celeiros - UNESDOC

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COLECÇÃO DE HABILIDADES PARA A vn)A
CELEIROS E
COMERCIALIZAÇAO
Leda Hugo
Leda Hugo
Colecção de Habilidades para a Vida
CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
Livro adoptado pelo Ministério da Educação e Cultura da República
de Moçambique para uso em todos os Centros de Alfabetização e
Educação de Adultos.
Titulo
Colecção de Habilidades para
Celeiros e Comercialização
a Vida
Autora
Leda Hugo
Editora
Plural Editores
<C> Copyright PORTO EDITORA, LDA.
MOÇAMBIQUE
AV. 24 de Julho, 414
Maputo
Telef. : 2148 68 28
Fax: 21 48 68 29
E-mail: [email protected] .mz
2008
INLD: 5609/RLINLD/08
ISBN
978 -972 -0-09036 -2
Execução gráfica: Bloco Gráfico, Lda. • R. da Restauração, 387 4050-506 PORTO · PORTUGAL
fndice ~
ÍNDICE
Prefácio
4
4. Que produtos podem ser produzidos e
vendidos para gerar rendimentos?
5. Como são determinados os preços de
I-CELEIROS
1. Termos frequentemente usados
2. A importância dos celeiros na
conservação e comercialização
dos produtos agrícolas
5
6
7
16
18
II- COMERCIALIZAÇÃO
25
2. Como a comercialização agrícola pode
gerar rendimentos para o produtor ou ser
uma alternativa para o auto-emprego?
25
26
32
32
9. Como calcular os custos de
comercialização?
da colheita usando as datas e o calendário 19
3. Regras de comercialização
29
8. As unidades de medida na comercialização
dos produtos agrícolas
6. Planificar a colheita e a própria aplicação
1. O que é a comercialização agrícola?
fornecidos pelo serviço de
informação de mercado?
venda dos produtos agrícolas?
5. Celeiros: ambiente de conservação
e armazenamento
29
7. Como calcular o preço médio de
4. Produtos agrícolas que podem ser
armazenados em celeiros
mercado na comercialização dos
produtos agrícolas?
6. Como interpretar os preços
3. Os diferentes tipos de celeiros,
sua construção e técnicas simples para
melhorar a sua eficiência
27
33
10. Cálculos de custos de comercialização
e margens de lucro dos produtos
agrícolas
35
11. Como os produtores podem usar a
informação de mercado para obterem
melhores preços?
36
12. Como projectar os preços de vários
anos e entender o impacto da inflação
sobre os preços?
37
13. Procedimentos e regras para a
obtenção de financiamentos para a
comercialização agrícola
38
3
-
•!> CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
PREFÁCIO
Neste livro pretende-se dar informação sobre os
procedimentos correctos na colheita, manuseamento, armazenamento e comercialização de produtos agrícolas, dando ênfase aos métodos tradicionalmente usados no meio rural, para os grãos
de cereais e legumes secos. Sempre que possível,
fazem-se referências aos métodos simples e de
baixo custo que podem ser usados para melhorar
a eficiência dos métodos de armazenagem e
comercialização mais comuns no meio rural.
Também, sempre que possível, as práticas inapropriadas e inaceitáveis são indicadas e métodos
4
melhores são sugeridos. Assim, neste livro, tentase sublinhar que, para reduzir as perdas de
cereais após a colheita e estender a sua disponibilidade para o consumo da família, bem como
para posterior comercialização, quando os preços
de comercialização são mais altos, o produtor e o
comerciante precisam de saber como conservar,
armazenar e comercializar os seus produtos.
O livro está organizado em dois títulos- celeiros e comercialização - e cada um está subdividido em vários subtítulos.
1. Termos frequentemente usados
->
I- CELEIROS
1. TERMOS FREQUENTEMENTE USADOS
Humidade: O estado de um produto que con-
Temperatura: Trata-se do estado de calor ou frio
tém água quando a quantidade desta nele contida não é tão óbvia. Assim, quando um produto
contém água, mas não parece tê-la, usa-se a
palavra humidade para descrever esse estado.
Por exemplo, o grão dos cereais pode não parecer conter água, mas ainda a contém. A água
contida no grão é denominada humidade. Este
mesmo grão pode conter diferentes níveis de
humidade; quando o grão acaba de ser colhido,
contém ainda muita humidade, mas, à medida
que seca no campo, perde alguma quantidade
de água, pelo que o teor de humidade torna-se
mais baixo .
de um objecto. Quando falamos do estado de calor
ou frio do ar à nossa volta, falamos de temperatura
do ar. Objectos como os grãos de cereais ficam
quentes quando é aplicado calor, e frios quando o
calor é removido . A temperatura é geralmente
medida com o termómetro. O termómetro é geralmente marcado em graus centígrados (°C).
O ar contém também humidade, sob a forma de
vapor. O ar pode ainda conter diferentes teores de
humidade conforme o estado do tempo . Por
exemplo, quando o ar está quente,, pode conter
mais humidade do que quando está frio. Assim, à
noite, quando o tempo arrefece, especialmente
depois de numa tarde bem quente, o ar, não
podendo conter toda a humidade que continha
quando estava quente, deixa que o excesso de
humidade caia sob a forma de cacimba, sobre as
plantas e objectos.
Humidade relativa: É medida em percentagem
da quantidade de humidade actualmente existente
no ar num particular momento, comparado com a
quantidade máxima de humidade que esse ar pode
conter àquela temperatura. O ar nem sempre contém toda a humidade que pode conter. Quando o
ar contém tanta humidade tanto quanto aquela
que pode conter, diz-se que a humidade relativa é
de 100%- assim, a chuva está prestes a cair. Mas,
quando este contém menos humidade, o valor
é menor do que 100% (80%, por exemplo),
podendo o ar ainda conter mais humidade.
Energia solar: Trata-se do calor produzido
pelo sol.
Hermeticamente fechado: Fechado de tal modo
que o ar não possa entrar nem sair.
5
~ CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
2. A IMPORTÂNCIA DOS CELEIROS NA CONSERVAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO
DOS PRODUTOS AGRÍCOlAS
Em Moçambique e particularmente no meio rural,
grande parte do grão produzido pelo camponês e
pelo pequeno agricultor é guardado para o consumo
da farrúlia ou para ser comercializado, devendo ser
armazenado em celeiros. Os celeiros podem tomar
variadas formas, desde silos a grandes recipientes de
barro ou palha, casas ou compartimentos de uma
casa de habitação rural e tamanhos variados. Os
celeiros podem também conter os cereais e/ou os
legumes em forma de espigas ou vagens secas, respectivamente, ou em forma de grãos, isto após a
debulha e a limpeza das espigas/vagens.
Fig. 2 - Secagem de espigas de mapira
Fig. 1 - Espigas e grãos de milho numa esteira de secagem
6
Devemos então aprender sobre como manusear
ou armazenar os produtos agrícolas porque:
l. Em Moçambique, os produtos agrícolas, base
da nossa alimentação, são produzidos fundamentalmente pelos camponeses e pequenos
agricultores. Estes dependem exclusivamente
dos produtos da agricultura para o seu sustento e aquisição de bens e serviços, que só
podem adquirir se tiverem dinheiro.
2. As perdas dos produtos agrícolas após a
colheita são comuns. Produtos como os frutos e
3. Os diferentes tipos de celeiros, sua construção e técnicas simples para melhorar a sua eficiência
os vegetais, assim que amadurecem, têm de ser
colhidos, consumidos ou vendidos tão depressa
quanto possível. O que não é consumido nem
vendido apodrece e é deitado fora. Comparativamente, os tubérculos e as raízes frescas que
não sejam logo usadas deterioram-se e são também jogadas fora. Por outro lado, o grão dos
cereais e dos legumes (feijões), que são colhidos
quando maduros e secos e podem ser armazenados por períodos de tempo mais longos, são
susceptíveis ao ataque de insectos, ratos e crescimento de bolores.
3. Em qualquer um dos três tipos de produtos,
as perdas e as deteriorações dos produtos
significam, para o camponês e para o
pequeno agricultor, que trabalhou tão dura-
~
mente para os produzir, menos alimentos e
nutrientes para a família , bem como menos
dinheiro arrecadado pela venda dos produtos produzidos. Nestas condições, também o
valor dos produtos no mercado e a aceitação
dos mesmos pelo consumidor são muito
baixos.
4. Assim, o camponês, o pequeno agricultor e o
comerciante de produtos agríColas, em qualquer nível da cadeia de comercialização, precisam não só de minimizar as perdas mas
também de vender os produtos a preços
mais altos. Assumimos, pois, que isto significa colocar o produto no mercado mais conveniente e vendê-lo também no momento e
a preço mais conveniente.
3. OS DIFERENTES TIPOS DE CELEIROS, SUA CONSTRUÇÃO
E TÉCNICAS SIMPLES PARA MELHORAR A SUA EFICIÊNCIA
3.1. Silos de barro ou celeiros
melhorados
3.1.1. Uso
Para reduzir o nível de perdas e aumentar o
período de conservação dos cereais e permitir
que em períodos de carência alimentar haja disponibilidade de alimentos, bem como a possibi-
lidade de venda a melhores preços, existe agora
uma nova tecnologia que é eficaz na conservação
dos cereais para o sector familiar. São os silos de
barro ou celeiros melhorados, que permitem
guardar sem perigo de perda o milho e a mapira
que a família consome durante o ano e lhe dá
oportunidade de vender o seu produto na época
de maior procura por um preço mais elevado .
7
~ CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
3.1.2. Construção
Quanto custa um silo de barro
(ce_leiro melhorado)?
O custo de materiais, como cimento, varas de
ferro, arame, estacas, cadeados, é cerca de
700,00 Mt, para o transporte cerca de 150,00 Mt
e a remuneração do pedreiro cerca de 350,00 Mt.
Portanto, o total de custos é cerca de 1200,00 Mt.
A comparticipação do dono do celeiro é na produção dos tijolos de barro e da cobertura do
celeiro.
Quais são os benefícios do celeiro
melhorado?
Os celeiros recomendados pelo sector de agricultura têm a capacidade de 1 ton, o que corresponde
a 72 latas de milho (em média, esta quantidade de
milho é colhida numa área de 1 ha). Comparemos
as receitas do milho vendido logo depois da
colheita com as do milho armazenado no celeiro
melhorado e vendido lá para o fim do ano:
• Depois da colheita (Março/Abril), o milho
custa cerca de 40,00 Mt a lata, isto é, aproximadamente 2880,00 Mt/ton;
• No fim do ano o milho é comprado a 80100,00 Mt a lata, o que corresponde a aproximadamente 5760,00 Mt a 7200,00 Mt/ton.
Por exemplo, quem tinha em 2005 uma
8
tonelada de milho para venda, recebeu
120,00 Mt por cada lata e amealhou cerca de
8640 Mt.
As receitas elevadas da venda de cereais em
finais de cada -ano ou princípios do ano
seguinte só são realizáveis quando o produtor
consegue conservar o seu produto e protegê-lo
do ataque dos gorgulhos e dos roedores.
O celeiro melhorado é a solução!
Especificações técnicas dos celeiros
melhorados
• Capacidade do celeiro: 1 tonelada (72 latas
de milho de 20 litros)
• Base circular: de betão armado, espessura
6-7 cm, diámetro 130 cm
• Cobertura circular: betão armado, espessura
5 cm, diâmetro 130 cm
• Parede circular: tijolos burro trapezoidais,
secados ao ar
• Altura da parede circular: 185 cm
• Altura interior do celeiro: 180 cm
• Maticação de barro da parede circular por
fora e por dentro
• Postigo de carga e de manutenção 35 x 50 cm,
fechável a cadeado
3. Os diferentes tipos de celeiros, sua construção e técnicas simples para melhorar a sua eficiência o>
• Janela de descarga de cimento, 10 x 15 cm,
fechável a cadeado
• Machessa ou alpendre de protecção
Cobenura de betao com tampa
rectangular de 35 x 45 cm, com pega
+t-+-- Parede cillndrica (180 cm) de tijolos de
barro secos. Forma dos tijolos: trapezoida
Maticação interna e externa das paredes
com barro
180
Anéis de arame de 3 mm 0, integrados
nas paredes em 30, 60 e 90 cm de altura
Procedimentos:
• Juntar materiais locais
• Fazer tijolos de barro segundo orientação do
pedreiro
• Ajudar o pedreiro na construção do celeiro
• Construir machessa de protecção
3.1.3. Resumo das vantagens dos celeiros
Melhorados (de BARRO)
• Baixo custo de construção e manutenção longa durabilidade;
• Oferece protecção absoluta contra roedores e
insectos (inclusive BMC = Prostephanus truncatus, broca maior dos cereais)
• Permite fumigação em caso de necessidade
~lOOcm~
~l20cm~
Fig. 3 - Celeiro melhorado de cereais, com base e
cobertura de betão armado.
Materiais de construção
• 1 1h saco de cimento (250 Mt I saco)
• 6 m de ferro de construção nervurado (8 mm)
• 2 m de vara lisa de 6 mm
• 12m de arame galvanizado de 3 mm
• 2 cadeados para janelas de carga e descarga
• 8 estacas de 3 m para a machessa ou alpendre
• Conduz a humidade residual do cereal para
fora, sem provocar condensação
• Garante a conservação do grão reservado para
o consumo da família até à colheita seguinte
• Permite ao produtor conservar o grão destinado para a venda até ao momento dos preços mais elevados
3.1.4. Técnicas simples que podem ser
usadas para melhorar a sua eficiência
A qualidade da armazenagem do silo de barro
(celeiro melhorado) depende de factores como a
9
$ CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
sua natureza de estruturas semi-herméticas e à
"prova" de água e ratos. Assim, estes podem ser
feitos mais eficientes com a aplicação das seguintes medidas:
• pintar as paredes externas com tinta de óleo
ou resinas para selar as paredes e reflectir o
calor do sol;
• fazer as paredes do silo com "ferrocimento",
um tipo de betão reforçado;
• colocar dispositivos contra os ratos, tais como
as saias metálicas ou reflectores/armadilhas
nas pernas da plataforma, para proteger os
celeiros dos ratos ;
• secar bem o grão ao sol (até aos ll-13% de
humidade), antes de o armazenar no celeiro
de barro, pois, de contrário, ocorre o crescimento de fungos, que deteriorará o grão;
• fazer o tratamento com calor para controlar
os insectos, imediatamente depois de encher,
fechar e selar o silo, aquecendo moderadamente (50-52 oc durante cerca de duas horas
por dia) durante três a quatro dias com lume
brando feito debaixo do celeiro;
• durante o período de armazenamento, tentar
manter mais ou menos uniformes a temperatura e a humidade do cereal e controlar as
reinfestações de insectos e roedores, mantendo as aberturas bem fechadas e seladas.
10
3.2. Espigueiros ou celeiros feitos
de paus, bambus ou palha
(celeiro tradicional)
3.2.1. Uso
Os espigueiros ou celeiros de paus, bambus ou
palha são também especificamente usados para o
armaZenamento de cereais em espigas, isto é,
cereais não debulhados.
Têm as vantagens de serem de fácil construção e
de muito baixo custo, mas as desvantagens de serem
de difícil manejo, permissíveis aos ataques de gorgulhos, ratos e outros, de terem pouca durabilidade e
terem um período de conservação limitado e curto.
3.2.2. Construção do celeiro
O celeiro deve ser construído:
• Afastado da machamba para evitar que os insectos e ratos passem da machamba para o celeiro
após a colheita e do celeiro para a machamba.
• Num local limpo de capim e sujidades para
não atrair ratos e insectos.
• Sem ramos de árvores por cima para evitar
que os ratos saltem para o celeiro .
Partes do celeiro tradicional (palha, bambu,
estacas e outras)
• Base do celeiro
Para construir um celeiro tradicional
melhorado, monta-se a base do celeiro mais
3. Os diferentes tipos de celeiros, sua construção e técnicas simples para melhorar a sua eficiência o>
elevada, colocando-se protecções contra
ratos a um metro de distância do chão em
cada uma das estacas.
• Corpo do celeiro
O celeiro tradicional melhorado deve ter o
seu corpo completamente maticado por dentro e por fora, por baixo e por cima, para
evitar a entrada de insectos, ratos e outros
animais.
O corpo do celeiro pode ser feito de diversos materiais, como bambu, tijolos, estacas
ou qualquer material usado localmente; deve
possuir uma portinhola de entrada para a
limpeza e enchimento (uma vez o celeiro
cheio deve-se cobrir e maticar a porta de
entrada) e uma de saída para retirar o produto durante o ano (fechar sempre após utilização).
• Cobertura do celeiro
O celeiro tradicional melhorado deve levar
uma cobertura mais larga do que a normal
de forma a proteger o celeiro da água da
chuva durante o período de ventos fortes.
A cobertura pode ser amarrada às estacas
existentes; quando há necessidade de novas
estacas, estas devem levar protecção contra
ratos da mesma altura que as outras protecções.
3.2.3. Técnicas simples que podem ser
usadas para melhorar a sua eficiência
Os espigueiros são muito eficazes, particularmente para o armazenamento do milho. Contudo, podem ser melhorados com a aplicação
das seguintes medidas:
• Construir armadilhas contra os ratos, sobre
as pernas de suporte da plataforma para prevenir o ataque de ratos.
• Pintar as pernas de suporte da plataforma
com óleo queimado, incluindo a parte da
altura da perna que está enterrada no solo
para controlar o ataque das térmitas.
3.3. Cestos ou estruturas feitas
de cordas, bambu ou palha
entrançados
3.3.1. Uso
Os cestos são
usados especificamente para o
armazenamento
de grãos, isto é, de
cereais depois de
debulhados,
limpos e secos.
Fig. 4- - Cesto para armazenamento de grão
11 -
+ CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
3.3.2. Construção
Os cestos são feitos de material disponível
localmente, geralmente cordas, bambu ou palha
entrançados. São geralmente feitos em forma
arredondada ou rectangular e colocados sobre
plataformas simples.
Os cestos são compostos, geralmente, por duas
partes: a secção principal, que constitui o corpo
do cesto e onde se coloca o grão e a parte superior, que é a tampa do cesto . Em cima desta
tampa, os cestos levam um tecto, geralmente
feito de bambus e coberto de capim ou chapas
de zinco . A plataforma que sustém os cestos
pode ter de meio a um metro de altura.
Os cestos podem durar de um a dois anos, mas
podem durar mais tempo se forem feitas as substituições das cordas nas partes danificadas. A capacidade dos cestos pode variar de 200 a 800 kg de
milho, após a debulha.
Os cestos de armazenamento do grão devem
ser guardados dentro da casa de habitação ou
numa das casas para a protecção e segurança.
Para facilitar a descarga de grão, deve-se inserir
uma lata vazia, aberta dos dois lados, na base
do cesto. A parte da lata que sobressai do cesto
pode ser amarrada com plástico ou tapada com
uma rolha, que pode ser retirada sempre que se
deseje.
12
3.3.3. Técnicas simples que podem ser
usadas para melhorar a sua eficiência
• Os cestos podem ser maticados por fora com
terra, barro ou estrume de vaca, para tomá-los herméticos e desencorajar insectos.
• Inspeccionar os grãos armazenados em cada
6 a 8 semanas, para garantir que o grão é
armazenado em boas condições e remover do
cesto, limpar e ressecar, tanto o grão como o
cesto antes do rearmazenamento.
3.4. Celeiros metálicos
3.4.1. Uso e construção
Os celeiros metálicos são usados especificamente para o armazenamento de grãos, isto é, de
cereais depois de debulhados, limpos e secos e
por um período longo, geralmente superior a
seis meses.
Têm sido feitos silos metálicos a partir de chapas
de zinco, geralmente com l mm de espessura.
Têm duas aberturas: uma no topo para enchimento e outra na base para descarga. O silos
metálicos estão sujeitos a variações de temperatura e humidade, o que pode danificar os cereais
se não houver cuidado no seu armazenamento.
3. Os diferentes tipos de celeiros, sua construção e técnicas simples para melhorar a sua eficiência •>
Em Moçambique, o milho é a principal cultura
e a mais armazenada em celeiros. Daí a importância dada nesta metodologia de conservação.
Fig . 5 - Silo metálico
Fig. 6 - Espigas de milho
3.5. Melhorar a conservação dos
produtos
Estima-se que, após o árduo trabalho na
machamba, o camponês do sector familiar sofre
em média uma perda de 30 a 40% dos cereais
que produz. Esta perda dá-se, principalmente,
durante o período de secagem dos produtos na
machamba e de armazenamento nos celeiros.
Os cereais ao serem armazenados estão vivos e
são afectados pela chuva, por insectos, pássaros,
macacos, ratos ou fungos. Da mesma forma que
o ser humano e os animais domésticos se protegem das agressões do meio ambiente, temos de
proteger os cereais da humidade, dos insectos e
dos animais selvagens.
Para se evitar tais perdas é necessário que se
tomem certas medidas, a saber:
a) Na machamba
Colher na época certa
O tempo de permanência do produto na
machamba deve ser o menor possível, para evitar
o ataque dos insectos, pássaros e animais selvagens; portanto, colher o produto logo que esteja
seco ou, então, logo que esteja maduro, deixando-o secar junto de casa.
Defender da humidade
Na cultura do milho, por exemplo, quando
este fica a secar na machamba, virar a maçaroca
13
.00 CELEIROS E COMERCIAUZAÇÃO
para baixo, para evitar que a água da chuva
penetre e provoque a infestação de fungos.
Outras
Semear na época certa para que a colheita seja
feita no período seco. Escolher as sementes de
variedades de milho cujas maçarocas tenham ficado
totalmente cobertas com a camisa para evitar que
a chuva e os insectos atinjam os grãos. Fazer a
rotação de culturas para evitar que os insectos se
multipliquem na machamba em campanha.
b) No celeiro
Limpar o celeiro
• Limpar e manter livre do capim um espaço
de pelo menos 5 metros à volta do celeiro,
para evitar a aproximação de animais e insectos.
• Entre uma campanha e outra, esvaziar o
celeiro. Usar fumo para afugentar os insectos
que podem ter ficado no interior, para que
estes não ataquem os produtos da nova
colheita.
Seleccionar o produto antes de armazenar
• Armazenar somente os produtos livres de
insectos e fungos, para evitar a sua introdução e reprodução dentro do celeiro.
• Certificar-se de que os produtos estão bem
-
14
secos para evitar o aparecimento e o aumento
de insectos e fungos.
• Guardar os produtos livres de impurezas e de
grãos quebrados.
• O produto atacado que não é aproveitável
para o consumo deve ser queimado para destruição dos ovos e insectos que aí existam.
• Verificar regularmente o estado do produto
dentro do celeiro e, em caso de existência de
insectos ou fungos, deixar o produto ao sol
para afugentar os insectos e reduzir a humidade.
• Plantar eucaliptos no quintal para afugentar
os insectos.
• Colocar camadas de folhas de eucaliptos nos
celeiros para afugentar os insectos ou misturar piripíri, tabaco, cinza ... aos produtos no
celeiro.
• Utilizar cães e gatos para eliminar os ratos.
• Construir um novo tipo de celeiro.
3.6. Armazenamento do grão em sacos
3.6.1. Uso
Os sacos são geralmente usados para o armazenamento do grão de cereais, particularmente
quando este se destina à comercialização e/ou
transporte. Note-se que, grande parte do grão
3. Os diferentes tipos de celeiros, sua construção e técnicas simples para melhorar a sua eficiência <c.
produzido pelos camponeses e pequenos agricultores acaba nas mãos dos comerciantes, por
quem é comercializado e geralmente armazenado
em sacos.
são caros e não duram mais de duas épocas de
colheita. Contudo, apresenta a vantagem de os
sacos poderem ser facilmente movidos e marcados
para identificar o tipo de grão e data de armazenamento. O grão pode ser facilmente usado, sem,
todavia, ser necessário expor todo o lote de grão
armazenado, como também não precisa de estruturas especiais de armazenamento.
3.6.3. Técnicas simples que podem ser
usadas para o armazenamento
dos grãos em sacos
• Secar bem o grão (até cerca de 11-13% de
humidade).
Fig. 7 - Grão ensacado para comercialização
3.6.2. Construção/Material
Os sacos podem ser feitos de algodão, juta, sisai
ou ráfia. Contudo, por causa da porosidade dos
materiais (dos espaços entre as malhas), estes não
protegem o grão armazenado da humidade do ar,
dos insectos e dos roedores; e consequentemente,
o grão é facilmente atacado por bolores, insectos
e roedores.
Note-se também que a armazenagem em sacos é
ligeiramente mais cara, porque os próprios sacos
• Lavar, ferver e secar os sacos antes de voltar a
usá-los.
• Depois de enchidos e selados, os sacos devem
ser empilhados sobre plataformas para impedir
que absorvam humidade do chão e permitir a
circulação do ar em baixo e entre os sacos.
• Inspeccionar semanalmente os sacos para
garantir que o grão é armazenado em boas
condições. Inspeccionar o saco significa: abri-lo, meter a mão na massa de grão e avaliar a
temperatura, a humidade, o cheiro e cor do
grão, bem como, inspeccionar a existência de
furos causados por insectos ou ratos.
• Armazenar os sacos em local seco, fresco e livre
de rachas e buracos no tecto, chão e paredes.
15
~ CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
• Antes de armazenar o grão da nova colheita,
remover do armazém todos os sacos da colheita
anterior e limpar completamente o armazém.
• Em caso de infestação do grão dos sacos da
colheita, abrir todos os sacos, peneirar para
remover insectos, queimar os insectos e o
grão severamente infestados e secar o grão ao
sol antes de ensacá-lo de novo.
armazenar grandes quantidades de grão são geralmente usados para armazenar sementes.
3. 7. Outros tipos de recipientes usados
para o armazenamento do grão
Outros tipos de recipientes incluem os potes de
barro, as cabaças e frascos/garrafas. Contudo,
como estes não são suficientemente grandes para
Fig. 8 - Potes de barro
4. PRODUTOS AGRÍCOLAS QUE PODEM SER ARMAZENADOS EM CELEIROS
Os produtos agrícolas que podem ser armazenados em celeiros são os cereais (milho, arroz,
mapira e mexoeira), os grãos, também secos, de
feijões e ervilhas (feijão comum, bóer, nhemba,
oloko, etc.) e as raízes e tubérculos secos (mandioca seca, batata-doce seca, etc.). Para produtos
como estes, os produtores podem decidir armazená-los, à espera que os preços aumentem, do
que vendê-los algum tempo depois da colheita,
quando os preços são muito baixos e podem não
16
cobrir os custos de produção e comercialização.
Assim, quando os preços sobem, eles podem
tirar os produtos do celeiro para vender. Deve-se,
todavia, ter em conta que o armazenamento tem
custos.
Por outro lado, a lucratividade da armazenagem depende geralmente da quantidade da
colheita. Quando a quantidade da colheita é
grande, os preços podem não ser altos e a armazenagem pode também não ser lucrativa. Por
4. Produtos agrícolas que podem ser armazenados em
outro lado, quando a quantidade da colheita é
baixa, os preços podem subir muito e os produtores que tiverem armazenado os seus produtos poderão vendê-los a preços mais altos e
obter maiores lucros. Contudo, os produtores e
comerciantes podem obter dos serviços de
extensão do Estado os dados sobre os preços
sazonais de várias culturas e usá-los para sua
orientação .
Os produtores de culturas perecíveis, tais como
os frutos, o tomate, os feijões verdes e hortaliças,
apresentam, infelizmente, poucas alternativas
sobre o momento da sua venda. Estes poderão,
contudo, adiar a colheita por poucos dias, mas,
basicamente, têm de vender os produtos assim
que estes amadurecem.
celeiros ~
Fig. 9 - Bananas
Fig. 1O- Tomates e cebolas
Fig. 11 - Legumes diversos
17
PMLLHVCC - 02
•> CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
Manual pós-alfabetização+
5. CELEIROS: AMBIENTE DE CONSERVAÇÃO E ARMAZENAMENTO O ambiente do local onde o celeiro está colocado
tem grande influência na taxa de deterioração do
grão. Onde as altas temperaturas e humidade relativa prevalecem, o crescimento de fungos e insectos é favorecido, enquanto nas regiões onde prevalecem baixas temperaturas e humidade relativa
(frias e secas) a deterioração dos grãos armazenados é mínima.
O crescimento dos fungos e insectos no grão
armazenado relaciona-se também com o método de
armazenamento usado. Por exemplo, durante a
estação chuvosa, o milho em espiga armazenado ao
ar livre absorve humidade mais rapidamente do que
o milho armazenado em grão, num silo de barro.
O material ou estrutura usados para o armazenamento de grãos não deve transferir facilmente para
o interior do celeiro as mudanças de temperatura e
humidade do meio ambiente exterior nem transmitir cheiro ou cor ao grão armazenado.
O celeiro também deve estar num local bem drenado, longe de zonas susceptíveis de alagamento e
onde passe a corrente de ar, devendo ainda ser
protegido da acção directa dos raios solares. Se
possível, deve ser pintado de branco, para permitir
que as paredes reflictam a luz do sol.
O celeiro (todas as paredes do celeiro) deve ser à
prova de ratos (resistente à entrada de ratos) e de
18
água da chuva, o que pode ser conseguido durante
a construção, usando material de construção à
prova de água, ou, mais tarde, através do reboco
ou rnaticagem. Deve ainda ser à prova de ar (herméticas), o que se pode conseguir mantendo todos
os buracos, rachas e aberturas nos celeiros, silos e
armazéns completamente fechados e selados.
Quando os grãos são mantidos secos, sem ar e
frescos, os bolores e insectos ficam impedidos de
crescer e de se multiplicar neles, pois precisam de
oxigénio (do ar), água (humidade dos alimentos) e
calor (temperatura do ambiente) para viver e se
multiplicar.
O celeiro ou estrutura escolhidos para o armazenamento dos cereais ou feijões secos deve ser
capaz de proteger estes produtos dos insectos,
pássaros, ratos e outros animais, assim como
das poeiras; deve também ser capaz de manter
constantes a temperatura e a humidade do grão
- mudanças de temperatura e humidade do
ambiente fora do celeiro não devem afectar a
temperatura e a humidade do grão.
Manter o grão armazenado e a área de armazenagem, bem como os espaços à volta, sempre
limpos desencoraja os insectos e os ratos e ajuda
a prevenir incêndios em caso de queimadas em
áreas em redor do celeiro. Isto inclui, por exemplo,
fazer a limpeza do celeiro, do quintal e dos cami-
6. Planificar a colheita e a própria aplicação da colheita usando as datas e o calendário <o
nhos próximos à casa e/ou ao celeiro, deitar os restolhos e outro tipo de palhas e materiais em lugares apropriados e evitar fazer queimadas, mesmo
que controladas, em áreas próximas dos celeiros.
As vantagens e desvantagens de cada tipo de
celeiros são as seguintes:
• Os silos de barro ou celeiros melhorados
têm um baixo custo de construção e manutenção e longa durabilidade; permitem uma
melhor conservação dos cereais (protegendo
da humidade, dos roedores e insectos)
garantindo a conservação do grão para consumo até à colheita seguinte ou para venda
até ao momento de preços mais elevados.
• Os celeiros de paus, bambus ou palha (celeiros tradicionais) são de muito fácil construção
e muito baixo custo, mas são permissíveis aos
ataques de gorgulhos e roedores. Além disso,
a conservação dos cereais é limitada.
• Os celeiros metálicos têm uma aplicação
menos prática em termos familiares, são usados para armazenamento de cereais por um
período superior a 6 meses; são sujeitos a
variações de temperatura e humidade, o que
pode danificar os cereais se não se tomar as
devidas precauções.
6. PLANIFICAR A COLHEITA E A PRÓPRIA APLICAÇÃO
DA COLHEITA USANDO AS DATAS E O CALENDARIO
Para planificar a colheita e a própria aplicação da
colheita, o produtor precisa de um calendário
anual (ver figura 12 na página 24), de um gráfico ou
tabela dos preços dos mercados grossistas e retalhistas locais do ano anterior (Gráfico 1) e de um
mapa de projecção do preço do milho no mercado
grossista local nos últimos 2-3 anos (Gráfico 2).
Sublinha-se que a planificação deve ser feita
usando como referência um ano normal, pois este
representa a tendência normal dos preços.
Contudo, o produtor pode, ocasionalmente, esperar um ou mais factores não usuais que, resultarão
em mais ou menos dinheiro do que se pode esperar.
Assim, suponha que a cultura de rendimento é
o milho e que este milho é de uma variedade
com ciclo de produção de quatro meses, contados a partir da germinação. Após a colheita este
milho precisa de um mês ao sol para a secagem
e de outro mês para a debulha, a secagem e o
armazenamento do grão e este mesmo grão
pode ser armazenado sem grandes perdas por
pouco mais de cinco meses.
Considere ainda que o SIMA (Serviços de Informação de Mercadorias), anunciou os preços de
19
•> CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
venda a grosso e a retalho do milho do ano anterior, como indica o gráfico l.
Preços
emMTn
14
l3
12
ll
lO
9
.........,_ Preço do armazenista
---+- Preço no mercado
urbano
8
7
6
5
4~~~----------------------~~
l 2 3 4 5 6 7 8 9 lO ll 12
Meses
Gráfico 1 - Preços dos mercados grossistas e retalhistas
locais do ano anterior
A variação do preço do milho nos últimos
2-3 anos está indicada no gráfico 2.
Preços
emMTn
18,0
16,0
14,0
12 ,0
1o' o.c.---<~
8 ,0
6,0
4 ,0
2,0
o~--~~~--~~~~~~--~~
J F M A M J J A S O N D
Meses
Gráfico 2 - Projecção de preços de vários anos
20
Com base no ciclo de produção desta variedade
de milho, na área cultivada e no rendimento esperado, o produtor marca no calendário anual os
seguintes períodos (usando diferentes cores para
cada um): a produção, a colheita, a secagem, a
debulha e a secagem do grão para armazenamento.
Observando o gráfico com a tendência dos preços dos últimos 2-3 anos, verificamos que o produtor decide que vai vender os seus produtos
numa altura em que os preços são mais altos e
marca no calendário anual o período em que
quer comercializar o seu milho.
No período compreendido entre o armazenamento do milho e a comercialização, o milho
deve estar no celeiro ou silo e este período não
deve exceder os 6 meses. O período de armazenamento deve ser também marcado no calendário anual.
Assim, supondo que o produtor decide vender o
seu milho no período de Set./Out. , o produtor
reprograma todas as actividades em função deste
período, inclusive a data da sementeira. O produtor deve ter uma conta o período das chuvas e
decidir se armazena ou não armazena a produção
e, se armazena: como, onde e por quanto tempo?
O produtor pode observar no gráfico l qual era
o preço do milho no mercado no mesmo período
e em que período o preço foi mais alto .
O produtor pode também ver qual foi o preço
no mercado grossista, quando o preço no mer-
6. Planificar a colheita e a própria aplicação da colheita usando as datas e o calendário •:•
cada urbano (retalhista) era de ll Mt. Então,
se, por exemplo, o preço no mercado grossista
era de 8 Mt, quando o preço no mercado retalhista era de l l Mt, o produtor pode usar este
valor como o mínimo que deve obter nas suas
negociações com os comerciantes locais, ou pelo
contrário, ele vai vender no mercado urbano ou
estender o armazenamento por mais algum tempo
esperando melhor preço.
Como nas previsões da campanha do ano anterior, o produtor pode também prever como esta
campanha se poderá comportar no presente ano
e marcar no gráfico 2 as suas previsões sobre as
principais tendências dos preços para a presente
campanha . Assim, deve marcar uma segunda
linha curva, usando uma cor diferente.
Observe a tabela técnica que se segue (páginas 22
e 23). Poderá ser bastante útil para o seu dia-a-dia.
AVALIAÇÃO
Agora que chegámos ao fim desta unidade, vamos ver se é capaz de responder às seguintes perguntas:
1. Como se chamam os locais onde devem ser armazenados os cereais?
2. Que tipo de celeiros conhece?
3. Que medidas podem ser usadas para controlar os insectos nos grãos?
4. Que medidas podem ser usadas para controlar os ratos nos grãos?
5. Que técnicas conhece para o armazenamento dos grãos em sacos?
6. Que produtos agrícolas podem ser armazenados em celeiros?
7. De que precisa um produtor para planificar a colheita?
8. O que é o SIMA? Para que serve?
21
-> CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
Quantidade
Transplante
semente
viveiro
Abóbora
Flat White Boer
3 kg/ha
Aboborinha Waltham Butternut
2 a 3 kg/ha
Alface
Great Lakes 659
250 gr/ha
25 a 30 dias
Black Beauty
900 gr/ha
30 a 40 dias
Beringela
30 a 40 dias
900 gr/ha
Long Purple
Texas Grano
1,5 a 3 kg lha
45 a 60 dias
Cebola
Red Creole
1,5 a 3 kg lha
60 dias
Chantenay
Red
Cored
4
a
5
kg/ha
Cenoura
-Nantes
4 a 5 kg/ha
28 a 35 dias
Tronchuda Portuguesa
400 gr/ha
Couve
400 gr/ha
28 a 35 dias
Galega
China Granat
250 gr /ha - directa 2,5 kg/ha
Ervilha
Dark Skin Peifection
60kg
Feijão Verde Contender
50 a 70 kg
2 a 3 kg/ha
Sugar Baby
Melancia
Crimson Sweet
3 kg/ha - 2 a 3 cm profundidade
Charleston
3 kg/ha - 2 a 3 cm profundidade
Ashley
2 kg/ha - 2 a 3 cm profundidade
Pepino
45 a 60 dias
Pimento
Califórnia Won der
1 kg/ha
Piri-piri
30 a 40 dias
Malagueta
200grih.
Quiabo
Clemson Spineless
8 kg/ha
30 a 35 dias
Gloria F.l Hybrid
400 a SOO gr /ha
Repolho
rCopenhagen Market
400 a SOO gr/ha
30 a 35 dias
KK Cross F.l Hybrid
250 a 300 gr/ha
30 a 35 dias
30 a 35 dias
RomaVFN
250 a 300 gr /ha
Tomate
B
•300g,/h_
a
_
30 a 35 dias
Cal]
O a 300 gr/ha
30 a 35 dias
Campbell 37VF
Semente
Variedade
..
t-
=t
~ ---~
--=----r
F
22
Compasso entre
Linhas
Plantas
200-250 cm
200-250 cm
60-90 cm
70-100 cm
25 -30 cm
35 -40 cm
ou 70 cm
60
SOem
SOem
60-65 cm
25 -30 cm
15-20cm
25 -30 cm
15 -20 cm
20-25 cm
0,5 -1 cm
20-25 cm
0,5 -1 cm
35 -40 cm
45 -50 cm
-30-35 cm
30-35 cm
20-25 cm
20-25 cm
90 cm
Sem
45-50 cm
7-8 cm
150-200 cm
150-200 cm
200-250 cm
200-250 cm
200-250 cm
200-250 cm
100-150cm
100-150 cm
55 -60 cm
45 -50 cm
45 -50 cm
80-90 cm
50-60 cm
40-50 cm
45 -50 cm
45 -50 cm
45 -50 cm
40-50 cm
50-60 cm
50-60 cm
~
90-120 cm
90-120 cm
90-120 cm
90-100 cm
90-100 cm
90-100 cm
6. Planificar a colheita e a própria aplicação da colheita usando as datas e o calendário
~
(continuação)
Semente
Abóbora
Aboborinha
Alface
Beringela
Cebola
Cenoura
Couve
Ervilha
Feijão Verde
Melancia
Pepino
Pimento
Piri-piri
Quiabo
Repolho
Tomate
Ciclo
vegetativo
50-80 dias
85 dias
30-35 dias
Rendimento
T
70 dias - precoce
80 dias
120 dias - precoce
130 dias
80 a 110 dias
65 a 70 dias
45 dias
45-50 dias
45 -50 dias
60 a 70 dias
45 a 50 dias
80-90 dias
80-90 dias
80-90 dias
65 dias
45-50 dias
80 dias
60 dias
7 5 dias/ semiprecoce
65 a 70 dias
80-90 dias
90 dias
90 dias
90 dias
12 ton/ha
11 a 16 ton/ha
12 a 15 ton/ha
15 ton/ha
30 a 40 ton/ha
12 a 20 ton/ha
12 a 16 ton/ha
15 ton/hab
15 ton/ha
10 ton/ha
8 a 10 ton/ha
20 a 30 ton/ha
7 a 9 ton/ha
7 a 9 ton/ha
20 a 25 ton/ha
20 a 25 ton/ha
20 a 25 ton/ha
4 a 5 ton/ha
12 ton/ha
Observações
=i
6 frutos grandes por planta
Colher logo s_ue o fruto tiver boa cor
Resistente contra a podridão da raiz
Resistente à armazenagem
--<
-·
Multiplicação vegetativa
Cada pesa 1 ,5 a 2 kg
______ -------<
Resistente ao Mosaico e Oidio
Resistente
Resistente
Resistente
Resistente
Resistente
à seca
a Antracnose e Fusarium
a Antracnose, Fusarium e ao sol
ao Mildio e Mosaico
a Viroses - 5 a 6 frutos/planta
----1
5 a 7 ton/ha
30 a 35 ton/ha
12 a 14 ton/hal
12 ton/ha
12 a 14 ton/ha
15 a 16 ton/ha
16 ton/ha
16 ton/ha
Possibilidade de consorciar
Tolerância ao Xanthomonas e Fusarium
Resistente a altas temperaturas
--!
Resistente a Vericillium, Fusarium e Nemstode
Resistente a Vericillium e Fusarium
Resistente a Vericillium, Fusarium e transporte
23
+ CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
FEVEREIRO
JANEIRO
s
ABRIL
T
1
7
8
14 21 28
15 22 29
4
11
18 25
3
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5
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1
8
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Q
Q
2
9
16 23 30
6
13 20 27
5
12 19 26
2
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s
s
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12 19 26
2
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16 23
1
8
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5
12 19 26
D
6
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3
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2
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16 23 30
6
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18 25
JUNHO
MAIO
28
AGOSTO
JULHO
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2
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Q
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6
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OUTUBRO
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2
NOVEMBRO
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DEZEMBRO
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12 19 26
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12 19 26
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18 25
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14 21 28
5
12 19 26
2
9
16 23 30
7
Fig. 12 - Calendário Anual Qaneiro a Dezembro de 2008 )
24
MARÇO
28
2. Como a comercialização agrícola pode gerar rendimentos para o produtor ou ser uma alternativa para o auto-emprego? •!•
II - COMERCIALIZAÇÃO
L O QUE É A COMERCIALIZAÇÃO
AGRÍCOLA?
A comercialização agrícola é a actividade de
compra e venda de produtos agrícolas que
resulta na transferência dos produtos da machamba do produtor (camponês) para o consumidor.
Fig. 13 - Cereais à venda
2. COMO A COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA PODE GERAR RENDIMENTOS
PARA O PRODUTOR OU SER UMA ALTERNATIVA PARA O AUTO-EMPREGO?
A comercialização dos produtos agrícolas permite que o agricultor/produtor/camponês, que
vive da agricultura, obtenha rendimentos pela
venda dos produtos da sua própria machamba e
com este dinheiro/rendimento obter/comprar
bens e serviços de que necessita para si e sua
família.
A comercialização faz com que o agricultor/
produtor/camponês produza mais e com qualidade mais elevada, porque vendendo mais dos
seus produtos pode comprar mais insumos agrícolas e serviços para aumentar a produção e arrecadar cada vez mais dinheiro.
A comercialização pode ser uma alternativa
para o auto-emprego, tanto para o produtor
como para o comerciante nos diferentes níveis da
cadeia de comercialização.
Se o produtor destinar a sua produção à comercialização, deve utilizar as técnicas modernas de
produção e de mercado, de modo a arrecadar
lucros razoáveis que o incentivem a continuar a
actividade de produção para a comercialização.
Se o comerciante exerce o negócio da comercialização dos produtos agrícolas, não para fornecer serviços aos produtores, mas sim para
obter lucros razoáveis para si e sua família, deve
25
•> CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
esforçar-se por obter um lucro razoável, isto é, um
lucro que seja um incentivo para que continue no
negócio.
Se o lucro obtido se situar abaixo de um certo
valor, tanto o produtor como o comerciante
podem optar por canalizar os seus esforços, o seu
dinheiro e tempo para outras actividades mais
lucrativas.
Fig. 14 - Comerciante de legumes
3. REGRAS DE COMERCIALIZAÇÃO
Para que o produtor seja bem-sucedido na venda
dos seus produtos agrícolas , existem algumas
regras básicas de comercialização que deverão ser
seguidas:
• Saber o custo total do produto - pode dividir-se
em custo de produção, que são todos os custos
ligados directamente à produção agrícola (custos dos insumos, dos instrumentos agrícolas, da
matéria-prima, etc.), e em custo de comercialização, que são todos os custos ligados ao
comércio das colheitas (custos de transporte
para o mercado, das embalagens, etc.);
• Saber o lucro a ter com a venda - somar ao
custo total por unidade de produto o lucro
que quer obter por cada unidade vendida.
26
Outra forma de o fazer será saber o preço de
venda máximo que os consumidores poderão
dar pelo produto, retirar a esse valor o custo
total por unidade e assim terá obtido o seu
lucro. Se optar pela primeira forma de cálculo
do lucro, assegure-se que o preço de venda
não é muito alto. Por outro lado, determine o
seu lucro a pensar no dinheiro que deverá ter
para, entre outras despesas, comprar insumos
para a época seguinte;
• Comercializar os seus produtos no mercado
local - sempre que possível, os produtores
deverão vender os seus produtos no mercado
local onde estão concentrados os restantes
produtores. Desta maneira, poderão juntar-se
4. Que produtos podem ser produzidos e vendidos para gerar rendimentos?
com outros produtores e dividir, por exemplo,
o transporte dos produtos. São formas de poupar custos. Será aí onde os consumidores e retalhistas irão procurar os produtos para comprar;
<-
• Os produtos têm de ter qualidade - se vender
produtos sem qualidade, os compradores vão
comprar uma vez mas não comprarão mais.
4. QUE PRODUTOS PODEM SER PRODUZIDOS E VENDIDOS PARA GERAR
RENDIMENTOS?
Todos os produtos agrícolas podem ser vendidos para gerar rendimentos. Mas, se se comparar
individualmente os preços praticados pelo produtor com os preços praticados pelo comerciante
retalhista de cada um dos produtos, deve ser
colocada a seguinte questão: quais são aqueles
produtos agrícolas que geram rendimentos mais
altos e que práticas pode o produtor adoptar para
aumentar o valor de comercialização dos seus
produtos agrícolas?
Deste modo, de entre as várias medidas que
podem ser adoptadas, o produtor pode, por
exemplo:
a) decidir que produto ou produtos produzir e,
dos produtos seleccionados, escolher para
comercialização as melhores variedades;
b) decidir se produz este(s) ou aquele(s) produto(s) dentro ou fora de época;
Fig. 15 - Batata-doce
c) decidir sobre a quem, onde, quando e a que
preço vender os seus produtos;
d) melhorar a apresentação do seu produto, isto
é, limpar, seleccionar e classificar os melhores produtos da sua produção, para deste
modo obter preços mais altos pelos mesmos
produtos.
27
~ CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
28
Exemplos
a) Um produtor de feijão nhemba (cowpea,
Vigna unguiculata) tem de decidir se será
melhor substituir esta cultura pelo arroz
como cultura para comercialização.
Para tal, este precisa de ter a certeza sobre
onde e como este arroz vai ser comercializado e quais serão os custos de produção .
Supondo que os custos e níveis de produção
do arroz são razoáveis, mas os custos de
comercialização são muitos altos, o produtor
conclui que o rendimento da cultura do arroz
não justifica mais custos. Então, decide não
produzir arroz e continuar a produzir feijão
comum, porque esta cultura é mais lucrativa.
b) Supondo que na presente campanha os
níveis de colheita de feijão nhemba na região
do produtor serão altos mas que o preço de
comercialização poderá baixar, este pode
decidir produzir feijão nhemba fora de época
para poder vender no período em que os
preços são mais altos. Para tal, não querendo
usar novas variedades, o produtor terá de
considerar os custos adicionais da produção
em estufas, da rega e de produtos químicos
para o controlo de pragas. Supondo então
que, apesar destes custos, os rendimentos da
comercialização são mais altos, o produtor
decide fazer os investimentos adicionais para
produzir feijão nhemba fora de época.
c) Um produtor que produz mapira para a
comercialização pretende saber se vale a pena
mandar a mapira da sua produção para
venda no mercado urbano, isto é, se o preço
da mapira no mercado urbano cobre também
os custos de comercialização (tais como o
transporte, manuseamento e taxas de mercado).
Supõe-se que este produz 500 kg de mapira,
que o custo de produção de mapira foi de
4000 Mt, e os custos de comercialização ,
incluindo o transporte, armazenamento,
manuseamento e taxas de mercado totalizam
os 2000 Mt. O preço da mapira no mercado
urbano é de 20 Mtlkg e no mercado local
custa somente lO Mt/kg.
• Assim, se o produtor vende a mapira no mercado local, ele arrecada 5000 Mt. Este valor
cobrirá os custos de produção e o produtor
obtém ainda um lucro de 1000 Mt pelo que
pode decidir vender o produto no mercado
local.
• Mas se o produtor decidir vender a mapira no
mercado urbano, este arrecadará da venda do
produto lO 000 Mt e obterá um lucro mais
alto, de 4000 Mt. Obviamente que este produtor decide vender a mapira da sua produção no mercado urbano porque obtém lucros
mais altos.
6. Como interpretar os preços fornecidos pelo serviço de informação de mercado? •>
d)
É comum no mercado haver à venda várias
variedades de um mesmo produto e estas
diferirem em termos de apresentação
e preço. O produtor, que tem somente
uma variedade para comercializar, pode
tirar vantagem desta situação. Este poderá
limpar o seu produto, seleccionar por
tamanho e aparência, comparando a aparência dos seus produtos com a das variedades a que os preços se referem e vender
os seus produtos também a preços diferenciados, obtendo preços mais altos.
5. COMO SÃO DETERMINADOS OS PREÇOS DE MERCADO
NA COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS AGRÍCOLAS?
Num sistema de mercado, o preço de um produto é determinado pelo preço de equilíbrio do
mercado. O preço de equilíbrio do mercado é o
preço de venda/compra de um produto que se
estabelece num equilíbrio entre a quantidade de
produtos que os produtores oferecem a um dado
preço e o preço que os consumidores estão dispostos a pagar por essa mesma quantidade. Isto,
assumindo que, no mercado, geralmente, os consumidores querem comprar menos quando o
preço é mais alto e os produtores querem vender
mais quando o preço é mais alto.
6. COMO INTERPRETAR OS PREÇOS FORNECIDOS PELO
SERVIÇO DE INFORMAÇÃO DE MERCADO?
Para interpretar correctamente a informação
disseminada pelo serviço de informação de mercado, os produtores e os consumidores precisam
de saber:
• A que níveis de comercialização a série de
preços se refere?
• A que variedades e a que qualidade o preço
se refere?
• Em que dia e hora os preços foram recolhidos?
--=---
A que níveis de comercialização a série de
preços se refere?
Os preços disseminados pelo serviço de informação do mercado podem ser referentes a preços
do mercado de concentração, preços de compra
no mercado grossista, preços de venda no mercado grossista, preço a retalho e ainda serem
referentes a uma determinada variedade ou qualidade dos produtos.
29
-> CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
Preços do mercado de concentração
Este seria o preço a que, nos mercados de concentração , os comerciantes compram os produtos aos produtores, que depois vendem aos mercados grossistas urbanos e, ocasionalmente, aos
mercados retalhistas e às agro-indústrias. Este
preço é, muitas vezes, mais vantajoso para os
produtores porque é o preço do mercado mais
próximo da machamba do produtor. Por outro
lado, conhecendo este preço, o produtor pode
decidir vender os seus produtos noutro nível de
mercado ou vender directamente aos consumidores em mercados retalhistas.
Preços de compra no mercado grossista
Há pelo menos quatro modalidades de comercialização a grosso:
• O produtor vende os seus produtos ao comerciante grossista que tem representação permanente no mercado, a um preço acordado, e o
grossista, por sua vez, vende o produto aos
retalhistas ou, por vezes, aos consumidores.
• O produtor ou o comerciante consigna os
seus produtos a um agente grossista, localizado no mercado. Este agente vende o produto pelo melhor preço que pode obter,
cobrando ao produtor ou ao comerciante
uma comissão (normalmente, uma percentagem sobre o preço de venda).
30
• O produtor ou o comerciante consigna os
seus produtos ao agente grossista, que leiloa
os produtos ao mais alto licitador e debita ao
produtor ou comerciante uma comissão.
• O produtor ou comerciante leva os seus produtos directamente ao mercado grossista e
vende o produto a partir do seu camião para
revendedores a grosso, retalhistas e, ocasionalmente, a consumidores.
Como se pode ver, não há um preço grossista
uniforme, porque o produto é vendido com
comissão sobre o preço de venda a grosso, que o
agente cobra ao produtor ou ao comerciante.
Preços de venda no mercado grossista
É o preço que o retalhista paga para a compra
do produto a grosso . Este é o preço muitas vezes
divulgado pelos serviços de informação de mercados. Contudo, este preço é de pouco uso para
o produtor porque este fica sem saber qual foi a
margem de lucro aplicada pelo comerciante ou
pelo agente grossista.
Preços a retalho
São os preços que os consumidores pagam
quando fazem compras . Estes preços variam
muito , dependendo de onde o produto é vendido
e do serviço prestado pelo retalhista. Estes preços
6. Como interpretar os preços fornecidos pelo serviço de informação de mercado? •>
são também de pouco uso para o produtor, porque é difícil o produtor estimar o que pode receber do comerciante, na base do preço ao retalhista, particularmente se um produtor vende os
seus produtos a um comerciante, que, por sua
vez, os vende ao grossista, o qual os vende depois
ao retalhista e este ao consumidor.
Assim, os produtores são encorajados a seleccionarem as melhores variedades, bem como a
seleccionarem e a classificarem os melhores produtos da sua produção antes de os venderem,
obtendo, deste modo, os preços mais altos para
cada qualidade.
Variedade e qualidade
O produtor deve saber comparar a qualidade
dos seus produtos com a qualidade da variedade
a que o preço se refere.
É comum haver no mercado várias variedades
à venda de um mesmo produto, que diferem em
termos de apresentação e preço. Muitas vezes, o
serviço de informação de mercado regista e dissemina uma faixa de preços que exclui os preços
para a qualidade péssima e para a melhor qualidade cobre 90% dos produtos vendidos.
Exemplo:
Muitas vezes, os produtores ficam zangados, porque os preços que obtêm são mais
baixos que os reportados pelo serviço de
informação de mercado - a razão para tal é
a qualidade da sua produção, que não é tão
boa se comparada com a qualidade da produção a que os preços se referem.
Fig. 16 - Comércio de produtos agrícolas
31
..,
.:. CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
7. COMO CALCULAR O PREÇO
MÉDIO DE VENDA DOS
PRODUTOS AGRÍCOLAS?
8. AS UNIDADES DE MEDIDA
NA COMERCIALIZAÇÃO
DOS PRODUTOS AGRÍCOLAS
Considere-se o exemplo seguinte, referente a
uma quantidade de l 00 kg de um produto perecível como o tomate:
As unidades de medida para a transacção de
mercados não estão padronizadas. As vendas são
feitas com base em "saco", "caixa", "lata", etc.,
em vez de usar quilogramas. Em muitos lugares,
os tamanhos destes recipientes podem variar de
lugar para lugar. Por exemplo, um saco pode
acondicionar 90 kg de milho numa área e apenas
50 kg noutras áreas. Assim, se os serviços de
informação de mercado divulgam o preço dos
produtos por recipientes, os produtores precisam
certificar-se se estes recipientes são iguais ou não
aos que eles usam.
50 kg vendidos a 4,00 Mt = 200,00 Mt
20 kg vendidos a 3,00 Mt = 60,00 Mt
20 kg vendidos a 2,00 Mt = 40,00 Mt
5 kg vendidos a l ,50 Mt = 7,00 Mt
5 kg que não podem ser vendidos =
Rendimento total
=
307,50 Mt
Então, o preço médio de venda é 307,00 Mt/
100 kg= 3,07 Mtlkg de tomate.
Fig. 17 - Tomate
32
9. Como calcular os custos de comercialização?
~
9. COMO CALCULAR OS CUSTOS DE COMERCIALIZAÇÃO?
Tipos de custos de comercialização
Os custos de comercialização podem causar
grande diferença entre o preço do mercado e o
preço da machamba. Geralmente, os tipos de custos de comercialização de mercado incluem:
• Preparação e embalagem - Estes custos podem
envolver o custo do armazém onde se faz a preparação e embalagem dos produtos, os custos
dos materiais usados para a embalagem dos produtos e os custos da mão-de-obra para a limpeza, classificação e embalagem dos produtos.
• Manuseamento - Envolve os custos da mão-de-obra e, ocasionalmente, do equipamento
usado para embalar e desembalar os produtos, carregar e descarregar, bem como, colocar
e retirar dos armazéns os produtos, em cada
um dos níveis da cadeia de comercialização.
• Transporte - Os custos de transporte que,
normalmente, os transportadores cobram por
quilograma, variam principalmente com a
distância entre o produtor e o mercado, a
qualidade das estradas e, em geral, quanto
maior a distância, quanto mais distantes as
estradas são das estradas principais e quanto
mais intransitáveis são as estradas, mais altos
são os custos de transporte.
• Perdas - As perdas dos produtos são comuns.
Os produtos podem perder peso durante a
armazenagem e o transporte, devido à perda
da humidade, e, deste modo, um quilograma
de um produto vendido ao retalhista não
pode ser comparado ao quilograma do
mesmo produto vendido pelo produtor. Estes
tipos de perdas são maiores para os frutos e
vegetais e tendem a ser maiores nas épocas
do ano de maior "fartura". Contudo, outro
tipo de perdas que também pode ocorrer
refere-se às quebras ou danificação dos produtos ou outras que torna os produtos não
vendíveis. As perdas podem ter um grande
peso nos custos de comercialização.
• Armazenagem - Referentes aos custos decorridos do armazenamento dos produtos entre
o produtor e o mercado , a curto, médio ou
longo prazo.
• Processamento - Os cereais, como o arroz e o
milho, devem ser processados antes de serem
vendidos aos consumidores. Assim, para calcular os custos de comercialização deve ser
considerado o factor de conversão de produto não processado em produto processado
como custo resultante do processamento.
33
PMLLHVCC- 03
~ CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
• Custos financeiros - Podem ser referentes aos
juros pagos sobre o dinheiro que o comerciante pediu emprestado ao banco para operar o negócio de comercialização agrícola ou,
se usou o seu próprio dinheiro, estes serão os
juros que ele estaria a receber se guardasse o
seu dinheiro no banco.
• Taxas - Taxà de trãnsito, taxa de reparação da
estrada, taxa de segurança do parque, taxa de
mercado, taxa de pesagem dos seus produtos,
etc.
• Comissões e pagamentos não oficiais - Relacionados com o desbloqueamento de barreiras
rumo ao mercado, para os carregadores, para
os polícias, para os guardadores de carro, etc.
Sabemos que os comerciantes precisam também de ter lucros. Assim, o preço dos produtos à
porta da machamba é, por isso, o preço de venda
do comerciante menos os custos de comercialização e os lucros do comerciante.
A margem de lucro pode ser calculada como a
diferença entre o preço de compra a grosso e o
preço oferecido pelo comerciante, mais os custos
de comercialização.
34
Fig. 18 - Cocos
1O. Cálculos de custos de comercialização e margens de lucro dos produ1os agrícolas ~
10. CÁLCULOS DE CUSTOS DE COMERCIALIZAÇÃO
E MARGENS DE LUCRO DOS PRODUTOS AGRÍCOLAS
Exemplo do cálculo (típico)
dum custo de comercialização
Assume-se que os comerciantes compram
tomate dos produtores à porta da machamba por
4,00 Mt o quilograma. Os comerciantes embalam o tomate em caixas de madeira contendo
lO kg cada e levam o tomate para o mercado de
venda a grosso onde este é vendido aos retalhistas a um preço de 7,00 Mt/kg. As perdas
somam 10%. Deste modo, eles vendem somente
90% do kg, isto é, 900 gramas por kg comprado
ao produtor.
Assim, o lucro bruto é calculado como se
segue:
Mtpor
kg comprado
Compra do tomate aos produtores (1 kg X 4,00 MTn)
4,00
Embalagem (4,00 Mt: 10 kg)
0,40
Custos de embalagem e manuseamento
0,20
Transporte para o mercado grossista
1,00
Custos relativos ao transporte (controlo policial)
O, 10
Taxas de mercado
0,05
Taxas do agente do mercado
0,03
TOTAL DOS CUSTOS
5,78
Quantidade vendida (0,9 kg x preço de venda médio de 7,00 Mt por kg)
6,30
LUCRO
0,52
35
o> CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
II. COMO OS PRODUTORES PODEM USAR A INFORMAÇÃO
DE MERCADO PARA OBTEREM MELHORES PREÇOS?
Os produtores podem usar a informação de
mercados para:
Verificar os preços que obtêm quando os seus
produtos são enviados ao grossista.
• O grossista obtém o melhor preço para o
produtor?
• O grossista tem sido honesto?
• Que outras razões poderão existir para que o
preço que o produtor obteve seja mais baixo
que o divulgado pelo serviço de informação
de mercado (por exemplo, muito maduro,
muito danificado, muito pequeno)?
Verificar os preços que os produtores obtêm
quando os produtos são vendidos nos mercados
locais.
• O produtor obtém o mesmo preço ou melhor
do que os outros produtores?
36
Exemplo:
Os preços diários ou semanais num mercado
de concentração podem ser visualizados
num gráfico e comparados diária ou semanalmente com o preço do mercado grossista.
Desta forma, os produtores poderiam ser
capazes de obter uma ideia melhor da relação entre os preços divulgados na rádio e os
que provavelmente poderão obter.
Assim, se o serviço de informação de mercado
anuncia que o preço de mercado de venda a grosso
foi de lO Mt, os produtores poderão ver na tabela
ou no gráfico qual foi o preço no mercado de concentração na última vez. Se, por exemplo, foi de
7 Mt, então, eles poderão usar esse indicador
como o mínimo que eles devem obter nas suas
negociações com os comerciantes.
Acompanhar as tendências dos preços.
Calcular os preços à porta da machamba.
• Se o serviço de informação de mercado
divulga que os preços estão a subir, os produtores ficam numa posição mais forte
para negociar os preços com os comerciantes .
• Com conhecimento dos custos de comercialização, os produtores podem converter os preços
que são disseminados pelo serviço de informação de mercado para um preço real à porta da
machamba ou ao preço do mercado local.
12. Como projectar os preços de vários anos e entender o impacto da inflação sobre os preços? •!•
12. COMO PROJECTAR OS PREÇOS DE VÁRIOS ANOS E ENTENDER
O IMPACTO DA INFLAÇÃO SOBRE OS PREÇOS?
---
Entendendo a inflação
Por exemplo, se um produtor vender um saco
de 50 kg de arroz a 200,00 Mt no mês de Maio,
quantos litros de óleo poderá comprar com
aquele valor? Quantos litros de óleo poderá comprar em Novembro, pelo mesmo valor? A inflação
significa que ele comprará menos em Novembro
do que em Maio.
Considere-se o seguinte exemplo, que exige o
entendimento sobre o impacto da inflação na
armazenagem dos produtos agrícolas:
Considere que o milho é colhido em Maio, e que
o produtor tem opção de vender imediatamente .o
milho ou guardá-lo até Novembro, quando espera
preços mais altos:
O preço do milho em Maio é de:
1000,00
O preço do milho em Novembro é de:
1500,00
O aumento do preço é de:
500,00
O custo de armazenagem do produto é de:
200,00
O lucro de armazenagem do produto é de:
300,00
Neste caso, a ideia da armazenagem é boa.
Embora, se calcularmos o preço "real", quer dizer,
o preço ajustado com a inflação, o cálculo muda
drasticamente.
Note-se que o preço "real" é calculado dividindo o preço actual pelo índice de aumento dos
preços. Por exemplo, a 30% de inflação, o preço
"real" é de 1300,00.
Neste caso, assumimos que, no período de Maio
a Novembro, os preços subiram 30%. Então:
O preço do milho em Maio é de:
1000,00
O preço do milho em Novembro é de:
1500,00
O preço "real" do milho em
Novembro é de:
1150,00
O aumento "real" do preço é de:
150,00
O custo de armazenagem do
produto para 6 meses é de:
200,00
A perda Oucro negativo) do produto
na armazenagem é de:
50,00
Neste caso, a ideia da armazenagem já não é
boa, porque temos perdas. É por isso que é
essencial que a inflação seja tomada em conta
quando aconselhamos os produtores sobre a
opção a tomar entre armazenar ou não armazenar.
37
-> CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
13. PROCEDIMENTOS E REGRAS PARA A OBTENÇÃO DE ,
FINANCIAMENTOS PARA A COMERCIALIZAÇAO AGRICOLA
Formas de aquisição de dinheiro
A forma mais comum pela qual os produtores e
comerciantes podem adquirir dinheiro para
suportar os custos da comercialização de produtos agrícolas, através do banco, no meio rural, é
o empréstimo.
O empréstimo, ou, simplesmente, financiamento ou crédito, é a operação através da qual o
banco disponibiliza dinheiro, sendo acordado
em contrato o seu plano de utilização e de amortização, bem como as taxas de juro que são contabilizadas de acordo com o plano de amortização acordado entre as partes.
O empréstimo pode ser feito a pessoas singulares e/ou colectivas, sendo, em ambos os casos,
baseado em assinaturas de documentos e testemunhas.
Importância e funções do banco
(ou outras agências de crédito)
O banco é uma instituição de crédito segura
cujas funções mais comuns são:
a) captar poupanças, constituindo-se no principal destino de poupanças das famílias;
38
Fig. 19 - Banco
13. Procedimentos e regras para a obtenção de financiamentos para a comercialização agrícola
b) permitir a pessoas singulares e empresas
fazer empréstimos de curto e longo prazo;
c) no acto do empréstimo, assistir o cliente na
preparação de um plano de amortização
para o processo de reembolso da dívida.
Actividades, procedimentos e regras
do crédito
Procedimentos para a obtenção de financiamentos: estes estão inscritos nas condições gerais
de crédito dos respectivos bancos (ou outras
agências de crédito e micro finanças). Em geral, o
processo de obtenção de um financiamento dura
um período mais ou menos longo, durante o
qual o banco faz a análise da proposta do cliente,
elabora a análise dos riscos, prepara um plano de
amortizações da dívida e elabora e assina o contrato com o cliente.
Cumprimento das regras do crédito ou financiamento: os procedimentos para o cumprimento das regras do crédito ou financiamento
estão também inscritos nas condições gerais de
crédito dos respectivos bancos ou agências de
crédito e mi.crofinanças, destacando-se a obrigatoriedade do cliente de:
• Subscrever as condições gerais de crédito.
• Assinar o contrato de financiamento.
~
• Pagar na totalidade as prestações do financiamento; caso contrário , são-lhe sucessivamente imputadas todas as despesas do
empréstimo (encargos e juros).
• Pagar as prestações dentro do prazo acordado; caso contrário, deverá pagar todas as
subsequentes amortizações ou prestações da
· dívida .
• Os pagamentos da dívida contraída podem
ser debitados em qualquer conta que o cliente
(produtor/comerciante) seja titular ou venha a
ser titular ou co-titular solidário.
Formas de controlo do negócio para a
utilização do produtor/comerciante
Para que um negócio cresça é necessário que
haja sempre uma forma de controlo para se
poder determinar se o negócio está a ir de
acordo com o planificado, se o negócio se apresenta rentável ou não, que intervenções são
necessárias para reverter a situação ou melhorar
a eficiência do negócio .
As formas mais comuns de fazer o controlo do
crescimento do negócio são :
a) controlar as quantidades e os custos dos produtos e investimentos feitos para a produção
e comercialização;
39
'-' CELEIROS E COMERCIALIZAÇÃO
b) controlar os rendimentos e /ou o valor monetário resultante da actividade;
c) controlar as percentagens de juros concedidos durante o período de amortização;
d) controlar as variações da taxa de juro;
e) usar o dinheiro do empréstimo para a actividade para a qual este foi concedido.
AVALIAÇÃO
Responda às perguntas seguintes:
1. O que é a comercialização agrícola?
2. O que é o preço de equilíbrio do mercado?
3. O que precisa de saber um produtor para interpretar os preços fornecidos pelo serviço de
informação de mercado?
4. O José vendeu as seguintes quantidade de tomate em quatro meses:
Setembro- 30 kg a 5,00 Mt!Kg
Outubro - 50 Kg a 4,50 Mt/Kg
Novembro- 40 Kg a 4 Mt/Kg
Dezembro- 20 Kg a 2 Mt!Kg
Para além do que vendeu, lO Kg de tomate estragaram-se e não puderam ser vendidos. Qual o
rendimento total do José? Qual o preço médio de venda por Kg/tomate?
5. Que tipo de custos de comercialização conhece?
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