UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MILENA RAQUEL DOMBROWSKI ESTRATÉGIAS DE MARKETING DE FORMA COOPERADA EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS: O CASO DO APL DE MALHAS DE IMBITUVA – PR DISSERTAÇÃO PONTA GROSSA 2011 MILENA RAQUEL DOMBROWSKI ESTRATÉGIAS DE MARKETING DE FORMA COOPERADA EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS: O CASO DO APL DE MALHAS DE IMBITUVA – PR Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Área de Concentração: Produção e Manutenção. Orientador: Prof. Dr. Luis Maurício Martins de Resende PONTA GROSSA 2011 Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento de Biblioteca da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa n.21 /11 D667 Dombrowski, Milena Raquel Estratégias de marketing de forma cooperada em Arranjos Produtivos Locais: o caso do APL de Malhas de Imbituva – PR. / Milena Raquel Dombrowski. -- Ponta Grossa: [s.n.], 2011. 178 f. : il. ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Luis Maurício Martins de Resende Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Programa de PósGraduação em Engenharia de Produção. Ponta Grossa, 2011. 1. Marketing - Estratégias. 2. Arranjos Produtivos Locais (APLs). 3. Malharias Imbituva (PR). I. Resende, Luis Maurício Martins de. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. III. Título. CDD 670.42 A minha mãe Theogares, que com muito amor e paciência me acompanhou durante os dois anos de realização deste estudo. AGRADECIMENTOS Primeiramente a DEUS pela força, ânimo e luz que me concedeu para a conclusão desta importante etapa na minha trajetória pessoal e profissional. Ao meu pai João Dombrowski (in memorian) que foi o meu exemplo de vida, de pai e de chefe de família. Toda à sua luta e dedicação para a minha formação escolar me oportunizou chegar até aqui. A minha mãe Theogares Dombrowski, minha jóia rara, pela dedicação e afeto, principalmente pelo apoio e amparo nas horas de desânimo, por ser minha luz nos momentos difíceis, por me incluir em suas orações todos os dias e por me ensinar a ser mais paciente e tolerante com as pessoas e com a vida. Ao meu orientador Prof. Dr. Luis Maurício Martins de Resende que me acolheu como sua orientanda, agradeço pelo apoio e incentivo e, principalmente, por me fazer refletir sobre o caminho para a realização deste estudo. Aos meus irmãos Sidney Dombrowski e Marcos Dombrowski pela paciência em me ouvir, pelo apoio durante o mestrado e por compreenderem a minha ausência em encontros de família. Aos gestores das empresas do APL de Malhas de Imbituva que colaboraram com a pesquisa, em especial ao Sr. Ariel Neiverth, coordenador deste APL, pela disposição que sempre demonstrou para auxiliar no desenvolvimento desta pesquisa. Aos professores da Banca Examinadora, Prof. Dr. Antônio Carlos Frasson, Prof. Dr. Pedro José Steiner Neto e Prof. Dr. Pedro Paulo Andrade Júnior pela contribuição em prol do aprimoramento deste estudo. Aos professores do programa de pós-graduação da UTFPR, pelos ensinamentos transmitidos, em especial ao Prof. Dr. Ivanir Luiz de Oliveira, Prof. Dr. Guataçara dos Santos Júnior e Profa. Dra. Sílvia Gaia que muito colaboraram para a realização deste estudo. Aos funcionários da UTFPR pela disposição que sempre demonstraram no desenvolvimento de suas funções. As amigas Claudilaine e Norma, com as quais construi uma grande amizade, compartilhando de muitos momentos, ora tensos, ora felizes durante o mestrado. Sentirei muitas saudades. O assunto mais importante do mundo pode ser simplificado até ao ponto em que todos possam apreciá-lo e compreendê-lo. Isso é – ou deveria ser – a mais elevada forma de arte. Charles Chaplin RESUMO DOMBROWSKI, Milena Raquel. Estratégias de marketing de forma cooperada em Arranjos Produtivos Locais: o caso do APL de Malhas de Imbituva – PR. 2011. 178 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de PósGraduação em Engenharia de Produção, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2010. O objetivo geral deste trabalho foi avaliar estratégias de marketing que possam ser aplicadas de forma cooperada em arranjos produtivos locais (APLs), utilizando como campo de pesquisa o APL de Malhas de Imbituva. De forma específica, o estudo descreveu estratégias de marketing embasadas em conceitos teóricos, identificou ações de marketing individuais praticadas e analisou como os mecanismos de cooperação impactam no desenvolvimento destas ações. Também identificou características específicas existentes em APLs de setores produtivos distintos, as quais propiciam a melhor utilização destas estratégias. Por fim, investigou as estratégias de marketing que apresentam potencial para serem desenvolvidas de forma cooperada e analisou o nível de potencialidade encontrado para cada estratégia. Para tanto, os procedimentos metodológicos empregados classificaram a pesquisa como aplicada, descritiva e exploratória, com abordagem quali-quantitativa realizada por meio de estudo de caso. O instrumento de pesquisa foi a entrevista pessoal que se utilizou de três roteiros, sendo dois roteiros semi-estruturados e um roteiro estruturado. A coleta de dados foi realizada in loco para uma amostra de 17 (dezessete) gestores, e também para a governança do APL de Malhas de Imbituva. Os resultados apresentaram ações de média e alta potencialidade (disposição dos gestores) para a aplicação das estratégias que são: sistema de informações de marketing (SIM); planejamento de marketing anual e a promoção de vendas; marca coletiva e o selo de qualidade; feiras setoriais; propaganda como televisão, rádio, outdoor, revista e internet; relações públicas e o marketing de lugares. A análise permitiu constatar que as ações de marketing praticadas de forma individual e de forma coletiva são incipientes, e que o nível de competitividade entre as empresas interfere na aplicação de determinadas estratégias que se realizam de forma cooperada. Deste modo, a governança e as lideranças empresariais deste APL precisam buscar pela integração interna e externa, visando elevar o nível de cooperação para o alcance da eficácia destas ações. Palavras-chave: Estratégias de Marketing. Arranjos Produtivos Locais (APLs). Cooperação. ABSTRACT DOMBROWSKI, Milena Raquel. Marketing strategies on a cooperative way in Local Productive Arrangements: the case of LPA of Knitwear of Imbituva – PR. 2011. 178 p. Dissertation (Master in Production Engineering) – Post Graduate Program in Production Engineering, Federal Technology University - Paraná. Ponta Grossa, 2010. The general aim of this study was to evaluate the marketing strategies that are able to be applied on a cooperative way in local productive arrangements (LPAs), using the LPA of knitwear of Imbituva as a search field. Specifically, this study described the marketing strategies, based on theoretical concepts, identified marketing individual actions that are practiced, and analyzed how the cooperation mechanisms have an impact on development of these actions. Had also identified specific characteristics in the APLs of different productive sector, which promote the best use of this strategies. Finally, this study investigated marketing strategies that present a potential to be developed on cooperative way, and analyzed the potential level found in each strategy. For both, were used methodological procedures in order to classify the research as applied, descriptive and exploratory, with qualitative and quantitative approach, accomplished by means of a study case. The research instrument was the personal interview that was done by three scripts, two of them were semi-structured, and one of them was structured. Data collection was done in loco for a sample of seventeen managers, and also for LPA governance. Results presented actions of media and high potential (disposition of managers) for the strategies application: marketing information systems (MIS); planning of annual marketing and sales promotion; collective brand and quality stamp; trade shows; advertising on television, radio, outdoor, magazine and internet; public relations and the marketing places. The analysis allowed to find that marketing actions practiced by an individual way are incipients, and that the competitive level among companies interposes on applications of some cooperative strategies. Thus, the governance and the business leaders of this LPA need to seek for internal and external integration, aiming to rase the cooperation level in order to achieve the efficiency of these actions. Keywords: Marketing tools. Local Productive Arrangement (LPA). Cooperation. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Modelo de rede topdown ou vertical ......................................................... 21 Figura 2 - Modelo de rede flexível ou horizontal........................................................ 22 Figura 3 - Ações conjuntas, externalidades e eficiência coletiva............................... 34 Figura 4 - Sistema de Informação de Marketing........................................................ 40 Figura 5 - Selo de Pureza ABIC e Selo de Qualidade Certificada ABICAB ............... 52 Figura 6 - Diferenciação entre marca empresarial e marca-país............................... 77 Figura 7 - Representação visual da IP do Vale dos Vinhedos .................................. 82 Figura 8 - Representação visual da IP do Pampa Gaúcho da Campanha Meridional .................................................................................................................................. 83 Figura 9 - Representação visual da IP de Paraty ...................................................... 84 Figura 10 - Representação visual da IP do Vale do Submédio São Francisco ......... 85 Figura 11 - Representação visual da IP do Vale dos Sinos ...................................... 85 Figura 12 - Produto ecológico ................................................................................... 89 Figura 13 - Mapa dos APLs do Estado do Paraná .................................................... 94 Figura 14 - Mapa do APL de Malhas de Imbituva ..................................................... 95 Gráfico 1 - Atividades compartilhadas entre as empresas do APL.......................... 121 Gráfico 2 - Vantagens do compartilhamento das atividades no APL ....................... 122 Gráfico 3 - Diferencial da marca das empresas do APL.......................................... 130 Quadro 1 - Fases do ciclo de vida de um cluster ...................................................... 25 Quadro 2 - Ações conjuntas de cooperação ............................................................. 27 Quadro 3 - Frentes de cooperação ........................................................................... 28 Quadro 4 - Diferenciação entre marca coletiva e marca de certificação ................... 54 Quadro 5 - Níveis de relacionamento ........................................................................ 66 Quadro 6 - Objetivos da propaganda ........................................................................ 68 Quadro 7 - Vantagens do e-mail marketing ............................................................... 72 Quadro 8 - Vantagens e limitações dos veículos de propaganda ............................. 73 Quadro 9 - Características para uma localidade ser atrativa .................................... 79 Quadro 10 - Estratégias de marketing e características existentes nos APLs ........ 113 Quadro 11 - Pontos fortes e fracos das estratégias de marketing propostas .......... 115 Quadro 12 - Utilização do SIM ................................................................................ 124 Quadro 13 - Registro da marca ............................................................................... 128 Quadro 14 - Participação em feiras setoriais........................................................... 131 Quadro 15 - Utilização de sítio eletrônico ................................................................ 135 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Escala de mensuração da aplicabilidade para a utilização da estratégia no APL ...................................................................................................... 97 Tabela 2 - Escala de mensuração da disposição do empresário para utilizar a estratégia no APL ...................................................................................................... 97 Tabela 3 - Cálculo do Ranking Médio em Escala Likert ............................................ 98 Tabela 4 - Ranking Médio alcançado e Nível de Potencialidade............................... 98 Tabela 5 - Correlação do referencial teórico com o instrumento de pesquisa ........... 99 Tabela 6 - Perfil das empresas do APL de Malhas de Imbituva .............................. 117 Tabela 7 - Escolaridade e sexo dos gestores do APL de Malhas de Imbituva ........ 118 Tabela 8 - Capacidade produtiva mensal das empresas do APL em número de peças ....................................................................................................................... 118 Tabela 9 - Canais de distribuição das empresas do APL de Malhas de Imbituva ... 119 Tabela 10 - Marketing Mix no APL de Malhas de Imbituva ..................................... 126 Tabela 11 - Potencialidade de aplicação de pesquisa, planejamento de marketing e promoção de vendas de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva ................................................................................................................... 140 Tabela 12 - Potencialidade para o desenvolvimento de uma marca coletiva e de um selo de qualidade de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva ............ 142 Tabela 13 - Potencialidade para a realização da FEMAI mais de uma vez ao ano, contratação de um representante e criação de um programa de fidelidade de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva .................................................... 143 Tabela 14 - Potencialidade para a realização de formas de propaganda, confecção de folders e de catálogos de produtos, e-mail marketing de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva ........................................................... 144 Tabela 15 - Potencialidade para o trabalho de relações públicas, marketing de lugares, cursos de gestão de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva ..... 145 Tabela 16 - Potencialidade para a realização de cursos de gestão de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva .............................................................. 147 Tabela 17 - Classificação das estratégias analisadas quanto à possibilidade da prática e potencialidade da aplicação no APL de Malhas de Imbituva .................... 151 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABIT Associação Brasileira da Indústria Têxtil ABIC Associação Brasileira da Indústria do Café ABICAB Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados AMA American Marketing Association APL Arranjo Produtivo Local APROVALE Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos CACCER Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado CRM Customer Relationship Management DO Denominação de Origem FEMAI Feira de Malhas de Imbituva FEVEST Feira do Vestuário FIEP Federação das Indústrias do Estado do Paraná IMBITUMALHAS Associação de Malharias de Imbituva INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial IP Indicação de Procedência IFET Instituto Federal de Educação Tecnológica MPEs Micro e Pequenas Empresas ME Micro Empresa RM Ranking Médio SIM Sistema de Informação de Marketing SINDTÊXTIL Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem no Estado do Paraná UEPG Universidade Estadual de Ponta Grossa SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .............................................................................. 15 1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 15 1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 16 1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 16 1.3.2 Objetivos Específicos.................................................................................... 17 1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA ............................................................................ 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 19 2.1 REDES DE EMPRESAS .................................................................................... 19 2.2 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS ................................................................. 22 2.2.1 Cooperação .................................................................................................. 26 2.2.2 Relações Interempresariais .......................................................................... 30 2.2.3 Eficiência Coletiva......................................................................................... 31 2.2.4 Externalidades .............................................................................................. 33 2.3 MARKETING...................................................................................................... 34 2.3.1 Aspectos Conceituais ................................................................................... 34 2.4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MARKETING (SIM) ...................................... 38 2.5 PLANEJAMENTO DE MARKETING .................................................................. 44 2.5.1 Plano de Marketing ....................................................................................... 45 2.6 MARCA .............................................................................................................. 48 2.6.1 Classificação das Marcas Quanto à Natureza .............................................. 51 2.6.2 Classificação das Marcas Quanto à Forma de Apresentação ....................... 54 2.6.3 Gestão da Marca .......................................................................................... 55 2.7 FEIRAS SETORIAIS .......................................................................................... 56 2.8 MARKETING DE RELACIONAMENTO ............................................................. 59 2.8.1 Ferramentas do Marketing de Relacionamento ............................................ 61 2.8.2 Níveis de Relacionamento ............................................................................ 65 2.9 PROPAGANDA .................................................................................................. 67 2.9.1 Televisão ...................................................................................................... 69 2.9.2 Rádio ............................................................................................................ 69 2.9.3 Jornal ............................................................................................................ 69 2.9.4 Revista .......................................................................................................... 70 2.9.5 Outdoor ......................................................................................................... 70 2.9.6 Internet.......................................................................................................... 70 2.9.7 Mala Direta ................................................................................................... 71 2.10 RELAÇÕES PÚBLICAS (RP)........................................................................... 74 2.11 MARKETING DE LUGARES ............................................................................ 75 2.12 INDICAÇÃO GEOGRÁFICA ............................................................................ 80 2.12.1 Indicação de Procedência (IP) ...................................................................... 81 2.12.2 Denominação de Origem (DO) ..................................................................... 86 2.13 MARKETING VERDE ...................................................................................... 88 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 91 3.1 MÉTODO DE ABORDAGEM ............................................................................. 91 3.2 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ..................................................................... 92 3.2.1 Quanto a Natureza da Pesquisa ................................................................... 92 3.2.2 Quanto ao Objeto da Pesquisa ..................................................................... 92 3.2.3 Quanto a Forma de Abordagem ................................................................... 93 3.2.4 Quanto aos Procedimentos Técnicos ........................................................... 93 3.3 DELIMITAÇÃO DA POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................... 94 3.4 COLETA DE DADOS ......................................................................................... 96 3.4.1 Relação entre o referencial teórico e o instrumento de coleta de dados ...... 99 3.4.2 Validação do instrumento de pesquisa e aplicação de pré-teste .................. 100 4 ANÁLISE DA APLICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING EM APLS .. 101 4.1 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MARKETING (SIM) EM APLS...................... 101 4.2 PLANEJAMENTO DE MARKETING EM APLS ................................................. 103 4.3 MARCA COLETIVA EM APLS ........................................................................... 104 4.4 FEIRAS SETORIAIS EM APLS ......................................................................... 105 4.5 MARKETING DE RELACIONAMENTO EM APLS ............................................. 106 4.6 PROPAGANDA EM APLS ................................................................................. 108 4.7 RELAÇÕES PÚBLICAS EM APLS .................................................................... 109 4.8 MARKETING DE LUGARES EM APLS ............................................................. 110 4.9 INDICAÇÃO GEOGRÁFICA EM APLS .............................................................. 110 4.10 MARKETING VERDE EM APLS ...................................................................... 112 4.11 SÍNTESE DA APLICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING EM APLS112 5 RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................................ 116 5.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO APL DE MALHAS DE IMBITUVA .............. 116 5.1.1 Estratégias de Marketing Individuais ............................................................ 123 5.1.1.1 Sistema de informação de marketing (SIM) ................................................. 123 5.1.1.2 Planejamento de marketing ......................................................................... 125 5.1.1.3 Marca ........................................................................................................... 128 5.1.1.4 Feiras setoriais ............................................................................................. 130 5.1.1.5 Marketing de relacionamento ....................................................................... 133 5.1.1.6 Propaganda ................................................................................................. 133 5.1.1.7 Relações públicas ........................................................................................ 137 5.1.1.8 Marketing de lugares.................................................................................... 137 5.1.1.9 Indicação geográfica e marketing verde ...................................................... 139 5.1.2 Estratégias de Marketing Coletivas............................................................... 139 5.1.2.1 Bloco A......................................................................................................... 139 5.1.2.2 Bloco B......................................................................................................... 141 5.1.2.3 Bloco C ........................................................................................................ 142 5.1.2.4 Bloco D ........................................................................................................ 144 5.1.2.5 Bloco E......................................................................................................... 145 5.1.2.6 Bloco F ......................................................................................................... 146 5.1.3 Governança do APL de Malhas de Imbituva ................................................. 147 5.2 SÍNTESE DA ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................... 150 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 153 6.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................ 156 6.2 SUGESTÕES PARA INVESTIGAÇÕES FUTURAS .......................................... 157 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 158 APÊNDICE A - Entrevista semi-estruturada aplicada a Governança do APL de Malhas de Imbituva ................................................................................................ 166 APÊNDICE B - Entrevista semi-estruturada aplicada aos gestores sobre a utilização de estratégias de marketing de forma individual nas empresas do APL de Malhas de Imbituva ........................................................................................... 169 APÊNDICE C - Entrevista estruturada aplicada aos gestores sobre a possibilidade e disposição para a aplicação de estratégias de marketing de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva ................................................ 176 14 1 INTRODUÇÃO A evolução do consumo impulsionou o aumento da produção industrial e a competitividade mundial na oferta de bens e serviços, contribuindo para o desenvolvimento econômico que foi responsável por conduzir as empresas para novos mecanismos de competição. Neste cenário, determinados setores industriais surgiram com novos modelos organizacionais caracterizados como Arranjos Produtivos Locais (APLs) ou clusters, que são objetos de estudo por apresentarem relações de cooperação e de articulação entre seus atores, as quais possibilitam o alcance de maior competitividade das empresas neles inseridas. Os estudos pioneiros sobre os APLs surgiram na Itália, especificamente na região denominada de Terceira Itália, apresentando regiões demarcadas responsáveis pela fabricação de produtos com características peculiares de produção e rigoroso controle de qualidade, que representam vantagem competitiva que os diferenciam de seus concorrentes. No entanto, mesmo agrupadas, as micro e pequenas empresas (MPEs) competem em desigualdade com indústrias de grande porte que são detentoras de alta tecnologia, qualidade, diversificação de produtos, marcas fortes e preços competitivos. Nos APLs, o desenvolvimento ocorre por meio da aprendizagem interativa, da capacidade de inovação e das relações interempresariais existentes nas empresas que deles participam e, neste aspecto, quanto maior a capacidade do APL para alcançar este desenvolvimento, maior a possibilidade da realização de atividades de marketing de forma cooperada. Deste modo, para que as características locais de APLs tenham caráter competitivo, devem estar alinhadas com a capacidade das MPEs para valorizar e promover seus produtos de forma cooperada, o que pode ser alcançado por meio de estratégias de marketing integradas que permitam destacá-los nos seus setores industriais. O desenvolvimento do marketing busca agregar valor aos produtos das empresas participantes de APLs de modo a distingui-los dos concorrentes e, neste aspecto, a realização de uma abordagem mais ampla e detalhada sobre essa prática é essencial para que os APLs possam ser vistos sob a ótica do marketing, e 15 principalmente para que se possa mensurar a capacidade das MPEs no desenvolvimento dessas estratégias. As estratégias de marketing avaliadas neste estudo são amparadas por ferramentas que buscam atestar a eficácia das ações desenvolvidas e, ainda das ações que podem ser praticadas no APL de Malhas de Imbituva, considerando seus mecanismos de cooperação e as características identificadas nas empresas que o integram. 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA Considerando a proximidade física das empresas participantes de APLs e as ações de cooperação que praticam, este estudo se propõe a analisar como o marketing se desenvolve de forma individual e de forma coletiva nas empresas que os integram. Deste modo, será conduzido pelo seguinte problema de pesquisa: As estratégias de marketing praticadas ou possíveis de serem praticadas individualmente por empresas, apresentam potencial para desenvolverem-se de forma cooperada em APLs? 1.2 JUSTIFICATIVA Os APLs fomentam novas formas de desenvolvimento social e econômico para MPEs, uma vez que são fundamentados nas relações interempresariais e na eficiência coletiva entre seus atores. Os fatores de cooperação e da capacidade inovativa dos APLs são constantemente explorados nas investigações existentes sobre estes modelos organizacionais, no entanto, a aplicação de estratégias de marketing em APLs caracteriza uma área de estudo ainda pouco explorada, mas que possui significativa importância para o desenvolvimento das atividades das empresas integrantes. Os estudos acerca do marketing em uma organização percorrem na maioria das vezes por estratégias individuais desenvolvidas pela empresa para obter vantagem competitiva em um setor específico, mas, no caso dos APLs, o potencial coletivo deve ser avaliado, e este estudo salienta a importância do marketing e de 16 suas estratégias serem integrados as ações coletivas das empresas participantes de APLs. Com a dinâmica e inovação do mercado atual, é possível constatar que as MPEs têm dificuldades em realizar a análise do ambiente de marketing e o controle das variáveis existentes neste ambiente, pois são atividades que necessitam de planejamento e de contínuo monitoramento e conhecimento de mercado por parte das empresas. Com a escassez de investigações sobre a prática do marketing em APLs, constata-se que os estudos existentes, em sua maioria, analisam a atuação de consórcios de exportação de produtos a exemplo de Ramos (2004), Cruz (2006) e Oliveira (2006), com foco para estratégias de marketing direcionadas para o mercado externo; Nassaralla (2006) investiga o fenômeno das feiras setoriais; e Saldanha (2009) investiga estratégias de marketing direcionadas para a realidade de um determinado setor industrial e de um APL que corresponde a este setor. No entanto, esses estudos não discutem estratégias de marketing que possam ser aplicadas em APLs de outros setores produtivos e também não aborda as características que devem existir em APLs, para que seja possível a aplicação das estratégias de forma cooperada. Sendo assim, este tema se torna relevante pelo fato de analisar estratégias de marketing com potencialidade para serem aplicadas de forma cooperada em APLs de diferentes setores produtivos, baseando-se na literatura acerca de cada estratégia e nas características existentes nos APLs, para que cada estratégia possa alcançar os objetivos esperados pelas lideranças empresariais. 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo Geral Avaliar estratégias de marketing que possam ser aplicadas de forma cooperada em Arranjos Produtivos Locais (APLs). 17 1.3.2 Objetivos Específicos Descrever estratégias de marketing que possam ser aplicadas em APLs de setores produtivos distintos por meio de levantamento teórico; Identificar ações de marketing individuais praticadas nas empresas do APL de Malhas de Imbituva; Analisar como os mecanismos de cooperação do APL de Malhas de Imbituva impactam no desenvolvimento de suas ações de marketing; Identificar por meio de observação não-participante, as características existentes em APLs de setores produtivos distintos que possibilitam a utilização eficaz das estratégias de marketing propostas; Investigar junto aos gestores do APL de Malhas de Imbituva, as estratégias de marketing que apresentam potencial para serem desenvolvidas de forma cooperada; Analisar o nível de potencialidade para o desenvolvimento de cada estratégia de marketing de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva. 1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA O presente trabalho de pesquisa está organizado em cinco capítulos. Capítulo I: trata da introdução ao tema de pesquisa, do problema a ser investigado, da justificativa para o desenvolvimento do trabalho, assim como dos objetivos, sendo o objetivo geral e os específicos que norteiam a pesquisa. Capítulo II: apresenta o referencial teórico da pesquisa. Inicialmente é apresentado o conceito de rede de empresas como um formato organizacional para o alcance da competitividade das MPEs. As definições de APLs contemplam a relevância dos esforços conjuntos entre as empresas que os integram, salientando a cooperação entre os atores, as relações interempresariais, a eficiência coletiva e as externalidades como fatores que possibilitam ao APL obter vantagem competitiva. Na seqüência, os principais conceitos e estratégias de marketing são abordados: sistema de informação de marketing que é composto por registros internos, 18 inteligência de marketing e pesquisa de mercado; planejamento de marketing; marca; feiras setoriais; marketing de relacionamento; propaganda; relações públicas; marketing de lugares; indicação geográfica e marketing verde. Capítulo III: trata dos procedimentos metodológicos aplicados para o desenvolvimento da pesquisa. Capítulo IV: apresenta a discussão com base na observação nãoparticipante sobre a aplicação das estratégias de marketing em APLs, buscando analisá-las de acordo com a realidade de MPEs inseridas em APLs de setores produtivos distintos, mas que possuem características específicas. Cada estratégia proposta é discutida isoladamente para melhor elucidação do estudo. Capítulo V: trata dos resultados alcançados com a realização do estudo e a síntese da análise destes resultados com a classificação referente à possibilidade e a potencialidade da aplicação de cada estratégia de marketing proposta para ser desenvolvida de forma cooperada. Capítulo VI: contempla as considerações finais da pesquisa e as sugestões para pesquisas futuras acerca do tema. 19 2 REFERENCIAL TEÓRICO O estudo proposto será embasado em conceitos teóricos que subsidiarão os procedimentos metodológicos a serem seguidos e as análises subseqüentes. Desta forma, esta seção apresentará os principais temas que compõem a base teórica: redes de empresas, arranjos produtivos locais e estratégias de marketing. 2.1 REDES DE EMPRESAS Entre as definições e teorias referentes a redes de empresas estão às desenvolvidas por Castells (2000); Amato Neto (2000; 2009); Casarotto Filho e Pires (2001); Cassiolato e Lastres (2003b); Vale (2007) e Zaccarelli et al (2008). As redes de empresas representam novos modelos organizacionais que possibilitam a troca de informações, cooperação e ganho de competitividade entre atores de determinado setor produtivo. Segundo Amato Neto (2009), a formação e o desenvolvimento de redes de empresas estão se tornando relevantes não somente para as economias de países industrializados como a Itália, Japão e Alemanha, mas também para os países de economias em desenvolvimento como o México, Chile, Argentina e o Brasil. Segundo Castells (2000), uma estrutura social baseada em redes é um sistema aberto altamente dinâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio, caracterizando instrumentos apropriados para a economia capitalista baseada na inovação, globalização e concentração descentralizada para o trabalho voltado à flexibilidade e adaptabilidade. De acordo com Vale (2007), a contribuição de Castells tem caráter significativo para a análise e a compreensão das transformações sociais dos dias atuais, pois as redes empresariais representam uma reconstrução contínua das sociedades, através da associação de instituições e indivíduos interligados. As redes geralmente constituem-se de MPEs que atuam no mesmo setor e somam esforços para desenvolver vantagens mútuas em determinadas funções da cadeia produtiva como produção, pesquisa e desenvolvimento, logística e marketing. As empresas que integram uma rede buscam pela superação de limitações que 20 enfrentariam se atuassem fora dela, como na obtenção de crédito e de potencial tecnológico para desenvolver e promover produtos. Cassiolato e Lastres (2003b) definem as redes de empresas como um conjunto de articulações empresariais que envolvem a realização de transações e/ou a troca de informações e conhecimentos entre os agentes, que não implicam necessariamente na proximidade espacial de seus integrantes. Esse formato empresarial está situado no âmago da teoria organizacional e constitui-se no modo de regular a interdependência de sistemas complementares como produção, pesquisa, coordenação e outros, que é diferente de agregá-los a uma única empresa (AMATO NETO, 2000). Segundo este autor, na formação de redes empresariais, três variáveis determinantes são identificadas: a) Diferenciação: pode gerar benefícios para todos os integrantes da rede, o que não ocorreria para uma empresa de forma isolada, uma vez que a mesma elevaria seus custos de produção para diferenciar seus produtos ou processos; b) Interdependência: é um mecanismo antecedente à formação da rede que a caracteriza como uma unidade organizacional; c) Flexibilidade: tanto no aspecto de inovação e produção, como no aspecto organizacional, representa uma das maiores propriedades das redes. Essas variáveis caracterizam algumas vantagens associadas às redes de empresas. Neste aspecto, Zaccarelli et al (2008) acrescenta que o elemento-chave das redes empresariais consiste nos relacionamentos de troca entre os participantes, e quanto maior a evolução da rede, maior será seu nível de competitividade. Este autor também diferencia as redes de empresas dos clusters, afirmando que as redes se caracterizam por estarem ou não próximas geograficamente, ao contrário dos clusters que possuem a proximidade geográfica como seu elementochave. A tipologia de redes é sugerida por Casarotto Filho e Pires (2001) e se apresenta nos formatos de rede topdown (vertical) e de rede flexível (horizontal): Na rede topdown ou vertical, a pequena empresa pode tornar-se fornecedora de uma empresa-mãe, ou principalmente, subfornecedora. Neste caso, 21 o fornecedor é altamente dependente das estratégias da empresa-mãe e praticamente não tem flexibilidade ou influência nos destinos da rede. As redes topdown ocorrem na indústria automobilística, em que o produto final constitui-se de elevada quantidade de peças e componentes, conforme demonstrado na figura 1. Figura 1 - Modelo de rede topdown ou vertical Fonte: Adaptado de Casarotto Filho e Pires (2001, p. 36) O segundo tipo de rede apresentada por Casarotto Filho e Pires (2001) é a flexível ou horizontal, que atua como suporte de economias altamente desenvolvidas. Essas redes ocorrem por meio da criação de consórcios com objetivos determinados, podendo ser amplos ou mais restritos. São constituídas por empresas pertencentes ao mesmo setor, que produzem e comercializam produtos similares. Este tipo de rede é denominada flexível pelo fato de não depender exclusivamente de uma empresa mãe, o que a permite desenvolver a maior diferenciação de seus produtos. Segundo Casarotto Filho e Pires (2001), pode ser criado um consórcio para a formação de produto, no qual várias empresas podem produzir partes de um equipamento que é comercializado, divulgado e assistido tecnicamente, simulando a administração de uma grande empresa, mas com maior flexibilidade de atendimento a pedidos diferenciados. Este formato de rede é apresentado na figura 2. 22 Figura 2 - Modelo de rede flexível ou horizontal Fonte: Adaptado de Casarotto Filho e Pires (2001, p.36) Na observância dos conceitos apresentados, constata-se que entre as vantagens atribuídas às redes de empresas está a possibilidade de obter maior conhecimento sobre novas tecnologias e processos de determinado setor produtivo, visando aprimorar técnicas de fabricação. Deste modo, ocorre o aumento da capacidade inovativa das empresas integrantes da rede por meio da troca de conhecimento entre as mesmas, e das parcerias com centros de pesquisa e ensino próximos as redes, que são importantes agentes para auxiliar no aprimoramento de produtos ou processos. 2.2 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS Os principais estudiosos deste tema relatam suas teorias utilizando-se de termos diversos como arranjos produtivos locais, aglomerados produtivos e clusters. Para este estudo são consideradas as abordagens propostas por Schmitz (1999); Porter (1998; 1999); Amato Neto (2000; 2009); Casarotto Filho e Pires (2001); Igliori (2001); Cassiolato e Lastres (2003); Caporali e Voker (2004); Oliveira (2006); Vale (2007) e Gerolamo (2007). 23 As investigações sobre arranjos produtivos locais (APLs) vêm crescendo e obtendo destaque na literatura mundial devido à importância que este fenômeno vem apresentando às experiências de desenvolvimento socioeconômico de muitos países ao longo das últimas décadas. Esta importância aumenta com a sofisticação da competição, significando que estas aglomerações tendem a se tornar mais numerosas com o desenvolvimento da economia (AMATO NETO, 2009; PORTER, 1999). A definição de Caporali e Volker (2004) trata do arranjo produtivo local como um tipo particular de cluster composto por pequenas e médias empresas que se agrupam acerca de uma atividade empresarial, no qual as relações formais e informais geram vantagens como ganhos de escala, economias externas, relacionadas à socialização do conhecimento e à redução dos custos de transação. Para Cassiolato e Lastres (2003b, p. 3), arranjos produtivos locais (APLs) são “aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais – com foco em um conjunto específico de atividades econômicas – que apresentam vínculos mesmo que incipientes”. Segundo Porter (1998; 1999), os aglomerados ou clusters são concentrações geográficas de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas em determinada área, ligadas por elementos comuns e complementares que buscam por vantagens competitivas cada vez mais atreladas a fatores locais como relacionamentos, know-how e motivação. O escopo geográfico varia de uma única cidade ou estado para todo um país ou mesmo uma rede de países vizinhos. O termo aglomeração – produtiva, científica, tecnológica e/ou inovativa – caracteriza-se pela proximidade territorial de seus agentes econômicos, políticos e sociais (empresas e outras organizações públicas e privadas), considerando a formação de economias de aglomeração que representam vantagens provenientes da proximidade geográfica de seus atores, incluindo acesso a matérias-primas, equipamentos, mão-de-obra, entre outros (CASSIOLATO; LASTRES, 2003b). Vale (2007) considera que um aglomerado produtivo consiste em um tipo de território, com alta concentração de empresas pertencentes ao mesmo setor de atividade, que interage em um ambiente condicionado por fatores associados à proximidade física e às condições sociais, culturais e institucionais presentes. O fator regional consiste em importante fonte de vantagens competitivas, e a dimensão local dos sistemas globais de produção é alvo de crescente interesse e preocupação. 24 De acordo com Oliveira (2006), existem diversas metodologias que foram construídas e embasadas nas experiências de outros países, retratando diferentes realidades. Este autor considera que o foco central do conceito de cluster trata da ligação entre empresas, sendo essa impulsionada principalmente pelas relações de oferta-demanda, não se restringindo ao número de empresas e ao espaço geográfico. Deste modo, as definições apresentadas neste estudo, permitem tratar as terminologias citadas de forma intercambiável. Os aglomerados caracterizam uma nova maneira de pensar as economias nacionais, regionais, estaduais e urbanas, destacando novos papéis das empresas, dos governos e de outras instituições que se esforçam para aumentar a competitividade, sobretudo nos países mais avançados (PORTER, 1999). O referido autor afirma que nos aglomerados ocorre à análise horizontal para identificar setores que utilizam distribuidores comuns ou que fornecem produtos ou serviços complementares e, com base no uso de insumos ou tecnologias especializadas semelhantes ou através de outros elos com fornecedores, identificam-se cadeias horizontais de setores. Como fase subseqüente, ocorre o isolamento das instituições que oferecem qualificações especializadas, tecnologias, informações, capital ou infra-estrutura e órgãos coletivos envolvendo os participantes do aglomerado. E por fim, a busca por agências governamentais e outros órgãos reguladores que exerçam influências significativas sobre os participantes do aglomerado (PORTER, 1999). O processo de desenvolvimento de aglomerados produtivos é dependente da economia interna do conglomerado por meio dos recursos disponíveis e de seu gerenciamento e, da economia externa através do desenvolvimento do setor industrial (AMATO NETO, 2000). Este desenvolvimento pode ser analisado por meio das fases do ciclo de vida de um cluster. Casarotto Filho e Pires (2001) e Andersson et al (2004) propõem estas fases conforme demonstrado no quadro 1. As fases abrangem desde as relações comerciais iniciais entre algumas empresas, transcorrendo para um crescimento e verticalização, até o estágio estruturado com a formalização de relações entre as empresas (consórcios e redes top dow) e forte integração com as instituições de suporte (CASAROTTO FILHO; PIRES, 2001). 25 FASES DO CICLO DE VIDA DE UM CLUSTER CASAROTTO FILHO E PIRES (2001) FASES DESCRIÇÃO Pré-clusters Nascimento do cluster Poucas empresas isoladas voltadas a um mesmo produto; Maior concentração de empresas e fortes relações comerciais; Desenvolvimento do cluster Aumento da concentração com verticalização e início de formação de consórcios; Cluster estruturado Consórcios formalizados. Sistema local estruturado, forte parceria público-privada. ANDERSSON ET AL (2004) FASES DESCRIÇÃO Cluster emergente Cluster embrionário, no qual existe uma quantidade limitada de agentes da aglomeração que dão início ao processo de cooperação acerca da atividade principal e encontram alguma oportunidade para o negócio; Cluster em desenvolvimento Ocorre à entrada de novos agentes da mesma atividade ou de atividades correlatas; desenvolvimento de novos laços entre todos os agentes. Geralmente ocorre o reconhecimento da região por algum título, sítios eletrônicos ou outras formas de denominação comum da atividade da região; Cluster maduro Nesta fase, se alcançou uma massa crítica de agentes e se alcançou relações externas com outros clusters, atividades e regiões; ocorre uma dinâmica de criação de novas empresas. Como a tecnologia, os clusters também se transformam para não entrarem em declínio. Nesta fase, possivelmente outros clusters irão surgir a partir de atividades correlatas ao cluster original. Quadro 1 - Fases do ciclo de vida de um cluster Fonte: Casarotto Filho e Pires (2001, p. 70); Andersson et al (2004, p. 29) Transformação De acordo com a análise do ciclo de vida, se torna possível determinar no qual estágio se encontra um cluster, incluindo sua competitividade. Segundo Porter (1999), os aglomerados influenciam a competitividade primeiramente pelo aumento da produtividade das empresas; após pelo fortalecimento da capacidade de inovação e, pelo estímulo à formação de novas empresas que reforçam a inovação e ampliam o aglomerado. Cabe considerar também que os aglomerados podem possuir características de industrialização rural, onde é possível encontrar especialização da vila inteira ou características urbanas de aglomerados localizados em cidades. Nas cidades maiores, os aglomerados costumam ser menos enraizados do que em cidades pequenas e médias e, muitas vezes, emergem de profissionais autônomos 26 informais. As aglomerações de países em desenvolvimento geralmente estão associadas a alguma identidade sociocultural que serve de base de confiança e reciprocidade entre os participantes (PORTER, 1999). Este autor complementa afirmando que um cluster geralmente melhora a reputação de uma região em determinado setor, aumentando as oportunidades de compradores procurarem as empresas ali sediadas, como a Itália no setor de moda e design. Além dos fatores locais, a dependência mútua das empresas integrantes do cluster propicia que na ocorrência do bom desempenho de uma delas, possa ocorrer aumento do sucesso das outras e, conseqüentemente, o desenvolvimento de seu território. Pelo exposto, considera-se que existem muitas vantagens competitivas associadas ao desenvolvimento local e/ou regional dos APLs com destaque para: a cooperação entre os atores, as relações interempresariais, a eficiência coletiva e as externalidades. 2.2.1 Cooperação A capacidade de desenvolvimento de ações coletivas é o principal elemento das investigações no ambiente de APLs, uma vez que tais esforços possibilitam criar vantagens competitivas para alavancar as MPEs. De acordo com Cassiolato e Lastres (2003b), compreende-se por cooperação, o trabalho em comum que envolve relações de confiança mútua e coordenação, em níveis distintos entre os atores. Em APLs podem ser identificados dois tipos de cooperação que são: Cooperação produtiva: busca a obtenção de economias de escala e de escopo e o aprimoramento dos níveis de qualidade e produtividade; Cooperação inovativa: busca diminuir riscos, custos e tempo e, principalmente, dinamizar o potencial de aprendizado interativo do APL. Para estes autores, a cooperação pode ocorrer por meio de troca sistemática de informações produtivas, tecnológicas e mercadológicas entre os atores; interações diversas com empresas e outras organizações em programas comuns de treinamento, realização de feiras e eventos, cursos e seminários, entre outros; e, ainda por meio de integração de competências com a realização de 27 projetos conjuntos que incluam desde a melhoria de produtos e processos até a pesquisa e desenvolvimento. Para Amato Neto (2000; 2009), a cooperação nos clusters é importante para o alcance de ganhos competitivos, uma vez que auxilia na superação de obstáculos de maneira coletiva, que não exigem tantos esforços e dispêndios como o de uma ação isolada. Para tanto, se busca o equilíbrio entre a competição e a cooperação por meio do apoio conjunto em áreas chamadas “pré-competitivas”, nas quais as empresas teriam dificuldades para atuar separadamente. Este autor enumera ações conjuntas ou iniciativas de cooperação que os agentes locais participantes de APLs desenvolvem conforme demonstrado no quadro 2. AÇÕES CONJUNTAS 1 Compras conjuntas de insumos 2 Participação conjunta em feiras e exposições (nacionais e internacionais) 3 Estratégias compartilhadas de comercialização, tais como marca, propaganda, canais de distribuição, força de vendas 4 Compartilhamento de instalações, como unidades de manufatura e laboratórios de testes e certificação 5 Realização de serviços conjuntos, como prospecção de mercado, provisão de informações 6 Participação em consórcios de exportação 7 Estabelecimento conjunto de escolas técnicas e centros de pesquisa para formação e qualificação da mão-de-obra. Quadro 2 - Ações conjuntas de cooperação Fonte: Amato Neto (2009, p. 25) Estudos demonstram realizados que entre por as Carpinetti, principais Galdámez ações e realizadas Gerolamo por (2008) instituições governamentais com o objetivo de melhorar a cooperação de um cluster foram: a) Contratação de serviços de consultoria em finanças, operações de gestão, marketing e design; b) Registro de uma marca do cluster; c) Instituição de um programa de cooperação com uma escola técnica pública para oferecer cursos técnicos voltados para as necessidades do cluster; 28 d) Implantação de uma oficina para a formação da força de trabalho; e) Aquisição coletiva de matérias-primas; f) Organização de feiras comerciais. Estas ações retratam mecanismos eficientes de cooperação que desenvolvem esforços para a qualificação da mão-de-obra do APL, aliando-a a práticas mercadológicas. Scott apud Suzigan (2001) também propõem ações de cooperação que se constituem de três frentes, as quais são apresentadas no quadro 3. FRENTES AÇÕES DE COOPERAÇÃO Primeira Frente Cadeia de fornecedores; outras formas de cooperação; Pesquisa tecnológica para produtos e processos locais; qualificação de trabalhadores; informação sobre mercados externos e internos para produtos locais; fixação de marcas regionais ou locais e marketing de produtos locais; Segunda Frente Consórcios institucionais regionais ou locais e parcerias público-privadas; Ordenamento de ações conflitos; Fóruns locais; Registro de marcas comerciais para produtos regionais e locais; negociação com grandes compradores de produtos locais e sindicato de trabalhadores; constituição de conselhos econômicos para a reunião de representantes locais. Terceira Frente e diminuição de Quadro 3 - Frentes de cooperação Fonte: Adaptado de Scott apud Suzigan (2001, p. 11) A primeira frente trata da garantia do abastecimento adequado de insumos e serviços críticos para as atividades locais ou regionais para estimular o crescimento dessas atividades. Também quando os insumos e serviços são de natureza específica à aglomeração, como exemplo: pesquisa tecnológica para produtos e processos de produção locais, treinamento de trabalhadores para atender requisitos locais de qualificações, informações sobre mercados internos e externos para os produtos locais, fixação de marcas regionais ou locais, marketing de produtos locais. A segunda frente trata da cooperação entre empresas para melhorar a eficiência de suas interações transacionais, o que ocorre por meio de uma governança participativa que mantenha a ordem e diminua os conflitos. Desta forma, a colaboração organizada possibilita o aprendizado e, consequentemente, o trabalho 29 especializado das empresas. Os consórcios industriais regionais ou locais e as parcerias público-privadas exemplificam esse tipo de cooperação. A terceira frente consiste na constituição de fóruns locais de ação e escolhas estratégicas que desempenham tarefas específicas como a obtenção do registro de marcas comerciais para os produtos regionais ou locais; as negociações com grandes empresas compradoras dos produtos locais e com sindicatos de trabalhadores; e, ainda a constituição de conselhos econômicos para reunir representantes locais como associações empresariais, sindicatos ou organizações de trabalhadores, instituições financeiras e órgãos públicos. Essas três frentes apresentadas apontam as atribuições de agentes que possuem interesse no desenvolvimento da região como o poder público, empresas privadas, agências de desenvolvimento, universidades e escolas técnicas, que são considerados agentes externos que atuam juntamente com a governança do APL para impulsionar ações e estabelecer diretrizes de trabalho. Na visão de Porter (1999), o poder público além de modificar as próprias políticas e práticas, ainda é capaz de motivar, facilitar e proporcionar incentivos à ação coletiva pelo setor privado. Porém, Schmitz (1999, p. 476) constata que “a ação conjunta de atores privados tem sido mais importante que a intervenção do governo para resolver as falhas de mercado”. De acordo com os conceitos mencionados, observa-se que mecanismos de cooperação coordenados criam oportunidades de desenvolvimento local e/ou regional e permitem fortalecer as MPEs por intermédio de estratégias e minimização de fraquezas em comum. Também se constata que iniciativas privadas bem articuladas produzem efeitos sinérgicos mais eficazes que a atuação do poder público. Na visão de Gummesson (2010), o grau de cooperação pode ser associado com o grau de concorrência. Um cenário de baixo nível de competição e pouca colaboração entre duas ou mais empresas tem possibilidade para iniciar a expansão da cooperação, já quando ocorre um alto nível de cooperação e um baixo nível de competição existe a base para um relacionamento harmônico e duradouro. Este autor afirma que os relacionamentos também podem se desenvolver em cenários tanto de ampla cooperação quanto de competição. No entanto, se a competição prevalecer e a cooperação se apresentar insignificante, torna-se 30 necessário atuar individualmente renunciando o relacionamento, ou trabalhar conscientemente buscando pelo fortalecimento dessas relações. 2.2.2 Relações Interempresariais A construção de relações sólidas e de longo prazo é a chave para aumentar a cooperação entre os atores de APLs. Segundo Casarotto Filho e Pires (2001), as relações entre os atores representam o maior e mais eficiente processo de comunicação e operacionalização das ações planejadas em APLs. Para estes autores, analiticamente, as relações são divididas em duas redes distintas: a integração interna e externa. A integração interna entre as equipes de trabalho para a conjugação das ações e a garantia dos efeitos sinérgicos esperados do processo de colaborações interinstitucionais. A integração externa mantém mecanismos de contínua avaliação estratégica de oportunidades e ameaças que facilita o diálogo com os segmentos públicos e privados externos à área do plano. Essa rede externa também se responsabiliza pela gestão de relações externas com outras regiões com similaridades ou complementaridades que podem auxiliar de forma direta no processo, ou ainda, para a absorção de métodos e tecnologias de promoção do desenvolvimento que já foram utilizados nessas outras regiões. Conforme os programas de desenvolvimento de APLs avançam, passam a ser monitorados por um sistema de relações e integração locais, regionais, nacionais e transnacionais que elevam sua complexidade. No entanto, se forem adequadamente administrados, podem se consolidar ao longo do tempo e produzir bons resultados (CASAROTTO; PIRES, 2001). Porter (1999) considera que os diversos benefícios dos aglomerados derivam dos relacionamentos pessoais que facilitam os vínculos, promovem a comunicação aberta e reforçam a confiança, pois permitem obter informações sobre equipamentos, novas tendências em produtos e em marketing. Na visão do autor, a informação é essencial para a produtividade e o estímulo à comunicação é a essência do êxito das iniciativas em relação aos aglomerados. Deste modo, mesmo que cada organização atue isoladamente e estabeleça estratégias correspondentes à realidade do seu negócio, se torna necessário que 31 um APL desenvolva ações coletivas que potencializem os resultados do grupo e, para isso, as relações entre os atores são fundamentais. Neste aspecto, McCarthy e Perreault (1997), considerando a prática do marketing em uma empresa, afirma que os gerentes de uma organização podem possuir valores diferentes e se conflitar quando não compartilham do mesmo pensamento de outros membros da organização. Mas, uma pessoa que age isoladamente pode destruir a reputação de uma empresa e até sua sobrevivência, sendo assim, o foco de marketing e de marca deve estar direcionado para todos. A atuação de facilitadores neutros é de extrema importância quando ocorre falta de confiança e insuficiência nos relacionamentos. Desde o início é imprescindível que se empreendam os maiores esforços para assegurar a comunicação eficiente e regular, tanto interna como externa para que os êxitos sejam amplamente divulgados (PORTER, 1999). Segundo Cassiolato e Lastres (2003a), a ênfase nesses formatos organizacionais privilegia a investigação das relações neles existentes, assim como seus fluxos de conhecimento e formas de aprendizado para a capacitação produtiva, organizacional e inovativa, além da importância da proximidade física e identidade histórica, institucional, social e cultural como fontes de diversidade e vantagens competitivas. 2.2.3 Eficiência Coletiva Para Igliori (2001), a eficiência coletiva se refere às economias de material e de esforço associadas aos aumentos gerais da produção industrial, independentemente das realidades particulares de cada empresa individual presente na economia. O aumento da eficiência pode ser entendido como um resultado decorrente das economias internas de uma empresa e está relacionado às economias externas, às diversas formas de associações cooperativas e ao nível de instrução das pessoas de toda a sociedade. Este autor acrescenta que na visão marshalliana, os economistas e estudiosos da Ciência Social têm que se ocupar dos indivíduos, sobretudo como membros do organismo social, considerando que a ação do todo é formada pela ação das partes que o constituem. Dessa forma, os motivos para a ação e eficiência coletiva são de grande e crescente importância para a economia. 32 Os estudos pioneiros de Marshall (1985) sobre a economia industrial, apresentam-se na lei dos rendimentos crescentes, na qual o aumento de trabalho e capital acarreta em uma organização melhor, que aumenta a produtividade da ação do trabalho e do capital. Ressalta-se que os rendimentos crescentes tendem a ocorrer em atividades da indústria e de organização em que predomina a ação humana. Para Schmitz apud Amato Neto (2009, p. 13), a eficiência coletiva é “definida como a vantagem competitiva dos produtores locais que resulta da soma de economias externas locais e ações conjuntas dos agentes ou economias internas”. No entanto, a estruturação de uma simples aglomeração não garante o alcance da eficiência coletiva, mas representa um elemento necessário para o seu desenvolvimento. Para alcançar a eficiência coletiva em aglomerados, devem se desenvolver estratégias comuns e projetos de melhoria para as necessidades específicas das empresas como gestão da qualidade e da produção. Determinadas ações podem ser realizadas de forma integrada para aumentar o desempenho individual e coletivo das empresas, como a realização de cursos e treinamentos para qualificação dos recursos humanos (GEROLAMO, 2007). Na visão de Pyke apud Amato Neto (2009, p. 14), “para que haja eficiência coletiva, o processo de produção utilizado deve ser de fácil divisão espacial e funcional, de maneira a possibilitar a especialização das empresas”. O autor considera que atividades de refino do petróleo ou extração do minério de ferro não são favoráveis para desenvolver a eficiência coletiva, mas indústrias têxteis, de calçados e de móveis, que fazem uso de máquinas discretas como o tear, são as mais favoráveis para alcançar tal eficiência. A eficiência coletiva consiste na forma que as MPEs têm para alcançar os benefícios de uma economia de escala, semelhante com o que ocorre com as grandes empresas. A partir destes conceitos, constata-se que a eficiência coletiva propicia a aprendizagem interativa entre as MPEs que se transforma em ganhos coletivos para APLs, uma vez que possibilita a especialização da força de trabalho e a resolução de problemas específicos. 33 2.2.4 Externalidades Além dos efeitos sinérgicos entre os atores, os APLs necessitam de outros elementos que possibilitem o desenvolvimento local e/ou regional. Estes elementos referem-se às externalidades, que de acordo com Schmitz e Nadvi (1999) auxiliam na aprendizagem gerencial das empresas que o integram. Amato Neto (2009) enfatiza que as tendências atuais do cenário empresarial sinalizam que as decisões de investimentos são cada vez mais influenciadas por vantagens competitivas dinâmicas. Entre essas vantagens estão: a infraestrutura local adequada, proximidades com centros de pesquisa e desenvolvimento; mão-de-obra qualificada e acesso aos meios de transporte e comunicação. O referido autor considera que as externalidades são os benefícios obtidos pelas unidades produtivas decorrentes da expansão de uma indústria ou de um setor industrial, que se localiza em uma região que dispõe de boa infraestrutura e redes de estradas, mão-de-obra disponível e qualificada, oferta de matérias-primas e proximidade com os mercados consumidores. Esses recursos são decisivos para a redução dos custos de produção e de distribuição, proporcionando a expansão industrial em geral. Porter (1999) se refere às externalidades afirmando que os aglomerados dispõem de um pool de pessoal qualificado e especializado para determinada produção, que reduz os custos de busca e recrutamento, possibilitando maior compatibilização entre pessoas e cargos. Este autor acrescenta que o aglomerado representa uma forma de organização espacial com potencial para se tornar um meio mais eficiente e eficaz para reunir insumos, desde que existam fornecedores locais. A obtenção de insumos de forma cooperada (“abastecimento” local) pode resultar em custos de transação mais baixos do que no caso de fornecedores afastados (“abastecimento” distante). De acordo com os conceitos mencionados para o desenvolvimento dos APLs, Amato Neto (2009) apresenta uma síntese que consta na figura 3. 34 AÇÕES CONJUNTAS (empresas, poder público, agência de desenvolvimento, universidades, escolas técnicas, outros agentes) EXTERNALIDADES POSITIVAS (ECONOMIAS EXTERNAS DE CARÁTER INCIDENTAL: oferta de mão-de-obra qualificada, matériaprima abundante, etc). EFICIÊNCIA COLETIVA (fortalecimento das redes de cooperação, do cluster/APL Desenvolvimento da economia local/regional) Figura 3 - Ações conjuntas, externalidades e eficiência coletiva Fonte: Amato Neto (2009, p. 26) A síntese exposta por Amato Neto (2009) considera que a integração das vantagens competitivas permite que APLs alcancem o fortalecimento da zona produtiva e, consequentemente, o desenvolvimento local e/ou regional. 2.3 MARKETING 2.3.1 Aspectos Conceituais As principais teorias sobre o marketing são discutidas por McCarthy e Perreault (1997); Kotler (1998; 2000); Kotler e Armstrong (2003); Churchill e Peter (2003); Keegan (2005) e Malhota (2006). O estudo do marketing evoluiu no âmbito organizacional à medida que a competitividade desafiou as empresas a se diferenciarem de seus concorrentes, desenvolvendo ofertas de valor que permitissem conquistar maior participação de mercado. Atualmente, o marketing se integra a praticamente todos os setores empresariais, sendo indissociável da estratégia organizacional. Deste modo, a inserção das empresas neste dinâmico mercado, faz com que estratégias de marketing sejam continuamente aplicadas para o êxito dos negócios. O marketing é responsável por grande parte do crescimento e desenvolvimento econômico, pois à medida que proporciona aos consumidores a 35 escolha entre muitos produtos, pode resultar em maior número de empregos, rendas maiores e padrão de vida mais elevado (MCCARTHY; PERREAULT, 1997). Kotler (1998, p. 27) conceitua marketing como “um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros”. Esta definição baseia-se nos conceitos de necessidades, desejos e demandas; produtos (bens, serviços e idéias); valor; custo e satisfação; trocas e transações; relacionamento e redes; mercados; e empresas e consumidores potenciais, que são fundamentais para o estudo do marketing. Mesmo com a evolução do conceito do marketing, a sua prática ainda pode ser considerada como a realização de vendas e/ou de propaganda de forma isolada em determinadas organizações. Neste aspecto, Kotler e Armstrong (2003) afirmam que a venda ocorre somente depois que um produto é planejado e produzido, já o marketing inicia-se antes mesmo de a empresa ter determinado produto. Levitt apud Kotler (1998) estabeleceu uma diferença expressiva entre os conceitos de venda e de marketing, considerando que a venda se direciona para as necessidades do vendedor em reverter seu produto em valor monetário, enquanto o marketing tem foco nas necessidades do comprador para satisfazer suas necessidades por intermédio do produto. Com base no exposto, pode-se compreender que o marketing é uma função estratégica empresarial que atua no desenvolvimento de ofertas de valor para o mercado que buscam a promoção de esforços em uma organização, independentemente do seu setor ou porte, visando à aceitação de seus produtos e serviços, assim como a construção e consolidação de suas marcas no mercado. Logo, o pensar mercadológico faz parte do pensar estratégico de uma empresa. Além de um conceito e uma filosofia, o marketing é um conjunto de atividades e um processo de negócios. Com o conceito estratégico de marketing, o foco passa da maximização microeconômica para a administração de parcerias estratégicas, posicionando a empresa entre os fornecedores e os clientes na cadeia de valor, de modo a criar valor para o cliente (KEEGAN, 2005). Deste modo, Kotler e Armstrong (2003) enfatizam que o marketing deve avaliar as necessidades do mercado, quantificar a extensão e a intensidade delas e, a partir disso, determinar se há uma oportunidade lucrativa. Desta forma, o marketing perdurará por toda a vida do produto, buscando novos clientes e a 36 manutenção dos clientes atuais por meio da melhoria do desempenho e do apelo do produto, além de propiciar o aprendizado a partir dos resultados de suas vendas e do gerenciamento contínuo de seu desempenho. Dias (2006b) considera que o marketing representa a função empresarial que desenvolve valor contínuo para o cliente e vantagem competitiva para a empresa através da gestão estratégica do produto, preço, comunicação e distribuição (marketing mix). De acordo com Branstad e Lucier apud Lima et al (2005), a gestão de marketing de uma organização empresarial tem por objetivos: Criar ou identificar valor, de modo a produzir inovações estratégicas em produtos, processos e modelagem de negócios, a partir de um profundo conhecimento do perfil e das demandas dos mais diferentes públicos e mercados; Desenvolver e entregar valor, obtendo os resultados estratégicos esperados a partir de políticas de marketing consistentes; Alinhar as pessoas aos valores criados, liderando e motivando os colaboradores e parceiros para a mudança e incentivando o alto desempenho com base em relacionamentos sustentáveis. Estes autores afirmam que esses três objetivos da gestão de marketing são embasados no bom relacionamento com todos os públicos de interesse: clientes, fornecedores, intermediários, concorrentes, colaboradores e acionistas. Assim, a competente ação de marketing é que propiciará relações sustentáveis e rentáveis com todos os envolvidos. Os conceitos apresentados consideram que o desenvolvimento eficaz do marketing não representa uma tarefa simples quando se considera todas as variáveis envolvidas no processo. Segundo Ribeiro et al (2009), entender os clientes, suas necessidades e percepção de valor é uma capacidade de marketing relevante para que uma organização enfrente os desafios dos próximos anos e obtenha sucesso. A capacidade de organização da empresa é outro elemento determinante para o alcance dos objetivos de marketing. Para Garengo e Bernardi (2007), a falta de capacidade organizacional é um dos principais fatores que limita o desenvolvimento das MPEs. Alguns estudiosos consideram que o desenvolvimento gerencial ocorre tardiamente nas MPES, devido à necessidade dessas empresas em 37 responder rapidamente as demandas de mercado, ou ainda por inércia ou resistência de seus atores. De acordo com O’Dwyer e Gilmore (2009), a percepção dos gestores de MPEs quanto a prática do marketing, ainda se restringe as atividades de vendas e promoções, mas, para operar em um ambiente competitivo e com limitação de recursos, essa prática deve ser moldada, de modo que analise os concorrentes, o ambiente interno e externo e os clientes. O enfrentamento dos desafios impostos pelas condições de crescimento limitado e pela riqueza de recursos das grandes empresas, exige criatividade e inovação por parte das MPEs para compensar essas desvantagens. O fator inovador permite a diferenciação de produtos e serviços de outras ofertas padronizadas de empresas de grande porte (O’DWYER; GILMORE, 2009). Neste contexto, a articulação de esforços conjuntos em APLs surge como uma oportunidade para obter resultados por meio da otimização de recursos existentes nas empresas que os integram. Porter (1999) considera que a existência de um grupo de empresas e setores correlatos numa localidade torna eficaz o marketing conjunto (por exemplo, indicações de empresas, feiras comerciais, revistas especializadas) e promove a reputação da localidade numa determinada área, aumentando a probabilidade de que os compradores considerem seus fornecedores e fabricantes no momento da compra. Esta estrutura organizacional também pode aumentar a eficiência das compras, permitindo que compradores realizem negócios com várias empresas em uma única visita. Além de que, a presença de múltiplas fontes para um mesmo produto ou serviço na mesma localidade também reduz a percepção do risco pelo comprador, ao proporcionar-lhe o potencial de comprar de vários fornecedores ou de mudar de fornecedor em caso de necessidade (PORTER, 1999). As estratégias de marketing desenvolvem-se com o uso de várias ferramentas que, ao serem integradas, auxiliam nas atividades empresariais. Considerando a estruturação de APLs, as estratégias propostas neste estudo são as seguintes: a) Capacidade do gerenciamento de um sistema de informações de marketing (SIM); b) Processo de planejamento de marketing; 38 c) Definição da marca individual da empresa e da marca coletiva do APL; d) Realização de feiras setoriais e participação das empresas nas feiras; e) Desenvolvimento do marketing de lugares para atrair investimentos e turismo para a região; f) Marketing de relacionamento para criar vínculos com clientes e fornecedores; g) Veículos de propaganda como televisão, rádio, outdoor, folder, catálogo de produtos e internet; h) Relações Públicas para a promoção da imagem do APL; i) Indicação Geográfica dos produtos comercializados; j) Marketing Verde que estabelece ações de comprometimento ambiental. As estratégias que correspondem às letras b, c, d, e, g foram propostas por Saldanha (2009) na análise de APLs de fabricação de calçados que atuam para o mercado nacional e internacional e, neste estudo, estas estratégias também são propostas e analisadas, porém, para a realidade de APLs de diferentes setores produtivos que possuam características específicas. No entanto, considera-se que o potencial para a aplicação de cada estratégia proposta será variável dependendo do setor no qual for realizada a análise. Cada estratégia abordada nesta pesquisa será apresentada individualmente. 2.4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MARKETING (SIM) Entre os autores que publicaram estudos sobre o Sistema de Informação de Marketing (SIM) estão McCarthy e Perreault (1997); Kotler (1998); Kotler e Armstrong (2003); Bednall e Valos (2005); Campomar e Ikeda (2006); Chaoubah e Barquette (2007); Ambrósio (2007); Brady, Fellenz e Brookes (2008); Chiusoli e Ikeda (2010). O desenvolvimento tecnológico permite que as empresas detenham informações contínuas sobre o seu mercado de atuação, de modo a acompanhar fatores econômicos, sociais e culturais que são fundamentais para o desempenho das atividades empresariais. Segundo Kotler e Armstrong (2003), o Sistema de Informação de Marketing (SIM) constitui-se de pessoas, equipamentos e procedimentos para a coleta, 39 classificação, análise, avaliação e distribuição de informações necessárias, precisas e atualizadas para os responsáveis por decisões de marketing em uma organização. As informações que integram o SIM devem orientar os gerentes em suas atividades, de modo a conduzi-los para uma tomada de decisão segura e eficaz, baseada em dados consistentes sobre o seu negócio. O desenvolvimento do SIM ocorreu paralelamente ao avanço na tecnologia de informação, que atualmente coloca à disposição dos profissionais de marketing um fluxo contínuo de dados, uma vez que, com o crescimento das organizações, os decisores distanciaram-se dos consumidores e tornaram-se mais dependentes desses sistemas para o desempenho das suas atividades (CHAOUBAH; BARQUETTE, 2007). O gerenciamento de informações adquiriu relevância com o aumento da concorrência de mercado que condicionou às empresas a desenvolverem novas competências, inovação e expertise gerencial para atuar com sucesso em seus setores. As informações sócio-culturais permitem delinear as principais características de um segmento de mercado, assim como o monitoramento das informações econômicas demonstram se um setor específico tem perspectiva de crescimento. Primeiramente, o sistema interage com os gerentes para identificar as necessidades de informação. Na seqüência, gera as informações necessárias a partir do banco de dados interno da empresa, das atividades de inteligência de marketing, da pesquisa de marketing e das análises das informações. Por fim, distribui as informações para os gerentes do modo correto e no momento certo, para ajudá-los a tomar as melhores decisões de marketing (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). Essas etapas são demonstradas na figura 4. 40 Figura 4 - Sistema de Informação de Marketing Fonte: Kotler (1998, p. 112) Chiusoli e Ikeda (2010) salientam que o SIM se estrutura para administrar a coleta, análise, armazenagem e apresentação dos dados, que podem ser números de vendas, preços de produto e índice de satisfação de clientes. A maioria das empresas com SIM, possui especialistas em processamento de informações para auxiliar os gerentes na elaboração de relatórios padronizados e atualizados a partir do banco de dados. No entanto, algumas empresas que implantaram o SIM não o utilizam adequadamente devido ao fato dos gerentes não terem conhecimento de que informações necessitam. Ou ainda, pelo fato de possuírem o SIM desorganizado e desestruturado para o gerenciamento de marketing, com informações dispersas e desatualizadas (MCCARTHY; PERREAULT, 1997; CAMPOMAR; IKEDA, 2006). A inexistência da organização de dados dificulta a interpretação correta do ambiente interno da empresa e pode implicar em decisões de marketing equivocadas, como esforços para um segmento de mercado que não é o mais rentável ou ainda, pelo uso excessivo de recursos financeiros que são desnecessários para determinado período. Na visão de McCarthy e Perreault (1997), na inexistência de boas informações de marketing, os decisores precisam usar a intuição ou a suposição, o 41 que representa um convite ao fracasso nos atuais mercados competitivos e dinâmicos. No que se refere ao desenvolvimento do SIM, a utilização de recursos computacionais não é necessariamente uma exigência, já que o importante é o processo de planejamento, ordenação e coleta contínua das informações que irão amparar as análises para as tomadas de decisões de marketing (CHIUSOLI; IKEDA, 2010). Desta forma, considera-se que não são necessários altos investimentos em tecnologia para que um SIM obtenha êxito em uma organização, logo, o seu desenvolvimento em MPEs, dependerá basicamente da capacitação de pessoal para o exercício do planejamento e organização dos dados que sejam importantes para o setor no qual a empresa atua. A informação que é fornecida com base em uma tecnologia deve ser associada à capacidade do gestor ou do profissional de marketing para analisar os dados fornecidos ao longo da cadeia de abastecimento e em todas as vertentes do marketing, pois muitas oportunidades de mercado não são exploradas pelas empresas devido à falta de habilidade humana na realização da análise (BRADY; FELLENZ; BROOKES, 2008). O SIM é constituído de três sistemas: os registros internos da empresa, a inteligência de marketing e os dados coletados por meio de pesquisas de marketing. a) Sistema de Registros Internos Caracteriza o sistema de informações mais básico utilizado por administradores de marketing para detectar oportunidades e problemas. São os relatórios obtidos por meio de dados referentes às atividades operacionais da empresa como: pedidos, vendas, preços, estoque, contas a pagar e a receber (KOTLER, 1998; CAMPOMAR; IKEDA, 2006). Os registros internos da empresa fornecem informações que permitem que o gerente de marketing obtenha o conhecimento sobre o volume de vendas por produto, período, vendedor e sobre as áreas impactadas com os esforços de vendas. 42 b) Sistema de Inteligência de Marketing Representa um conjunto de procedimentos e fontes utilizado por administradores para obter informações diárias sobre o ambiente de marketing (KOTLER, 1998). As informações de inteligência de marketing referem-se ao ambiente externo da empresa, relacionadas aos movimentos da concorrência e aos fatores econômicos, tecnológicos, sócio-culturais e político-legais que podem exercer influência sobre o negócio. Os fatores econômicos referem-se a taxas de juros, concessão de linhas de crédito e índices de inflação que possam interferir no desempenho de determinado setor empresarial. Os fatores políticos e legais correspondem a padrões e especificações de produto, conhecimento sobre legislações vigentes, órgãos de classe, tributos aplicados a produtos e serviços e considerações éticas para a comercialização. Já os fatores tecnológicos indicam se determinado setor precisará realizar algum investimento em tecnologia para o desenvolvimento de suas atividades. A nota fiscal eletrônica é um exemplo de adaptação das empresas brasileiras ao uso de novas tecnologias disponíveis no mercado e exigidas por lei a partir de 2010. c) Pesquisa de Marketing Com a competição de mercado, a pesquisa de marketing se tornou uma ferramenta essencial para que empresas possam alcançar com mais precisão o seu segmento-alvo. Para Ambrósio (2007), ainda que as informações dos vendedores e de outras fontes possuam valor qualitativo, é preciso assegurar-se de que as informações sobre as quais as decisões se baseiam sejam representativas e objetivas, o que torna a pesquisa de marketing essencial para a coleta de informação adicional. Segundo a American Marketing Association (2009), a pesquisa de marketing é a função que liga o consumidor e o público ao profissional de marketing por meio da informação – usada para identificar e definir oportunidades e problemas de mercado: gerar, refinar e avaliar ações de marketing; monitorar desempenho e melhorar a compreensão do processo de marketing. 43 A pesquisa de marketing também consiste na identificação, coleta, análise e disseminação de informações sistemáticas e objetivas e o uso de informações para a melhoria da tomada de decisão relacionada com a identificação e solução de problemas e oportunidades de marketing (MALHOTA, 2006). A pesquisa deve ser utilizada para complementar os dados já disponíveis no SIM. Enquanto o SIM fornece informações continuamente aos decisores, a pesquisa de marketing funciona normalmente para responder a alguma questão específica para a qual o SIM não tenha condição de proporcionar informação. As informações fornecidas por uma pesquisa são processadas pelo SIM junto com informações provenientes de outras fontes, que de forma articulada fornecerão a sustentação para as decisões dos gestores (MCCARTHY; PERREAULT, 1997; CHAOUBAH; BARQUETTE, 2007). Além da informação sobre os consumidores, as empresas precisam de informações sobre a atuação de concorrentes e do que comercializam. Também necessitam saber como os seus clientes percebem a imagem da empresa e de seus produtos no mercado, incluindo o serviço de pré e pós-venda, o preço e a qualidade. A pesquisa de marketing pode investigar a propaganda e as promoções de vendas para definir os métodos mais eficazes para o seu tipo de produto ou serviço (AMBRÓSIO, 2007). Bednall e Valos (2005) explicam que uma organização que busca novos clientes e novos mercados pode fazer uso da pesquisa para auxiliar na tomada de decisões estratégicas, de modo a identificar oportunidades e estimar os riscos do negócio. Já uma empresa líder de mercado, que atua em um mercado relativamente estático, pode estar mais interessada em realizar pesquisa para o monitoramento e análise dos concorrentes. Esta estratégia fornece informações de significativa importância para nortear as ações de uma atividade empresarial, assim como para investigar se ações já realizadas pela empresa foram bem sucedidas e devem ser repetidas ou então aprimoradas. 44 2.5 PLANEJAMENTO DE MARKETING Entre os teóricos que investigam o planejamento de marketing estão Kotler (2000); Gomes (2005); Westwood (2007) e Ambrósio (2007). O planejamento de marketing representa o início de todo o trabalho de marketing a ser desenvolvido em uma organização, o qual é responsável por determinar uma sequência de ações estratégicas, entre elas a descrição das características do produto ou do serviço que será comercializado, os canais de distribuição disponíveis, o preço a ser praticado e as formas de promoção que serão realizadas. Para Westwood (2007), algumas empresas não realizam o planejamento de marketing alegando falta de tempo para formalizar sua política por escrito. No entanto, em tempos de alta competição, a empresa deve ser capaz de utilizar o marketing para direcionar corretamente seus esforços de vendas. O planejamento de marketing caracteriza um processo de extrema importância, de profundo raciocínio e de coordenação de pessoas, informações, recursos financeiros e materiais que visam alcançar a satisfação do consumidor. Pode-se dizer que planejar em marketing é pensar em todos os detalhes que constituem uma operação empresarial e na articulação de todos os seus elementos (AMBRÓSIO, 2007). Para Kotler (2000), os processos relativos ao planejamento de marketing variam consideravelmente de acordo com a empresa e com a seriedade com que a mesma enxerga o plano desenvolvido. As principais deficiências dos planos de marketing consistem na falta de realismo quanto ao setor de atividade no qual a empresa atua ou no qual atuará, e também de análises da concorrência insuficientes e foco no retorno de curto prazo. Este planejamento descreve os métodos de aplicação dos recursos da empresa para atingir os objetivos de marketing, sendo utilizado para segmentar mercados, identificar o posicionamento da empresa no mercado, prever o tamanho do mercado e planejar uma viável participação de mercado dentro de cada segmento (WESTWOOD, 2007). O objetivo desta ferramenta consiste em elaborar ações detalhadas e direcionadas ao mercado de atuação da empresa, para a captação de clientes, aumento das vendas e lucratividade do negócio. Pode ser definida como uma ferramenta de gestão que deve ser regularmente utilizada e atualizada, para analisar 45 o mercado e se adaptar as suas frequentes mudanças. Este planejamento permite definir resultados a serem alcançados e ações que possibilitem atingir a competitividade (GOMES, 2005). O planejamento é registrado em documento formalizado (plano) que apresenta as ações a serem implantadas pela empresa em determinado período. 2.5.1 Plano de Marketing É o documento formal que apresenta a estrutura de ações do planejamento de marketing. Para Ambrósio (2007), o plano de marketing caracteriza a reunião de todas as atividades empresariais dirigidas à comercialização de um produto que visa atender às necessidades específicas dos consumidores e, estabelece todas as bases e diretrizes para a ação da organização no mercado, ensinando o planejador a demonstrar suas idéias, fatos e conclusões de uma maneira lógica, que possa ser compreendida por outros. A estrutura do plano de marketing abrange importantes etapas que devem ser definidas com clareza e objetividade pelos gestores empresariais, independentemente do porte da organização. Considerando os estudos propostos por Kotler (1998), Gomes (2005), Westwood (2007) e Ambrósio (2007), um plano de marketing apresenta a seguinte estrutura: sumário executivo, análise do ambiente, segmentação e posicionamento de mercado, objetivos e metas, estratégias de marketing, plano de ação e controle, demonstração de resultado projetado. a) Sumário Executivo Inicialmente, o plano de marketing apresenta um resumo com as características principais do negócio, incluindo a situação atual da empresa, assim como os objetivos e estratégias a serem alcançados. b) Análise do Ambiente A segunda etapa do plano analisa o ambiente externo e o ambiente interno no qual a organização está inserida. Na análise do ambiente externo são 46 consideradas as informações armazenadas no SIM, as quais se referem a fatores econômicos, sociais, culturais, políticos, legais e tecnológicos que podem exercer influência sobre o negócio. Esta análise também observa a concorrência da empresa quanto a preços praticados, formas de pagamento, ações de divulgação e promoção, distribuição, atendimento, portfólio de produtos e serviços, entre outros aspectos relevantes ao setor de atuação. c) Análise SWOT O termo SWOT origina-se do inglês que significa Strengths (Forças) e Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças). Os pontos fortes e fracos referem-se a fatores internos da empresa que são variáveis controláveis, como a infra-estrutura necessária para a comercialização de produtos e/ou serviços e o nível de qualificação de funcionários. As oportunidades e ameaças são fatores externos incontroláveis a toda e qualquer organização, como a existência de muitos concorrentes em uma região específica, e/ou os preços adotados por estes concorrentes. d) Segmentação e Posicionamento de Mercado A segmentação de mercado consiste em dividir os consumidores em grupos com comportamentos de compra semelhantes, para que a empresa possa direcionar esforços específicos para este grupo ou segmento. A definição de um grupo de consumidores ou segmento-alvo ocorre com base em variáveis de segmentação de mercado que consideram aspectos geográficos, demográficos, psicográficos e comportamentais. A variável geográfica abrange região, clima, densidade populacional e concentração (urbana ou rural). Os aspectos demográficos abrangem sexo, idade, escolaridade, ocupação e classe social do segmento a ser atingido. A variável psicográfica identifica a personalidade e o estilo de vida de um grupo de consumidores e, as variáveis comportamentais referem-se aos benefícios buscados por este segmento ao adquirir um produto ou serviço, assim como também a freqüência de compra, as ocasiões de compra e os principais estímulos 47 para a compra, como por exemplo, o preço, a marca, a qualidade do produto, entre outros. Após a segmentação de mercado, a próxima etapa é a definição do posicionamento de mercado que consiste na imagem que a empresa pretende transmitir sobre o seu negócio ou produto para o segmento-alvo. Gummesson (2010) define o posicionamento como a estratégia para alocar uma posição na mente do cliente para um produto ou serviço de determinada marca quando o consumidor está no processo de decisão de compra. e) Objetivos e Metas Nesta etapa são definidos os objetivos de marketing e as metas financeiras que a empresa pretende alcançar no que se refere ao volume de vendas, participação de mercado e lucro. Os objetivos de marketing são amplos e devem ser mensuráveis, consistentes, viáveis e definidos com clareza. As metas são específicas e detalham como a empresa pretende alcançar os objetivos. f) Estratégias de Marketing Representam os meios pelos quais os objetivos de marketing são alcançados. São as decisões relacionadas aos elementos do composto de marketing: produto, preço, canais de distribuição e promoção. As estratégias de produto determinam as características funcionais e de desempenho do produto, além de especificação de cores, tamanhos e formatos que serão comercializados. Na estratégia de preço são definidas as políticas de preço, descontos e condições de vendas que serão praticadas pela empresa. Os canais de distribuição correspondem à operacionalização do negócio da empresa que determinará a forma com que o produto será colocado à disposição no mercado. A empresa pode direcionar sua oferta para o mercado atacadista, para o mercado varejista ou para ambos. A estratégia de promoção trata das diversas formas de comunicação que serão utilizadas pela empresa para comunicar-se com os clientes a existência dos produtos e serviços e suas vantagens. São determinados os períodos específicos da realização das promoções. 48 g) Plano de Ação e Controle O plano de ação corresponde ao cronograma estipulado no plano de marketing, o qual inclui as ações específicas que serão realizadas (o que), o período para a execução de cada atividade (quando), a ordem de prioridade das ações (como), os responsáveis pela execução (quem), e os custos previstos nas atividades (quanto). O controle demonstra como o plano será monitorado e visa desenvolver ações corretivas e preventivas. O estabelecimento de metas mensais e/ou trimestrais, monitoramento do desempenho da empresa no mercado, a avaliação do desempenho da equipe e o gerenciamento do número de reclamações de clientes são formas de controle que podem ser propostas em um plano de marketing. h) Demonstração de resultado projetado Esta demonstração prevê o resultado financeiro esperado com o desenvolvimento do plano, apresentando indicações de projeções financeiras para curto, médio e longo prazo. De acordo com Ambrósio (2007), os prazos são fundamentais para que os gestores possam avaliar com maior precisão as decisões a serem tomadas. De acordo com a estrutura proposta pelos autores, deve-se enfatizar que o plano de marketing pode ser elaborado de forma anual ou por ocasião do lançamento de um novo produto ou serviço. A elaboração e execução do plano geralmente são realizadas por empresas que possuem planejamento estratégico anual e que estão inseridas em um setor de médio ou alto nível de competição. No entanto, pode-se afirmar que sua relevância independente do porte ou atividade da empresa. 2.6 MARCA Entre os estudos referentes à marca encontram-se os propostos por Pinho (1996); Aaker (1998; 2002); Kotler (1998); Knapp (2002); Dias (2006b); Anisimova (2007); Beverland, Napoli e Yakimova (2007) e Yamaguti et al (2008). 49 A diversidade de opções e a similaridade de produtos e serviços existentes no mercado são fatores que tornam as marcas cada vez mais presentes e importantes no dia-a-dia do consumidor. A decisão de compra por determinado produto ou serviço fundamenta-se na maioria das vezes, na análise do consumidor acerca da qualidade da marca do produto e dos atributos nela presentes. A marca informa ao consumidor a origem do produto e protege tanto o consumidor, como o revendedor e o fabricante, dos concorrentes que oferecem produtos semelhantes. Seu uso facilita a busca do consumidor e limita a possibilidade de imitações, uma vez que as características peculiares do produto são preservadas (AAKER, 1998; PINHO, 1996). Para ser uma marca, um produto ou serviço deve caracterizar-se por um atributo distintivo que possa ser identificado pelo mercado consumidor. Desta forma, desenvolver uma marca representa uma oportunidade para a organização aprimorar e conservar suas características peculiares (KNAPP, 2002; ANISIMOVA, 2007). Kotler (1998) contextualiza que a marca representa uma promessa da entrega de um conjunto específico de características aos compradores que corresponde aos atributos, benefícios, valores, cultura e personalidade da marca, e ao tipo de usuário que fará uso da mesma. O valor de uma marca (ou brand equity) é construído pelo grau de lembrança ou de reconhecimento do seu público-alvo, pelo nível de fidelidade dos consumidores e pela força da imagem associada à marca. Para que se entenda o significado de brand equity deve-se atribuir valor à marca, ou seja, visualizá-la como sendo valor patrimonial de uma organização (DIAS, 2006b). Aaker (2002) enumera quatro elementos vinculados ao valor patrimonial da marca: 1) O grau de reconhecimento da mesma, que atribui confiança, aceitação e alguma liderança em determinada categoria de mercado; 2) A qualidade percebida, que representa a percepção dos consumidores quanto a um diferencial positivo da marca; 3) As fortes associações mentais e emocionais e a outros ativos, como patentes, marcas registradas, que irão vincular a marca às imagens, atributos do produto e a personalidade da marca; 4) A fidelidade do cliente que representa a essência do valor para qualquer marca. 50 Quanto à fidelidade do consumidor à marca, Kotler (1998) salienta que a marca oportuniza atrair um grupo de consumidores leais e lucrativos e, a lealdade de marca permite aos vendedores possuir alguma proteção da concorrência e maior controle no planejamento de programas de marketing. Segundo o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI, 2009), a marca possibilita desenvolver uma ponte entre produtores, fornecedores, comerciantes e consumidores, pela qual valores são construídos e compartilhados. Além disso, representa uma ferramenta poderosa para a construção da imagem de uma empresa, sendo considerada o seu ativo mais valioso. A marca registrada consiste em um respaldo legal que constrói valor para a marca, fornecendo garantia contra o seu uso indevido e, consequentemente, mais segurança para a empresa atuar no mercado. Deste modo, considera-se que uma marca possui significativa relevância para que um produto ou serviço se diferencie de seus concorrentes e conquiste a preferência dos consumidores. De acordo com Yamaguti et al (2008), para que uma marca seja consolidada no século XXI é necessário que: a) Seja lembrada pelos consumidores potenciais; b) Possua benefícios fortes e diferenciadores para o público-alvo; c) Atenda as necessidades e desejos de um grupo; d) Possua uma imagem condizente com a identidade da empresa; e) Garanta a lucratividade da empresa ou da unidade de negócios; f) Possua valor patrimonial elevado. Na observância dos conceitos de marca elencados, cabe mencionar Beverland, Napoli e Yakimova (2007) em sua constatação de que a indústria precisa acompanhar a evolução das necessidades de compra dos clientes ao longo do tempo, para garantir que a identidade da marca reflita as suas expectativas atuais. No entanto, as marcas diferem-se umas das outras dependendo da orientação estratégica da organização. De acordo com o INPI, as marcas são classificadas quanto à sua natureza e forma de apresentação. 51 2.6.1 Classificação das Marcas Quanto à Natureza Quanto à natureza das marcas registradas, o INPI (2009) as classifica de acordo com o uso ou aplicação como: marcas de produtos e serviços, marcas coletivas e marcas ou selos de certificação. a) Marcas de produtos e serviços Esta categoria de marca é predominantemente encontrada nos diversos pontos-de-venda de produtos e serviços em todo o mundo. Uma marca de produto ou serviço geralmente oferece um conjunto de benefícios, como a qualidade, preço, diferenciação e conveniência. São utilizadas para distinguir produtos e serviços de outros idênticos, semelhantes ou afins. São exemplos de marcas de produtos: FORD (automóveis), NESTLÉ (produtos alimentícios). As marcas de serviços podem ser exemplificadas pelos CORREIOS (entregas), ITAÚ (instituição financeira), GOL (linhas aéreas). b) Marcas coletivas Permitem identificar produtos ou serviços provenientes de membros de um determinado grupo, entidade, comunidade ou local. Um grupo de empresas pode se organizar em consórcios ou em uma cooperativa para desenvolver uma marca comum. Exemplo: Cooperativa de Laticínios, Cooperativa de Crédito, Associação de Produtores de Vinhos de Altitude, Associação de Malharias de Imbituva. A marca coletiva surge do esforço conjunto de produtores de um determinado produto ou serviço, que identificam uma oportunidade de mercado para expandir sua comercialização. A caracterização deste tipo de marca depende de fatores como: técnicas próprias de produção; concentração de mão-de-obra especializada; capacidade de cooperação e de organização coletiva; maior proximidade e acesso aos fornecedores de matéria-prima; e clima favorável a produção, no caso de produtos agrícolas. 52 c) Marcas ou selos de certificação Estas marcas são utilizadas para atestar a conformidade de produtos às normas ou especificações técnicas de determinado setor industrial. Entre os produtos brasileiros que utilizam esse tipo de marca estão o selo ABIC e o selo ABICAB que são demonstrados na figura 5 e descritos a seguir. Figura 5 - Selo de Pureza ABIC e Selo de Qualidade Certificada ABICAB Fonte: ABIC (2010); PRÓ-AMENDOIM (2010) Selo ABIC O Selo de Pureza ABIC1 é a marca registrada pertencente à Associação Brasileira da Indústria do Café. A ABIC foi fundada em 1973 com o intuito de reunir as ações desenvolvidas pelos Sindicatos e Associações estaduais da atividade industrial torrefadora, até então dispersas e isoladas, para interromper a rápida queda do consumo de café que ocorreu entre as décadas de 70 e 80. Este selo foi criado por decisão de representantes dos sindicatos da indústria cafeeira de diferentes estados brasileiros, como forma de obter melhor negociação com o governo para o estabelecimento de políticas de interesse do setor em âmbito nacional e, para atestar a garantia da pureza do produto. Com o Programa de Autofiscalização da Indústria de Café e com o lançamento do Programa Permanente de Controle de Pureza do Café, a ABIC 1 Informações disponíveis em http://www.abic.com.br. 53 buscou resgatar a credibilidade do produto, para então se responsabilizar pela fiscalização do setor, custeando todas as despesas de coleta e análise de amostras de café em todo o país. Para a obtenção e utilização do Selo ABIC, a empresa fabricante de café precisa ser aprovada em testes laboratoriais realizados pela ABIC, mediante amostra coletada diretamente no ponto-de-venda, apresentando um resultado puro do teor do produto. Atualmente, a ABIC representa 500 empresas de torrefação e moagem de café de todo o território nacional. Selo ABICAB O selo ABICAB2 é pertencente à Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados. A ABICAB é uma entidade que reúne mais de 100 associados, representando aproximadamente 80% do mercado nacional do setor, que realiza ações de orientação técnica, até o monitoramento do bom funcionamento do mercado, juntamente com órgãos públicos competentes. Entre essas ações encontra-se o Programa Pró-Amendoim que caracteriza um Programa de Auto-Regulamentação e Expansão do Consumo do Amendoim existente desde março de 2001, que objetiva elevar a qualidade e a imagem do amendoim e de seus derivados para o mercado. O selo foi criado com o objetivo de estimular o consumo de amendoim no Brasil, assegurando a qualidade do alimento, que deve ser incorporado na dieta alimentar do brasileiro, pelo seu elevado valor protéico, energético e funcional. O selo ABICAB representa uma conquista do setor e garante a segurança dos produtos de amendoim fabricados pelas empresas que cumprem as normas requeridas, e detém a autorização para seu uso. Nas descrições de marca coletiva e de marca de certificação ocorrem certas similaridades, mas, no entanto, estas categorias de marca são distintas. Uzcátegui (2010) elenca as diferenças entre estas categorias, as quais são demonstradas no quadro 4. 2 Informações disponíveis em http://www.abicab.com.br 54 Marca Coletiva Marca de Certificação Indica a origem dos produtos e serviços; Indica determinado nível de qualidade nos produtos ou serviços que a portam; O usuário será sempre um membro ou associado do titular da marca; O usuário poderá ser qualquer pessoa que cumpra com os requisitos inseridos no regulamento de utilização da marca; O princípio da especialidade é um aspecto comum para todo o Direito das Marcas. O princípio da aplicabilidade. especialidade não tem Quadro 4 - Diferenciação entre marca coletiva e marca de certificação Fonte: Uzcátegui (2010, p. 10) Na marca de certificação, o princípio da especialidade “implica basicamente em uma limitação da regra da novidade relativa a um mercado específico, onde se dá a efetiva competição” (BARBOSA, 2002, p. 3). Neste caso, pode-se considerar que a marca coletiva pode ser semelhante em outro gênero de comércio ou indústria. Mas, no caso da marca de certificação o mesmo não ocorre. 2.6.2 Classificação das Marcas Quanto à Forma de Apresentação De acordo com o INPI (2009), quanto à forma de apresentação, as marcas podem ser classificadas como: nominativa, figurativa, mista e tridimensional. a) Marca nominativa É composta somente de palavras, ou combinação de letras e/ou algarismos, sem a associação com uma imagem. São exemplos de marca nominativa os escritórios de contabilidade ou de advocacia que utilizam geralmente o sobrenome de seus sócios para designar sua atividade profissional. Yamaguti et al (2008) ressalta que a marca nominativa é constituída por uma ou mais palavras no sentido amplo do alfabeto romano, compreendendo também os neologismos e as combinações de letras e/ou algarismos romanos e/ou arábicos. 55 b) Marca figurativa A marca figurativa é constituída, isoladamente, por um desenho, figura ou qualquer forma estilizada de letra e número. Um bom exemplo é o M do McDonald’s (YAMAGUTI et al, 2008). Churchill e Peter (2003) complementam que se trata de uma marca que não pode ser expressa em palavras, pelo fato de ser composta de um símbolo ou design gráfico como os arcos dourados do McDonald’s ou o símbolo da Nike. Estes exemplos representam marcas símbolos que são identificadas mundialmente somente pelo elemento figurativo. A principal característica da marca figurativa é a forte exposição do símbolo que representa a marca. c) Marca mista Consiste na combinação entre elementos nominativos e figurativos. É a associação de um símbolo (desenho ou figura) a um nome de marca (INPI, 2009; YAMAGUTI et al, 2008). São exemplos de marca mista aquelas que associam símbolos ou logotipos ao elemento nominativo, como a marca Leite Moça da fabricante Nestlé, na qual a exposição da marca explora o símbolo (moça) juntamente com o elemento nominativo. d) Marca tridimensional Constitui-se de forma plástica distintiva e necessariamente incomum do produto. De acordo com Yamaguti et al (2008), esta categoria de marca é baseada na forma plástica de um produto ou de embalagem cujo contorno tenha capacidade distintiva. Um exemplo é o perfume da empresa O Boticário, no formato de ânfora, que se transformou em um dos símbolos da marca e acondicionou o primeiro sucesso da empresa – a colônia Acqua Fresca. 2.6.3 Gestão da Marca O processo de gestão de marcas é fundamental para garantir a qualidade do produto e da imagem que deve ser transmitida para o mercado consumidor. Trata do 56 desenvolvimento da personalidade de uma marca, seja corporativa, coletiva ou de produtos e serviços. Em 1992 surgia uma nova forma de organização para a valorização da batata na região da Emilia Romagna, na cidade de Bologna na Itália. A primeira decisão foi à criação da marca “Batata Típica da Bologna” que seria responsabilidade do consórcio para a gestão da marca (CASAROTTO FILHO; PIRES, 2001). Esse tipo de consórcio se responsabiliza pelo desenvolvimento e manutenção de determinado conjunto de valores e atributos para a construção de uma imagem de marca condizente e oportuna ao produto, e que seja atrativa para o consumidor (PINHO, 1996). No consórcio da Batata Típica de Bologna, a garantia da padronização produtiva e da qualidade do produto foi estabelecida por meio de normas disciplinares que determinam as suas características e especificações técnicas. O controle e aplicação das normas são realizados nos centros de trabalhos por técnicos qualificados, que orientam na seleção do produto, especialmente na questão de higiene e conteúdo nutritivo e, também nos postos de entrega pelo produtor, o qual acompanha e desenvolve a análise do produto (CASAROTTO FILHO E PIRES, 2001). Estes autores ainda mencionam que o consórcio, além da valorização do produto, busca conservar a origem, tradição e desenvolvimento genético do mesmo, mantendo as características de qualidade definidas, o que propicia a expansão de mercado. Os conceitos mencionados permitem considerar que a construção da imagem de uma marca ocorre ao longo da inserção do produto no mercado e mediante contínuo monitoramento no que se refere à identificação com o consumidor. A gestão de uma marca permite que se desenvolva uma identidade única do produto, destacando as características que mais o diferenciam das marcas concorrentes. 2.7 FEIRAS SETORIAIS Entre os autores que teorizam sobre as feiras setoriais estão Tanner e Chonko (1995); Kotler (1998); Blythe (2001); Matias (2002); Lovelock e Wright 57 (2005); Li (2006); Lovelock e Wirtz (2006); Nassaralla (2006); Kirchgeorg, Jung e Klante (2010); Gopalakrishna; Roster e Sridhar (2010) e Outland et al (2010). A prática das feiras comerciais ou setoriais consiste na realização da exposição, promoção e comercialização de produtos e serviços diretamente para o consumidor final ou para distribuidores, representantes e fornecedores. Para Matias (2002), uma feira comercial caracteriza a exibição pública que objetiva a venda direta ou indireta que é composta de vários estandes dispostos em locais apropriados para a exposição de produtos e serviços. As feiras atuam como ferramenta essencial de venda e de comunicação em todo o mundo. São definidas como eventos de mercado, com duração específica para reunir um grande número de empresas ou pessoas visando apresentar um portfólio de produtos e/ou serviços (KIRCHGEORG; JUNG; KLANTE, 2010). Segundo Nassaralla (2006), as feiras setoriais destacam a relevância das estratégias de marketing que possibilitam desenvolver o conceito e as aplicações do marketing de relacionamento com os clientes, como um modelo para a sobrevivência e lucratividade das pequenas empresas. As feiras desempenham um papel importante para o marketing, especialmente para MPEs, sendo uma forma de iniciar relacionamentos com clientes e de realizar vendas, além de oferecerem um espaço útil para a construção de parcerias com fornecedores e clientes (BLYTHE, 2001). De acordo com Li (2006), o principal objetivo das feiras é conectar as atividades de venda de um fornecedor com as necessidades de compra de um comprador. O bom desempenho dessa relação ocorrerá se ambos ficarem satisfeitos com os resultados em termos de eficácia e eficiência. Lovelock e Wright (2005) afirmam que as feiras comerciais aliam uma diversidade de elementos de comunicação, pois os stands dos expositores fornecem folhetos informativos, exibem vídeos e disponibilizam pessoal de vendas para a demonstração de produtos e serviços. Estes autores consideram que as feiras que projetam esforços para o público correto e que estruturam stands informativos e atraentes, caracterizam ferramentas promocionais muito lucrativas, pois aproximadamente metade das indicações de vendas geradas em feiras comerciais pode ser fechada com uma única visita de vendas. 58 As feiras comerciais consistem em uma forma popular de divulgação que fornece importantes oportunidades de venda pessoal. Em muitos setores, as feiras comerciais estimulam cobertura extensiva pela mídia e oferecem a clientes empresariais uma oportunidade de conhecer as últimas ofertas de um vasto conjunto de fornecedores de área (LOVELOCK; WIRTZ, 2006). Os referidos autores também enfatizam que as feiras comerciais atuam como ferramentas promocionais muito produtivas, permitindo que um representante de vendas que normalmente alcança quatro a cinco clientes potenciais por dia, consiga gerar cinco indicações qualificadas por hora em uma feira. Pelo fato de reunir diferentes atores em um mesmo local, as feiras permitem que as empresas realizem uma série de ações de negócios, uma vez que conseguem facilitações em aspectos operacionais e de custos. Também representam um componente de extrema importância no mix promocional de muitas empresas, pois dependendo do porte da empresa, as feiras podem ser a única ação de marketing desenvolvida (NASSARALLA, 2006). Kotler (1998) ressalta a importância do estabelecimento de metas para que as empresas otimizem os resultados das feiras comerciais. Deste modo, a empresa pode assegurar que suas metas sejam alcançadas com a realização de uma feira, pois ao organizar feiras nacionais, geralmente a empresa objetiva gerar indicações de vendas. Já nas feiras internacionais, a empresa pode focar em outros objetivos como encontrar distribuidores em novos países. Os organizadores das feiras comerciais devem tentar proporcionar um ambiente agradável para as atividades de compra dos visitantes. A disposição de produtos e o design do estande fazem a diferença na capacidade de um expositor para atrair segmentos específicos de participantes da feira (GOPALAKRISHNA; ROSTER; SRIDHAR, 2010). A importância das feiras setoriais também se evidencia nas investigações de Ramos (2004) e Cruz (2006) sobre a aplicação do marketing mix em consórcios de exportação, que constataram que as feiras são um dos meios mais utilizados para se comunicar com os clientes no mercado internacional, propiciando consolidar a relação com os importadores e auxiliar no início da construção de uma carteira de clientes. Em estudos de Tanner e Chonko (1995), os principais benefícios associados às feiras comerciais foram à introdução de novos produtos no mercado, o contato 59 pessoal com os clientes e a realização de vendas diretas. Também constataram que o principal objetivo de uma feira comercial é a obtenção de vendas, a prospecção de novos clientes e a comunicação com o mercado para estabelecer presença e criar consciência da marca da empresa. As feiras permitem a troca de informações comerciais, contribuindo para a melhoria no planejamento de vendas, planejamento estratégico, desenvolvimento de políticas, comunicação de marketing, desenvolvimento de novos produtos e relações com clientes e fornecedores (OUTLAND et al, 2010). As empresas devem reconhecer o valor potencial das feiras comerciais, pois quando organizadas adequadamente, podem reduzir os custos e encurtar os ciclos de vendas de produtos. Para tanto, uma feira comercial deve estar alinhada com todas as mensagens de marketing realizadas pela empresa, no que se refere a preço, qualidade do produto e formas de pagamento (TANNER; CHONKO, 1995). Os referidos autores também afirmam que o treinamento do pessoal de vendas é outro fator determinante para o atendimento ao público presente na feira. Na adoção dessas práticas, as MPEs poderão perceber a oportunidade de ouro das feiras comerciais. De acordo com as abordagens apresentadas, é possível constatar que as feiras setoriais representam um dos mais importantes mecanismos de cooperação e de vantagem competitiva de APLs. A exposição dos produtos das empresas e o fluxo intenso de informações permitem consolidar relações produtivas com novos clientes e parceiros. 2.8 MARKETING DE RELACIONAMENTO As teorias sobre marketing de relacionamento são propostas pelos autores McKenna (1992); Rogers (2000; 2003); Gordon (2001); Bogmann (2002); Serra (2002); Verhoef e Langerak (2002); Churchill e Peter (2003); Temporal e Trott (2004); Ploetner e Ehret (2006); Shelby, Arnett e Madhavaram (2006); Lovelock e Wirtz (2006); Dias (2006b); Salvador (2008) e Gummesson (2010); O crescimento acelerado do mercado transformou o modo das organizações relacionarem-se com os seus clientes. Atualmente, toda empresa competitiva busca 60 desenvolver um vínculo mais próximo com o seu segmento-alvo para melhor atendêlo e, consequentemente, fidelizá-lo. A criação de relações sólidas e duradouras caracteriza uma tarefa árdua e de difícil manutenção, mas que, no entanto, é essencial em setores de rápida transformação (MCKENNA, 1992). Para Gordon (2001), o marketing de relacionamento caracteriza a contínua identificação e criação de novos valores com clientes individuais e o compartilhamento de seus benefícios durante muitos anos de parceria, que envolve uma contínua colaboração entre fornecedores e clientes escolhidos para a criação e o compartilhamento de valores mútuos por meio de interdependência e alinhamento organizacional. De acordo com Gummesson (2010), o marketing de relacionamento caracteriza a interação das redes de relacionamentos e os relacionamentos estão no núcleo do comportamento humano, sendo essenciais no mundo dos negócios. Shelby, Arnett e Madhavaram (2006) buscam conhecer as razões que tornam a prática do marketing de relacionamento tão importante nos dias atuais, afirmando que o marketing de relacionamento envolve uma escolha estratégica da empresa que o pratica e, que seu imperativo fundamental consiste em alcançar uma vantagem competitiva e o desempenho financeiro superior por meio da identificação, desenvolvimento e consolidação de uma carteira de clientes. Estes autores mencionam que as empresas realizam trocas relacionais quando essas relações contribuem para elevar os seus níveis de competitividade e, que os relacionamentos vão contribuir para a competitividade das empresas quando constituem recursos relacionais. Logo, as relações tornam-se recursos relacionais quando contribuem para a capacidade da empresa de forma eficaz para produzir ofertas de valor para algum segmento de mercado. Por exemplo, as empresas entram em trocas relacionais com os clientes individuais, quando, como resultado das relações, elevam sua capacidade de desenvolver ofertas de mercado personalizadas para os gostos e preferências de clientes individuais (SHELBY; ARNETT; MADHAVARAM, 2006). 61 2.8.1 Ferramentas do Marketing de Relacionamento O desenvolvimento de um programa de marketing de relacionamento ocorre à medida que uma organização adquire expertise de mercado e realiza a coleta de informações importantes sobre seus clientes, sejam individuais ou organizacionais. Isso é realizado com o auxílio de ferramentas que contribuem para tal desenvolvimento. No entanto, de acordo com Gordon (2001), as ferramentas não representam a prática do marketing de relacionamento quando atuam de forma isolada. Deste modo, considerando que o marketing de relacionamento faz parte do pensamento estratégico da empresa, se torna necessário que ações integradas sejam realizadas de forma contínua para que se alcance os resultados almejados com essa prática. As principais ferramentas apresentadas neste estudo, que podem desenvolver a oportunidade das empresas relacionarem-se com os clientes são: o marketing de banco de dados e o CRM; a venda de relacionamento; o marketing de fidelidade e a parceria. a) Banco de Dados e CRM O banco de dados consiste na organização e no armazenamento sistemático de dados de clientes, que ocorrem para criar registros das transações que uma empresa realiza com os mesmos. De acordo com Gordon (2001), o banco de dados atua como uma ferramenta do relacionamento de fundamental importância, pois reúne e analisa os dados sobre os clientes individuais e históricos de transações realizadas para facilitar uma comunicação contínua com o cliente. Estes dados permitem identificar o perfil do cliente e realizar análises para orientar o marketing direto. Já o CRM consiste nos valores e estratégias do marketing de relacionamento com ênfase especial no relacionamento entre um cliente e um fornecedor, que se transformam em aplicação prática e dependem da ação humana e da tecnologia da informação (GUMMESSON, 2010). O CRM consiste em um conjunto de ferramentas de gestão de relacionamento que inclui a identificação do cliente no mercado e a compreensão dos fatores que o diferenciam de outros clientes. Um de seus princípios mais 62 importantes consiste em descobrir quais são os clientes mais valiosos e que estão dispostos a fornecer informações para a empresa (ROGERS, 2000; 2003). Temporal e Trott (2004) enfatizam que o CRM refere-se à colaboração com cada cliente, pois a empresa agrega valor ao cotidiano da vida de cada um deles e, os mesmos retribuem com fidelidade. Trata-se de uma negociação individual com cada cliente que tem como objetivo reconhecer os melhores clientes e conservá-los, ampliando o entendimento que a empresa tem de suas necessidades como indivíduos, atendendo às expectativas que eles têm em relação à sua organização e fazendo alguma diferença na vida deles. Os principais objetivos das empresas que implantam o CRM consistem em adquirir, reter e aumentar a lucratividade por cliente. Para isso, é necessário reunir informações adequadas sobre cada cliente para prever seu comportamento e assim, antecipar-se e oferecer-lhes produtos e/ou serviços de qualidade, o que só se consegue tratando o cliente de forma personalizada (SERRA, 2002). Para Verhoef e Langerak (2002), o CRM não caracteriza somente a instalação de um software, mas representa uma filosofia de toda a organização, que é centrada na criação de valores para os clientes e que exige comprometimento real da gestão superior. b) Venda de Relacionamento Caracterizam encontros interpessoais nos quais são feitos esforços para orientar clientes e promover preferência em relação à determinada marca ou produto. As estratégias de marketing de relacionamento muitas vezes são baseadas em programas de gerenciamento de contas que designam aos clientes um gerente de conta que age como interface entre o cliente e o fornecedor (LOVELOCK; WIRTZ, 2006). Para Churchill e Peter (2003), esse tipo de venda envolve a interação pessoal com o cliente que garante feedback imediato para que a empresa adapte sua oferta para satisfazer as necessidades de cada cliente. Estes autores ressaltam que a venda de relacionamento é muito valorizada por clientes organizacionais, podendo criar uma relação de parceria com os vendedores como forma de obter vantagem competitiva. No entanto, possui um 63 custo maior por contato com o cliente do que outros tipos de comunicação de marketing, mas, dependendo da habilidade do vendedor pode ser mais eficaz. Considerando a prática da venda de relacionamento, Mendonça (2007) constatou em investigação realizada no pólo atacadista de confecção de Maringá, que as empresas utilizam um “agente da moda” como é denominado o profissional responsável pela divulgação deste pólo em cidades potenciais e também para a organização de excursões de visitantes para compras. Pelo exposto, deve-se considerar que o marketing de relacionamento pode envolver a venda de relacionamento para desencadear uma oportunidade. Mas, sua finalidade é se dedicar continuamente a criar novos valores para compartilhar com os clientes, orientando-se para as necessidades do processo, e não para as necessidades do comprador ou do vendedor (GORDON, 2001). c) Marketing de Fidelidade A conquista da fidelidade do cliente é uma busca constante no âmbito empresarial, tanto para empresas que atuam diretamente para o consumidor final, como para empresas que ofertam produtos e serviços para clientes organizacionais. Na visão de Bogmann (2002), quando uma empresa se equipara a concorrência, tem distribuição muito equilibrada, preços semelhantes e padrão de qualidade comum, a única arma competitiva disponível são as ações que buscam a fidelização de clientes, as quais podem se transformar em vantagem competitiva sustentável para a continuidade dos negócios. Os programas de fidelidade apresentam-se como uma forma de beneficiar e recompensar clientes pelo uso freqüente dos produtos e serviços da empresa, por meio de um incentivo financeiro concedido por bônus ou premiações. Segundo Dias (2006b), o marketing de fidelidade é uma estratégia para fidelizar ou reter clientes por intermédio de ações integradas, sistemáticas e contínuas de comunicação e promoção que geram frequência e repetição da compra, de modo que o cliente seja recompensado. Para os autores, representa a estratégia mais oportuna para ativar e reter segmentos de clientes selecionados, nos quais o potencial de negócios poderá ou não evoluir ao longo do tempo. Um programa de recompensas gera a ativação e a retenção de clientes, mas não é o suficiente para gerar fidelidade, uma vez que o cliente avaliará muitos outros 64 fatores das suas experiências com a empresa. Deste modo, pode-se considerar que o marketing de fidelidade é uma ferramenta do marketing de relacionamento, mas que não o substitui, somente o complementa (GORDON, 2001; SALVADOR, 2008). d) Parceria O elevado nível de competitividade dos mercados tem induzido as empresas a reduzirem a sua base de fornecedores e, como consequência, a colaboração entre vendedores e compradores se torna mais intensiva, integrando novos elementos e processos que estão sujeitos a cooperação, como a realização de pesquisas e o desenvolvimento de projetos (PLOETNER; EHRET, 2006). As parcerias com clientes, fornecedores, canais intermediários ou concorrentes possibilitam que uma empresa pratique os princípios de marketing de relacionamento em várias dimensões fundamentais, podendo alinhar mão-de-obra, processos e tecnologia de informação e, também suas estratégias. No entanto, raramente essas dimensões serão alinhadas simultaneamente (GORDON, 2001). Gummesson (2010) afirma que os relacionamentos entre clientes e fornecedores são a base para todo o marketing. Para a administração convencional do marketing, muito do que se pratica limita-se a trocas impessoais por meio de promoção e distribuição de massa. O fabricante oferece produtos e serviços por um intermediário e o consumidor oferece um valor monetário em troca. O fabricante, e até mesmo o revendedor, não passam de marcas comerciais, que podem ser completamente desconhecidas do consumidor que, por sua vez, é apenas uma estatística. Mas, essa abordagem do marketing não corresponde à realidade da sociedade atual. Para criar posições duradouras no mercado, primeiramente as empresas precisam desenvolver relações fortes com os clientes, fornecedores, distribuidores, revendedores e com pessoas influentes no setor de atividade e na área financeira, visando estabelecer vínculos com as pessoas e empresas-chave que impulsionam o setor (MCKENNA, 1992). A visão comum é a motivação central para iniciar e administrar uma parceria de sucesso. As parcerias visam à criação de futuros negócios, tecnologias e mercados, onde ambas as partes são mutuamente dependentes, dividem retornos e 65 perdas em termos iguais, e praticam colaboração aberta (PLOETNER; EHRET, 2006). De acordo com Saldanha (2009), as parcerias objetivam reduzir custos e poupar esforços entre as partes envolvidas. Para os fornecedores pode significar o aumento do número de transações comerciais, a obtenção de prestígio e a estabilidade em mercados e, para os compradores pode corresponder ao aumento da lucratividade com a redução dos custos de compra. Gordon (2001) elenca seis dimensões pelas quais o marketing de relacionamento se desenvolve: 1) Busca criar valor para os clientes e compartilhar esse valor entre o produtor e o consumidor; 2) Reconhece o papel essencial que os clientes individuais possuem não apenas como compradores, mas na definição do valor que desejam receber; 3) Exige que a empresa planeje e alinhe seus processos para manter o valor que o cliente individual deseja receber; 4) Representa um esforço permanente e colaborativo entre o comprador e o vendedor em tempo real; 5) Reconhece o valor dos clientes por seu período de vida de consumo e não como clientes ou organizações individuais que devem ser abordados a cada ocasião de compra, unindo progressivamente a empresa aos clientes; 6) Procura a construção de uma cadeia de relacionamentos dentro da organização para criar o valor desejado pelos clientes, assim como entre a organização e seus principais participantes, incluindo fornecedores, canais de distribuição intermediários e acionistas. 2.8.2 Níveis de Relacionamento Berry apud Ribeiro e Fleury (2006), propõe três níveis de relacionamento para que uma empresa desenvolva sua estratégia de valor. Os níveis se aprofundam à medida que o valor requer maior conhecimento para ser ofertado, o que promove maior comprometimento na relação cliente-fornecedor. Quanto maior o grau de conhecimento necessário para a oferta do valor, menor o risco da estratégia ser 66 copiada pelos concorrentes, já que o valor será decorrente de uma relação de confiança estabelecida entre as partes conforme demonstrado no quadro 5. Nível Grau de personalização Potencial para comprometimento mútuo e distanciamento dos concorrentes Financeiro Baixo Baixo Social Médio Médio Estrutural Médio para alto Alto Quadro 5 - Níveis de relacionamento Fonte: Berry apud Ribeiro e Fleury (2006, p. 158) Os três níveis de relacionamento são discutidos por Berry apud Ribeiro e Fleury (2006); Zeithaml e Bitner (2003). O primeiro nível representa o elo financeiro entre empresa e cliente, o qual se desenvolve por meio de incentivos de preço e descontos progressivos que atuam como estimuladores para a realização de negócios. Este nível não conduz à fidelização de clientes, pelo fato de ser facilmente copiado pela concorrência. Os incentivos financeiros não proporcionam vantagens generalizadas, a não ser que sejam associados com outra estratégia de relacionamento que permita diferenciar a empresa dos seus concorrentes. O segundo nível consiste em estabelecer elos sociais acima dos elos financeiros, com o intuito de aproximar o cliente da empresa para conhecê-lo e para adquirir sua confiança. A prestação de serviço é individualizada para se adequar às necessidades individuais de cada cliente, uma vez que suas necessidades e desejos são objetos de constante análise por parte da empresa, a qual estabelece comunicação regular com os clientes. O terceiro nível oferece elos estruturais que correspondem à oferta de valor que seja valiosa para o cliente e que dificilmente encontre-se disponível em outra empresa. Neste nível, cria-se um forte fundamento para a manutenção e o incremento do relacionamento, pois uma empresa passa a ser continuidade da outra ou do cliente. Esses elos geralmente são criados para a prestação de serviços com base tecnológica e que servem para tornar o cliente mais produtivo. 67 Ribeiro et al (2009) complementa afirmando que cada nível de relacionamento exige maior investimento em recursos e em competência para obter interação e integração com o mercado. A eficácia de um programa de relacionamento é alcançada quando ocorre o alinhamento com o principal objetivo da empresa que o adota. As empresas que almejam realizar grande volume de vendas e que estabelecem guerra de preços sem o intuito de fidelizar clientes, se utilizam do primeiro nível do relacionamento, buscando manter sua participação de mercado com lucros de curto prazo. Os profissionais que prestam serviços individuais, adequados à necessidade de cada cliente, sejam clientes finais ou organizacionais desenvolvem um relacionamento de longo prazo, buscando retê-los ao longo do tempo por intermédio do nível dois ou elo social. Por fim, empresas que atuam como solucionadoras dos problemas de clientes, trabalhando em conjunto para a otimização de resultados, empregam o elo estrutural como nível de relacionamento. Os conceitos mencionados permitem constatar que o marketing de relacionamento representa, sobretudo, uma estratégia organizacional amparada por ferramentas que visam criar valor para os clientes, de modo a estabelecer um vínculo de benefício entre as partes. 2.9 PROPAGANDA Entre os vários autores que estudam a propaganda estão McCarthy e Perreault (1997); Bogmann (2002); Churchill e Peter (2003); Kotler e Armstrong (2003); Dias (2006b); Torres (2009) e Zenone (2010) A propaganda representa uma ferramenta mercadológica de grande impacto que é responsável pela disseminação de milhares de informações ao mercado consumidor diariamente, por intermédio de diversos meios que devem estar adequados aos objetivos do que se pretende comunicar. McCarthy e Perreault (1997) consideram que à medida que uma economia cresce, a propaganda se torna mais expressiva, impactando um maior número de consumidores que possuem renda para adquirir produtos e serviços disponíveis no mercado. 68 A propaganda, segundo Churchill e Peter (2003, p. 472) caracteriza-se como “qualquer anúncio ou mensagem persuasiva veiculada nos meios de comunicação de massa em determinado período e espaço pagos ou doados por um indivíduo, companhia ou organização identificados”. Um anúncio ou uma campanha de propaganda precisa ter objetivos claramente definidos e mais específicos do que os objetivos de venda pessoal, já que os vendedores podem alterar suas apresentações a cada cliente (MCCARTHY; PERREAULT, 1997). De acordo com Kotler e Armstrong (2003), os objetivos da propaganda devem ser fundamentados nas decisões anteriores sobre o mercadoalvo, posicionamento e mix de marketing e podem ser classificados conforme demonstrado no quadro 6. OBJETIVOS DA PROPAGANDA INFORMAR Informar o mercado sobre um novo produto Descrever os serviços disponíveis Sugerir novos usos para o produto Corrigir falsas impressões Informar sobre mudanças de preço Reduzir os temores dos compradores Explicar como o produto funciona Construir a imagem de uma empresa PERSUADIR Desenvolver preferência de marca Persuadir os clientes a comprarem agora Estimular a troca para sua marca Mudar as percepções dos clientes sobre os atributos do produto Persuadir os clientes a receberem uma visita de vendas LEMBRAR Lembrar os clientes de que o produto poderá ser necessário no futuro próximo Manter o produto na cabeça do cliente durante os períodos de baixa demanda Lembrar os clientes onde comprar o produto Manter a máxima conscientização do produto Quadro 6 - Objetivos da propaganda Fonte: Kotler e Armstrong (2003, p. 387) Entre os principais objetivos da propaganda estão: informar o público-alvo sobre o funcionamento de um produto ou serviço; exercer a persuasão sobre o público-alvo para desenvolver a preferência de uma marca; lembrar o público sobre onde comprar o produto. As principais formas de propaganda apresentadas por 69 Kotler e Armstrong (2001) e Churchill e Peter (2003) são: televisão, rádio, jornal, revista, outdoor, internet e mala-direta. 2.9.1 Televisão Mídia nacional, de alta cobertura e alta freqüência, que permite atingir um grande número de pessoas em pouco tempo, mas que exige altos investimentos (DIAS, 2006b). Os comerciais de televisão são muito úteis para despertar a atenção das pessoas para produtos de massa que são de fácil compreensão, pois apelam para o sentido da visão e da audição por meio de imagens e sons. Porém, a vida de um comercial de televisão normalmente não é longa, podendo se estender por no máximo alguns meses (CHURCHILL; PETER, 2003). 2.9.2 Rádio Mídia pulverizada e regional, de baixa cobertura e baixa freqüência, de custo baixo, mas que exige maior continuidade de investimentos. De caráter regional, exige ainda conteúdo e formato adequados às características dos ouvintes das rádios locais. Churchill e Peter (2003) afirmam que os comerciais de rádio impedem a transmissão de informações abstratas ou complexas por não possuírem os efeitos visuais da televisão. No entanto, é mais fácil para os anunciantes alcançarem sua audiência-alvo, conhecendo a preferência dos ouvintes pela programação da emissora. 2.9.3 Jornal Dias (2006b) caracteriza o jornal como uma mídia regional, de cobertura concentrada nas grandes capitais e que atinge um público de maior nível educacional. Por sua periodicidade, permite anúncios de eventos imediatos. Sua cobertura pode ser boa, mas a freqüência depende do número de vezes em que um 70 anúncio é veiculado, além da periodicidade com que o jornal é publicado, se diariamente ou semanalmente (CHURCHILL; PETER, 2003). 2.9.4 Revista Caracteriza uma mídia segmentada para variados perfis demográficos e psicográficos, devido à grande variedade de títulos, que permite direcionar a comunicação a segmentos de público específicos (DIAS, 2006b). Churchill e Peter (2003) consideram que é uma forma de propaganda que tem melhor reprodução de cores e que atinge mais leitores por exemplar, podendo utilizar-se de encartes tridimensionais ou de amostras de produtos, como cosméticos, para despertar a atenção do leitor. 2.9.5 Outdoor Considerada uma mídia pulverizada, de cobertura local, de impacto rápido e imediato. Churchill e Peter (2003) mencionam que a propaganda ao ar livre ou outdoor também inclui banners, painéis luminosos (como os de néon e eletrônicos), cartazes, placas nos edifícios, propagandas em ônibus, táxis, metrôs e estações do metrô. 2.9.6 Internet Com a evolução tecnológica, o consumidor conquistou mais acesso a informação e poder para comparar novos produtos e serviços disponíveis no mercado. Para Torres (2009), com o surgimento da internet, o mundo dos negócios se deparou com uma grande novidade que é o acesso imediato às informações sobre produtos e serviços. Na rede mundial de computadores, as empresas podem associar palavras, figuras, sons e imagens animadas para impactar os consumidores e compradores organizacionais. Quanto à localização, as empresas podem construir e anunciar em sua própria página (home-page) ou utilizar-se de banners, pagando uma taxa para 71 que seus anúncios sejam incluídos em páginas de outras empresas (CHURCHILL; PETER, 2003). Uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil realizada em 2008 sobre o uso da internet neste país, aponta que 28% dos domicílios brasileiros contêm um computador, sendo 95% da classe A, 70% da classe B e 25% da classe C (TORRES, 2009). Este autor ressalta que os dados da pesquisa demonstram que o computador residencial vem invadindo os lares brasileiros, inclusive na Classe C e, considerando a expansão do crédito e a redução no preço dos computadores pessoais no Brasil, é possível que esses números aumentem rapidamente. A pesquisa também enfatizou a importância da força de vendas na internet, pois 50% dos usuários buscam informações sobre bens e serviços na rede. Deste modo, a internet atua como uma ferramenta essencial para uma empresa expor e divulgar seus produtos e serviços em um ambiente de extrema competitividade. É notório que com o acesso contínuo à informação, o consumidor busca por empresas que possibilitam a comparação de produtos pela internet. Logo, empresas que não estejam presentes no mundo virtual podem não fazer parte do processo de escolha do consumidor. 2.9.7 Mala Direta Mídia dirigida que é utilizada para atingir segmentos específicos de público. O marketing direto representa as formas de comunicação dirigidas diretamente para o consumidor, da qual fazem parte a mala direta, o e-mail marketing e os catálogos de produtos que serão abordados neste estudo. De acordo com Bogmann (2002), as empresas de marketing direto usam veículos de resposta direta, como a mala direta, para realizar vendas e conhecer clientes que integram um banco de dados. Esses dados serão utilizados para a construção de um relacionamento contínuo e duradouro entre cliente e empresa. Churchill e Peter (2003) argumentam que um anúncio por mala direta pode conter mais informações do que um comercial na televisão ou um anúncio em revista, caracterizando-se assim como um veículo útil para divulgar produtos complexos ou de preço elevado. Para os autores, a mala direta consiste no envio de 72 uma oferta, anúncio, amostra ou folheto para um endereço determinado, o qual permite grande seletividade de mercado-alvo e personalização da mensagem. O e-mail marketing também representa uma ferramenta rápida e eficaz para divulgar produtos e serviços, a qual possui alta capacidade para atingir muitos clientes em um curto espaço de tempo. Possui vantagens que o caracterizam como uma boa ferramenta para ser utilizada de forma integrada com outras ações de marketing digital. A maior vantagem é um custo extremamente baixo, que se for utilizado da forma correta e direcionada para uma lista de e-mails em volume e qualidade adequada ao negócio, poderá gerar um ótimo retorno sobre o investimento (TORRES, 2009). Zenone (2010) atribui vantagens na utilização do e-mail marketing, as quais são demonstradas no quadro 7. PRINCIPAIS VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO E-MAIL MARKETING Agilidade É uma ferramenta ágil tanto no envio quanto na resposta e avaliação do retorno. A resposta ao e-mail marketing normalmente é imediata através da ação desejada ou simplesmente da confirmação de recebimento. Mensurabilidade E muito fácil medir o retorno do e-mail marketing. As estatísticas do site vão indicar quantas pessoas receberam, quantas clicaram em um link, visitaram o site, compraram; quantas não desejam mais receber sua comunicação e solicitam a exclusão da lista. Interatividade Um simples link no e-mail possibilita ao destinatário realizar uma ação como retornar uma resposta, visitar um site ou solicitar a sua exclusão da lista. Alta taxa de resposta Campanhas de e-mail marketing sérias, com comunicação enviada para destinatários que autorizaram o recebimento tem altíssimos índices de retorno. Quadro 7 - Vantagens do e-mail marketing Fonte: Zenone (2010, p. 104) Torres (2009) também menciona algumas ações nas quais o e-mail marketing apresenta vantagens: Informativas: utilizado para enviar newsletter com informativos sobre a empresa que irão manter o consumidor atualizado sobre os produtos e serviços disponibilizados; Promoções: envio de ofertas de promoções ou vantagens exclusivas para cada mensagem que fará com que o consumidor reconheça o e-mail da empresa como algo útil; 73 Lançamentos: na ocasião de um lançamento de um novo produto ou serviço, a empresa utiliza o e-mail para a divulgação. A decisão sobre o veículo de propaganda mais adequado para uma empresa se baseia no objetivo de comunicação, no público-alvo a ser impactado, nas vantagens e limitações de cada veículo e no investimento que a empresa dispõe para realizá-lo. A análise das vantagens e limitações associadas a cada veículo são demonstradas no quadro 8. De forma coletiva, é possível realizar investimentos em veículos de custo mais elevado, desde que atendam aos objetivos de comunicação. No entanto, para setores de confecção, diversos veículos podem ser utilizados como no estudo realizado por Mendonça (2007), o qual constatou que a mala-direta de panfletos e folders e o outdoor são as formas de propaganda mais utilizadas para divulgar o pólo atacadista de confecção de Maringá. VANTAGENS E LIMITAÇÕES DOS VEÍCULOS DE PROPAGANDA VEÍCULO TELEVISÃO RÁDIO JORNAL REVISTA OUTDOOR INTERNET VANTAGENS Boa cobertura de mercado de massa; fornece informações auditivas e visuais, causando maior impacto; Boa aceitação local, alta seletividade demográfica e local, baixo custo; Boa cobertura de mercado local; ampla aceitabilidade; pontualidade; alta credibilidade; Alta seletividade geográfica e demográfica, credibilidade e prestígio; alta qualidade de reprodução; vida longa; Baixo custo; baixa concorrência de mensagens; o anúncio pode ser veiculado próximo ao ponto-de-venda; Alta seletividade; instantaneidade; interativas; baixo custo; capacidades LIMITAÇÕES Menor seletividade de público; preços altos cobrados pelas emissoras e custos de produção elevados; Somente áudio, mensagens curtas, baixo nível de atenção; públicos segmentados; Vida curta; baixo nível de qualidade de reprodução; anúncios em jornais de ampla circulação podem ser caros; Longo tempo transcorrido entre o anúncio e a compra; alto custo; nenhuma garantia de posição; Pouca seletividade de público; a mensagem é vista por um tempo muito breve; Público pequeno, com viés demográfico; impacto relativamente baixo; exposição controlada pelo público; Alta seletividade de público; as Imagem negativa do veículo e mensagens podem ser personalizadas MALAresistência entre muitos clientes; o e relativamente longas e detalhadas; DIRETA horário e a data de entrega não são ausência de concorrência no mesmo garantidos. veículo. Quadro 8 - Vantagens e limitações dos veículos de propaganda Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (2003, p. 395); Churchill e Peter (2003, p. 485) 74 Na análise da propaganda como estratégia de marketing em um mercado dinâmico, é possível constatar que a integração de veículos se torna cada vez mais necessária, possibilitando que ferramentas de custos variados sejam utilizadas pelas MPEs com maior frequência. 2.10 RELAÇÕES PÚBLICAS (RP) Donaire (1999); Kotler e Armstrong (2003); Pimenta (2004); Ribeiro e Fleury (2006) são autores que discorrem sobre a importância do trabalho de Relações Públicas. Kotler e Armstrong (2003) consideram que o trabalho de um profissional de relações públicas (RP) consiste no desenvolvimento de bons relacionamentos com os diversos públicos da empresa pela obtenção de publicidade favorável, construção de uma boa imagem corporativa, com o intuito de impedir ou reverter à disseminação de possíveis boatos, histórias e eventos desfavoráveis. A finalidade da área de RP é estabelecer uma ligação permanente entre a empresa com seu público interno e externo, de modo a criar um clima de confiança e compreensão por meio do planejamento, implementação e avaliação contínua das atividades interativas da empresa com esses públicos (PIMENTA, 2004; DONAIRE, 1999). As relações públicas são utilizadas para promover produtos, pessoas, lugares, idéias, atividades, organizações e até mesmo países. Podem causar grande impacto sobre a conscientização do público a um custo muito inferior ao da propaganda, já que a empresa não paga pelo espaço e tempo de mídia, mais paga somente para uma equipe desenvolver e divulgar informações e gerenciar eventos. Se a empresa criar uma história interessante, poderá ser captada por várias mídias diferentes que alcançarão o mesmo efeito de uma campanha publicitária de alto valor (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). Estes autores ainda complementam que o RP faz uso de diversas ferramentas, e que entre elas a mais importante é a notícia. Outra ferramenta comum são os eventos especiais, coletivas de imprensa, reportagens e festas de inauguração para despertar o interesse do público-alvo. 75 De um modo geral, as empresas investem na construção de uma imagem pública positiva, uma vez que precisam ser percebidas em seus mercados e, a atividade de RP auxilia na promoção desta imagem junto aos clientes, fornecedores, acionistas, governo e comunidade. Sendo assim, a empresa gera ou divulga eventos nos quais possua interesse em ter sua imagem vinculada como o apoio a projetos sociais, patrocínio de eventos e patrocínio de causas (RIBEIRO; FLEURY, 2006). Pelo exposto, constata-se que o desenvolvimento eficaz do trabalho do RP pode se reverter em publicidade gratuita para a empresa e contribuir para o reconhecimento e fortalecimento da marca no mercado. De forma coletiva, pode contribuir fortemente para a construção de uma marca local ou regional. 2.11 MARKETING DE LUGARES Entre os teóricos que discursam sobre marketing de lugares estão Papadopoulos e Heslop (2000); Gilmore (2004); Miranda (2004); Romanelli e Khessina (2005); Kotler et al (2006) e Balakrishnan (2009). O marketing de lugares caracteriza a promoção e o fortalecimento do nome de um país (marca-país) ou de uma localidade, comunidade ou região (marca local) que deu origem a fabricação e/ou comercialização de um determinado produto ou serviço, com o intuito que a região seja reconhecida e se transforme em referência por esta produção. Kotler et al (2006) afirmam que os países e localidades competem entre si e buscam descobrir fontes de vantagem competitiva para atrair turistas, empresas e profissionais qualificados, assim como para encontrar mercados para suas exportações. O referido autor salienta que com essa finalidade é que se adotam ferramentas de gestão estratégica de marketing e de marca para a prática do marketing estratégico de lugares, a qual necessita do envolvimento do governo, dos cidadãos e empresas que compartilhem da mesma visão, para a criação e garantia de incentivos, bem como a gestão dos fatores que possam afetar as decisões de compra dos consumidores locais – entre eles, imagem, atrativos, infra-estrutura e pessoas. 76 A imagem de um país ou localidade pode ser compreendida como crenças, impressões e informações associadas a um lugar, o que inclui diversos fatores, como sua geografia, arte e música. É a estrutura de conhecimento relativa ao lugar (KOTLER et al, 2006). Papadopoulos e Heslop (2000), afirmam que a imagem de um país influencia significativamente nas decisões de compra, muitas vezes, mais do que uma marca, especialmente para produtos que não têm marca consolidada no mercado. A utilização do termo “Made in” Japão pode aumentar muito o valor patrimonial de uma marca, pois os produtos fabricados neste país são reconhecidos pelo bom acabamento. A imagem do país é de extrema relevância para um país que depende fortemente de exportações (PAPADOPOULOS; HESLOP, 2000). Os referidos autores enfatizam que compradores podem necessitar da obtenção de informações para avaliar a qualidade de marcas individuais de produtos, mas que, no caso de uma marca-país, as informações estão facilmente disponíveis e os compradores têm maior disposição para adquiri-los, uma vez que já obtiveram informações por meio da mídia, das viagens e das experiências anteriores de compra. Gilmore (2004) menciona que os elementos positivos da identidade de uma marca são chamados de patrimônio da comunicação e representam ativos que simbolizam a ideologia da marca. Para um país, esses elementos podem variar de eventos históricos e políticos a indivíduos específicos e até estruturas físicas, como prédios e pontes. Na visão desta autora, a principal diferença de uma marca-país ou marca local para uma marca empresarial é o fato de que a primeira traduz a essência das pessoas e do lugar onde vivem, por meio de seus valores intrínsecos, experiências, ambiente, recursos, cultura, história e economia. Já em uma organização, a marca representa os valores centrais, a ideologia e a reputação da organização, conforme demonstrado na figura 6. O posicionamento de uma marca-país deve ser aspiracional para traduzir simbolicamente sonhos e estilos de vida coletivos, e inspiracional por ser desafiador e diferenciado. Ainda deve ser rico e profundo para encantar as partes envolvidas como residentes (presentes e futuros), visitantes, aposentados, estudantes, mídia e formadores de opinião e investidores (internos e externos). Já a marca empresarial 77 atua como norteadora das decisões estratégicas e como impulsionadora dos esforços dos funcionários. Figura 6 - Diferenciação entre marca empresarial e marca-país Fonte: Gilmore (2004, p. 82) A marca de destino ou de lugares é um ativo intangível com atributos únicos que deve ser protegido e gerenciado de forma estratégica para a maximização de valor. Para tanto, requer foco e compromisso de tempo, pessoas, recursos e entendimento sobre questões culturais. A imagem da marca deve levantar alguma emoção associada ao destino (BALAKRISHNAN, 2009). Para Miranda (2004), a primeira etapa para a elaboração e implementação da marca-país consiste em obter a cooperação e o compromisso do governo, dos empresários, das comunidades educacionais e artísticas e dos meios de comunicação. A liderança caberá à organização que possuir maior peso ou influência econômica. Primeiramente, se torna necessário avaliar qual a percepção do público interno e das comunidades ou grupos estrangeiros em relação ao país. O lançamento de um programa de marca-país propõe as seguintes ações: 1) Conseguir a cooperação e o comprometimento do governo, dos empresários, das comunidades educacionais e artísticas e dos meios de comunicação; 2) Identificar qual a percepção que os habitantes têm de seu país; 78 3) Verificar a imagem da nação entre grupos externos: turistas, investidores e compradores de produtos; 4) Gerar um posicionamento capaz de convencer cada tipo de público de que o país dispõe do que eles necessitam; 5) Por meio de estratégias, alinhar o comportamento e as iniciativas de todos os setores envolvidos. O referido autor também enfatiza que as ações para o desenvolvimento de uma marca-país são primeiramente estudadas através de pesquisas qualitativas, com o intuito de obter a percepção interna de moradores de cidades distintas, de faixas etárias distintas e com nível educacional e socioeconômico variados. Por meio deste público, se busca conhecer as diferenças entre as regiões e também os aspectos em comum. Após essas pesquisas são aplicados estudos quantitativos para determinar o alcance das descobertas em diversos subgrupos. Quanto ao público externo, são abordados turistas, investidores, importadores e também empresários e executivos que determinam o destino dos recursos das empresas como os analistas de mercado financeiro. De posse das informações dos diferentes grupos pesquisados, se cria uma estratégia para transmitir a identidade ou a essência aos diversos públicos. Esse posicionamento deve convencer os grupos de que determinado país possui o que necessitam (MIRANDA, 2004). Kotler et al (2006) afirmam que a necessidade de atrair turistas e empresas industriais e comerciais, exige estratégias de marca conscientes para os diversos grupos. A imagem que se deseja transmitir tem que estar próxima da realidade do país e deve ser simples e atraente. O gerenciamento consciente de uma marca-país segundo Kotler et al (2006) deve abranger as seguintes etapas: a) Enfoque estratégico para analisar e definir pontos fortes e fracos, assim como oportunidades e ameaças; b) Selecionar setores de atividade, personalidades, marcas naturais e eventos que possam constituir uma sólida estratégia de marca; c) Desenvolver um conceito “guarda-chuva” abrangente e coerente com o desenvolvimento da marca, sendo que o país pode ser associado ao prazer, qualidade, segurança, progresso; 79 d) Destinar fundos nacionais suficientes para as ações de desenvolvimento da marca; e) Por fim, criar controles de exportação para garantir que os produtos exportados sejam confiáveis e atinjam o nível de desempenho prometido. As características desejáveis para que uma localidade seja atrativa para o desenvolvimento do marketing de lugares são demonstradas no quadro 9 por meio de um comparativo dos fatores de atração considerados de um tempo para outro. FATORES DESEJÁVEIS EM UMA LOCALIDADE CARACTERÍSTICAS ANTES ATUALMENTE Mão-de-obra Baixo custo, não-qualificada Qualidade, altamente qualificada Política tributária Impostos baixos, poucos serviços Impostos moderados, serviços de qualidade Incentivos Custo mínimo de produção, terras e mão-de-obra baratas Mão-de-obra adaptável de valor agregado, profissionais Serviços Habitação e transporte Cultura, recreação, compras, aeroporto Escolas Disponibilidade Boas escolas Educação superior Não importante Boas universidades e instalações de pesquisa Regulamentação Mínima Qualidade de vida compatível e flexibilidade dos negócios Energia Custo/disponibilidade Confiabilidade Comunicações De massa Acesso à tecnologia Negócios museus, Câmaras de comércio agressiva Parcerias Quadro 9 - Características para uma localidade ser atrativa Fonte: Kotler et al (2006, p. 257) De acordo com Kotler et al (2006), durante as três últimas décadas, as vantagens competitivas, as forças e as fraquezas de um local se transformaram. Para este autor, os novos fatores não-econômicos ou abstratos são cada vez mais importantes nas decisões atuais de expansão: ensino público de qualidade, mão-de-obra qualificada, estabilidade política, ambiente empresarial confiante, telecomunicações modernas, acesso local a serviços de apoio como marketing e bancários, atividades recreativas e esportivas, centros de compras, instituições 80 culturais e, aspectos ambientais para controlar a poluição do ar e da água e a redução do lixo. Considerando os conceitos da marca-país, observa-se que o potencial para o desenvolvimento da marca local exige engajamento do poder público e da comunidade para criar uma imagem atraente e favorável do lugar. O poder público deve investir na infra-estrutura, fornecendo incentivos para a instalação de indústrias, centros de ensino, hospitais e serviços como hotéis, telecomunicações, transporte e restaurantes. A comunidade local deve desenvolver esforços para identificar características que expressem particularidades significativas para a região, como belezas naturais ou setores de atividades que concentrem mão-obra especializada em determinado produto ou serviço, como no caso dos APLs. Romanelli e Khessina (2005) enfatizam que uma melhor especificação das capacidades regionais para o desenvolvimento industrial pode auxiliar a direcionar os seus investimentos, tanto a nível local como estadual. A força e o foco da identidade industrial de uma região são teoricamente suficientes para descrever como se constrói a atratividade de uma região para tipos específicos de atividade. Estes autores mencionam que as regiões com fraca identidade industrial, podem direcionar os investimentos para aumentar a intensidade das interações entre os moradores através da criação de associações de indústrias locais, e estimular a interação com a imprensa ou a participação em feiras nacionais, assim como a inovação. Para as regiões com um cluster industrial dominante, os investimentos podem ser focados nas interações entre os relacionados com o aumento, e para o desenvolvimento de novos clusters ligados à indústria. 2.12 INDICAÇÃO GEOGRÁFICA Entre os autores que investigam a Indicação Geográfica estão Chaddad (1995); Pereira (2001); Caldas (2003); Lagares, Lages e Braga (2005) e Souza (2009). A indicação da origem de um produto garante maior credibilidade a quem o comercializa e maior confiança ao consumidor que o adquire. A Indicação Geográfica possibilita que produtores atribuam valor aos seus produtos, indicando e explorando a origem de sua produção. 81 Lagares, Lages e Braga (2005) consideram que o Brasil possui um grande potencial para utilizar dois instrumentos para a valorização e diferenciação de produtos fabricados em APLs que são: a Indicação Geográfica e a Denominação de Origem. Os referidos autores justificam tal afirmação relatando que o desenvolvimento do conceito de Indicação Geográfica ocorreu lentamente e de forma natural no transcurso da história quando produtores, comerciantes e consumidores comprovaram que alguns produtos de determinados lugares apresentavam qualidades particulares, atribuíveis a sua origem geográfica e, começaram a denominá-los com o seu topônimo. Este fenômeno iniciou-se com os vinhos, dos quais o efeito dos fatores naturais era mais evidente. Atualmente, a Indicação Geográfica representa um importante instrumento que assegura uma marca de qualidade para o posicionamento de produtos no mercado com reputação de qualidade, singularidade, tipicidade, próprias do modo de fazer e dos vínculos com o meio natural dos territórios onde são produzidos (LAGARES; LAGES; BRAGA, 2005). Segundo o INPI (2009), a Indicação Geográfica caracteriza a identificação de um produto ou serviço como originário de um local, região ou país, quando determinada reputação, característica e/ou qualidade possam ser vinculadas essencialmente a esta sua origem particular. Trata-se de uma garantia quanto à origem de um produto e/ou suas qualidades e características regionais. No entanto, a Lei de Propriedade Industrial, Lei Nacional n.º 9.279, de 14 de maio de 1996, estabelece duas espécies de Indicação Geográfica sendo: a Indicação de Procedência (IP) e a Denominação de Origem (DO). 2.12.1 Indicação de Procedência (IP) Consiste no nome geográfico conhecido pela produção, extração ou fabricação de determinado produto, ou pela prestação de dado serviço, de forma a possibilitar a agregação de valor quando indicada a sua origem, independente de outras características. A IP protegerá a relação entre o produto ou serviço e sua reputação, em razão de sua origem geográfica específica. No entanto, ressalta-se que o produtor ou prestador de serviço instalado em um cluster de IP não precisa ser natural da 82 região, basta que seja integrado e que atenda aos padrões do setor da indicação (LAGARES; LAGES; BRAGA, 2005). Algumas regiões brasileiras promovem seus produtos típicos fabricados em locais específicos que lhes agregam valor. De acordo com o INPI (2009), as indicações de procedência concedidas no Brasil são: Vale dos Vinhedos; Região do Cerrado Mineiro; Pampa Gaúcho da Campanha Meridional; Paraty; Vale do Submédio São Francisco; e Vale dos Sinos. a) Vale dos Vinhedos Concedida em 2002 para a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (APROVALE) que se localiza em Bento Gonçalves – RS, representa a primeira IP concedida no Brasil pelo INPI e é demonstrada na figura 7. Figura 7 - Representação visual da IP do Vale dos Vinhedos Fonte: INPI (2009) Os produtos são: vinhos tintos, vinhos brancos e espumantes que segundo Souza (2009) são fabricados com alto investimento na qualidade da uva e do processo produtivo, com aprimoramento do manejo dos parreirais, além da adoção de tecnologias modernas para a vinificação e engarrafamento e de distribuição para mercados internos e externos. 83 b) Região do Cerrado Mineiro Concedida em 2005 para o Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado (CACCER) que tem como atividade econômica o cultivo do café e que abrange 55 municípios localizados no Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Nordeste de Minas. A IP foi requerida como apresentação nominativa, portanto, sem identificação visual. Souza (2009) ressalta que a Região do Cerrado Mineiro se caracteriza por áreas de altiplano, com altitude de 820m a 1100m com clima ameno sujeito à geada de baixa intensidade, que possibilita a produção de bebida fina mais acentuada. c) Pampa Gaúcho da Campanha Meridional A IP do Pampa Gaúcho da Campanha Meridional foi concedida no ano de 2006 para a Associação dos Produtores de Carne do Pampa Gaúcho da Campanha Meridional que se localiza no estado do Rio Grande do Sul, na divisa com o Uruguai, comercializando a carne bovina e seus derivados conforme demonstrado na figura 8. Figura 8 - Representação visual da IP do Pampa Gaúcho da Campanha Meridional Fonte: INPI (2009) Segundo Souza (2009), a carne desta região se diferencia pelo tipo de gado e por técnicas de criação e cortes dos animais que lhes confere sabor e qualidade especiais. 84 d) Paraty A Associação dos Produtores e Amigos da Cachaça Artesanal de Paraty que se localiza na cidade de Paraty no estado do Rio de Janeiro, fabrica aguardentes tipo cachaça e aguardente composto azulada. Obteve a concessão da IP de Paraty em 2007 e está apresentada na figura 9. Figura 9 - Representação visual da IP de Paraty Fonte: INPI (2009) Souza (2009) destaca que embora a cana-de-açúcar não seja plantada na cidade de Paraty, a cachaça se transformou na principal atração turística da cidade. A bebida é elaborada em alambiques tradicionais de cobre e obedece a padrões próprios e superiores de qualidade. e) Vale do Submédio São Francisco A IP do Vale do Submédio São Francisco foi concedida no ano de 2009 ao Conselho da União das Associações e Cooperativas dos Produtores de Uvas de Mesa e Mangas do Vale do Submédio São Francisco (UNIVALE) que se localiza em terras do sertão da Bahia e Pernambuco conforme demonstra a figura 10. 85 Figura 10 - Representação visual da IP do Vale do Submédio São Francisco Fonte: INPI (2009) Souza (2009) afirma que este selo exige que as frutas tenham padrão para exportação, ou seja, com excelente qualidade. f) Vale dos Sinos A IP do Vale dos Sinos foi concedida em 2009 em nome da Associação das Indústrias de Curtumes do Rio Grande do Sul localizada na cidade de Novo Hamburgo – RS, tendo como principal produto o couro acabado demonstrado na figura 11. Figura 11 - Representação visual da IP do Vale dos Sinos Fonte: INPI (2009) 86 Souza (2009) destaca que o selo é concedido para a região delimitada que envolve 43 municípios, independente da origem da matéria-prima, e se destina para a fabricação de acessórios, vestuário, estofamentos, etc. Ressalta também que são definidas especificações técnicas para cada tipo de acabamento. As indicações de procedência representam um importante mecanismo para as empresas que pretendem adotar uma estratégia competitiva de diferenciação de seus produtos de origem agropecuária, pois permitem aprimorar e controlar a qualidade dos alimentos, de modo a agregar valor ao sistema agroindustrial, além de elevar a renda dos produtores rurais, destacando-os no mercado através do fortalecimento das vantagens competitivas de suas especialidades (CHADDAD, 1995). 2.12.2 Denominação de Origem (DO) Trata do nome geográfico que designa um produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. Compreende-se que a origem geográfica deve afetar o resultado final do produto ou a prestação do serviço, de forma identificável e mensurável, o que deve ser atestado junto ao INPI através de estudos técnicos e científicos, constituindo-se em uma prova mais complexa do que a exigida para as Indicações de Procedência (INPI, 2009). Para o INPI (2009), o associativismo é a regra para o exercício do direito ao uso exclusivo do nome geográfico em uma atividade econômica, afastando a exploração individual, salvo inexistam outros produtores ou prestadores de serviço que possam se valer do nome geográfico. O uso da Indicação Geográfica é restrito aos produtores e prestadores de serviço estabelecidos no local, conforme estabelecido pelo Art. 182 da Lei n.º 9.279, exigindo-se ainda, em relação às denominações de origem, o atendimento de requisitos de qualidade. Para Caldas (2003), as denominações de origem estão relacionadas com a marca e para o seu pleno desenvolvimento necessitam da harmonia e do equilíbrio dos atores sociais na produção do território. Segundo Pereira (2001), a DO além de acumular todas as funções de uma marca comercial, também garante o padrão e o controle de qualidade, permitindo ao consumidor diferenciar o produto de forma mais confiável. Atua como um símbolo 87 gráfico que facilita a transmissão de informações entre a empresa e o mercado e, consequentemente, o processo de compra de um produto, uma vez que reduz esforços emocionais e de tempo. Chaddad (1995) complementa que as denominações de origem são utilizadas em produtos de alta qualidade e prestígio por possuírem forte ligação com sua região de origem, a qual atribui por meio das condições de clima e de solo, valores intrínsecos aos mesmos, de modo a torná-los exclusivos e inimitáveis. A França é o país com maior tradição quanto às denominações de origem, as quais adquiriram uma expressiva importância sociológica, cultural e econômica, sendo consideradas parte do patrimônio nacional. A DO também não exige a etnia local de seus produtores, no entanto, oportuniza que territórios locais resguardem a proteção da origem dos seus produtos, uma vez que possuem vínculo direto das características dos produtos e processos com o ambiente e as tradições locais (LAGARES; LAGES; BRAGA, 2005). Estes autores destacam que a distinção entre os conceitos de Indicação de Procedência e Denominação de Origem consistem no fato de que a IP possui caráter de manufatura e de serviço especializado, ou seja, representa a especialização de uma expertise que não está vinculada a uma reunião de fatores locais como aspectos de clima, solo ou geografia, mas sim, está relacionada a uma vocação potencializada pelas condições territoriais. Quando se trata de Denominação de Origem, os produtos ou os processos estão vinculados com as características e peculiaridades físicas e humanas existentes no local. No entanto, segundo Chaddad (1995), a definição de Denominação de Origem Controlada conforme o Acordo de Lisboa, determina que pode ocorrer uma ligação entre atributos de qualidade do produto e a região de origem devido a fatores humanos e que, portanto, não somente a produção agrícola se beneficiaria desta certificação. Os produtos manufaturados que dependem de processos produtivos essencialmente artesanais para alcançar qualidade também poderiam usufruir da denominação de origem. São exemplos o relógio suíço, os cristais da Boêmia e o charuto cubano. Deste modo, constata-se que empresas que fabricam produtos que não são agrícolas, mas que possuem mão-de-obra artesanal também podem requerer o uso da DO como forma de valorização de seus produtos, desde que comprovem que o 88 principal fator que atribui características peculiares ao seu produto é a qualificação artesanal da mão-de-obra. 2.13 MARKETING VERDE A prática do marketing verde vem sendo discutida por muitos autores. Neste estudo serão consideradas as abordagens de Donaire (1999); Dias (2006a); Sachs (2008) e Gummesson (2010). A onda da conscientização ambiental pode ser parcialmente atribuída ao choque ocasionado pelo lançamento da bomba atômica em Hiroshima e a descoberta de que a humanidade havia alcançado suficiente poder técnico para destruir toda a vida do planeta Terra (SACHS, 2008). Esta preocupação é crescente em todo o mundo e está despertando a conscientização da sociedade para com a atuação das empresas no que se refere às práticas de fabricação de produtos e da oferta de serviços no mercado. De acordo com Gummesson (2010), o meio ambiente e a saúde são temas de discussão pública há décadas e desencadearam novas relações entre negócios, consumidores, cidadãos e a sociedade, tornando o marketing verde uma subdisciplina do marketing. O comportamento do consumidor ambientalmente consciente se torna gradativamente um novo modelo de paradigma de consumo que exige que as empresas abordem o marketing também do ponto de vista ecológico, considerando as implicações mercadológicas dos produtos que atendem as especificações da legislação ambiental (DIAS, 2006a). Gummesson (2010) considera que tradicionalmente a tarefa das empresas consiste na produção e marketing, a tarefa dos consumidores no consumo e a tarefa dos governos locais no descarte do lixo, mas sob a perspectiva ecológica, o todo deve ser considerado. Sendo assim, o marketing associado à causa transformou-se em sinônimo de “fazer o bem para a sociedade”. No entanto, o referido autor acrescenta que a empresa pode almejar se tornar um bom cidadão corporativo, mas que antes disso precisa obter lucros para manter suas atividades. Também afirma que o motivo comercial principal para uma empresa apoiar uma boa causa é para desenvolver a imagem pública e as marcas. 89 A promoção de uma causa é realizada mais eficazmente por meio de patrocínio, eventos e relações públicas do que de propaganda, pois essas estratégias envolvem relacionamentos, redes e interação. A área ambiental, juntamente com a área de marketing e de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de uma empresa buscam por melhoramentos nas decisões de concepção e desenvolvimento de produtos que possibilitem aumentar seus atributos ambientais, não somente no processo produtivo e no uso, mas também em relação a embalagens mais adequadas ao meio ambiente, com distribuição sem riscos e descarte que não gere resíduos (DONAIRE, 1999). Um produto verde (ou ecológico) corresponde aquele que cumpre as mesmas funções dos produtos equivalentes, mas que causa um dano inferior ao meio ambiente durante todo o seu ciclo de vida. Todo o processo de fabricação é considerado e, os atributos ecológicos do produto constituem a soma dos atributos específicos do processo de fabricação, incluindo consumo de energia, da água ou geração de resíduos conforme demonstrado na figura 12 (DIAS, 2006a). ATRIBUTOS DO PRODUTO ECOLÓGICO ATRIBUTOS ESPECÍFICOS DO PRODUTO ATRIBUTOS ESPECÍFICOS DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO Figura 12 - Produto ecológico Fonte: Dias (2006a, p. 144) Assim sendo, a área ambiental e a área de marketing devem estabelecer uma estratégia para avaliar os produtos atuais e os segmentos mais vulneráveis com relação à questão ambiental, envolvendo a promoção, o preço e a distribuição dos produtos. Devem ser reavaliadas as embalagens dos produtos para evitar o uso excessivo, e a utilização de papéis não recicláveis e tintas tóxicas (DONAIRE, 2009). Dias (2006a) complementa afirmando que as decisões sobre o produto precisam ser direcionadas para um projeto que possibilite a redução do consumo dos recursos empregados e da geração de resíduos ao longo de todo o ciclo de vida, de modo que não comprometa as características que satisfazem às necessidades atuais dos clientes. 90 Os produtos ecológicos ou verdes são identificados mais facilmente no mercado mediante um selo de certificação ambiental ou selo verde. Dias (2006a) comenta que essas certificações ou rotulagens ambientais são conferidas por organizações externas à organização, que asseguram a qualidade ambiental e dos processos produtivos de determinado produto ou de uma série deles. Estes selos são adaptados a cada setor produtivo, portanto, existem vários tipos de selos, mas alguns fundamentos são comuns para todos. São eles: a) Devem ser verificáveis a qualquer ocasião para evitar a fraude; b) Devem ser concedidos por organizações independentes e de idoneidade reconhecida; c) Não devem criar barreiras comerciais; d) Devem se amparar na ciência como método de verificação das condições ecológicas; e) Devem considerar o ciclo de vida completo do produto ou serviço; f) Devem estimular a melhoria do produto ou serviço. Pelo exposto, considera-se que o selo ambiental pode agregar valor ao produto, transmitindo seriedade e comprometimento da empresa para com o meio ambiente e sociedade de consumo. O marketing verde é uma estratégia que possibilita estimular a inserção de produtos com apelo ambiental, para que se tornem cada vez mais presentes no mercado, e também para desenvolver a consciência para o consumo. Cabe as indústrias fornecerem opções ecológicas com preços competitivos. 91 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este capítulo descreve os procedimentos metodológicos adotados para o alcance dos objetivos propostos neste estudo. Tais procedimentos são apresentados quanto ao método de abordagem, classificação da pesquisa quanto à sua natureza, quanto ao seu objeto, forma de abordagem e procedimentos técnicos. Na sequência, também são relatadas a delimitação da população e amostra, e a coleta de dados da pesquisa que apresenta a relação entre o referencial teórico e o instrumento de coleta de dados. 3.1 MÉTODO DE ABORDAGEM De acordo com Galliano (1986, p. 6), “o método é um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar determinado fim”. O método que será utilizado neste estudo caracteriza-se como indutivo. O método indutivo é um processo mental que parte de dados particulares, suficientemente constatados, e coloca a generalização como um elemento posterior da coleta de dados particulares, inferindo uma verdade geral ou universal não contida nas partes examinadas (LAKATOS; MARCONI, 2001; GIL, 1999). Estes autores afirmam que de acordo com o raciocínio indutivo, a generalização não deve ser buscada em princípios anteriores à experiência, mas constatada a partir da observação de casos concretos suficientemente confirmadores dessa realidade. Constitui o método proposto pelos empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), para os quais o conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência, desconsiderando princípios preestabelecidos. O objetivo dos argumentos indutivos é alcançar conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam. 92 3.2 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA 3.2.1 Quanto a Natureza da Pesquisa Esta pesquisa caracteriza-se quanto à sua natureza como aplicada, a qual segundo Silva e Menezes (2005), tem o intuito de gerar conhecimentos para a aplicação prática, visando à solução de problemas específicos que envolvem evidências e interesses locais. Com esta pesquisa se buscou conhecer os mecanismos de cooperação entre os atores do APL de Malhas de Imbituva, visando analisar se o nível desta cooperação causa impacto sobre as ações de marketing desenvolvidas, tanto de forma individual pelas empresas, como de forma cooperada pelo APL. 3.2.2 Quanto ao Objeto da Pesquisa Em relação ao objeto, esta pesquisa se classifica como descritiva e exploratória. De acordo com Gil (2002), a pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou fenômeno, ou ainda, estabelecer relação entre variáveis. Deste modo, o fenômeno descrito no estudo em questão refere-se às estratégias de marketing praticadas individualmente pelas empresas que integram o APL de Malhas de Imbituva, e as que podem ser realizadas também de forma cooperada. Já as pesquisas exploratórias são realizadas com o objetivo de proporcionar visão geral sobre determinado fato, especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado, o que dificulta a formulação de hipóteses precisas sobre o mesmo (GIL, 1999). Para este autor, as pesquisas descritivas são juntamente com as exploratórias, as mais realizadas pelos pesquisadores sociais interessados na atuação prática. 93 3.2.3 Quanto a Forma de Abordagem Neste item, considera-se que a pesquisa em questão possui caráter qualitativo e quantitativo, pelo fato de ambas as análises terem sido realizadas no desenvolvimento deste estudo. A pesquisa qualitativa é uma metodologia de pesquisa exploratória que se baseia em pequenas amostras que objetiva obter percepções e compreensão do problema. As entrevistas individuais que investigam em detalhe as opiniões dos entrevistados são utilizadas neste tipo de pesquisa. Já a pesquisa quantitativa é a forma de abordagem que quantifica os dados e, normalmente, aplica alguma forma da análise estatística (MALHOTA, 2006). Moreira e Caleffe (2008) consideram que a maior distinção realizada entre as duas abordagens de pesquisa relata que a pesquisa qualitativa explora as características dos indivíduos e cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente, ao contrário da pesquisa quantitativa que trata das características e situações que podem ser convertidas em dados numéricos, e que fazem uso da mensuração e estatísticas. Os referidos autores complementam que ambas as abordagens podem ser utilizadas no mesmo estudo, como é o caso da presente pesquisa, na qual a abordagem qualitativa demonstra como ocorre a prática das estratégias de marketing em cada uma das empresas pesquisadas de forma individual, relatando também a atuação da governança do APL, assim como a percepção de todos estes atores no que se refere ao nível de cooperação existente no APL de Malhas de Imbituva. Já a etapa quantitativa apresenta o cálculo realizado para a obtenção da média alcançada pelas estratégias de marketing propostas, a qual indica a possibilidade e a potencialidade para a aplicação de cada estratégia de forma cooperada neste APL. 3.2.4 Quanto aos Procedimentos Técnicos A presente pesquisa caracteriza-se quanto aos procedimentos técnicos como um estudo de caso, o qual representa uma investigação profunda e exaustiva 94 de um fenômeno, visando à obtenção de amplo e detalhado conhecimento de um contexto real. Esta investigação beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados (GIL, 2002; YIN, 2005). 3.3 DELIMITAÇÃO DA POPULAÇÃO E AMOSTRA Segundo a FIEP (2010), o estado do Paraná possui atualmente cerca de vinte e três (23) APLs constituídos formalmente em diferentes regiões, os quais se diferenciam por setores produtivos conforme demonstrado na figura 13. Figura 13 - Mapa dos APLs do Estado do Paraná Fonte: FIEP (2010) A análise apresentada neste estudo foi realizada nas empresas do APL de Malhas de Imbituva, cidade de 28.455,00 habitantes (IPARDES, 2011) que está localizada na Mesorregião Sudeste Paranaense conforme demonstrado na figura 14. Este APL foi escolhido como objeto de estudo devido à importância da sua atividade de fabricação de malhas de tricot para a região. Desde a década de 1970, a região de Imbituva acompanhou à instalação de muitas malharias e, como consequência registrou um crescente envolvimento de pessoas em atividades de fabricação e comercialização de artigos de malha para 95 inverno. Sendo assim, o segmento de malharia obteve destaque na economia do município em curto prazo. As malharias iniciaram o setor produtivo em 1974, quando houve uma primeira tentativa em sociedade, a qual foi posteriormente desfeita. Em 1985, realizou-se a primeira feira de malhas apoiada pela Prefeitura Municipal. A feira estimulou a aproximação das empresas e a divulgação de Imbituva por meio da expressão “Cidade das Malhas”. Em 1988, foi criada a Associação das Malharias de Imbituva (IMBITUMALHAS, 2010). Figura 14 - Mapa do APL de Malhas de Imbituva Fonte: REDE APL (2010) A população do APL de Malhas de Imbituva é constituída atualmente de 34 (trinta e quatro) micro-empresas ativas. Mas, para este estudo, a amostra é composta por 17 (dezessete) empresas, o que a caracteriza como não-probabilística por acessibilidade. Segundo Kotler (1998), neste tipo de amostra, o pesquisador seleciona os participantes mais acessíveis da população para obter informações sobre o problema de pesquisa. A aplicação das entrevistas realizadas nesta pesquisa ocorreu nas empresas em que os gestores se apresentaram disponíveis para responder as perguntas no período de sua realização. 96 3.4 COLETA DE DADOS Caracteriza a etapa na qual o pesquisador entra em contato com os entrevistados para registrar dados no instrumento definido para a pesquisa (CHAOUBAH; BARQUETTE, 2007). A pesquisa realizada neste estudo se utilizou da entrevista e da observação não-participante. Segundo Yin (2005), a entrevista é uma das mais importantes fontes de informações para um estudo de caso, e a observação não-participante propicia conhecer comportamentos e condições ambientais relevantes que servem como outra fonte de evidências em um estudo de caso. De acordo com Chaoubah e Barquette (2007), a entrevista possibilita maior interação entre o pesquisador e os respondentes, permitindo o uso da observação acerca do entrevistado. Na observação não-participante, Marconi e Lakatos (2002) ressaltam que o pesquisador presencia o fato, mas não participa e não se envolve com as situações, limitando-se a realizar contato com a comunidade, grupo ou realidade estudada, sem se integrar a mesma, permanecendo de fora. Os três (03) roteiros de entrevistas que apoiaram a pesquisa são os seguintes: (01) Semi-estruturado: direcionado para a governança do APL de Malhas de Imbituva, visando levantar as ações conjuntas e demais formas de cooperação existentes no APL (Apêndice A); (01) Semi-estruturado: direcionado para os gestores das empresas com o intuito de conhecer as estratégias individuais das empresas (Apêndice B); (01) Estruturado: direcionado para os gestores das empresas com o intuito de conhecer a possibilidade e a disposição dos gestores para a aplicação de estratégias de marketing de forma cooperada (Apêndice C). A coleta de dados ocorreu nos meses de setembro e outubro de 2010 na cidade de Imbituva – PR, sendo que cada entrevista teve duração média de quarenta minutos. A entrevista estruturada utilizou-se da escala tipo Likert de cinco (05) pontos conforme demonstrado nas tabelas 1 e 2. Malhota (2006, p. 266) ressalta que a 97 escala Likert “é uma escala amplamente utilizada que exige que os entrevistados indiquem um grau de concordância ou discordância com cada uma de uma série de afirmações sobre objetos de estímulo”. O autor acrescenta que este tipo de escala possui vantagens, pois é fácil de construir e aplicar, sendo adequada para a realização de entrevistas pessoais. A tabela 1 demonstra como foi mensurada a aplicabilidade de utilizar cada uma das estratégias de forma cooperada no APL. Nestas questões, buscou-se conhecer a visão dos gestores no que se refere ao que pode ou deve ser aplicado no APL. Tabela 1 - Escala de mensuração da aplicabilidade para a utilização da estratégia no APL PONTOS APLICABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE FORMA COOPERADA 5 Seguramente seria aplicável 4 Provavelmente seria aplicável 3 Não tenho certeza 2 Provavelmente não seria aplicável 1 Certamente não seria aplicável Fonte: Elaborado pela autora A tabela 2 trata da potencialidade (disposição de cada empresário) para adotar a ferramenta de forma cooperada, incluindo a sua empresa em cada ação a ser realizada. Tabela 2 - Escala de mensuração da disposição do empresário para utilizar a estratégia no APL PONTOS DISPOSIÇÃO PARA PARTICIPAR DA UTILIZAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE FORMA COOPERADA 5 Seguramente utilizaria 4 Provavelmente utilizaria 3 Não tenho certeza 2 Provavelmente não utilizaria 1 Certamente não utilizaria Fonte: Elaborado pela autora O cálculo da média, denominado neste estudo como Ranking Médio (RM), é apresentado por Malhota (2006) e foi aqui utilizado conforme demonstrado na tabela 3. 98 Tabela 3 - Cálculo do Ranking Médio em Escala Likert QUESTÃO FREQUÊNCIA DE CASOS Acredita que uma marca coletiva para o APL contribuiria para alavancar as vendas das empresas participantes? 1 2 3 4 5 RM 1 0 1 0 15 4,7 Média Ponderada = (1x1) + (3x1) + (5x15) = 79 Logo RM = 79 / (1+1+15) = 4,7 Fonte: Adaptado de Malhota (2006) As questões são apresentadas demonstrando a frequência de casos (respostas dos gestores) seguidas do RM alcançado em cada questão, pelo qual é possível verificar a potencialidade da aplicação de cada estratégia de marketing proposta para o APL. As questões foram divididas em cinco blocos, denominados de A, B, C, D e E. O grau de potencialidade de cada estratégia foi determinado de acordo com o demonstrado na tabela 4. Tabela 4 - Ranking Médio alcançado e Nível de Potencialidade RANKING MÉDIO ALCANÇADO NÍVEL DE POTENCIALIDADE RM = 1 a 1,9 Nenhuma potencialidade RM = 2 a 2,9 Baixa potencialidade RM = 3 a 3,9 Média potencialidade RM = 4 a 5,0 Alta potencialidade Fonte: Elaborado pela autora Conforme exposto, o nível de potencialidade baseia-se no valor do RM alcançado em cada questão que varia de nenhuma potencialidade (1 a 1,9) à alta potencialidade (4 a 5,0). A observação não-participante empregada nesta pesquisa buscou identificar características específicas que possibilitem a utilização eficaz das estratégias de marketing propostas para APLs de diferentes setores produtivos, considerando o APL de Malhas de Imbituva como cenário de estudo. Deste modo, através de uma realidade particular foram delineadas características gerais sobre cada estratégia, com o apontamento dos pontos fortes e fracos associados a cada uma delas, conforme demonstrado no capítulo 4 desta pesquisa. 99 3.4.1 Relação entre o referencial teórico e o instrumento de coleta de dados O instrumento de pesquisa utilizado para a coleta de dados nas empresas do APL de Malhas de Imbituva foi desenvolvido com base nos conceitos teóricos apresentados, os quais amparam cada uma das estratégias de marketing propostas neste estudo. A correlação do referencial teórico com as questões da pesquisa está demonstrada na tabela 5. Tabela 5 - Correlação do referencial teórico com o instrumento de pesquisa APÊNDICE APÊNDICE APÊNDICE TEMA Cooperação, PRINCIPAIS AUTORES Relações Amato Neto (2000; 2009); Interempresariais, Eficiência Casarotto Filho e Pires Coletiva e Externalidades (2001) Sistema de Informação de Kotler (1998); Campomar Marketing (SIM) e Ikeda (2006); Chaoubah A B C (questões) (questões) (questões) 7e8 5, 6, 7, 8, 9 29, 30 e 31 e 10 5e6 12, 13, 14, 1e2 15, 16 e 17 e Barquette (2007) Planejamento de Marketing Marca Kotler (2000); Gomes 4e9 4, 11, 18, (2005); Westwood (2007); 19, 20, 21, Ambrósio (2007) 22, 23 e 24 Aaker (1998, 2002); 12, 13 e 14 Knapp (2002); Yamaguti 3, 4, 5 e 6 25, 26, 27 7, 8, 9, 10, e 28 11 e 12 29, 30, 31, 13 e 14 et al (2008) Feiras Setoriais Tanner e Chonko (1995); 10 e 11 Nassaralla (2006) Marketing de Gordon 32 e 33 (2001); Relacionamento Gummesson (2010) Propaganda Churchill e Peter (2003); 20 34, 35 e 36 15, 16, 17 e 18 15, 16 37, 38, 39, 19, 20, 21, Kotler e Armstrong (2003) 40, 41, 42 22, 23 e 24 e Zenone (2010) e 43 Relações Públicas Kotler e Armstrong (2003) 17, 18 44 e 45 25 e 26 Marketing de Lugares Gilmore (2004); Miranda 19 46, 47, 48 27 e 28 (2004); Kotler et al (2006) Indicação Geográfica Lagares, Lages e Braga e 49 - 50 e 51 - - 52, 53 e 54 - (2005); Souza (2009) Marketing Verde Donaire (1999); Dias (2006a) Fonte: Elaborado pela autora 100 3.4.2 Validação do instrumento de pesquisa e aplicação de pré-teste Para atestar a eficiência do instrumento de pesquisa antes da sua aplicação aos gestores do APL de Malhas de Imbituva, realizou-se uma pré-entrevista com o coordenador deste APL a fim de verificar se todas as questões a serem abordadas eram adequadas ao propósito da pesquisa e a realidade da população a ser investigada. Os fatores analisados nesta etapa se referem à clareza e a sequência lógica das questões e também a correlação do instrumento de pesquisa com os objetivos propostos neste estudo. Na sequência, foi realizado um pré-teste que de acordo com Gil (1999; 2001), consiste na aplicação de alguns questionários para elementos da população pesquisada, visando garantir que a adequada elaboração do instrumento, principalmente no que se refere à clareza e precisão dos termos, formato das questões, desmembramento e ordem das questões. O pré-teste foi aplicado para duas (02) empresas do APL com o intuito de averiguar o nível de compreendimento dos gestores em relação a cada tema abordado nas questões, o qual se apresentou satisfatório para o alcance dos resultados da pesquisa. 101 4 ANÁLISE DA APLICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING EM APLS Este capítulo foi desenvolvido por meio da observação não-participante já descrita nos procedimentos metodológicos, a qual buscou identificar características específicas que apontam a capacidade de APLs de diferentes setores produtivos para a utilização eficaz das estratégias de marketing propostas nesta pesquisa. 4.1 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MARKETING (SIM) EM APLS A existência do Sistema de Informações de Marketing (SIM) em APLs deve ser analisada, primeiramente, com base nos relatórios utilizados pelas empresas participantes, seja para tomar decisões futuras acerca de suas atividades, de novos produtos a serem comercializados, de regiões a serem impactadas com ações de venda, seja para o monitoramento de clientes com maior potencial de compra. O sistema de registros internos é o menos complexo de se gerenciar pelo fato de conter informações operacionais sobre a força de vendas, relatórios financeiros e indicadores de desempenho da empresa. Desta forma, as empresas integrantes de APLs precisam realizar avaliação individual desses registros para tomar decisões acerca de seus produtos, de seus canais de distribuição e para a sistematização das vendas. Um sistema organizado de informações permite que a empresa conheça o histórico de compras dos clientes, suas preferências por produtos e serviços, assim como também permite identificar outros registros, como possíveis reclamações realizadas quanto a produtos ou serviços adquiridos. A capacidade de APLs para operacionalizar registros internos pode ser mensurada pelo nível de conhecimento das empresas no que se refere às necessidades de clientes e de tendências do seu setor de atuação, já que essas informações apóiam a definição de estratégias e de atividades de comercialização. O sistema de inteligência de marketing de uma organização atua como norteador das atividades do seu setor de atuação, fornecendo informações essenciais para a definição de diretrizes estratégicas. Os órgãos de classe possuem importantes dados quantitativos e qualitativos sobre muitas atividades comerciais, os quais são disponibilizados por institutos especializados de pesquisa. Os APLs de confecção acompanham a perspectiva econômica do setor têxtil através da ABIT 102 (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) que monitora e informa também sobre tendências de produtos e de novas tecnologias empregadas na indústria. A troca de informações entre as empresas participantes de APLs, intermediada por sindicatos e entidades de apoio como as associações comerciais, possibilita que cada empresa desenvolva o seu sistema de inteligência de marketing para identificar novas oportunidades em seu setor, o que pode ser realizado tanto individualmente como coletivamente. Cabe considerar que a necessidade de informação será variável de um setor para o outro. Alguns setores que atuam com vendas sazonais, possivelmente não terão necessidade de monitorar o mercado com tanta frequência como APLs de desenvolvimento de softwares, por exemplo, que são mais dependentes de informações a respeito de tecnologia do que outros setores produtivos. No entanto, APLs madeireiros necessitam de contínua informação sobre a demanda de seus produtos. Já a pesquisa de marketing é uma ferramenta fundamental para amparar as MPEs com informações que não estão disponíveis sobre os seus consumidores e concorrentes, possibilitando a minimização do risco e a potencialização de resultados nas decisões estratégicas da organização. Logo, a MPE integrante de APLs com possibilidade para a aplicação do SIM, coleta e armazena informações sobre os seus consumidores e realiza pesquisa de marketing, como por exemplo, para conhecer a opinião de clientes sobre cores e modelos, a qual é aplicada pelos gestores ou pelos próprios funcionários. De forma cooperada, o APL tem a oportunidade de aplicar uma pesquisa que pode ser desenvolvida por uma empresa especializada, com o intuito de pesquisar o desempenho das empresas, a qualidade das matérias-primas e produtos, entre outros fatores relevantes para o desenvolvimento de suas atividades. Observou-se que para operacionalizar com êxito o SIM, APLs de diferentes setores produtivos necessitam de estrutura operacional e humana para receber informações que possam direcionar mais acertadamente as suas decisões coletivas. 103 4.2 PLANEJAMENTO DE MARKETING EM APLS Os APLs que estruturam e utilizam o plano de marketing coletivo são geralmente constituídos de empresas que: desenvolvem anualmente o planejamento estratégico individual de suas ações; estão inseridas em mercados de médio ou alto nível de competitividade; e estão atentas para as necessidades de seu segmentoalvo, buscando constantemente por melhorias e inovações. As empresas que analisam individualmente o seu ambiente externo, e identificam fatores que são favoráveis ou desfavoráveis do ponto de vista econômico, social, cultural, político, legal e tecnológico, possuem maior capacidade para atuar de forma coletiva, uma vez que se amparam com informações acerca do seu setor empresarial e, geralmente, favorecem a troca de informações com outras empresas do mesmo setor. Estas empresas também possuem diferenciação de produtos e de preços e buscam continuamente por inovação de produtos e processos. Na realização do planejamento de marketing individual, a empresa segmenta o seu mercado de atuação em variáveis geográficas, demográficas, psicográficas e comportamentais, buscando conhecer amplamente os seus consumidores para direcionar mais acertadamente a sua oferta. As estratégias dos P’s (produto, preço, praça e promoção) de marketing são definidas e estabelecidas mediante um cronograma de ações necessárias para a implementação do plano, e devem ser monitoradas com frequência. No caso desta estratégia, a capacidade coletiva consiste em dirigir esforços para um público específico que possui características de compra semelhantes e que busca nos produtos das empresas do APL, um determinado benefício que é vinculado aquela região produtiva. Deste modo, o plano de marketing coletivo atua como norteador para o estabelecimento de diretrizes futuras a serem desenvolvidas pelo APL. Mas, pelo fato deste planejamento englobar muitas etapas, se torna necessário observar se cada empresa desenvolve individualmente pelo menos algumas dessas etapas no exercício de suas atividades. No entanto, desenvolver o plano de marketing não corresponde ao planejamento das despesas financeiras da empresa de um ano para outro, mas sim da estruturação das ações e de seus respectivos investimentos. Observou-se que 104 para o pleno desenvolvimento do planejamento de marketing de forma cooperada em APLs, se faz necessário a divisão das responsabilidades, mediante a determinação de prazos e o monitoramento dos resultados. Isso será alcançado em APLs com bom nível de cooperação e com uma liderança atuante e capaz de delegar tarefas. 4.3 MARCA COLETIVA EM APLS O desenvolvimento de uma marca coletiva deve ser analisado com base em vários aspectos. Primeiramente, APLs com possibilidade para a utilização de uma marca coletiva são compostos por empresas que: elaboram anualmente o planejamento estratégico de suas ações; possuem o plano de marketing estruturado, seja de forma anual ou por ocasião do lançamento de um novo produto; e têm produtos diferenciados. Nestes casos, a importância atribuída à constituição da marca da empresa e de seus produtos é elevada, pois a maioria das empresas do APL possui uma marca própria para distinguir seus produtos dos concorrentes e, se a marca possui registro junto ao INPI, indica que foi previamente analisada e corretamente enquadrada em sua atividade comercial, demonstrando que a empresa se ampara legalmente e possui perspectiva de expansão de mercado. Outro aspecto relevante é o nível de cooperação entre os agentes que integram o APL, pois desses esforços dependerão a promoção e a consolidação da marca coletiva. No entanto, é preciso mensurar o grau de interesse dessas empresas em referenciar o nome do local de produção, juntamente com a sua marca individual. Se não houver interesse da maioria das empresas do APL na divulgação da marca coletiva associada à marca individual, certamente não existe a possibilidade para o desenvolvimento desta estratégia, o que pode ocorrer em APLs que estão localizados muito próximos as praças de comercialização de seus produtos e que operam fortemente no atacado. Já para empresas que almejam divulgar seus produtos para outras regiões mais distantes do APL, a marca coletiva caracteriza uma boa oportunidade. 105 Além destes fatores, o estabelecimento de uma marca coletiva geralmente vincula-se a características locais e/ou regionais que expressam a identidade da região produtiva. Logo, APLs com possibilidade para a aplicação desta estratégia, são os que identificam e comunicam essas particularidades, por intermédio da marca coletiva. Com base nos aspectos teóricos analisados, observou-se que o fortalecimento de uma marca coletiva ocorre quando o consumidor atribui qualidade e valor ao seu local de produção. Logo, sua aplicação terá êxito em APLs que identificam suas particularidades e sabem promovê-las ao mercado, utilizando-se de ações cooperadas. 4.4 FEIRAS SETORIAIS EM APLS Esta estratégia é aplicada em APLs constituídos de empresas que competem, mas que, sobretudo, cooperam umas com as outras, considerando que ocorre a divisão de um mesmo espaço físico para a exposição de produtos e/ou serviços para um grande número de pessoas em um curto período de tempo. Os APLs com possibilidade para o desenvolvimento de feiras setoriais desenvolvem a cooperação produtiva e inovativa, buscando conhecimento contínuo sobre novas tendências e tecnologias do seu setor de atuação. Além da cooperação, deve haver bom nível de organização e articulação entre os agentes do APL, para possibilitar a troca de informações, assim como a formação de alianças e parcerias entre as empresas envolvidas na rede. As feiras setoriais são realizadas em muitos setores para disponibilizar produtos e serviços à apreciação de um público específico, como a produção de malhas, confecções e bonés em APLs que é apresentada durante diversas estações do ano nas feiras realizadas pelo setor, as quais atuam como grandes vitrines desses produtos. O APL de Malhas de Imbituva realiza a FEMAI (Feira de Malhas de Imbituva) anualmente. A FEVEST (Feira do Vestuário) é outro exemplo de feira setorial de confecção que é realizada por iniciativa dos APLs de Maringá e Cianorte. No entanto, como a realização das feiras pode ser realizada tanto por APLs que operam no atacado como no varejo, os móveis de madeira e de aço, metais sanitários, 106 equipamentos e implementos agrícolas também são produtos apresentados em feiras setoriais. Para setores de atuação que operam nos dois canais (atacado e varejo), pode haver necessidade da realização de eventos distintos para atender estes públicos, evitando assim o conflito de canais, já que as feiras podem atraí-los ao mesmo momento. Entre outras importantes características existentes em APLs com possibilidade para desenvolver feiras setoriais, está o fato de algumas empresas não terem condições financeiras para operarem com representantes, e também não possuírem outra forma de realizar a exposição de seus produtos. Neste caso, as feiras se apresentam como uma excelente oportunidade para MPEs que trabalham com sazonalidade de mercado e, ainda para aquelas que não possuem uma carteira de clientes constituída. Diante do exposto, foi possível observar que as feiras oportunizam relações de troca com clientes, distribuidores e fornecedores. Deste modo, podem ser desenvolvidas por APLs que lançam novos produtos e tendências com certa frequência, que buscam alavancar as vendas em um período específico e que pretendem a abertura de novos mercados de atuação. 4.5 MARKETING DE RELACIONAMENTO EM APLS A realização de ações específicas nas empresas determina se o APL tem capacidade para o desenvolvimento do marketing de relacionamento coletivo. A utilização de um banco de dados com informações sobre os clientes e a análise posterior desses dados, indica alta capacidade de organização da empresa e, portanto, uma possibilidade de aplicação do marketing de relacionamento. No caso desta estratégia, a capacidade individual de cada empresa será maior que a capacidade coletiva do APL, uma vez que o principal intuito é monitorar cada cliente para conhecer suas preferências e, desse modo, customizar a oferta às suas necessidades específicas, o que não seria possível coletivamente. A implantação do software CRM exige investimentos em tecnologia da informação e no custeio mensal da manutenção do software, no entanto, contribui para a identificação dos clientes mais rentáveis para a empresa, os quais podem ser 107 impactados futuramente com outras ferramentas como marketing direto e venda de relacionamento. A venda de relacionamento caracteriza a forma mais clássica para desenvolver vínculo e estabelecer relacionamento com os clientes em uma base individual. Esta ferramenta geralmente é realizada individualmente por empresas que possuem representantes e atuam no mercado atacadista. Existe a possibilidade para a aplicação desta ferramenta nas MPEs que não possuem recursos financeiros para a contratação de representantes, pois desta forma podem contratar um profissional para representá-los de forma cooperada. Neste caso, a possibilidade para a aplicação desta estratégia pode ser mensurado pelo nível de competitividade das empresas de APLs, pois considerando que todas as empresas serão divulgadas ao mesmo tempo e que o cliente poderá migrar de uma para outra quando lhe convier, caso exista uma forte competição entre as empresas, a ferramenta não terá êxito, já que o vendedor do APL terá a função de apresentar todas as empresas de igual forma. Os programas de marketing de fidelidade podem ser aplicados em APLs que são constituídos por empresas que atuam mais fortemente no varejo, pois nesse canal, dependendo do produto comercializado, podem ocorrer compras com maior frequência. Essa estratégia específica consiste na criação de um programa de benefícios que seja adotado por todas as empresas do APL, que venha a contemplar descontos financeiros ou o acúmulo de pontos para a troca de produtos nos pontos-de-venda. Alguns programas de benefícios semelhantes podem ser úteis para APLs que atuam no atacado, de modo a ofertar melhores oportunidades de compra por meio de descontos financeiros associados a determinado volume de compra. A possibilidade para a aplicação do marketing de parceria em APLs pode ser mensurado pela necessidade que as empresas têm de manter contato com os fornecedores, para que os mesmos realizem o acompanhamento do desempenho da matéria-prima utilizada na fabricação dos produtos. Desse desempenho dependerá a continuidade dos negócios realizados entre ambos. De um modo geral, o marketing de relacionamento pode ser mensurado pela capacidade das empresas de APLs em desenvolver e estabelecer contato com os seus clientes. Uma carteira de clientes já fidelizados é um importante indicativo para a possibilidade da aplicação da ferramenta, no entanto, a prática do relacionamento 108 requer dedicação das empresas para armazenar informações de clientes em base individual e, isso é importante tanto para empresas que atuam no atacado como no varejo. A realização de contato com os clientes após a venda (pós-venda) é outra importante ferramenta a ser considerada para avaliar a possibilidade desta estratégia. As empresas que atuam no mercado atacadista e que comercializam produtos sazonais também devem buscar estabelecer contato com os clientes de forma sistemática, a exemplo do que ocorre no varejo, e não somente em ocasiões de compra. Esta ação pode determinar o retorno do cliente ou a sua migração para a concorrência. Foi possível observar que a prática do marketing de relacionamento pode ser desenvolvida em APLs que buscam dificultar a migração de seus clientes para a concorrência e que pretendem realizar mais negócios com os mesmos. Deste modo, pode ser aplicado em empresas que já possuem uma carteira de clientes constituída e pretendem aprimorar estas relações, ou naquelas que ainda não possuem uma carteira de clientes e almejam formá-la. 4.6 PROPAGANDA EM APLS Os APLs com capacidade para a aplicação desta estratégia são constituídos por empresas que: realizam o planejamento de marketing de forma individual ou estabelecem orçamento para as suas ações anuais; e buscam realizar uma maior divulgação da sua marca, seja para o atacado ou varejo. As empresas que participam de feiras setoriais e de eventos empresariais de forma cooperada possuem objetivos em comum e, portanto, tem possibilidade de fazer uso da propaganda coletiva, já que também compartilham dos mesmos objetivos de comunicação. A propaganda cooperada também pode ser aplicada em APLs que possuem empresas com recursos limitados para a realização de mídias, principalmente aquelas de custo elevado como a televisão, que caracteriza uma mídia de alto impacto que pode ser realizada para a divulgação de feiras setoriais ou do APL. No caso específico de APLs que possuem marca coletiva, a possibilidade para a utilização da propaganda cooperada pode ser mensurada pelo interesse das 109 empresas do APL em divulgar e consolidar esta marca para o seu mercado de atuação. A existência de um sítio eletrônico do APL, que divulgue as empresas e informações sobre o setor de atuação também é um importante indicativo para a aplicação desta estratégia. A propaganda conjunta possibilita que APLs de setores produtivos que lançam novos produtos e tendências de forma semestral ou anual, operantes no atacado ou varejo, tenham a oportunidade de confeccionar catálogos de produtos de forma cooperada para divulgar os produtos para os clientes. Pelas características expostas, observa-se que esta estratégia pode ser utilizada por APLs que articulam ações e buscam pela exposição de suas empresas. A necessidade de comunicação que será variável de um setor para o outro. 4.7 RELAÇÕES PÚBLICAS EM APLS Ações como patrocínios, participação e realização de eventos empresariais, sociais, religiosos, esportivos e culturais, de caráter local ou regional indicam se APLs tem capacidade para utilizar esta estratégia, pois caracterizam iniciativas que possibilitam tornar a marca presente, de modo que o público construa uma boa imagem da empresa. A possibilidade para a aplicação do trabalho de um RP pode ser mensurada por meio do nível de engajamento das empresas de APLs com lideranças empresariais locais e regionais, para o estabelecimento de parcerias com associações comerciais e entidades que sejam atuantes no setor de atuação do APL. Deste modo, pode-se afirmar que para isso, a liderança do APL precisa ser atuante para que por meio destas parcerias, o APL possa se tornar notícia, e consequentemente, possa realizar negócios lucrativos. Foi possível observar que o trabalho de RP pode ser empregado em APLs de setores produtivos dinâmicos, que inovam e buscam continuamente pelo aprimoramento de seus produtos, realizando lançamentos de forma semestral ou anual e, principalmente que estabelecem parcerias empresariais que auxiliam na consolidação do seu setor industrial. 110 4.8 MARKETING DE LUGARES EM APLS Os APLs com capacidade para o desenvolvimento do marketing de lugares geralmente se situam em regiões produtivas que possuem matéria-prima abundante e concentração de mão-de-obra altamente especializada, que são fatores importantes para se tornar referência em determinada produção. No entanto, embora a proximidade com os locais de extração de matériaprima seja um fator relevante para verificar a possibilidade da aplicação desta ferramenta, não é o que determina a sua eficácia, uma vez que a prática do marketing de lugares exige esforços articulados de diversos atores. A marca coletiva é presente nestes APLs e associa-se ao seu local de produção, sendo amplamente utilizada nas formas de divulgação das empresas integrantes. Deste modo, pode-se dizer que a prática do marketing de lugares está associada à existência de uma marca coletiva. As empresas com esta capacidade buscam pelo estabelecimento de parcerias com entidades de apoio ao APL, para promover ações que possam construir e fortalecer esta marca. Outros importantes aspectos presentes em APLs com possibilidade para a aplicação do marketing de lugares é a infra-estrutura adequada para receber turistas e a manifestação de apreço da população para com as atividades produtivas ali desenvolvidas, caracterizando um desejo da comunidade local em colaborar para tornar a região uma referência na produção de determinado produto ou serviço. Observa-se que esta prática é complexa, mas pode ser desenvolvida em APLs constituídos de empresas que: possuem diferenciação de produtos; os associam a outras atratividades de sua região produtiva por meio da articulação de esforços de agentes públicos e privados; e oportunizam a criação de uma forte identidade industrial. 4.9 INDICAÇÃO GEOGRÁFICA EM APLS Na observância das duas espécies de Indicação Geográfica, sendo a Indicação de Procedência (IP) e a Denominação de Origem (DO), constata-se que as principais características de APLs com capacidade para o uso desta estratégia 111 são fatores geográficos (clima e solo), mão-de-obra altamente especializada, rigoroso controle de qualidade da produção, escolha criteriosa de fornecedores para a aquisição de matéria-prima e sistema de produção padronizado, geralmente do setor agrícola. O estado do Paraná não possui APLs agrícolas, mas em outros estados como o de Santa Catarina, o APL de Desenvolvimento dos Vinhos Catarinenses tem capacidade para a aplicação desta importante estratégia, uma vez que busca a viabilização da produção vinícola de qualidade diferenciada neste estado. A Indicação de Procedência (IP) caracteriza a identificação da origem do produto agrícola, a qual atesta sua qualidade e pode ser empregada em APLs que possuem grande especialização da mão-de-obra, a qual não está vinculada a fatores geográficos, mas sim a técnicas de produção específicas que atribuem valor ao produto. Já a Denominação de Origem (DO) pode ser empregada em APLs que fabricam produtos que dependem exclusivamente das condições geográficas de uma região, seja de clima ou de solo. A Itália fabrica produtos certificados que possuem reconhecimento mundial, como os tipos de queijos Parmigiano-Reggiano, Grana Padano e Presunto de Parma (Reggio Emilio, Itália) que são fabricados em uma área que possui fatores climáticos determinantes. Outro exemplo é o Vinho do Porto (Região do Douro, Portugal) que é associado ao seu local de produção e ao processo de fabricação rigorosamente controlado. A DO também pode ser utilizada como estratégia de valorização em APLs que não são agrícolas, mas que possuem matéria-prima abundante, mão-de-obra altamente especializada e diferenciada para a fabricação de determinados produtos, como por exemplo, a cerâmica artesanal, desde que seja comprovado que a produção possui particularidades significativas para a qualidade do produto final. Observou-se que a capacidade para a aplicação desta estratégia está diretamente associada à existência de fatores específicos existentes em APLs, que podem ser geográficos ou culturais, desde que a produção esteja vinculada a sua região de origem e seja necessário valorizá-la por meio de uma destas certificações. 112 4.10 MARKETING VERDE EM APLS A aplicação do marketing verde é amplamente utilizada em APLs que possuem processos produtivos que geram muitos resíduos ou que degradam o meio ambiente. A possibilidade para a aplicação do marketing verde pode ser mensurada pelo interesse das empresas de APLs na obtenção de certificações ambientais, como no caso de APLs que produzem madeira ou móveis, pelo fato da matériaprima ser extraída diretamente do meio ambiente e possuir legislação ambiental específica. Outros setores produtivos como de móveis de metal, metais sanitários e alumínios têm possibilidade de empregar o marketing verde, buscando aprimorar a criação e o desenvolvimento destes produtos, e principalmente destinando corretamente os resíduos de sua produção. No entanto, esta estratégia também pode ser utilizada por APLs que não geram resíduos ou poluem, mas que buscam associar sua imagem ao comprometimento ambiental. Os fatores de cooperação e de eficiência coletiva presentes em APLs podem atuar como impulsionadores desta estratégia. Coletivamente, é possível avaliar mais eficazmente a forma como a matéria-prima foi produzida, como ocorre à fabricação dos produtos, o seu transporte e descarte, para então proceder nos aprimoramentos necessários para a adoção do marketing verde. Diante do exposto, observou-se que a aplicação desta estratégia é importante para APLs que fabricam produtos que necessitam de certificações ambientais para a comercialização, e/ou também para a criação e fortalecimento da imagem corporativa de empresas que pretendem ou necessitam associar-se ao comprometimento ambiental. 4.11 SÍNTESE DA APLICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING EM APLS Com base nas características elencadas, é possível considerar que na existência das mesmas, cada estratégia de marketing eleva sua possibilidade de aplicação dentro de APLs. O quadro 10 apresenta a síntese das características que foram analisadas e definidas para APLs de diferentes setores produtivos. 113 ESTRATÉGIA CARACTERÍSTÍCAS EXISTENTES EM APLS Sistema de Informação de Marketing APLs com bom nível estratégico, que acompanham tendências do seu setor produtivo, que desenvolvem relacionamento com agentes externos como associações comerciais para a troca de informações sobre o setor. Bom nível de cooperação para replicar as informações em tempo real. Plano de Marketing APLs que competem em nível médio ou alto de competitividade, com empresas que possuem diferenciação de produtos, de preços e que inovam constantemente, pois conhecem as características de seu público-alvo e estabelecem ações estratégicas. Bom nível de cooperação para a articulação de ações coletivas e para a delegação das funções. Liderança atuante. Marca Coletiva APLs constituídos por empresas que operam com marcas próprias, geralmente com registro no INPI, que possuem características peculiares de produção, com mão-de-obra altamente qualificada. Elevado nível de cooperação e de interesse em referenciar o nome do local de produção. As praças de comercialização dos produtos geralmente não são próximas a zona produtiva. Pretendem divulgar seus produtos em regiões distantes do APL. Produtos diferenciados. Feiras Setoriais APLs que lançam produtos e tendências com certa frequência, que operam tanto no atacado como no varejo. Bom nível de cooperação. MPEs que não possuem representantes de vendas e que pretendem constituir uma carteira de clientes. Bom nível de articulação e organização dos atores. Marketing de Relacionamento APLs que fabricam e comercializam produtos para o atacado e varejo, com elevado nível de cooperação e que buscam fidelizar clientes. MPEs que possuem bons fornecedores que garantem a qualidade do produto e que necessitam de contato contínuo para monitorar a qualidade da matéria-prima. MPEs sem recursos para atuar com representante individual. Propaganda APLs que possuem objetivos e interesses em comum como a divulgação de uma marca coletiva, realização de feiras e eventos. Bom nível de cooperação entre os atores. Setores produtivos dinâmicos, que inovam e realizam lançamentos de forma semestral ou anual. Relações Públicas Boa interação da governança e do empresariado local com associações comerciais da região e com órgãos de imprensa. APLs que patrocinam eventos empresariais, sociais, culturais e esportivos. Marketing de Lugares APLs próximos aos locais de produção, com matéria prima abundante e concentração de mão-de-obra especializada e que possuem marca coletiva e diferenciação de produtos. Forte identidade industrial. Externalidades positivas presentes como a infra-estrutura da cidade para atrair turistas. Indicação Geográfica APLs que possuem mão-de-obra e técnicas produtivas especializadas, geralmente no setor agrícola (IP) ou em setor produtivo que possua forte ligação com fatores geográficos e utilize produção artesanal (DO). APLs que possuem processos produtivos que geram muitos resíduos ou que degradam o meio ambiente. Bom nível de conscientização dos gestores sobre práticas ambientais. Quadro 10 - Estratégias de marketing e características existentes nos APLs Fonte: Elaborado pela autora Marketing Verde 114 Para a aplicação das estratégias propostas, observou-se que se torna necessário um bom nível de cooperação entre as empresas de APLs, já que este é o fator predominante nos estudos sobre este tema. Mas, no caso específico da aplicação do marketing de relacionamento, o nível de cooperação precisa superar o nível de competição para a possibilidade da aplicação desta estratégia. Deste modo, cabe considerar que os efeitos sinérgicos são determinantes para o êxito das estratégias de marketing de relacionamento, assim como para o estabelecimento da marca coletiva e realização das feiras setoriais. Já as externalidades e as ações de cooperação são essenciais para que ocorra a possibilidade de aplicação do marketing de lugares. Mas, na análise geral de todas as estratégias de marketing propostas, observou-se que cada uma delas possui pontos fortes e fracos que devem ser considerados, os quais estão elencados no quadro 11. ESTRATÉGIA PONTOS FORTES PONTOS FRACOS Sistema de Informação de Marketing Possibilita o armazenamento de informações operacionais e estratégicas que podem amparar decisões futuras; Exige contínuo controle e organização dos dados de vendas, financeiros e opinião de clientes sobre produtos; Realiza a segmentação de mercado que fornece maior conhecimento sobre o públicoalvo; estrutura ações futuras e os investimentos necessários para realizá-las; Precisa ser revisto com frequência de acordo com a dinâmica do mercado: inserção de novas tecnologias, novos produtos e processos; Marca Coletiva Permite identificar uma associação de produtores e fortalecer determinada produção por meio de características regionais; Exige esforços de padronização de várias empresas que atuam de forma distinta; necessita de rígido controle de qualidade; Feiras Setoriais Possibilita estabelecer relações de troca com clientes, fornecedores e distribuidores; abertura de novos mercados de atuação; alavancar vendas em determinado período; Plano de Marketing Marketing de Relacionamento Permite estabelecer vínculo com os clientes, visando customizar a oferta às suas necessidades específicas; possibilita a fidelização de clientes; Exige estoque para atender a demanda e estrutura física adequada para realizar as vendas dos produtos; Pode atrair públicos distintos; Exige alguns investimentos em tecnologia da informação e na capacitação da força de vendas; 115 Propaganda Possibilita investir em mídias de alto custo de forma cooperada; Permite promover a empresa com maior frequência; Necessita de planejamento e de previsão de investimento, custo elevado dependendo da mídia pretendida; Busca oportunidades para desenvolver parcerias e promover produtos, serviços e eventos de um setor produtivo dinâmico, que inova e se aprimora continuamente; Exige esforços para estabelecer parcerias com entidades representativas do setor; órgãos de imprensa podem não propiciar divulgação imediata; Fortalece características existentes em determinada localidade e permite criar uma marca local; Necessita de apoio do poder público para desenvolver ações que possam construir e fortalecer uma marca local; Indicação Geográfica Valoriza produtos alimentícios ou agrícolas, identificando a origem do produto e atestando sua qualidade; Exige controle sistemático das técnicas produtivas para a garantia da qualidade do produto; Marketing Verde Reavalia todo o ciclo de vida do produto, buscando aprimorar seu desenvolvimento do ponto de vista ambiental. Exige investimentos em novos processos e em comunicação para que o mercado conheça o produto verde. Relações Públicas Marketing de Lugares Quadro 11 - Pontos fortes e fracos das estratégias de marketing propostas Fonte: Elaborado pela autora Estas estratégias alinham-se mais facilmente com as vantagens competitivas dos APLs, quando existe um amplo conhecimento dos gestores das MPEs sobre o seu setor industrial e sobre o público-alvo a ser atingido. As MPEs participantes de APLs ainda carecem do “pensar estratégico” e, com a análise destas características foi possível contribuir de forma empírica para a realidade de diferentes setores produtivos, estabelecendo determinados critérios para a aplicação das estratégias de marketing de forma cooperada. Deste modo, para ganhar competitividade, estas empresas devem buscar por práticas que as permitam desenvolver expertise de mercado. Esta análise teve o intuito de apresentar um “olhar mercadológico” sobre os APLs. 116 5 RESULTADOS DA PESQUISA Nesta etapa são apresentadas as análises do estudo realizado no APL investigado, as quais inicialmente referem-se às estratégias de marketing individuais realizadas pelas empresas, e na sequência, apresentam a visão dos gestores quanto à potencialidade para o desenvolvimento das mesmas estratégias, desta vez, de forma cooperada pelas empresas que integram o APL. Posteriormente, para uma melhor discussão acerca do tema, é apresentada uma análise sobre a governança atual do APL, com o objetivo de enfatizar as principais diretrizes que norteiam as ações do empresariado local. 5.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO APL DE MALHAS DE IMBITUVA Primeiramente, o estudo identificou o perfil de cada empresa investigada, visando determinar seu porte de acordo com a classificação proposta pelo SEBRAE, a qual considera o número de empregos diretos gerados na indústria. De acordo com esta classificação, todas as empresas investigadas neste estudo caracterizamse como micro-empresas (ME) pelo fato de empregarem até 19 funcionários diretos na indústria. A atividade principal de todas as empresas investigadas é a fabricação e comercialização de malha em tricot conforme demonstrado na tabela 5. Quanto ao número de empregos gerados, observa-se que as empresas investigadas totalizam 200 vagas de trabalho, sendo que 125 vagas são empregos diretos e 75 vagas empregos indiretos. A mão-de-obra indireta é terceirizada para os serviços de arremate e bordado, os quais precisam ser intensificados no período de produção que antecede a realização da FEMAI. Esta caracterização das empresas pode ser visualizada na tabela 5. O tempo de existência das empresas investigadas não será demonstrado individualmente para não identificá-las na pesquisa, mas, é possível afirmar que 35% (06 casos) possuem de 20 a 32 anos de mercado; 35% (06 casos) de 10 a 19 anos; e 30% (05 casos) exercem a atividade de 2 a 9 anos. A maioria das empresas 117 é familiar, o que significa que a atividade é transferida de pais para filhos e/ou para parentes próximos. Tabela 6 - Perfil das empresas do APL de Malhas de Imbituva CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS DO APL EMPRESA ATIVIDADE EMPREGOS DIRETOS EMPREGOS INDIRETOS PORTE EMPRESA/01 Fabricação de Tricot 10 10 ME EMPRESA/02 Fabricação de Tricot 13 5 ME EMPRESA/03 Fabricação de Tricot 15 10 ME EMPRESA/04 Fabricação de Tricot 13 3 ME EMPRESA/05 Fabricação de Tricot 4 0 ME EMPRESA/06 Fabricação de Tricot 12 12 ME EMPRESA/07 Fabricação de Tricot 13 3 ME EMPRESA/08 Fabricação de Tricot 3 5 ME EMPRESA/09 Fabricação de Tricot 1 10 ME EMPRESA/10 Fabricação de Tricot 14 0 ME EMPRESA/11 Fabricação de Tricot 5 3 ME EMPRESA/12 Fabricação de Tricot 5 2 ME EMPRESA/13 Fabricação de Tricot 4 4 ME EMPRESA/14 Fabricação de Tricot 5 0 ME EMPRESA/15 Fabricação de Tricot 3 1 ME EMPRESA/16 Fabricação de Tricot 1 3 ME EMPRESA/17 Fabricação de Tricot 4 ME 4 Fonte: Elaborado pela autora O grau de instrução e o sexo dos gestores também foram fatores investigados inicialmente, os quais se apresentaram da seguinte forma: 6% (01 caso) não concluíram o primeiro grau, 6% (01 caso) possuem o primeiro grau completo; 70% (12 casos) possuem segundo grau completo e 18% (03 casos) tem curso superior incompleto. Quanto ao sexo, 41% (07 casos) são homens e 59% (10 casos) são mulheres à frente dos negócios da empresa como demonstrado na tabela 6. 118 Tabela 7 - Escolaridade e sexo dos gestores do APL de Malhas de Imbituva ESCOLARIDADE CASOS PERCENTUAL Primeiro grau incompleto 01 6% Feminino Primeiro grau completo 01 6% Masculino - - Segundo grau completo 12 70% Masculino (04); Feminino (07) Superior incompleto 03 18% Masculino (01); Feminino (02) Segundo grau incompleto Superior completo SEXO - Fonte: Elaborado pela autora A capacidade produtiva de cada empresa é variável e depende do número de funcionários diretos e indiretos e do número de máquinas que dispõe. As empresas do APL de Malhas de Imbituva produzem o ano todo, mas aumentam sua produção nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro pelo fato de serem próximos a realização da FEMAI, época em que há necessidade de contratar os empregos indiretos para que possam atender a demanda de mercado. Assim, a capacidade de produção mensal de cada empresa, assim como a quantidade de máquinas de tecelagem computadorizadas que possui (importadas da Itália) está demonstrada na tabela 7. Tabela 8 - Capacidade produtiva mensal das empresas do APL em número de peças EMPRESA EMPRESA/01 EMPRESA/02 EMPRESA/03 EMPRESA/04 EMPRESA/05 EMPRESA/06 EMPRESA/07 EMPRESA/08 EMPRESA/09 EMPRESA/10 EMPRESA/11 EMPRESA/12 EMPRESA/13 EMPRESA/14 EMPRESA/15 EMPRESA/16 EMPRESA/17 QUANTIDADE DE MÁQUINAS DE TECELAGEM COMPUTADORIZADAS 03 04 08 05 02 05 03 01 02 03 02 0 02 01 0 0 01 Fonte: Elaborado pela autora CAPACIDADE PRODUTIVA MENSAL (número de peças) 1.200 3.000 2.000 3.000 350 4.000 2.500 700 1.500 2.200 1.200 800 1000 800 800 500 1.000 119 No que se refere às máquinas computadorizadas, observa-se que 82% (14 casos) investem nesta tecnologia e, somente 18% (03 casos) não fazem uso destas máquinas, necessitando da terceirização desta etapa da produção. Quanto aos canais de distribuição que cada empresa utiliza para comercializar seus produtos, constatou-se que 100% (17 casos) atuam com vendas diretamente para o atacado e 94% (16 casos) para o varejo e destas, 59% (10 casos) também possuem representantes que atuam no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e interior do estado de São Paulo. No entanto, a maior atuação concentra-se no estado do Paraná conforme apresentado na tabela 8. Tabela 9 - Canais de distribuição das empresas do APL de Malhas de Imbituva CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO UTILIZADOS PELAS EMPRESAS EMPRESA ATACADO % VAREJO % REP. ÁREA DE ATUAÇÃO DOS REPRESENTANTES EMPRESA/01 Sim 70 Sim 30 4 PR e SC EMPRESA/02 Sim 70 Sim 30 1 Norte do Paraná EMPRESA/03 Sim 80 Sim 20 0 Não possui EMPRESA/04 Sim 90 Sim 10 4 PR e SC EMPRESA/05 Sim 30 Sim 70 0 Não possui EMPRESA/06 Sim 85 Sim 15 10 SP (interior), PR, SC e RS EMPRESA/07 Sim 60 Sim 40 0 Não possui EMPRESA/08 Sim 50 Sim 50 0 Não possui EMPRESA/09 Sim 90 Sim 10 2 PR e SC EMPRESA/10 Sim 80 Sim 20 2 PR EMPRESA/11 Sim 50 Sim 50 0 Não possui EMPRESA/12 Sim 70 Sim 30 0 Não possui EMPRESA/13 Sim 80 Sim 20 4 PR, SC e RS EMPRESA/14 Sim 50 Sim 50 3 PR EMPRESA/15 Sim 100 Não 0 1 PR EMPRESA/16 Sim 30 Sim 70 0 Não possui EMPRESA/17 Sim 85 Sim 15 4 Fonte: Elaborado pela autora PR e SC Neste item, constatou-se que o foco das vendas de 70% (12 casos) das empresas direciona-se para o atacado, sendo que destas, 9% (01 caso) trabalha somente para o mercado atacadista. 120 As demais 18% (03 casos) comercializam seus produtos de forma equilibrada entre atacado e varejo, direcionando metade da produção para cada canal. As empresas que trabalham mais fortemente no mercado varejista representam 12% (02 casos) da amostra. Outro canal de distribuição utilizado pelas empresas é o representante de vendas. A maioria da amostra que representa 59% (10 casos) possui representantes que atuam em regiões do estado do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Também foi mencionado o interior do estado de São Paulo como uma região de atuação do representante. As demais 41% (07 casos) não possuem representantes. A comercialização dos produtos das empresas do APL é realizada 100% para o mercado nacional, pois não realizam exportação, embora 6% (01 caso) dos gestores demonstrou interesse em exportar seus produtos futuramente. Com relação às atividades do APL, a pesquisa buscou investigar se os gestores conhecem e participam das atividades realizadas pelo APL. Neste item, 100% dos gestores afirmaram que tem conhecimento sobre o que o APL representa e sobre as atividades que desenvolve. Também 100% dos gestores responderam que suas empresas compartilham atividades com outras empresas desde o ano de criação do APL que foi em 2004. Das atividades compartilhadas pelas empresas, 100% mencionaram a compra de matérias-primas (botões, zíperes, aviamentos, agulhas, etiquetas, recarga de extintores, entre outros); treinamento e capacitação de mão-de-obra por intermédio dos cursos realizados pelo SEBRAE; desenvolvimento de novos produtos e processos por meio dos workshops e de pesquisas em sítios eletrônicos internacionais e revistas; transporte de insumos e produto acabado; e troca de informações sobre o setor conforme demonstrado no gráfico 1. A obtenção de financiamento para a aquisição de equipamentos como overloque, máquina de costura, máquina de tecelagem, entre outros, foi mencionada como atividade compartilhada por 82% (14 casos) dos gestores. 121 Gráfico 1 - Atividades compartilhadas entre as empresas do APL Fonte: Elaborado pela autora O compartilhamento de equipamentos não foi mencionado como uma atividade que pode ser realizada em conjunto pelas empresas. Segundo os gestores, isso não ocorre devido às diversas modelagens desenvolvidas por cada uma das empresas que diferenciam um equipamento do outro. Quando questionado sobre a possibilidade de alguma outra atividade não compartilhada atualmente ser realizada futuramente, 41% (07 casos) dos gestores mencionaram a compra de lã em grande quantidade, a qual não é realizada pelo fato das malharias não utilizarem o mesmo produto, o que impede que adquiram o insumo por um preço mais competitivo. Neste item, também 6% (01 caso) citou a divulgação local do APL e de suas atividades como uma atividade importante que não está sendo realizada atualmente. Segundo este gestor, a comunidade local de Imbituva pode contribuir para a divulgação do APL se for incentivada e, principalmente, se for informada sobre a importância da atividade para a cidade. Outros 53% (09 casos) não assinalaram nenhuma outra atividade a ser compartilhada entre as empresas. Entre as principais vantagens associadas ao compartilhamento destas atividades, 59% (10 casos) dos gestores citaram a redução de custos, a aquisição de know-how de mercado e a melhoria da qualidade do produto por intermédio dos 122 cursos realizados para qualificação de mão-de-obra conforme demonstrado no gráfico 2. Gráfico 2 - Vantagens do compartilhamento das atividades no APL Fonte: Elaborado pela autora Ainda 17% (03 casos) consideram, além das alternativas citadas, outras vantagens como o fortalecimento do APL e a união dos empresários, o planejamento da coleção e a possibilidade da realização do marketing conjunto para a promoção do APL; 12% (02 casos) mencionaram a redução de custos e a melhoria da qualidade do produto como vantagens; 6% (01 caso) assinalou somente a aquisição de know-how de mercado e, por fim, 6% (01 caso) citou a redução de custos e acrescentou o estímulo entre as empresas como outra vantagem associada ao compartilhamento entre as empresas. No que se refere à interação dos empresários, foi investigado se existe a interação fora das reuniões e eventos do APL no intuito de trocar experiência sobre o setor ou para obter informação sobre o andamento dos negócios. Neste item, 6% (01 caso) afirmou que a interação entre os empresários sempre ocorre; 70% (12 casos) relataram que isso ocorre frequentemente na própria rotina de trabalho por telefone ou pessoalmente quando há necessidade. 123 Os demais 12% (02 casos) afirmaram que a interação ocorre às vezes entre os empresários; 6% (01 caso) mencionou que raramente ocorre a interação e 6% (01 caso) que nunca ocorre. 5.1.1 Estratégias de Marketing Individuais 5.1.1.1 Sistema de informação de marketing (SIM) Para uma análise inicial sobre a prática do marketing em cada empresa do APL de Malhas de Imbituva, a pesquisa investigou se os gestores armazenam e analisam dados internos da empresa referentes às vendas por área, por cliente, frequência de compras, forma de pagamento e itens de preferências do mesmo, para conduzir mais acertadamente suas decisões estratégicas. Neste item, observou-se que 65% (11 casos) dos gestores possuem esses dados, mas destes, somente 27% (03 casos) utilizam essas informações para a tomada de decisão, enquanto que 73% (08 casos) dos gestores, responderam que acreditam ser importante realizar tal procedimento, mas que na maioria das vezes não o fazem por falta de planejamento ou devido à falta de tempo. Os demais 35% (06 casos) não possuem os dados armazenados. Além dos dados internos, buscou-se conhecer também as fontes de informação externas pelas quais os gestores obtêm conhecimento sobre as perspectivas, produtos e novas tecnologias para o setor têxtil. Constatou-se que a Associação de Malharias de Imbituva (IMBITUMALHAS) e o Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado do Paraná (SINDTÊXTIL) são as principais entidades que repassam informações para os gestores do APL de Malhas de Imbituva, além destes, também dispõem do SEBRAE, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), da Secretaria da Indústria e Comércio e da Rede APL como fontes de informação, conforme ilustrado no quadro 12. Na continuidade da análise do SIM, foi verificado se as empresas utilizam pesquisa de marketing para conhecer a opinião do cliente a respeito de modelos novos ou sobre o grau de interesse do cliente por produtos específicos, cores ou tamanhos. 124 UTILIZAÇÃO DO SIM NAS EMPRESAS DO APL DE MALHAS DE IMBITUVA EMPRESA Por quais fontes obtém conhecimento dos produtos de seu setor? Realiza pesquisa de marketing? EMPRESA/01 Imbitumalhas Sim, por telefone com alguns clientes de forma esporádica. EMPRESA/02 Sindtêxtil, Imbitumalhas Sim, por telefone com alguns clientes de forma esporádica. EMPRESA/03 Sindtêxtil Sim, diretamente com o cliente na alta temporada de vendas. EMPRESA/04 Imbitumalhas Sim, diretamente com o cliente na alta temporada de vendas. EMPRESA/05 Imbitumalhas Não realiza pesquisa. EMPRESA/06 Sebrae/FIEP, Secretaria da Ind. e Comércio, Rede APL Sim, diretamente com o cliente esporadicamente e por telefone quando ocorre queda nas vendas. EMPRESA/07 Sindtêxtil, ABIT Não realiza, mas tem intenção de fazer, pois reconhece a importância. EMPRESA/08 Imbitumalhas, Revista Eletrônica e internet Sim, diretamente com o cliente sempre que possível em ocasiões de vendas. EMPRESA/09 Imbitumalhas EMPRESA/10 Imbitumalhas e internet Sim, diretamente com o cliente e por telefone para os clientes que não retornaram. EMPRESA/11 Imbitumalhas Sim, diretamente com o cliente quando realiza alguma venda. EMPRESA/12 Imbitumalhas Não realiza pesquisa. EMPRESA/13 Sindtêxtil, Imbitumalhas Sim, com frequência diretamente com o cliente. EMPRESA/14 Imbitumalhas Não realiza pesquisa. EMPRESA/15 Imbitumalhas Não realiza importância. EMPRESA/16 Imbitumalhas Não realiza pesquisa. EMPRESA/17 Sim, por telefone e e-mail. pesquisa, mas reconhece a Sebrae/FIEP, Sim, diretamente com o cliente esporadicamente e Secretaria da Ind. e por telefone quando ocorre queda nas vendas. Comércio, Rede APL Quadro 12 - Utilização do SIM Fonte: Elaborado pela autora Neste item, observou-se que 65% (11 casos) das empresas realizam algum tipo de pesquisa junto aos clientes e destas, apenas 18% (02 casos) procedem de forma planejada e sistemática, realizando contato freqüente, inclusive com clientes que não retornaram para efetuar compras em um determinado período. As demais 82% (09 casos) das empresas que realizam pesquisa, relataram que esse procedimento ocorre de forma esporádica ou diretamente com o cliente em ocasião de compra. 125 Cabe enfatizar que nenhuma das empresas investigadas realiza pesquisa formal utilizando um questionário específico para a coleta de dados de forma planejada. O próprio gestor da empresa aborda o cliente para conhecer sua opinião, sem o auxílio de nenhum suporte de pesquisa específico. As empresas que não realizam nenhum tipo de pesquisa com os clientes representam 35% (06 casos) das respostas e destas, somente 34% (02 casos) afirmaram que reconhecem a importância da realização da pesquisa e que pretendem adotá-la futuramente. Neste item, foi possível observar que pelo fato das vendas realizarem-se em sua maioria para o atacado, não ocorre um maior esforço de alguns gestores em monitorar esses dados para estabelecer um contato futuro com o cliente, já que as vendas são sazonais, ou seja, somente no período outonoinverno. 5.1.1.2 Planejamento de marketing Na sequência da análise, a investigação concentrou-se no fato da empresa realizar planejamento de marketing anual para o desenvolvimento de ações determinadas em um cronograma específico. Baseando-se nas etapas que constituem um plano de marketing, a pesquisa buscou identificar as ações desenvolvidas em cada uma das empresas do APL e em que momento são realizadas, conforme demonstra a tabela 9. Foi possível constatar que somente 18% (03 casos) dos gestores costumam planejar algumas de suas ações de um ano para o outro, formalizando-as em um documento que permite acompanhá-las, inclusive em relação a valores de investimento, e destes, 33% (01 caso) afirmou que revisa o planejamento quando necessário, geralmente quando os representantes solicitam novos produtos (tendências) que foram requisitados pelos clientes, ou quando os clientes solicitam alguma outra especificação de produto (ex. tamanhos maiores) na alta temporada de vendas. Os demais 82% (14 casos) dos gestores, afirmaram que não realizam nenhum tipo de planejamento antecipado de ações, realizando-as aleatoriamente no decorrer do ano conforme a necessidade da empresa. Isso reforça o fato de que pelas vendas serem sazonais, a maioria dos gestores não vê a necessidade de realizar um planejamento mais sistemático. 126 No que se refere ao composto de marketing ou marketing mix, buscou-se conhecer o portfólio de produtos da empresa, o público-alvo que atinge, como procede para a formação do preço de venda e se realiza promoção para a venda de produtos, conforme demonstrado na tabela 9. Tabela 10 - Marketing Mix no APL de Malhas de Imbituva MARKETING MIX DAS EMPRESAS DO APL EMPRESA Portfólio de produtos (Modelos) EMPRESA/01 60 EMPRESA/02 70 EMPRESA/03 100 EMPRESA/04 50 EMPRESA/05 35 EMPRESA/06 104 EMPRESA/07 150 EMPRESA/08 45 EMPRESA/09 35 EMPRESA/10 70 EMPRESA/11 50 EMPRESA/12 50 EMPRESA/13 120 EMPRESA/14 50 EMPRESA/15 25 EMPRESA/16 30 EMPRESA/17 35 Público-alvo Como é formado o preço de venda? Realiza promoção Feminino adulto Masculino adulto Feminino adulto Masculino adulto Feminino adulto Masculino adulto Feminino adulto Masculino adulto Feminino adulto Masculino adulto Feminino adulto Masculino adulto Feminino adulto Masculino adulto Feminino adulto Infantil Masculino adulto Feminino adulto Masculino adulto Feminino adulto Masculino adulto Feminino adulto Masculino adulto Feminino adulto Masculino adulto Feminino adulto Feminino adulto Masculino adulto Feminino adulto Masculino adulto 85% 15% 80% 20% 80% 20% 80% 20% 80% 20% 50% 50% 95% 5% 60% 40% 100% 90% 10% 90% 10% 80% 20% 80% 20% 100% 30% 70% 80% 20% Custos de produção e na concorrência Sim Custos de produção Sim Custos de produção e na concorrência Não Custos de produção Não Custos de produção Sim Custos de produção Sim Custos de produção Sim Feminino adulto 100% Custos de produção Sim Custos de produção Não Custos de produção Sim Custos de produção Sim Custos de produção Não Custos de produção Sim Custos de produção Sim Custos de produção Sim Custos de produção Sim Custos de produção Sim Fonte: Elaborado pela autora 127 É possível observar a predominância do público feminino que segundo os gestores é o mais interessado em tendências de moda e na aquisição dos produtos do APL com maior frequência. O público masculino está em segundo lugar, seguido do público infantil. O produto destinado ao público infantil é fabricado e comercializado atualmente pela empresa 08. Quanto ao portfólio de produtos, cabe destacar que 100% das empresas investigadas comercializam somente produtos de inverno, portanto, sazonais. Na observância da quantidade ou variedade de modelos comercializados por cada empresa, constatou-se que 100% dos gestores desenvolvem sua capacidade inovativa para a criação de modelos que acompanhem as tendências da moda outono-inverno a cada ano, sendo responsáveis pela pesquisa e desenvolvimento dos seus produtos em cada nova coleção. Neste aspecto, os gestores são auxiliados pelo SEBRAE que fornece estilistas para informá-los sobre novas tendências de produtos duas vezes ao ano, o que possibilita que as empresas apresentem de 25 a 200 modelos a cada nova coleção. Cabe destacar que durante a pesquisa, o auxílio dos estilistas foi mencionado por todos os gestores como sendo primordial, pelo fato da malha em tricot ser um produto que exige constante inovação a cada ano. As outras fontes que utilizam para desenvolver os modelos dos produtos são revistas e a internet. Na formação do preço de venda, também foi possível comprovar a importância do trabalho de assessoria e apoio realizado pelo SEBRAE, pois 100% das empresas relataram que se baseiam nos custos de sua produção, estabelecendo o preço cuidadosamente conforme o que aprenderam com esta assessoria. Quanto à realização de promoção, 30% (05 casos) dos gestores apresentaram-se contrários à realização de qualquer tipo de promoção para a venda de produtos. Já a maioria dos gestores, representada por 70% (12 casos) dos respondentes, pratica anualmente a promoção de produtos ofertando descontos de 30 a 50% para atacadistas e varejistas. Esse percentual de empresas que adota a promoção de vendas demonstrou interesse no maior giro de seus produtos com o intuito de renová-los continuamente. Considerando que a promoção representa uma prática muito empregada para liquidar estoque de produtos sazonais que se renovam anualmente, como é o caso das malhas de lã, observou-se que os gestores que não adotam a prática 128 alegaram que a mesma “vicia” o cliente, fazendo com que o mesmo realize suas compras somente neste período. No entanto, é relevante considerar que isso dificilmente ocorrerá para vendas no atacado, nas quais os lojistas precisam de produtos para abastecer seus pontos-de-venda em determinada estação do ano, o que os impedem certamente de aguardar pela baixa nos preços dos produtos. 5.1.1.3 Marca No que se refere à marca comercial de cada empresa, buscou-se conhecer quantas empresas do APL possuem o registro da marca junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) que é o órgão que ampara legalmente as empresas quanto à utilização indevida de marcas conforme apresentado no quadro 13. REGISTRO DE MARCA DAS EMPRESAS DO APL JUNTO AO INPI EMPRESA A marca é registrada? EMPRESA/01 Sim Considera o registro de extrema importância. EMPRESA/02 Não Pretende realizar o registro para evitar o uso indevido da marca. EMPRESA/03 Sim O registro é uma forma de evitar o uso indevido da marca. EMPRESA/04 Sim O registro protege a marca e permite divulgá-la. EMPRESA/05 Não Tem interesse em realizar o registro futuramente. EMPRESA/06 Sim O registro da marca é importante para a comercialização dos produtos. EMPRESA/07 Sim A marca é importante para a comercialização dos produtos. EMPRESA/08 Não Pretende realizar o registro em breve. EMPRESA/09 Não Pretende realizar o registro futuramente. EMPRESA/10 Sim O registro é uma forma de fortalecer a marca no mercado. EMPRESA/11 Não Pretende realizar o registro futuramente. EMPRESA/12 Não Não julga necessário. EMPRESA/13 Não A empresa já está providenciando o registro da marca. EMPRESA/14 Não Tem interesse em realizar o registro futuramente. EMPRESA/15 Não A empresa é nova e ainda não foi possível realizar o registro. EMPRESA/16 Não Não julga necessário. EMPRESA/17 Não Comentários Pretende realizar no próximo ano. Quadro 13 - Registro da marca Fonte: Elaborado pela autora 129 Neste item, 35% (06 casos) dos gestores possuem o registro de suas marcas pelo fato de considerarem de extrema importância protegê-las contra o uso indevido, e também como forma de fortalecê-las para a comercialização. As empresas que ainda não possuem o registro de suas marcas totalizam 64% (11 casos) e destas, 64% (07 casos) pretendem realizar o registro da marca futuramente; 9% (01 caso) afirmaram que já estão providenciando o registro de suas marcas através de negociação com empresas que realizam o pedido da marca junto ao INPI; outros 18% (02 casos) dos gestores demonstraram total desinteresse em realizar tal procedimento, alegando que é desnecessário para o desenvolvimento de suas atividades. Por fim, 9% (01 caso), afirma que ainda não procedeu no registro da marca pelo fato da empresa ter pouco tempo de atuação no mercado e ainda não possuir recursos financeiros para realizar o registro. O estudo também procurou conhecer qual o principal diferencial da marca comercializada por cada empresa em relação aos seus concorrentes, conforme demonstrado no gráfico 3. Neste aspecto, 23,52% (04 casos) dos gestores consideram a qualidade e variedade de seus produtos como sendo o diferencial da marca; 11,76% (02 casos) consideram a qualidade como principal diferencial; 11,76% (02 casos) afirmam que o diferencial da marca é a qualidade e a linha especial de modelos para senhoras; 11,76% (02 casos) citaram a criatividade dos modelos; ainda 11,76% (02 casos) mencionaram o produto diferenciado. As demais respostas associam o diferencial da marca: 5,88% (01 caso) a qualidade e preço; 5,88% (01 caso) a qualidade, preço e variedade; 5,88% (01 caso) ao relacionamento que estabelece com seus clientes; 5,88% (01 caso) aos modelos confeccionados em tamanho especial; e, por fim, 5,88% (01 caso) atribui o seu diferencial ao fato de seus produtos acompanharem as tendências da moda. 130 Gráfico 3 - Diferencial da marca das empresas do APL Fonte: Elaborado pela autora Quanto ao diferencial da marca ser reconhecido nas regiões em que o produto está presente, 94% (16 casos) afirmaram que há reconhecimento por parte dos clientes que sempre comentam sobre os quesitos citados. Isso ocorre diretamente nas empresas do APL na alta temporada de vendas ou por intermédio dos representantes, no caso das empresas que possuem. Neste item, 6% (01 caso) alegou que ainda não existe reconhecimento dos seus produtos, pelo fato da empresa ser nova no mercado. 5.1.1.4 Feiras setoriais Este item buscou investigar primeiramente, se a empresa realiza algum evento interno para clientes atacadistas ou varejistas conhecerem seus produtos. Neste aspecto, 100% dos gestores afirmaram que não realizam nenhuma exposição dos produtos em evento interno e destes, somente 6% (01 caso) afirmou que já realizou uma exposição prévia de seus produtos, mas somente para a linha infantil (que não trabalha mais atualmente) e para atacadistas. 131 Na sequência, foi verificado quanto à participação das empresas nas feiras setoriais e há quanto tempo participam. Neste item, 100% dos gestores afirmaram que participam das feiras desde o início de suas atividades, e destes, 70% (12 casos) participam de feiras somente a nível local; 30% (05 casos) expandem sua área de atuação participando de feiras estaduais, sendo nas cidades de Curitiba, Ponta Grossa, Maringá (feiras de inverno), litoral do estado do Paraná e Santa Catarina (feiras de verão) conforme é demonstrado no quadro 14. PARTICIPAÇÃO DAS EMPRESAS DO APL EM FEIRAS SETORIAIS EMPRESA Participa da FEMAI? Na última edição da FEMAI obteve os resultados de venda esperados? Participa ou já participou de outras feiras? EMPRESA/01 Sim Sim, mas não soube informar o percentual de vendas. Não EMPRESA/02 Sim Sim, vendeu em média 70% da produção. Não EMPRESA/03 Sim Sim, vendeu em média 20% da produção. Não EMPRESA/04 Sim Sim, vendeu em média 70% da produção. Não EMPRESA/05 Sim Sim, vendeu em média 25% da produção. Não EMPRESA/06 Sim Sim, vendeu em média 10% da produção. Não EMPRESA/07 Sim Sim, vendeu em média 15% da produção. Sim EMPRESA/08 Sim Sim, vendeu em média 40% da produção. Sim EMPRESA/09 Sim Não atingiu os resultados esperados. Não EMPRESA/10 Sim Sim, vendeu em média 80% da produção. Não EMPRESA/11 Sim Sim, vendeu em média 80% da produção. Sim EMPRESA/12 Sim Sim, vendeu em média 90% da produção. Não EMPRESA/13 Sim Sim, vendeu em média 40% da produção. Sim EMPRESA/14 Sim Sim, vendeu em média 50% da produção. Não EMPRESA/15 Sim Sim, vendeu em média 70% da produção. Sim EMPRESA/16 Sim Não atingiu os resultados esperados. Não EMPRESA/17 Sim Sim, vendeu em média 10% da produção. Quadro 14 - Participação em feiras setoriais Fonte: Elaborado pela autora Não As feiras de verão realizadas no litoral representam uma oportunidade para as empresas divulgarem a marca da empresa e seus produtos, mesmo que não realizem vendas nesta ocasião. Neste aspecto, geralmente as empresas agregam outros produtos para a comercialização, como por exemplo, peças femininas de 132 praia, que de certa forma compensam o período de baixa das vendas das malhas de tricot que não vendem nesta época do ano. Deste modo, existe a necessidade contínua dos gestores utilizarem-se da criatividade para buscar novas oportunidades para o negócio. Durante a pesquisa, foi possível constatar a importância das feiras como impulsionadoras de vendas neste setor de atividade. No caso específico do APL investigado, destaca-se a realização da FEMAI FASHION – Feira de Malhas de Imbituva que no ano de 2010 completou 26 anos. Esta feira mobiliza as empresas integrantes do APL durante os 11 dias de evento. Os resultados da FEMAI foram avaliados pelos gestores. Neste item, 88% (15 casos) afirmaram que atingiram o que esperavam em volume de vendas com relação ao que produziram para o período. Destes, 93% (14 casos) mencionaram que obtiveram vendas que variaram de 10 a 90% da produção para o período e, 7% (01 caso) não soube informar o percentual das vendas realizadas na feira em relação ao volume que produziu. Quanto às vantagens associadas à realização das feiras setoriais, 41% (07 casos) consideram que são a alavancagem das vendas, divulgação dos produtos para o mercado nacional, prospecção de novos clientes e relacionamento com clientes e fornecedores; 47% (08 casos) elencaram como principais vantagens a alavancagem das vendas, divulgação do APL, divulgação dos produtos para o mercado nacional, prospecção de novos clientes e relacionamento com clientes e fornecedores; 6% (01 caso) acredita que as vantagens das feiras são a divulgação do APL, divulgação dos produtos para o mercado nacional, relacionamento com clientes e fornecedores e, ainda, 6% (01 caso) afirma que são a alavancagem das vendas e a divulgação do APL. Neste item, alguns gestores também comentaram sobre o fato da FEMAI estar atraindo um volume muito alto de consumidores varejistas, o que não é o principal objetivo da feira. Deste modo, as lideranças do APL estão se organizando para buscar uma forma de atender os atacadistas em outra ocasião, possivelmente em uma feira isolada. 133 5.1.1.5 Marketing de relacionamento Entre as práticas de marketing utilizadas para estabelecer um vínculo com o cliente foi investigado o pós-venda. Desta forma, o estudo buscou verificar se as empresas realizam contato com os clientes após a realização da venda, a fim de monitorar sua satisfação quanto à aquisição de produtos, atendimento prestado pela empresa ou ainda para checar sobre o recebimento de produtos que são encomendados e enviados pelo correio para entrega. Constatou-se que 41% (07 casos) dos gestores realizam o pós-venda por considerarem que é uma forma de zelar pelo cliente. As outras empresas que não realizam pós-venda representam um número bastante expressivo que totaliza 59% (10 casos) das respostas. O estudo verificou se existe uma relação sólida entre as empresas e seus fornecedores por meio de alguma parceria que os beneficie mutuamente. Foi possível observar que 59% (10 casos) das empresas que afirmam ter algum tipo de parceria com os fornecedores, citam somente os fatores preço e prazo que são negociáveis em função da quantidade adquirida, o que pode ser considerada uma parceria frágil já que se baseia somente nestes fatores. Também foi questionado quanto ao fato dos fornecedores serem preocupados com a qualidade dos produtos que vendem, especialmente no caso da lã, que algumas vezes apresenta problemas pelo fato de produzir muitas “bolinhas”. A este respeito, os fornecedores alegam na maioria das vezes, que o cliente não soube lavar adequadamente a peça, mas não se demonstram preocupados com a qualidade do produto que venderam para a empresa e também não são dispostos a repassar as reclamações ao fabricante. 5.1.1.6 Propaganda As formas de propaganda investigadas foram revista setorial, outdoor, inserção na televisão a nível estadual e spot em rádio local. Neste item, 41% (07 casos) assinalaram o anúncio em outdoor (em formato de placas) como sendo o que mais realizam individualmente; 47% (08 casos) não realizam nenhuma forma de propaganda individual; 6% (01 caso) mencionou o anúncio em outdoor e o spot em 134 rádio como formas de propaganda realizadas; 6% (01 caso) realizou o spot em rádio. Na opinião dos gestores, a forma de propaganda que mais impacta e atrai os consumidores para a empresa é, para 35% (06 casos), o anúncio em outdoors (placas) que são fixadas próximas à cidade; 12% (02 casos) consideram a inserção em televisão a nível estadual; 6% (01 caso) considera o outdoor, a inserção na televisão estadual e o spot em rádio; 12% (02 casos) citaram a televisão estadual e o rádio; 35% (06 casos) optaram por não mencionar nenhuma forma de propaganda pelo fato de não terem realizado. O investimento em cada forma de propaganda mencionada é realizado uma única vez ao ano, mas os gestores não informaram os valores aproximados do investimento. Quanto às ferramentas de marketing direto que as empresas do APL utilizam, 29% (05 casos) dos gestores mencionaram a distribuição de catálogos de produtos que são direcionadas para os clientes lojistas, e disponibilizadas em praças de pedágios, prefeituras das cidades vizinhas e em restaurantes. Outros 24% (04 casos) utilizam a mala-direta/folder para informar sobre os produtos e/ou datas de eventos e distribuição de catálogo de produtos; 12% (02 casos) citaram somente a mala-direta/folder para informar sobre produtos e/ou datas de eventos; 6% (01 caso) utiliza o e-mail informativo sobre promoções ou lançamentos de produtos e, por fim, 29% (05 casos) não utilizam nenhuma ferramenta de marketing direto. Observou-se que as formas de propaganda realizadas de forma cooperada limitam-se ao período da FEMAI. No entanto, no processo de revitalização da marca do APL, as mídias televisivas e de outdoor precisam ser realizadas com maior frequência e com alcance para todo o estado do Paraná com o intuito de informar sobre o novo posicionamento da marca do APL. O uso do e-mail marketing como ferramenta de marketing direto também pode ser utilizado, se for direcionado para o cadastro de clientes da empresa, pois atualmente não é explorado. De forma cooperada, o APL pode criar um cadastro dos principais clientes das empresas, a fim de informá-los sobre novidades do setor, tendências de moda e novas tecnologias. No que se refere à utilização de sítio eletrônico, o estudo investigou como as empresas do APL de Malhas de Imbituva o utilizam para a exposição de seus 135 produtos e também para a indicação de novas vendas conforme demonstrado no quadro 15. SÍTIO ELETRÔNICO DAS EMPRESAS DO APL DE MALHAS DE IMBITUVA EMPRESA Possui sítio na internet? O sítio é atualizado com que frequência? O sítio gera indicações de venda? Elaboração do sítio e visualização dos produtos EMPRESA/01 Sim 1 x ao ano Sim, inferior a 1% das vendas Boa visualização de produtos, mais precisa ser modernizado EMPRESA/02 Sim 1 x ao ano Sim, inferior a 1% das vendas Ótimo nível de elaboração e visualização de produtos, mais está desatualizado O sítio não demonstra produtos e informações sobre a empresa. Elaboração comprometida EMPRESA/03 Sim 1 x ao ano Sim, inferior a 1% das vendas EMPRESA/04 Sim 1 x ao ano Sim, inferior a 1% das vendas Ótimo nível de elaboração e visualização dos produtos EMPRESA/05 Não - - - EMPRESA/06 Sim 1 x ao ano Sim, próximo a 5% das vendas Ótimo nível de elaboração e visualização dos produtos EMPRESA/07 Sim 1 x ao ano Sim, próximo a 4% das vendas Excelente nível de elaboração e visualização dos produtos. Sítio moderno EMPRESA/08 Não - - Ótimo nível de elaboração e visualização dos produtos EMPRESA/09 Sim 1 x ao ano Ainda não foi possível mensurar, pois o site foi feito recentemente EMPRESA/10 Sim 1 x ao ano Sim, próximo a 1% das vendas Ótimo nível de elaboração e excelente visualização dos produtos (newletters) EMPRESA/11 Sim 1 x ao ano Sim, mas não soube mensurar o percentual Ótimo nível de elaboração e excelente visualização dos produtos EMPRESA/12 Não - - - EMPRESA/13 Sim 1 x ao ano Sim, próximo a 5% das vendas Excelente nível de elaboração e visualização dos produtos. Sítio moderno. EMPRESA/14 Não Nenhuma Não possui - EMPRESA/15 Sim 1 x ao ano Sim, próximo a 1% das vendas Não funcionou EMPRESA/16 Não Nenhuma Não possui - EMPRESA/17 Não Nenhuma Não possui Quadro 15 - Utilização de sítio eletrônico Fonte: Elaborado pela autora - 136 Observou-se que 35% (06 casos) das empresas ainda não fazem uso desta ferramenta para auxiliar na divulgação e vendas de seus produtos e que seus gestores não demonstraram interesse em utilizá-la para essa finalidade. No entanto, 65% (11 casos) das empresas possuem sítio eletrônico e se demonstraram interessadas em expandir sua atuação para obter maior volume de vendas, mesmo que destes, atualmente 55% (06 casos) não consigam atingir 1% das vendas por este meio; 27% (03 casos) relataram que suas vendas são próximas a 4 ou 5% do total e ainda, 18% (02 casos) não souberam mensurar as indicações de vendas que já obtiveram com o uso da internet. No que se refere à elaboração dos sítios eletrônicos das empresas, foi possível observar o nível de visualização dos produtos comercializados e determinar uma classificação. Desta forma, classificou-se que 18% (02 casos) das empresas possuem sítios eletrônicos com excelente nível de elaboração e visualização de seus produtos – características que despertam a atenção do cliente; 55% (06 casos) dos sítios eletrônicos analisados possuem ótimo nível de elaboração e visualização de seus produtos, mas apresentam fotos em tamanho menor, o que não é o ideal se comparado com os sítios eletrônicos de nível excelente, mas que não chegam a comprometer a qualidade. Neste item, também se apresenta 9% (01 caso) dos sítios eletrônicos com bom nível de elaboração e visualização, mas que necessitam de aprimoramento para acompanhar as tendências de sítios eletrônicos modernos. Também 18% (02 casos) dos sítios eletrônicos estão com seu formato comprometido por não apresentarem seus produtos devidamente e não possuírem um design atual. Cabe ressaltar que da totalidade dos sítios eletrônicos investigados, somente 9% (01 caso) apresenta newsletters, que caracteriza um canal que disponibiliza informações sobre o setor e possibilita estabelecer um contato com o cliente durante todo o ano. A pesquisa constatou que os gestores em sua maioria utilizam a internet como ferramenta de marketing e estão buscando aprimorá-la. No entanto, as indicações de vendas por este meio ainda não alcançam um número significativo para as empresas do APL. 137 5.1.1.7 Relações públicas Neste item, a pesquisa investigou se as empresas patrocinam algum tipo de evento social, esportivo, religioso ou cultural para realizar a exposição de sua marca; 59% (10 casos) dos gestores afirmaram que participam como patrocinadores de eventos locais como trilhas de motos, clube de tênis, teatro, eventos escolares e festas locais. Os demais 41% (07 casos) não patrocinam nenhum tipo de evento por falta de oportunidade ou interesse. Quanto à utilização de relações públicas para a divulgação das atividades da empresa, 100% dos gestores afirmaram que não utilizam este trabalho, mesmo que o considerem relevante. No entanto, os patrocínios em eventos caracterizam uma ação importante para que as empresas sejam comentadas pelo público e reforcem sua marca no mercado. 5.1.1.8 Marketing de lugares Para determinar a potencialidade para o desenvolvimento do marketing de lugares, a pesquisa buscou conhecer o nível de interesse dos gestores em divulgar o nome da cidade de Imbituva como “Cidade das Malhas” em seus produtos ou em algum material da empresa, como sacolas e etiquetas de roupas. No entanto, 100% dos gestores informaram que não utilizam o nome da cidade, exceto no cartão de visita para designar o endereço da empresa aos clientes, o que é utilizado por qualquer empresa que esteja dentro ou fora de um APL. As empresas justificam tal atitude pelo fato da maioria dos clientes das empresas do APL de Malhas de Imbituva comercializarem os produtos que compram em cidades próximas, sendo principalmente no Paraná e Santa Catarina. Assim, os gestores não consideram adequado colocar a identificação do local de produção nas etiquetas das roupas. Muitos relataram que os próprios clientes verificam se o nome da cidade não consta nas etiquetas, pois se isso ocorresse, certamente rejeitariam os produtos por entender que a cidade de Imbituva é muito próxima da cidade em que serão comercializados e, que sendo assim, o cliente final poderia vir até Imbituva para comprá-los. 138 No ano de 2009, o APL teve a iniciativa de confeccionar sacolas com o nome do APL de Malhas de Imbituva para uso comum das empresas, visando divulgar melhor a cidade e os produtos nela produzidos para os clientes. No entanto, em 2010, nenhuma das empresas investigadas fez mais o uso da sacola. Alguns gestores alegaram que a sacola não era bonita e atrativa, e que por este motivo não deram continuidade a ação. Neste aspecto, também se investigou a visão dos gestores quanto ao fato da marca da empresa ser mais valorizada se for associada ao seu local de produção, ou seja, se contribui para divulgar o nome da cidade. Observou-se que 65% (11 casos) dos gestores acreditam que a marca da empresa pode ser mais valorizada, principalmente pelo fato do cliente associá-la à qualidade da produção realizada na cidade. Deste modo, mesmo que atualmente não seja desenvolvida nenhuma ação por parte dos empresários para divulgar o nome de “Imbituva: a Cidade das Malhas”, existe a consciência da importância de realizá-la para fortalecer a imagem da cidade e do APL. Outro fator relevante consiste no apoio do poder público, que deve buscar atrair investimentos para a localidade visando o fortalecimento da produção local. O estudo também verificou se o poder público municipal promove alguma ação com a finalidade de atrair visitantes para o comércio local. Os gestores que afirmaram que o município desenvolve alguma ação para auxiliar na promoção do comércio local representam 41% (07 casos), sendo que estes mencionaram as seguintes ações: realização do portal de entrada da cidade que foi entregue em 2010; plotagem nos carros da prefeitura com o intuito de divulgar a FEMAI para a região, e concessão do local (dois barracões na entrada da cidade de Imbituva) para a realização da FEMAI. Os demais 59% (10 casos) dos gestores acreditam que o poder público municipal atual não realiza nenhuma ação para promover o comércio da cidade, pois acreditam que não existem recursos financeiros para tais ações. Também relataram sobre a falta de infra-estrutura de Imbituva, pois a cidade não possui sequer um hotel adequado para acomodar pessoas de outras cidades na alta temporada de compras, e também uma lanchonete ou cafeteria para que as pessoas possam realizar um lanche com comodidade antes ou após a realização das compras. 139 5.1.1.9 Indicação geográfica e marketing verde As questões relacionadas às ferramentas de Denominação de Origem e de Marketing Verde não foram utilizadas neste estudo, uma vez que não se aplicam ao setor de fabricação de malhas de tricot. Isso se justifica pelo fato da Indicação Geográfica ser aplicada somente em APLs agrícolas ou em APLs que possuem etapas artesanais em seu processo produtivo. Já o Marketing Verde deve ser aplicado em indústrias que utilizam-se de matérias-primas que poluem e geram resíduos no meio ambiente, seja pela adoção da produção mais limpa ou por sistemáticas de fabricação que propiciem o consumo de água e energia. 5.1.2 Estratégias de Marketing Coletivas Nesta segunda etapa da pesquisa, para melhor análise dos resultados, foi realizada uma abordagem visando estabelecer o Ranking Médio (RM), para uma entrevista que utilizou escala tipo Likert de 5 (cinco) pontos com o intuito de mensurar o grau de concordância dos casos (gestores) que foram investigados. 5.1.2.1 Bloco A Primeiramente foi investigada a possibilidade da aplicação da estratégia (se é ou não é praticável), e após, se a empresa respondente participaria da utilização da estratégia (disposição) de forma cooperada com as outras empresas do APL. A tabela 10 apresenta três ferramentas que constituem este bloco de questões, sendo a pesquisa de marketing, o planejamento de marketing e a promoção cooperada de produtos. A pesquisa de marketing obteve RM=4,9 nos dois quesitos, que indica alta possibilidade de aplicação e também alta concordância dos gestores no que se refere a desenvolvê-la de forma cooperada. Neste item, cabe considerar que os gestores acreditam que a ferramenta pode ser potencializada em conjunto, uma vez que ficaria inviável para cada empresa realizá-la individualmente devido ao alto custo de investimento que é necessário para a realização de uma pesquisa. 140 Tabela 11 - Potencialidade de aplicação de pesquisa, planejamento de marketing e promoção de vendas de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva FREQUÊNCIA DE CASOS QUESTÕES RM 1 2 3 4 5 1 Existe a possibilidade do APL realizar pesquisa de marketing de forma cooperada? 0 0 0 3 14 4,9 2 Concordaria com a realização de pesquisa de marketing de forma cooperada? 0 0 1 1 15 4,9 3 Existe a possibilidade do APL realizar planejamento anual de forma cooperada? 0 0 0 2 15 4,9 4 Sua empresa participaria do planejamento de marketing realizado pelo APL? 0 0 0 0 17 5,0 5 Existe a possibilidade de realizar a promoção de vendas (sazonais) de produtos das empresas do APL de forma cooperada? 4 0 2 0 11 3,8 0 0 13 4,0 6 Concordaria em realizar a promoção de vendas dos produtos da sua empresa em determinado 4 0 período de forma cooperada? Fonte: Elaborado pela autora Uma das informações de extrema relevância para os gestores do APL de Malhas de Imbituva que pode ser investigada por meio de uma pesquisa, refere-se ao fato das excursões de lojistas para a compra de seus produtos terem diminuído significativamente nos últimos anos, o que é um fator de preocupação para todas as empresas, uma vez que impacta no volume de vendas do período. Deste modo, conhecer as causas da diminuição das excursões seria de extrema importância para o APL estabelecer ações futuras. Na observância dos itens 3 e 4 que referem-se ao planejamento anual de marketing do APL, constata-se que a possibilidade de realização atinge RM=4,9 e que a participação das empresas apresenta RM=5,0, o que indica alta potencialidade da aplicação desta estratégia. Atualmente, é possível afirmar que o APL integra algumas ações de marketing ao seu planejamento estratégico, e que todas as empresas participam do mesmo. No entanto, no decorrer da pesquisa, muitos gestores relataram que o marketing precisa ser intensificado, pois as ações desenvolvidas são limitadas e insuficientes para divulgar o APL na própria cidade e na região. Na sequência da análise, as questões 5 e 6 apresentam a possibilidade de desenvolvimento de promoção de produtos de forma cooperada com RM=3,8 que indica média potencialidade, que se justifica pelo fato de alguns gestores não 141 realizarem promoção, e ainda, de serem contrários à sua realização. Mas, quando se observa a intenção da maioria dos gestores em concordar e participar de tal prática de forma cooperada, obtém-se o RM=4,0 que indica alta potencialidade para a utilização da promoção de produtos no APL. 5.1.2.2 Bloco B Neste bloco são apresentadas as questões correlacionadas ao desenvolvimento de uma marca coletiva e de um selo de qualidade para fortalecer a imagem dos produtos do APL que são demonstrados na tabela 11. Neste aspecto, observa-se que a visão dos gestores ou possibilidade quanto ao fato de uma marca coletiva contribuir para alavancar as vendas de cada uma das empresas alcançou RM=4,7, indicando que é de fundamental importância para o APL adotar uma marca coletiva para designar seus produtos. Quanto ao apoio ou disposição para o desenvolvimento de uma marca coletiva, obteve-se o RM=4,8 que demonstra o interesse do empresariado local em utilizar esta estratégia para o fortalecimento do APL, uma vez que a marca coletiva permite designar uma determinada zona produtiva e caracterizá-la por particularidades nela existentes, como por exemplo, a qualidade e criatividade da mão-de-obra nos crochês e bordados. A questão 9 investigou se os gestores consideram importante a realização do registro da marca coletiva do APL. Neste aspecto, foi alcançado o RM=3,8 que indica média possibilidade de desenvolvimento da ação. Também foi pesquisado se os gestores concordariam em contribuir para o custeio do registro da marca coletiva junto ao INPI, uma vez que uma associação de produtores pode vir a requerer a proteção legal da marca. A este respeito, o RM=3,8 que é caracterizado como de média potencialidade, se justifica pelo fato de nem todos os gestores possuírem registro de suas marcas individuais, e também por não conhecerem o principal benefício da utilização tanto da marca coletiva como da proteção legal que a mesma pode usufruir. Cabe considerar que o APL de Malhas de Imbituva possui uma marca coletiva que é denominada IMBITUMALHAS, mas que não a utiliza fortemente em suas ações. 142 Tabela 12 - Potencialidade para o desenvolvimento de uma marca coletiva e de um selo de qualidade de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva FREQUÊNCIA DE CASOS QUESTÕES RM 1 2 3 4 5 7 Acredita que uma marca coletiva para o APL contribuiria para alavancar as vendas das empresas participantes? 1 0 1 0 15 4,7 8 Apoiaria o desenvolvimento de uma marca coletiva para promover os produtos do APL? 1 0 0 0 16 4,8 9 Acredita que seria importante realizar o registro da marca coletiva do APL? 2 0 5 2 8 3,8 10 Concordaria em contribuir para custear para o registro da marca coletiva do APL? 2 0 5 2 8 3,8 11 Acredita que a criação de um selo de qualidade contribuiria para fortalecer a imagem da produção das empresas participantes do APL? 0 0 3 0 14 4,7 12 Concordaria com a criação de um selo de qualidade para os produtos do APL? 1 0 Fonte: Elaborado pela autora 1 1 14 4,6 Juntamente com a marca coletiva, buscou-se conhecer a possibilidade da utilização de um selo de qualidade que possa atestar a qualidade de produção das empresas do APL. Observou-se que com RM=4,7, os gestores acreditam que esta estratégia poderia contribuir para fortalecer a imagem da produção realizada pelas empresas do APL. A concordância do empresário quanto à criação deste selo também apresenta alta potencialidade com RM=4,6. 5.1.2.3 Bloco C Este bloco trata da realização da FEMAI mais de uma vez ao ano, da contratação de um representante para o APL e do desenvolvimento de um programa de fidelidade coletivo para as empresas. A tabela 12 apresenta nas questões 13 e 14, a visão dos gestores quanto ao fato da FEMAI ser realizada mais de uma vez ao ano. Neste aspecto, foi considerada a possibilidade da realização de outra feira, que seja realizada em período anterior a FEMAI e em formato de show-room, direcionada somente para vendas no atacado. 143 Tabela 13 - Potencialidade para a realização da FEMAI mais de uma vez ao ano, contratação de um representante e criação de um programa de fidelidade de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva FREQUÊNCIA DE CASOS QUESTÕES RM 1 2 3 4 5 13 Acredita que a FEMAI poderia ser realizada pelo APL em formato de show-room somente para vendas no atacado? 0 3 5 1 8 3,8 14 Apoiaria e participaria da FEMAI em formato de show-room? 0 3 3 0 11 4,1 15 Seria possível contratar um representante de forma cooperada com as empresas do APL? 5 1 1 1 9 3,4 16 Apoiaria a contratação de um representante do APL para visitar e desenvolver relacionamento com alguns de seus clientes? 5 1 1 0 10 3,5 17 Seria possível criar um programa de fidelidade coletivo para as empresas do APL? 4 0 2 2 9 3,7 2 0 11 3,8 18 Sua empresa participaria do programa de 4 0 fidelidade coletivo? Fonte: Elaborado pela autora A pesquisa buscou conhecer o interesse dos gestores em possuir um representante que atue em nome do APL e que faça visitas aos clientes em período estabelecido, para que todas as empresas possam ser divulgadas. Neste item, apresentado nas questões 15 e 16, constata-se que quanto à possibilidade de contratar um representante para o APL alcançou-se o RM=3,7, e o apoio a contratação deste representante, obteve-se o RM=3,8, ambos considerados como de média potencialidade para a aplicação desta ferramenta. Quanto à possibilidade da criação de um programa de fidelidade coletivo que estimule os clientes a realizarem maior volume de compras mediante a obtenção de descontos financeiros ou do acúmulo de pontos para a troca por outros produtos nas lojas do APL, obteve-se o RM=3,6 que indica média potencialidade para a ferramenta. Quanto à participação das empresas na utilização do programa de fidelidade de forma cooperada, o RM foi similar, sendo RM=3,7. Cabe salientar que esta ferramenta é muito utilizada no varejo, mas que também pode ser adaptada para as vendas realizadas no atacado como forma de estimular a frequência e o volume de compras dos clientes, principalmente para produtos de caráter sazonal. 144 5.1.2.4 Bloco D O bloco D trata da utilização de propaganda e do e-mail marketing de forma cooperada no APL que é demonstrada na tabela 13. As questões 19 e 20 correspondem às formas de propaganda já realizadas de forma cooperada pelas empresas. Tabela 14 - Potencialidade para a realização de formas de propaganda, confecção de folders e de catálogos de produtos, e-mail marketing de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva FREQUÊNCIA DE CASOS QUESTÕES RM 1 2 3 4 5 19 As formas de propaganda (tv, rádio, outdoor, revista) podem ser realizadas de forma cooperada entre as empresas do APL? 0 0 0 0 17 5,0 20 A sua empresa participaria de forma cooperada das formas de propaganda mencionadas na questão anterior? 0 0 0 0 17 5,0 21 A confecção de folders e de catálogos de produtos gera muitas indicações de venda? 0 0 2 0 15 4,8 22 Participaria da confecção cooperada de outros catálogos de produtos realizada pelo APL? 0 0 1 0 16 4,9 23 Seria possível o APL disseminar e-mails para um cadastro de clientes para divulgar suas empresas, eventos e ações desenvolvidas? 0 0 1 3 13 4,7 24 Apoiaria o APL quanto ao envio de e-mails para o seu cadastro de clientes? 0 0 1 1 15 4,8 Fonte: Elaborado pela autora Neste aspecto, observa-se que o RM de ambas as questões é igual a 5, indicando alta potencialidade, uma vez que a estratégia já é utilizada coletivamente pelas empresas. No entanto, cabe considerar que a propaganda somente é utilizada no período antecedente a realização da FEMAI, com o intuito de divulgar a feira para a região. O APL realiza inserção na televisão e rádio a nível estadual, e outdoors que são fixados em diversos pontos do estado do Paraná. Outra forma de propaganda investigada refere-se ao uso de folders e catálogos dos produtos para divulgar a produção de cada empresa do APL. Neste item, constatou-se que a utilização de folders e de catálogos contribui fortemente para gerar indicações de vendas, com o alcance de RM=4,8. 145 Há dois anos, o APL confecciona um catálogo de produtos nomeado de “Roteiro da Moda”, no qual todas as empresas participam divulgando suas malhas através de fotos elaboradas, que são realizadas com o auxílio de uma agência de propaganda. Este catálogo é realizado anualmente e sua distribuição ocorre por meio dos representantes, envio por mala-direta no caso das empresas que não possuem representantes, na FEMAI e em alguns pontos comerciais de outras cidades próximas a Imbituva. A questão 22 abordou o interesse dos gestores em participar de outros catálogos de forma cooperada para divulgar seus produtos e obteve RM=4,9, o que demonstra alta potencialidade para a aplicação desta ferramenta. Neste bloco, também se investigou a possibilidade do APL estabelecer contato com os clientes das empresas por meio de e-mail marketing, com o intuito de informá-los sobre novidades do setor têxtil, sobre os produtos confeccionados em Imbituva e sobre as ações desenvolvidas pelo APL, que apresentou o RM=4,7. Já na observância do interesse do empresário em apoiar tal prática, obteve-se o RM=4,8 que indica alta potencialidade para a adoção da ferramenta, uma vez que não tem custo e permite que o APL seja constantemente lembrado pelo cliente que recebe o e-mail. 5.1.2.5 Bloco E Este bloco trata do trabalho de relações públicas (RP) e da prática do marketing de lugares para divulgar o APL conforme demonstrado na tabela 14. Tabela 15 - Potencialidade para o trabalho de relações públicas, marketing de lugares, cursos de gestão de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva FREQUÊNCIA DE CASOS QUESTÕES RM 1 2 3 4 5 25 Seria possível desenvolver um trabalho de relações públicas (RP) para divulgar o APL? 1 0 2 2 12 4,4 26 Apoiaria a contratação de um profissional de RP para divulgar o APL? 1 0 2 0 14 4,5 27 Seria possível o poder público municipal auxiliar mais fortemente na divulgação do APL? 0 0 1 0 16 4,9 28 Acredita que o comércio local seria mais valorizado com uma melhor divulgação do APL? 0 1 0 15 4,6 1 Fonte: Elaborado pela autora 146 A possibilidade para aplicar a estratégia obteve RM=4,4, sendo que a adesão dos gestores em apoiar a contratação de um RP obteve RM=4,5. Desta forma, pode-se afirmar que existe alta potencialidade para que o APL contrate um RP para auxiliar na divulgação de suas ações, assim como para angariar oportunidades nas quais o APL possa virar notícia no estado do Paraná e em outros estados. No que se refere ao desenvolvimento do marketing de lugares, primeiramente foi verificada a visão dos gestores quanto à possibilidade do poder público municipal auxiliar mais fortemente para divulgar as atividades do APL. Este item alcançou RM=4,9, pois a maioria dos gestores acredita que o poder público municipal poderia auxiliar mais fortemente na divulgação do APL, pois o auxílio restringe-se a realização da FEMAI. Já quanto ao fato dos gestores acreditarem que o comércio local (supermercados, farmácias, lojas, postos de combustível, serviços, entre outras atividades) poderia ser mais valorizado com uma melhor divulgação do APL por parte do poder público municipal, encontrou-se RM=4,6, que demonstra uma expectativa do empresariado em torno da atuação do município para o fortalecimento das empresas do APL. 5.1.2.6 Bloco F Este bloco buscou a opinião dos empresários no que se refere aos benefícios proporcionados por integrar o APL, ao fato de serem dedicados a cooperar para competir com as demais empresas integrantes, e se apoiariam e participariam da realização de cursos para estimular a cooperação para a competição conforme demonstrado na tabela 15. A questão 29 analisa se as empresas investigadas são beneficiadas por integrarem o APL, na qual se encontrou o RM=4,7, que indica que a maioria dos gestores se considera beneficiado por fazer parte do APL. Os principais benefícios citados na pesquisa foram os seguintes: qualificação da mão-de-obra através dos cursos disponibilizados; consultoria do SEBRAE para a formação do preço de venda e elaboração dos modelos por intermédio dos estilistas; troca de informações; possibilidade de realizar compras conjuntas e desenvolvimento de ações de marketing; financiamento de 147 equipamentos; interação e cooperação entre os empresários; linhas de crédito especiais. Tabela 16 - Potencialidade para a realização de cursos de gestão de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva FREQUÊNCIA DE CASOS QUESTÕES RM 1 2 3 4 5 29 A sua empresa é beneficiada por integrar o APL? 30 Os empresários que compõem o APL são dedicados a cooperar para competir com as demais empresas? 31 1 0 0 1 15 4,7 2 1 5 5 4 3,5 Apoiaria e participaria da realização de cursos para estimular os empresários a cooperarem mais 0 0 uns com os outros? Fonte: Elaborado pela autora 1 0 16 4,9 Quanto ao fato dos empresários serem dedicados a cooperar para competir com as demais empresas do APL conforme demonstra a questão 30, a pesquisa obteve o RM=3,5, o qual demonstra que não são todos os gestores que cooperam para o desenvolvimento do APL, colocando seus interesses individuais à frente dos interesses coletivos. Por fim, este bloco investigou se os gestores apoiariam e participariam da realização de cursos para estimular os empresários a cooperarem mais uns com os outros, exatamente para fortalecer o conceito de gestão cooperada. Neste item, obteve-se o RM=4,9, que indica a alta potencialidade para a aplicação desta estratégia. 5.1.3 Governança do APL de Malhas de Imbituva O APL de Malhas de Imbituva iniciou suas atividades em novembro de 2004 e a coordenação atual exerce a liderança desde o ano de 2007. Neste período, importantes ações foram planejadas e desenvolvidas com o apoio do empresariado local e de entidades de apoio. Os agentes envolvidos neste sistema industrial são os seguintes: Associação de Malharias de Imbituva (IMBITUMALHAS) que é responsável pela organização da feira e também pelo fortalecimento das relações interempresariais entre os empresários; 148 Poder público municipal que cede as instalações para a realização da feira e auxilia na divulgação junto a Secretaria do Turismo; SEBRAE que contrata o SENAI com a finalidade de realizar cursos para a qualificação da mão-de-obra; Atualmente, o vínculo com institutos de ensino e pesquisa como a UEPG, que possui o curso de design de moda que pode auxiliar para o aprimoramento dos produtos do APL. A implantação do curso de Técnico em Vestuário no IFET da cidade de Irati também auxiliará futuramente para a formação de mão-de-obra especializada para o APL. Com base nas estratégias de comercialização de produtos (mix de marketing) e na inovação das empresas que integram o APL, o nível de competitividade existente entre elas, foi classificado pela governança como nível médio de competitividade, devido à existência de alguma diferenciação entre as estratégias individuais adotadas pelas empresas e também pelo fato da inovação estar presente nos produtos desenvolvidos. A principal fonte de informações do APL para acompanhar o desenvolvimento do seu setor produtivo é o Sindicato da Indústria Têxtil (SINDTÊXTIL) e o SEBRAE. As reuniões para a troca de informações entre os empresários e para a avaliação das ações do APL ocorrem de forma mensal. Uma das importantes ações desenvolvidas no ano de 2010 foi à implantação da Central de Negócios que representa a união entre as empresas participantes do APL com o intuito de prolongar o período de vendas da FEMAI para o público da região. Esta iniciativa permite que as empresas do APL realizem a exposição de seus produtos em calendário especial após a realização da FEMAI. Em 2010, a Central de Negócios ficou ativa durante 75 dias e para 2011, pretende-se ativá-la pelo período de 110 dias após a realização da FEMAI. Desta forma, o esforço coletivo das empresas contribui para o aumento das vendas e para a maior exposição dos produtos. Os treinamentos para os funcionários das empresas e os cursos de gestão para os empresários são promovidos pelo APL em parceria com o SEBRAE, órgão que também auxilia no desenvolvimento do planejamento de marketing anual do APL. No último planejamento anual de marketing realizado, o investimento inicial proposto pelo SEBRAE para a realização das ações estabelecidas foi de R$20.000,00. 149 Atualmente, o APL participa somente da FEMAI, mas, futuramente pretende atuar também na Paraná Business Collection - feira anual que acontece em Curitiba. No que se refere à marca coletiva estar associada “A Cidade das Malhas”, segundo a orientação do SEBRAE existe a necessidade de modificá-la para a “Capital Paranaense do Tricot”, uma vez que a palavra “malha” pode designar outro tipo de produto e, desta forma, ser associada erroneamente. Esta modificação deverá ocorrer no ano de 2011. O processo de revitalização da marca coletiva do APL também deve ocorrer por meio de um concurso a ser realizado nos colégios do município com o intuito de desenvolver o boneco e o slogan a ser utilizado pelo APL. O vencedor do concurso cederá o direito de uso do boneco e do slogan para o APL e em troca receberá uma premiação. Esta iniciativa pretende alcançar um maior reconhecimento da marca coletiva, pois atualmente as empresas do APL não divulgam e nem sequer fazem uso da mesma. Também tem o intuito de divulgar mais fortemente o nome do APL para a comunidade local, que atualmente não contribui para propagá-lo para outras pessoas e regiões. Entre as ações planejadas para 2011, também está a possibilidade da criação de um selo ou certificação de qualidade dos produtos das empresas do APL, com a finalidade de aferir valor e atestar a qualidade do produto para o mercado consumidor. O critério para que o selo seja concedido às empresas deverá ser o enquadramento de cada empresa a padronização dos produtos para a modelagem brasileira. Atualmente o APL possui um sítio eletrônico com informações atualizadas sobre o setor têxtil e sobre as empresas associadas. Neste sítio é realizada uma enquete para que os internautas demonstrem sua opinião sobre qual o meio de divulgação julgam mais interessante para divulgar a feira de malhas. As opções disponíveis na enquete são internet, tv, outdoor, cartaz e rádio. O resultado da enquete demonstra que 48,0% dos respondentes consideram a internet como o meio mais interessante de divulgação para a feira de malhas; 38,3% apontaram a televisão; 10,2% o outdoor; 2,6% citaram o cartaz e 0,9% o rádio3. 3 Informações disponíveis em http://www.apldemalhasdeimbituva.com.br 150 Esta enquete demonstra a importância que o APL atribui para a opinião dos clientes quanto às formas de propaganda que sejam mais eficazes para atingi-los. No entanto, o APL somente investe em formas de propaganda na época da FEMAI, mas pretende começar a investir com maior frequência após a criação do selo de qualidade. Quanto à participação e a frequência da governança em eventos locais e em outras cidades com o intuito de promover o APL, é possível relatar que isso ocorre com frequência, principalmente por intermédio do SESI da cidade de Irati. No entanto, a governança não participa de outras associações comerciais da região com a finalidade de estabelecer parcerias empresariais. Quanto se trata da utilização do trabalho de Relações Públicas (RP) para a divulgação do APL, constatou-se que no ano de 2009, por intermédio do SEBRAE, o APL foi notícia em uma reportagem do programa “Pequenas Empresas, Grandes Negócios” da Rede Globo, que foi uma grande oportunidade para divulgar as empresas em rede nacional. O poder público municipal construiu um portal na entrada da cidade, facilitando a visualização do acesso, o qual é útil principalmente no período da realização da FEMAI, em que a cidade recebe muitos visitantes. No entanto, o apoio municipal restringe-se à realização da feira local. Para a governança, os maiores benefícios que as empresas obtém por participar do APL de Malhas de Imbituva é o fato de desenvolverem novas parcerias com empresários e entidades, obterem maior cooperação e a desenvolverem o planejamento da coleção com o auxílio de profissionais de moda. 5.2 SÍNTESE DA ANÁLISE DOS RESULTADOS Na visão dos gestores do APL de Malhas de Imbituva, das oito (08) estratégias avaliadas neste estudo, 75% (06 estratégias) tem alta possibilidade de serem desenvolvidas de forma cooperada no APL, sendo as seguintes: SIM por meio da pesquisa de marketing; planejamento de marketing anual; marca coletiva e selo de qualidade; propaganda (televisão, rádio, outdoor, revista, folder, catálogo de produto e e-mail marketing); relações públicas e marketing de lugares conforme demonstrado na tabela 17. 151 Tabela 17 - Classificação das estratégias analisadas quanto à possibilidade da prática e potencialidade da aplicação no APL de Malhas de Imbituva 1 2 3 4 5 6 7 8 ESTRATÉGIAS RM POSSIBILIDADE RM POTENCIALIDADE SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MKT Pesquisa de Marketing 4,9 ALTA 4,9 ALTA 4,9 ALTA 5,0 ALTA 3,8 MÉDIA 4,0 ALTA 4,7 3,8 4,7 3,8 ALTA MÉDIA ALTA MÉDIA 4,8 3,8 4,6 4,1 ALTA MÉDIA ALTA ALTA PLANEJAMENTO DE MKT ANUAL Promoção de Vendas MARCA COLETIVA Registro da marca coletiva Selo de Qualidade FEIRAS SETORIAIS MKT DE RELACIONAMENTO Representação de vendas Programa de Fidelidade 3 3,4 3 MÉDIA 3,7 MÉDIA PROPAGANDA 5,0 ALTA Televisão, rádio, outdoor e revista 4,8 ALTA Folder e catálogo de produtos 4,7 ALTA E-mail marketing RELAÇÕES PÚBLICAS 4,4 ALTA MARKETING DE LUGARES 4,9 ALTA Fonte: Elaborado pela autora 3,5 MÉDIA 3,8 MÉDIA 5,0 ALTA 4,9 ALTA 4,8 ALTA 4,5 4,6 ALTA ALTA As ações referentes à promoção de vendas cooperada, registro da marca coletiva, realização da FEMAI em formato de show-room, representação de vendas coletiva e programa de fidelidade coletivo indicaram média possibilidade para os gestores. Cabe destacar que a promoção de vendas aparece neste item, pelo fato de alguns gestores não concordarem com a sua realização, preferindo manter estoque armazenado de um ano para o outro. Quanto à potencialidade para a aplicação cooperada das estratégias, constatou-se que 88% (07 estratégias) possuem alta potencialidade para o APL são as seguintes: o SIM por intermédio da pesquisa de marketing; o planejamento de marketing anual e a promoção de vendas; a marca coletiva e o selo de qualidade; as feiras setoriais, todas as formas de propaganda mencionadas; as relações públicas e o marketing de lugares. As ações de registro da marca coletiva e o marketing de relacionamento por meio da representação de vendas e do programa de fidelidade coletivo indicaram média potencialidade. Nestes itens específicos, foi possível constatar que pela 152 inexistência de uma marca coletiva expressiva do APL, os gestores não atribuem muita importância ao registro deste tipo de marca. A representação das vendas de forma coletiva apresentou-se como uma ação de média possibilidade e potencialidade. Na análise desta ação, cabe salientar que alguns dos gestores investigados, julgam desnecessária pelo fato de já possuírem representantes de vendas com uma carteira de clientes fixa. No que se refere ao programa de fidelidade coletivo, o resultado atingido foi de média possibilidade e potencialidade para a aplicação da ferramenta, pelo fato dos gestores não a considerarem adequada para o atacado. Observou-se que alguns gestores firmam parcerias com guias de excursões que trazem lojistas para a cidade. Estas empresas também concedem produtos em consignação para determinados clientes, que caso não realizem a venda, podem substituí-los por outros produtos, inclusive de novas coleções. No entanto, esta prática fornece incentivos que não são comuns a todas as empresas do APL, e pode ser considerada uma concorrência agressiva. Ainda na observância da tabela 17, constata-se que nenhuma das estratégias apresentadas no estudo foi considerada impraticável, ou seja, como sendo de baixa possibilidade de prática. Também nenhuma das estratégias foi classificada como sendo de baixa potencialidade do ponto de vista da disposição dos gestores para as aplicarem de forma cooperada. 153 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização desta pesquisa buscou contribuir de forma empírica para a área da Engenharia de Produção, promovendo a discussão acerca do estudo das estratégias do marketing de forma cooperada em Arranjos Produtivos Locais (APLs), com ênfase para a realidade das MPEs. O resultado desta pesquisa respondeu aos objetivos propostos e permitiu o apontamento de relevantes considerações. O delineamento do primeiro objetivo específico foi realizado inicialmente com base no estudo realizado por Saldanha (2009), que investigou estratégias de marketing para a realidade de APLs de fabricação de calçados. No entanto, a presente pesquisa buscou descrever estratégias de marketing que possam ser aplicadas em APLs de diferentes setores produtivos com características específicas, o que aumentou o viés da investigação. O objetivo em questão foi amparado em levantamento teórico acerca de cada estratégia proposta. Por meio da identificação das estratégias individuais praticadas pelas empresas do APL proposta como segundo objetivo específico deste estudo, foi possível analisar como os gestores norteiam suas decisões gerenciais e como desenvolvem as ações mercadológicas. Neste aspecto, evidenciou-se que as estratégias de marketing praticadas nas empresas investigadas é incipiente, pois a maioria ainda não realiza a tomada de decisão com base em registros anteriores sobre os clientes, e não planeja as ações, o que se torna essencial com as rápidas transformações do mercado. As estratégias de comercialização das empresas do APL direcionam-se em sua maioria para o atacado, e os contatos realizados com os clientes são restritos, ocorrendo na maioria das vezes somente na alta temporada de vendas. Deste modo, observou-se que as empresas não possuem uma cultura de gestão centrada no cliente, ou seja, na manutenção do relacionamento com o intuito de conquistar a fidelização de seus clientes. Cabe ressaltar que esta forma de gestão não é uma prática exclusiva do varejo e, sendo assim, pode ser desenvolvida com êxito no APL de Malhas de Imbituva, já que atualmente a minoria das empresas deste APL busca estabelecer contato posterior com o cliente para verificar seu nível de satisfação, aspecto que precisa ser revisto pelos gestores. A fabricação de um único produto de caráter sazonal limita a expansão das empresas e do APL, tornando-os dependentes da comercialização somente em um 154 período do ano. Considerando que o processo de fabricação da malha em tricot ocorre durante o ano todo, poderia ser adotada a extensão de uma linha de produtos para o verão como uma alternativa para as empresas, pois alguns gestores relataram essa preocupação durante o desenvolvimento da pesquisa. Quanto à marca coletiva, embora esta estratégia tenha alcançado alta potencialidade para desenvolver-se no APL, atualmente existe o fato dos clientes atacadistas exigirem que não ocorra a identificação do local de produção nas peças que irão adquirir para a posterior comercialização. Neste caso, é possível considerar que esta estratégia será aplicada com maior êxito em APLs que estejam distantes das praças de comercialização dos produtos, ou que almejem realizar uma estratégia de divulgação em regiões distantes do APL. Quanto à participação em feiras setoriais, observou-se que os gestores não realizam esforços para integrar-se a outras feiras que não seja a local, limitando-se aquele espaço geográfico. Assim, não compartilham da troca de informações com outras empresas e não usufruem da oportunidade de estabelecer contatos futuros que podem se transformar em parcerias de valor, o que se tornaria possível pela participação em feiras externas. Em resposta ao terceiro objetivo específico que analisou se os mecanismos de cooperação existentes no APL de Malhas de Imbituva causam impacto sobre as suas ações de marketing, determinados aspectos foram considerados. Primeiramente, constatou-se que são realizadas importantes ações coletivas, mas, no entanto, ainda não se desenvolveu uma estrutura de cooperação que permita a aquisição conjunta do principal insumo que é a lã. A alta variedade de uso deste insumo por parte das empresas representa uma complexidade que deve ser gerenciada pelo APL. Foi possível observar também que o APL investigado encontra-se atualmente no estágio inicial da cooperação produtiva, pois de acordo com Cassiolato e Lastres (2003b) busca por aprimoramento no desenvolvimento de produto mediante a parceria com o SEBRAE, o que vem possibilitando estabelecer importantes diretrizes de atuação como o planejamento estratégico anual do APL, o processo de revitalização da marca do APL e a assessoria na formação do preço de venda dos produtos que caracterizam importantes iniciativas de apoio a MPEs. Quanto à qualificação da mão-de-obra, a parceria realizada pelo APL com institutos de ensino e pesquisa de design de moda é de fundamental importância 155 para o aprimoramento dos produtos e modelagens, acompanhamento das tendências de malhas em tricot e desenvolvimento da criatividade das empresas. No que se refere à Central de Negócios, observou-se que é uma iniciativa necessária para prolongar o período de vendas das empresas do APL. No entanto, já que nos últimos anos a FEMAI promove um conflito entre os canais de atacado e varejo, pelo fato de atrair maior número de clientes varejistas do que atacadistas, a realização de uma feira em formato de show-room somente para atacadistas representa uma oportunidade para a solução deste conflito. É possível considerar que o nível de competitividade existente entre as empresas do APL de Malhas de Imbituva não impede que cooperem umas com as outras, mas, de forma limitada. Neste aspecto, observou-se que existem interesses individuais que se sobressaem aos interesses coletivos, atuando como limitadores de ações de marketing como as promoções e o trabalho de representação de vendas de forma cooperada. As promoções de venda individuais são realizadas pela maioria das empresas do APL, no entanto, a promoção de forma cooperada não se aplica pela discordância de alguns empresários em realizá-la. Neste aspecto, o papel da liderança do APL é determinante para a administração de conflitos e para o alcance de metas coletivas. Quanto à dedicação dos empresários a cooperar para competir uns com os outros, observou-se que ainda é incipiente. Neste aspecto, se torna necessário a realização de cursos de gestão que possam prepará-los para o melhor exercício da cooperação interempresarial, já que nenhum dos gestores investigados possui formação superior completa. As parcerias empresariais com associações comerciais de outras cidades precisam se desenvolver por intermédio da governança com o intuito de divulgar o APL para a região do Paraná, e também para angariar apoio externo para as ações do APL. A análise realizada para o cumprimento do quarto objetivo específico proposto nesta pesquisa, descreveu as características específicas existentes em APLs de diferentes setores produtivos, as quais possibilitam a aplicação mais eficaz das estratégias de marketing. Este objetivo amparou-se na observação nãoparticipante acerca de cada estratégia investigada no APL de Malhas de Imbituva, 156 considerando a sua forma de aplicação neste APL e a visão dos gestores quanto à utilização da mesma. Os dois últimos objetivos específicos propostos nesta pesquisa evidenciaram que todas as estratégias analisadas demonstraram bom nível de disposição do empresariado local para a aplicação de forma cooperada, o que indica que existe o interesse futuro pelo desenvolvimento destas estratégias. Cabe considerar que o RM máximo atingido no estudo refere-se às ações que já são compartilhadas no APL, ou seja, o planejamento estratégico anual que inclui algumas ações de marketing e as formas de propaganda (televisão, rádio, outdoor e revista) que são realizadas por ocasião da FEMAI. Já o RM mínimo alcançado foi para a representação de vendas cooperada, que é uma alternativa para as empresas que não possuem um representante individual para divulgar os seus produtos. Mas, esta ferramenta somente será aplicada com êxito se houver um menor nível de competição que o atual entre as empresas do APL de Malhas de Imbituva. Desta forma, a realização da pesquisa constatou que o potencial de desenvolvimento de estratégias de marketing praticadas (ou possíveis de serem praticadas) individualmente por empresas é dependente dos mecanismos de cooperação e do nível de competição existentes nos APLs e, principalmente, da disposição dos gestores das empresas que o integram. Assim, com a finalização da pesquisa, concluiu-se que as lideranças empresariais do APL de Malhas de Imbituva precisam coordenar mais acertadamente seus esforços estratégicos e mercadológicos para impulsionar a competitividade deste APL no seu setor produtivo. Para isso, será necessário um trabalho para elevar o nível de cooperação e para diminuir o nível de competição entre os seus atores, o que pode ocorrer por meio do fortalecimento da integração interna entre os grupos de trabalho e pela integração externa com outros agentes. 6.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA Esta dissertação de mestrado apresenta três limitações que devem ser consideradas. A primeira delas é o fato da pesquisa se amparar somente na opinião dos gestores entrevistados para indicar a possibilidade ou a potencialidade 157 (disposição dos gestores) para a aplicação das estratégias de marketing propostas. Deste modo, a aplicação de cada estratégia está condicionada à vontade dos gestores do APL de Malhas de Imbituva para adotá-la de forma cooperada. A segunda limitação considera que embora o estudo discuta a aplicação das estratégias para APLs de setores produtivos distintos com características específicas, a análise realizada retrata apenas a realidade do APL de Malhas de Imbituva, não apresentando resultados que correspondam à possibilidade ou a potencialidade para a aplicação das estratégias de marketing em outros APLs. A terceira limitação refere-se à impossibilidade de avaliar as estratégias Indicação Geográfica e Marketing Verde no APL de Malhas de Imbituva, pelo fato de não serem aplicáveis a este setor produtivo. 6.2 SUGESTÕES PARA INVESTIGAÇÕES FUTURAS a) Investigar como conflitos de canais de distribuição podem interferir na eficácia do desenvolvimento de estratégias de marketing em APLs; b) Avaliar que elementos determinam a construção de uma marca coletiva em APLs; c) Analisar o relacionamento e a articulação entre empresas, clientes e fornecedores como estratégia de marketing para APLs; d) Analisar a estratégia de crescimento do produto do APL de Malhas de Imbituva no mercado; e) Aplicar a análise deste estudo em outro APL, visando comparar os escores alcançados. 158 REFERÊNCIAS AAKER, D. A. O ABC do valor da marca. HSM Management, v. 6, n. 31, p. 93-96, mar./abr. 2002. AAKER, D. A. Marcas: brand equity gerenciando o valor da marca. São Paulo: Negócio, 1998. ABIC. 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Qual o papel exercido por cada um dos agentes nas atividades do APL? _________________________________________________________________________ 4. Considerando as estratégias de comercialização de produtos (mix de marketing) e a inovação das empresas que integram o APL, como avalia o nível de competitividade existente entre elas? ( ) Baixo, pouca diferenciação das estratégias e inovação dos produtos ( ) Médio, existe alguma diferenciação das estratégias e inovação dos produtos ( ) Alto, muita diferenciação das estratégias e inovação dos produtos 5. Qual a principal fonte de informações do APL para acompanhar o desenvolvimento do seu setor produtivo? ________________________________________________________ 6. Com que frequência o APL realiza as reuniões para a troca de informações entre as empresas participantes? _________________________________________________________________________ 7. O APL realiza ou promove algum tipo de treinamento para a qualificação da mão-de-obra das empresas que o integram? ________________________________________________ ( ) Sim Qual(is)? _________________________________________________________ ( ) Não Por que não? _____________________________________________________ Como é definido o treinamento a ser realizado?_______________________________ 8. O APL realiza ou já realizou algum curso para os empresários no sentido de desenvolver uma competição de forma mais cooperada (cooperar para competir)? ( ) Sim Qual(is)? _________________________________________________________ ( ) Não Por que não? _____________________________________________________ 9. O APL desenvolve planejamento de marketing anual para definir suas ações? ( ) Sim Quem é o responsável? _____________________________________________ ( ) Não Como é desenvolvido? Que ações? ___________________________________ 10. O APL organiza e participa de outra feira (sem ser a FEMAI)? ( ) Sim Com que frequência? _____________________________________________ ( ) Não Por que não? ____________________________________________________ 168 11. Existe a possibilidade do APL realizar a FEMAI mais de uma vez ao ano? ( ) Sim ( ) Não Por que não? ____________________________________________________ 12. O APL possui marca coletiva? ( ) Sim Qual é? _________________________________________________________ ( ) Não Por que não? ____________________________________________________ 13. A marca coletiva é utilizada e divulgada por todas as empresas participantes do APL? ( ) Sim ( ) Não Por que não? ____________________________________________________ 14. O APL possui algum selo ou certificação de qualidade de seus produtos? ( ) Sim Como funciona? _________________________________________________ ( ) Não Por que não? ___________________________________________________ Se não, pretendem criá-lo? ______________________________________________ 15. O APL investe em propaganda para divulgar suas empresas (sem ser na época da FEMAI)? ( ) Sim Qual(is)? Assinalar abaixo ( ) Não Por que não? ___________________________________________________ ( ) Revista Setorial ( ) Televisão ( ) Rádio ( ) Outdoor 16. O APL possui home-page? ( ) Sim ( ) Não Por que não? _____________________________________________________ 17. Participa com frequência de eventos (na cidade e fora dela) com o intuito de promover o APL? ( ) Sim, com muita frequência Qual(is) evento(s)? ______________________________ ( ) Sim, mas não com tanta frequência ( ) Não participo Por que não?_____________________________________________ 18. O APL utiliza de relações públicas/assessoria de imprensa para divulgar o APL? ( ) Sim ( ) Não Por que não? ____________________________________________________ 19. Existe investimento do poder público municipal para promover o APL? ( ) Sim Qual(is)? _______________________________________________________ ( ) Não Por que não? ___________________________________________________ 20. O APL desenvolve alguma iniciativa (parceria com instituto de pesquisa, centro de ensino) para que as empresas aprimorem seu(s) produto(s) ou processo(s)? ( ) Sim Qual(is)? _______________________________________________________ ( ) Não Existe algum entrave? ____________________________________________ 21. Na sua opinião, qual o maior benefício que o APL propicia para as empresas participantes? _________________________________________________________________________ 169 APÊNDICE B - Entrevista semi-estruturada aplicada aos gestores sobre a utilização de estratégias de marketing de forma individual nas empresas do APL de Malhas de Imbituva 170 UNIVERSIDADE FEDERAL TECNOLÓGICA DO PARANÁ MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ENTREVISTA APLICADA AOS GESTORES SOBRE A UTILIZAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE MARKETING DE FORMA INDIVIDUAL NAS EMPRESAS DO APL DE MALHAS DE IMBITUVA DADOS DO RESPONDENTE Nome _____________________________________________________________________ Função ___________________________________________________________________ Escolaridade ______________________________________________________________ Tempo de atuação da empresa no mercado _______________________________________ CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA 1. Porte da empresa segundo a classificação do SEBRAE: ( ) Micro-empresa: 19 pessoas empregadas na indústria; _________________________ ( ) Pequeno porte: 99 pessoas empregadas na indústria; __________________________ ( ) Médio porte: 499 pessoas empregadas na indústria. ___________________________ 2. Principal atividade (produção) ________________________________________________ 3. Qual a capacidade produtiva mensal? _________________________________________ 4. Canais de distribuição ( ) Atacado _____% ( ) Varejo _____% MECANISMOS DE COOPERAÇÃO 5. A empresa tem conhecimento sobre o que o APL representa e sobre quais atividades desenvolve? ( ) Sim Qual(is)?_______________________________________________________ ( ) Não 6. A empresa compartilha atividades com as outras empresas do APL? ( ) Sim Há quanto tempo? _______________________________________________ ( ) Não Por que não? ___________________________________________________ 7. Se respondeu SIM na questão anterior, assinale que atividades são compartilhadas com as outras empresas do APL. Pode assinalar mais de uma opção. ( ) Compra de matérias-primas ( ) Obtenção de financiamento para aquisição de equipamentos ( ) Treinamento e capacitação de mão-de-obra ( ) Desenvolvimento de novos produtos e processos ( ) Compartilhamento de equipamentos ( ) Transporte de insumos e produto acabado ( ) Troca de informações sobre o setor ( ) Outro(s) ______________________________________________________________ 8. Qual(is) a(s) principal(is) vantagem(s) associada(s) ao compartilhamento dessas atividades? ( ) Redução de custos ( ) Aquisição de know-how de mercado ( ) Melhoria da qualidade do produto ( ) Outro(s) ______________________________________________________________ 171 9. Das atividades não compartilhadas atualmente, existe alguma(s) que poderiam passar a ser realizada(s) de forma cooperada com outras empresas do APL? Por que motivo a(s) atividade(s) não é/são compartilhada(s) atualmente? __________________________________________________________________________ 10. Externamente às reuniões e eventos do APL, ocorre a interação entre os empresários locais? ( ) Sempre ( ) Frequentemente ( ) Às vezes ( ) Raramente ( ) Nunca ESTRATÉGIAS DE MARKETING INDIVIDUAL 11. Quem desenvolve as atividades de marketing da empresa? __________________________________________________________________________ Sistema de Informação de Marketing 12. A empresa armazena e organiza seus dados internos referentes aos históricos de vendas, vendas por vendedor, vendas por cliente e por região para futuras decisões de marketing? ( ) Sim Esses dados são analisados? ____Com que frequência?__________________ ( ) Não Por que não? ____________________________________________________ 13. Por qual(is) fonte(s) obtém conhecimento dos produtos de seu setor? __________________________________________________________________________ 14. A empresa já realizou pesquisa de marketing? ( ) Sim Quantas vezes? __________________________________________________ ( ) Não Por que não? ___________________________________________________ Se respondeu NÃO pule para a questão 18. 15. Se respondeu SIM na questão anterior, a pesquisa de marketing foi desenvolvida: ( ) Por empresa especializada ( ) Pela própria empresa e formulada por seu(s) gestor(es) ( ) Pela própria empresa e formulada por funcionário(s) ( ) Outra ________________________________________________________________ 16. Que informações foram coletadas na pesquisa de marketing realizada? Pode assinalar mais de uma opção. ( ) Opinião sobre modelos novos ( ) Qualidade de um produto já comercializado pela empresa ( ) Grau de interesse em produtos específicos, cores ou tamanhos ( ) Outra(s) ______________________________________________________________ 17. Qual a periodicidade para a realização de uma pesquisa de marketing na empresa? ( ) Bimestralmente ( ) Trimestralmente ( ) Semestralmente ( ) Somente na ocasião do lançamento de um novo produto ( ) Outra ________________________________________________________________ 172 Planejamento de Marketing 18. A empresa realiza planejamento de marketing anual para o desenvolvimento de suas atividades? ( ) Sim Quem é responsável? _____________________________________________ ( ) Não Por que não? ___________________________________________________ 19. O plano de marketing é revisado quando necessário? ( ) Sim Em que aspectos? _______________________________________________ ( ) Não Por que não? ___________________________________________________ 20. O portfólio da empresa possui quantos modelos de produtos? _____________________ 21. Qual o principal público-alvo que a empresa atinge atualmente? ( ) Mulheres ____% ( ) Homens ____% ( ) Crianças ____% 22. Possui representantes? ( ) Sim Em que região(s) atua? ___________________________________________ ( ) Não 23. A empresa realiza algum tipo de promoção para incentivar a venda de seus produtos? ( ) Sim Qual(is) e com que frequência? _____________________________________ ( ) Não Por que não? ___________________________________________________ 24. Como é determinado o preço de venda do produto? ( ) O preço é baseado nos custos de produção do produto; ( ) O preço baseia-se no preço da concorrência; ( ) O preço varia conforme o local de comercialização (considerando custos de transporte, impostos, etc); ( ) Outro(s) Qual(is)?______________________________________________________ Marca Empresarial 25. Qual a marca comercial utilizada pela empresa? ________________________________ 26. A marca possui registro junto ao INPI? ( ) Sim Classificação da marca? ( )Nominal ( )Figurativa ( )Mista ( )Tridimensional ( ) Não Por que não? _____________________________________________________ 27. Qual o principal diferencial da marca de seu(s) produto(s) em relação aos principais concorrentes? ( ) Qualidade ( ) Preço ( ) Variedade ( ) Todas as alternativas ( ) Outra(s) Qual(is)? _____________________________________________________ 28. O diferencial da marca é reconhecido nas regiões em que o produto está presente? ( ) Sim Por que acha que sim? __________________________________________ ( ) Não Feiras Setoriais 29. A empresa promove algum evento interno para clientes atacadistas ou varejistas conhecerem seu(s) produto(s)? 173 ( ( ) Sim ) Não Com que frequência? ______________________________________________ 30. A empresa participa de feiras setoriais? ( ) Sim Há quanto tempo?______ Com que frequência? _________________________ ( ) Não Por que não? ____________________________________________________ 31. De que feiras a empresa participa? ( ) Feira local ou regional Qual(is)? _________________________________________ ( ) Feira nacional __________________________________________________________ ( ) Feira internacional no Brasil Qual(is)? ______________________________________ ( ) Feira internacional no exterior Qual(is)? _____________________________________ 32. Quais as principais vantagens que a empresa tem ao participar das feiras setoriais? Pode assinalar mais de uma opção. ( ) Alavancagem das vendas dos produtos ( ) Divulgação do APL ( ) Divulgação dos produtos da empresa para o mercado nacional ( ) Prospecção de novos clientes ( ) Relacionamento com clientes e fornecedores ( ) Outra(s) ______________________________________________________________ 33. Na última feira em que participou, a empresa obteve os resultados de venda esperados? ( ) Sim Percentual de vendas em relação ao produzido __________________________ ( ) Não Marketing de Relacionamento 34. A empresa realiza algum contato com o cliente após a realização da compra? ( ) Sim Qual(is)? _________________________________________________________ ( ) Não Por que não? _____________________________________________________ 35. A empresa desenvolve alguma ação específica para os clientes-chave? ( ) Sim Qual(is)?_________________________________________________________ ( ) Não Por que não? _____________________________________________________ 36. A empresa possui algum tipo de parceria com seus fornecedores (para ofertar melhores produtos e preços mais competitivos aos seus clientes)? Como ocorre a parceria? ( ) Sim Qual(is)?_________________________________________________________ ( ) Não __________________________________________________________________ Propaganda 37. Qual(is) a(s) forma(s) individual(s) de propaganda(s) realizada(s) pela empresa e o percentual (%) de investimento em cada uma? Quem define os investimentos e como define? ( ) Revista Setorial % Investimento ____________________________________ ( ) Outdoor % Investimento ____________________________________ ( ) Inserção na tv estadual % Investimento ____________________________________ ( ) Rádio (spot) % Investimento ____________________________________ 38. Na sua opinião, qual forma de propaganda que mais impacta e atrai os consumidores para a sua empresa? ( ) Revista Setorial ( ) Outdoor ( ) TV Estadual ( ) Rádio 174 39. Que ferramentas de marketing direto a empresa utiliza? Pode assinalar mais de uma opção. ( ) E-mail informativo para clientes sobre promoções ou lançamentos de produtos; ( ) E-mail informativo para clientes sobre produtos e/ou datas de eventos; ( ) Mala-direta/folder para informar sobre os produtos e/ou datas de eventos; ( ) Distribuição de catálogo de produtos; Para quem? ___________________________ ( ) Outra(s) ______________________________________________________________ 40. A empresa possui home-page? ( ) Sim Está atualizada? _________________________________________________ ( ) Não Por que não? ___________________________________________________ 41. A home-page é atualizada com que frequência? ( ) Mensalmente ( ) Bimestralmente ( ) Anualmente ( ) Sempre que necessário ( ) Outra ________________________________________________________________ 42. A empresa realiza vendas através da home-page? ( ) Sim Qual o % de vendas? ______________________________________________ ( ) Não Por que não? ____________________________________________________ 43. A home-page gera que percentual em indicações de venda? ______________________ __________________________________________________________________________ Relações Públicas 44. A empresa patrocina algum tipo de evento? ( ) Sim Qual(is)? ________________________________________________________ ( ) Não Por que não? ____________________________________________________ 45. A empresa utiliza relações públicas para a divulgação de suas atividades? ( ) Sim Principal(is) benefício(s)?____________________________________________ ( ) Não Por que não? _____________________________________________________ Marketing de Lugares 46. A empresa associa a “Imbituva: Cidade das Malhas” à qualidade do(s) seu(s) produto(s)? ( ) Sim ( ) Não Por que não? ____________________________________________________ 47. Acredita que a marca de sua empresa pode ser mais valorizada se for associada ao seu local de produção? ( ) Sim ( ) Não Por que não? ____________________________________________________ 48. O poder público municipal promove alguma atividade turística com a finalidade de atrair visitantes para o comércio local? ( ) Sim Qual(is)?_________________________________________________________ ( ) Não 175 49. Se respondeu SIM na questão anterior, a atividade turística existente na cidade contribui para o aumento das vendas dos produtos do APL? ( ) Sim ( ) Não Denominação de Origem 50. Existem etapas artesanais do seu processo produtivo? ( ) Sim Qual(is) e como se realiza?________________________________________ ( ) Não 51. Tem conhecimento sobre a denominação de origem como instrumento para a valorização de produtos agrícolas ou com etapas artesanais em APLs? ( ) Sim, tenho muito conhecimento sobre o assunto ( ) Sim, mas tenho pouco conhecimento sobre o assunto ( ) Não tenho nenhum conhecimento sobre o assunto Marketing Verde 52. A empresa desenvolve alguma ação quanto à destinação correta dos resíduos do seu processo produtivo? ( ) Sim Qual(is)?_________________________________________________________ ( ) Não Por que não? _____________________________________________________ 53. Se respondeu SIM na questão anterior, esta ação é divulgada pela empresa? ( ) Sim Em qual(is)?_ _____________________________________________________ ( ) Não Por que não? _____________________________________________________ 54. A empresa se preocupa em adquirir matérias-primas que sejam ambientalmente corretas? ( ) Sim ( ) Não Por que não? _____________________________________________________ 176 APÊNDICE C - Entrevista estruturada aplicada aos gestores sobre a possibilidade e disposição para a aplicação de estratégias de marketing de forma cooperada no APL de Malhas de Imbituva 177 UNIVERSIDADE FEDERAL TECNOLÓGICA DO PARANÁ MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ENTREVISTA APLICADA AOS GESTORES SOBRE A POSSIBILIDADE E DISPOSIÇÃO PARA A APLICAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE MARKETING DE FORMA COOPERADA NO APL DE MALHAS DE IMBITUVA 5=Seguramente sim; 4=Provavelmente sim; 3=Não tenho certeza; 2=Provavelmente não; 1=Certamente não QUESTÕES Existe a possibilidade do APL realizar pesquisa de marketing de forma cooperada? Concordaria com a realização de pesquisa de marketing cooperada? Existe a possibilidade do APL realizar um planejamento de marketing anual de forma cooperada para as empresas participantes? Sua empresa participaria do planejamento de marketing anual realizado pelo APL? Existe a possibilidade de realizar a promoção de vendas (sazonais) de produtos das empresas do APL de forma cooperada? Concordaria em realizar a promoção de vendas (sazonais) dos produtos da sua empresa em determinado período de forma cooperada? Acredita que uma marca coletiva para o APL contribuiria para alavancar as vendas das empresas participantes do APL? Apoiaria o desenvolvimento de uma marca coletiva para promover os produtos do APL? Concordaria em contribuir para custear para o registro da marca coletiva do APL? Acredita que a criação de um selo de qualidade contribuiria para fortalecer a imagem da produção das empresas participantes do APL? Concordaria com a criação de um selo de qualidade para os produtos do APL? Acredita que a FEMAI poderia ser realizada pelo APL em formato de showroom somente para vendas no atacado? Apoiaria e participaria da FEMAI em formato de show-room? Seria possível contratar um representante de forma cooperada com as empresas do APL? Apoiaria a contratação de um representante do APL para visitar e desenvolver o relacionamento com alguns de seus clientes? Seria possível criar um programa de fidelidade coletivo para as empresas do APL? Sua empresa participaria do programa de fidelidade coletivo? As formas de propaganda (tv, rádio, outdoor, revista) poderiam ser realizadas de forma cooperada entre as empresas do APL? 1 2 3 4 5 178 A sua empresa teria interesse em participar de forma cooperada das formas de propaganda mencionadas na questão anterior? A confecção de folders e de catálogos de produtos gera muitas indicações de venda? Participaria da confecção cooperada de outros catálogos de produtos realizada pelo APL? Seria possível o APL disseminar e-mails para um cadastro de clientes para divulgar suas empresas, eventos e ações desenvolvidas? Apoiaria o APL quanto ao envio de e-mails para o seu cadastro de clientes? Seria possível de desenvolver um trabalho de relações públicas para divulgar o APL? Apoiaria a contratação de um profissional de relações públicas para divulgar o APL? Acredita que o poder público municipal poderia auxiliar mais na promoção do APL? Acredita que o comércio local da cidade seria mais valorizado com uma melhor divulgação do APL? A sua empresa é beneficiada por integrar o APL? Os empresários que compõem o APL são dedicados a cooperar para competir com as demais empresas? Apoiaria e participaria da realização de cursos para estimular os empresários a cooperarem mais uns com os outros? Apoiaria e participaria da realização de mais eventos sociais pelo APL para promover a interação entre os empresários locais? Acredita que o instrumento de denominação de origem poderia ser implantado no APL? Apoiaria a implantação da denominação de origem como instrumento para a valorização de produtos do APL? Acredita que a preocupação quanto aos resíduos dos produtos fabricados no APL seria uma forma de valorizá-los no mercado? Concordaria em criar um selo verde para os produtos do APL?