UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA Modelos Tipo Chern-Simons para Descrição de Fronteiras Materiais Helder Luiz de Oliveira Itajubá, fevereiro de 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA Helder Luiz de Oliveira Modelos Tipo Chern-Simons para Descrição de Fronteiras Materiais Dissertação submetida ao Programa de Pós- Graduação em Física como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Ciências em Física. Área de Concentração: Teoria Quântica de Campos. Orientador: Fabrício Augusto Barone Rangel Fevereiro de 2016 Itajubá - MG UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÌSICA Helder Luiz de Oliveira Modelos Tipo Chern-Simons para Descrição de Fronteiras Materiais Dissertação aprovada por banca examinadora em 29 de fevereiro de 2016, conferindo ao autor o título de Mestre em Ciências em Física. Banca Examinadora: Prof. Dr. Fabrício Augusto Barone Rangel (Orientador) Prof. Dr. Gabriel Flores Hidálgo Prof. Dr. Alexis Roa Aguirre Prof. Dr. Denis Dalmazi Itajubá-MG 2016 Agradecimentos Primeiramente a Deus por me oferecer o sufuciente para não desanimar. Aos meus pais Luiz e Silvana que forneceram as condições necessárias para que eu pudesse ser quem sou. À minha irmã e amiga que está sempre ao meu lado para qualquer batalha. À minha namorada e amiga Cláudia que sempre me inspirou ser uma pessoa cada vez melhor. Aos meus colegas Rodrigo, Mateus, Caio e Marlon pelas discussões e apoio. À todos os professores que contribuiram para minha formação, em especial ao meu orientador Fabricio Augusto Barone Rangel que me mostrou que ser professor é aquele que realmente acredita nos alunos. À CAPES pelo apoio nanceiro Milagres acontecem quando a gente vai à luta. Fernando Antinelli Sumário 1 Introdução 4 2 Lagrangeana composta de um campo 8 2.1 Propagador da teoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.2 Interação carga-superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2.3 Equações de movimento 17 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Lagrangeana com dois campos 19 3.1 Lagrangeana Efetiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 3.2 Propagador da teoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 3.3 Interação carga-superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 4 Conclusões e Perspectivas 39 A Cálculo do propagador de Maxwell 41 B Cálculo do propagador de Chern-Simons 43 C Cálculo da integral U 45 Referências Bibliográcas 46 2 Sumário Resumo O estudo de potenciais concentrados ao longo de superfícies é um tema útil em Teoria de Campos, pois pode ser empregado na descrição de fronteiras materiais, no caso do campo eletromagnético, por exemplo. Nesse trabalho iniciamos um estudo a respeito da utilização de potenciais concentrados ao longo de fronteiras com acoplamentos tipo Chern-Simons. Em especíco, tomamos potenciais tipo delta de Dirac. Até o presente momento, esse tipo de potencial nunca foi explorado na literatura. Pretendemos vericar se podemos utilizar tais modelos na descrição de fronteiras materiais. Consideramos dois modelos. O primeiro deles pode ser visto como uma modicação do modelo de Field-Carrol-Jackiw, onde o termo tipo Chern-Simons é denido apenas sob uma superfície. O segundo modelo é composto por dois campos, um de Maxwell e outro de Chern-Simons, sendo esse último denido apenas ao longo de uma superfície. Para ambos os modelos, calculamos o propagador e as equações de movimento. Uma vez que estamos lidando com lagrangeanas quadráticas, os respectivos propagadores foram calculados exatamente. Sempre que possível consideramos a constante de acoplamento entre o campo e o potencial tendendo a innito, de modo a vericar se recuperamos a condição de um condutor perfeito. Também para ambos os modelos obtivemos a interação entre a superfície e uma carga pontual. Para o segundo modelo (o que envolve dois campos), obtivemos a lagrangeana efetiva para o campo eletromagnético. Nós restringimos sempre ao caso de uma superfície plana innita. Palavras-chave: Chern-Simons, Fronteiras materiais, propagador, energia de interação, equações de movimento 3 Sumário Abstract The study of potentials concentrated along surfaces is an useful subject in Field Theory, because these kind of models can be used to descrbe material frontiers, in the case of electromagnetic eld, for instance. In this paper we initiate a study about the using of potentials concentrated along frontiers with Chern-Simons couplings. Specically, we take Dirac delta potentials. As far as the authors know, until this moment, this type of potential had never been explored on literature. We intended to verify if it is possible to use such models for the description of material boundaries. We consider two models. The rst one can be seen as a modication of Field-Carrol-Jackiw model, where the Chern-Simons term is dened just along a surface. The second model is composed by two elds, a Maxwell eld and a ChernSimons one (the last one is dened just along the surface). For both models, we calculate the corresponding propagators and dynamical equations. Once we are working with quadratic lagrangians, the respective propagators were calculated exactly. We considered the coupling constant between the eld and potential tending to innite in order to verify if the condition of a perfect conductor is recovered in this limit. For both models we obtained the interaction between the surface and a pointlike charge. For the second model (involving two elds), we obtained the eective lagrangian for the electromagnetic eld. We always have been restricted to the case of an innite plane surface. Keywords: Chern-Simons, Material Frontiers, propagator, interaction energy, dynamical equations CAPÍTULO 1 Introdução Um fato bem conhecido da Teoria de Campos é a presença de fronteiras materiais que pode ocasionar o surgimento de fenômenos físicos interessantes. Podemos citar como exemplo a interação entre superfícies materiais e cargas elétricas [1, 2, 3], a interação entre átomos e fronteiras materiais [13, 14, 15, 16, 17], o efeito Casimir [4, 5, 6, 7, 8], o efeito Scharnhorst [19, 20, 21], etc. Nesse contexto, torna-se importante a descrição de fronteiras materiais em teorias de campos, o que sempre se demonstrou ser uma tarefa tão importante quanto difícil sob diversos aspectos. Para esse m, temos que ter em mente, em primeiro lugar, que um meio material é um sistema composto de diversos átomos, e uma descrição deste por meio de uma teoria de campos será sempre por meio de um modelo efetivo. O sistema mais conhecido em Teoria de Campos com a presença de uma superfície material é aquele composto pelo campo eletromagnético e uma superfície plana innita perfeitamente condutora. Nesse caso o campo eletromagnético é submetido as condições de contorno especícas impostas pelo condutor. Esse tipo de abordagem já foi empregado para diversos tipos de campos [6, 9, 10, 11, 12], além do campo de Maxwell [2, 3]. Uma abordagem interessante, e mais geral, utilizada em teorias de campos com a presença de superfícies materiais é a proposta de modelos onde campos se acoplam com potenciais externos espacialmente localizados. A presença de tais materiais seria, então, simulada pelos potencias que teriam o papel de alterar os modos dos campos. Esses modelos exibem parâmetros (geralmente a constante de acoplamento entre os campos e o potencial) que podem ser ajustados convenientemente. Em diversas situações, para certos valores de tais parâmetros, recuperamos os casos 5 especiais onde os campos são submetidos as condições de contorno. Como exemplo, vamos considerar o modelo proposto na referência [2]. Nesse caso, o campo eletromagnético é acoplado com um potencial tipo delta de Dirac, concentrado ao longo de um plano innito. Tomando um sistema de coordenadas onde esse plano é dado por +, −, −, −, x 3 = a, o sistema de unidades naturais e a métrica a lagrangeana do modelo é 1 1 1 1 µ L = − (F )2 − (∂A)2 − S µναβ F αβ 4 2ξ m 2 onde ξ é um termo de calibre, normal à superfície J !2 δ(x3 − a) − JA , é uma corrente externa, µ a = (0, 0, a), A é o campo vetorial com sendo o correspondente tensor intensidade de campo e tensor. O parâmetro S γ = η γ3 F µν (1.1) é o quadrivetor = ∂ µ Aν − ∂ ν Aµ Feµν = 12 µναβ F αβ o dual deste m ≥ 0 tem dimensão de massa e nos dá o grau de transparência da superfície, como será visto. Os tensores de permissividade elétrica e permeabilidade magnética do modelo (1.1) são dados, respectivamente, por 2 2 δ(x3 − a)(δ i1 δ j1 + δ i2 δ j2 ) , (µ−1 )ij = δ ij + δ(x3 − a)(δ i3 δ j3 )(1.2) m m ij = δ ij + e as equações de Euler-Lagrange fornecem i 2 δ(x3 − a)Ek = J0 , m i i h ∂h 2 2 E + δ(x3 − a)Ek . ∇ × B + δ(x3 − a)B⊥ = J + m ∂t m ∇· E+ h onde denimos os vetores paralelos e perpendiculares à superfície, B⊥ = (0, 0, B 3 ). (1.3) Ek = (E 1 , E 2 , 0), Usando as equações (1.2) temos que Di = X ij E j ⇒ D = E + j 2 δ(x3 − a)Ek , m X 2 Hi = (µ−1 )ij B j ⇒ H = B + δ(x3 − a)B⊥ , m j (1.4) e as equações de Maxwell (1.3) se tornam ∇ · D = J0 , ∇ × H = J + ∂D ∂t Pelas denições dos vetores de polarização e de magnetização, H = B − M, P= (1.5) D = E+P e respectivamente, e pela equação (1.4) vemos que 2 2 δ(x3 − a)Ek , M = − δ(x3 − a)B⊥ , m m (1.6) 6 Capítulo 1. Introdução o que mostra que o potencial δ equivale a uma descontinuidade nos vetores de polarização e magnetização denidos na placa. Apesar dos vetores (1.6) exibirem descontinuidades, o propagador do modelo pode ser calculado para todo o espaço. Tomando o calibre onde (ξ = 1) na lagrangeana em (1.1), e efetuando integrações por partes, temos 1 2 µ ν µν 3 µν L = Aµ η + δ(x − a)(η k − ∂k ∂k ) Aν − J µ Aµ , 2 m onde denimos (1.7) k = ∂kα ∂k α . O propagador do modelo é a inversa do operador diferencial da equação (1.7) no sentido que 2 µ ν 3 µν η + δ(x − a)(η k − ∂k ∂k ) Gνλ (x, y) = η µλ δ 4 (x − y) . m µν (1.8) Pode-se mostrar que a inversa do operador diferencial da equação (1.7) é [2] Z Gµν (x, y) = d3 pk (2π)3 " 3 3 3 e−σ|x −y | 1 e−σ(|x −a|+|y ηµν − 2σ 2 m+σ 3 −a|) ηk µν − pk µ pk ν !# p2k ×e−ipk (xk −yk ) (. 1.9) onde denimos ηk µν = η µν + η µ3 η ν3 , pγk = (p0 , p1 , p2 , 0) e σ= q −p2k . O propagador (1.9) é contínuo e bem denido em todo o espaço. No limite em que m = 0, o propagador (1.9) se reduz àquele obtido para uma placa perfeitamente condutora [8]. O primeiro termo do lado direito de (1.9) é o propagador do fóton sem a presença da superfície. O segundo termo é uma correção dependente não só da distância entre os pontos, mas também da localização da placa. Essa anisotropia nos impede de ter uma transformada de Fourier na coordenada perpendicular à superfície (coordenada 3). Se tomarmos uma carga pontual estática de intensidade q na frente dessa super- fície, podemos mostrar que a energia de interação resultante é [3] Eint (R, m) = − onde q2 [1 − 2mRe2mR Ei(1, 2mR)] 16πR (1.10) R é a distância entre a superfície e a carga e Ei(u, v) é a função erro exponencial [31]. No limite em que m → 0, obtemos a conhecida interação de Coulomb. Se considerarmos duas placas paralelas, colocadas nos planos x3 = 0 e x 3 = a, podemos estudar o efeito Casimir para esse tipo de superfície material [3]. No modelo (1.1), o termo de acoplamento entre o potencial delta e o campo envolve a derivada segunda do campo eletromagnético. Uma questão interessante seria 7 investigar se podemos descrever algum tipo de fronteira material com o acoplamento de um potencial tipo delta com derivada primeira do campo eletromagnético. Essa é uma questão delicada sob diverso aspectos. Em primeiro lugar, ao propormos uma lagrangeana para o campo eletromagnético, temos que levar em conta que essa deve exibir invariância de calibre. Devemos considerar também o fato de que termos adicionais a lagrangeana de Maxwell devem existir somente ao longo da superfície material. Modelos tipo Chern-Simons têm a interessante característica de exibir invariância de calibre assim como um pólo massivo para o propagador do campo vetorial. Nesse tipo de modelo, existe um termo lagrangeano com derivada de primeira ordem no campo vetorial. Nesse contexto, modelos tipo Cher-Simons são possíveis candidatos na tentativa de descrever superfícies materiais com modelos que envolvem derivadas em primeira ordem no campo vetorial. Esse trabalho tem por objetivo investigar se modelos do tipo Chern-Simons poderiam servir para descrever fronteiras materiais. Para isso propomos dois modelos lagrangeanos para descrever fronteiras materais, ambos do tipo Chern-Simons. No primeiro modelo, construimos a lagrangeana com um único campo vetorial e temos um único parâmetro que descreve as propriedades eletromagnéticas da superfície. No segundo modelo, temos dois campos vetoriais e dois parâmetros. Para ambos os modelos, calculamos o propagador e estudamos a interação entre a fronteira e uma carga pontual. No caso especial onde a constante de acoplamento e o campo tende a innito, recuperamos o caso especial de um condutor perfeito. No Capítulo (2) consideramos o primeiro modelo. No Capítulo (3) estudamos o segundo modelo. O Capítulo (4) é dedicado às concusões e perpectivas. Ao longo do texto vamos usar unidades naturais e a métrica +, −, −, −. CAPÍTULO 2 Lagrangeana composta de um campo Nesse capítulo vamos propor um modelo onde o campo eletromagnético se acopla com um potencial tipo delta de Dirac concentrado ao longo de um plano innito. O termo lagrangeano de acoplamento envolve a derivada em primeira ordem no campo eletromagnético e caracteriza-se por ter uma estrutura semelhante ao termo de Chern-Simons. Iremos obter o propagador do modelo e suas equações de movimento e vericar se esse pode ser empregado na descrição de algum meio material. Adotaremos um sistema de coordenadas no qual a fronteria material está localizada no plano x 3 = a. Nesse caso, a lagrangeana para o modelo é dada por 1 1 1 L = − Fµν F µν − Jµ Aµ − (∂µ Aµ )2 − µv µ µναβ Aν ∂ α Aβ δ(x3 − a) 4 2α 2 onde α Aµ é um campo vetorial, é um parâmetro de calibre e Fµν = ∂ µ Aν − ∂ ν Aµ v µ é o tensor intensidade de campo, é um quadrivetor perpendicular à superfície, v µ = η3µ = (0, 0, 0, 1) , e Jµ é uma corrente externa, (2.2) µ é um parâmetro de acoplamento entre o campo e o potencial tipo delta de Dirac (que está concentrado ao longo do plano µναβ (2.1) é o tensor de Levi-Civita, com x3 = a e 0123 = 1. O primeiro termo no lado direito em (2.1) é a lagrangeana de Maxwell. O segundo termo é o acoplamento do campo com a corrente externa. O terceiro termo tem a mesma estrutura do termo de Chern-Simons, só que nesse caso, ele está denido em 3+1 dimensões e é não nulo somente sob o plano x3 = a. Podemos ainda interpretá- lo como sendo um tipo de termo Caroll-Field-Jakiw, mas denido somente sob uma superfície. 9 2.1. Propagador da teoria Para investigar o tipo de superfície que podemos descrever com a lagrangeana (2.1), vamos estudar seu propagador, obter suas equações de Euler-Lagrange e estudar sua interação com uma carga pontual estática. 2.1 Propagador da teoria Escolhendo o calibre α = 1, fazendo algumas integrações por partes e elimando termos de superfície (que não contribuem para a dinâmica do sistema), podemos reesecrever a lagrangeana proposta pela equação (2.1) na forma 1 L = Aµ [ηµν ∂λ ∂ λ + µδ(x3 − a)3αµν ∂ α ]Aν − Jµ Aµ . 2 (2.3) O propagador da teoria é a inversa do operador diferencial que aparece na equação (2.3), ou seja, [ηµν ∂λ ∂ λ + µδ(x3 − a)3αµν ∂ α ]Gνσ (x, y) = ηµσ δ 4 (x − y) . (2.4) Por conveniência, vamos denir os seguintes operadores diferenciais: Vµν (x) = ηµν ∂λ ∂ λ + µδ(x3 − a)3αµν ∂ α V0µν (x) = ηµν ∂λ ∂ λ ∆Vµν (x) = µδ(x3 − a)3αµν ∂ α . Note que V0µν (x) (2.5) acima citado é o operador diferencial do campo de Maxwell no calibre de Lorentz. Nesse caso, denimos também o propagador de Maxwell (nesse calibre) como σ 4 V0µν (x)Gνσ 0 (x, y) = ηµ δ (x − y) Vamos vericar que o propagador νσ G (x, y) = Gνσ 0 (x, y) Z − (2.6) Gνσ (x, y) satisfaz a equação integral d4 zGνρ (x, z)∆Vρτ (z)Gτ0 σ (z, y) . (2.7) Substituindo (2.7) em (2.4) teremos νσ Vµν (x)G (x, y) = Vµν (x)Gνσ 0 (x, y) = Vµν (x)Gνσ 0 (x, y) Z − Vµν (x) Z − d4 zGνρ (x, z)∆Vρτ (z)Gτ0 σ (z, y) d4 zVµν (x)Gνρ (x, z)∆Vρτ (z)Gτ0 σ (z, y) . (2.8) 10 Capítulo 2. Lagrangeana composta de um campo A atuação do operador Vµν (x) em Gνρ (x, z) é obtida pelas equações (2.4) e (2.5), portanto νσ Vµν (x)G (x, y) = Vµν (x)Gνσ 0 (x, y) Z − d4 zηµρ δ 4 (x − z)∆Vρτ (z)Gτ0 σ (z, y) τσ = Vµν (x)Gνσ 0 (x, y) − ∆Vµτ (x)G0 (x, y) σ 4 = V0µν (x)Gνσ 0 (x, y) = ηµ δ (x − y) onde na segunda linha integramos em d4 z (2.9) e nas terceira e quarta linhas usamos as denições (2.5). Isso demonstra a validade da equação (2.7). Iremos procurar por uma solução em integral de Fourier para o propagador. O operador diferencial em (2.4) exibe simetria de translação nas coordenadas paralelas x3 = a. Dessa forma, vamos procurar por Z 3 d pk νσ µν G (x, y) = G̃ (pk ; x3 , y 3 )e−ipk (xk −yk ) , (2π)3 à superfície onde pk = (p0 , p1 , p2 , 0), xk = (x0 , x1 , x2 , 0). uma solução na forma (2.10) Da mesma forma, vamos escrever o propagador do campo de Maxwell como a integral de Fourier Gµν 0 (x, y) Z = d3 pk νσ G̃0 (pk ; x3 , y 3 )e−ipk (xk −yk ) , 3 (2π) (2.11) de acordo com o apêndice (A). Substituindo (2.10) e (2.11) em (2.7) temos que Z Z 3 d3 pk νσ d pk νσ 3 3 −ipk (xk −yk ) G̃ (pk ; x , y )e = G̃ (pk ; x3 , y 3 )e−ipk (xk −yk ) 3 (2π) (2π)3 0 Z Z 3 d pk νρ 4 G̃ (pk ; x3 , z 3 )e−ipk (xk −zk ) ∆Vρτ (z) − dz 3 (2π) Z 3 d qk τ σ × G̃ (qk ; z 3 , y 3 )e−iqk (zk −yk ) . (2π)3 0 (2.12) ∆Vρτ (z), denido em (2.5), e integrando em dz 3 obtemos Z 3 Z 3 d pk νσ d pk νσ 3 3 −ipk (xk −yk ) G̃ (pk ; x , y )e = G̃ (pk ; x3 , y 3 )e−ipk (xk −yk ) 3 (2π) (2π)3 0 Z Z 3 d pk νρ 3 − d zk G̃ (pk ; x3 , a)e−ipk (xk −zk ) (2π)3 Z 3 d qk τ σ × G̃0 (qk ; a, y 3 )[µ3αρτ (−iqkα )]e−iqk (zk −yk ) . (2.13) 3 (2π) Atuando com o operador 11 2.1. Propagador da teoria d3 zk , Integramos agora em Z d3 pk νσ G̃ (pk ; x3 , y 3 )e−ipk (xk −yk ) = (2π)3 Z × Z d3 pk νσ G̃ (pk ; x3 , y 3 )e−ipk (xk −yk ) (2π)3 0 "Z d3 pk νρ − G̃ (pk ; x3 , a)e−ipk xk 3 (2π) # d3 qk τ σ G̃0 (qk ; a, y 3 )[µ3αρτ (−iqkα )]eiqk yk (2π)3 δ(qk − pk ) . 3 (2π) Por m, integramos em d3 q k , o que fornece Z Z (2.14) d3 pk νσ G̃ (pk ; x3 , y 3 )e−ipk (xk −yk ) = (2π)3 # " d3 pk −ipk (xk −yk ) 3 3 νρ 3 α τσ 3 . G̃νσ 0 (pk ; x , y ) + iµG̃ (pk ; x , a)[3αρτ pk ]G̃0 (pk ; a, y ) e 3 (2π) (2.15) Se as duas integrais de Fourier acima são iguais, os integrandos também devem ser iguais, ou seja, 3 3 νρ 3 α τσ 3 G̃νσ (pk ; x3 , y 3 ) = G̃νσ 0 (pk ; x , y ) + iµG̃ (pk ; x , a)3αρτ pk G̃0 (pk ; a, y ) . É importante ter em mente que G̃τ0 σ (pk ; x3 , y 3 ) (2.16) é conhecido, dado pela transfor- mada do propagador de Maxwell no calibre de Lorentz. A equação acima fornece a transformada da função de Green, função de G̃νρ (pk ; x3 , a). Tomando então y 3 = a, G̃νσ (pk ; x3 , y 3 ), Note que (2.16) é válida para quaisquer valores de x3 e em y3. obtemos 3 νρ 3 α τσ G̃νσ (pk ; x3 , a) = G̃νσ 0 (pk ; x , a) + iµG̃ (pk ; x , a)3αρτ pk G̃0 (pk ; a, a) 3 νσ 3 νρ 3 α τσ ⇒ G̃νσ 0 (pk ; x , a) = G̃ (pk ; x , a) − iµG̃ (pk ; x , a)3αρτ pk G̃0 (pk ; a, a) 3 νρ 3 σ α τσ ⇒ G̃νσ 0 (pk ; x , a) = G̃ (pk ; x , a)[ηρ − iµ3αρτ pk G̃0 (pk ; a, a)] . (2.17) Por conveniência, denimos a matriz Mσρ = ηρσ − iµ3αρτ pαk G̃τ0 σ (pk ; a, a) (2.18) e sua inversa Mσρ (Mγσ )−1 = ηργ , (2.19) 12 Capítulo 2. Lagrangeana composta de um campo de modo a manipular a última linha da equação (2.17) como segue, 3 νρ 3 σ G̃νσ 0 (pk ; x , a) = G̃ (pk ; x , a)Mρ 3 γ −1 ⇒ G̃νσ = G̃νρ (pk ; x3 , a)Mσρ (Mγσ )−1 0 (pk ; x , a)(Mσ ) 3 γ −1 ⇒ G̃νγ (pk ; x3 , a) = G̃νσ 0 (pk ; x , a)(Mσ ) 3 ρ −1 ⇒ G̃νρ (pk ; x3 , a) = G̃νσ . 0 (pk ; x , a)(Mσ ) (2.20) Substituindo a última linha da equação acima no segundo termo do lado direito da equação (2.16), temos nalmente ρ −1 3 3 νλ 3 α τσ 3 G̃νσ (pk ; x3 , y 3 ) = G̃νσ 0 (pk ; x , y ) + iµG̃0 (pk ; x , a)(Mλ ) 3αρτ pk G̃0 (pk ; a, y ) . (2.21) Na equação acima, que nos fornece ção 3 3 G̃νσ 0 (pk ; x , y ). G̃νσ (pk ; x3 , y 3 ), temos como conhecido a fun- Devemos então encontrar a inversa de (2.18), (Mρσ )−1 , para obter o propagador sob a presença da superfície. A transformada do propagador de Maxwell, 3 3 G̃νσ 0 (pk ; x , y ), é calculada no apên- dice (A), η νσ − = q e 2 −p2k q 3 3 G̃νσ 0 (pk ; x , y ) −p2k |x3 −y 3 | Inserindo o resultado (2.22), com . x 3 = y 3 = a, (2.22) na denição (2.18) temos que 1 Mσρ = ηρσ − iµ3αρ σ pαk q . 2 −p2k Para calcularmos (Mγσ )−1 usaremos o seguinte ansatz γ (Mγσ )−1 = Rησγ + V ηkσ + Spkσ pγk + U γ3λσ pλk , onde R, V , S e U (2.23) (2.24) pk a serem determinadas e usamos a denição µ ν η 3 η 3 (note que se µ = 3 e/ou ν = 3, temos que são funções de µν da métrica paralela ηk ηk3ν = ηkµ3 = ηk33 = 0). =η µν − Substituindo (2.24) e (2.23) em (2.19), e efetuando algumas manipulações simples, obtemos o seguinte sistema de equações: ηργ R = ηργ 13 2.1. Propagador da teoria iµ γ p2k U = 0 ηkρ V + q 2 2 −pk iµ pkρ pγk S − q U = 0 2 2 −pk iµ 3λρ γ pλk U − q (V + R) = 0 . 2 2 −pk (2.25) Resolvendo o sistema (2.25) encontramos R = 1 V = − µ2 4 + µ2 µ2 p2k (4 + µ2 ) S = 2iµ U = q . −p2k (4 + µ2 ) (2.26) Substituindo os coecientes (2.26) em (2.24), temos a inversa da matriz (Mγσ )−1 = ησγ − µ2 2iµ µ2 γ γ q η + p p + 3λσγ pλk kσ kσ k 2 2 4 + µ2 pk (4 + µ2 ) −pk (4 + µ2 ) M, (2.27) Substituindo (2.22) e (2.27) em (2.20), somos levados ao resultado G̃νγ (pk ; x3 , a) = × η νγ − e q − −p2k |x3 −a| q 2 −p2k 2 2 µ µ 2iµ ηkνγ + 2 3λ νγ pλk . pνk pγk + q 2 2 4+µ pk (4 + µ ) −p2k (4 + µ2 ) (2.28) Agora basta substituir (2.28) na equação (2.16) para encontrar o propagador do campo vetorial com a presença da superfície η νσ − −p2k |x3 −y 3 | G̃νσ (pk ; x3 , y 3 ) = q e 2 −p2k ! ν σ p p 4 µ2 iµ k k q − ηkνσ − 2 + 2 3α 2 4 + µ 8 −p2 pk pk q k νσ α − pk e q −p2k (|x3 −a|+|y 3 −a|) (2.29) 14 Capítulo 2. Lagrangeana composta de um campo µ Ao tomarmos o limite da constante de acoplamento tendendo a innito, po- demos mostrar que a transformada de Fourier do propagador (2.29) se reduz à transformada de Fourier do propagador do campo eletromagnético com a presença de uma placa perfeitamente condutora, q η νσ − −p2k |x3 −y 3 | νσ 3 3 lim G̃ (pk ; x , y ) = q e µ→∞ 2 −p2k 1 − q 2 −p2k ou seja, o limite µ→∞ ηkνσ − pνk pσk ! e p2k q − −p2k (|x3 −a|+|y 3 −a|) , (2.30) corresponde ao caso de um condutor perfeito. O propagador é dado pela integral (2.10) com a função (2.29), Z 3 q d pk η νσ − −p2k |x3 −y 3 | −ipk (xk −yk ) µν q e (2π)3 2 −p2 k G (x, y) = e 3 2 d pk 4 µ q − 3 (2π) 4 + µ2 8 −p2 k Z + ×e ηkνσ − pνk pσk p2k ! + iµ p2k 3α νσ α pk q − −p2k (|x3 −a|+|y 3 −a|) −ipk (xk −yk ) e (2.31) O primeiro termo do lado direito da equação (2.31) é o propagador do campo eletromagnético no calibre de Lorentz sem a presença da placa, Gµν (0) (x, y). O segundo termo é uma correção dada pela presença da fronteira. Vamos denir essa correção por ∆Gµν (x, y) = Z 3 2 d pk 4 µ q − 3 (2π) 4 + µ2 8 −p2 k ×e ηkνσ − pνk pσk p2k ! + iµ p2k 3α νσ α pk q − −p2k (|x3 −a|+|y 3 −a|) −ipk (xk −yk ) e (, 2.32) e escrever o propagador (2.31) na forma compacta µν Gµν (x, y) = Gµν (0) (x, y) + ∆G (x, y) (2.33) De posse do propagador (2.33) podemos, encontrar algumas quantidades físicas do sistema, clássica ou quântica. 2.2 Interação carga-superfície Para termos uma idéia melhor do papel desempenhado pela superfície descrita pelo modelo (2.1), vamos estudar nessa seção como se dá a interação dessa superfície com uma carga pontual estacionária. 15 2.2. Interação carga-superfície Dado o fato de que a lagrangeana (2.3) é quadrática no campo, o funcional gerador da função de Green é dado por i Z[J] = Z[0] exp − 2 Z ! d4 xd4 yJ µ (x)Gµν (x, y)J ν (y) , onde o intervalo de integração temporal deve ser tomado de implícito o limite T →∞ (2.34) −T /2 até T /2, cando ao nal dos cálculos. Um fato bem conhecido da literatura [28], é que o funcional gerador se relaciona com a energia de vácuo do campo, E0 , (menor valor de energia do campo) da seguinte forma Z = e−iE0 T , (2.35) onde está implícito o limite T → ∞. Combinando as equações (2.34) e (2.35) temos 1 i E0 = ln(Z[0]) + T 2T Z d4 xd4 yJ µ (x)Gµν (x, y)J ν (y) . (2.36) O primeiro termo do lado direito de (2.36) é a contribuição de energia de vácuo livre, ou seja, sem a presença de fontes externas (J µ = 0). Esse termo tem relevância no cálculo do efeito Casimir. O segundo termo do lado direito é uma contribuição da fonte externa [28, 29, 30] e é com ele que vamos obter a interação entre a superfície e a carga pontual Ef ontes 1 = 2T Z d4 xd4 yJ µ (x)Gµν (x, y)J ν (y) . (2.37) Substituindo o propagador (2.33) na equação (2.37) temos que Ef ontes 1 = 2T Z 4 d xd 4 yJµ (x)Gµν (0) (x, y)Jν (y)+ 1 2T Z d4 xd4 yJµ (x)∆Gµν (x, y)Jν (y) . (2.38) O primeiro termo do lado direito da equação (2.38) é uma contribuição que existiria mesmo sem a presença da superfície. Ele não dependerá da posição da superfície e será descartado daqui por diante. O segundo termo é uma contribuição para a energia oriunda da interação entre a fonte e a superfície. É nesse termo que estamos interessados e vamos deni-lo por Eint 1 = 2T Z d4 xd4 yJ µ (x)∆Gµν (x, y)J ν (y) . (2.39) 16 Capítulo 2. Lagrangeana composta de um campo Agora iremos especicar a corrente de acordo com os nossos propósitos. carga pontual estacionária, de intensidade λ e localizada no ponto ~b Uma é descrita por uma quadricorrente ~ J (x) = λδ (~x − b), 0, 0, 0 = λη µ0 δ 3 (~x − ~b) µ 3 (2.40) Substituindo (2.40) em (2.39) obtemos Eint 1 = 2T Z d4 xd4 yλη µ0 δ 3 (~x − ~b)∆Gµν (x, y)λη ν0 δ 3 (~y − ~b) 1 = 2T Z d4 xd4 yλ2 δ 3 (~x − ~b)δ 3 (~y − ~b)∆G00 (x, y) . (2.41) Agora usamos a denição (2.32) em (2.41), d3 pk 0 0 3 3 3 d xd yd ~xd ~y δ (~x − ~b)δ 3 (~y − ~b) (2π)3 ! q 2 2 4 µ p0 − −p2k (|x3 −a|+|y3 −a|) −ipk (xk −yk ) q − e .(2.42) 1 − e 4 + µ2 8 −p2 p2k λ2 = 2T Eint Z k dx3 e dy 3 temos que Z 3 d pk 0 0 2 λ2 d xd yd ~xk d2 ~yk δ 2 (~x − ~b)δ 2 (~y − ~b) = 2T (2π)3 ! q 2 2 4 µ p0 −2 −p2k |b3 −a| −ipk (xk −yk ) q − e , 1− 2 e 4 + µ2 8 −p2 pk Integrando em Eint (2.43) k ~xk = (x1 , x2 , 0) onde denimos mente em d2~x e ~yk = (x1 , x2 , 0). Podemos também integrar facil- d2 ~y , Z 3 d pk 0 0 λ2 = d xd y 2T (2π)3 ! q 2 2 4 µ p0 −2 −p2k |b3 −a| −ip0 (x0 −y0 ) q − 1− 2 e e 4 + µ2 8 −p2 pk Eint e (2.44) k Agora integramos em x0 e usamos o fato de que R dx0 e−ip 0 x0 = (2π)δ(p0 ), o que nos fornece 2 Eint λ = 2T Z 3 2 d pk 0 4 µ q d y− 3 (2π) 4 + µ2 8 −p2 k 1− p20 p2k ! q −2 −p2k |b3 −a| e (2π)δ(p0 )eip 0 y0 . (2.45) 17 2.3. Equações de movimento dp0 A integração em resulta em Z T /2 Z 2 q 2 d p~k 4 µ −2 p~2k |b3 −a| λ 0 q e dy , = − 2T T /2 (2π)2 4 + µ2 8 p~2 k 2 Eint onde separamos a integral em Usando o fato de que R T /2 T /2 dy 0 , pois o integrando não depende de d0 y = T (2.46) y0. e identicando a distância entre a superfície e a carga como R = |b3 − a| , (2.47) temos que 2 Eint = − λ 2 Z 2 2 d p~k 1 µ −2 q e (2π)2 4 + µ2 2 p~2 k q p ~2k R (2.48) A integração acima pode ser feita em coordenadas polares. A integral na parte 2π , angular resulta em um fator Eint = − = − λ2 µ2 8π 4 + µ2 Z restando apenas a parte radial ∞ dre−2rR 0 λ2 µ2 1 . 16π 4 + µ2 R (2.49) A energia de interação acima tem o comportamento Coulombiano. O sinal negativo indica que a interação é atrativa (a carga e a superfície se atraem) e a energia cai com o inverso da distância entre a superfície e a carga. No limite em que µ → ∞, recuperamos a energia obtida pelo método das imagens [3] lim Eint = − µ→∞ λ2 1 , 16π R (2.50) como já esperávamos. Nesse sentido é interessante perceber que o papel da constante de acoplamento é apenas atenuar a carga imagem por um fator multiplicativo uniforme 2.3 µ2 . 4+µ2 Equações de movimento Nessa seção estudamos as equações de Euler-Lagrange do modelo (2). Para isso, vamos iniciar com a ação correspondente, Z S= 1 1 d4 x − Fµν F µν − Jµ Aµ − µv µ µναβ Aν ∂ α Aβ δ(x3 − a) . 4 2 (2.51) 18 Capítulo 2. Lagrangeana composta de um campo Variando a ação (2.51) obtemos Z δS = d4 xδAµ [−∂ ν Fµν − µ3µαβ δ(x3 − a)∂ α Aβ − Jµ ] , portanto, a conguração de campos que minimiza a ação deve ser tal que (2.52) δS = 0, ou seja, Z d4 xδAµ [−∂ ν Fµν − µ3µαβ δ(x3 − a)∂ α Aβ − Jµ ] = 0 . Sendo δAµ (2.53) pequeno mas arbitrário, devemos ter que −∂ ν Fµν − µ3µαβ δ(x3 − a)∂ α Aβ − Jµ = 0 ⇒ −∂ ν Fµν − µ3µαβ δ(x3 − a)∂ α Aβ = Jµ , onde F3µ = 3λµν ∂ λ Aν é o tensor dual de F3µ . Para interpretarmos melhor as equações (2.54), vamos tomar os casos onde e µ = i (i = 1, 2, 3), (2.54) µ=0 respectivamente −∂ ν F0ν + µδ(x3 − a)F30 − J0 = 0 ~ E ~ = ρ − µδ(x3 − a)B.ẑ ~ ∇. (2.55) −∂ ν Fiν + µδ(x3 − a)F3i − Ji = 0 −∂ 0 Fi0 + ∂ j Fij = −µδ(x3 − a)F3i + Ji ~ ~ ×B ~ = J~ + ∂ E − µδ(x3 − a)(E ~ × ẑ) ∇ ∂t (2.56) É interessante notar que as equações de Maxwell com fontes apresentam uma dependência nos campos e não somente em suas derivadas. Mais especicamente, as componentes do campo elétrico paralelas à superfície a componente do campo magnético perpendicular à superfície, sob a superfície, são fontes para o rotacional do campo magnético e para o divergente do campo elétrico, respectivamente. CAPÍTULO 3 Lagrangeana com dois campos Nesse capítulo estudaremos um modelo tipo Chern-Simons composto por dois campos para descrever superfícies materiais. Como zemos no capítulo anterior, vamos nos restringir para o caso de uma superfície plana innita. Vamos adotar um sistema de coordenadas onde essa superfície se localiza no plano campo eletromagnético será designado por Aµ , x 3 = a. O sendo denido em todo o espaço. Nesse modelo consideramos um segundo campo de natureza vetorial, porém denido apenas sob a superfície. Designamos esse segundo campo por Note que Bµ Bµ com só deve depender das coordenadas paralelas à superfície µ = 0, 1, 2. x0 , x1 , x2 . A lagrangeana do modelo proposto é dada por 1 1 L = − Fµν F µν − Jµ Aµ − (∂µ Aµ )2 4 2α ! 1 m 1 + − Gµν Gµν + µνα3 Bµ ∂ν Bα − Iµ B µ − (∂µ B µ )2 δ(x3 − a) 4 2 2β ! µ µ − µνα3 Aµ (∂ν Bα ) + µνα3 Bµ (∂ν Aα ) δ(x3 − a) , 4 4 onde denimos o tensor intensidade de campo para o campo (3.1) Bµ, Gµν Gµν = (∂kµ Bν − ∂kν Bµ )(∂kν Bµ − ∂kµ Bν ) (3.2) O primeiro termo do lado direito de (3.1) é a lagrangiana de Maxwell, o segundo termo dá o acoplamento do campo de Maxwell com sua fonte externa e o terceiro é o termo de xação de calibre para o campo de Maxwell, no o calibre de Lorentz. O quarto, quinto, sexto e sétimo termos da lagrangiana (3.1) envolvem somente o campo Bµ e estão denidos apenas sobre a superfície x 3 = a. Com eles, podemos 20 Capítulo 3. Lagrangeana com dois campos perceber que Bµ se caracteriza por ser um campo tipo Chern-Simons de massa denido somente no plano de Lorentz para o campo 3 x = a. B µ m e O sétimo termo é apenas para xação do calibre . Os dois últimos termos fornecem um acoplamento entre o campo eletromagnético Aµ e o campo de Chern-Simons Bµ. Com uma integração por partes, podemos mostrar que esses termos são iguais. Por conveniência futura, vamos deixar a lagrangiana do modelo escrita na forma (3.1). Os últimos termos também estão denidos somente sobre a superfície x 3 = a. Por conveniência de notação, vamos usar as seguintes denições: 1 • LM ax = − 41 Fµν F µν − J µ Aµ − 2α (∂µ Aµ )2 : lagrangeana de Maxwell; 1 m µνα3 1 µν µ µ 2 • LCS = − 4 Gµν G + 2 Bµ ∂ν Bα − Iµ B − 2β (∂µ B ) δ(x3 − a): 3 0 1 lagran- 2 B (x , x , x ); • LInt − µ4 µνα3 Aµ (∂ν Bα ) − µ4 µνα3 Bµ (∂ν Aα ) δ(x3 − a): lagrangeana de acoplageana localizada em x =a µ mento entre os campos A e para o campo B. Com isso, podemos reescrever a lagrangeana (3.1) como L = LM ax + LCS + LInt . (3.3) Ressaltamos também o papel de cada um dos parâmetros da lagrangeana (3.1): • m • µ representa a massa do campo de Chern-Simons; é a constante de acoplamento entre os campos • Jµ é a fonte externa do campo A; • Iµ é a fonte externa do campo B; A • α é o parâmetro de xação de calibre do campo A; • β é o parâmetro de xação de calibre do campo B; e B; O modelo (3.1) é mais rico do que aquele apresentado no capítulo (2), pois temos agora dois parâmetros ajustáveis: a constante de acoplamento de Chern-Simons µ e a massa do campo m. Vamos agora investigar alguns aspectos do modelo proposto para ver que tipo de fronteira ele poderia descrever. 21 3.1. Lagrangeana Efetiva 3.1 Lagrangeana Efetiva O campo B no modelo (3.1) exerce um papel coadjuvante, sendo sua presença utilizada na tentativa de descrever efetivamente o comportamento de uma superfície material. Nesse contexto, vamos buscar por uma lagrangeana efetiva para o campo eletromagnético Aµ a partir de (3.1). Vamos começar considerando o funcional gerador [33, 22] Z i 4 exp d xL ~ Z i 4 exp d xLM ax + LCS + LInt ~ Z Z[J] = N DA DB Z = N Sendo DA DB (3.4) LM ax dependente somente do campo A, LCS dependente somente do campo B e LInt dependente dos campos A e B . Podemos reescrever 3.4 da seguinte maneira Z Z Z Z i i 4 4 Z[J] = N DA exp d xLM ax d xLCS + LInt (3.5) DB exp ~ ~ Se efetuarmos a segunda integral funcional em (3.5) (a integral em car com um integrando que depende apenas de A B ), vamos e poderemos identicar uma lagrangeana efetiva para esse campo. O integrando da segunda exponencial pode ser manipulado como segue: Z d4 xLCS + LInt = 1 m µνα3 1 µν µ µ 2 d x − Gµν G + Bµ ∂ν Bα − Iµ B − (∂µ B ) δ(x3 − a) 4 2 2β Z hµ i µ − d4 x µνα3 Aµ (∂ν Bα ) + µνα3 Bµ (∂ν Aα ) δ(x3 − a) 4 4 " Z 1 m = d4 x Bµ ∂λ ∂ λ η µν Bν + µαν3 Bµ ∂α Bν − 2 2 # µ Iµ B µ − µνα3 Bµ ∂ν Aα δ(x3 − a) (3.6) 2 Z 4 onde escolhemos o termo de calibre Podemos integrar (3.6) em dx 3 β=1 e eliminamos os termos de superfície. , o que fornece Z Z = 3 d xk d4 xLCS + LInt = 1 µ µαν3 λ µν µαν3 µ Bµ (∂λ ∂ ηk + m ∂α )Bν − Bµ I + ∂α Aν (xk , a) (. 3.7) 2 2 22 Capítulo 3. Lagrangeana com dois campos Vamos denir agora o operador diferencial Oµν (xk ) = ∂λ ∂ λ ηkµν + mµαν3 ∂α , (3.8) e a quantidade K µ (xk , a) = I µ + µ µαν3 ∂α Aν (xk , a) , 2 (3.9) para reescrever a integral (3.7) na forma compacta Z Z 4 d xLCS + LInt = 1 d3 x Bµ (x)Oµν (xk )Bν (x) − Bµ (x)K µ (xk , a) . 2 (3.10) Levando (3.10) na segunda integral funcional em (3.6) obtemos Z Z = Z i 4 DB exp d xLCS + LInt = ~ # " Z 1 i d3 x Bµ (x)Oµν (xk )Bν (x) − Bµ (x)K µ (xk , a) . DB exp ~ 2 (3.11) É importante observar que o operador (3.8) é o operador diferencial de ChernSimons, seu propagador deve satisfazer a equação diferencial µ 3 Oµν G(CS)νλ (xk − yk ) = ηkλ δ (xk − yk ) . (3.12) No espaço dos momentos a equação acima se torna µ G̃(CS)νλ (pk )[−p2k ηkµν − imµαν3 pkα ] = ηkλ (3.13) Para resolvermos, lançaremos mão do seguinte ansatz G̃(CS)µκ (pk ) = Aηkµκ + Bpkµ pkκ − iCµρκ3 pρk , sendo A, B e C funções do momento pk (3.14) a serem determinadas. Substituindo (3.14) em (3.13) devemos ter que κ [−p2k ηkµν − imµαν3 pkα ][Aηkµκ + Bpkµ pkκ − iCµρκ3 pρk ] = ηkν . (3.15) Efetuando as operações do lado esquerdo da equação acima e comparando, termo a termo, com o lado direito, somos levados ao sistema ν ν ηkκ (−p2k A + mCp2k ) = ηkκ pνk pκk (−p2k B − mC) = 0 23 3.1. Lagrangeana Efetiva iνρκ3 pρk (p2k C − mA) = 0 , (3.16) que tem a seguinte solução A=− B= p2k 1 − m2 m2 (p2k )2 (p2k − m2 ) C=− m . − m2 ) (3.17) p2k (p2k Levando os coecientes (3.17) em (3.14) obtemos o propagador de Chern-Simons no espaço dos momentos G̃µκ (CS) (pk ) =− ηkµκ pµk pκk 2 p2k − m2 +m (p2k )2 (p2k − m2 ) + im µρκ3 pkρ . (p2k )(p2k − m2 ) (3.18) Portanto, o propagador de Chern-Simons no espaço de coordenadas é: Gµκ (CS) (xk d3 pk µκ G̃ (pk )e−ipk (xk −yk ) (2π)3 (CS) Z − yk ) = ηkµκ pµk pκk d3 pk 2 +m 2 2 2 = − 2 (2π)3 pk − m2 (pk ) (pk − m2 ) ! µρκ3 pkρ +im 2 2 e−ipk (xk −yk ) . 2 (pk )(pk − m ) Z (3.19) Seguimos agora o procedimento padrão no cálculo da integral funcional (3.11). Efetuamos a translação no campo Z Bµ (xk ) −→ Bµ (xk ) + B d3 yk G(CS)µψ (xk − yk )K ψ (yk , a) , (3.20) o que faz com que Z 1 d3 xk Bµ (xk )Oµν (xk )Bν (xk ) − Bµ (xk )K µ (xk , a) −→ 2 Z 1 −→ d3 xk Bµ (xk )Oµν (xk )Bν (xk ) 2 Z 1 − d3 yk K µ (xk , a)G(CS)µψ (xk − yk )K ψ (yk , a) , 2 (3.21) onde efetuamos algumas manipulações simples e usamos a propriedade satisfeita pelo propagador de Chern-Simons G(CS)µψ (xk − yk ) = G(CS)ψµ (yk − xk ). 24 Capítulo 3. Lagrangeana com dois campos Na integral acima vemos que somente o termo depende do campo A. K µ (xk , a)Gµψ (xk − yk )K ψ (yk , a) Substituindo a equação (3.21) na integral funcional (3.11) e levando o resultado no funcional gerador (3.6), podemos escrever Z i 1 µν 3 Z[J] = N DB exp d xk Bµ (xk )O (xk )Bν (xk ) ~ 2 Z Z i DA exp d4 xLM ax ~ ! Z 1 4 µ ψ 3 3 − d yk K (x)G(CS)µψ (xk − yk )K (y)δ(x − a)δ(y − a) . (3.22) 2 R R integral funcional DB exp ~i d3 xk 21 Bµ (xk )Oµν (xk )Bν (xk ) não depende de Z A A e será englobada em uma redenição da constante Z Z[J] = N̄ − 1 2 Z DA exp i ~ Z N. Assim camos com d4 xLM ax ! d4 yK µ (x)G(CS)µψ (xk − yk )K ψ (y)δ(x3 − a)δ(y 3 − a) . Da expressão acima podemos identicar uma ação efetiva para o campo (3.23) A Z 1 d4 x d4 y LM ax − K µ (x)G(CS)µψ (xk − yk )K ψ (y)δ(x3 − a)δ(y 3 − a) 2 Z i µ 1h µ I (xk ) + µαβ3 ∂α Aβ (x) G(CS)µψ (xk − yk ) = d4 x d4 y LM ax − 2 2 i h µ ψκλ3 ψ ∂κ Aλ (y) δ(x3 − a)δ(y 3 − a) × I (yk ) + 2 Z i 1h µ µ = d4 x d4 y LM ax − I (xk ) + F µ3 (x) G(CS)µψ (xk − yk ) 2 2 h i µ × I ψ (yk ) + F ψ3 (y) δ(x3 − a)δ(y 3 − a) , (3.24) 2 Sef = onde na segunda e terceira linha usamos a denição (3.9) e na quarta e quinta linha usamos o fato de que F µν = 21 µαβν Fαβ = µαβν ∂α Aβ . Podemos também identicar uma lagrangeana efetiva para o campo R A, com Sef = d4 xLef , Lef Z h 1 µ µ3 i 4 µ = LM ax − d y I (xk ) + F (x) G(CS)µψ (xk − yk ) 2 2 h µ ψ3 i ψ 3 × I (yk ) + F (y) δ(x − a)δ(y 3 − a) 2 (3.25) Daqui por diante vamos considerar que não temos fontes externas para o campo B, ou seja, vamos tomar I µ (xk ) = I ψ (yk ) = 0. 25 3.1. Lagrangeana Efetiva As equações de movimento podem ser obtidas tomando a variação da ação nula, δSef = 0, para pequenas variações de Z Assim sendo, da equação (3.24) obtemos d4 x d4 y δLM ax δSef = − A. µ2 δ[F µ3 (x)G(CS)µψ (xk − yk )F ψ3 (y)]δ(x3 − a)δ(y 3 − a) . 8 Variando a ação acima, usando a propriedade (3.26) Gµψ (xk − yk ) = Gψµ (yk − xk ) e efetuando algumas manipulações simples temos as equações de Euler-Lagrange ∂ν F νµ µ Z 3 d4 y − J + δ(x − a) µ2 σρµ3 [∂ρ G(CS)σψ (xk − yk )]F ψ3 (y)δ(y 3 − a) = 0 4 (3.27) Da equação (3.27) podemos ver que o tensor intensidade de campo dual F µν é fonte para o tensor intensidade de campo. Essa contribuição se dá somente sob a superfície e se caracteriza por ser não local, ou seja, as derivadas de dado ponto do espaço dependem de 3 x = a. F µν F µν em um avaliado em toda a extensão da superfície A característica da não localidade é comum quando estamos lidando com teorias efetivas. Substituindo a equação (3.19) para Gσψ (xk − yk ) em (3.27) e efetuando algumas manipulações simples, que vamos suprimir nesse texto, obtemos ∂ν F νµ (x) − J µ (x) −δ(x3 − a) × Z µ2 d4 y 4 Z # " µ ψ3 mp p F (y) kψ d3 pk k ψ3 + iρµ3 mF µ3 (y) + ψ pkρ F (y) (2π)3 p2k e−ipk (xk −yk ) δ(y 3 − a) = 0 . 2 2 pk − m A integração sobre o segundo termo do integrando é nula. (3.28) Isso pode ser visto como segue, Z 4 dy Z = Z µ ψ3 d3 pk mpk pkψ F (y) e−ipk (xk −yk ) δ(y 3 − a) = (2π)3 p2k p2k − m2 µ ψ3 d3 pk mpk F (y) 1 dy (−i)∂kψ(y) e−ipk (xk −yk ) δ(y 3 − a) 2 2 3 (2π) pk pk − m2 Z Z 3 mpµ (∂ ψ3 kψ(y) F (y)) −ip (x −y ) d pk k 4 = dy ie k k k δ(y 3 − a) = 0 , (2π)3 p2k (p2k − m2 ) 4 Z (3.29) onde efetuamos uma integração por partes na terceira linha e usamos o fato de que α ∂kψ(y) F ψ3 (y) = ∂kψ(y) ∂k(y) ψ3αβ Aβ (y) = 0. 26 Capítulo 3. Lagrangeana com dois campos A integração do último termo em (3.28) pode ser escrita em uma forma mais conveniente, da seguinte forma Z d3 pk ρµ3 e−ipk (xk −yk ) ψ3 p F (y) δ(y 3 − a) = i kρ (2π)3 ψ p2k − m2 Z 4 dy Z 4 = d3 pk ρµ3 ψ3 e−ipk (xk −yk ) δ(y 3 − a) = F (y)∂ kρ(y) ψ 2 2 3 (2π) pk − m Z dy Z 4 =− Z dy d3 pk ρµ3 e−ipk (xk −yk ) ψ3 δ(y 3 − a) , (∂ F (y)) kρ(y) (2π)3 ψ p2k − m2 (3.30) onde na terceira linha efetuamos uma intgração por partes. Levando os resultados (3.29) e (3.30) na equação (3.28) obtemos ∂ν F νµ (x) − J µ (x) Z 3 −δ(x − a) × µ2 dy 4 4 Z i d3 pk h µ3 ρ µ3 ψ3 mF (y) + ∂ F (y) ψρ k(y) (2π)3 e−ipk (xk −yk ) δ(y 3 − a) = 0 . 2 2 pk − m (3.31) O termo entre colchetes na equação acima não depende de pk . Sendo assim, podemos escrever ∂ν F νµ (x) − J µ (x) Z 3 −δ(x − a) Z × d3 pk h i µ2 ρ δ(y 3 − a) mF µ3 (y) + ψρµ3 ∂k(y) F ψ3 (y) 4 d3 pk e−ipk (xk −yk ) =0. (2π)3 p2k − m2 Integrando em Z d4 y d3 pk (3.32) na equação acima, teremos q −m zk2 −ipk zk e 1 e q =− 2 2 pk − m 4π z2 . (3.33) k Com isso, temos nalmente, as equações de movimento δ(x3 − a) Z √ −m (xk −yk )2 h i 2 µ e µ3 ρ 3 µ3 ψ3 p d4 y δ(y − a) mF (y) + ∂ F (y) ψρ k(y) 128π 4 (xk − yk )2 +∂ν F νµ (x) − J µ (x) = 0 (3.34) Note que ca explícito a não localidade do modelo, pois as derivadas de têm como fonte os valores de F µ3 (y) F µν (x) avaliados ao longo de toda a superfície. 27 3.2. Propagador da teoria Para ser mais explícito, vamos escrever a equações acima separando o caso onde µ=0 e o caso de µ = i. Vamos iniciar com o caso δ(x3 − a) Z µ = 0, como segue, √ −m (xk −yk )2 h i 2 µ e 3 ψ3 03 03 ρ p ∂ F (y) mF (y) + d4 y δ(y − a) ψρ k(y) 128π 4 (xk − yk )2 +∂ν F ν0 (x) − J 0 (x) = 0 ⇒ δ(x3 − a) Z √ −m (xk −yk )2 h i 2 µ e 3 3 ~ k(y) · E ~ k (y) p d4 y −mB (y) + ∇ δ(y − a) 128π 4 (xk − yk )2 ~ E(x) ~ ∇. − ρ(x) = 0 (3.35) Para as componentes espaciais, µ = i, em (3.34) procedemos da seguinte forma √ 3 Z δ(x − a) (xk −yk )2 h i µ e i3 i3 ρ ψ3 3 p dy mF (y) + ψρ ∂k(y) F (y) δ(y − a) 128π 4 (xk − yk )2 2 −m 4 +∂ν F νi (x) − J i (x) = 0 ⇒ √ −m (xk −yk )2 2 µ e δ(x3 − a) d4 y δ(y 3 − a) p × 128π 4 (xk − yk )2 # h i ~ ~ ~ k )(B(y) ~ m(ẑ × E(y)) − ∂0 E(y) − (ẑ × ∇ · ẑ) Z " ~ × B(x) ~ ~ ~ ∇ − ∂0 E(x) − J(x) =0 3.2 (3.36) Propagador da teoria Na seção anterior consideramos a teoria efetiva para o modelo (3.1), na qual zemos a integração funcional no campo B. Nessa seção vamos considerar o modelo (3.1) completo e calcular o propagador correspondente. Desconsiderando termos de superfície e usando o calibre no qual α = β = 1, podemos reescrever a lagrangeana (3.1) como: 1 1 µν µν λ λ µαν3 µ L = Aµ η ∂λ ∂ Aν + Bµ (ηk ∂kλ ∂k + m ∂kα )Bν − Iµ B δ(x3 − a) 2 2 h µ µ i 1 − Jµ Aµ + Aµ − µαν3 ∂kα Bν + Bµ − µαν3 ∂kα Aν δ(x3 − a)(3.37) . 2 2 2 28 Capítulo 3. Lagrangeana com dois campos A equação acima contém termos quadráticos em acoplamento entre A eB , todos lineares tanto em A e em B A como em assim como termos de B. Por conveniência, vamos escrever a equação (3.37) em uma estrutura matricial, como segue L= i 1h Aµ Bµ × 2 " − µ2 µαν3 δ(x3 − a)∂kα η µν ∂λ ∂ λ − µ2 µαν3 δ(x3 − a)∂kα δ(x3 − a)(η µν ∂kλ ∂kλ + mµαν3 ∂kα ) " # h i J µ − Aµ B µ . Iµ δ(x3 − a) #" Aν # Bν (3.38) Note que a equação (3.38) contém apenas um termo quadrático e um termo linear na matriz h Aµ Bµ i . Portanto, o modelo pode ser resolvido exatamente. Para isso, vamos começar denindo os seguintes operadores diferenciais matriciais: " V µν (x) = = = − µ2 µαν3 δ(x3 − a)∂kα # − µ2 µαν3 δ(x3 − a)∂kα δ(x3 − a)(η µν ∂kλ ∂kλ + mµαν3 ∂kα ) # " v11 (x) v12 (x) v21 (x) v22 (x) " V0µν (x) = η µν ∂λ ∂ λ η µν ∂λ ∂ λ 0 # 0 δ(x3 − a)(η µν ∂kλ ∂kλ + mµαν3 ∂kα ) " # v11 (x) 0 0 v22 (x) " ∆V µν (x) = 0 − µ2 µαν3 δ(x3 − a)∂kα − µ2 µαν3 δ(x3 − a)∂kα " # 0 v12 (x) = . v21 (x) 0 # 0 (3.39) onde denimos os operadores v11 (x) = η µν ∂λ ∂ λ v22 (xk ) = δ(x3 − a)(η µν ∂kλ ∂kλ + mµαν3 ∂kα ) µ v12 (xk ) = v21 (xk ) = − µαν3 δ(x3 − a)∂kα . 2 (3.40) 29 3.2. Propagador da teoria O operador V µν (x) é aquele encontrado na lagrangeana (3.38). O operador V0µν (x) contém apenas os termos sem interação entre os campos A e B . Como µν esperado, V0 (x) é diagonal e seus termos são dados pelo operador de Maxwell e o µν de Chern-Simons (denidos, respectivamente, por v11 e v22 ). O operador ∆V (x) envolve somente os termos de interação entre os campos A e B. Note que com as denições (3.39) temos que V µν = V0µν + ∆V µν (3.41) O propagador do modelo é dado pela inversa do operador " V µν (x)Gνσ (x, y) = ησµ δ 4 (x − y) µ 3 0 ηkσ δ (xk − yk )δ(x3 − a) É importante ter em mente que Gνσ (x, y) " = ou seja . (3.42) deve ter uma estrutura matricial. Por conveniência, vamos denir a inversa do operador V0µν (x)G0νσ (x, y) V µν (x), # 0 V0µν ησµ δ 4 (x − y) como 0 # µ 3 0 ηkσ δ (xk − yk )δ(x3 − a) . (3.43) Vamos mostrar que a função de Green, denida em (3.42), satisfaz a relação Z Gνσ (x, y) = G0νσ (x, y) − d4 zGνβ (x, z)∆V βκ (z)G0κσ (z, y) , o que pode ser feito ao aplicarmos o operador V µν (x) (3.44) denido em (3.39) em ambos os lados da equação (3.44), V µν (x)Gνσ (x, y) = V µν = V µν (x)G0νσ (x, y) − V Z (x)G0νσ (x, y) − µν Z (x) d4 zGνβ (x, z)∆V βκ (zk )G0κσ (z, y) d4 zV µν (x)Gνβ (x, z)∆V βκ (z)G0κσ (z, y) (3.45) Na integral da última linha da equação acima temos a atuação de função Gνβ (x, z), V µν (x) sob a cujo resultado pode ser obtido pela equação (3.42), assim V µν (x)Gνσ (x, y) = V µν (x)G0νσ (x, y) Z − " d4 z ηβµ δ 4 (x − z) 0 0 µ 3 ηkβ δ (xk 3 − zk )δ(x − a) # ∆V βκ (z)G0κσ (z, y) (3.46) Usando a denição de ∆V βκ em (3.39) temos 30 Capítulo 3. Lagrangeana com dois campos V µν (x)Gνσ (x, y) = V µν (x)G0νσ (x, y) " Z d4 z − ηβµ δ 4 (x − z) 0 # µ 3 0 ηkβ δ (xk − zk )δ(x3 − a) 0 καβ3 δ(z 3 − a) − µ2 ∂kα(z) × καβ3 δ(z 3 − a) − µ2 ∂kα(z) 0 ×G0κσ (z, y) . Vamos agora usar o fato de que (3.47) δ 3 (xk − zk )δ(x3 − a)δ(z 3 − a) = δ 4 (x − z)δ(x3 − a), δ 4 (x − z)δ(z 3 − a) = δ 4 (x − z)δ(x3 − a) para reescrever a equação (3.47) como V µν (x)Gνσ (x, y) = V µν (x)G0νσ (x, y) Z − " d4 z Integrando em 0 1 1 0 d4 z # µ ηβµ δ 4 (x − z)καβ3 δ(x3 − a) − ∂kα(z) G0κσ (z, y) . 2 (3.48) e fazendo as manupulações necessárias, podemos identicar o µ operador ∆Vκ (x), dado pela denição (3.39). Assim, obtemos que V µν (x)Gνσ (x, y) = V µν (x)G0νσ (x, y) − ∆V µκ (x)G0κσ (x) . Usando a equação (3.43) e que V µν (x) = V0µν (x) + ∆V µν (x) (3.49) no lado direito da equação acima, obtemos: V µν (x)Gνσ (x, y) = V0µν (x)G0νσ (x, y) + ∆V µν (x)G0νσ (x, y) − ∆V µκ (x)G0κσ (x) = V0µν (x)G0νσ (x, y) (3.50) Comparando as equações 3.42 e 3.43, vemos que elas são iguais, o que demonstra a validade da equação (3.44). Nosso modelo (3.1) tem simetria de translação nas coordenadas paralelas xk , sendo assim, vamos propor uma solução em integral de Fourier da seguinte forma Z Gνσ (x, y) = d3 p k G̃νσ (pk ; x3 , y 3 )e−ipk (xk −yk ) . (2π)3 A função de Green (3.51) G0νσ (x, y) para o operador V µν (x) sem a interação é conhecida. Por conveniência, vamos escrevê-la como uma integral de Fourier Z G0κσ (x, y) = d3 qk G̃0κσ (qk ; z 3 , y 3 )e−iqk (zk −yk ) . 3 (2π) (3.52) 31 3.2. Propagador da teoria Susbtituindo as equações (3.51) e (3.52) em (3.44) temos que Z 3 d3 pk d pk 3 3 −ipk (xk −yk ) G̃νσ (pk ; x , y )e = G̃0νσ (pk ; x3 , y 3 )e−ipk (xk −yk ) 3 3 (2π) (2π) Z Z 3 d pk G̃νβ (pk ; x3 , z 3 )e−ipk (xk −zk ) ∆V βκ (z) − d4 z (2π)3 Z 3 d qk × G̃0κσ (qk ; z 3 , y 3 )e−iqk (zk −yk ) . (3.53) 3 (2π) Z Atuando com o operador ∆V βκ (z) denido em (3.39) obtemos Z 3 d3 pk d pk 3 3 −ipk (xk −yk ) G̃νσ (pk ; x , y )e = G̃0νσ (pk ; x3 , y 3 )e−ipk (xk −yk ) 3 (2π) (2π)3 Z 3 Z d pk d3 qk − dz 3 G̃νβ (pk ; x3 , z 3 )e−ipk xk eiqk yk δ(z 3 − a) 3 3 (2π) (2π) # " Z βακ3 q 0 iµ kα 3 3 2 × iµ βακ3 G̃0κσ (qk ; z , y ) d3 zk ei(pk −qk )zk . (3.54) qkα 0 2 R 3 i(p −q )z o fato de que d zk e k k k = (2π)3 δ 3 (pk − qk ) e integrando em d3 qk e em Z Usando dz 3 podemos nalmente escrever Z 3 d3 pk d pk 3 3 −ipk (xk −yk ) G̃ (p ; x , y )e = G̃0νσ (pk ; x3 , y 3 )e−ipk (xk −yk ) νσ k (2π)3 (2π)3 " # Z 3 iµ βακ3 0 p d pk kα 2 G̃νβ (pk ; x3 , a) iµ βακ3 G̃0κσ (pk ; a, y 3 )e−ipk (xk −yk ) . − (2π)3 pkα 0 Z 2 (3.55) Da equação acima, podemos concluir que G̃νσ (pk ; x3 , y 3 ) = G̃0νσ (pk ; x3 , y 3 ) " −G̃νβ (pk ; x3 , a) 0 iµ βακ3 pkα 2 iµ βακ3 pkα 2 0 # G̃0κσ (pk ; a, y 3 ) . A equação acima é válida para quaisquer valores de ponto x3 e y3. (3.56) Vamos tomá-la no y 3 = a, G̃νβ (pk ; x3 , a)ησβ = G̃0νσ (pk ; x3 , a) " −G̃νβ (pk ; x3 , a) 0 iµ βακ3 pkα 2 iµ βακ3 pkα 2 0 onde, no lado esquerdo, usamos que # G̃0κσ (pk ; a, a) , G̃νσ (pk ; x3 , y 3 ) = G̃νβ (pk ; x3 , a)ησβ . (3.57) 32 Capítulo 3. Lagrangeana com dois campos Isolando G̃0νσ (pk ; x3 , a) podemos escrever G̃0νσ (pk ; x3 , a) = G̃νβ (pk ; x3 , a) # " βακ3 p ησβ iµ G̃ (p , a, a) kα (CS)κσ k 2 × iµ βακ3 pkα G̃(M )κσ (pk , a, a) 2 Pela denição (3.43) e a denição do operador trar que a matriz G0κσ (x, y) " G0κσ (x, y) = (3.58) ησβ V µν (x) em (3.39), podemos mos- é dada por G(M )κσ (x, y) 0 # (3.59) 0 G(CS)κσ (xk , yk ) Onde Z G(M )κσ (x, y) = d3 pk ηκσ − q e 3 (2π) 2 −p2 q −p2k |x3 −y 3 | (3.60) k é a função de Green do operador de Maxwell, e G(CS)κσ (xk , yk ) η µν ∂λ ∂ λ , discutido no capítulo anterior, é o propagador de Chern-Simons, obtido na equação (3.19). Vamos denir a matriz " Mβ σ = ησβ iµ βακ3 pkα G̃(M )κσ (pk , a, a) 2 iµ βακ3 pkα G̃(CS)κσ (pk , a, a) 2 ησβ # , (3.61) e reescrever a equação (3.58) como G̃0νσ (pk ; x3 , a) = G̃νβ (pk ; x3 , a)Mβσ . (3.62) Multiplicando ambos os lados da equação acima pela inversa de Mβσ e usando o fato de que " Mβσ (M−1 )σα = η βα 0 # (3.63) 0 η βα podemos mostrar que G̃να (pk ; x3 , a) = G̃0νσ (pk ; x3 , a)(M−1 )σ α . Substituimos agora (3.64) em (3.56), o que resulta em G̃νσ (pk ; x3 , y 3 ) = G̃0νσ (pk ; x3 , y 3 ) (3.64) 33 3.2. Propagador da teoria " −G̃0νσ (pk ; x3 , a)(M−1 )σ β 0 iµ βακ3 pkα 2 iµ βακ3 pkα 2 0 Pela equação (3.65) podemos ver que para encontrarmos obter primeiro a função # G̃0κσ (pk ; a, y 3 ) (. 3.65) G̃νσ (pk ; x3 , y 3 ) devemos G̃0κσ (pk ; x3 , y 3 ) e posteriormente a matriz inversa (M−1 )σ Vamos iniciar com o cálculo de β. G̃νσ (pk ; x3 , y 3 ). Com as equações (3.59), (3.60) e a representação de Fourier (3.52), obtemos " G̃(M )νσ (pk ; x3 , y 3 ) G̃νσ (pk ; x3 , y 3 ) = onde G̃(CS)νσ (pk ) 0 # (3.66) 0 G̃(CS)νσ (pk ) é dado por (3.18) e ηνσ − G̃(M )νσ (pk ; x , y ) = q e 2 −p2k 3 3 q −p2k |x3 −y 3 | (3.67) Usando as equações (3.63), (3.66) e (3.61) e denindo os elementos da matriz inversa de M como " (M−1 )σγ = # Aσγ Bγσ (3.68) Cγσ Dγσ podemos escrever " Mβσ (Mσγ )−1 = ηγβ 0 0 ηγβ " # ⇒ ησβ iµ βακ3 pkα G̃(M )κσ (pk ; a, a) 2 " = ηγβ 0 iµ βακ3 pkα G̃(CS)κσ (pk ) 2 ησβ # " Aσγ Bγσ Cγσ Dγσ = # (3.69) 0 ηγβ Os fatores # Aσγ , Bγσ , Cγσ e Dγσ da denição (3.68) podem ser obtidos impondo-se a validade da equação (3.69). Vamos suprimir esses cálculos desse texto para facilitar a leitura. Os resultados são σ A γ =η σ γ + (1 + χ(pk ) p2k )χ(pk ) p2k − m2 χ2(pk ) p2k m2 χ2(pk ) p2k − (1 + χ(pk ) p2k )2 m2 χ2(pk ) − (1 + χ(pk ) p2k )χ(pk ) m2 χ2(pk ) p2k − (1 + pσ p 2 2 k kγ χ(pk ) pk ) + σ ηkγ imχ(pk ) σ κγ 3 pκk m2 χ2(pk ) p2k − (1 + χ(pk ) p2k )2 , (3.70) 34 Capítulo 3. Lagrangeana com dois campos iµ Cσ γ = q 4 −p2k [m2 χ2(pk ) p2k − (1 + χ(pk ) p2k )2 ] σ ×[imχ(pk ) (pσk pkγ − p2k ηkγ − (1 + χ(pk ) p2k )σα γ 3 pkα ] , D σ γ =η σ γ + (1 + χ(pk ) p2k )χ(pk ) p2k − m2 χ2(pk ) p2k m2 χ2(pk ) p2k − (1 + χ(pk ) p2k )2 m2 χ2(pk ) − (1 + χ(pk ) p2k )χ(pk ) m2 χ2(pk ) p2k − (1 + χ(pk ) p2k )2 Bσ γ = − 2[m2 χ2(pk ) p2k " σ × im −ηkγ + pσk pkγ + σ ηkγ + imχ(pk ) σ κγ 3 pκk m2 χ2(pk ) p2k − (1 + χ(pk ) p2k )2 iµ − (1 + χ(pk ) p2k )2 ](p2k − m2 ) ! pσk pkγ p2k (3.71) , (3.72) # + (1 + χ(pk ) p2k − mχ(pk ) )σα γ 3 pkα , (3.73) onde denimos a função µ2 χ(pk ) = q . 8 −p2k (p2k − m2 ) De posse dos coecientes (3.74) A, B , C e D e, portanto, da matriz inversa (3.68), usando as equações (3.18), (3.66) e (3.67) e efetuando diversas manipulações simples, porém longas, obtemos nalmente a transformada de Fourier do propagador " G̃(M )νσ (pk ; x3 , y 3 ) " 0 G̃(CS)νσ (pk ) # a11νσ (pk ; x3 , y 3 ) a12νσ (pk ; x3 ) G̃νσ (pk ; x3 , y 3 ) = − a21νσ (pk ; y 3 ) 0 a22νσ (pk ) # , (3.75) onde denimos as funções − q −p2 (|x3 −a|+|a−y 3 |) k µ2 e a11 (pk ; x3 , y 3 ) = 16p2k [m2 χ2(pk ) p2k − (1 + χ(pk ) p2k )2 ](p2k − m2 ) ×[(1 + χ(pk ) p2k − m2 χ(pk ) )(ηkνσ p2k − pkν pkσ ) − imνψσ3 pψk ] , (3.76) 35 3.2. Propagador da teoria − q −p2k |x3 −a| iµe a12 (pk ; x3 ) = − q 2 −p2k [m2 χ2(pk ) p2k − (1 + χ(pk ) p2k )2 ](p2k − m2 ) " # im ψ 2 × imηkνσ − 2 pkν pkσ + (1 + pk χ(pk ) − mχ(pk ) )νψσ3 pk , pk (3.77) q − −p2k |a−y 3 | iµe a21 (pk ; y 3 ) = − q 2 −p2k [m2 χ2(pk ) p2k − (1 + χ(pk ) p2k )2 ](p2k − m2 ) " # im ψ × imηkνσ − 2 pkν pkσ + (1 + p2k χ(pk ) − mχ(pk ) )νψσ3 pk , pk (3.78) µ2 a22 (pk ) = − q 4 −p2k [m2 χ2(pk ) p2k − (1 + χ(pk ) p2k )2 ](p2k − m2 )2 " × ηkνσ [m2 (1 − χ(pk ) p2k ) + (1 + χ(pk ) p2k )p2k ] ! 2 m (χ(pk ) p2k − 1) − (1 + χ(pk ) p2k ) 2 pk # +pkν pkσ +im(m2 χ(pk ) − 2 − χ(pk ) p2k )νψσ3 pψk . (3.79) O propagador será dado pela integral (3.51) com (3.75), ou seja, Z Gνσ (x, y) = " − d3 pk (2π)3 " G̃(M )νσ (pk ; x3 , y 3 ) 0 # 0 G̃(CS)νσ (pk ) # a11νσ (pk ; x3 , y 3 ) a12νσ (pk ; x3 ) e−ipk (xk −yk ) . 3 a21νσ (pk ; y ) a22νσ (pk ) (3.80) Note que o propagador (3.80) é dado pelo propagador sem o termo de interação acrescido de uma contribuição na qual se leva em conta a presença da fronteira. Vamos denotar essa contribuição por Z ∆Gνσ (x, y) = − d3 pk (2π)3 " ∆G(x, y) a11νσ (pk ; x3 , y 3 ) a12νσ (pk ; x3 ) 3 a21νσ (pk ; y ) a22νσ (pk ) Se tomarmos o limite de acoplamanto nulo, ou seja, a22 = a12 = a21 = 0 (e ∆G = 0), # µ → 0, e−ipk (xk −yk ) . (3.81) temos que a11 = e recuperamos o caso onde os campos de Maxwell e de Chern-Simons estão desacoplados. De posse do propagador do modelo, podemos encontrar qualquer quantidade física relacionada ao sistema, clássica ou quântica. 36 3.3 Capítulo 3. Lagrangeana com dois campos Interação carga-superfície Com o propagador devidamente calculado, na seção anterior, vamos estudar como se dá a interação entre uma carga pontual estacionária a superfície descrita pelo modelo (3.1). Usando os mesmos argumentos empregados no capítulo anterior, podemos mostrar, para o modelo (3.1), que a energia de interação entre uma fonte externa e a superfície é dada por Eint 1 = 2T Z d4 xd4 y(J µ )t (x)∆Gµν (x, y)J ν (y) onde está implícito o limite T → ∞, ∆Gµν (x, y) (3.82) está denido em (3.81) e J µ (x) é a fonte externa, dada por " J µ (x) µ J (x) = J µ (x) sendo # (3.83) I µ (x)δ(x3 − a) a fonte para o campo de Maxwell e I µ (x) a fonte para o campo de Chern-Simons. Para um sistema sem fontes para o campo de Chern-Simons e com uma carga pontual estacionária para o campo de Maxwell, localizada na posição tomar I µ (x) = 0 " J µ (x) = # J µ (x) e J µ (x) = qη0µ δ 3 (~x − ~b). ~b, devemos Com isso a equação (3.83) ca (3.84) 0 e a energia (3.82) se torna Eint 1 = 2T Z d4 xd4 y h qη0µ δ 3 (~x − ~b) 0 i " ∆Gµν (x, y) qη0ν δ 3 (~y − ~b) 0 # (3.85) Substituindo a denição (3.81) em (3.85) temos que Eint Z Z 3 h i d pk 1 4 4 µ 3 ~ = − d xd y qη0 δ (~x − b) 0 2T (2π)3 " #" # a11νσ (pk ; x3 , y 3 ) a12νσ (pk ; x3 ) qη0ν δ 3 (~y − ~b) × e−ipk (xk −yk )(3.86) . 3 a21νσ (pk ; y ) a22νσ (pk ) 0 Efetuando o produto matricial e as integrais Eint q2 =− 2T Z 0 dx dy 0 Z d3~x, d3 ~y obtemos d2 p~k dp0 0 0 0 a1100 (pk ; b3 , b3 )e−ip (x −y ) . 2 (2π) 2π (3.87) 37 3.3. Interação carga-superfície Usamos agora o fato de que em conta que R dy 0 = T , R dx0 e−ip 0 x0 = (2π)δ(p0 ), integrando em dp0 e levando estando implícto o limite T → ∞, reescrevemos a energia de interação como Eint q2 =− 2 Z d2 p~k a1100 (p0 = 0, p~k ; b3 , b3 ) . 2 (2π) (3.88) Pela denição (3.76) podemos escrever que 0 3 µ2 (1 + χ(pk ) p2k − m2 χ(pk ) )(p2k − p20 ) 3 a1100 (p = 0, p~k ; x , y ) = − 16p2k [m2 χ2(pk ) p2k − (1 + χ(pk ) p2k )2 ](p2k − m2 ) q − −p2k (|x3 −a|+|a−y 3 |) ×e . (3.89) Substituindo o resultado acima em (3.88) chegamos a seguinte integral 2 2 Eint = − A função q µ 32 Z q −2 p ~2k |b3 −a| 2 2 (1 − χ(−~pk ) p~k − m χ(−~pk ) )e d p~k (2π)2 16[m2 χ2(−~pk ) p~2k + (1 − χ(−~pk ) p~2k )2 ](~p2k + m2 ) 2 χ está denida em (3.74). Para . (3.90) p0 = 0 temos então χ(−~pk ) = q −µ 8 p ~2k (~ p2k +m2 ) 2 e a equação (3.90) toma a forma 2 2 Eint = − q µ 32 q 2 2 q 8 p ~ + µ k d p~k 8 −2 p ~2k |b3 −a| e q q (3.91) . 2 (2π) p~2k 64~p2k + 16 p~2k µ2 + µ4 + 64m2 2 Z A integral acima pode ser resolvida em coordenadas polares. r a coordenada radial, ou seja, r = q Tomando como p~2k e integrando na parte angular, podemos escrever Eint q 2 µ2 =− 8π Z ∞ dr 0 8r + µ2 3 e−2r|b −a| 2 2 4 2 64r + 16rµ + µ + 64m (3.92) Para resolvermos a integral acima vamos fazer a decomposição por frações parciais. As raízes do polinômio do denominador (64r r1 = − µ2 + im , 8 r2 = − 2 + 16rµ2 + µ4 + 64m2 ) µ2 − im , 8 são (3.93) e a equação (3.92) pode ser escrita como Eint q 2 µ2 = − 10 2 imπ Z 0 ∞ 8r + µ2 −2r|b3 −a| 8r + µ2 −2r|b3 −a| dr e − e r − r1 r − r2 (3.94) O resultado da integral acima pode ser feito com o auxílio da referência [32] ou com o auxílio do software Maple. Vamos denir a distância entre a superfície e 38 Capítulo 3. Lagrangeana com dois campos a carga como sendo R = |b3 − a|. Com isso a energia (3.94) pode ser nalmente calculada ! 2 ! q µ µ µ = − 7 Ei 1, − 2im R exp − 2im R 2π 4 4 ! 2 !# 2 µ µ + 2im R exp + 2im R , +Ei 1, 4 4 2 2 Eint onde Ei(1, x) " 2 (3.95) é a função erro integral denida como ∞ Z dp exp(−pz)p−a . Ei(a, z) = (3.96) 1 Apesar da presença da unidade imaginária i no resultado (3.95), a energia é real, pois temos a soma de uma quantidade complexa com seu conjugado. Podemos perceber que a energia (3.95) decresce com a distância presença das funções exponenciais, o decréscimo da função R. Apesar da Ei supera o crescimento da exponencial nesse caso. O caso especial onde a massa do campo de Chern-Simons é nula pode ser fácilmente resolvido, tomando Eint q 2 µ2 =− 8π Z m=0 ∞ dr 0 em (3.94), como segue e−2rR 8r + µ2 2 2 Eint = − q µ µ2 R µ2 e 4 Ei(1, R) , 64π 4 onde a integração foi feita utilizando o software Maple (3.97) CAPÍTULO 4 Conclusões e Perspectivas Nesse trabalho iniciamos um estudo a respeito de potenciais tipo delta de Dirac para o campo eletromagnético onde esse exibe acoplamentos com estrutura de Chern-Simons. Consideramos dois modelos. No primeiro temos somente o campo eletromagnético, estando esse submetido a um potencial externo concentrado ao longo de uma superfíce. No segundo modelo, temos dois campos, o eletromagnético e um campo de Chern-Simons denido ao longo de uma superfície. Os campos se acoplam por um potencial delta de Dirac concentrado ao longo da superfície com um termo de interação com a estrutura de Chern-Simons. O primeiro modelo tem um único parâmetro, a constante de acoplamento entre o campo eletromagnético e o potencial, e o segundo modelo tem dois parâmetros, a mesma constante de acoplamento e a massa do campo de Chern-Simons. Restringimos ao caso onde a superfície é um plano innito estacionário e os modelos estudados são denidos em 3+1 dimensões. Sendo ambos os modelos quadráticos nos campos, podemos encontrar nossos resultados exatamente, sem a necessidade de apelar para teoria de perturbação. Para o primeiro modelo, calculamos o propagador e estudamos a interação da fronteira com uma carga pontual estacionária. Mostramos que, no limite quando a constante de acoplamento tende a innito, recuperamos os resultados obtidos para um condutor perfeito. No segundo modelo obtivemos o propagador e a lagrangeana efetiva para o campo eletromagnético, após integrar funcionalmente no campo de Chern-Simons. Essa lagrangeana se mostrou não local. Obtivemos também o propagador da teoria completa, isto é, com os dois campos, assim como a interação entre a superfície e uma 40 Capítulo 4. Conclusões e Perspectivas carga pontual estacionária. Existem algumas lacunas no estudo abordado nesse texto, que estamos considerando no momento e pretendemos concluir. A primeira delas diz respeito ao segundo modelo (com dois campos), quando tomamos o limite da constante de acoplamento entre os campos tendendo a innito. Nesse caso pretendemos comparar nossos resultados com aqueles obtidos quando temos a presença de uma placa plana perfeitamente condutora. Para o primeiro modelo, vamos considerar a presença de duas superfícies plana estáticas e paralelas, com constantes de acoplamento diferentes. Dessa forma, devemos obter a energia de Casimir para esse sistema. O problema de duas superfícies para o segundo modelo deve envolver cálculos muito longos, e não devemos abordá-lo tão cedo. Vamos procurar por meios materiais que possam, de forma efetiva, ser descritos pelas superfícies que estudamos nessa Dissertação. Vamos concentrar nossa atenção nos chamados meta-materiais, que podem exibir propriedades eletromagnéticas interessantes e bem diferentes das usuais. Como possibilidads futuras, podemos estudar como as fronteiras tratadas nessa Dissertação podem interagir com sistemas atômicos, quando colocados em suas proximidades. Nesse contexto, estudaríamos o Lamb-Shift e a interação átomo- superfície, com os modelos propostos. Também seriam um assunto interessante estudar a reexão e transmissão de ondas eletromagnéticas por essas superfícies. No caso do primeiro modelo, ao considerarmos duas placas paralelas, seria uma possibilidade também estudar o chamado Efeito Scharnhorst, que se trata da alteração da velocidade de propagação da luz dentro de cavidades. APÊNDICE A Cálculo do propagador de Maxwell Temos que a lagrangeana de Maxwell é: 1 1 (∂µ Aµ )2 (A.1) LM ax = − Fµν F µν − Jµ Aµ − 4 2α Podemos reescrevê-la, escolhendo o calibre α = 1 e elimando os termos de superfície, da seguinte maneira: 1 LM ax = Aµ (η µν ∂ λ ∂λ )Aν − Jµ Aµ 2 (A.2) Queremos encontrar o propagador para essa equação. Portanto, teremos que calcular: (η µν ∂ λ ∂λ )Gνσ (x, y) = ησµ δ 4 (x − y) (A.3) Utilizando o método de Fourier [25], teremos: Z d4 p µν λ (η ∂ ∂λ )G̃νσ (p)e−ip(x−y) = 4 (2π) Z d4 p µ −ip(x−y) η e (2π)4 σ (A.4) Desta obtemos: η µν (−p2 )G̃νσ (p) = ησµ ⇒ G̃µσ (p) = − ησµ p2 (A.5) Então: Gµσ (x, y) Z =− d4 p ησµ −ip(x−y) e (2π)4 p2 (A.6) Para as equações utilizadas nesse trabalho, faremos uma integração em dp3 . Assim, teremos que resolver Gµσ (x, y) Gµσ (x, y) Z d3 p (2π)3 Z dp3 ησµ 3 3 3 e−ipk (xk −yk ) eip (x −y ) 2 3 2 (2π) pk − (p ) Z d3 p (2π)3 Z dp3 µ −ipk (xk −yk ) eip (x −y ) η e (2π) σ p2k − (p3 )2 =− =− 3 3 3 (A.7) 42 Apêndice A. Cálculo do propagador de Maxwell Para integrarmos em dp3 usaremos o método dos resíduos [34]. Para isso acrescen- taremos uma parte imaginária na equação como segue: Z limχ→0 3 3 3 dp3 eip (x −y ) (2π) p2k − (p3 )2 + iχ (A.8) calculando os polos da equação e os resíduos obteremos: Z limχ→0 3 ip3 (x3 −y 3 ) − q −p2k |x3 −y 3 | dp e e = ησµ √ 2 3 2 (2π) pk − (p ) + iχ 2 −pk (A.9) Assim, chamaremos: − G̃µσ (pk ; x3 , y 3 ) = ησµ e q −p2k |x3 −y 3 | √ 2 −pk (A.10) APÊNDICE B Cálculo do propagador de Chern-Simons Temos que a lagrangeana de Chern-Simons é: m 1 1 (∂µ B µ )2 ] LCS = [− Gµν Gµν + µνα3 Bµ ∂ν Bα − Iµ B µ − 4 2 2β Podemos reescrevê-la, escolhendo o calibre (B.1) β = 1 e elimando os termos de superfície, da seguinte maneira: LM ax 1 µν λ µαν3 = Bµ ηk ∂k ∂kλ + m ∂kα Bν − Iµ B µ 2 (B.2) Queremos encontrar o propagador para esse caso. Portanto, teremos que calcular: ηkµν ∂kλ ∂kλ + mµαν3 ∂kα Gνσ (xk , yk ) = ησµ δ 3 (xk − yk ) (B.3) Utilizando o método de Fourier, teremos: d3 p µν λ µαν3 η ∂ ∂kλ + m ∂kα Gνσ (pk )e−ipk (xk −yk ) = (2π)3 k k Z d3 p µ −ipk (xk −yk ) η e (2π)3 kσ Z (B.4) Desta obtemos: µ ηkµν (−pk )2 − imµαν3 pkα Gνσ (pk ) = ηkσ (B.5) Para resolvermos essa equação lançaremos mão do seguinte ansatz: Gνσ (pk ) = Aηkµσ + BPkµ Pkσ − iCµρσ3 Pkρ (B.6) 44 Apêndice B. Cálculo do propagador de Chern-Simons Então: σ [−p2k ηkµν − imµαν3 pkα ][Aηkµσ + BPkµ Pkσ − iCµρσ3 Pkρ ] = ηkν (B.7) Com essa proposta, obtemos o seguinte sistema: ν ν ηkκ (−p2k A + mCp2k ) = ηkκ pνk pκk (−p2k B − mC) = 0 iνρκ3 pρk (p2k C − mA) = 0 (B.8) Desse sistema obtemos que: A=− p2k 1 − m2 m2 (p2k )2 (p2k − m2 ) m C=− 2 2 pk (pk − m2 ) B= (B.9) Então teremos: G̃µσ (pk ) = − ηkµσ p2k − m2 2 +m pµk pσk (p2k )2 (p2k − m2 ) Sendo este o propagador de Chern-Simons. + im µρσ3 pkρ (p2k )(p2k − m2 ) (B.10) APÊNDICE C Cálculo da integral U Vemos que a integral U = R −ipk zk p2k d3 pk e contém polos. Para eliminar os polos, faremos uma mudança de variável, utilizaremos coordenadas euclidianas denidas em [22], como se segue: chamaremos p0 → ip0 = p3 e z 0 → iz 0 = z 3 . Assim nossa integral ca: Z e−ipk zk d pk = p2k 3 Z d3 pk − i e−ipkE zkE p2kE (C.1) Em coordenadas eféricas teremos: e−ir zkE −i dr dφ dθr senθ r2 Integrando em dφ teremos: Z −2πi dr dθsenθe−ir zkE Z 2 Para intergrarmos em Z dθ |zkE |cosθ Fazendo a seguite mudança de variável 2π −i|zkE | ∞ Z dr 0 (C.3) faremos: dr dθsenθe−ir −2πi (C.2) (C.4) u = cosθ e integrando em 1 ir|zkE [e − e−ir|zkE ] r Fazendo mais uma mudança de variável du teremos: (C.5) v = r|zkE | ∞ 4π 1 eiv − e−iv dv −|zkE | 0 v 2i obteremos: Z (C.6) Utilizando o método dos resíduos teremos: 4π −|zkE | Z 0 ∞ 1 eiv − e−iv −2π 2 dv = v 2i |zk | (C.7) Referências Bibliográcas [1] G.T. Camilo, F.A. Barone and F.E. Barone, Phys. Rev. D. [2] F.A. Barone and F.E. Barone, Eur. Phys. J. C [3] F.A. Barone and F.E. Barone, Phys. Rev. D [4] H.B.G. Casimir, Proc. K. Ned. Akad. Wet. [5] P.W. Milonni, 87, 025011 (2013). 74, 3113 (2014). 89, 065020 (2014). 51, 793 (1948). 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