Revista Brasileira de Geociências 29(2): 163-172, junho de 1999 PETROGRAFIA E DIAGÊNESE DA FORMAÇÃO UBERABA, CRETÁCEO SUPERIOR DA BACIA DO PARANÁ NO TRIÂNGULO MINEIRO PAULO DIAS FERREIRA JÚNIOR* & NEWTON SOUZA GOMES** ABSTRACT PETROGRAPHY AND DIAGENESIS OF THE UBERABA FORMATION, LATE CRETACEOUS OF THE PARANÁ BASIN IN THE TRIÂNGULO MINEIRO The paper characterizes the depositional model and the diagenetic evolution of the Uberaba Formation, the lowermost unit of Bauru Group, Upper Cretaceous of the Paraná Basin. The Uberaba Formation is geographically restricted to the Triângulo Mineiro region and consists of medium-grained sandstones, conglomerates, pebbly sandstones and siltstones. Its framework consists of quartz, feldspars, rock fragments (basalt, quartzites, schists, sandstones) and sandstone intraclasts. These rocks can be classified as lithic sandstones, sublithic sandstones and feldspathic lithic sandstones. The presence of thick conglomeratic sequences — consisting of sandstone intraclasts — near Serra do Veríssimo, is interpreted as due to tectonic activity in this area during the deposition of the Uberaba Formation. The diagenetic evolution may be divided into eodiagenetic and mesodiagenetic stages. The eodiagenesis is represented by the following aspects: a) presence of large volumes of volcanic dust due to the volcanic activity in the Alto Paranaiba region, which were mechanically infiltrated in the intergranular pores of rocks; b) autigenesis of zeolite and silica; c) autigenesis of iron oxides, dolomites, calcretes, silcretes, attapulgite and sepiolite. The mesodiagenesis is marked by formation of calcite and barite, the former being the most important phase in volume. The textural relationships as well as the reddish colors of cathodoluminescence due to the high Mn content suggest the mesodiagenetic origin of calcite. The sedimentary environments characterized by braided river complex controlled the development of the autigenic minerals, during the eodiagenesis. The high permeability of these rocks is related to the textural heterogeneity, which allowed the influx of meteoric water. The framework constituents of these rocks were the main source of material for the diagenetic phases. Keywords: Uberaba Formation, diagenesis, mechanically clay infiltration, calcite, sandstone composition RESUMO A análise petrológica da Formação Uberaba, representante da porção basal do Grupo Bauru, Cretáceo Superior da Bacia do Paraná, mostra que esta unidade é composta por arenitos ricos em quartzo, feldspatos, fragmentos líticos (basaltos, quartzitos, xistos e arenitos) e intraclastos arenosos, podendo ser classificados como litoarenitos, sublitoarenitos e litoarenitos feldspáticos. Os fragmentos líticos sugerem uma mistura de áreas-fonte, com contribuição de rochas vulcânicas alcalinas, basaltos além de rochas metamórficas dos Grupos Araxá e Canastra. A presença de espessas seqüências conglomeráticas — constituídas principalmente de intraclastos arenosos — é interpretada, neste contexto, como indicativa de atividade tectônica, responsável pela mudança do nível de base da bacia. A evolução diagenética pode ser dividida em eodiagênese e mesodiagênese. Atividades vulcânicas no Alto Paranaíba, concomitantes à deposição da Formação Uberaba, são sugeridas pela presença de grandes volumes de cinzas vulcânicas, que foram mecanicamente infiltradas no espaço intergranular das rochas, além de fases autigênicas de zeólitas e silica. Ainda durante a eodiagênese é registrada a autigênese da atapulgita, sepiolita, silcretes, calcretes, dolomita, óxidos de ferro e de titânio. O sistema deposicional do tipo fluvial entrelaçado foi determinante na produção de fases autigênicas durante o regime eodiagenético, visto que a heterogeneidade textural resultante condicionou uma alta permeabilidade dos sedimentos, o que facilitou o influxo de águas meteóricas. A mesodiagênese é marcada pela cimentação por barita e calcita, sendo que esta última constitui, volumetricamente, a fase mais importante. Além de suas relações texturais, a calcita apresenta tons avermelhados sob catodoluminescência, indicando alta relação Fe/Mn, sugestiva do regime mesodiagenético. Palavras-chave: Formação Uberaba, diagênese, infiltração mecânica de argila, calcita, composição mineralógica. INTRODUÇÃO Desde o início deste século, a descoberta de paleoaluviões diamantíferos pós-basálticos no Alto Paranaíba atraiu a atenção de diversos pesquisadores que buscam identificar a origem e o controle estratigráfico da unidade sedimentar que os contém. Data desta época a inclusão destes depósitos na Formação Uberaba, Grupo Bauru da Bacia do Paraná. Np início, os trabalhos enfocaram a mineralogia dos jazimentos de Água Suja, atual Romaria e buscavam associações com as ocorrências diamantíferas da Bacia Sanfranciscana. A retomada dos estudos sobre a Formação Uberaba é devida a Hasui (1968, 1969), que associou à unidade, as rochas vulcanoclásticas cretácicas do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (MG). As discussões da década de 70 focaram a compartimentação estrutural do Triângulo Mineiro (Braun 1970) em duas bacia distintas (Paraná e Sanfranciscana) abrangendo aspectos litoestratigráficos (Ladeira et al.1911). Hasui et al.(l975) e Hasui & Haralyi (1991) correlacionaram os eventos sedimentares e magmáticos da Bacia Sanfranciscana e Paraná e definiram a faixa divisória destas duas unidades geotectônicas, denominando-a de Soerguimento do Alto Paranaíba. Segundo esses autores, esta área esteve ativa em pelo menos dois episódios no decorrer do Fanerozóico. Segundo Suguio et al. (1979), os depósitos rudáceos de Romaria foram depositados por fluxos viscosos e corridas de lama na forma de leques aluviais. A paleogeografia local foi definida por Davino (1983) e Feitosa & Svisero (1984). Ferreira Júnior et al. (1995) sugeriram a presença de diamantes apenas nas fácies proximais dos leques aluviais, visto que os depósitos distais dos leques aluviais não são fruto do retrabalhamento dos conglomerados basais diamantíferos. Kimberlitos foram apontados como a principal fonte de diamantes do Alto Paranaíba por Svisero (1981), Svisero & Meyer (1981) e Feitosa & Svisero (l984). Na década de 80, os trabalhos centraram-se especialmente em problemas estratigráficos e nas correlações com as rochas do Grupo Bauru no Estado de São Paulo. Cabe ressaltar os trabalhos de Barcelos et al.1981), Barcelos (1984) e Barcelos et al.(1987). * Ferreira Júnior (1996) ao aplicar a técnica de elementos arquiteturais e associação vertical de fácies, na análise do ambiente deposicional da Formação Uberaba, concluiu que os sedimentos próximos à cidade de Uberaba foram depositados em um complexo de canais entrelaçados, marcados pela migração lateral e fluxo perene. Litotipos arenosos e conglomeráticos são freqüentes, sendo pequena a contribuição pelftica. ARCABOUÇO GEOLÓGICO O arcabouço geológico do Triângulo Mineiro pode ser dividido em duas grandes unidades: a leste, no domínio da Bacia São Franciscana, ocorrem rochas sedimentares e vulcânicas que se assentam sobre rochas metassedimentares neoproterozóicas do Grupo Bambuí e a oeste rochas magmáticas e sedimentares fanerozóicas da Bacia do Paraná. Estas unidades são separadas pelo Soerguimento do Alto Paranaíba (SAP), que afetou, principalmente a porção sul da Faixa de Dobramentos Brasília, que é constituída por rochas metamórfícas proterozóicas cortadas por intrusões alcalinas mesozóicas e orientadas grosseiramente na direção NW-SE (Barbosa et al. 1970, Hasui & Haralyi 1991) Várias foram as manifestações magmáticas mesozóicas que cortaram as unidades proterozóicas, sendo observadas chaminés alcalinas (Amaral et al. 1967, Hasui & Cordani 1968), focos magmáticos de caráter básico-ultrabásico como os kimberlitos de Coromandel (Hasui 1967) e lavas ugadíticas (Hasui 1969). Na porção leste, no domínio da Bacia Sanfranciscana, ocorrem derrames e tufos da Formação Patos (Hasui 1967). A Formação Uberaba foi definida como de idade neocretácea por Hasui & Cordani (1968) tendo ocorrência restrita ao Triângulo Mineiro e porções isoladas do Alto Paranaíba (Fig. 1). Esta última área não foi analisada neste trabalho, uma vez que os depósitos, junto à cidade de Romaria, mostram-se extremamente alterados, inviabilizando a análise petrográfica. Segundo Barcelos (1984), o contato inferior da Formação Uberaba se dá por discordância paralela com a Formação Serra Geral ou angular com os arenitos da Formação Botucatu e micaxistos do Grupo Araxá Campus Universitário de Araguaína, Fundação Universidade do Tocantins, Caixa Postal 132, CEP 77.807-060, Araguaína, TO, Brasil, Telefone: (063) 812-1172, E-mail: [email protected] ** Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, CEP 35.400-000, Ouro Preto, Brasil, Telefone: (031 )-559.1600, Fax: (031) 551-2334, E-mail: newton @ degeo.degeo.ufop.br 164 Revista Brasileira de Geociências, Volume 29,1999 Figura l - Área de ocorrência da Formação Uberaba e principais pontos analisados (modificado de COMIG 1994) no Alto Paranaíba. A oeste, na região de Veríssimo, interdigita-se, possivelmente, com a Formação Adamantina. O contato superior é transicional e se faz com o Membro Ponte Alta, da Formação Marília (Alves 1995). Para Hasui (1968) e Barcelos (1984) a Formação Uberaba é constituída por rochas epiclásticas, segundo a terminologia de Fisher (1961), onde os sedimentos são derivados de fontes vulcânicas preexistentes e associadas a outras fontes não vulcânicas. Ferreira Júnior & Guerra (1993) classificaram estas rochas como litoarenitos a litoarenitos feldspáticos, com baixa seleção e granulometria de areia muito grossa a fina. Apesar de serem diversas, as propostas de subdivisão estratigráfíca do Grupo Bauru não diferem muito uma das outras, sendo simples a equivalência entre elas. A divisão, aqui utilizada (Fig. 2), é aquela apresentada por Barcelos (1984) e Barcelos & Suguio (1987), que redefiniram a proposta de Soares et al. (1980). MATERIAIS E MÉTODOS A análise petrológica de lâminas delgadas, sistematicamente amostradas ao longo de perfis estratigráficos, permitiu a caracterização textural e mineralógica, assim como a identificação dos eventos diagenéticos que atuaram sobre os arenitos da Formação Uberaba. As amostras utilizadas foram coletadas ao longo de 20 perfis estratigráficos levantados durante o mapeamento básico. De acordo com variações mesoscópicas da textura, granulometria e composição mineralógica foram destinadas 136 amostras cara a confecção de lâminas delgadas. Estas rochas foram impregnadas com resina epoxy azul para uma melhor caracterização da porosidade e do tipo de contato entre os grãos. Foram contados em média 300 pontos, em 56 destas lâminas, permitindo assim, a classificação litológica desta unidade. Estudos qualitativos e quantitativos de microssonda, DRX e catodoluminescência foram empregados como ferramentas auxiliares da microscopia ótica convencional, na caracterização dos componentes detríticos e autigênicos. Nove amostras, que apresentaram alto percentual de minerais acessórios (granadas e perowskita), foram selecionadas para observação em microssonda, realizada em equipamento EG&G Ortec System 5000, da Superintendência de Tecnologia (GIMIC) da Companhia Vale do Rio Doce. A cimentação carbonática foi analisada de duas formas: na primeira, 18 amostras foram tingidas com uma solução de 0,15% de HC1, 1,0% de ferrocianeto de potássio e 0,1 % de alizarina (Carvalho 1990), buscando a individualização calcita/dolomita; na segunda, as lâminas foram submetidas à catodoluminescência, procurando-se distinguir possíveis gerações de cimentos. Em 22 amostras com alta variabilidade da matriz argilosa ou comportamento textural que indicasse variadas fases diagenéticas compostas por argilo-minerais, utilizou-se a difratometria de raios-X, realizada no Laboratório de DRX do DEGEO/EM/UFOP. Empregouse um difratômetro da marca Rigaku, modelo D/Max-2B com radiação CuK (potência de 40 kV e 15 m (e velocidade do goniômetro de 0,6)/mm. 165 Revista Brasileira de Geociências, Volume 29,1999 Figura 2 - Subdivisão estratigráfica do Grupo Bauru no Triângulo Mineiro e no estado de São Paulo (Barcelos & Suguio 1987) COMPOSIÇÃO DETRÍTICA A Formação Uberaba apresenta uma grande variedade composicional resultante da variação dos percentuais de quartzo e fragmentos líticos, uma vez que o feldspato concentra-se em uma faixa que varia, em média, de 5% a 10%. Quartzo É um dos principais componentes detríticos, variando entre 8% e 92%, ficando a média em 49,62%. Uma análise visual sugere o predomínio do quartzo de origem ígnea com extinção reta e fracamente ondulante; porém, quartzo policristalino, com forte extinção ondulante, predomina sobre o de origem ígnea, nas rochas aflorantes na Serra do Veríssimo. Fragmentos Líticos Após o quartzo, os fragmentos líticos constituem um dos principais componentes detríticos; volumetricamente variam de 6% a 87%, ficando a média em 41,02%. A composição destes fragmentos é representada por basaltos, quartzitos, xistos, filitos e arenitos, que são comumente corroídos e substituídos por calcita. Em termos comparativos, observa-se um predomínio de fragmentos de basalto da Formação Serra Geral, que apresentam uma diminuição percentual em direção ao topo da Formação Uberaba e para a direção oeste. Esta diminuição é acompanhada de um aumento gradual dos componentes de origem metamórfica como quartzitos e xistos dos Grupos Araxá e Canastra, que compõem a porção sul do Soerguimento do Alto Paranaíba. Feldspatos Perfazem, na média9,56%, variando entre I%e23% do total dos componentes detríticos. Os feldspatos são freqüentemente alterados por processos de sericitização e caulinização, que mascaram suas propriedades óticas, impedindo a distinção mineralógica quantitativa das diversas espécies presentes. Além disso, são comumente substituídos total ou parcialmente por calcita. Intraclastos Intraclastos arenosos e argilosos ocorrem em quantidades variadas por toda a área de ocorrência da Formação Uberaba, sendo mais comuns junto à Serra do Veríssimo. Estes fragmentos tem granulometria grânulo e seixo e forma subarredondada. Estes intraclastos são constituídos por arenitos com alta cimentação carbonática vadosa, caracterizada por franjas de calcita. O contato flutuante entre os grãos, que compõem estes intraclastos, é devido a intenso cimentação que corroe e substitue parte dos componentes detríticos originais. Minerais Pesados Os minerais acessórios são representados por granadas (piropo, almandina e melanita), epidoto, anfibólio, clinopiroxênio, moscovita, biotita, zircão, leucoxênio, perowskita, olivina, titanita, turmalina e opacos, com distribuição variada que chega a atingir, no seu conjunto, valores anômalos de até 35,92% do arcabouço da rocha. Altas concentrações de diversos minerais, tidos no geral, como acessórios, na Formação Uberaba, são encontradas em vários pontos, levando, localmente, a serem considerados como constituintes principais do arcabouço da rocha: opacos (27,33%), clinopiroxênios (22,75), mica (12,41%), granadas (8,7%) e perowskita (7,33%). A composição química das granadas foi determinada através de análises de MEV e EDS, que apontaram a presença de melanita e piropo. Matriz Argilosa Uma característica, aparentemente contraditória na Formação Uberaba, é a presença de uma massa amorfa, marromesverdeada, que preenche os espaços intergranulares dos arenitos, Figura 3 - Matriz argilosa deposicional (cinza vulcânica?). Observar a ausência da f ração silte. Luz plana. Altura da foto: 2,0 mm interpretada inicialmente como argila detrítica (Fig. 3). Entretanto, esta feição textural não é condizente com o modelo deposicional proposto, que aponta rios entrelaçados de alta energia do fluxo e alta mobilidade lateral dos canais, onde não é esperada a deposição de grandes volumes de argila detrítica. Volumetricamente esse componente varia de 0% a 26,64%. Uma possível explicação para este fato é que, juntamente com a deposição dos arenitos, ocorreriam atividades vulcânicas no Alto Paranaíba, gerando um grande volume de cinzas. Estas cinzas cairiam na Depressão de Uberaba, infiltrando-se mecanicamente no espaço intergranular das areias recém depositados e gerando, ao final, a inversão textural verificada em toda a área. A grande instabilidade do material vulcânico, que facilmente se altera para outras fases minerais, dificulta essa confirmação por microscopia ótica convencional. O aspecto textural desta argila, contudo, descarta a possibilidade de ser um produto tipicamente autigênico precipitado no espaço poroso da rocha. ANÁLISE DOS DADOS PETROGRÁFICOS Classificação De acordo com as proporções de quartzo, feldspato e fragmentos líticos, as rochas da Formação Uberaba são classificadas como litoarenitos a litoarenitos feldspáticos e sublitoarenitos, segundo a classificação proposta por McBride (1963) (Fig. 4). Proveniência Ferreira Júnior (1996) individualizou, para a Formação Uberaba, três áreas-fonte: leste, noroeste e norte. Os depósitos provenientes das áreas-fonte leste e noroeste e constituídos, respectivamente, por arenitos esverdeados descritos no perímetro urbano da cidade de Uberaba por Hussak (1906, apud Hasui 1968) e arenitos e conglomerados da Serra do Veríssimo, são tratados conjuntamente, por mostrarem similaridade composicional. 166 Os depósitos conglomeráticos provenientes da área-fonte norte, portadores de diamantes, descritos por Hussak (1891), Suguio et al (1979) e Ferreira Júnior, et al (1995), nas proximidades de Romaria, além de estarem geograficamente distantes, apresentam processos sedimentares e composição mineralógica distintos, o que por si só já justifica uma análise em separado. Devido ao avançado grau de intemperismo, dos afloramentos visitados nesta área, não foi possível confeccionar lâminas delgadas que permitissem um estudo minucioso da petrografia destes depósitos. Portanto, as análises referentes à mineralogia e aos processos diagenéticos da Formação Uberaba, serão concentrados na porção sul da Depressão de Uberaba, que compreende as área-fonte leste e noroeste. De maneira geral, os primeiros sedimentos a preencherem a Depressão de Uberaba foram fragmentos de basalto oriundos de altos da Formação Serra Geral à leste, que foram soerguidos, juntamente com rochas dos Grupos Araxá e Canastra, durante a evolução do Soerguimento do Alto Paranaíba. Como os basaltos são quimicamente instáveis, dificilmente suportam o transporte por longas distâncias. Por isso, a diminuição lateral para oeste e vertical do teor em fragmentos de basalto e o aumento do teor em fragmentos de quartzito e xistos, é interpretada como uma mistura de rochas na áreas-fonte, responsável por um aporte mais efetivo de sedimentos oriundos do Soerguimento do Alto Paranaíba, mais resistentes ao transporte. Em direção a oeste, ocorre uma diminuição generalizada da porcentagem dos fragmentos de basalto, o que reflete um distanciamento da área fonte leste, tida aqui, como altos da Formação Serra Geral próximos ao Soerguimento do Alto Paranaíba. Intrusões alcalinas e kimberlíticas, durante o Cretáceo Superior, apontadas por Hasui & Haralyi (1991) na porção sudoeste do Soerguimento do Alto Paranaíba, são as prováveis fontes do material detrítico alcalino (melanita), que compõem o arcabouço das rochas da Formação Uberaba. Fragmentos de rochas vulcânicas, além de perowskita e melanita, em variadas concentrações, apontam forte contribuição de rochas vulcânicas alcalinas como fonte de material detrítico. Análises químicas quantitativas das granadas (Tabela 1) mostram teores muito próximos daqueles apontados por Davidson & Mathison (1974) para granadas oriundas de terrenos granulíticos do distrito de Quairading, oeste da Austrália. Apesar da semelhança entre as análises químicas, a literatura geológica disponível, sobre as rochas que compõem o Soerguimento do Alto Paranaíba, não aponta terrenos de alto grau metamórfico nesta área. Pode-se, contudo, afirmar que as granadas, aqui analisadas, possuem uma origem indubitavelmente metamórfica. Portanto, as granadas que ocorrem na porção sul da Depressão de Uberaba refletem uma mistura de áreas-fonte. A melanita são originadas de rochas alcalinas, ao passo que almandinapiropo derivam de terrenos metamórficos, ambos situados no Soerguimento do Alto Paranaíba. A presença de intraclastos arenosos é indicativa de atividade tectônica, responsável pela mudança do nível de base da bacia, durante a deposição da Formação Uberaba. Estes movimentos são melhor registrados nas bordas da Depressão de Uberaba, onde foram depositadas espessas seqüências conglomeráticas, que tem nos intraclastos arenosos um importante componente detrítico. Como outros constituintes do arcabouço do conglomerado registram-se quartzo e fragmentos de rocha metamórficas e ígneas. No interior da bacia estes intraclastos tem distribuição mais discreta dispondo-se, como granules, na base de pequenos ciclos de granodecrescência ascendente. EVOLUÇÃO DIAGENÉTICA DA FORMAÇÃO UBERABA A história diagenética da Formação Uberaba é caracterizada por uma grande variedade e complexidade de fases, o que em parte foi favorecida pelo modelo deposicional e regime hidrogeológico a que essas rochas foram submetidas. Outro importante componente desta evolução é a composição detrítica do arcabouço sedimentar, constituído, em grande parte, por fragmentos de basalto e minerais instáveis (feldspatos, piroxênios e anfibólios), que são facilmente dissolvidos, fornecendo material para as fases autigênicas. A subdivisão das fases diagenéticas, aqui adotada, tem significado genético e foi proposta por Choquette & Pray (1970) para rochas carbonáticas. A Tabela 2 esquematiza as fases diagenéticas, correlacionando-as aos seus estágios formadores. Não foi possível, entretanto, estabelecer a exata relação cronológica dos eventos diagenéticos, da Formação Uberaba, pois os mesmos não se encontram presentes em uma mesma seção delgada. Os processos atuantes desenvolveram-se no regime hidrogeológico meteórico definido por Galloway (1984). Revista Brasileira de Geociências, Volume 29,1999 Figura 4 - Composição do arcabouço de 46 amostras da Formação Uberaba, plotada no diagrama de McBride (1963) Tabela 1: Comparação entre as análises químicas e porcentagem das moléculas das granadas da Formação Uberaba e do distrito de Quairading, oeste da Austrália (Davidson & Mathison 1974). Tabela 2 - Resumo da história diagenética da Formação Uberaba. Revista Brasileira de Geociências, Volume 29,1999 Eodiagênese Os processos relacionados a esta fase desenvolvem-se na zona influenciada diretamente pelas águas superficiais, sendo o sistema deposicional e a composição detrítica os controladores do quimismo dos fluidos intersticiais. INFILTRAÇÃO MECÂNICA DE ARGILAS Argilas mecanicamente infiltradas são reconhecidas em toda a área de ocorrência da Formação Uberaba, constituindo-se em uma das mais importantes fases diagenéticas desta unidade e de crucial importância no desenvolvimento de outros eventos diagenéticos que se seguiram. Foram verificadas feições características de argilas mecanicamente infiltradas, tais como fabricas geopetais, cutículas orientadas tangencialmente à superfície dos grãos (Fig. 5) e mostrando descolamento dos mesmos, além de agregados compactos. Entretanto, nem sempre é possível identificar tais feições, sendo que, na maioria das vezes, o que se observa preenchendo o espaço intergranular é uma massa amorfa marrom-esverdeada. Antes de sugerir qualquer mecanismo que explique esta característica textural, é necessário salientar as transformações pedogenéticas a que se sujeitam as rochas ou mesmo os sedimentos recém depositados. Segundo Nahon (1991), na natureza ocorre simultaneamente a dissolução de minerais primários ou detríticos e o crescimento secundário de outros, onde, nos estágios iniciais de intemperismo, os minerais formados podem substituir os minerais que os originaram. De acordo com a forma de dissolução e precipitação dos minerais é possível fazer uma distinção: neoformação: os produtos se formam em condições de equilíbrio, sendo os ions transportados em solução por pequenas distâncias; transformação: os produtos são formados in situ, sem a destruição das estruturas cristalinas. Estas alterações cristaloquímicas, muitas vezes, não são acompanhadas por mudanças óbvias das propriedades óticas dos minerais envolvidos. Ainda de acordo com Nahon (1991), nos estágios iniciais do intemperismo, alterações supergênicas, provocadas principalmente pela hidrólise gradual das fases minerais envolvidas, diferenciam os diferentes componentes das rochas. Como as rochas são formadas por materiais heterogêneos, o resultado das alterações também será heterogêneo, sendo o grau de instabilidade dos minerais envolvidos o fator determinante deste processo. A origem de uma fase autigênica, que envolve processos de neoformação ou transformação, pode ser independente ou quimicamente relacionada a outras fases autigênicas, onde diferentes estágios de intemperismo podem conviver em uma mesma rocha. Sob condições menos agressivas de intemperismo, uma grande quantidade de material instável se reorganiza, no próprio local, formando uma massa isotrópica escura, relativamente homogênea, denominada de plasma ou complexo de plasmas. De acordo com a natureza dos plasmas, eles podem ser subdivididos em argilo-plasmas (constituídos principalmente por argilo-minerais) e cristalo-plasmas (formados por outros produtos cristalinos). A alteração do plasma produz uma complexidade de produtos que pode ser constituída por uma assembléia de minerais de diferentes naturezas ou por um grupo de fases minerais intimamente relacionadas. Como conseqüência, os difratogramas de Raios-X - não apresentam uma definição clara das reflexões. No geral, o que se tem é uma superposição dos picos dos argilo-minerais, o que praticamente impossibilita uma identificação segura. Apesar dos trabalhos de Nahon (1991) tratarem do intemperismo químico das rochas, o que está excluído do conceito de diagênese, aqui adotado, acredita-se que processos análogos ao desenvolvimento de argilo-plasmas possam ter ocorrido na Formação Uberaba. Como visto anteriormente, o espaço intergranular dos arenitos é preenchido por uma massa argilosa amorfa, marrom-esverdeada. Como não é comum a presença de grandes quantidades de argila detrítica em ambientes de rios entrelaçados de alta energia, propõe-se que esta argila tenha sido mecanicamente infiltrada no espaço poroso dos sedimentos, gerando, ao final, a inversão textural verificada em toda a área. A entrada de argila no sistema seria, em parte, favorecida por atividades vulcânicas no Soerguimento do Alto Paranaíba, que gerariam um grande volume de cinza vulcânica que cairia na Depressão de Uberaba e seria levada em suspensão pelos rios responsáveis pela deposição da Formação Uberaba. A introdução das cinzas vulcânicas, como argila mecanicamente infiltrada se daria por decantação de águas lamosas que atravessariam os depósitos arenosos para abastecerem o lençol freático. A formação pedogênica de cutículas de argilas mecanicamente infiltradas é associada a um clima árido a semi-árido, marcado por enxurradas episódicas intercaladas a longos períodos de seca que rebaixam o lençol freático, criando espessas zonas vadosas. Novas enxurradas, transportando grandes quantidades de carga em suspen- 167 são, propiciam a infiltração de águas lamosas no espaço poroso dos sedimentos anteriormente depositados. A decantação dessas águas permite a deposição da carga em suspensão, que reveste a superfície dos grãos, formando uma fina película (Crone 1975). A transformação da cinza vulcânica muito provavelmente se iniciou logo após sua entrada no sistema, quando começou o seu transporte, e prosseguiu após a sua introdução no espaço intergranular, como argila mecanicamente infiltrada. A formação de argilo-plasmas deu-se, provavelmente, em intervalos com intensa infiltração mecânica de argila e foi favorecida pela grande instabilidade do material vulcânico e por condições diagenéticas amenas, que não provocaram a dissolução da cinza e de minerais detríticos, seguida pela precipitação de fases minerais autigênicas. Ao contrário, ocorreu a pseudomorfose da argila infiltrada, com a neoformação ou transformação de filossilicatos, processo este catalisado pela percolação de água no sistema. As discretas alterações não foram suficientes para provocar mudanças significativas nas características óticas dos argilo-plasmas. Apenas em algumas lâminas se verifica uma incipiente recristalização do argilo-plasma. Condições ambientais foram levantadas por Schlocker & Van Horn (1958) para explicar a formação de illita a partir de vidro vulcânico em Denver, Colorado. A formação da illita seria facilitada pela presença de potássio e um ambiente não ácido, sem a necessidade de água estagnada. Moderados valores de magnésio favoreceriam a alteração para esmectita. Para a Formação Uberaba, sugere-se que no início da eodiagênese as condições favoreceram a neoformação e transformação de illita, interestratificado de illita-esmectita e esmectita. O avanço da diagênese provocou uma mudança dos teores relativos de illita e esmectita, que constituem as principais fases minerais dos argilo-plasmas. As amostras que apresentam maiores concentrações de argilo-plasmas são enriquecidas, em ordem volumétrica decrescente, em illita, interestratificado illita-esmectita e esmectita (amostra CAIO da Fig. 6). Nesta figura são mostrados resultados de difratogramas de lâminas glicoladas, obtidos da fração 2 micra de amostras de superfície. À medida que ocorre a substituição do argilo-plasma, passa a haver o predomínio da esmectita sobre a illita (amostra IM5 da Fig. 6). Este mecanismo é favorecido, em parte, pela entrada de magnésio no sistema, oriundo da instabilização de minerais ferromagnesianos detríticos e transformação de argilo-minerais mecanicamente infiltrados. A presença de argila infiltrada foi de crucial importância no desenvolvimento diagenético da Formação Uberaba, seja por pseudomorfose de argilo-minerais, seja fornecendo material para as fases autigênicas típicas, formadas pela precipitação de cimento espático. Ou ainda, obliterando o espaço poroso da rocha e inibindo o desenvolvimento total ou parcial das autigêneses posteriores. ZEÓLITAS Esta fase é de grande importância na caracterização deposicional e diagenética da Formação Uberaba, pois possibilita afirmar, com relativa margem de segurança, a existência de uma fonte de material vulcânico. É verificada sob duas formas: • como produto de alteração do material vulcânico detrítico • na forma de cimento, preenchendo o espaço intergranular da rocha (Fig. 7). Apesar de apenas local, esta fase é bem marcada, inibindo o desenvolvimento de fases cimentantes posteriores. O cimento de zeólita é marcado por pequenos cristais fibrosos que se dispõem radialmente, na forma de agregados esferulíticos, como típico da filipsita, uma zeólita de cálcio, sódio e potássio. A formação de zeólitas ocorre nos primeiros estágios da eodiagênese e é favorecida pela instabilidade termodinâmica do material vulcânico. A hidratação deste material resulta no fornecimento de ions para os fluidos intersticiais, que se precipitam sob a forma de minerais secundários a baixas temperaturas (Fisher & Schmincke 1984). A alteração do material vulcânico e sua posterior precipitação na forma de cimento poderá resultar tanto em argilo-minerais quanto em zeólitas. Estas reações são controladas, principalmente, pela natureza físico-química das soluções intersticiais e pela composição do material vulcânico (Hay 1977). Ambientes com pH elevado e alta taxa de evapotranspiração — típicos de um clima árido a semi-árido — favorecem a precipitação de zeólitas (Hay & Sheppard 1977). A presença de zeólitas, como cimento, juntamente com as demais fases autigênicas, aliada ao modelo deposicional proposto para esta unidade, corrobora a ocorrência de vulcanismo durante a deposição da Formação Uberaba. As zeólitas se originaram, muito provavelmente, da transformação da cinza vulcânica, sob condições diagenéticas, nos primeiros instantes do contato com a água de formação. 168 Figura 5 - Intensa infiltração mecânica de argila. Observar as finas palhetas de argila dispostas tangencialmente à superfície dos grãos detríticos. Nicóis cruzados. Altura da foto: 2,0 mm Revista Brasileira de Geociências, Volume 29,1999 Figura 7 - Zeólita diagenética posterior à infiltração mecânica de argilas. Nicóis cruzados. Altura da foto: 1,0 mm Figura 8 - Delgado filme de hematita precoce em torno de grãos detríticos. Observar a cimentação intensa por calcita poiquilotópica. Luz plana. Altura da foto: 1,0 mm Figura 6 - Variações nos teores de argilo-minerais da Formação Uberaba. Ocorre uma maior substituição das argilas mecanicamente infiltradas em direção a IM5. I: illita; E: esmectita; I/E: interestratificado illita-esmectita; A: atapulgita; S: sepiolita. OXIDAÇÃO DIAGENÉTICA Em geral, esta autigênese é marcada por uma fina película de hematita que se precipitou sobre a superfície dos grãos detríticos (Fig. 8), nos primeiros estágios diagenéticos, indicando que a Formação Uberaba era, originalmente, um red bed continental, que teve, em parte, sua coloração alterada pela história diagenética subseqüente. Os ions Fe+2 são originados de fragmentos de basalto e de minerais ferromagnesianos que são facilmente instabilizados, liberando ions em solução. Em alguns pontos de determinadas lâminas, pode haver uma maior precipitação de hematita, que termina por ocupar todo o espaço intergranular da rocha. DOLOMITA Apesar de localizada, esta fase autigênica é bem marcada na Formação Uberaba, sob a forma de cristais romboédricos de dolomita zonada, que preenchem todo o espaço poroso da rocha, sugerindo uma precipitação eodiagenética (Fig. 9). Nestes locais, a cimentação por dolomita é tão intensa que inibe o desenvolvimento de outras fases diagenéticas. Para a Formação Uberaba, sugere-se, assim como De Ros (1985) e Katz (1971), ambientes localizados, com concentração alta e variada da salinidade. O Mg necessário para a precipitação da dolomita, provavelmente, já estava presente na argila oriunda de cinza vulcânica. Durante a illitização pedogenéjica da cinza, houve liberação de Mg+2 que, combinado com ions HCO3 precipitou na forma de dolomita eodiagenética. CALCRETES Na Formação Uberaba, apenas localmente em Ponte Alta, junto ao contato com a Formação Marília, é que se reconhecem pequenos nódulos ou finas crostas carbonáticas precipitadas eodiageneticamente e que podem ser associados a processos de calcretização. Entretanto, é bastante comum a presença de intraclastos de calcretes que tem sua maior importância volumétrica concentrada principalmente nas bordas da Depressão de Uberaba (Serra do Veríssimo). Texturalmente, estes intraclastos são caracterizados pelo contato flutuante entre os grãos cimentados por calcita microcristalina, de aspecto sujo, que freqüentemente apresentam franjas aciculares típicas de regime meteórico vadoso. O cimento de calcita, que durante o soterramento se recristaliza em mosaicos anédricos (Watts 1980), apresenta baixos teores de manganês, como atestado pela fraca catodoluminescência desta fase autigênica. A formação de calcretes, segundo Esteban & Klappa (1983), é o resultado de processos pedogenéticos em um clima árido a semi-árido, sobre sedimentos siliciclásticos expostos subaerea-mente. Nestas condições, águas supersaturadas em Ca+ e CO2, concentrados nos períodos de intensa evapotranspiração, precipitam o carbonato com textura microcristalina ou criptocristalina. Leeder (1975) e Miall (1978) consideraram os calcretes como feições típicas do topo de ciclos fluviais. Na Formação Uberaba, entretanto, é comum a ocorrência de calcretes Revista Brasileira de Geociências, Volume 29,1999 169 Figura 9 - Cristais romboédricos de dolomita eodiagenética. Luz plana. Altura da foto: 0,5 mm Figura 10 - Silcrete. Espaço poroso preenchido por silica microcristalina. Nicóis cruzados. Altura da foto: 1,0 mm sob a forma de intraclastos. Isto denota o constante retrabalhamento da parte superior dos ciclos fluviais, o que é típico de rios entrelaçados que apresentam alta taxa de migração lateral e baixo potencial de deposição e preservação dos depósitos da planície de inundação. volumetricamente, a mais importante fase autigênica. Este fato é sugestivo de mudanças climáticas na área, que provavelmente teve suas condições agravadas com o aumento da aridez e com períodos de seca bem marcados, além de apontar para uma provável transformação da esmectita para atapulgita. SILCRETES Silcretes são precipitados de silica formados na superfície de erosão ou próximos dela, em horizontes pedogênicos sobre sedimentos recém depositados. Diferentemente do que ocorre com os calcretes, os silcretes da Formação Uberaba tem a sua distribuição concentrada em alguns pontos, sendo rara a sua ocorrência como intraclastos. Em geral, formam nódulos em pequenos níveis descontínuos que podem estar associados aos calcretes. Ocasionalmente preenchem o espaço poroso da rocha (Fig. 10). De acordo com Thiery & Millot (1987), os silcretes são constituídos por precipitados de opala, calcedônia e quartzo microcristalino (sílex), que substituem parte dos constituintes detríticos das rochas. Também são comuns substituindo nódulos de calcrete ou precipitando-se alternadamente com a silica, como notado por De Ros (1985) e Rodrigues (1990) na Bacia do Recôncavo. Essas características são bem marcadas na Formação Uberaba, mostrando o desenvolvimento local concomitante de fases de silcrete e calcrete durante a eodiagênese. Várias são as propostas para a origem e precipitação dos fluidos ricos em silica que originam os silcretes: dissolução de grãos siliciclásticos instabilizados durante a formação de calcretes; variação do nível do lençol freático em um ambiente de alta alcalinidade (Smale 1973); substituição do material argiloso original (Summerfield 1983). Thiry & Schimitt (1983), investigando o conglomerado Nemour, Eoceno Inferior da Bacia de Paris, detalharam um perfil de substituição da matriz argilosa por uma fase silicosa, que se inicia por finas camadas de opala em torno dos grãos detríticos e termina com a precipitação de geodos de quartzo microcristalino. O avanço desta alteração gera, ao final, os silcretes. Aparentemente, a interação dos mecanismos acima descritos é condizente com a evolução diagenética da Formação Uberaba, que se depositou em um ambiente continental de clima árido a semi-árido e é constituída por sedimentos detríticos ricos em grãos instáveis (fragmentos de basalto e minerais ferromagnesianos), entre os quais é comum a presença de matriz argilosa detrítica, oriunda de cinza vulcânica. ATAPULGITA A atapulgita, um silicato autigênico hidratado de magnésio e alumínio, é uma importante fase diagenética que se apresenta sob a forma fibrosa típica, preenchendo o espaço intergranular da rocha, na forma de cimento. Distribui-se por toda a área de ocorrência da Formação Uberaba, concentrando-se, preferencialmente, na porção superior da mesma, onde pode ocupar até 16,37% do volume total da rocha. Na Formação Uberaba, a atapulgita ocorre associada à esmectita, o que em parte é explicado por Weaver & Pollard (1973) e Paquet (1983), pela afinidade físico-química desses dois argilo-minerais. Normalmente, os volumes de atapulgita são mais discretos quando comparados aos da esmectita. Porém, as amostras próximas ao contato com o Membro Ponte Alta da Formação Marília, apresentam um aumento significativo nos teores de atapulgita, que pode se tornar, SEPIOLITA Na Formação Uberaba, este argilo-mineral é identificado apenas em difratogramas de raios-X (Fig. 6). Com estruturas químicas semelhantes, sepiolita — Mg3(Si4O11)H2O — e atapulgita, normalmente ocorrem associadas a solos do tipo calcrete em regiões áridas a semi-áridas (Vanden Heuvel 1966, Goudie 1973). Sua gênese, segundo Watts (1980), está relacionada à alta disponibilidade de Mg, baixa concentração de Al e pH alcalino. As baixas concentrações de sepiolita são explicadas por Alves (1995), que apontou a escassez de Mg como o fator restritivo desta fase autigênica. O Mg, segundo a autora, teria sido consumido durante a gênese da atapulgita e dolomita, o que impediria a formação de grandes volumes de sepiolita. Condições similares são apontadas para a Formação Uberaba, onde o magnésio disponível no sistema foi, parcialmente, consumido na autigênese da dolomita e atapulgita. Apenas em alguns pontos isolados é que se deram altas concentrações de Mg+2 que permitiram a precipitação dessa fase. Cimentação por quartzo Overgrowths de quartzo ocorrem em pequenas quantidades em pontos isolados de algumas lâminas. Compactação Mecânica Este evento diagenético envolvendo rearranjos texturais essencialmente físicos é verificado em alguns pontos localizados, causando o dobramento e o fraturamento de micas. Este fato se deve, em parte, ao desenvolvimento precoce de fases autigênicas, que sustentaram o arcabouço da rocha, e ao soterramento, que não deve ter atingido grandes profundidades. MESODIAGÊNESE Os fenômenos analisados nesta seção englobam os processos atuantes em subsuperfície até o limite do metamorfismo, durante o soterramento efetivo dos sedimentos. Apesar da mesodiagênese da Formação Uberaba ser representada por um número menor de fases que a eodiagênese, os processos envolvidos nesta etapa são mais intensos e de maior abrangência lateral e vertical, sendo observados em toda a área estudada. Cimentação por Calcita Esta é a fase autigênica mais intensa e notável na Formação Uberaba, tanto em volume quanto na distribuição, relativamente homogênea, que abrange toda a área em questão. O seu posicionamento cronológico é facilmente detectado por suas relações de contato com as demais fases autigênicas, bem como por suas características texturais. Sob catodoluminescência, o cimento poiquilotópico de calcita apresenta uma alta luminescência, o que é indicativo de altos teores de Mn, o principal responsável pela luminescência dos carbonatos (Martin & Zeegers 1969, Gomes & Vortisch 1992). O carbonato da Formação Uberaba exibe cores nos tons vermelho e amarelo, com freqüentes zoneamentos típicos de condições mesodiagenéticas com oscilações no quimismo dos fluidos intersticiais. 170 O cimento de calcita precipitou-se sob a forma de mosaico grosso ou poiquilotópico, preenchendo total ou parcialmente os poros primários do arcabouço. É bastante comum a substituição total ou parcial da matriz argilosa e dos grãos detríticos pela calcita espática, deixando apenas fantasmas dos contornos originais. Essa substituição atinge, de forma generalizada, grãos de quartzo, feldspatos, minerais ferromagnesianos, fragmentos de basaltos e de quartzitos. Em termos gerais, a calcita é livre de ferro, o que é indicado pela sua coloração avermelhada após o tingimento com solução de alizarina e livre de magnésio. Apesar da calcita mesodiagenética ser pobre em Mg, pode ser localmente ferrosa, o que aponta, segundo De Ros (1985), para condições redutoras. Essas condições podem ser produzidas durante o soterramento efetivo e provocadas por algum barramento local que isolou uma determinada faixa de sedimento de qualquer infiltração superficial. Esta situação é verificada na Formação Uberaba, onde localmente ocorre siderita, aqui relacionadas a condições restritas que geraram ambientes com altas concentrações de Fe+2. A fonte do ferro são os fragmentos de basalto e minerais ferromagnesianos instabilizados durante a evolução diagenética. A fonte de carbonato e cálcio, responsáveis por esta fase diagenética, revela uma origem mista de materiais que compreende (i) dissolução de minerais ricos em Ca, como os feldspatos e piroxênios, (ii) alteração da argila detrítica, (iii) fragmentos de rochas carbonáticas e de basaltos, (iv) intraclastos carbonáticos (fragmentos de calcrete) e (v) alteração, em subsuperfície, dos basaltos da Formação Serra Geral. Barita Esta fase é representada por cristais poiquilotópicos e em mosaico grosso, que corroem e substituem parte dos grãos do arcabouço. Sua ocorrência é localizada e escassa. As relações texturais com a calcita permitem situá-la, cronologicamente, após esta fase. Para a Formação Uberaba, a fonte mais provável de bário é similar à apontada por De Ros (1985) e Pinho (1987) na Bacia do Recôncavo, onde o Ba+2 seria liberado seletivamente a partir da dissolução de feldspatos potássicos. A baixa solubilidade do bário favorece essa hipótese, uma vez que pequenas concentrações de Ba+2, na presença de ions sulfato, são suficientes para gerar barita. Este fato sugere a precipitação da barita autigênica próxima à área fonte do Ba+2, ou seja, próxima dos feldspatos potássicos do próprio arcabouço da Formação Uberaba. Anatásio A presença de minerais autigênicos de titânio é reportada nos difratogramas de raios-X pelos picos em torno de 3.01 Á e confirmada pela presença de pequenos cristais euédricos. Esta fase é normalmente relacionada aos estágios mesodiagenéticos da evolução dos arenitos. O anatásio autigênico está associado à dissolução de minerais detríticos portadores de titânio, como a ilmenita, magnetita titanífera, esfeno, biotita, além de piroxênios e anfibólios. A fase de anatásio, identificada na Formação Uberaba é caracterizada pelos discretos valores volumétricos e rara identificação por microscopia convencional. TELODIAGÊNESE Compreende os processos atuantes junto à superfície de erosão ou próximo à ela, em rochas previamente soterradas, que foram submetidas à eodiogênese e mesodiagênese e que foram posteriormente soerguidas. Nas análises petrográficas das rochas da Formação Uberaba utilizaram-se de amostras que ocorrem junto à superfície aflorante. Estas amostras mostram influências de processos telodiagenéticos, sendo possível identificar uma fase de oxido de ferro e a dissolução de grãos detríticos e de cimentos. Em alguns pontos, as rochas da Formação Uberaba são extremamente friáveis, o que é devido à lixiviação do carbonato de cálcio e à dissolução de grãos detríticos do arcabouço, tais como feldspatos e minerais ferromagnesianos, gerando ao final uma porosidade secundária. Comum é a presença de óxidos de ferro preenchendo o espaço intergranular das rochas. Neste caso, esta fase é devida a processos telodiagenéticos que resultam, ao final, uma coloração avermelhada típica para estas amostras. A geração desta fase é similar à apontada por Rodrigues (1990) nas rochas-reservatório do Campo Dom João da Bacia do Recôncavo, onde a entrada de água superficial, rica em oxigênio, foi responsável pela oxidação do ferro e precipitação de hematita. CONSIDERAÇÕES SOBRE A EVOLUÇÃO DIAGENÉTICA DA FORMAÇÃO UBERABA A história diagenética da Formação Uberaba é marcada pela grande variedade e complexidade de fases autigênicas. Vários são os fatores responsáveis por essa diversidade, destacando-se dentre eles o modelo deposicional, o clima vigente Revista Brasileira de Geociências, Volume 29,1999 durante a deposição, os regimes hidrogeológicos e a composição detrítica do arcabouço sedimentar. Alguns minerais autigênicos da Formação Uberaba apontam o predomínio de um clima árido a semiárido. A infiltração mecânica de argila verificada é bem característica deste regime, onde enxurradas episódicas provocam a variação do lençol freático e a criação de espessas zonas vadosas. A transformação da argila infiltrada, oriunda de cinza vulcânica, em argilo-plasmas, indica que as alterações intempéricas iniciais se deram em condições menos agressivas e provocaram a reorganização do material instabilizado em uma assembléia de minerais intimamente relacionados (illita - illita/esmectita - esmectita). O destaque volumétrico desta assembléia fica por conta da illita, sendo que a entrada de magnésio no sistema — favorecida pela instabilização de minerais ferromagnesianos — provoca aumento relativo dos percentuais de esmectita e illita/esmectita, o que é acompanhado por uma diminuição dos teores de illita. A presença de zeólita e silica amorfa como fases cimentantes é um indicador seguro da origem vulcânica da argila que foi mecanicamente infiltrada. No topo da Formação Uberaba verifica-se uma mudança volumétrica nos percentuais das fases autigênicas, ocorrendo o predomínio de atapulgita e localmente sepiolita. Estes cimentos apontam um agravamento das condições ambientais com o aumento da aridez da região. Também junto ao topo da Formação Uberaba, próximo ao contato com o Membro Ponte Alta, nota-se a ocorrência de pequenos níveis de calcrete e silcrete. Mas, no geral, o desenvolvimento de calcretes e silcretes, nos primeiros momentos da história diagenética, é verificado apenas por intraclastos. Este fato se deve principalmente ao sistema deposicional atribuído à Formação Uberaba. Nele, os calcretes e silcretes se desenvolveriam ou por processos pedogenéticos, ou em pequenos lagos efêmeros, marginais ao canal principal, que seriam erodidos e incorporados como material detrítico. Os calcretes e silcretes se formariam em pequenos volumes, o que não permitiria a geração de crostas lateralmente contínuas e espessas o suficiente para resistirem à erosão. A mesodiagênese é marcada sobretudo pela fase de calcita espática, responsável pela substituição de grãos siliciclásticos detríticos e por uma grande parte da matriz argilosa. Os aspectos texturais da calcita (cimento poiquilotópico), relação de contato com as demais fases autigênicas e alta catodoluminescência, são indicadores de sua origem mesodiagenética. CONCLUSÕES Os dados petrográficos mostram que a composição das rochas da Formação Uberaba, quando plotadas no diagrama de McBride (1963), concentra-se preferencialmente no campo dos litoarenitos e sublitoarenitos. Esta variação nos percentuais detríticos indica um distanciamento e mistura de áreas-fonte, responsáveis pela diminuição dos fragmentos de basalto e aumento relativo dos fragmentos de xisto e quartzitos, em direção oeste, devido a uma maior contribuição de sedimentos oriundos do Soerguimento do Alto Paranaíba, mais resistentes ao transporte. Os depósitos diamantíferos potencialmente econômicos da Formação Uberaba concentram-se apenas nas proximidades de Romaria. O motivo principal seria a áreafonte dos sedimentos desta unidade, que provavelmente contava com intrusões kimberlíticas portadoras de diamante. Apesar da área-fonte leste apresentar contribuição de rochas alcalinas e kimberlitos, acredita-se que neste domínio as mesmas seriam estéreis. A eodiagênese é marcada por um grande número de fases autigênicas, o que foi em parte beneficiado pelo ambiente deposicional e constituição do arcabouço das rochas. As atividades vulcânicas no Alto Paranaíba, concomitante com a deposição da Formação Uberaba, são caracterizadas pela presença de grande volume de argilas infiltradas. Estas argilas alcançariam a Depressão de Uberaba na forma de cinza vulcânica e seriam infiltradas nos poros das rochas, fornecendo material para as fases autigênicas posteriores. A infiltração mecânica de argilas é de grande importância, pois, nos locais onde é muito intensa, ocorre a obliteração dos poros, inibindo o desenvolvimento das fases autigóenicas subseqüentes. A formação de atapulgita e sepiolita na porção superior da Formação Uberaba, junto ao contato com o Membro Serra da Galga, aponta o agravamento das condições ambientais que, provavelmente, se tornaram mais áridas e com períodos de seca mais bem definidos. A ocorrência de calcretes e silicretes quase exclusivamente como intraclastos (material retrabalhado) indica que estes se desenvolveram em pequenas quantidades em porções laterais dos canais fluviais. A mobilidade dos canais seria responsável pela erosão de crostas de calcrete e silicrete que passariam a ser incorporados como componente detrítico. A mesodiagênese é marcada, principalmente, pela calcita espática, que se constitui na mais importante fase autigênica. Aparece 171 Revista Brasileira de Geociências, Volume 29,1999 preenchendo o espaço poroso, substituindo componentes detríticos e autigênicos da Formação Uberaba. A telodiagênese é caracterizada por processos superficiais relacionados à dissolução de grãos detríticos e de fases autigênicas, além da ocorrência de uma fase de oxido de ferro, que ocorre preenchendo o espaço intergranular das rochas. Agradecimentos Este artigo foi produzido com base na Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto. Ao Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewllyn Ivor Price e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG -Processo CEX/100-92), pelo apoio logístico. 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