texto 3 VALESKA]

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS
HABILITAÇÃO PORTUGUÊS/INGLÊS
Resumo Texto 3
Avaliação educacional escolar:
para além do autoritarismo
Trabalho acadêmico apresentado por
Nilfan Fernandes da Silva Júnior como
requisito parcial de avaliação da
disciplina Práticas em Língua Inglesa VI
ministrada pela professora Valeska
Virgínia Soares Souza.
UBERABA – MG
Outubro de 2010
Resumo: Avaliação educacional escolar: para além do autoritarismo.
Este texto de Luckesi é uma oportunidade de ordenar e sistematizar a
prática da avaliação escolar. O propósito é discutir a respeito do autoritarismo
no contexto da avaliação escolar e, deste modo, propor novas maneiras e
técnicas para lidar com este importante procedimento em sala de aula.
O que temos que entender primeiramente é que a avaliação não está
inserida num vazio e sim num contexto pedagógico de teorias e práticas. O que
ocorre atualmente é o uso dessa ferramenta de ensino como uma atividade
neutra, inconsciente. A prática predominante hoje é o autoritarismo. A
avaliação está inserida dentro de um modelo teórico de conservação e
reprodução da sociedade. Uma vez que o sistema se engaja com o
autoritarismo, daí a prática da avaliação também se manifestar de forma
autoritária. Dessa forma o autor quer derrubar esses entendimentos autoritários
e rígidos e, dessa forma, propõe um rompimento, situando-se num outro
contexto pedagógico, ou seja, a avaliação é entendida como um mecanismo de
transformação social.
A avaliação da aprendizagem escolar no Brasil, hoje, está a serviço de uma
pedagogia predominantemente identificada como um modelo social liberal
conservador. O sistema é liberal, pois é advindo de uma burguesia
revolucionária desde a Revolução Francesa, que possui seus ideais dentro do
liberalismo. Este seria o conceito da igualdade e liberdade de todo indivíduo
perante a lei. As pedagogias hegemônicas subseqüentes estiveram ainda a
serviço deste mesmo modelo social, criando uma espécie de tradicionalismo
conservador. Diz-se, portanto, que este modelo liberal conservador produziu
três pedagogias diferentes: a tradicional (centrada na transmissão de conteúdo
pela parte do professor), a renovada ou escolanovista (centrada na
espontaneidade da produção de conhecimento) e a tecnicista (centrada nos
meios técnicos de transmissão e apreensão dos conteúdos). Através destes
três métodos tentou-se produzir uma equalização social. Contudo, isso não
rendeu esse desejado efeito já que este modelo social não o permitia. Era
preciso, para tanto, um outro modelo social. Assim sendo, foi surgindo uma
nova pedagogia e uma nova maneira de pensar o aprendizado escolar.
Contamos, então, com a chamada pedagogia libertadora (fundada e inspirada
pelos pensamentos de Paulo Freire, centrada na transformação através da
emancipação das camadas populares), pedagogia libertária (anti-autoritária, vê
a escola como um instrumento de conscientização e organização dos
educandos) e pedagogia dos conteúdos socioculturais (centrada na idéia de
igualdade e oportunidade para todos no processo de educação). Enquanto de
um lado estariam as pedagogias de domesticação, de conservação e
reprodução de conceitos, o outro lado estaria preocupado com a humanização,
com a reflexão e emancipação do sujeito. Cada grupo de pedagogia reflete em
sua avaliação os seus princípios. A do modelo liberal conservador será
autoritária, rígida quanto aos enquadramentos e parâmetros estabelecidos, ao
contrário da avaliação das outras pedagogias que estão centradas na
transformação e autonomia do aluno. Neste contexto, a avaliação deverá
manifestar-se como um mecanismo diagnóstico e não como uma situação de
estagnação disciplinadora.
Para o autor, a avaliação pode ser caracterizada como uma forma de
ajuizamento da qualidade do objeto avaliado. Em outras palavras, a avaliação é
um julgamento de valor que se destina a medir qualitativamente uma dada
manifestação da realidade de ensino. Seguindo a prática autoritária, a
avaliação é um componente de decisão somente relacionado ao professor. Ela
é apenas classificatória, generalista. Com essas funções a avaliação se torna
um instrumento estático, contra o processo de crescimento. Com a função
diagnóstica, proposta pelas novas pedagogias, constitui-se num processo de
constante desenvolvimento para a autonomia.
A avaliação da pedagogia autoritária acumula muitos erros que facilitam o
total controle autoritário por parte do professor. O professor, desse modo, pode
se utilizar de livre arbitrariedade na correção das avaliações. Por exemplo, a
definição do que é importante daquilo que não é, fica na dependência do
arbítrio do professor, de seu estado psicológico, etc. Esta prática pode se
constituir ainda num meio hostil para os alunos, numa espécie de separação
entre aqueles que são bons (que tiram notas boas) e aqueles que não o são.
Isso ainda se traduz numa falta de ética quando o professor diminui o padrão
de exigência quando se quer aprovar alguém, ou aumenta, no caso contrário.
O que não ocorre é uma padronização de juízo, uma maneira objetiva de se
tratar a avaliação. Além disso, a comunicação daquilo que se pede também é
outro fator de desnivelamento. O enunciado de um teste, por exemplo, pode
não estar suficientemente claro para o aluno, mas o professor, com toda a sua
autoridade, sempre tenderá a dizer que a razão é sua, e não a do aluno. Outro
erro apontado é a utilização da avaliação como um mecanismo de disciplina de
condutas. Quem nunca ouviu aquela frase: Ou você se comporta ou eu tirarei
pontos? Na função dessa pedagogia obsoleta, o professor é sempre o sujeito
do poder e o aluno é sempre o oprimido.
Portanto, o que se pretende é uma mudança de atitudes pedagógicas. É
preciso uma conscientização das práticas pedagógicas e, por conseguinte, das
práticas de avaliação. Para que a avaliação assuma seu papel de instrumento
diagnóstico, é preciso uma pedagogia de transformação social e não de
conservação. Para tanto, a avaliação deve ser tomada como um instrumento
de mudança, de interesse de dados “relevantes” e não de uma manifestação
do acaso ou do simples humor do professor. Portanto, como proceder nesse
novo processo? Isso dependerá de cada professor, de das suas reais
competências e de sua conscientização. De acordo com as palavras do próprio
autor:
Um educador, que se preocupe com que a sua prática
educacional esteja voltada para a transformação, não poderá
agir inconsciente e irrefletidamente. (...) A avaliação, neste
contexto, não poderá ser uma ação mecânica. Ao contrário,
terá de ser uma atividade realmente definida (...) a favor da
competência de todos para a participação democrática da vida
social. (p. 46)
A avaliação deverá verificar a aprendizagem real do aluno, garantir seu
crescimento para a autonomia, garantir a democracia, uma prática de uma
nova consciência, de uma nova maneira de se pensar a realidade educacional.
Referência bibliográfica:
*LUCKESI, Cipriano, C. Capitulo II: Avaliação educacional escolar: para além do autoritarismo. In: ________.
Avaliação da aprendizagem escolar. 7 ed. São Paulo: Cortez, 1998 [1994]. P. 27-47.
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