0 INSTITUTO LAURO DE SOUZA LIMA DANIELE STEVANATO RENATA BILION RUIZ PRADO ANTONIO CARLOS C. MARTELLI A ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA ESCORIAÇÃO PSICOGÊNICA BAURU – 2013 1 DANIELE STEVANATO RENATA BILION RUIZ PRADO ANTONIO CARLOS C. MARTELLI A ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA ESCORIAÇÃO PSICOGÊNICA Estudo de Caso para obtenção do título de Aprimoramento Profissional apresentado ao Instituto Lauro de Souza Lima – ILSL. BAURU – 2013 2 RESUMO A escoriação psicogênica caracteriza-se pela confissão do paciente de provocar as lesões, sem apresentar doença dermatológica de base. Existem situações em que o diagnóstico clínico de escoriação psicogênica se confunde com a dermatite factícia. Neste estudo de caso, o paciente reconheceu o comportamento de provocar lesões dermatológicas durante o acompanhamento psicológico, sendo diagnosticado escoriação psicogênica. Este assunto é pouco abordado na literatura. Há uma prevalência de 2 a 3% em relação à população geral, 2% entre pacientes dermatológicos e 9% em pacientes com prurido. Portanto, este relato de caso consiste na descrição da evolução da dermatose e dos aspectos psicológicos obtidos no diagnóstico e tratamento durante o acompanhamento dermatológico e psicológico. Palavras-Chave: Escoriação psicogênica, psicologia, dermatologia, masculino. 3 THE MULTIPROFESSIONAL ACTION TEAM ON THE DIAGNOSIS AND TREATMENT OF PSYCHOGENIC EXCORIATION ABSTRACT The psychogenic abrasion is characterized by the admission from the patient in causing injury, or dermatological disease without producing base. There are situations where the clinical diagnosis of psychogenic excoriation is confused with factitious dermatitis. In this case study, the patient recognized the behavior to cause skin lesions during the counseling, and it was diagnosed psychogenic excoriation. This subject is rarely addressed in the literature. There is a prevalence of 2-3% in the general population, 2% of dermatology patients and 9% in patients with pruritus. Therefore, the aim of this case report is to describe the evolution of acne and psychological aspects, obtained in the diagnosis and treatment for dermatological and psychological monitoring. Keywords: Excoriation psychogenic, psychology, dermatology, male. 4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………....... 05 2 ESCORIAÇÃO PSICOGÊNICA – ASPECTOS PSICODERMATOLÓGICOS .......... 06 2.1 Escoriação Psicogênica E Dermatite Factícia ............................................. 07 2.2 Escoriação Psicogênica – Tratamento ........................................................ 08 2.3 Aspectos Éticos ........................................................................................... 09 3 RELATO DE CASO .................................................................................................... 10 3.1 Diagnóstico E Tratamento Dermatológico .................................................... 10 3.2 Avaliação E Tratamento Psicológico ............................................................ 11 3.3 Instrumentos Para Coleta De Dados ............................................................ 13 3.4 Discussão ..................................................................................................... 13 4 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 20 5 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 24 ANEXO 1 ...................................................................................................................... 21 5 1 INTRODUÇÃO A pele, como roupagem contínua e flexível, envolve-nos por completo. É o mais visível e sensível dos órgãos, nosso primeiro meio de comunicação e mais eficiente protetor (Montagu, 1988). A pele é a proteção de nossa individualidade e o primeiro órgão de contato de troca com o outro. Por sua estrutura e suas funções, a pele é um conjunto de órgãos diferentes. Sem a integridade da maior parte da pele, o indivíduo não sobrevive. A pele protege o equilíbrio de nosso meio interno das perturbações exógenas, mas em sua forma, sua textura, sua coloração, suas cicatrizes, ela conserva as marcas dessas perturbações (Anzieu, 1989). Um terço dos pacientes de clínica dermatológica apresentam queixas que envolvem componentes psicológicos significativos. A pele é altamente reativa às emoções, e por esse motivo interage com a psique de muitas formas. Pacientes com psicopatologias frequentemente atacam a pele para expressar tendências auto agressivas consequências psicossociais e e autodestrutivas, assim apresentando sérias estigmatizantes. A desfiguração resultante de uma doença de pele pode ter profundas consequências psicossociais, não apenas por afetar negativamente a imagem corporal do paciente, mas também devido ao estigma social. (Anzieu, 1989 e Jonh, 1999). Quanto às afecções da pele, o arranhar-se é uma das formas arcaicas do retorno da agressividade sobre o corpo. A vergonha consequente decorre do desejo incontrolável de coçar. Esta força incontrolável e oculta pode abrir uma brecha sobre a superfície da pele. A vergonha tende por sua vez a ser apagada pela volta da excitação erótica no coçar, conforme uma reação circular cada vez mais patológica (Anzieu, 1989). 6 2 ESCORIAÇÃO PSICOGÊNICA – ASPECTOS PSICODERMATOLÓGICOS Dentre as psicodermatoses, as doenças psiquiátricas primárias estão classificadas em escoriação psicogênica, dermatite factícia e transtorno obsessivo compulsivo. Neste estudo, enfatizamos a Escoriação Psicogênica ou Escoriação Neurótica, que se caracteriza por manifestações cutâneas auto induzidas, não havendo doença de pele primária envolvida neste grupo de transtorno (Jonh, 1999; Martelli, 2006). Pacientes com provocam neles diagnóstico de escoriação psicogênica admitem que próprios repetidas e, muitas vezes, involuntariamente, as lesões, sendo incapazes de evitar o processo repetitivo (compulsão). As unhas das mãos e a boca são os agentes usuais e as escoriações podem assumir formas típicas, dependendo da zona escolhida. Geralmente, as lesões tem aproximadamente 1 cm de diâmetro e estão cobertas por crostas serossanguíneas (Martelli, 2006; Estellita-Lins, 2004; Sampaio, 1998). As lesões podem ser primárias, ou associarem-se às lesões preexistentes de outra natureza. Podem ocorrer na face, sob forma de acne escoriada, acne urticada, queilite factícia, ou em qualquer outra parte do corpo, como nas lesões decorrentes da lavagem excessivas de mãos, no prurigo subagudo, na cutisfagia ou onicofagia. Prurigo pode estar presente e raramente se percebe a lesão primária (Martelli, 2006; Sampaio, 1998). Há dois grupos de escoriação psicogênica. O primeiro grupo está associado ao transtorno obsessivo compulsivo, e é encontrado em mulheres jovens, cuja idade varia da adolescência até o final da terceira década de vida; o segundo grupo tem associação com depressão, transtorno de ansiedade e predomina em mulheres na quinta década de vida ou mais, sendo encontrado lesões auto induzidas. Enquanto no primeiro grupo há consciência da autolesão, no segundo há negação (Jonh, 1999). Kaplan descreve obsessão como pensamento, sentimento, ideia ou sensação intrusa e compulsão como comportamento consciente, estandardizado e recorrente, como o 7 contar, verificar ou evitar. As obsessões aumentam a ansiedade da pessoa, enquanto a execução das compulsões a reduz. Na idade adulta, encontra-se o transtorno obsessivo compulsivo em ambos os sexos, enquanto que na adolescência o sexo masculino é mais afetado. Homens iniciam o transtorno com aproximadamente dezenove anos, e apresentam dificuldades nos relacionamentos. Há relação do transtorno obsessivo compulsivo com transtorno depressivo e fobia social (Kaplan, 1997). As situações de ansiedade, inibições, sentimento de culpa, necessidade de punição inconsciente e fantasias de desejo podem ser extremamente penosas e, ante a falta de compreensão dos seus próprios problemas ou de se sentir incompreendido, o indivíduo tende a transformá-las, de modo involuntário e inconsciente, em sofrimentos que tem expressão no corpo (Estellita-Lins, 2004). 2.1 Escoriação Psicogênica e Dermatite Factícia Existem situações em que o diagnóstico clínico de escoriação psicogênica se confunde com dermatite factícia, classificada como transtorno psiquiátrico primário. O paciente com dermatite factícia não assume a autoria da lesão. Geralmente, a dissociação psíquica não permite que o paciente tenha consciência do fato. As lesões são simétricas e ao alcance do membro superior dominante. A morfologia varia de acordo com o objeto utilizado na autoflagelação. O desafio diagnóstico ocorre mediante a escassez de informações fornecidas pelo paciente e o processo com o qual se lesionou. O prognóstico é melhor em jovens, solicitando atenção aos problemas que podem ser resolvidos. Pacientes com o diagnóstico de dermatite factícia visam atrair atenção através do ganho secundário. Observações clínicas psicanalíticas sugerem um processo de luto patológico no qual o aspecto de perda do objeto de amor implica em ódio recalcado. Perda, luto recente e personalidade obsessiva compulsiva podem estar relacionadas ao diagnóstico (Martelli, 2006; Estellita-Lins, 2004). A incidência desta dermatose é maior em mulheres do que em homens, e podem apresentar-se como patologias de 8 base a psicose, autismo, retardo mental ou transtorno de personalidade grave (John, 1999). 2.2 Escoriação Psicogênica – Tratamento O tratamento da escoriação psicogênica é definido pela natureza da psicopatologia básica. Psicoterapia e antidepressivo tricíclicos, como a doxepina, são eficazes no tratamento (John, 1999). A psicoterapia, como tratamento em escoriação psicogênica, é uma forma do paciente explorar a razão da raiva contra seu corpo, e o tratamento medicamentoso apresentase funcional no acompanhamento médico (Kolenzer, 2003). O objetivo da psicoterapia é trazer a superfície sentimentos reprimidos por meio da utilização do conteúdo verbalizado. A decifração de significados ocultos do material verbalizado e dos modos involuntários, pelos quais o paciente evita conflitos subjacentes, se dá por meio do esquecimento defensivo e repetição do passado, e assim busca-se uma reorganização estrutural egóica do indivíduo. Esta reorganização inclui a personalidade, resolução de conflitos inconscientes, redução do superego punitivo que é expressado em culpa menos paralisante e maior capacidade para o prazer, insight para eventos intrapsíquicos e alívio sintomático como resultados diretos. Quando impulsos instintivos proibidos não são mais reprimidos nem criam mais neuroses debilitantes, é porque deram lugar aos aspectos racionais e saudáveis do indivíduo (Karasu, 1999). No processo analítico, conflitos neuróticos inconscientes são recuperados da memória, expressados verbalmente e revividos na transferência, processo reconstituído pelo analista e assim os conflitos são resolvidos através do entendimento (Karasu, 1999). Dentre as diversas abordagens psicológicas, a psicanálise tem indicação para conflitos psicológicos persistentes que produziram um sintoma ou um transtorno. É considerada efetiva no tratamento de transtorno de ansiedade, tais como fobias, e vários transtornos: obsessivo-compulsivo, depressivo leve, de personalidade e alguns transtornos do controle dos impulsos e sexuais (Kaplan, 1997). 9 A apresentação deste estudo de caso se dá pelo interesse atípico de paciente jovem, do sexo masculino, que reconheceu seu comportamento de provocar lesões dermatológicas durante o acompanhamento psicológico. Por este motivo, o diagnóstico inicial de dermatite factícia foi desconsiderado, prevalecendo o de escoriação psicogênica, cujos transtornos psíquicos estão associados a conflitos sexuais. Convém ressaltar que o caso se torna atípico, devido à prevalência da escoriação psicogênica, que acomete principalmente mulheres com faixa etária em torno da terceira e quarta décadas de vida, e que raramente é encontrada no sexo masculino, conforme a literatura. As investigações nesta linha de pesquisa são escassas, principalmente quanto à eficácia das intervenções no plano psicológico. 2.3 Aspectos éticos O relato do entrevistado foi mantido em sigilo, respeitando-se o anonimato. A autorização desse paciente para participar deste estudo foi obtida por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. A pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Lauro de Souza Lima e obteve parecer favorável de acordo com o protocolo número 151/07. 10 3 RELATO DE CASO O paciente, sexo masculino, 21 anos, reside com mãe e padrasto, ensino fundamental completo, solteiro, evangélico, auxiliar de tipógrafo e diagnóstico de escoriação psicogênica. O presente estudo de caso apresentado é fruto da experiência de atendimentos psicológicos realizados no Instituto Lauro de Souza Lima (ILSL), durante a participação no Programa de Aprimoramento Profissional – Fundap - Fundação do Desenvolvimento Administrativo. O paciente descrito foi informado do objetivo deste estudo e sobre a confidencialidade das informações emitidas. Após o convite para participar deste estudo, o paciente autorizou a divulgação de suas informações ao assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 3.1 Diagnóstico e tratamento dermatológico O paciente foi atendido em outro hospital e posteriormente encaminhado ao Instituto Lauro de Souza Lima com diagnóstico de dermatite factícia. Na primeira consulta, o paciente relatou o aparecimento de lesões, localizadas na face, pernas, dorso dos pés e palma da mão esquerda e que evoluíram para feridas. Relatou também onicofagia até ocorrer sangramento (sic). Ao exame dermatológico, observou-se que estas lesões eram do tipo exulcerações, que apresentavam limites precisos, contornos regulares, formas geométricas, com crostas, localizadas na face de extensão dos membros superiores (maior à direita), extensão das pernas (1/3 distal), dorso dos pés, palma da mão esquerda; máculas hipocrômicas residuais na face e membros superiores esquerdo, unhas das mãos com extremidade distal recortadas com saliências, reentrâncias e descamação da superfície. O paciente foi atendido pelo dermatologista em consulta ambulatorial onde permaneceu em acompanhamento, medicado com lexotam 3mg/dia. Após um mês de acompanhamento, sem melhora do quadro, foi internado, medicado com fluoxetina 20mg e haloperidol 1mg quando ocorreu regressão parcial das lesões. Nesta época, ao 11 exame dermatológico, o paciente apresentou formas geométricas em maior número no antebraço direito (paciente canhoto) e máculas eritêmato acastanhada residuais em tronco MSE (Membro Superior Esquerdo) e MMII (Membros Inferiores). Foi realizada biópsia incisional do antebraço direito e diagnóstico histológico compatível com dermatite auto inflingida. Exames laboratoriais estavam dentro dos padrões de normalidade. As características das lesões fizeram com que a equipe médica sugerisse o diagnóstico de dermatite factícia, o que confirmou o diagnóstico inicial. O paciente foi hospitalizado e encaminhado para o serviço de psicologia a pedido médico Durante o tratamento dermatológico e psicológico, o paciente revelou o comportamento de provocar lesões no próprio corpo, principal característica do indivíduo com escoriação psicogênica. A equipe multiprofissional abandonou o diagnóstico de dermatite factícia e iniciou o tratamento para escoriação psicogênica. 3.2 Avaliação e tratamento psicológico Foi realizada uma avaliação psicológica, com o objetivo de investigar aspectos psíquicos referente ao processo de adoecimento, segundo a sintomatologia apresentada e suas específicas características. A avaliação psicológica compreende os aspectos do passado, presente e expectativas futuras. Durante a avaliação psicológica foram levantados aspectos do histórico familiar, suas dificuldades, vivências e contexto atual de vida. Em seguida, foi realizada uma entrevista devolutiva, mostrando a importância da psicoterapia e os benefícios que esta poderia trazer. Os aspectos a serem trabalhados emergiram durante o processo investigativo, tais como a simbiose materna, a dificuldade no rompimento com mesma, o processo de amadurecimento psíquico e emocional e tomada de decisões. O paciente mostrou-se receptivo e, assim, o contrato terapêutico foi realizado, sendo definidas as questões relacionadas a horário, tempo de cada sessão e interesse do paciente em relação à psicoterapia. 12 Ao iniciar as intervenções psicoterápicas, em uma das sessões, o paciente expôs para o psicoterapeuta, lesões esbranquiçadas minando água que surgiram no corpo, negando inicialmente serem autoprovocadas. Negou também o uso de álcool e drogas. Para subsidiar o tratamento psicológico, o psicoterapeuta optou pelo referencial teórico psicanalítico. Nesse caso, a orientação psicanalítica é considerada mais apropriada, pois favorece a análise de conflitos psicológicos persistentes que produzem um sintoma ou um transtorno. É considerada efetiva no tratamento de transtorno de ansiedade tais como fobias, transtorno obsessivo compulsivo, transtornos depressivo leve, de personalidade e alguns transtornos do controle dos impulsos e sexuais. Durante a evolução das intervenções psicológicas, buscou-se compreender os aspectos psíquicos relacionados à doença, bem como enfatizar a importância do trabalho em equipe interdisciplinar como principal estratégia para o alcance do êxito no tratamento. O paciente veio assumir que ele lesionava a sua pele. Este comportamento de autolesão era realizado numa atitude autodestrutiva como punição para alívio da culpa. Nessa fase do tratamento, o paciente já havia recebido um novo diagnóstico: escoriação psicogênica, considerando os sintomas psicológicos e dermatológicos específicos dessa dermatose (Kaplan, 1997). Os atendimentos psicológicos tiveram duração de cinquenta minutos, aproximadamente, sendo realizados semanalmente. O paciente recebia visitas no leito para avaliação quanto ao estado emocional geral. O acordo entre o psicoterapeuta e o paciente estabelecido consistiu em manter o atendimento psicológico durante a internação. Após a alta hospitalar, constatou-se a necessidade de manter o acompanhamento psicológico neste Instituto, em nível ambulatorial. Verificaram-se aspectos significativos quanto às questões sobre a morte, dependência emocional, instabilidade de humor, comportamento infantilizado, ansiedade e conflitos sexuais (a masturbação foi relatada pelo paciente como pecado religioso). Apresentou satisfação na dependência materna, embora tenha dificuldade de convivência com a mãe e resida num ambiente familiar confuso. 13 3.3 Instrumentos para coleta de dados Foi explicado ao paciente o objetivo deste estudo. O paciente manifestou o seu consentimento ao assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para a obtenção das informações coletadas, foi utilizado durante o processo psicoterápico, o roteiro de entrevista semi dirigida, cujo instrumento contempla questões que exploram o histórico de vida familiar, religioso, trabalho, histórico da doença, internação, tratamento e sexualidade. (ANEXO). Na literatura, foi verificado que a entrevista semi dirigida evoca uma verbalização e possibilita a expressão do modo de pensar ou de agir das pessoas face ao tema focalizado. Frequentemente, as questões deste instrumento dizem respeito a uma avaliação de suas crenças, sentimentos, valores, atitudes, razões e motivos acompanhados de fatos e comportamentos (Montagu,1989). 3.4 Discussão Segue esquema de atendimentos e principais intervenções psicológicas realizadas. O primeiro contato realizado com o paciente foi objetivando estabelecer uma data para avaliação psicológica, estabelecida à data, o paciente compareceu para o primeiro atendimento. 1ª sessão: Neste primeiro encontro, procurou-se realizar a coleta de dados – processo psicodiagnóstico. Verificou-se postura do paciente frente à internação, frente à doença, postura em relação à família, investigação dos aspectos psicológicos, avaliação da necessidade de acompanhamento e consciência do diagnóstico. Estabelecimento do contrato psicoterápico onde o paciente demonstrou interesse e receptividade ao acompanhamento. Procurou-se oferecer um ambiente acolhedor onde a verbalização do paciente fosse facilitada através da entrevista semi dirigida. Nesta sessão, observou-se a facilidade do paciente em relatar aspectos vivenciados na infância e na adolescência. Relatou sobre a separação dos pais e a proximidade que mantém com a mãe, uma relação simbiótica, de dependência mutua. A mãe mantém um relacionamento com um jovem um pouco mais velho que o paciente. Demonstra ter 14 um bom relacionamento com a família. Percebe-se o paciente infantilizado em suas verbalizações e atitudes. Na adolescência, com 17 anos, presenciou um acidente trágico onde o primo faleceu. O fato fez com que desencadeasse sentimento de desânimo no paciente. Não se alimentava e não se comunicava com ninguém. Houve outras mortes na família e paciente relata que se sentiu amparado quando começou a frequentar a igreja evangélica, a qual atualmente frequenta diariamente. Diz seguir os dogmas religiosos, pretende casar com a namorada e casar “virgem”. Relatou sobre o local de trabalho, sobre as lesões e o aparecimento das mesmas. Diz que conheceu uma moça recentemente na igreja e que está irá visitá-lo no hospital junto com a sua família. Está ansioso aguardando a visita. 2ª sessão: Histórico de vida. Relatou mais detalhadamente sobre a separação dos pais. Paciente apresentou novas lesões e os aspectos emocionais foram associados ao aparecimento das mesmas. Nega autoria das lesões. Em acompanhamento em outro serviço hospitalar, relata ter sido acusado de provocar as lesões com lixa. O mesmo diz: Não provoco com a lixa, indignado com a fala médica (ato-falho). No hospital que frequentava, foi atendido por uma psicóloga, não foi aos atendimentos porque diz que a profissional pedia que ele desenhasse e o mesmo julga que a psicóloga estava tratando-o como criança, uma vez que desenho é de criança. Por esse fato, desistiu do acompanhamento. Durante a sessão, paciente relata que soube que a avó foi internada e a mãe teria dificuldades para visitá-lo. Ficou ansioso. Através desta fala, o mesmo percebe que o emocional pode fazer com que se escorie, mas continuou negando o ato. Demonstra incomodo com a internação e diz que se o problema for emocional, prefere ter alta e tratar em casa, onde tem a família e amigos. A preocupação do paciente é com a alta hospitalar, assim, assume que o problema pode ser emocional porque se não encontrar outras evidência clínicas, não há motivo para internação. Procurou-se, durante a sessão, favorecer a verbalização do paciente através da entrevista semi dirigida. Paciente relata que sente mais seguro respondendo as questões e que é uma forma de facilitar as respostas. Perguntou-se ao paciente se há 15 algumas questões que deveriam ser abordadas durante ao atendimento e o mesmo diz que não. 3ª sessão: Novas lesões provocadas com a roupa do corpo – percepção do ato lesivo. Nesta sessão, paciente relata aparecimento de novas lesões e diz que pode ter sido o causador das mesmas. Acordou durante a madrugada sentindo que o corpo estava com áreas com aspecto de queimaduras e estava com a roupa e a coberta em contato com a pele em ato de fricção. Sente como se um alívio acontecesse após a pele lesionada. Paciente estava sonolento devido à medicação, mas compareceu ao atendimento. Não teve condições para dar continuidade a sessão. 4ª sessão: Trabalhou-se durante a sessão aspectos que desencadeiam o processo de escoriação: ato punitivo, masturbação, dependência materna, morte. Observa-se onicofagia e ansiedade. Observa-se vínculo coeso psicoterapeuta/paciente. Alguns aspectos foram abordados com o paciente, o mesmo diz que a medicação está deixando-o sonolento, mas que ficaria até o término da sessão. Vem para atendimento sem curativo, diz que não vai colocá-lo novamente seguindo orientação médica. Demonstra incomodo ao ficar no hospital, diz que tem muitas pessoas com situações difíceis devido a doenças e pede para ter alta hospitalar, é explicado ao paciente à importância do acompanhamento médico e psicológico, apesar de aderir ao acompanhamento, relata que gostaria de ser ter alta e que daria continuidade via ambulatório após a alta. Trabalhou-se com o paciente os aspectos emocionais que estariam desencadeando a autolesão como aspecto punitivo. Questionou-se sobre sua relação com mulheres. Paciente fala que nunca teve relação sexual, diz que masturbação é pecado e insiste na questão, sente incomodo ao falar do assunto, responde o que é perguntado, apresenta dificuldades em relatar aspectos atuais vivenciados. Fala que tinha problemas com outros funcionários quando estava na empresa e algumas lesões surgiram quando estava trabalhando, relata que apresenta onicofagia até sangramento. Quando encontra-se em situações de ansiedade ou conflitos, a 16 onicofagia é mais evidente. Paciente admite que a onicofagia é uma forma de aliviar a ansiedade, assim, é trabalhado com o paciente a evidência da escoriação ser alívio ou punição para algo que fez. Perguntou-se sobre a relação com mãe e a devolutiva da mesma diante das situações vivenciadas pelo paciente, como desentendimento na empresa e a relação com a namorada. Diz que a mãe faz tudo para ele e sempre o apoia, ajudando ou fazendo tudo o que ele precisa, desde administrar seu dinheiro a comprar roupas. Fala que a namorada tem o perfil da mãe, no que tange cuidados e superproteção. Quando precisa de algo, pede dinheiro para mãe, acredita que assim funciona bem, não apresentando vontade em romper a simbiose. A atitude do paciente em não assumir posturas perante as situações e o controle materno das situações torna o paciente menos estimulado em buscar mudanças. Quando o mesmo é questionado sobre o assunto, apresenta desinteresse em assumir papeis e responsabilidades. 5ª sessão: Paciente procurou atendimento emergencial pedindo explicação em relação às escoriações apresentadas e aspectos emocionais envolvidos. Apresenta fala verborrágica, como mecanismo de defesa para justificar a agressão voltada para o corpo. Relação das escoriações com o transtorno obsessivo compulsivo. Durante o atendimento, paciente demonstrou que o fato de falado sobre a sexualidade o deixou agitado. A percepção foi de que o paciente tinha algo sobre a sexualidade para relatar e procurou-se abordar sobre sua relação com as mulheres. Falou do primeiro beijo na atual namorada, ele estava internado quando a beijou. Relata ser tímido e nunca ter relação sexual, tinha vontade, pois só beijava. O ato da masturbação é visto como pecado religioso, como o paciente relata. Quando questionado sobre masturbação, o mesmo relata que se masturba com frequência e logo após, desconversa. Apenas diz que é pecado, mas tem momentos que não aguenta. Fala sobre casamento com a namorada, logo que sair do hospital. A primeira namorada foi a irmã do atual namorado da mãe, de acordo com a fala do paciente. O mesmo relata que pegava na mão da namorada, não beijava com frequência e não mantinha carícias íntimas com a mesma. 17 6ª sessão: Feriado. Não houve adiantamento da sessão. 7ª sessão: Paciente não compareceu ao atendimento. Teve alta a pedido em decorrência de um evento comemorativo em sua cidade. 8ª sessão: Validação do contrato terapêutico. Interferência familiar no conteúdo terapêutico e médico/dermatológico. Família, principalmente figura materna, não concorda com diagnóstico médico. Acredita que o filho terá acompanhamento adequado quando retornar para casa, a presença da família ajudará na melhora, de acordo com a mãe. Paciente chega para atendimento com o vínculo terapêutico desestruturado, relata que a mãe não concorda com o diagnóstico médico e que não há necessidade de acompanhamento psicológico. Fala sobre a namorada e sobre o casamento, afirma novamente que masturbação é pecado. De acordo com a igreja, relação sexual é após o casamento e para constituição de uma família. Questionado sobre o porquê da masturbação e o pecado o incomodar, desconversa. Percebe-se que o paciente não quer relatar sobre o assunto. É explicado ao mesmo sobre o aspecto fisiológico da sexualidade e procurou-se fazer um paralelo entre masturbação, pecado e necessidades fisiológicas. Embora o paciente fique atento enquanto discorreu-se sobre o assunto, apresenta desconfiança e confusão de idéias. Observa-se paciente ansioso. A fala da mãe é reproduzida pelo paciente no que se refere à alta hospitalar e acompanhamento ambulatorial. O paciente é orientado quanto à importância da internação, do acompanhamento médico e psicológico, mas o vínculo não está coeso e o mesmo apresenta falas reproduzidas da figura materna como justificativa para não aderir ao acompanhamento. 9ª sessão: Paciente apresenta dificuldades de enfrentamento diante de situações problema vivenciadas no cotidiano, relata ansiedade e dependência materna. Neste atendimento, procurou-se mostrar ao paciente a importância de sua individualidade, do seu posicionamento frente às situações, da tomada de decisões. 18 Percebe-se que a figura materna interfere nas decisões do paciente, o mesmo não pretende romper o vínculo simbiótico, apresentando dificuldades em se posicionar contra as idéias da figura materna. Com as interferências maternas, o questionamento da necessidade de acompanhamento é colocado pelo paciente e surgem dificuldades no acompanhamento psicológico, pois a mãe acredita que não há necessidade do mesmo e o paciente, mesmo optando por continuar, não vai contra o posicionamento materno. 10ª sessão: Antes de atender o paciente, a mãe e a namorada pedem orientação, questionam a importância do acompanhamento de internação e psicoterápico, mostrando-se super protetora e dominadora. Procurou-se orientá-las sobre o processo de internação e os aspectos psicológicos relacionados com a patologia, a mesma não aceita orientações, não se apresenta receptiva. Não se mostra disposta a dar continuidade ao acompanhamento. Mesmo que o paciente apresente vontade em dar continuidade, a decisão final é da genitora, uma vez que não deixa o filho dirigir de uma cidade para outra, assim, o acompanhamento do paciente, depende da genitora, que dirige até a cidade. Em atendimento com o paciente, percebe-se simbiose materna e não interesse no rompimento. Apresenta a namorada como substituta da figura materna. 11ª sessão: Comportamento infantilizado, instabilidade do humor, dogmas religiosos, sexualidade. Paciente relata sobre a vida religiosa mais detalhadamente, demostra vontade de casar quando encerrar o processo de internação; quando descreve a namorada, mostra as semelhanças da mesma com a figura materna e a consciente substituição de uma por outra. Mostra que a namorada vai fazer tudo o que a mãe faz por ele, como cuidar das roupas, do horário de trabalho, da alimentação e do dinheiro. Apresenta durante a verbalização, ansiedade para concretizar o casamento e relata que tem muita vontade de ter uma mulher sexualmente, o que ainda não aconteceu. O paciente freqüenta a igreja diariamente e tem atividades de envolvimento com a mesma, como atuar no grupo musical. 19 12ª sessão: Continuidade de temas abordados na sessão anterior. Paciente em alta médica. Durante a sessão, foi realizada a devolutiva ao paciente, os ganhos psicoterápicos foram expostos ao paciente e mesmo concordou com o agendamento de novo atendimento. A consciência do mesmo em perceber que o ato lesivo era ocasionado como forma de alívio para a culpa vivenciada foi percebida através dos atendimentos e por este motivo, tem interesse na continuidade dos mesmos. Paciente relata que há necessidade de atingir uma forma mais saudável para alívio da culpa, acreditando que o acompanhamento psicoterápico será de grande importância para melhor lidar com a situação que o incomoda. 13ª sessão: Primeiro atendimento pós-alta. Discutido importância de continuidade da psicoterapia, paciente apresenta dificuldades em assumir papéis. Relata que a família não incentiva freqüência em psicoterapia. Percebe-se um importante movimento de tentativa de enfrentamento da figura materna para dar continuidade aos atendimentos, o mesmo se incomoda com a situação, que exige postura de decisão perante a família. 14ª sessão: Paciente voltou ao trabalho, estava afastado desde a internação. Apresenta novas lesões. O mesmo relata sobre as dificuldades enfrentadas para vir aos atendimentos e se mostra ansioso para o casamento, relatando que antes do mesmo não poderá ter relação sexual com a namorada. Embora o paciente demostre tentativa de mostrar interesse pelos atendimentos, a figura materna bloqueia a vontade e opinião do paciente. Família veio junta para atendimento e confronta diagnóstico médico e importância de psicoterapia. Paciente nega a realidade desagradável a qual não pretende entrar em contato. Depois deste atendimento paciente não compareceu mais para atendimento, em contato telefônico, mãe do mesmo disse que não havia interesse em continuidade de tratamento. A utilização da técnica de associação livre durante as sessões foi importante para que o paciente pudesse verbalizar situações de conflito, gerando conteúdo para ser analisado posteriormente em setting terapêutico para alívio dos sintomas ansiosos. 20 4 CONCLUSÃO No início dos atendimentos psicológicos, o paciente relatava o aparecimento das lesões, mas não citava autoria na produção das mesmas. De acordo com o quadro dermatológico e histopatológico, o diagnóstico era de dermatite factícia, doença psiquiátrica primária. Os critérios diagnósticos considerados foram as características das lesões e a negação do paciente na produção das mesmas. Durante a evolução do processo psicoterápico, aspectos relacionados à história de vida, família, sexualidade e religiosidade foram analisados. O paciente, com o acompanhamento psicológico, conseguiu perceber que o ato lesivo era um comportamento realizado de forma psicogênica para produzir o alívio da ansiedade e da culpa. O acompanhamento psicológico possibilitou ao paciente entrar em contato com conteúdos conflituosos de sua própria sexualidade, o que propiciou a elaboração de uma forma mais saudável para lidar com seus impulsos sexuais, ao invés de deslocar para o corpo o sentimento de culpa. Por meio das intervenções terapêuticas, o paciente pôde fortalecer sua estrutura egóica e refletir sobre a influência de dogmas religiosos em sua vida. Durante o período de sua internação, o vínculo terapêutico foi constituído, porém esteve constantemente ameaçado devido às interferências maternas, decorrentes da não aceitação do diagnóstico psicológico e dermatológico, dificultando o apoio psicoterapêutico dirigido ao filho. O acompanhamento psicológico representava a ameaça do rompimento da simbiose materna e foi efetivado posteriormente, com a tomada de decisão do paciente em se casar, embora com constantes interferências da figura materna. Enfatizaram-se os aspectos da individualidade do paciente onde o mesmo pôde perceber o que estava relacionado com os próprios sentimentos e o que era interferência da figura materna. O diagnóstico dermatológico de escoriação psicogênica deveu-se ao trabalho interdisciplinar entre psicologia e dermatologia e ocasionou melhora temporária do paciente. O acometimento da dermatose em paciente do sexo masculino, com as características das lesões e idade, torna esse caso raro e um desafio tanto para a psicologia quanto para a dermatologia. 21 ANEXO 1 ROTEIRO DA ENTREVISTA I. Histórico Pessoal e Familiar - Relate fatos de sua infância, adolescência e vida adulta. - Das informações que você forneceu quais as lembranças boas e ruins da sua vida? - Quem são as pessoas que moram com você? Qual sua relação com cada membro da família? - Quais as dificuldades que você está enfrentando? Como você lida com elas? - Quem auxilia quando você está em dificuldade? Como auxilia? - Qual interferência da família em sua vida? II. Religião - Qual sua religião? - Com qual freqüência freqüenta igreja? - Qual influência da religião em sua vida? - Como você lida com as regras estabelecidas pela religião? - Quais os benefícios da religião pra sua vida? III. Atividade ocupacional - Quais atividades profissionais que você já trabalhou? Atualmente, qual atividade profissional está exercendo? - Dentre elas, qual você mais se identificou? Atualmente, o que você acha da sua profissão? (investigar nível de satisfação). - Qual a relação que você mantém com os demais profissionais da empresa? - Gostaria de trabalhar em outra atividade profissional? Se a resposta for positiva, por que sim? 22 - Você tem alguma ambição profissional? Qual? - Como você administra o seu dinheiro? - Quais as mudanças que ocorreram, a partir do surgimento das lesões? Como está no trabalho? IV. Histórico da doença - Qual o diagnóstico fornecido pelo médico? - Você sabe do que se trata esta doença de pele? - Quando surgiram as lesões de pele? Em que momento da sua vida? Quais os acontecimentos que antecederam o aparecimento destas lesões. - Quais partes do corpo foram afetadas? - Qual sua reação diante das lesões? - Qual importância você dá as lesões? - As lesões pioram com o estado emocional? - Você está impedido de fazer alguma coisa que gosta? Se a resposta for positiva, por quê? - O que mudou com as lesões? - Quando alguém pergunta sobre as lesões o que você responde? Como você se sente diante das perguntas? V. Doença e internação - Por que você está internado? - Após a internação, apareceram novas lesões? Em que situação? Qual foi sua reação? - Como sua família percebe a internação? VI. Doença e Família - Como sua família recebeu o diagnóstico? - Após o diagnóstico para família, como ficou o vínculo com os seus familiares? 23 VII. Sexualidade - O que mudou em relação às lesões? - Como é a convivência com sua namorada? Como é o relacionamento sexual entre vocês? 24 5 REFERÊNCIAS: Anzieu D. O Eu-pele. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1989. Estellita-Lins C, Azulay DR, Azulay RD. Psicodermatologia. In: Azulay RD, Azulay DR. Dermatologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan, 2004. p.473-83. John YM, Koo MD. Distúrbios Dermatológicos. In: Kaplan HI, Sadock BJ, Caleffi A, Batista D, Ortis ICS, Hofmister MR, editores. Tratado de Psiquiatria. 6ªed. Porto Alegre: Artmed; 1999. p.1649-59. Kaplan, HI. Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. 7ªed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. p.771-808. Karasu TB, Kaplan MD, Psicoterapias. In: Kaplan HI, SadocK BJ. Tratado de Psiquiatria. 6ªed. Porto Alegre: Artmed, 1999. p.1903-24. Kolenzer CZ. Psycological aspects of skin disease. In: Fitzpatrick TB, Eisen AZ, Wolff K, Freedberg IM, Austen KF, Goldsmith LA, et al. Dermatology in general medicine. New York:McGraw-Hill, 2003. p.474-86. Martelli, ACC. Ipele (livre online). São José do Rio Preto: Dermatoses psiquiátricas [update 2005 abril 15; citado 2006 maio 08]. Disponível em: http://www.ipele.com.br/livro/capítulo. Montagu A. Tocar: O significado humano da pele. São Paulo: Summus; 1988. Ocampo MLS, Arzeno MEG, Piccolo EG. O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. 9 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 1-34. 25 Rook A, Burns T, Breathnach S, Cox N, Griffiths C. Textbook of dermatology. Oxford: Blackwell; 2004. p.18 –19. cap. 61 p. 24-27 Sampaio SAP, Rivitti EA. Afecções psicogênicas, psicossomáticas e neurogênicas. In: Dermatologia. São Paulo: Artes Médicas; 1998. p. 718 –24.