A relação entre o médico e os portadores de doenças crônicas é

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Projeto de Comunicação da Política
Nacional de Humanização
A relação entre o médico e os portadores de doenças
crônicas é tema de debate na Rede Humaniza SUS
Novo dispositivo da Rede Humaniza SUS, os webinários são
debates virtuais que mobilizam profissionais e usuários do
SUS em questões de saúde e comportamento.
Como é a dinâmica entre o médico e a pessoa que convive
com uma doença crônica?
Que tipo de relação se
estabelece entre eles? Esse é o mote do mais recente
webinário -- O saber em saúde e o cuidado de si: tudo o
que você queria saber e não sabia que já sabia. O debate
virtual é produzido por iniciativa da Política Nacional de
Humanização (PNH), com organização da Rede Humaniza
SUS (RHS) e da Frente de Mobilização Social. Estreou ao
vivo na RHS, provocando discussões no chat, e permanece
disponível na rede (veja link no final do texto).
Na posição de mediador, o médico sanitarista Ricardo
Teixeira, que também é professor da USP e um dos
criadores da RHS, recebeu dois convidados: a advogada e
usuária do SUS Debora Aligieri, blogueira ativista em saúde
e coordenadora do fórum Diabetes e Democracia, e o
médico Antonio Pithon Cyrino, docente da UNESP e autor
do livro Entre a ciência e a experiência: Uma cartografia do
autocuidado no diabetes (Ed. Unesp).
De acordo com Cyrino, o desafio de hoje é construir uma
ponte entre o saber dos profissionais , como médicos,
dentistas, nutricionistas e demais especialidades, que
detêm o conhecimento técnico-científico, e o saber do
usuário, baseado na sua experiência de vida, que é única.
“No livro, classificamos mais de cem diferentes saberes de
pessoas com diabetes, inclusive vendo como cada uma lida
com o desejo por doces.” Apesar do foco da pesquisa ser o
diabetes, o resultado também vale para portadores de
outras
moléstias,
pois
todos
desenvolvem
um
conhecimento prático”. Por isso, Cyrino defende que os
profissionais de saúde devem se abrir para aprender mais
com os usuários. “Afinal, eles são especialistas em suas
vidas. Eles é que sabem como adaptar o conhecimento
científico às próprias necessidades, e ao seu dia-a-dia.”
Débora Aligieri, que convive com o diabetes desde 1986,
acha que não são apenas os especialistas que deixam de
reconhecer o saber dos pacientes, eles também não o
valorizam. “Eu não achava que tudo o que aprendi ao lidar
com a doença– por exemplo, como fazer funcionar melhor a
minha dieta ou que critérios adotar para medir a glicemia -poderia ser considerado um saber. Passei anos lendo
tratados científicos, pois imaginava que só dessa maneira
poderia falar de igual para igual com os médicos”, diz ela.
A ativista afirma que reconhecer a sabedoria de cada um é
sinal de democracia. Desse modo, o portador de uma
doença é chamado a participar ativamente do tratamento.
“Eu me consulto com o mesmo médico há anos e muitas
vezes sugeri mudanças, sobretudo no horário de tomar os
medicamentos.” Ela percebeu, na prática, que o seu ritmo
de vida, a alimentação, o sono e a flutuação hormonal
interferem no efeito da medicação. Poder conversar disso
com seu médico favoreceu o tratamento.
Para o sanitarista Ricardo Teixeira, “os diabéticos não
existem. O que existem são pessoas que podem ter
diabetes ou outras doenças”.
Lembrando que pessoa
alguma se reduz a diagnósticos clínicos,
o mediador
pontuou que à medida que ela se “empodera”, se informa e
faz valer o conhecimento adquirido pela experiência,
“desmonta
a pirâmide da hierarquia” que existe na
tradicional relação entre médicos e pacientes.
Cuidado de si e governo de si
Débora criticou a prescrição de dietas padronizadas, que
não levam em conta as preferências e o estilo de vida. “Até
que ponto, ao prescrever o que uma pessoa come e como
ela deve viver, a medicina atual não quer governar apenas
a dieta mas também a vida do outro?”, questionou. Embora
nem sempre seja esse o objetivo dos profissionais, acredita
Cyrino, a ideia de que as prescrições devem ser
simplesmente “obedecidas” ainda é muito comum. “Daí a
importância de se afirmar a autonomia e o protagonismo
dos usuários do sistema de saúde, diretrizes caras à Política
Nacional de Humanização”, concluiu. Para os debatedores,
essa autonomia também favorece a criatividade. Um
exemplo disso surgiu no chat do webinário, quando um
profissional de saúde relatou o caso de pessoas de
populações ribeirinhas, que não têm geladeira em casa, e
que cavam buracos à beira do rio para guardar a insulina e
preservar a temperatura do medicamento. Como definiu a
ativista Débora Aligieri, “o tratamento precisa estar de
acordo com o que a pessoa é e não de acordo com a
doença que ela tem.”
Para ver o webnário: www.redehumanizasus.net/85889webinario-o-saber-em-saude-e-o-cuidado-de-si-tudo-quevoce-queria-saber-e-nao-sabia-que-ja-sabia
Contatos
Antonio Pithon Cyrino
[email protected]
Cel.: 014 99134 8321
Médico, docente do Departamento de Saúde Pública da
UNESP e autor do livro Entre a ciência e a experiência: Uma
cartografia do autocuidado no diabetes
Ricardo Teixeira
[email protected]
Cel. 11 99933 0748
Médico sanitarista, professor de medicina da USP e um dos
criadores da Rede Humaniza SUS
Debora Aligieri
diabetesedemocracia.blogspot.com.br/
[email protected]
Cel.: (11) 9 8300-0002
Advogada, ativista de saúde e blogueira
Sheila Souza
[email protected]
Tel. 61 3315 9130
Jornalista da PNH - Secretaria de Atenção à Saúde
Ministério da Saúde
www.saude.gov/humanizasus
www.redehumanizasus.net
O que é PNH – A Política Nacional de Humanização é uma
política pública transversal e atua como eixo norteador em
todas as esferas do SUS. Além do respeito ao direito do
usuário, apóia processos de mudanças nos serviços para
torná-los mais acolhedores, com atenção para
as necessidades objetivas e subjetivas dos usuários.
Promove a gestão participativa, ampliando o diálogo entre
os gestores dos serviços, os profissionais de saúde e a
população. A PNH completou 10 anos em 2013.
Para saber mais: Rede Humaniza SUS - Imprensa
www.redehumanizasus.net/85282-projeto-de-comunicacaoda-politica-nacional-de-humanizacao
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