Fenomenologia e Psicologia - Anais do Congresso de Fenomenologia

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FENOMENOLOGIA E PSICOLOGIA: A CONSTITUIÇÃO DA PSICOLOGIA
FENOMENOLÓGICA EM EDMUND HUSSERL
Tommy Akira Goto 1
Professor Adjunto I - UFU
A Fenomenologia Transcendental, fundada pelo filósofo Edmund Husserl (1859-1938), é uma
filosofia que desde seu início vem influenciando tanto as correntes filosóficas, quanto um conjunto
de ciências, em particular, as chamadas “ciências do espírito” (ciências humanas). Dentre as
ciências, pode-se dizer que a Psicologia foi a que mais diretamente recebeu sua influência,
principalmente com relação à possibilidade de constituição de seu fundamento e método. A relação
da Fenomenologia com a Psicologia está presente na filosofia de Husserl desde as “Investigações
Lógicas” de 1900 até os últimos escritos denominados como “A Crise das ciências europeias e a
Fenomenologia Transcendental” de 1934-1937. No entanto, a relação e a distinção da
Fenomenologia com a Psicologia foi bem mais esclarecida no texto “Filosofia como ciência de
esperar de antemão que a Fenomenologia e a Psicologia devem estar próximas uma da outra,
referindo-se ambas à consciência, embora de modos diversos e em ´orientação´ diversa, podendo
dizer-se que à Psicologia interessa a ´consciência empírica´, (...) algo existente na continuidade da
natureza, ao passo que à Fenomenologia interessa a consciência pura´´. Mas, ao mesmo tempo que
ambas possuem o mesmo objeto, Husserl mostra a impossibilidade da psicologia ser genuína sendo
ela científica e natural, evidenciando assim sérios problemas na constituição epistemológica dessa
como psicologia autêntica e fundamental. Por esse motivo, o fenomenólogo participou junto com
outros filósofos de manifestos contra os psicólogos experimentais, publicado em meados de 1913
em alguns periódicos e jornais alemães. Diante dessas questões preliminares, o estudo tem como
1
Professor Adjunto I da Universidade Federal de Uberlândia, Doutor em Psicologia Clínica (PUC-Campinas), Mestre em Ciências
da Religião (Universidade Metodista de São Paulo), Co-Presidente da Associação Brasileira de Psicologia Fenomenológica,
Membro-colaborador do Circulo Latinoamericano de Fenomenologia (CLAFEN), Membro-assistente da Sociedad Iberoamericana
de Estudios Heideggerianos (SIEH). Pesquisador do Grupo de Pesquisa da UFU – CNPQ/CAPES “Contribuições da Fenomenologia
de Edmund Husserl e Edith Stein à Psicologia: fenômenos psicológicos” e Autor de livros sobre Psicologia Fenomenológica e
Fenomenologia da Religião (Editora Paulus). Email: [email protected]
1- Anais - Congresso de Fenomenologia da Região Centro-Oeste
rigor”, publicado em 1910-11, na qual Husserl afirma entre outras coisas que (1910/1965) “(...) é de
objetivo contextualizar a fundação da Fenomenologia Transcendental, apresentar a elaboração do
método fenomenológico e destacar algumas críticas da Fenomenologia em relação a psicologia
científica. Além disso, pretende-se também desenvolver brevemente, a partir da crítica à psicologia
científica, a constituição da Psicologia Fenomenológica como uma “nova” ciência psicológica.
Husserl (1927/1990) declarou que, ao mesmo tempo em que a Fenomenologia Transcendental
surgiu, iniciou-se também “uma nova disciplina psicológica paralela a ela, no que se refere ao
método, e ao conteúdo: a psicologia apriorística pura ou “psicologia/fenomenológica”. Nas análises
fenomenológicas, o filósofo entendeu que a psicologia deve ser fundamentalmente fenomenológica,
ou seja, deve adotar o método fenomenológico-eidético, porque somente assim essa ciência estará
genuinamente dirigida à vida psíquica em si mesma e a suas estruturas, ou seja, conseguirá dirigir
seu “olhar” verdadeiramente para a interioridade psíquica, tornando-se uma autêntica ciência da vida
psíquica/anímica. Dessa maneira, na acepção de Husserl, a Psicologia Fenomenológica será uma
ciência universal e a priori dos seres humanos, cujo objeto de estudo é o ser anímico/psíquico. A
tarefa da Psicologia Fenomenológica se resume, assim, como descreve Husserl (1924-25/2001) em
características básicas, tais como: ser uma ciência a priori; ser uma ciência eidética, ter caráter
intuitivo e de descrição pura. Por fim, pode-se afirmar que a autêntica e genuína concepção de
Psicologia Fenomenológica é fundamental para os psicólogos, porque é com o desenvolvimento
dessa disciplina/ciência que eles poderão resgatar a subjetividade como fonte originária da vida
Palavras-chave:
fenomenologia
transcendental,
psicologia
fenomenológica,
psicologia
científica.
Referências Bibliográficas
HUSSERL, E. A Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental. Uma introdução
à Filosofia Fenomenológica. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2012.
HUSSERL, E. El artículo de la Encyclopaedia Britanica. Mexico: UNAM, 1990.
HUSSERL, E. A Filosofia como ciência de Rigor. Coimbra: Atlantica, 1965.
HUSSERL, E. Psychologique Phénomenógique (1925-1928). Paris: Vrin, 2001.
2- Anais - Congresso de Fenomenologia da Região Centro-Oeste
humana e a sua correlação com o mundo-da-vida (Lebenswelt).
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