ed., São Paulo,1995.