CARACTERIZAÇÃO IMUNOLÓGICA DE INDIVÍDUOS

Propaganda
UNIVERSIDADE CEUMA-UNICEUMA
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA
THAYANNE FRANÇA MUNIZ
CARACTERIZAÇÃO IMUNOLÓGICA DE INDIVÍDUOS
INFECTADOS PELO Plasmodium vivax NO MUNICÍPIO DE
CRUZEIRO DO SUL (AC)
São Luís – MA
2015
1
THAYANNE FRANÇA MUNIZ
CARACTERIZAÇÃO IMUNOLÓGICA DE INDIVÍDUOS INFECTADOS PELO
Plasmodium vivax NO MUNICÍPIO DE CRUZEIRO DO SUL (AC)
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Biologia Parasitária como parte
dos requisitos para a obtenção do título de
Mestre em Biologia Parasitária.
Orientador: Prof. Dr. – Marcos Augusto
Grigolin Grisotto
São Luís – MA
2015
2
THAYANNE FRANÇA MUNIZ
Caracterização imunológica de indivíduos infectados pelo Plasmodium vivax no
município de Cruzeiro do Sul (AC)
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Biologia Parasitária
como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Mestre em
Biologia Parasitária.
A Comissão julgadora da Defesa do Trabalho Final de Mestrado em Biologia
Parasitária, em sessão pública realizada no dia / / , considerou o candidato:
( ) APROVADO
( ) REPROVADO
1) Examinador __________________________________
2) Examinador ___________________________________
3) Examinador ___________________________________
4) Presidente (Orientador)__________________________________
3
Aos maiores incentivadores, que através da
simplicidade sempre me proporcionaram os
maiores aprendizados, meus pais.
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à Deus pelo dom da vida, por ser o autor e diretor da minha
história, sem ti nada sou. Agradeço Pai, por me dá a graça de ter a mãe Maria, a qual
sou devota pelo grande exemplo de fidelidade à Deus. Obrigada Nossa Senhora por
interceder por mim.
À minha família pelo reconhecimento e apoio, em especial aos meus pais,
Gerson e Aurimar Muniz, que apesar das dificuldades, desde muito cedo me fizeram
entender a necessidade de estudar. É por vocês que tento melhorar a cada dia e é para
vocês o meu maior amor, cuidado e esforço.
Aos meus pais de coração, tia Graça, tio Batista e Fábio Barros por toda a
dedicação e acolhimento durante esses anos de convivência, como agradecer a
disponibilidade de vocês? Só Deus pra lhes abençoar.
Aos amigos fieis de infância, adolescência e/ou de vida muito obrigada pelas
orações fervorosas, pelo companheirismo e pelo abrigo que nunca me deixaram desistir
da concretização deste sonho. Em especial ao meu amigo-namorado Robson Gomes que
esteve presente nos momentos mais difíceis e ofereceu palavras de encorajamento e
carinho.
A todos os professores do mestrado em Biologia Parasitária por contribuírem
para minha formação profissional, em especial à Profª. Drª. Elisabeth Fernandes, ao
Profº. Drº. Lídio Neto e ao Profº. Drº Silvio Monteiro que sempre se mostraram
disponíveis às minhas muitas solicitações com paciência e profissionalismo.
Ao Profº Drº. Claúdio Marinho e seus alunos Robrigo e Jamille que foram
primordiais para a coleta das amostras e execução dos experimentos, obrigada pela
atenção e esforço em nos ajudar.
Ao meu orientador, Profº. Drº. Marcos Grisotto, meus sinceros agradecimentos
pela confiança, compreensão, competência e inúmeros ensinamentos durante todo esse
tempo de convivência. Obrigada por me fazer acreditar no meu potencial, quando eu
mesma duvidei. Prof. este trabalho é fruto da sua perseverança e do seu
5
profissionalismo. Mesmo que eu quisesse não tenho palavras pra agradecer tudo o que
você já fez por mim.
Aos amigos da turma de mestrado, por todos os momentos de alegrias e
desespero
que
compartilhamos,
mas
que
contribuíram
para
enriquecer
os
conhecimentos.
Aos amigos mais que presentes do Laboratório de Imunologia, Cristiane Silva,
Domingos Magno, Ione Cristina, João Rodrigues, Larissa Nina e Saulo José que
embarcaram comigo nessa jornada, obrigada pelo apoio, pelas caronas e por todos os
momentos de dificuldades e alegrias vivenciados dentro e fora do laboratório.
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Maranhão (FAPEMA) pela concessão da
bolsa de mestrado e pelo financiamento do projeto assim como a CAPES e CNPq.
À Universidade Ceuma, pela infraestrutura e equipamentos necessários para a
realização deste trabalho. Em especial à secretária do Mestrado em Biologia Parasitária,
Erymônica Câmara, pela prontidão.
Aos indivíduos controles e pacientes pela compreensão e colaboração, pois sem
os mesmos seria impossível realizar essa pesquisa.
Muito obrigada a todos que de alguma forma participaram da elaboração deste
trabalho.
6
Se Deus disse que eu posso, então
eu posso! Irei e não temerei mal
algum.
Filipenses 4: 13
7
RESUMO
A malária é uma doença infecciosa aguda causada por protozoários do gênero Plasmodium
e transmitida ao homem pela picada da fêmea do mosquito Anopheles. Dentre as cinco
espécies de Plasmodium que infectam seres humanos, P. falciparum e P. vivax são as mais
prevalentes na região Amazônica. As mulheres grávidas são mais suscetíveis à infecção e
alguns fatores podem aumentar a vulnerabilidade da gravidez, causando complicações para
a mãe e para o feto. Muitos mecanismos imunológicos associados a essa doença ainda não
são compreendidos, dessa forma este estudo tem por objetivo realizar um levantamento
epidemiológico e a caracterização imunológica de indivíduos gestantes ou não, infectados
pelo Plasmodium vivax em uma área de transmissão ativa de malária, o município de
Cruzeiro do Sul (AC), em comparação com indivíduos sadios. Para tanto, dados
epidemiológicos assim como, o sangue periférico de indivíduos infectados foram coletados
para análise hematológica e realização de fenotipagem por citometria de fluxo, onde foram
analisados marcadores de ativação, apoptose e a presença de células regulatórias. Além
disso, amostras de plasma foram utilizadas para detecção de citocinas e avaliação do
estresse oxidativo. Mulheres jovens, apresentando baixa parasitemia, porém com sintomas
clássicos da infecção e já infectadas anteriormente foram os indivíduos mais acometidas
pela malária. Os pacientes gestantes e não gestantes infectados apresentaram plaquetopenia
e aumento na expressão de marcadores de ativação e de apoptose. A infecção também
induziu o aumento da expressão de moléculas coestimulatórias (ICOS, OX40 e GITR) em
células T, e o aumento das células regulatórias no sangue periférico de gestantes e não
gestantes infectados pelo P.vivax. No plasma de infectados gestantes ou não, houve baixa
produção das citocinas, porém foram detectadas as citocinas IL-6, IL-10 e IL-17. A
produção de marcadores do estresse oxidativo não mostrou diferença significativa nos
grupos analisados. Em conjunto, esses dados sugerem que a infecção pelo P. vivax promove
mudanças hematológicas e imunológicas em gestantes e não gestantes, uma vez que altera
significantemente a expressão de marcadores de ativação e apoptose nos linfócitos de
infectados e paralelamente ocorre um aumento das células regulatórias e moléculas
coestimulatórias. Estes resultados apontam para a necessidade gerar informações acerca dos
mecanismos imunológicos na malária pelo P. vivax que poderão subsidiar o
desenvolvimento de futuras pesquisas sobre essa temática e consequentemente novas
medidas de intervenção.
Palavras-chave: Plasmodium vivax, malária gestacional, Tregs, marcadores de ativação.
8
ABSTRACT
Malaria is an acute infectious disease caused by protozoa of the genus Plasmodium and
transmitted by the bite of female Anopheles mosquito. Among the five species of
Plasmodium that infect humans, P. falciparum and P. vivax are the most prevalent in the
Amazon region. Pregnant are more susceptible to infection and some factors may
increase the vulnerability of pregnancy, causing complications for the mother and the
fetus. Many immunological mechanisms associated with this disease are not yet
understood, therefore this study aims to carry out an epidemiological survey and
immunological characterization of individuals pregnant or not, infected with
Plasmodium vivax in an area of active transmission of malaria, the municipality of
Cruzeiro South (AC), compared to healthy subjects. For this purpose, as well as
epidemiological data, the peripheral blood of infected individuals were collected for
hematological analysis, and performing phenotyping by flow cytometry, where
activation markers were analyzed, and the presence of apoptotic regulatory cells.
Furthermore, plasma samples were used for detection of cytokines and evaluation of
oxidative stress. Young women, with low parasitaemia, but with classic symptoms of
infection and already infected individuals were most affected by malaria. Patients
infected pregnant and non-pregnant had thrombocytopenia and increased expression of
activation and apoptosis markers. The infection also induced the increased expression of
costimulatory molecule (ICOS and OX40 GITR) in T cells, and increased regulatory
cells in peripheral blood of pregnant and non-pregnant infected with P. vivax. In the
plasma of infected pregnant or not, cytokine production was low but was detected
cytokines IL-6, IL-10 and IL-17. The production of markers of oxidative stress showed
no significant difference in the groups. Together, these data suggest that the P. vivax
infection promotes hematological and immunological changes in pregnant and nonpregnant, since significantly alter the activation and expression of markers of apoptosis
in infected cells and in addition there is an increase of regulatory cells, and
costimulatory molecules. These results point to the need to generate information about
the immunological mechanisms in malaria by P. vivax that may inform the development
of future research on this topic and consequently new intervention measures.
Keywords: Plasmodium vivax, gestational malaria, Tregs, activation markers.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa de risco da malária por Município de infecção. Brasil, 2013. Fonte:
(Sivep-Malária/SVS/MS) e (Sinan/SVS/MS).................................................................21
Figura 2 - Ciclo de vida do Plasmodium.........................................................................23
Figura 3 - Evidência do Plasmodium vivax em esfregaço de lâmina de sangue periférico
em indivíduo positivo no exame de gota espessa coradas com Giemsa..........................44
Figura 4 - Média dos valores de hematócrito (%) (A), leucócitos totais (10 3/mm3) (C) e
plaquetas (103/mm3) (E) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana dos
valores de hematócrito (%) (B), leucócitos totais (10 3/mm3) (D) e plaquetas (103/mm3)
(F)
em
gestantes
controles
e
infectadas
pelo
Plasmodium
vivax.................................................................................................................................47
Figura 5 - Média dos valores de monócitos (%) (A), linfócitos T CD4+ (%) (C),
linfócitos B (%) (G) e mediana de linfócito T CD8 + (%) (E) em controles e infectados
pelo Plasmodium vivax. Mediana dos valores de monócitos (%) (B), linfócitos T CD4 +
(D), linfócitos T CD8+ (F) e linfócitos B (H) em gestantes controles e infectadas pelo
Plasmodium vivax............................................................................................................49
Figura 6 - Expressão dos marcadores CD45RA e CD45RO em linfócitos T CD4+ de
indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não
gestantes).........................................................................................................................50
Figura 7 - Média dos valores de células T CD4+CD45RA (%) (A) e T CD4+CD45RO
(C) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana dos valores de células T
CD4+CD45RA (%) (B) e T CD4+CD45RO (D) em gestantes controles e infectadas pelo
Plasmodium vivax....................................................................................................51
10
Figura 8 - Expressão do marcador CD69 em linfócitos T CD4 + de indivíduos controles
(gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes)...............................52
Figura 9 - Expressão do marcador CD69 em linfócitos T CD8 + de indivíduos controles
(gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes)...............................53
Figura 10 - Expressão do marcador CD69 em linfócitos B de indivíduos controles
(gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes)...............................54
Figura 11 - Mediana dos valores de células T CD4+CD69+ (%) (A), T CD8+CD69+ (%)
(C) e CD19+CD69+ (%) (E) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana
dos valores células T CD4+CD69+ (%) (B), T CD8+CD69+ (%) (D) e CD19+CD69+ (%)
(F)
em
gestantes
controles
e
infectadas
pelo
Plasmodium
vivax.................................................................................................................................55
Figura 12 - Expressão da mediana de intensidade de fluorescência de HLA-DR em
monócitos de indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e
não gestantes)..................................................................................................................56
Figura 13 - Expressão de células T CD4+HLA-DR de indivíduos controles (gestantes e
não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes)...................................................57
Figura 14 - Mediana da intensidade de fluorescência de HLA-DR em monócitos (A) e
mediana dos valores de células CD4+HLA-DR (%) (C) em controles e infectados pelo
Plasmodium vivax. Mediana da intensidade de fluorescência de HLA-DR em monócitos
(B) e mediana dos valores de células CD4 +HLA-DR (%) (D) em gestantes controles e
infectadas pelo Plasmodium vivax...................................................................................58
Figura 15 - Expressão da mediana da intensidade de fluorescência de CD95 (Fas) em
células T CD4+ de indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados
(gestantes e não gestantes)...............................................................................................59
11
Figura 16 - Expressão da mediana da intensidade de fluorescência de CD95 (Fas) em
células T CD8+ de indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados
(gestantes e não gestantes)...............................................................................................59
Figura 17 - Mediana da intensidade de fluorescência de CD95 (Fas) em células T CD4 +
(A) e T CD8+ (C) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana da
intensidade de fluorescência de CD95 (Fas) em células T CD4 + (B) e T CD8+ (D) em
gestantes controles e infectadas pelo Plasmodium vivax.................................................60
Figura 18 - Expressão da mediana da intensidade de fluorescência de OX40 em células
T CD4+ de indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não
gestantes).........................................................................................................................61
Figura 19 - Expressão da mediana da intensidade de fluorescência de OX40 em células
T CD8+ de indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não
gestantes).........................................................................................................................61
Figura 20 - Mediana da intensidade de fluorescência de OX40 em células T CD4 + (A) e
T CD8+ (C) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana da intensidade
de fluorescência de OX40 em células T CD4 + (B) e T CD8+ (D) em gestantes controles
e infectadas pelo Plasmodium vivax................................................................................62
Figura 21 - Expressão de células T CD4+ICOS de indivíduos controles (gestantes e não
gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes).........................................................63
Figura 22 - Expressão de células T CD8+ICOS de indivíduos controles (gestantes e não
gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes).........................................................64
Figura 23 - Média dos valores de células T CD4+ICOS (%) (A) e T CD8+ICOS (%) (C)
em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana dos valores de células T
CD4+ICOS (%) (B) e T CD8+ICOS (%) (D) em gestantes controles e infectadas pelo
Plasmodium vivax............................................................................................................65
12
Figura 24 - Expressão da mediana de intensidade de fluorescência de GITR em células
CD14+ de indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não
gestantes).........................................................................................................................66
Figura 25 - Expressão da mediana de intensidade de fluorescência de GITR em células
CD4+ de indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não
gestantes).........................................................................................................................66
Figura 26 - Mediana da intensidade de fluorescência de GITR em células CD14 + (A) e
linfócitos T CD4+ (C) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana da
intensidade de fluorescência de GITR em células CD14+ (B) e linfócitos T CD4+ (D) em
gestantes controles e infectadas pelo Plasmodium vivax...........................................67
Figura 27 - Expressão de células T CD4+CD25+CD127hi/low de indivíduos controles
(gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes................................68
Figura 28 - Média dos valores de células T CD4+CD25+CD127hi (A) e T
CD4+CD25+CD127low (C) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana
dos valores de células T CD4+CD25+CD127hi (B) e T CD4+CD25+CD127low (D) em
gestantes controles e infectadas pelo Plasmodium vivax.................................................69
Figura 29 - Detecção da produção de citocinas (pg/ml) pró (A e E) e anti-inflamatórias
(C) no plasma de controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Detecção da produção
de citocinas (pg/ml) pró (B e F) e anti-inflamatórias (D) no plasma de gestantes
controles e infectadas pelo Plasmodium vivax................................................................70
Figura 30 - Dosagem de Nitrito + Nitrato (NO x) (A) e H2O2 (B) no plasma de mulheres
infectadas pelo Plasmodium vivax...................................................................................71
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição das marcações dos anticorpos nas amostras de indivíduos sadios
e infectados pelo Plasmodium vivax................................................................................39
Tabela 2 - Descrição epidemiológica dos indivíduos infectados pelo Plasmodium
vivax.................................................................................................................................43
Tabela 3 - Descrição epidemiológica das gestantes infectadas pelo Plasmodium
vivax.................................................................................................................................45
Tabela 4 - Valor do teste de normalidade de Skapiro-Wilk das variáveis numéricas
utilizadas no estudo.........................................................................................................46
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AICD - Morte celular induzida por ativação
ANOVA - Análise de variância
CBA – cytokine bead array
CD - Grupamento de diferenciação
CS - Proteína circunsporozoíta
CTLA-4 - Antígeno 4 associado ao linfócito T citotóxico (do inglês cytotoxicTlymphocyte-associated antigen 4)
EDTA - Etilenodiamino tetracético (anticoagulante)
EROS - Espécies Reativas de Oxigênio
FACS - Separação celular ativada por fluorescência
FITC - Isotiocianato de fluoresceína
FOXp3 - Gene envolvido na resposta do sistema imune que funciona como regulador
das funções das células T
FSC – Forward Scatter (tamanho)
Hb - Hemoglobina
Ht – Hematócrito
HLA-DR - Antígeno leucocitário Humano/ Molécula do Complexo Principal de
Histocompatibilidade de classe II
H2O2 - Peróxido de Hidrogênio
ICOS – co-estimulador induzível de células T (do inglês inducible T-cell
costimulatory)
ICOS-L – ligante do co-estimulador induzível de células T (do inglês
IFN-Interferon gama
IL - Interleucina
IPA - Índice parasitário anual
MFI - Mediana da intensidade de fluorescência
MHC - Complexo Principal de Histocompatibilidade
MiP - Malária na gravidez
NK - Células matadoras profissionais
NO - Óxido nítrico
OMS - Organização mundial da saúde
PE - Ficoeritrina
15
PECy5 - Ficoeritrina cianina
PM - Malária placentária
RNS - Espécies Reativas de Nitrogênio
SIVEP - Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica
SSC – Side Scatter (granulosidade)
TCR – receptor de célula T
TGFTransforming growth factor
TH - Linfócitos T auxiliares
TNFFator de Necrose Tumoral alfa
Treg - Células T regulatórias (inducible T-cell costimulatory ligand)
16
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................18
1.1 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA MALÁRIA................................................18
1.2 CICLO DE VIDA DO PARASITA, TRANSMISSÃO E MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS.......................................................................................................................21
1.3 RESPOSTA IMUNOLÓGICA NA MALÁRIA........................................................24
1.3.1 Resposta Imune inata e adaptativa..........................................................................24
1.3.2 Estresse oxidativo e apoptose.................................................................................29
1.4 MALÁRIA GESTACIONAL....................................................................................31
2 OBJETIVOS................................................................................................................35
2.1 GERAL......................................................................................................................35
2.2 ESPECÍFICOS...........................................................................................................35
3 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................36
3.1 POPULAÇÃO ESTUDADA E ASPECTOS ÉTICOS..............................................36
3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO...................................................................................36
3.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO..................................................................................37
3.4 COLETA E ESTOCAGEM DE MATERIAL...........................................................37
3.5 HEMOGRAMA, SEPARAÇÃO DE PLASMA E ISOLAMENTO DE CÉLULAS
DO SANGUE PERIFÉRICO COM TAMPÃO DE LISE...............................................37
3.6 FENOTIPAGEM DE LEUCÓCITOS POR CITOMETRIA DE FLUXO................38
3.7 ANÁLISE DE CITOCINAS DO PLASMA DE PACIENTES UTILIZANDO O KIT
CBA.................................................................................................................................39
3.8 DOSAGEM DE NOX.................................................................................................39
3.9 DOSAGEM DE H2O2................................................................................................40
3.10 ANÁLISES ESTATÍSTICAS..................................................................................40
4 RESULTADOS............................................................................................................42
4.1 DESCRIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DOS INDIVÍDUOS INFECTADOS PELO
Plasmodium vivax............................................................................................................42
17
4.2 DADOS HEMATOLÓGICOS..................................................................................45
4.3 ANÁLISE FENOTÍPICA DOS INDIVÍDUOS INFECTADOS PELO Plasmodium
vivax.................................................................................................................................48
4.3.1 População de monócitos, Linfócitos T (CD4 e CD8) e B.......................................48
4.3.2 Expressão de Marcadores de Células naive e de memória.....................................49
4.3.3 Expressão de marcadores de ativação na malária pelo Plasmodium vivax.............51
4.3.3.1 Expressão de CD69 em Linfócitos T (CD4 e CD8) e B.......................................51
4.3.3.2 Expressão de HLA-DR em monócitos e linfócitos T CD4...................................55
4.3.4 Expressão do marcador de apoptose (CD95 Fas) em linfócitos T..........................58
4.3.5 Expressão de moléculas coestimulatórias...............................................................59
4.3.5.1 Expressão de OX40 em linfócitos T (CD4 e CD8)...............................................60
4.3.5.2 Expressão de ICOS em linfócitos T (CD4 e CD8)...............................................62
4.3.5.3 Expressão de GITR em monócitos e linfócitos T CD4.........................................64
4.3.6 Análise da expressão de CD25 em células T CD4: células T ativadas e
regulatórias.......................................................................................................................67
4.4 DETECÇÃO DE CITOCINAS NO PLASMA DOS INDIVÍDUOS INFECTADOS
PELO Plasmodium vivax.................................................................................................69
4.5 PRODUÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO E PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO...............71
5 DISCUSSÃO................................................................................................................72
6 CONCLUSÕES...........................................................................................................85
REFERÊNCIAS.............................................................................................................86
APÊNDICE...................................................................................................................103
ANEXOS.......................................................................................................................105
18
1 INTRODUÇÃO
1.1 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA MALÁRIA
A malária, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma das doenças
parasitárias mais importante do mundo considerada uma doença infecciosa aguda,
causada pelo protozoário do gênero Plasmodium e transmitida naturalmente ao homem
pela picada da fêmea do mosquito Anopheles durante seu repasto sanguíneo (WHO,
2010).
Diferentes determinantes epidemiológicos como clima, forma de ocupação do
solo, modalidade de exploração dos recursos naturais e da intensa migração de área
rural para urbana aumentam a probabilidade de infecção malárica. A precária vigilância
epidemiológica e entomológica e áreas que sofreram ações como o desmatamento
contribuem para o agravamento desse quadro (SARAIVA et. al. 2009).
A malária é a principal causa de morte e morbidade em muitos países em
desenvolvimento (WHO, 2014). De acordo com a Organização Mundial de Saúde
(OMS), 182, 2 milhões de casos clínicos de malária ocorrem pelo Plasmodium
falciparum (P. falciparum) e 15,8 milhões de casos clínicos pelo Plasmodium vivax (P.
vivax), sendo 584 mil mortes são atribuídas à malária todos os anos (WHO, 2014).
Entre adultos expostos à malária, as grávidas são mais suscetíveis à infecção,
sendo um dos principais grupos de risco. No mundo, mais de 125 milhões de grávidas
vivem em áreas de risco para malária, sendo que 32 milhões estão sob o risco de
infecções pelo P. falciparum, 40 milhões por P. vivax e 53 milhões encontram-se em
risco de serem infectadas por ambas as espécies, aumentando assim, o risco de
complicações associadas às infecções pelo Plasmodium, incluindo o desenvolvimento
de malária placentária (PM) (DELLICOUR et al., 2010). A malária placentária decorre
principalmente de infecções pelo P. falciparum, mas há estudos que evidenciam
alterações morfológicas e histológicas em placentas infectadas pelo P. vivax (ATAÍDE
et. al., 2015).
Durante a gravidez, muitas alterações fisiológicas ocorrem no organismo da
mulher e alguns eventos podem aumentar a complexidade da gestação, e a malária pode
se apresentar como uma complicação (CHAGAS et. al., 2009). Dados provenientes de
estudos no Brasil são escassos sobre a distribuição espaço-temporal dos casos de
19
malária e seus determinantes em uma escala microgeográfica (vilarejo, localidade),
principalmente em relação à infecção gestacional. Os dados usualmente analisados
provêm dos arquivos do Ministério da Saúde.
As condições ambientais dos Estados brasileiros pertencentes à Amazônia Legal,
como elevada temperatura, umidade e condições hídricas abundantes, propiciam o
desenvolvimento do mosquito vetor. O risco de contrair a doença não é uniforme, sendo
medido por índice parasitário anual (IPA). Este índice classifica as áreas de transmissão
em alto risco (IPA maior que 50 casos de malária/1.000 habitantes); médio risco (IPA
entre 10 e 50 casos/1.000 habitantes), baixo risco (IPA de 0,1 a 10 casos/1.000
habitantes), e zero – sem risco (SARAIVA et. al. 2009).
Na região Amazônica, em 2011, os estados foram classificados como de alto
risco de transmissão (Acre, Rondônia e Amazonas); médio (Roraima, Amapá e Pará); e
baixo (Mato Grosso, Maranhão e Tocantins). Todos os estados tiveram redução da
incidência quando comparado o ano de 2006 em relação a 2005, exceto o Acre, local de
realização desse estudo, mais precisamente a cidade de Cruzeiro do Sul, segundo maior
município do Estado e que é uma área de baixa transmissão, devido às medidas de
controle realizadas pela política nacional de combate à Malária, como distribuição de
mosquiteiros e inseticidas e tratamento precoce dos infectados, entretanto com alta
prevalência de infecções por de P. vivax e P. falciparum (SIVEP- MALÁRIA, 2012).
O Estado do Acre está situado na Amazônia Brasileira, no extremo sudoeste da
região Norte, ocupando uma área de 153.194 Km 2. Administrativamente, é composto
por 22 municípios, sendo Cruzeiro do Sul, considerado a segunda maior cidade do Acre.
Cruzeiro do Sul foi o município de estudo, localiza-se à margem esquerda do rio Juruá,
distante 648 km da capital Rio Branco. Limita-se ao norte com estado do Amazonas, ao
sul com o município de Porto Valter, ao leste com o de Tarauacá e ao oeste com os de
Rodrigues Alves, Mâncio Lima e com a República do Peru. Ele tem extensão territorial
de 7881 km. A população total do município é estimada em 89.095 habitantes, sendo
44.987 mulheres e sua densidade demográfica e de 8,55 habitantes/km (IBGE, 2007). A
estrutura de saúde pública do município conta com três hospitais, disponibilizando 243
leitos, desses 74 destinados à obstetrícia. Os partos são realizados de forma intrahospitalar em 88,7% dos casos, com registro em média de 2112 nascidos vivos/ano. A
rede de atenção básica é formada por dois Centros de Saúde e doze Postos de Saúde,
com uma cobertura de pré-natal em torno de 22,7%, considerando a realização de sete
20
ou mais consultas. Em 2006 o número de mulheres atendidas no pré-natal foi cerca de
1010 grávidas/ano. (DATASUS, 2007).
Em Cruzeiro do Sul (AC), a incidência parasitária anual (IPA) em 2006 chegou
a 571,5/1.000 habitantes, caracterizando essa área como hiperendêmica. As causas para
tamanha endemicidade são mal compreendidas. Acredita-se que, dentre outros fatores, o
grande número de tanques destinados à piscicultura, construídos como resultado de um
programa estadual de incentivo a essa atividade econômica, tenham-se comportado
como criadouros permanentes de Anopheles darlingi, em especial na área periurbana.
Do total dos exames positivos confirmados em mulheres entre 2003 e 2008 em Cruzeiro
do Sul, 2,6% estavam relacionados à pacientes grávidas (COSTA et al. 2010).
Até a década de 80, houve relativa equivalência entre as espécies parasitárias (P.
vivax e P. falciparum), mas o levantamento realizado no Brasil em 2013 mostra que dos
177.722 casos confirmados de malária, 18% das infecções foram causadas pelo P.
falciparum e 82% pelo P. vivax. Das 177.722 notificações realizadas nesse ano, 33.715
tiveram o estado do Acre como provável local de infecção. Dos 22 municípios que
compõem o estado do Acre, 8 são considerados endêmicos para a malária, sendo 2 de
alto risco, 2 de médio risco e 4 de baixo risco (SIVEP MALÁRIA, 2014).
No Brasil em 2013, 26,9 milhões de pessoas residiam em áreas de risco,
distribuídas em 9 estados endêmicos. Nestes estados, dos 53 municípios considerados
endêmicos, 23 são classificados com de alto risco, 15 de médio e 15 de baixo risco
(Figura 1).
21
Figura 1- Mapa de risco da malária por Município de infecção. Brasil, 2013.
Fonte: (Sivep-Malária/SVS/MS) e (Sinan/SVS/MS).
1.2 CICLO DE VIDA DO PARASITA, TRANSMISSÃO E MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS
A malária é uma doença causada por um protozoário do filo Apicomplexa,
família Plasmodidae, gênero Plasmodium que inclui várias espécies que parasitam
diferentes hospedeiros vertebrados. Apenas cinco espécies parasitam o homem:
Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium malariae, Plasmodium ovale
(de transmissão natural apenas na África) e Plasmodium knowlesi, uma espécie de
Plasmodium que infecta naturalmente símios em regiões de florestas no sudoeste
asiático. A infecção por cada uma dessas espécies de Plasmodium tem suas
características próprias, bem como apresentam diferenças em suas áreas de distribuição
(COX-SINGH, 2012).
Dentre as cinco espécies, P. falciparum e P. vivax são as mais prevalentes no
mundo. O número de casos de malária pelo P. vivax vem aumentando, e isso pode está
22
relacionado ao fato da presença imediata de formas sexuadas do parasita no sangue de
infectados, existência de hipnozoítos, efeitos colaterais das medicações, assim como
existência de cepas resistentes aos antimaláricos (BAIRD et al., 2004 e 2007; ANSTEY,
2009; OLIVEIRA-FERREIRA, 2010).
No Brasil, a grande extensão geográfica da área endêmica e as condições
climáticas favorecem o desenvolvimento dos transmissores e agentes causais da malária
pelas espécies de P. vivax, P. falciparum e P. malariae (este último com menor
frequência) (OMS, 2009).
A malária é transmitida ao homem através da picada da fêmea do mosquito
Anopheles, sendo o A. darlingi o principal vetor no Brasil. O ciclo do parasita é dividido
em sexuado (que ocorre no inseto vetor) e assexuado (que ocorre no homem).
A fase sexuada se inicia quando os gametócitos ingeridos durante a alimentação
são transportados para o intestino do mosquito. Como a temperatura é mais baixa, os
gametas emergem das hemácias infectadas, sendo fertilizados, originando os zigotos.
Estes se desenvolvem em oocistos, iniciando a esporogonia. Em seguida ocorre o
rompimento do oocisto e as formas infectantes do protozoário para o ser humano, os
esporozoítos, são libertados, alojando-se na glândula salivar do mosquito. (FREITAS
DO ROSÁRIO, 2008) (Figura 2).
A partir da picada do mosquito, a fêmea inocula os esporozoítos do parasito na
pele do hospedeiro, estes caem na corrente sanguínea, invadindo os hepatócitos. Dentro
dessas células, os esporozoítos multiplicam-se e originam milhares de merozoítos
(esquizogonia pré- eritrocítica). Os hepatócitos infectados se rompem e liberam, na
corrente sanguínea, vesículas denominadas de merossomas contendo agregados de
merozoítos em seu interior. Os merozoítos rompem os merossomas e invadem
rapidamente os eritrócitos (Figura 2).
O ciclo sanguíneo (esquizogonia eritrocítica) se repete sucessivas vezes,
conduzindo à lise de eritrócitos e sendo responsável pelas manifestações clínicas,
hematológicas e processos patogênicos associados à doença. A ruptura de hemácias é
normalmente acompanhada por episódios de febre, náuseas, dores de cabeça e outros
sintomas em resposta às citocinas pró-inflamatórias sistêmicas.
23
Figura 2 - Ciclo de vida do Plasmodium. 1 - Os esporozoítos são inoculados na pele humana através da
picada da fêmea do mosquito Anopheles. 2 - Os parasitas migram para o fígado, infectando os hepatócitos
e iniciam a esquizogonia pré-eritrocítica. 3 – Parasitas seguem para o sangue (esquizogonia eritrocítica)
liberando merozoítos que são responsáveis pela sintomatologia da malária. 4 - As formas sexuadas do
parasita (gametócitos) são inoculadas pelo mosquito que inicia o ciclo sexuado. 5 – No intestino do
mosquito ocorre a fecundação dos gametócitos e forma-se o zigoto. 6 – Os parasitas multiplicam-se e
rompem o oocisto liberando esporozoítos que se alojam nas glândulas salivares do mosquito.
Fonte: http: //negritosbio.blogspot.com.br/p/doencas-provocadas-por-protozoarios_6.html. Adaptado pela
autora.
As recaídas de malária por P. vivax podem ocorrer apesar da parasitemia não ser
mais detectada no sangue, isso se dá pela presença dos hipnozoítos, formas latentes de
Plasmodium no fígado. Por isso que a administração de cloroquina por 3 dias e de
primaquina, droga que combate os hipnozoítos, por 7 dias (esquema curto) ou por 14
dias (esquema longo) é recomendado como tratamento padrão para prevenir recaídas.
As possíveis causas de reincidência da infecção estão relacionadas com resistência a
cloroquina, ou à primaquina, dosagem inadequada primaquina, baixa adesão à
medicação, ou mesmo a reinfecção. A resistência à medicação sugere a aquisição de
novas características fenotípicas por parasitos de diferentes regiões geográficas (PRICE,
2009).
Manifestações hematológicas estão presentes na infecção pelo Plasmodium
como anemia, decorrente da lise eritrocitária e leucopenia periférica. Em relação às
plaquetas mais recentemente, nos casos de malária por P. vivax com complicações, tem-
24
se observado, sistematicamente, o aparecimento de plaquetopenia. Em estudo descritivo
de 43 casos de malária infectados pelo P. vivax grave, em Manaus, a média da contagem
de plaquetas em pacientes graves, no dia da admissão, foi significativamente menor do
que a de pacientes não-graves (DE LACERDA, 2007).
Desta maneira, pode-se dizer que durante o ciclo de desenvolvimento no
hospedeiro vertebrado, o parasita pode, portanto, ser alvo da resposta imune em maior
ou menor grau em função do seu estágio de desenvolvimento. Mas é durante o ciclo
eritrocítico que, fundamentalmente, o sistema imune do hospedeiro responde aos
antígenos parasitários levando à resposta imune efetiva contra o Plasmodium ou à
imunopatologia (SILVA, 2013). Os ciclos eritrocitários repetem-se a cada 48 horas nas
infecções por P. vivax, P. falciparum e P. ovale (terçã), a cada 72 horas nas infecções
por P. malariae (quartã) e a cada 24 horas no P. knowlesi (COX-SINGH, 2008).
A transmissão da malária também pode ser acidental, como resultado de
transfusão de sangue cujo doador esteja infectado ou de contatos involuntários com
sangue contaminado. Outros episódios conhecidos de infecção da doença resultam do
compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas entre dependentes de droga
injetável, cuja forma é chamada de malária induzida (VERONESI; FOCACCIA, 2006).
Além disso, a transmissão congênita ou perinatal, apesar de rara, existe quando ocorre
mistura do sangue materno com o fetal, ainda na fase intra-uterina ou durante o trabalho
de parto (VERONESI; FOCACCIA, 2006).
1.3 RESPOSTA IMUNOLÓGICA NA MALÁRIA
1.3.1
Resposta Imune inata e adaptativa
A composição complexa do parasita apresenta moléculas com propriedades
antigênicas que são responsáveis pela ativação da resposta imune do hospedeiro e
garantem que a resposta imune na malária seja diversificada e estágio-específica,
atuando contra as diferentes formas evolutivas do parasita. Esta resposta pode ser
influenciada por fatores relacionados ao hospedeiro e pela exposição ao parasita
(PLEBANSKI & HIIL, 2000; MALAGUARNERA & MUSUMECI, 2002; BECKER et
al., 2004; LANGHORNE et al., 2008). A imunidade à malaria envolve tanto uma
resposta inata como adaptativa.
25
A resposta imune inata é essencial não somente para limitar a fase inicial de
multiplicação do parasita como também para a primeira onda de parasitemia,
controlando a infecção até que a imunidade adaptativa seja estabelecida (STEVENSON
et al., 2004).
A imunidade inata na malária compreende a participação das moléculas do
sistema complemento, ativação de macrófagos, células dendríticas, células NK e NKT.
As moléculas do sistema complemento causam a lise direta do parasita, os macrófagos
fagocitam os parasitos livres e os eritrócitos parasitados; as células NK e NKT induzem
a lise das células parasitadas (ENGWERDA & GOOD, 2005). Além destas, também
participam as células dendríticas que junto aos macrófagos, iniciam a resposta imune
adquirida (URBAN et al., 1999; DIALLO et al., 2008).
Durante a infecção por Plasmodium, além de atuarem como células
apresentadoras de antígenos, os macrófagos apresentam um importante papel devido a
sua habilidade de fagocitar eritrócitos infectados na ausência de anticorpos específicos
citofílicos e/ou opsonizantes (SERGHIDES et al., 2003).
As células dendríticas iniciam a resposta imune adaptativa promovendo o
estímulo de células T e B. BUENO e colaboradores em 2009 demonstraram que
indivíduos naturalmente infectados por P. vivax apresentam uma modulação negativa de
moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC), que são responsáveis
por apresentar de antígenos. Essa modulação pode está diretamente relacionada com a
presença do eritrócito infectado (URBAN et al., 1999; URBAN et al., 2001; OCANAMORGNER et al., 2003).
Na resposta imune inata, as células NK representam uma importante fonte inicial
de IFN- e são responsáveis pela eliminação do parasito devido aos processos de
citotoxidade desencadeados em resposta à infecção (OJO-AMAIZE et al., 1984;
DOOLAN et al., 1999; ARTAVANIS-TSAKONAS et al., 2002).
Os loci genéticos envolvidos na rejeição de tecidos estranhos ou não próprios
constituem uma região conhecida como complexo principal de histocompatibilidade
(CPH), também chamado de HLA (human leukocyte antigen) em humanos (DONADI,
2000; KLEIN, 2000; TURNER, 2004). O sistema HLA é dividido, didaticamente, em
três regiões: classe I, II e III. A região de classe I é composta, principalmente, pelos loci
HLA-A, B, C, que codificam as moléculas presentes praticamente em todas as células
nucleadas. A região de classe II engloba os loci HLA-DR, -DP e –DQ, que codificam
moléculas presentes, principalmente, na superfície de células imunes, como macrófagos,
26
células dendríticas, monócitos, linfócitos T ativados e linfócitos B. Que atuam na
apresentação de antígenos e na regulação da interação entre células e o início da
resposta imune. A região de classe III possui genes que codificam componentes do
complemento, como C4A, C4B e o fator B, além de conter genes para as enzimas 21hidroxilase (CYP21), proteína do choque térmico (Hsp.70) e fatores de necrose tumoral
(FERNANDES, 2003).
Vários estudos têm investigado a influência do HLA na imunologia da malária
(BANIC et al., 2002;. JOHNSON et al., 2004; OLIVEIRA-FERREIRA et al., 2004).
Alguns dos alelos HLA-DR foram associada a uma melhor resposta de anticorpos para
P. falciparum (BANIC et al., 2002; JOHNSON et al., 2004) e P. vivax (OLIVEIRAFERREIRA et al., 2004). Além disso, estudos prévios têm relatado uma associação
entre alelos específicos do HLA e a resposta imunológica aos antígenos da malária em
ensaios de vacinas humanas (NARDIN et al., 2001; ZHANG et al., 2009), porém pouco
sucesso tem-se alcançado devido à grande variabilidade antigênica relacionado aos
estágios de vida do parasito (LONGLEY et al., 2015).
A imunidade adquirida na malária envolve tanto uma resposta celular como
humoral. As células T são essenciais na estimulação da produção de anticorpos e na
indução da imunidade celular. No início da infecção, os anticorpos podem desencadear
resposta imune contra os esporozoítos ao reconhecerem a proteína circunsporozoíta
(CS), localizada na superfície do parasito, e impedir a invasão dos hepatócitos.
A resposta imune adquirida contra os esporozoítos e os demais estágios
hepáticos é limitada e geralmente não impede o desenvolvimento do estágio eritrocítico.
Os esporozoítos, assim como as formas sexuais, possuem antígenos de superfície pouco
imunogênicos do que os antígenos das formas sanguíneas, provavelmente porque os
esporozoítos sofrem menor seleção pelo sistema imune do hospedeiro (STRUIK &
RILEY, 2004). Essa baixa ativação da resposta imune contra formas do ciclo préeritrocítico pode estar associada a fatores de tolerância inerentes ao fígado ou ao tempo
reduzido que o esporozoíto permanece na corrente sanguínea, antes de infectar os
hepatócitos (MOORE et al., 2002).
Durante a fase hepática, a resposta imune é predominantemente celular. A
redução da densidade parasitária nesse estágio depende da ativação dos linfócitos T
CD8+, além de linfócitos T CD4+ capazes de polarizar a resposta para Th1 no início da
infecção e direcionar a resposta para Th2 durante o curso da infecção (TAYLORROBINSON et al., 1993; WINKLER et al., 1998; GREENWOOD et al., 2008).
27
As células T CD8+ e as citocinas INF e TNF conferem proteção contra as
formas pré-eritrocíticas nos hepatócitos (SCHMIDT, 2011). O IFN é uma citocina próinflamatória produzida pelas células T CD8+, T CD4+ do tipo Th1, células NK e
linfócitos Tγδ. Na malária, o IFN tem ação antiparasitária direta e, em sinergismo com
o TNF, capaz de induzir a produção do óxido nítrico (NO) e radicais livres. A ação do
IFN, assim como das demais citocinas pró-inflamatórias, deve ser controlada para que
ocorra produção em nível adequado e, consequentemente, a eliminação da infecção com
poucos danos para o hospedeiro (ARTAVANIS-TSAKONAS & RILEY, 2002).
Várias citocinas produzidas por linfócitos T ativados, monócitos, células de
Kupffer, células NK e células endoteliais são capazes de inibir o desenvolvimento do
estágio hepático, sendo que as principais citocinas envolvidas nessa fase são IFN, IL–
1, IL-6, IL-12 e TNF (FERREIRA & RIBEIRO, 2000; JASON et al., 2001; CLARK
et al., 2006).
As formas sanguíneas dos plasmódios são as responsáveis pelas manifestações
patológicas da doença, uma vez que os sintomas são decorrentes do desenvolvimento
parasitário durante o ciclo assexuado sanguíneo. No estágio eritrocítico, potenciais alvos
de uma resposta imune são os merozoítos livres ou parasitos intra-eritrocitários. Neste
estágio, a eliminação do parasito parece ocorrer após desenvolvimento de uma resposta
específica de anticorpos a antígenos variantes de superfície (GOOD et al., 2005).
As células T CD4+ são importantes no controle do número de parasitas
sanguíneos através da secreção de citocinas, ativação de macrófagos e direcionamento
para a imunidade humoral (IMAI, 2010). Na fase inicial da infecção, os linfócitos T
CD4+ participam da redução da densidade parasitaria, sendo que, durante o curso da
infecção, a proporção de células Th2 aumenta, favorecendo o desenvolvimento da
imunidade mediada por anticorpos e, consequentemente a redução da parasitemia e a
resolução da infecção patente (TAYLOR-ROBINSON et al., 1993; FONSECA et al.,
2007).
Se por um lado se tem ativação de células imunológicas a fim de combater a
infecção concomitantemente aparecem na corrente sanguínea, células responsáveis por
limitar a ativação e proliferação excessiva dos linfócitos, limitando a magnitude de
respostas imunes efetoras, o que pode incapacitar o organismo de controlar
adequadamente a infecção Estas células são descritas como células regulatórias, que
possuem vários marcadores e fatores de transcrição, tendo sido descritas na literatura
28
por alguns autores com o fenótipo CD4+FOXp3+CD25+CD127low (SEDDIKI et al.,
2006; BELKAID E TARBELL, 2009).
Além dos marcadores CD25, CD127 e FOXp3, uma variedade de mediadores de
células Tregs podem contribuir para a supressão de respostas imunológicas no
hospedeiro, como, CTLA-4 (antígeno-4 do linfócito T citotóxico), GITR (membro da
superfamília dos receptores TNF), OX40 (CD134) e ICOS (SHEVACH et al., 2006).
Contudo, esses marcadores não são específicos para as células Treg, uma vez que eles
também podem ser expressos em outras células T ativadas (BELKAID E TARBELL,
2009). Este estudo é pioneiro na avaliação das moléculas coestimulatórias (GITR,
OX40 e ICOS) durante a malária gestacional causada pelo Plasmodium vivax.
A molécula GITR é expressa na superfície de células regulatórias naturais
(BELKAID, 2005) e é regulada pela expressão do fator de transcrição FOXp3 (YAGI et
al, 2004; NOCENTINI, 2007). Isso também foi demonstrado por Bueno (2010), onde
houve aumento do número de circulantes CD4+CD25+FOXp3+ que coexpressam GITR
em pacientes infectados pelo P. vivax. Neste contexto, pode-se sugerir que a
proliferação de células regulatórias nos infectados é provocada pela expressão GITR,
que possivelmente está regulada positivamente pela expressão FOXp3.
O OX40 é uma molécula, presente em linfócitos, faz parte do grupo de
receptores membros da família do TNF, que são potentes ativadores da resposta efetora
das células T, regulando a ação das células T CD4+ e CD8+. Também tem papel
importante na geração de memória (WEINBERG, 2004; SALEK-ARDAKANI, 2006),
é expresso nas células virgens que se tornaram ativadas entre 12 e 24 h (SO e CROFT,
2007), tendo um pico de expressão em 48 h, com declínio após 72 e 96 h após e
estimulação via TCR (VALZASINA et al., 2005).
Estudos demonstram que a expressão de OX40 está relacionada com a
proliferação, homeostase e sobrevivência das células T (ISHII et al., 2010). Na malária,
os estudos com a molécula OX40 em camundongos apontam que animais com malária
cerebral apresentam alta expressão de OX40 em seus tecidos cerebrais, o que gera
indícios que a expressão dessa molécula exerça função na caracterização da patologia
(OAKLEY et al., 2009) e a importância dessa molécula na regulação do sistema imune.
O ICOS foi inicialmente caracterizado como uma molécula facilitadora da
diferenciação de células T para a produção de IL-4 e IL-10. Foi demonstrado que a
expressão da molécula ICOS, está diretamente relacionada com a resposta imune e
ativação celular, com grande expansão de células T CD4 + convencionais e permanência
29
das células Treg (LISHKE et al., 2012). A molécula ICOS exerce papel importante para
os mecanismos supressores das células regulatórias.
1.3.2
Estresse oxidativo e apoptose
Em situação normal o sistema antioxidante é capaz de neutralizar a formação de
Espécies Reativas de Oxigênio (EROS) pela mitocôndria, porém, quando há um
desequilíbrio entre os componentes pró-oxidantes e antioxidantes, ocorre o que
chamamos de estresse oxidativo (ANDRADES et al., 2011). EROS é um termo coletivo
para descrever os radicais livres: anion superóxido (O2-), radical hidroxila (OH-),
radicais peroxila (RO2) e radicais alcoxila (RO) e o peróxido de hidrogênio (H2O2),
embora este último não seja derivado das espécies do oxigênio (CIRCU & AW, 2010).
As EROs são produzidas em consequência de processos fisiológicos. E em
grandes quantidades durante uma infecção, por células fagocíticas com a finalidade de
destruir os micro-organismos invasores (EVANS, 2000; BULGUER, 2001). Por outro
lado, quando sua produção é exacerbada existe efeitos deletérios como dano tissular,
inflamação, dentre outros (VASCONCELOS et al., 2007).
A infecção pelo Plasmodium é acompanhada por grande aumento do estresse
oxidativo, resultado da produção de EROS. Essa produção ocorre por dois mecanismos
separados: o primeiro envolve a degradação da hemoglobina do hospedeiro pelo
parasita intracelular, com a oxidação do Fe +² na forma Fe+³ após a separação da heme da
globina, produzindo elétrons que reagem com o oxigênio molecular para a formação das
EROS. O segundo mecanismo é resultado da ativação da resposta imune do hospedeiro,
pela produção de citocinas (TNF-α e INF-γ) que leva a ativação dos fagócitos e
produção EROS principalmente por linfócitos e macrófagos (PABON, et al. 2003).
Como resultado da alta taxa metabólica, os parasitas se multiplicam rapidamente
e grandes quantidades de substâncias tóxicas são geradas. Na infecção malárica, a
elevação de EROS pode danificar os tecidos, como endotélio do hospedeiro e exercer
um papel significativo na morbidade da doença por causar ativação de produtos
inflamatórios e consequentemente aumentar o estresse oxidativo sobre os eritrócitos o
que pode contribuir para a hemólise e desenvolvimento da anemia (BECKER et al.,
2004). Estudos apontam que indicadores de estresse oxidativo, especificamente da
peroxidação de lipídios, como o malondialdeído (MDA), estão aumentados em amostras
de sangue de pacientes trombocitopênicos infectados com P. vivax, demonstrando que
30
as EROS exercem importante papel nas alterações funcionais e estruturais das plaquetas
e no mecanismo da trombocitopenia na malária (ARAUJO et al., 2008).
Além de produzir EROS, a cadeia respiratória mitocondrial pode produzir Óxido
Nítrico (NO), através da ativação da enzima Óxido Nítrico Sintase (NOS) (GRIFFITH
et al., 1995). Estes subprodutos são chamados espécies reativas de nitrogênio (RN S)
(PATERSON et al., 2000).
Em mamíferos, o NO participa de diversas funções biológicas que vai desde a
regulação da pressão sanguínea (formado a partir da isoforma eNOS) e o processo da
neurotransmissão (à partir da isoforma nNOS); até a formação de um mecanismo de
proteção contra diversos micro-organismos (à partir da isoforma iNOS) (ALDERTON
et al., 2001).
Apesar de evidenciado, o papel do NO na malária ainda é bastante controverso,
principalmente no que diz respeito às várias isoformas de enzima e às diferentes locais
de produção de NO. No entanto, a produção de NO pela iNOS parece ter um papel de
destaque na infecção (MACCHI et al, 2010; MACHI et al, 2013). O NO produzido pelo
sistema imunológico em resposta a infecção leva a uma maior ativação endotelial o que
resulta na liberação de citocinas e outros mediadores inflamatórios, incluindo IL-12 e
IFN que permitem às células ativar respostas imunes (HAN et al., 2009).
Outras manifestações da doença como distúrbios respiratórios e malária
placentária, têm sido relacionadas com as alterações no estado redox (BECKER et al.,
2004), mas a relação entre o estresse oxidativo e a malária placentária necessita de mais
investigações.
A presença de estresse oxidativo leva a danos nas macromoléculas celulares e
promove a morte celular (CIRCU & AW, 2010). A apoptose celular é iniciada por
sinais intracelulares e extracelulares por duas vias principais: via mitocondrial
(intrínseca) e receptores de morte de membrana (extrínseca).
A via extrínseca é mediada por receptores de morte através da membrana
celular, incluindo a superfamília dos receptores do TNF, entre eles o TNFR-1, TRAIL e
CD95 Fas. Esse último, quando ligado ao ligante específico, Fas-L, sinaliza a agregação
e formação de um complexo indutor de morte que recruta a caspase-8 e após ativa as
caspases efetoras (caspase-3) (CIRCU & AW, 2010).
A infecção com Plasmodium falciparum causa apoptose das células
mononucleares através da participação dos receptores CD95 (Fas/APO-1) e linfocinas
(ARIBOT et al., 1996). A literatura descreve que a diminuição dos linfócitos do sangue
31
periférico é observada em pacientes portadores da malária aguda causada por P.
falciparum e P. vivax. E que os processos que podem estar envolvidos são: o de
sequestro pelos nódulos linfáticos e também pela morte dessas células por apoptose
(RICCIO et al, 2003).
O aumento dos níveis de apoptose foi observado em linfócitos de pacientes com
P. falciparum e P. vivax, quando estas células foram cultivadas por 24 horas, sendo que
as células T CD4+ foram mais susceptíveis que os linfócitos T CD8 + (RICCIO, et al.,
2003). Esta ocorrência da morte por apoptose das células imunes tem sido mostrada em
vários estudos realizados em humanos e modelos animais com vários efeitos sobre a
gravidade da doença (KASSA et al., 2006). Contudo, a contribuição do estresse
oxidativo para o dano no DNA e morte celular em pacientes infectados com malária
causada pelo P. vivax foram pouco investigadas e necessitam ser caracterizadas.
1.4 MALÁRIA GESTACIONAL
Na vivência prática a malária associada à gravidez (PAM) é utilizada para
definir qualquer infecção pelo parasita durante a gestação, que pode ocorrer em três
manifestações: malária gestacional, placentária e/ou congênita. Nesse contexto, a
malária gestacional é definida como a evidência de infecção por Plasmodium durante a
gravidez ou a presença do plasmódio no sangue periférico detectado por microscopia
(ATAÍDE et al., 2015), através da confirmação feita pelo exame de gota espessa, que é
o teste recomendado para o diagnóstico em locais endêmicos (CAMPOS et al., 2011). A
malária placentária é a presença do parasita, encontrado por testes específicos (incluindo
histopatologia) na placenta e malária congênita, é a detecção do Plasmodium no sangue
periférico ou cordão umbilical do recém-nascido.
A malária placentária provoca alterações tais como inflamação, deposição de
fibrina e infarto interviloso, que podem persistir até o parto e consequentemente afetar a
função materno-placentária, contribuindo para resultados adversos no nascimento e
aumento da mortalidade e morbidade perinatal (WALTER et at., 1982).
A presença do Plasmodium, assim como seus produtos leva ao acúmulo de
células e produtos inflamatórios na microvasculatura placentária, danificam a
integridade da mesma e interferem com sua capacidade de transportar nutrientes e
oxigênio para o feto. Estudos mostram que isso leva a anemia materna, um aumento da
32
chance de aborto, diminuição do crescimento intra-uterino e baixo peso ao nascer e
natimortos principalmente em infecções pelo P. falciparum. (ROGERSON et al., 2007;
DESAI et al., 2007).
Em relação ao P. vivax, com o aumento de casos graves da Ásia e da América do
Sul (LACERDA et al., 2012; NURLEILA et al., 2012), as consequências da infecção
durante a gravidez ainda precisam ser elucidadas, mas estudos também têm
demonstrado que eritrócitos infectados por P. vivax aderem no espaço interviloso,
embora em menor grau se comparado com P. falciparum (CARVALHO, 2010;
MARIN-MENENDEZ, 2013) e sequestro de glóbulos vermelhos infectados foram
encontrados na circulação sanguínea profunda (ANSTEY, 2007; ANSTEY, 2009).
Sendo assim, infecções pelo P. vivax também podem exercer seus efeitos adversos sobre
o feto através da anemia materna ou indução de uma potente resposta inflamatória com
a produção abundante de citocinas, o que vai interferir nos mecanismos
uteroplacentários (ANSTEY, 2009; BRABIN, 2004).
A literatura reforça que as alterações histológicas placentárias na infecção pelo
P. vivax podem ser relacionadas aos efeitos periféricos, como anemia, febre e liberação
de citocinas isso porque as interações do P. vivax com os eritrócitos infectados não são
consideráveis como as interações com o P. falciparum. (MAYOR 2012; SOUZA et al,
2013). Isto porque o P. vivax tem raros receptores placentários quando comparado ao P.
falciparum (MCLEAN et al, 2015).
Após a fecundação, citocinas pró-inflamatórias contribuem com a implantação e
remodelação das artérias para garantir o fornecimento de sangue adequado para o
embrião (PICCINNI, 2010). Após a implantação do embrião ocorre a produção de
citocinas predominantemente do perfil Th2 (IL-4, IL-5, IL-13) por linfócitos T CD4+,
que garantem a manutenção de um ambiente que tolere bem o feto e o desenvolvimento
de uma gravidez saudável (WEGMANN, et al., 1993).
Por outro lado, durante a infecção malárica há a produção de citocinas como
TNF-α (SUGUITAN et al., 2003; ROGERSON et al., 2003), IFN-γ (FRIED et al.,
1996; MOORE et al., 1999), IL-1β (MOORMANN et al., 1999) e IL-2 (FRIED et al.,
1998), no sangue periférico que promovem a proliferação de células T e aumentam a
atividade fagocitária de macrófagos pela produção de óxido nítrico (TAYLORROBINSON E SMITH, 1999). Altos níveis de citocinas inflamatórias circulantes
durante os paroxismos de P. vivax no sangue periférico (KARUNAWEERA, 2003)
33
podem ser suficientes para prejudicar o crescimento fetal e causar anemia materna
(NOSTEN, 2004).
Na infecção malárica a anemia é a mais comum complicação em gestantes,
sendo agravada pela anemia provocada pela própria gestação, tendo uma etiologia
multifatorial. Durante a gestação as concentrações de hemoglobina (Hb) e hematócrito
(Ht) reduzem drasticamente por conta do aumento da vascularização pela necessidade
de uma maior perfusão sanguínea útero-placentária. Na infecção pelo Plasmodium, há
aumento na destruição das hemácias devido à ruptura de eritrócitos, fagocitose e febre;
além da diminuição na produção de hemácias e alterações na produção de citocinas
(SOUZA et al., 2002) como já discutido anteriormente. Além disso, a formação de
rosetas é um fenótipo de citoaderência encontrado frequentemente em infecções P.
vivax e tem sido associado com um aumento do risco para a anemia (MARÍNMENÉNDEZ, 2013).
A sintomatologia da malária nas gestantes é semelhante aos demais grupos
acometidos, com episódios de febre, calafrios, sudorese, anemia e mal estar geral. Nos
casos graves as pacientes apresentam-se em coma com convulsões, choque circulatório,
pressão sistólica baixa (<50mmHg), anemia grave (Hb <5g/dl), insuficiência renal,
baixa produção de urina (<400ml/dia), angústia respiratória e hipoglicemia (<40mg/dl)
(RUBIO, 2000).
A gravidade das manifestações clínicas é determinada pelo grau de imunidade
pré-gestacional o que depende da intensidade e da estabilidade da transmissão local de
malária. Estudos revelam que em áreas em que ela é baixa ou instável, o grau de
imunidade é baixo, e tanto a mãe como o feto podem apresentar doença grave.
(CHAGAS, 2009).
Pesquisas também apontam que a imunidade adquirida contra a malária é menor
em mulheres primigestas infectadas pelo P. falciparum por não terem imunidade às
proteínas específicas do Plasmodium que conferem citoaderência na placenta. Em
gestações subsequentes, com o desenvolvimento da imunidade contra as proteínas do
parasita na placenta, há redução de efeitos adversos da malária para a mãe e o feto
(DUFFY, 2007).
O processo de aquisição da imunidade contra a malária durante a gravidez só
começa quando a mulher residente em área endêmica fica grávida, uma vez que a
imunidade adquirida previamente em infecções anteriores, não a protege contra a
infecção placentária (BEESON E DUFFY, 2005; DUFFY E FRIED, 2005). Portanto, a
34
exposição repetida a determinados fenótipos de parasitas ao longo de várias gestações,
pode resultar em algum grau de proteção. Os níveis de anticorpos contra antígenos
presentes na superfície dos eritrócitos placentários infectados são baixos antes da
gravidez e aumentam com gestações sucessivas em mulheres expostas ao P. falciparum
(FOWKES et al., 2012).
Apesar das alterações ocasionadas pela malária serem comuns em qualquer
época da gestação, estudos realizados em áreas de transmissão ativa de malária na
Amazônia Legal, como Manaus, Belém, Rio Branco, Macapá e Porto Velho, indicam
que o risco de sinais gravidade ocorre com maior frequencia no último trimestre devido
as modificações fisiológicas do corpo materno, como aumento do volume plasmático,
retenção de líquidos, entre outras (ALMEIDA, 2008). Sendo que a instalação da
infecção malárica nesse período gestacional pode contribuir para a acometimento de
outras doenças vasculares (CALVOSA, 1995; JARUDE, 2003; SANTOS, 2011;
SIMÕES, 2006).
Há um grande interesse no estudo pela malária, entretanto, vários mecanismos
imunológicos associados a essa doença em indivíduos gestantes ou não ainda precisam
ser compreendidos. Sendo assim, esse estudo realiza a descrição de aspectos
epidemiológicos e a caracterização imunológica de indivíduos gestantes ou não
infectados pelo Plasmodium vivax residentes no município de Cruzeiro do Sul (AC).
Através da análise dados hematológicos, da presença de marcadores de ativação,
apoptose, de células virgens, de memória ou regulatórias presentes nos leucócitos do
sangue periférico dos infectados. Além disso, avalia mediadores inflamatórios em
amostras de plasma de indivíduos infectados pelo Plasmodium vivax.
Nesse contexto, a importância desse trabalho se relaciona com aspectos
relevantes da resposta imunológica em especial em gestantes quando da infecção pelo
P. vivax. Poucos estudos existem na literatura que abordam essa temática e neste
sentido, os resultados aqui apresentados podem propiciar um maior entendimento dos
mecanismos de regulação do sistema imunológico durante processos infecciosos. Além
disso, alguns marcadores de ativação e regulação do sistema imune foram estudados
pela primeira vez em pacientes infectados pelo Plasmodium vivax, inclusive gestantes.
Estas informações poderão auxiliar o desenvolvimento de novas estratégias de controle
da infecção por este parasita, permitindo assim uma melhora na qualidade de vida das
pessoas acometidas.
35
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Realizar um levantamento epidemiológico e a caracterização imunológica de
indivíduos gestantes ou não, infectados pelo Plasmodium vivax no município de
Cruzeiro do Sul (AC) em comparação com indivíduos sadios.
2.2 ESPECÍFICOS
Caracterizar os aspectos epidemiológicos e hematológicos durante a malária causada
pelo Plasmodium vivax.
Analisar as alterações das populações de leucócitos do sangue periférico de indivíduos
gestantes e não gestantes infectados pelo Plasmodium vivax e sadios;
Investigar a ativação de leucócitos de amostras de sangue periférico de indivíduos
gestantes e não gestantes infectados pelo Plasmodium vivax e sadios;
Avaliar a produção de mediadores inflamatórios em amostras de plasma de indivíduos
gestantes e não gestantes infectados pelo Plasmodium vivax e sadios.
36
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 POPULAÇÃO ESTUDADA E ASPECTOS ÉTICOS
Os indivíduos que participaram deste estudo foram provenientes do município
de Cruzeiro do Sul (AC), maiores de 18 anos e de ambos os gêneros. Amostras de todos
os indivíduos foram submetidas ao exame de gota espessa para identificação da espécie
de plasmódio e análise da parasitemia. As amostras foram coradas com Giemsa usandose o método tradicional (Manual de Diagnóstico Laboratorial da Malária, 2005,
Ministério da Saúde) e a contagem de parasitos foi realizada em microscópio óptico.
Para a estimativa dos níveis de parasitemia foi usado o método tradicional semiquantitativo (método de cruzes). Foram analisados 33 indivíduos acometidos pela
malária, sendo 25 não gestantes (homens e mulheres) e 8 gestantes. Todos os pacientes
foram analisados na fase aguda da doença (antes do tratamento).
Participaram do estudo também 20 indivíduos sadios e que nunca contraíram
qualquer tipo de malária anteriormente, 10 não gestantes (homens e mulheres) e 10
gestantes residentes no Estado do Maranhão.
Por tratar-se de uma pesquisa que envolve seres humanos a pesquisa foi
aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Ceuma (protocolo 00879/09,
de 17/12/2009 ANEXO B) e pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Acre
(protocolo 136622/12).
3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Integraram o estudo indivíduos de ambos os gêneros, com idade acima de 18
anos, com exame da gota espessa (método de Giemsa) positiva para Plasmodium vivax,
que aceitaram participar do estudo, assinaram um Termo de Consentimento Livre e
esclarecido (APÊNDICE A) e que responderam ao questionário clínico-epidemiológico
(ANEXO A). Como controles participaram indivíduos sem histórico de infecção
recente, que passaram por uma entrevista e realização de hemograma.
37
3.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Indivíduos que fazem uso de anti-inflamatórios não esteróides e/ou esteróides,
que se negaram a participar do estudo e a assinar o termo de esclarecimento livre e
esclarecido, ou que apresentavam outras co-morbidades.
3.4 COLETA E ESTOCAGEM DE MATERIAL
Em tubos com heparina, cerca de 3 ml de sangue foram coletados de cada
indivíduo após a identificação da doença realizada por meio do exame de gota espessa,
feito por técnicos treinados em indivíduos com suspeita de malária.
Foram coletadas amostras de sangue total, por punção venosa periférica. No
momento da coleta as lâminas de gota espessa e esfregaço do sangue foram preparadas
para posterior confirmação da parasitemia e captura de imagens utilizando microscópio
óptico (Axio imager Z2, Carl Zeiss) da Universidade Ceuma.
Todo o material obtido no campo foi acondicionado e mantido sob refrigeração
por no máximo 6 horas até o processamento laboratorial. As amostras foram
encaminhadas para o Centro de Estudos e Pesquisas em Doenças Infecciosas – CEPDI/
Instituto da Biodiversidade/Universidade Federal do Acre (UFAC) – Campus Floresta,
para serem então utilizadas para os experimentos obtendo-se amostras de sangue para
realização de hemograma, separação de plasma para os estudos do perfil de produção
citocinas, anticorpos séricos, óxido nítrico e peróxido de hidrogênio e separação
leucócitos para os experimentos de caracterização fenotípica e funcional através de
citometria de fluxo.
3.5 HEMOGRAMA, SEPARAÇÃO DE PLASMA E ISOLAMENTO DE CÉLULAS
DO SANGUE PERIFÉRICO COM TAMPÃO DE LISE
Um total aproximado de 1 ml do sangue coletado foi processado no analisador
automático (ABX Micros 60 - HORIBA) para realização de hemograma. O restante das
38
amostras (2 ml) foram então centrifugadas (Centrifuga refrigerada, CT-500R) a 1200
rpm por 5 minutos, o plasma foi separado em eppendorfs para quantificação de citocinas
plasmáticas e estresse oxidativo. As células foram isoladas por tampão de lise de
hemácias, cuja formulação para 1 litro, foi: 8 g NH4Cl, 1 g KHCO3, 1,8ml de uma
solução de EDTA. Em tubos falcon de 15 ml foi adicionado 10 ml de tampão de lise de
hemácias e as amostras foram centrifugadas a 1200 rpm por 5 minutos. Após o
isolamento, as células foram transferidas para uma placa de fundo redondo (1x106
células por poço) e marcadas com os anticorpos específicos.
3.6 FENOTIPAGEM DE LEUCÓCITOS POR CITOMETRIA DE FLUXO
Dentre as populações celulares foram analisados leucócitos totais, células
virgens (naive) e de memória; marcadores de ativação; moléculas coestimulatórias;
marcadores de apoptose e células regulatórias.
A avaliação fenotípica e funcional de células CD4 +, CD8+ e CD14+ foi feita por
citometria de fluxo com 49 amostras, sendo 20 indivíduos sadios (10 não gestantes e 10
gestantes) e 29 infectados (25 não gestantes e 4 gestantes – as outras 4 amostras de
gestantes infectadas foram utilizadas para os experimentos de avaliação da produção de
mediadores inflamatórios). As células do sangue purificadas com tampão de lise foram
incubadas por um período de 30 minutos a 4°C com anticorpos anti-CD4 (linfócito T
CD4), CD8 (linfócito T CD8), HLA-DR (ativação e apresentação de antígeno), CD69
(ativação), CD14 (monócitos), CD25 (ativação), CD127 (ativação e regulação),
CD45Ra (virgens) , CD45Ro (memória ou ativadas), CD19 (linfócito B), GITR
(coestimulatória),
ICOS
(coestimulatória),
CD95
(Fas)
(apoptose)
e
OX40
(coestimulatória) marcados com diferentes fluorocromos, todos adquiridos da BD
Biosciences (Pharmingen). Após a marcação, as células foram lavadas com 100 µL de
solução salina com fosfato-PBS (Sigma-Aldrich, Brasil), e transferidas para tubos de
FACS contendo aproximadamente 400 µL de solução salina. As células foram
analisadas utilizando o aparelho de BD FACSCalibur com o software CellQuest (BD
Biosciences). Células T CD4+ e T CD8+, bem como monócitos e granulócitos foram
estimadas baseados em marcadores fenotípicos e/ou na distribuição por tamanho e
granulosidade (FSC-A vs. SSC-A). Os resultados são expressos na porcentagem do
39
número total de células viáveis ou intensidade de fluorescência. A distribuição dos
anticorpos foi realizada conforme a Tabela 1:
Tabela 1 - Distribuição das marcações dos anticorpos nas amostras de indivíduos sadios e infectados pelo
Plasmodium vivax.
FITC
PE
PECy5
CD45RA
CD45RO
CD4
CD127
CD25
CD4
CD69
CD8
CD19
CD69
GITR
CD4
CD4
ICOS
CD8
CD4
CD8
CD95 (Fas)
CD4
CD14
HLA-DR
OX40
CD8
CD4
Fonte: elaborada pela autora.
3.7 ANÁLISE DE CITOCINAS DO PLASMA DE PACIENTES UTILIZANDO O KIT
CBA
As citocinas (IL-2, IL-4, IL-6, IL-10, INF, TNF e IL-17) foram quantificadas
em amostras de plasma dos pacientes com malária e indivíduos sadios, obtidas através
do kit CBA (Cytometric Bead Array) da BDBiosciences, utilizando citometria de fluxo,
conforme as instruções do fabricante. Os resultados foram expressos em
picogramas/mililitro (pg/ml). Para esse experimento foram utilizados 10 indivíduos
sadios não gestantes (homens e mulheres), 10 gestantes sadias, 25 indivíduos infectados
(homens e mulheres) e 8 gestantes infectadas pelo P. vivax, totalizando 53 amostras.
3.8 DOSAGEM DE NOX
O conteúdo de NO2 -/NO3
–
foi mensurado pelo ensaio de Griess, como um
indicador da produção total de NO, em amostras de plasma de pacientes infectados pelo
Plasmodium vivax ou indivíduos sadios. NO3
–
foi reduzido para nitrito (NO2 -) por
40
incubação de 80µl de amostra com 20 µl de 1U/ml nitrato redutase e 10 µl de 1mM
NADPH por 30 minutos a 37ºC em placa de 96 poços de fundo chato. Logo após, 100
µl de reagente de Griess (5% v/v H3PO4 contendo 1% de sulfanilamida/0,1% de
dihidrocloreto de naftileno) foram adicionados e incubados por 15 min a 37ºC. As
absorbâncias foram determinadas com filtro de 550 nm e mensuradas usando
espectrofotômetro (MB-580/Heales). Após as subtrações das leituras (com e sem
reagente), cada amostra foi comparada com a curva padrão de nitrito (0-300µM) e os
resultados foram expressos em µM em relação ao controle (indivíduos sadios). Para este
experimento foram utilizadas as amostras de mulheres, sendo 7 não gestantes sadias, 10
gestantes sadias, 10 não gestantes infectadas e 8 gestantes infectadas pelo P. vivax.
3.9 DOSAGEM DE H2O2
A produção de H2O2 no plasma foi mensurada usando o kit de ensaio H2O2/
peroxidase (Sigma-Aldrich). O ensaio foi realizado em placa de 96 poços de fundo
chato, de acordo com as instruções do fabricante. Para isto, 50µL das amostras foram
incubadas com 46µl do tampão de ensaio, 2µl do substrato fluorescente de peroxidase e
2µl do substrato de H2O2. Em seguida a placa foi incubada a 37ºC no escuro e após 5
min a absorbância inicial foi determinada em 550nm, medindo a cada 30 min, 60 min e
120 min. As leituras das absorbâncias foram feitas na presença e na ausência de Amplex
Red, e foram comparadas com uma curva padrão de H2O2 (0-40 µM). Os resultados
foram expressos pela diferença entre as amostras incubadas na presença e ausência do
Amplex Red em µM em relação ao controle (indivíduos sadios). Para este experimento
foram utilizadas as amostras de mulheres, sendo 7 não gestantes sadias, 10 gestantes
sadias, 10 não gestantes infectadas e 8 gestantes infectadas pelo P. vivax.
3.10 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Em todos os grupos analisados foi realizado teste de normalidade Shapiro-Wilk
nas variáveis numéricas. Na comparação entre dois grupos com distribuição normal foi
utilizado o Teste t de Student independente. Não havendo distribuição normal, a
comparação entre dois grupos foi feita pelo teste não paramétrico de Mann-Whitney.
Para análise de quatro grupos foi usado Kruskal-Wallis, teste não paramétrico, seguido
41
pelo teste de comparação de Dunn. As diferenças obtidas foram consideradas
estatisticamente significativas quando p<0,05. Para a confecção dos gráficos de barras
com as médias e Box-plots com medianas dos grupos foi utilizado o programa Prism for
Windows 5.0 (GraphPad).
42
4 RESULTADOS
4.1 DESCRIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DOS INDIVÍDUOS INFECTADOS PELO
Plasmodium vivax
Para a descrição epidemiológica da população em estudo foram analisados
parâmetros como faixa etária, gênero, parasitemia, presença de infecções anteriores
ocasionadas pela malária e sintomatologia. Os dados epidemiológicos estão
sumarizados na Tabela 2.
Em relação à faixa etária dos infectados pelo Plasmodium vivax, 18 indivíduos
tinham entre 18 e 29 anos e 15 indivíduos tinham entre 30 e 59 anos. Neste estudo as
mulheres foram mais infectadas pela malária que os homens. O gênero feminino
representou 18 infectados e o masculino 15 infectados. Dentre as mulheres infectadas
pela malária 8 eram gestantes.
Algumas lâminas do esfregaço sanguíneo (preparadas no momento da coleta do
material) foram fotografadas através de microscopia óptica (Figura 3). Em relação à
parasitemia, 10 indivíduos tiveram parasitemia <+/2 (<200 parasitas/mm 3), 9 pacientes
apresentaram parasitemia de +/2 (200 a 300 parasitas/mm 3) e 5 casos obtiveram
parasitemia + (301 a 500 parasitas), ambas consideradas leves; 9 pacientes obtiveram
infecção com ++ (parasitemia moderada com até 10.000 parasitas/mm 3). Nenhum
indivíduo apresentou alta parasitemia (3 ou mais cruzes com >10.001 parasitas/mm3).
No que diz respeito à quantidade de infecções causadas pela malária, apenas 1
paciente relatou ser primoinfectado. Dezenove pacientes afirmaram ter tido malária de 1
a 5 vezes na vida; 8 relataram terem sido infectados de 6 a 10 vezes e 5 pessoas
disseram que foram infectadas mais de 10 vezes. Vale ressaltar que entre os que já
foram infectados mais de 10 vezes, um afirmou ter tido malária mais de 35 vezes.
Nos 33 pacientes os principais sintomas ocasionados pela infecção foram:
hipertermia presente em 28 infectados, seguida de cefaleia com 25 indivíduos. Vinte e
um infectados relataram mialgia/artralgia; calafrios foram identificados em 18 dos casos
de malária; 10 pessoas apresentaram mal estar; 5 vômitos/náuseas, 3 indivíduos
43
relataram sudorese e tontura, 2 apresentaram dor abdominal e otalgia. Palidez, rubor
cutâneo e cansaço foram sintomas relatados por 1 pessoa. Dois indivíduos infectados
apresentaram-se assintomáticos.
Tabela 2 - Descrição epidemiológica dos indivíduos infectados pelo Plasmodium vivax gestantes ou não.
Número
absoluto
Frequência
relativa
18 - 29 anos
18
55%
30 - 59 anos
15
45%
Masculino
15
45%
Feminino
18
55%
< +/2
10
30%
+/2
9
27%
+
5
16%
++
9
27%
Primoinfecção
1
3%
1 a 5 infecções
19
57%
6 a 10 infecções
8
24%
> 10 infecções
5
16%
Hipertermia
28
84%
Cefaleia
25
75%
Mialgia/Artralgia
21
63%
Calafrio
18
55%
Mal estar
10
30%
Vômito/Naúsea
5
16%
Assintomático
2
6%
Parâmetros analisados
Faixa Etária
Gênero
Parasitemia
Infecções
anteriores
Sintomatologia
Fonte: elaborada pela autora.
44
Figura 3 - Evidência do Plasmodium vivax em esfregaço de lâmina de sangue periférico em indivíduo
positivo no exame de gota espessa coradas com Giemsa (A e B). Setas pretas apontam eritrócitos
infectados pelo Plasmodium em forma de trofozoítos jovens (1) e lise eritrocitária com liberação de
merozoítos na corrente sanguínea (2). Imagem capturada por microscopia óptica. Ampliação de 100x.
Fonte: elaborada pela autora.
Como já mencionado, 8 gestantes infectadas pela malária participaram do
estudo, e foram classificadas quanto ao trimestre gestacional, quantidade de gestações,
paridade, aborto e infecções anteriores pela malária (Tabela 3).
Das 8 gestantes, 7 estavam no segundo trimestre e 1 no segundo. Não houve
gestante infectada no primeiro trimestre gestacional. Quanto à quantidade de gestações,
4 eram primigestas, 2 secundigestas e outras 2 multigestas. Quanto à paridade, 4
gestantes eram nulíparas, 3 primíparas e 1 gestante multípara. Das gestantes, 7 negaram
qualquer tipo de aborto e 1 afirmou ter tido 1 aborto. Em relação à infecção por malária
na gestação atual ou em anteriores, 3 gestantes afirmaram terem sido infectadas 3 vezes
pela malária, 1 foi infectada 2 vezes, 3 já foram infectadas uma vez e uma gestante
declarou-se primoinfectada.
45
Tabela 3 - Descrição epidemiológica das gestantes infectadas pelo Plasmodium vivax.
Número
absoluto
Frequência
relativa
Segundo
7
87,5%
Terceiro
1
12,5%
Primigesta
4
50%
Secundigesta
2
25%
Multigesta
2
25%
Nulípara
4
50%
Primípara
3
37,5%
Multipara
1
12,5%
Sim
1
12,5%
Não
7
87,5%
Sim
7
87,5%
Não
1
12,5%
Parâmetros analisados
Trimestre
Gestações
Paridade
Aborto
Infecções
anteriores
Fonte: elaborada pela autora.
4.2 DADOS HEMATOLÓGICOS
Os dados hematológicos dos indivíduos infectados foram analisados seguindo-se
a divisão nos seguintes grupos: controles (C); infectados (I); gestantes sadias (G) e
gestantes infectadas pela malária (GI).
Na Tabela 4 têm-se o resultado do teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Podese verificar que as variáveis hematócrito, leucócitos totais, plaquetas, monócitos,
linfócitos T CD4, linfócitos B, CD4+CD45RA, CD4+CD45RO, CD4+ICOS, CD8+ICOS,
CD4+CD25+CD127hi e CD4+CD25+CD127low apresentam distribuição normal (p>0,05),
entretanto, as variáveis linfócitos T CD8, CD4+CD69+, CD8+CD69+, CD19+CD69+,
CD14+HLA-DR,
CD4+HLA-DR,
CD4+CD95Fas,
CD8+CD95Fas,
CD4+OX40,
CD8+OX40, CD14+GITR, CD4+GITR, NOx e H2O2 não apresentam distribuição normal
46
(p<0,05). O grupo de gestantes infectadas (GI), apresentou número amostral menor que
5, sendo assim foi utilizado teste estatístico para variáveis sem distribuição normal para
os grupos de gestantes. Em relação às citocinas, foi utilizado teste estatístico sem
distribuição normal também por conta do pequeno número amostral em alguns grupos.
Com isso as variáveis com distribuição normal foram avaliadas através do teste t de
Student independente, enquanto que as variáveis sem distribuição normal foram
avaliadas através dos testes de Mann-Whitney (2 grupos) e Kruskal-Wallis (3 ou mais
grupos).
Tabela 4 - Valor do teste de normalidade de Skapiro-Wilk das variáveis numéricas utilizadas no estudo.
Controles (C); infectados (I); gestantes sadias (G) e gestantes infectadas pela malária (GI).
Variáveis
Hematócrito (%)
Leucócitos totais (103/mm3)
Plaquetas (103/mm3)
Monócitos (%)
Linfócitos T CD4 (%)
Linfócitos T CD8 (%)
Linfócitos B (%)
CD4+CD45RA (%)
CD4+CD45RO (%)
CD4+CD69+(%)
CD8+CD69+(%)
CD19+CD69+(%)
CD14+HLA-DR (MFI)
CD4+HLA-DR (%)
CD4+CD95Fas (MFI)
CD8+CD95Fas (MFI)
CD4+OX40 (MFI)
CD8+OX40 (MFI)
CD4+ICOS (%)
CD8+ICOS (%)
CD14+GITR (MFI)
CD4+GITR (MFI)
CD4+CD25+CD127hi (%)
CD4+CD25+CD127low (%)
NOx (µM)
H2O2 (µM)
Valor de p
Controle (C)
0,83
0,57
0,32
0,06
0,25
0,009
0,23
0,54
0,92
0,07
0,009
0,01
0,50
0,88
0,45
0,04
0,009
0,02
0,41
0,09
0,90
0,32
0,009/G 0,008
0,46/ G 0,009
Infectado (I)
0,40
0,94
0,26
0,30
0,06
0,41
0,08
0,23
0,23
0,01
0,24
0,10
0,009
0,009
0,01
0,75
0,002
0,002
0,19
0,41
0,007
0,009
0,24
0,40
0,008/ GI 0,68
0,06/ GI 0,88
Fonte: elaborada pela autora.
Não houve diferença significativa (p>0,05) entre o percentual de hematócrito
dos indivíduos infectados em relação ao grupo controle (Figura 4A). Da mesma forma,
não foi verificada diferença estatística (p>0,05) no grupo de gestantes (Figura 4B).
47
Quanto aos leucócitos totais, os indivíduos infectados apresentaram leucopenia
significativa (p<0,05) se comparados a pessoas sadias (Figura 4C). Entre as gestantes
não foi verificada diferença estatística (p>0,05) em relação aos leucócitos totais (Figura
4D). Indivíduos infectados pelo Plasmodium vivax (gestantes ou não) apresentaram
plaquetopenia significativa (p<0,05) em relação aos respectivos controles (Figuras 4E e
4F).
Figura 4 - Média dos valores de hematócrito (%) (A), leucócitos totais (103/mm3) (C) e plaquetas
(103/mm3) (E) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana dos valores de hematócrito (%)
(B), leucócitos totais (103/mm3) (D) e plaquetas (103/mm3) (F) em gestantes controles e infectadas pelo
Plasmodium vivax. Controles (C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI).
*p< 0,05; ***p<0,0005.
Fonte: elaborada pela autora.
48
4.3 ANÁLISE FENOTÍPICA DOS INDIVÍDUOS INFECTADOS PELO Plasmodium
vivax
4.3 1 População de monócitos, Linfócitos T (CD4+ e CD8+) e B
A frequência relativa dos monócitos e linfócitos T CD4+ não apresentaram
diferenças significativas entre os grupos infectados e os respectivos controles (p>0,05)
(Figura 5A, 5B, 5C, 5D, respectivamente). Também não houve diferença entre o
percentual de linfócitos T CD8+ entre o grupo de infectados (p>0,05) (Figura 5E).
Entretanto, as gestantes infectadas apresentaram diminuição de células T CD8+ em
relação às gestantes sadias (p<0,05) (Figura 5E). Quando observado o percentual de
linfócitos B, constatou-se que nos indivíduos infectados essas células diminuíram
significativamente (p<0,05) (Figura 5G), por outro lado, não houve diferença
significativa (p>0,05) entre o grupo de gestantes ((Figura 5H).
49
Figura 5 - Média dos valores de monócitos (%) (A), linfócitos T CD4+ (%) (C), linfócitos B (%) (G) e
mediana de linfócito T CD8+ (%) (E) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana dos
valores de monócitos (%) (B), linfócitos T CD4+ (D), linfócitos T CD8+ (F) e linfócitos B (H) em
gestantes controles e infectadas pelo Plasmodium vivax. Controles (C); infectados (I); gestantes (CG) e
gestantes infectadas pela malária (GI). **p< 0,005.
Fonte: elaborada pela autora.
4.3.2
Expressão de Marcadores de Células naive e de memória
Diferentes isoformas da molécula CD45 são expressas na superfície dos
linfócitos T durante o processo de diferenciação celular. Avaliou-se a expressão das
isoformas CD45RA (presente em linfócitos T naive ou em células não ativadas) e
CD45RO (presente em linfócitos T de memória ou em células ativadas) em linfócitos T
CD4+. As populações de linfócitos T CD4+ foram divididas em uma janela de tamanho
50
e granulosidade, e posteriormente pela positividade do marcador CD45RA e CD45RO
(Figura 6). Em termos percentuais não foram encontradas diferenças significativas
(p>0,05) entre os grupos avaliados em relação ao marcador CD45RA (Figura 7A e 7B).
Resultado parecido foi obtido com a isoforma CD45RO, onde não foi registrada
diferença significativa (p>0,05) entre os grupos comparados (Figura 7C e 7D).
Figura 6 - Expressão dos marcadores CD45RA e CD45RO em linfócitos T CD4+ de indivíduos controles
(gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C); infectados (I);
gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI).
Fonte: elaborada pela autora.
51
Figura 7 - Média dos valores de células T CD4+CD45RA (%) (A) e T CD4+CD45RO (C) em controles e
infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana dos valores de células T CD4+CD45RA (%) (B) e T
CD4+CD45RO (D) em gestantes controles e infectadas pelo Plasmodium vivax. Controles (C); infectados
(I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI).
Fonte: elaborada pela autora.
4.3.3
Expressão de marcadores de ativação na malária pelo Plasmodium vivax
4.3.3.1 Expressão de CD69 em Linfócitos T (CD4 e CD8) e B
O CD69 é um marcador de ativação expresso por linfócitos T e outros tipos
celulares no início da exposição a um estímulo. A expressão de CD69 em linfócitos T
(CD4 e CD8) e linfócitos B (CD19) foi analisada e exemplos representativos podem ser
observados nas figuras 8, 9 e 10, respectivamente.
Os indivíduos infectados pelo Plasmodium vivax (gestantes e não gestantes),
apresentaram frequência significativamente maior (p<0,05) de células T CD4+CD69+ se
comparados aos respectivos controles (Figura 11A e 11B). Da mesma forma, um
aumento significativo (p<0,05) na frequência relativa de células CD69+ dentre linfócitos
52
T CD8+ também foi observado grupos infectados (gestantes e não gestantes) (Figura
11C e 11D). Resultado semelhante foi obtido nos linfócitos B, onde também houve um
aumento significativo (p<0,05) na frequência desse marcador nos grupos de infectados,
em relação aos respectivos controles (Figura 11E e 11F).
Figura 8 - Expressão do marcador CD69 em linfócitos T CD4+ de indivíduos controles (gestantes e não
gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes
infectadas pela malária (GI).
Fonte: elaborada pela autora.
53
Figura 9 - Expressão do marcador CD69 em linfócitos T CD8+ de indivíduos controles (gestantes e não
gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes
infectadas pela malária (GI).
Fonte: elaborada pela autora.
54
Figura 10 - Expressão do marcador CD69 em linfócitos B de indivíduos controles (gestantes e não
gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes
infectadas pela malária (GI).
Fonte: elaborada pela autora.
55
Figura 11 – Mediana dos valores de células T CD4+CD69+(%) (A), T CD8+CD69+(%) (C) e
CD19+CD69+(%) (E) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana dos valores células T
CD4+CD69+(%) (B), T CD8+CD69+(%) (D) e CD19+CD69+(%) (F) em gestantes controles e infectadas
pelo Plasmodium vivax. Controles (C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária
(GI). **p< 0,005; ***p<0,0005.
Fonte: elaborada pela autora.
4.3.3.2 Expressão de HLA-DR em monócitos e linfócitos T CD4+
O HLA-DR é uma molécula apresentadora de antígeno em monócitos e
marcador de ativação em linfócitos T CD4+. A expressão de HLA-DR em monócitos foi
estimada através da mediana de fluorescência (Figura 12) e em linfócitos T CD4+ esta
56
molécula foi estimada através da frequência relativa de células T CD4 +HLA-DR+
(Figura 13) em indivíduos sadios e infectados.
Figura 12 - Expressão da mediana de intensidade de fluorescência de HLA-DR em monócitos de
indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C);
infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI). Linhas pretas: grupos controles;
linhas vermelhas: grupos infectados pelo Plasmodium vivax.
Fonte: elaborada pela autora.
57
Figura 13 - Expressão de células T CD4+HLA-DR de indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e
infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas
pela malária (GI).
Fonte: elaborada pela autora.
Não houve diferença significativa (p>0,05) na mediana de intensidade de
fluorescência de HLA-DR em monócitos nos grupos de infectados (gestantes ou não)
(Figura 14A e 14B). Em relação à expressão de HLA-DR em linfócitos T CD4+ houve
aumento significativo (p<0,05) dessa molécula no grupo de infectados (Figura 14C),
mas não foi detectada diferença estatística significativa (p>0,05) entre os grupos de
gestantes infectadas pela malária (Figura 14D).
58
Figura 14 - Mediana da intensidade de fluorescência de HLA-DR em monócitos (A) e mediana dos
valores de células CD4+HLA-DR (%) (C) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana da
intensidade de fluorescência de HLA-DR em monócitos (B) e mediana dos valores de células CD4+HLADR (%) (D) em gestantes controles e infectadas pelo Plasmodium vivax. Controles (C); infectados (I);
gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI). **p<0,005.
Fonte: elaborada pela autora.
4.3.4
Expressão do marcador de apoptose (CD95 Fas) em linfócitos T
O CD95 (Fas) é um marcador de apoptose presente nas células T e foi avaliado a
partir da mediana da intensidade de fluorescência em células T CD4+ (Figura 15) e
CD8+ (Figura 16).
A análise de CD95 (Fas) em células T CD4+ mostrou que os infectados
apresentaram aumento significativo (p<0,05) na mediana de intensidade de
fluorescência em relação ao controle (Figura 17A). Apesar das gestantes infectadas
terem apresentado mediana de fluorescência maior que o grupo controle esse aumento
não foi estatisticamente significante (p>0,05) (Figura 17B). Quando a análise de
CD95(Fas) foi realizada em células T CD8+, os infectados pelo P. vivax tiveram
mediana de fluorescência significativamente maior (p<0,05) comparados ao controle
59
(Figura 17C). As gestantes infectadas também apresentaram aumento significativo
(p<0,05) na mediana de fluorescência de CD95 Fas em linfócitos CD8+ (Figura 17D).
Figura 15 - Expressão da mediana da intensidade de fluorescência de CD95 (Fas) em células T CD4+ de
indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C);
infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI). Linhas pretas: grupos controles;
linhas vermelhas: grupos infectados pelo Plasmodium vivax.
Fonte: elaborada pela autora.
Figura 16 - Expressão da mediana da intensidade de fluorescência de CD95 (Fas) em células T CD8+ de
indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C);
infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI). Linhas pretas: grupos controles;
linhas vermelhas: grupos infectados pelo Plasmodium vivax.
Fonte: elaborada pela autora.
60
Figura 17 - Mediana da intensidade de fluorescência de CD95 (Fas) em células T CD4+ (A) e T CD8+
(C) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana da intensidade de fluorescência de CD95
(Fas) em células T CD4+ (B) e T CD8+ (D) em gestantes controles e infectadas pelo Plasmodium vivax.
Controles (C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI). **p<0,005;
***p<0,0005.
Fonte: elaborada pela autora.
4.3.5 Expressão de moléculas coestimulatórias
4.3.5.1 Expressão de OX40 em linfócitos T (CD4+ e CD8+)
O OX40 é uma molécula coestimulatória presente na superfície de linfócitos e
faz parte do grupo de receptores membros da família do TNF. Foi avaliado quanto à
mediana da intensidade de fluorescência em células T CD4+ (Figura 18) e T CD8+
(Figura 19).
61
Figura 18 - Expressão da mediana da intensidade de fluorescência de OX40 em células T CD4+ de
indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C);
infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI). Linhas pretas: grupos controles;
linhas vermelhas: grupos infectados pelo Plasmodium vivax.
Fonte: elaborada pela autora.
Figura 19 - Expressão da mediana da intensidade de fluorescência de OX40 em células T CD8+ de
indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C);
infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI). Linhas pretas: grupos controles;
linhas vermelhas: grupos infectados pelo Plasmodium vivax.
Fonte: elaborada pela autora.
62
Em células T CD4+ a mediana da intensidade de florescência de OX40 foi
significativamente maior (p<0,05) em pessoas infectadas, se comparado ao respectivo
controle (Figura 20A). No grupo das gestantes também houve aumento significativo
(p<0,05) na mediana de fluorescência de OX40 em células T CD4+ nas gestantes
infectadas (Figura 20B). Em células T CD8+ a mediana de fluorescência aumentou de
forma significativa (p<0,05) entre os indivíduos infectados não gestantes (Figura 20C) e
gestantes (Figura 20D) quando comparados com os respectivos controles.
Figura 20 - Mediana da intensidade de fluorescência de OX40 em células T CD4 + (A) e T CD8+ (C) em
controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana da intensidade de fluorescência de OX40 em
células T CD4+ (B) e T CD8+ (D) em gestantes controles e infectadas pelo Plasmodium vivax. Controles
(C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI). Controles (C); infectados (I);
gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI). *p< 0,05; **p<0,005.
Fonte: elaborada pela autora.
4.3.5.2 Expressão de ICOS em linfócitos T (CD4+ e CD8+)
O marcador ICOS é uma molécula coestimulatória presente nos linfócitos T, e
foi avaliado quanto à expressão em células T CD4+ e T CD8+.
63
Na população de células T CD4+, os pacientes infectados tiveram um aumento
significativo (p<0,05) na expressão e frequência do marcador ICOS, em relação ao
controle (Figuras 21 e 23A). Da mesma forma, o grupo de gestantes infectadas
apresentou expressão e frequência de ICOS significativamente maior (p<0,05) em
relação às gestantes sadias (Figuras 21 e 23B). A expressão de ICOS na população de T
CD8+ teve aumento significativo (p<0,05) no grupo de pacientes infectados (não
gestantes e gestantes) (Figura 22). Indivíduos infectados pelo Plasmodium vivax tiveram
aumento significativo (p<0,05) da frequência de ICOS em linfócitos T CD8 + (Figura
23C), e resultado semelhante foi encontrado no grupo de gestantes (Figura 23D).
Figura 21 - Expressão de células T CD4+ICOS de indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e
infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas
pela malária (GI).
Fonte: elaborada pela autora.
64
Figura 22 - Expressão de células T CD8+ICOS de indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e
infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas
pela malária (GI).
Fonte: elaborada pela autora.
65
Figura 23 - Média dos valores de células T CD4+ICOS (%) (A) e T CD8+ICOS (%) (C) em controles e
infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana dos valores de células T CD4+ICOS (%) (B) e T CD8+ICOS
(%) (D) em gestantes controles e infectadas pelo Plasmodium vivax. Controles (C); infectados (I);
gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI).**p<0,005; ***p<0,0005.
Fonte: elaborada pela autora.
4.3.5.3 Expressão de GITR em monócitos e linfócitos T CD4+
O GITR é um receptor presente em várias células da imunidade inata (como
monócitos) e adquirida, sendo que nos linfócitos T seu papel está relacionado com
ativação, atividade supressora e apoptose das células T. Esse marcador foi analisado a
partir da mediana da intensidade de fluorescência em monócitos (Figura 24) e linfócitos
T CD4+ (Figura 25).
66
Figura 24 - Expressão da mediana de intensidade de fluorescência de GITR em células CD14 + de
indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C);
infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI). Linhas pretas: grupos controles;
linhas vermelhas: grupos infectados pelo Plasmodium vivax.
Fonte: elaborada pela autora.
Figura 25 - Expressão da mediana de intensidade de fluorescência de GITR em células CD4 + de
indivíduos controles (gestantes e não gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes). Controles (C);
infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI). Linhas pretas: grupos controles;
linhas vermelhas: grupos infectados pelo Plasmodium vivax.
Fonte: elaborada pela autora.
A mediana de fluorescência de GITR em monócitos (CD14 +) foi
significativamente maior (p<0,05) nos indivíduos infectados (Figura 26A), entretanto
67
não houve diferença significativa (p>0,05) no grupo de gestantes (Figura 26B). Apesar
do aumento da mediana de fluorescência de GITR em células T CD4+ nos indivíduos
infectados, não houve diferença significativa (p>0,05) entre esse grupo (Figura 26C).
Em células T CD4+ o grupo de gestantes infectadas apresentou aumento significativo
(p<0,05) na mediana de intensidade de fluorescência de GITR em relação às gestantes
controles (Figura 26D).
Figura 26 - Mediana da intensidade de fluorescência de GITR em células CD14+ (A) e linfócitos T CD4+
(C) em controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana da intensidade de fluorescência de GITR
em células CD14+ (B) e linfócitos T CD4+ (D) em gestantes controles e infectadas pelo Plasmodium
vivax. Controles (C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI). *p<0,05; **p<
0,005.
Fonte: elaborada pela autora.
4.3.6 Análise da expressão de CD25 em células T CD4+: células T ativadas e
regulatórias
A molécula CD25 é o receptor de IL-2 (citocina que promove a proliferação
celular), e é expressa em todas as células ativadas. As células regulatórias possuem o
68
fenotípico típico CD4+CD25+FOXp3. Por outro lado, estudos mostram que além da
expressão do fator de transcrição (FOXp3), as células Tregs apresentam moléculas de
superfície, como o CD127. As células T CD4+ ativadas são representadas pela alta
expressão de CD25 e CD127. Sendo que as células T regulatórias possuem o fenótipo
CD4+CD25+CD127low(Treg), pela baixa expressão de CD127 (Figura 27).
Figura 27 - Expressão de células T CD4+CD25+CD127hi/low de indivíduos controles (gestantes e não
gestantes) e infectados (gestantes e não gestantes. Controles (C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes
infectadas pela malária (GI).
Fonte: elaborada pela autora.
Não
houve
diferença
significativa
(p>0,05)
na
expressão
de
CD4+CD25+CD127hi(células ativadas) entre os grupos deste estudo (Figura 28A e 28B).
Em relação à expressão de CD4+CD25+CD127low (células regulatórias), os grupos de
69
indivíduos infectados não gestantes (Figura 28C) e gestantes (Figura 28D) apresentaram
frequência significativamente maior (p<0,05) que os respectivos controles.
Figura 28 - Média dos valores de células T CD4+CD25+CD127hi (A) e T CD4+CD25+CD127low (C) em
controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Mediana dos valores de células T CD4+CD25+CD127hi (B)
e T CD4+CD25+CD127low (D) em gestantes controles e infectadas pelo Plasmodium vivax. Controles (C);
infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI).**p<0.005 ***p<0,0005.
Fonte: elaborada pela autora.
4.4 DETECÇÃO DE CITOCINAS NO PLASMA DOS INDIVÍDUOS INFECTADOS
PELO Plasmodium vivax
A partir do plasma de pacientes (não gestantes e gestantes) e controles analisouse a presença de citocinas pró e anti-inflamatórias que foram quantificadas pelo método
CBA. Nas amostras analisadas, os níveis das citocinas IL-2, IL-4, INF e TNF-não
foram detectáveis em nenhum dos indivíduos, infectados ou sadios.
Alguns infectados pelo P. vivax apresentaram detecção de IL-6 (Figura 29A) e
algumas gestantes também apresentaram detecção de IL-6 (Figura 29B). No que diz
70
respeito à citocina anti-inflamatória IL-10, houve baixa detecção no plasma de
infectados não gestantes (Figura 29C) e gestantes (Figura 29D). Entretanto, em relação
à IL-17, os grupos infectados não gestantes (Figura 29E) e gestantes (Figura 29F)
apresentaram diminuição significativa (p<0,05) dos níveis dessa citocina quando
comparados aos respectivos controles.
Figura 29 - Detecção da produção de citocinas (pg/ml) pró (A e E) e anti-inflamatórias (C) no plasma de
controles e infectados pelo Plasmodium vivax. Detecção da produção de citocinas (pg/ml) pró (B e F) e
anti-inflamatórias (D) no plasma de gestantes controles e infectadas pelo Plasmodium vivax. Controles
(C); infectados (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI).
Fonte: elaborada pela autora.
71
4.5 PRODUÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO E PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO
Foi quantificado os níveis circulantes de óxido nítrico e peróxido de hidrogênio
em amostras do plasma obtidas de mulheres sadias e infectadas pelo Plasmodium vivax.
Como observado na figura 30A os níveis de NO apresentaram um discreto aumento nas
mulheres infectadas (gestantes ou não) em relação aos grupos controles, porém esta
diferença não foi significativa (p>0,05). Quanto à produção de peróxido de hidrogênio,
também houve um discreto aumento na concentração nas mulheres infectadas, mas sem
diferença estatística (p>0,05) entre os grupos comparados (Figura 30B).
Figura 30 - Dosagem de Nitrito + Nitrato (NOx) (A) e H2O2 (B) no plasma de mulheres infectadas pelo
Plasmodium vivax. As barras horizontais representam as médias do percentual de células em cada grupo.
Controles (C); infectadas (I); gestantes (G) e gestantes infectadas pela malária (GI).
Fonte: elaborada pela autora.
72
5 DISCUSSÃO
A malária é uma doença infecciosa, parasitária endêmica na maioria dos
ecossistemas tropicais e subtropicais do mundo. A transmissão natural da doença é
variável em intensidade nas várias partes do mundo e depende de fatores locais como
padrões climáticos principalmente nos períodos chuvosos, que dão condições que vida
para a proliferação do mosquito vetor. As fontes de infecção humana para os mosquitos
são pessoas doentes ou até assintomáticas que albergam formas sexuadas do parasita
(OLIVEIRA-FERREIRA, 2010).
No Brasil a região amazônica é endêmica para a malária, e as mulheres grávidas
constituem um grupo susceptível a infecções pelo Plasmodium. Pesquisas relatam que
em 2007, os casos de malária diagnosticados em mulheres grávidas compreendeu 6,7%
das infecções confirmadas em mulheres em idade fértil em três municípios localizados
na Região Amazônica (LUZ et al., 2013) e que o P. vivax foi a espécie mais
predominante (80%) nas infecções. Essa espécie é descrita por causar danos como baixo
peso ao nascer, anemia materna e parto prematuro, comprometendo assim a saúde
materna e fetal (MCGREADY, 2004).
Este trabalho ajuda a delinear aspectos epidemiológicos, hematológicos e
imunológicos da infecção pelo Plasmodium vivax em indivíduos residentes em uma
região de transmissão ativa de malária no país, o município de Cruzeiro do Sul (AC)
uma vez que inclui indivíduos gestantes ou não cujo sangue periférico foi analisado
antes do tratamento com antimaláricos, através de metodologias como a citometria de
fluxo.
A análise da distribuição dos casos por sexo acometido mostrou que a maior
parte dos casos ocorreu em mulheres (55%), isto porque um dos focos do nosso trabalho
são gestantes, mas de maneira geral os homens são mais acometidos pela malária, o que
pode estar relacionado com o tipo de atividade econômica, normalmente de garimpo e
agricultura, onde se encontram os criadouros do mosquito vetor, normalmente fora da
área peridomiciliar. Neste sentido, Silva (2006) afirma que quando o mosquito penetra
no interior dos domicílios as crianças e mulheres, por ficarem mais tempo em casa, são
mais infectadas, porém quando a transmissão ocorre fora do domicílio os homens são os
mais acometidos. Em uma região de transmissão ativa da doença, como o município de
73
Cruzeiro do Sul, as pessoas estão expostas a adquirir a infecção independente do lugar
em que se encontram, seja dentro ou fora de suas moradias.
Os adultos jovens foram os mais acometidos pela infecção, o que se justifica
pelas condições de moradia e o tipo de trabalho dos acometidos. Baird (2007) afirma
que a malária, por atingir os indivíduos em idade produtiva, incapacita-os para o
trabalho e isso traz consequências econômicas diretas por conta da diminuição da
produtividade.
Neste estudo a maioria dos infectados apresentou baixa parasitemia. Esta
observação pode estar relacionada ao fato de que a área estudada que é uma região
endêmica, onde apenas 1 paciente relatou primoinfecção. Neste sentido a literatura
indica que em áreas endêmicas, como o estado do Acre, a parasitemia dos infectados
tende a ser baixa ou moderada (CHAGAS, 2009), o que está diretamente relacionado
com a gravidade das manifestações clínicas que também são determinadas pela
imunidade do indivíduo. Em áreas em que a transmissão da doença é baixa ou instável,
a imunidade também é baixa e os indivíduos, inclusive as gestantes podem apresentar
doença grave. Sendo assim, como a maioria dos pacientes deste estudo já tinham tido
infecções anteriores isso pode justificar manifestações clínicas clássica da doença, sem
nenhum sinal de gravidade.
Por outro lado, em áreas onde transmissão de malária é alta ou estável, a
imunidade específica contra o Plasmodium também é alta e as consequências são
geralmente mais brandas. Nas gestantes a doença é mais grave nas primíparas que nas
multíparas, o que indica que a aquisição de imunidade concorre para a atenuação das
manifestações clínicas (CHAGAS, 2009). Neste estudo a maioria das gestantes
infectadas eram primigestas, mas também declararam infecções anteriores o que
contribui para a existência de imunidade contra.
Apesar de eritrócitos infectados pelo P. vivax serem raramente encontrados na
placenta, visto que são raros os receptores para P. vivax, as alterações histológicas são
bem parecidas com as infecções pelo P. falciparum. Resultados recentemente
publicados mostram que infecções por P. vivax e P. falciparum parecem ter efeitos
similares na placenta em áreas de baixa transmissão da malária e onde o tratamento é
facilmente disponível (SOUZA, 2013; CHAIKITGOSIYAKUL, 2014). Estudos na
região amazônica brasileira mostram que a infecção pelo P. vivax durante a gravidez
causa aumento na espessura da placenta com presença de células mononucleares no
espaço interviloso comparadas a placentas não infectadas (SOUZA et al, 2013;
74
ATAÍDE et al, 2015) e que o P. vivax é capaz de aderir a glicosaminoglicanos
placentários, como o sulfato de condroitina A (CSA) e ácido hialurônico (HA).
CHOTIVANICH et al., 2012; CARVALHO et al., 2010).
Acredita-se que tais alterações placentárias em infecções pelo P. vivax estão
relacionadas às respostas imunes periféricas, anemia e outras alterações causadas pelo
protozoário e isso pode acarretar complicações para a mãe e feto.
Avaliamos os parâmetros hematológicos dos infectados, que mostraram uma
leucopenia periférica durante a fase aguda da doença no grupo de não gestantes.
Entretanto no grupo de gestantes não houve diferenças significantes. Alterações
induzidas pela malária na contagem das células brancas do sangue incluem a
leucopenia, mas os resultados descritas na literatura são diferentes e contraditórios
(WICKRAMASINGHE E ABDALLA, 2000).
Estudos afirmam que na gestação ocorre a expansão do volume plasmático e as
concentrações de hemoglobina e hematócrito diminuem (SOUZA, 2002). Os valores de
hematócrito encontrados no presente estudo sugerem uma prevalência de anemia nas
gestantes infectadas. Entretanto,a ausência de anemia acentuada nestes pacientes com
malária, gestantes ou não, pode ser devido ao diagnóstico precoce e tratamento
imediato, de forma gratuita, fornecida pelo programa de controle da malária no Brasil.
Na malária a anemia é descrita como alteração hematológica (ANSTEY et al., 2009;
BASHAWRI et al., 2002), e acontece devido à própria patobiologia do parasita, que
invade as células eritrocíticas e aí realiza parte do seu ciclo biológico. Além disso, a
resposta imune do hospedeiro, que é mediada pela liberação de citocinas e pelo aumento
do estresse oxidativo, contribui para o processo anêmico (HANDAYANI et al., 2009).
Neste estudo houve plaquetopenia durante a infecção pelo P. vivax em gestantes
e não gestantes. A trombocitopenia já foi descrita na literatura como alteração nos
pacientes maláricos (HIDEMI et al.,1989; BASHAWRI et al., 2002 e SINGH et al.,
2011) e é atribuída ao sequestro esplênico, redução da sobrevida das plaquetas e
diminuição na sua produção (SINGH, et al., 2011), bem como às reações imunológicas
(YAMAGUCHI et al., 1997) ocasionadas pela doença.
A literatura descreve que indicadores de estresse oxidativo, especificamente da
peroxidação de lipídios, como o malondialdeído (MDA), estão aumentados em amostras
de sangue de pacientes trombocitopênicos infectados com P. vivax, demonstrando que
as EROS exercem importante papel nas alterações funcionais e estruturais das plaquetas
e no mecanismo da trombocitopenia da malária (ARAUJO et al., 2008). Por outro lado,
75
trabalhos que avaliaram os níveis de IFN e a citocina anti-inflamatória IL-10 na
infecção pelo Plasmodium berghei mostraram que no plasma de camundongos gestantes
infectadas houve aumento significante da produção de NO pela produção de IFN em
comparação com camundongos gestantes sadias (INOUE et al., 2013).
Apesar deste estudo não ter detectado diferença estatística entre os indicadores
do estresse oxidativo (óxido nítrico e peróxido de hidrogênio) nos grupos analisados, o
que talvez tenha ocorrido pelo pequeno número amostral que se deu pela curta estadia
em Cruzeiro do Sul, principalmente no grupo de gestantes infectadas. Erel e
colaboradores (2001) mostraram que há um aumento do estresse oxidativo durante a
malária, o que pode está relacionado com a redução de plaquetas nos pacientes (EREL
et al., 2001).
Em relação à caracterização fenotípica dos leucócitos totais, não foram
observadas diferenças significativas entre a população de monócitos e linfócitos T CD4.
Estudos relatam que apesar da frequência de monócitos e linfócitos totais não se alterar
durante a infecção malárica existem uma grande ativação de subpopulações de
leucócitos durante a infecção (KASSA, 2006).
Inicialmente, acreditava-se que ocorria uma completa supressão dos leucócitos
durante a gestação (KUHNERT, 1998), entretanto com a evolução das pesquisas nessa
área se verificou mudança no status de ativação bem como na frequência destas células.
Pesquisas demonstram que existe uma leucocitose periférica total de células a partir do
estágios iniciais de gravidez, sem qualquer alteração na contagem de T CD4+ e CD8+
Nossos resultados apontam que as gestantes infectadas apresentaram diminuição
de linfócitos T citotóxicos, o que contradiz a literatura, que afirma que há um aumento
de células T CD8+ efetoras durante infecção por P. vivax (SALWATI et al., 2011). As
células T CD8+ desempenham um papel protetor contra o parasita, especialmente na
fase pré-eritrocítica, em experimentos de malária em camundongos (TSUJI, 2010). A
observação de pacientes em área endêmica, assim como o Estado do Acre, sugere que a
imunidade à infecção por malária se desenvolve de uma maneira incompleta e vagarosa
(LANGHORNE, 2008; GUPTA, 1999). Portanto, espera-se que a exposição regular ao
P. vivax possa manter células T citotóxicas em controle nos indivíduos não infectados
expostos à malária. Entre os infectados não gestantes não houve diferença significativa
no percentual total de linfócitos T CD8+.
As células T possuem um papel fundamental no desenvolvimento da resposta
imune, por exemplo, na ativação de células B (MOUNT, 2004) para consequente
76
produção de anticorpos (WIPASA, 2010) e citotoxicidade celular dependente de
anticorpos (ADCC), que na maioria das vezes controla, mas não é capaz de eliminar de
o parasita (BOUHAROUN-TAYOUN, 1995). Neste estudo as gestantes não
apresentaram diferença em relação ao percentual de linfócitos B, mas o grupo de
infectados não gestante teve diminuição significante de linfócitos B.
Na malária, os linfócitos B, responsáveis pelas respostas imunes humorais,
produzem anticorpos específicos resultantes da exposição natural ao parasita, e são
importantes para conferir proteção contra as formas sanguíneas do parasita. Os
anticorpos anti-Plasmodium podem impedir merozóitos de infectar novas hemácias do
sangue (RBC) e promover a fagocitose por células mononucleares (TAYLORROBINSON, 2010; WIPASA et al., 2002; BEESON et al., 2008). No entanto, a
persistência de níveis significativos de anticorpos contra a malária baseia-se na
exposição contínua à infecção (LANGHORNE et al., 2008).
Estudos afirmam que os níveis de linfócitos diminuem durante a infecção
malárica e tal alteração ocorre ou pela presença células linfóides em órgãos centrais ou
mesmo pela apoptose induzida em células mononucleares humanas (HVIID et al., 1997;
BALDE et al., 2000; XU, 2002). O que justificaria a diminuição de linfócitos T CD8 e
linfócitos B nos indivíduos infectados pelo Plasmodium vivax.
Em relação ao marcador de apoptose CD95 (Fas) nossos pacientes apresentaram
aumento na expressão em células T CD4+ e T CD8+, em ambos os grupos infectados. A
apoptose mediada pela interação Fas (CD95)/FasL (CD95L ou CD178) é bem
caracterizada em células T efetoras. A molécula Fas é altamente expressa em células T
naive, mas nessa fase as células apresentam grande resistência à morte através desta
molécula. No entanto, após a ativação, as células T CD4+ e CD8+ tornam-se sensíveis a
apoptose mediada por Fas e aumentam a expressão FasL quando reestimuladas através
do TCR, tornando-se sensíveis ao fenômeno denominado AICD (morte celular induzida
por ativação), fenômeno esse observado em pacientes gestantes ou não (FRITZSCHING
et al., 2005; KRAMMER et al., 2000; SCHMITZ et al., 2004). Dessa forma,
marcadores com o CD95 (Fas) são associados a células T ativadas, indutores de morte
celular através da ligação entre eles.
Em células T efetoras e células T regulatórias a expressão de Fas aumenta após
ativação (STRAUSS et al., 2009), mas na presença de IL-2 (citocina que promove
proliferação de células efetoras) as células T regulatórias adquirem resistência a
apoptose mediada por Fas, enquanto que em baixos níveis dessa citocina as Tregs
77
tornam-se sensíveis à morte mediada por células T CD4+ efetoras. Em nosso trabalho
não foi detectada produção de IL-2, o que pode estar relacionado ao aumento do
marcador de apoptose nos grupos infectados.
Também avaliamos a expressão de duas isoformas da molécula CD45
(CD45RA/CD45RO), expressa em todas as células de origem hematopoietica. O CD45
é uma tirosina fosfatase envolvida na transmissão de sinais entre células T e B
(TROWBRIDGE & THOMAS, 1994). Diferentes isoformas desse antígeno são
expressas na superfície dos linfócitos T durante o processo de diferenciação celular. A
expressão da isoforma CD45RA é típica de linfócitos T naive, enquanto que a isoforma
CD45RO está associada aos linfócitos T de memória (MICHIE et al., 1992).
No presente estudo, não houve diferença significativa entre os grupos
analisamos quanto à expressão de CD45RA e CD45RO. Por outro lado a literatura
descreve que o aumento dessas células na infecção pela malária pode se dar durante a
hiperativação de células T ou, mais provavelmente, durante a transição natural do
fenótipo naive para fenótipo de memória (PEAKMAN et al., 1994). Um estudo
realizado na China demonstrou que pacientes infectados por P. vivax apresentaram
aumento do número de células T CD4+ de memória (JANGPATARAPONGSA et al.,
2012). Em outro realizado na Tailândia (JANGPATARAPONGSA et al., 2006) foi
demonstrado que durante a infecção aguda e também na fase de convalescência, níveis
elevados de células T CD4+ de memória estavam presentes. Vale ressaltar que países
como China e Tailândia apresentam condições demográficas e sociais diferentes das do
Brasil, o que pode influenciar nessas mudanças de resposta imune.
Para avaliar a ativação do sistema imunológico durante a infecção, utilizamos
marcadores como o CD69 e o HLA-DR. O CD69 é uma molécula expressa em
linfócitos logo no início da exposição a um estímulo. Nos três grupos celulares
analisados (Linfócitos T CD4+, T CD8+ e B), houve aumento na frequência de CD69
nos indivíduos infectados, e as gestantes infectadas seguiram a mesma dinâmica, com
aumento significante na expressão dessa molécula de ativação em relação às gestantes
sadias.
Os infectados pelo P. vivax apresentaram significativo aumento na frequência de
HLA-DR em linfócitos T CD4+, células onde o HLA-DR se apresenta como molécula
de ativação. O que corrobora com achados referentes à infecção pelo P. falciparum,
onde também foi observado um aumento significativo na expressão de HLA-DR por
células T CD4+.
78
Moléculas de HLA-DR são importantes na geração de respostas imunitárias a
micro-organismos, uma vez que a sua principal função em monócitos é apresentar
peptídeos para ativação e a diferenciação de células T CD4 +. Entre os vários
subconjuntos de células T CD4+ (Th1, Th2, e Th17) tem como papel orquestrar
respostas
celulares
e/ou
humorais
necessário
para
combater
infecções
(HANANANTACHAI et al., 2005). Nesta pesquisa o HLA-DR em monócitos não
mostrou diferença significativa entre os grupos analisados.
O aumento na expressão e frequência de moléculas de ativação na superfície de
linfócitos durante a infecção pelo Plasmodium vivax se justifica pela grande resposta
imune decorrente da infecção malárica, que leva a um recrutamento de células
inflamatórias e produção de citocinas a fim de eliminar o patógeno. Estes dados
corroboram com os dados da literatura que constatam grande ativação do sistema imune
em indivíduos infectados pelo Plasmodium, inclusive em gestantes, o que acarreta o
aumento da expressão marcadores de ativação como HLA-DR, CD69 e CD71 em
células efetoras (ROETYNCK et al., 2006).
No presente
trabalho também
avaliamos a
expressão de
moléculas
coestimulatórias, que atuam de diferentes maneiras frente a uma infecção e estão
presentes em várias células.
Os indivíduos infectados apresentaram aumento significativo na mediana de
fluorescência de OX40 em células T CD4+ e T CD8+. Apesar de não haver dados na
literatura que relatem a presença dessa molécula na malária gestacional, este trabalho
constata que a mediana de fluorescência desse marcador foi semelhante em grupos
gestantes ou não infectados pelo P. vivax.
O OX40 está relacionado com células regulatórias e efetoras. Nas células Treg, é
expressa constitutivamente, enquanto nas T efetoras está expressa apenas após a
ativação (GRAMAGLIA et al., 1998). Estudos demonstram que células T CD4+CD25FOXp3- podem se diferenciar em células positivas, e que o OX40 está relacionado com
esse mecanismo (SO e CROFT, 2007). Camundongos deficientes de OX40 apresentam
redução de células regulatórias, enquanto que a presença desse marcador nos animais
acarreta um aumento da frequência de Tregs (XIAO et al, 2012).
Pesquisas mostram que a inibição da molécula OX40 em camundongos
infectados pelo P. chabaudi causa drástica redução da proliferação das células T CD4+
convencionais e Treg (ALVES, 2013).
79
O ICOS é uma molécula pertencente à família de coreceptores como o CD28, e
desempenha um papel importante na estimulação, proliferação e sobrevivência de
células T (KORNETE et al., 2012). Essa molécula é induzida no período de 48 h após a
ativação com a coestimulação da molécula CD28 nas células T CD4 + e CD8+, entretanto
o ICOS e o CD28 tem finalidades diferentes. Enquanto o CD28 é responsável por
primar a célula, o ICOS regula a ação efetora (HARADA et al., 2003). Neste trabalho
os linfócitos T CD4+ e T CD8+ de infectados, tiveram aumento significante da
frequência de ICOS, resultado semelhante foi encontrado por Costa (2013), onde
pacientes em fase aguda da infecção pelo P. vivax tiveram aumento na expressão de
ICOS. Não há registros na literatura que associem essa molécula à malária gestacional,
mas nossos resultados sugerem que durante a malária a expressão de ICOS aumenta
também nos linfócitos T de gestantes.
O ICOS é expresso em baixos níveis nas células naive, porém sua expressão é
elevada após sinalização via TCR e CD28 (MCADAM, 2000). Apesar de ser expresso
em células T ativadas do tipo Th1, Th2, Th17 e Treg, a expressão de ICOS é mais
acentuada em respostas com perfil Th2, quando comparadas àquelas que polarizam para
o perfil Th1 (KORNETE et al., 2012). Seu ligante, o ICOS-L, é encontrado em células
B, T, monócitos e células dendríticas (GREENWALD, 2005).
A literatura descreve que o ICOS é uma molécula importante na interação entre
a célula T CD4+ e célula B. E que os níveis de expressão desse marcador está
relacionado com citocinas produzidas; células T CD4+ com baixa expressão de ICOS
estariam relacionadas à produção de IL-2, IL-3 e IL-6, citocinas produzidas nas fases
iniciais da resposta imune. Células com níveis intermediários de ICOS estariam
relacionadas com a produção de citocinas pró-inflamatórias de perfil Th2 (IL-4, IL-5 e
IL-13); níveis altos de ICOS relacionariam com síntese de IL-10, citocina antiinflamatória. Neste trabalho observamos uma baixa detecção de IL-6 e IL-10 no plasma
de indivíduos infectados, mas não foi possível classificar o nível da expressão de ICOS.
Marks e colaboradores (2007), identificaram que na presença de IL-10 as Treg mostram
ser dependentes da expressão de ICOS para a supressão in vitro e in vivo frente a uma
infecção (MARKS et at., 2007).
A importância da molécula ICOS para a proliferação de células Treg foi relatada
em camundongos, onde animais na presença de antígeno tiveram aumento na expressão
de ICOS e proliferação de células regulatórias, por outro lado, camundongos nockout
80
para ICOS não apresentam aumento da proliferação de células Treg após estímulo
(BUSSE et al., 2012).
Neste trabalho a molécula GITR foi avaliada em monócitos e linfócitos. Estudos
mostram que estímulos pró-inflamatórios são capazes de induzir a expressão do ligante
GITR (GITRL) nas superfícies de células APCs, macrófagos e células endoletiais (KIM,
et al., 2010). Em monócitos o GITR aumenta após a ativação celular e durante
processos inflamatórios (SHEVACH, 2006; CUZZOCREA et al., 2006; SANTUCCI et
al., 2007; NAKAE et al., 2006) e estimula a produção de fatores pró-inflamatórios.
Neste estudo o aumento da mediana de fluorescência de GITR em monócitos foi
significativo entre os indivíduos não gestantes infectados pelo P. vivax.
Por outro lado, estudos utilizando anticorpos agonistas anti-GITR, ou GITRL
solúvel demonstraram que a via GITR-GITRL induz sinais de coestimulação ativando
células T regulatórias, CD4+ efetoras e CD8+, mesmo estas células apresentando
funções diferenciadas (KAMIMURA et al., 2009).
Em linfócitos T CD4+ a mediana de fluorescência de GITR, foi maior em ambos
os grupos de infectados, mas o resultado foi significativo no grupo das gestantes.
Nocentini (2007) afirma que o GITR desencadeia atividade efetora em células T, pois é
expresso em altos níveis nas células regulatórias, tendo um papel importante na
modulação da atividade supressora das Tregs, sendo regulada positivamente em células
T CD4+ convencionais após ativação , atuando na proliferação e produção de citocinas
em células T efetoras (NOCENTINI et al., 2007).
Pesquisas iniciais relacionadas com os efeitos de GITR em células Treg
indicaram que a interação deste receptor com seu ligante conduz a atividade supressora
das Tregs (MCHUGH, 2002; SHIMIZU, 2002; SHEVACH, 2006), a valorização do
potencial da sua função supressora (SHEVACH, 2006) além da proliferação das células
T regulatórias (NISHIOKA, 2008; NOCENTINI, 2007).
Estudos demonstram que durante a infecção pelo P. vivax ocorre o aumento de
GITR em células regulatórias de infectados (BUENO, 2010). E experimentos de malária
em camundongos sugerem que a infecção altera a sinalização GITR via Tregs,
suprimindo o sistema, e assim a resposta imune, o que eventualmente, contribui para a
fuga de parasitas da imunidade da célula T do hospedeiro (HISAEDA, 2005).
Os marcadores coestimulatórios interagem com diferentes populações celulares,
tais como APC, células efetoras ou regulatórias, e dessa forma trazem diferentes
respostas que podem resultar na estimulação ou inibição do sistema imune. As
81
moléculas coestimulatórias apresentadas neste trabalho, até então não tinham sido
analisadas em gestantes infectadas pelo Plasmodium vivax, necessita-se então de mais
investigações sobre a interação das moléculas OX40, ICOS e GITR e a malária
gestacional. No entanto, os resultados semelhantes entre os grupos infectados sugerem
que o sistema imunológico periférico na gravidez se comporta de forma parecida com o
sistema de pessoas não grávidas durante a infecção malárica, ao menos no que diz
respeito à expressão dessas moléculas.
Como já discutido anteriormente as moléculas coestimulatórias apresentam
relação com as células regulatórias, uma população de 5 a 10% de linfócitos CD4 +
periféricos em humanos que são fundamentais para a manutenção da tolerância
imunológica (ALLAN; PASSARINI; BACCHETTA, 2005), porque atuam como
supressoras das respostas imunes através do contato direto com células imunes efetoras
e/ou pela produção de citocinas regulatórias, como TGF e IL-10 (BELKAID, 2007).
Estudos demonstram que a utilização do CD25 em conjunto com o CD127
poderia fornecer resultados fidedignos da frequência de Tregs no sangue periférico. Por
meio da utilização do CD127, pode-se distinguir populações de células efetoras recémativadas pela alta expressão desse marcador (CD4+CD25+CD127hi), além de células
Tregs que apresentam baixa expressão de CD127 (CD4 +CD25+CD127low) (SEDDIKI et
al., 2006; LIU et al., 2006). Liu e colaboradores observaram que a maioria das células
CD4+FOXp3+, fator de transcrição interno de células regulatórias, expressavam
CD25hiCD127low.
Neste estudo as células regulatórias aumentaram em frequência e expressão em
ambos grupos de indivíduos infectados (gestantes ou não). Na gravidez existem
evidências do aumento de células T regulatórias (ALUVIHARE, 2004), através de
potentes propriedades imuno supressoras que fazem as células regulatórias
desempenharem um papel essencial na manutenção da tolerância imunológica periférica
(JOSEFOWICZ, et al. 2012, LITTMAN e RUDENSKY 2010; WING E SAKAGUCHI,
2010).
Em humanos, ainda existem poucos estudos sobre o papel das Tregs e a
imunidade antimalárica, porém trabalhos tem mostrado que ocorre um aumento
significativo da população de células Treg nas infecções com P. falciparum e P. vivax
(BUENO, 2011). A expansão das células Tregs durante a infecção malárica humana e
experimental parece estar relacionada com o aumento da carga parasitária
(GONÇALVES, 2010), inclusive em infecções pelo Plasmodium vivax em indivíduos
82
de áreas endêmicas (BUENO, 2010); isto porque uma supressão da resposta do padrão
Th1 na malária leva o parasito a ter condições favoráveis para seu desenvolvimento
sanguíneo.
Durante a gestação o acúmulo Tregs não está restrita apenas a órgãos
reprodutores femininos (WINGER, 2011). A importância das Tregs maternas na
tolerância fetal foi sugerida pela primeira vez por sua expansão progressiva na gravidez
humana saudável e menor expansão nos casos aborto espontâneo se comparado ao
aborto provocado (SASAKI, et al. 2004, SOMERSET, et al. 2004), sendo assim falha
do sistema imune materno em aumentar os níveis de T regs circulantes está relacionada
com a perda da gravidez (ROWE, 2013). Em gestantes, ocorre a supressão sistêmica de
respostas pró-inflamatórias a partir de células T auxiliares (Th1), dessa forma a
produção de IL-10, citocina anti-inflamatória produzida por células regulatórias pode
estar presente no plasma das gestantes (RAGHUPATHY, 1997), entretanto neste estudo
não foi verificada detecção de IL-10 nas gestantes sadias.
A produção de citocinas antiinflamatórias, como a IL-10, relacionada com a
supressão das células regulatórias (BELKAID, 2007), bloqueia a síntese de INF e
modula negativamente a expressão de moléculas de MHC I e II, o que impede o
desenvolvimento de respostas Th1 exacerbadas, envolvidas com a patogênese da
malária. Neste estudo a detecção de IL-10 foi baixa, mas esteve presente no plasma dos
indivíduos infectados, inclusive nas gestantes. Outros trabalhos também realizados em
pacientes infectados pelo P. vivax apresentam níveis aumentados de IL-10 no sangue de
infectados não gestantes (LEORATTI, 2012) e gestantes (ATAÍDE et al, 2015).
Além do aumento de marcadores de ativação e de células regulatórias, durante a
infecção pelo P. vivax há aumento de citocinas pró-inflamatórias (LEORATTI, 2012;
ANDRADE, 2010; LYKE, 2004). A resposta imune na malária causada por P. vivax é
caracterizada, portanto, pela participação de citocinas do perfil Th1, as quais são
importantes para o controle do número de parasitas circulantes (SIDDIQUI et al., 2007).
Estudos mostram que dentre as citocinas produzidas por macrófagos, linfócitos
T ativados, células de Kupffer, células NK e células endoteliais, se destacam a INF,
TNF e IL-6 que participam da inibição do desenvolvimento do estágio hepático e
sanguíneo do parasita através da ativação de células e mediadores inflamatórios que
visam eliminar o parasita. A IL-6 tem a capacidade de atravessar a barreira
hematoencefálica e iniciar a síntese de prostaglandina E2 no hipotálamo, por isso ocorre
83
mudança na temperatura corporal causando a febre (BANKS, 1994), a hipertermia foi
um sinal constatado em boa parte dos nossos pacientes.
Neste estudo não houve detecção de INF e TNF e a detecção de IL-6 no sangue
periférico dos infectados (gestantes ou não) foi baixa. Outros trabalhos também já
relataram a presença dessa citocina no sangue periférico de pacientes de áreas
endêmicas infectados pelo Plasmodium (LEORATTI, 2012; IBITOKOU, 2014),
inclusive em gestantes infectadas pelo P. vivax, residentes em áreas endêmicas, que
tiveram maior detecção de IL-6 no sangue da placenta que no sangue periférico
(ATAÍDE et al. 2015).
Outra citocina investigada em nosso trabalho foi a IL-17, produzida por células
T (Th17), e contribui largamente para a inflamação por neutrófilos e indução da
secreção de vários mediadores pró-inflamatórios, incluindo IL-1, IL-6 e quimiocinas
(KOLLS E LINDEN, 2004; KORN et al, 2009). Na verdade, pouco se sabe sobre a
função dessa citocina em infecções por protozoários, sugerindo que o papel das células
Th17 em doenças parasitárias continua a ser elucidado. Além disso, a associação deste
subconjunto de células T na infecção por Plasmodium ainda é pouco compreendida.
Em nossos achados, os pacientes infectados apresentaram diminuição
significativa de IL-17 em relação aos controles. Bueno (2012), por sua vez observou
aumento de IL-17 em infectados pelo Plasmodium vivax. Nesse mesmo trabalho houve
uma correlação positiva entre a IL-17 e células produtoras de citocinas antiinflamatórias, como IL-10 e TGF
A produção de IL-17 por células T CD4+ foi anteriormente descrita durante a
infecção pela malária em células regulatórias (BUENO et al., 2010; SCHOLZEN et al.,
2009). De fato, pode existir uma relação entre Th17 e Treg, como já foi demonstrado in
vitro (KIMURA E KISHIMOTO, 2010) e o saldo entre estas células podem conduzir a
susceptibilidade ou resistência contra o parasita na infecção por malária.
Pesquisas sobre as alterações imunológicas durante a malária podem contribuir
para o entendimento da reação dos indivíduos frente a esta infecção parasitária de
grande magnitude. Assim, neste trabalho evidenciamos a presença de plaquetopenia,
bem como aumento de marcadores de ativação, como o CD69 e de moléculas
coestimulatórias em pacientes gestantes e não gestantes infectadas pelo P. vivax. Houve
também um aumento de células regulatórias na população infectada pelo P. vivax.
Observamos um aumento da produção de citocinas inflamatórias e antiinflamatórias,
mesmo que em baixos níveis, em indivíduos infectados. Este trabalho é um dos
84
primeiros no Brasil a realizar caracterização imunológica em indivíduos gestantes
infectadas pelo Plasmodium vivax em uma área de transmissão ativa da doença, com
base nesses resultados, espera-se que esta pesquisa contribua para que mais estudos
nessa temática sejam desenvolvidos para melhor entendimento da malária humana em
indivíduos gestantes ou não.
85
5
CONCLUSÕES
O presente estudo demonstra que a infecção pelo Plasmodium vivax ocasiona
mudanças similares no sistema imunológico de indivíduos infectados, gestantes ou não
gestantes. Os pacientes incluídos neste trabalho, residentes em uma área endêmica, não
apresentaram sintomas de malária grave, sendo boa parte já havia sido infectado
anteriormente, o que favorece uma baixa parasitemia e sintomas clássicos da infecção.
A principal alteração no hemograma foi a plaquetopenia significativa entre os grupos de
indivíduos infectados. A análise fenotípica dos leucócitos totais apontou que as
gestantes infectadas apresentaram diminuição significativa de linfócitos T citotóxicos, e
que os linfócitos B de infectados não gestantes também diminuíram durante a infecção,
talvez essas alterações tenham ocorrido pelo processo de apoptose das células, visto que
o marcador de apoptose CD95Fas apresentou um aumento de expressão quando
avaliado
em
células
T
de
indivíduos
infectados.
A
infecção
aumentou
significativamente a frequência de marcadores de ativação em linfócitos, como CD69 e
HLA-DR em pacientes gestantes e não gestantes, além disso induziu o aumento da
expressão de moléculas coestimulatórias (ICOS, OX40 e GITR) em células T, fato que
até o presente estudo não tinha sido avaliado na malária gestacional. Apesar do aumento
da expressão e frequência de marcadores de ativação celular e produção de citocinas
pró-inflamatórias (IL-6 e IL17) que promovem a ativação do sistema imunológico, este
estudo também mostrou que ocorre um aumento de células regulatórias na malária em
gestantes e não gestantes, o que acarreta a supressão da resposta imune, inclusive pela
produção de citocinas como a IL-10 e evitam uma ativação exacerbada do sistema
imunológico. Em suma, este estudo é um dos primeiros à analisar tanto aspectos de
ativação como de regulação do sistema imune frente à infecção pelo Plasmodium vivax
em dois grupos distintos de infectados: não gestantes e gestantes, que pode trazer novas
informações relevantes para o tratamento e evolução desse enfermidade.
86
REFERÊNCIAS
ALDERTON, W.; COOPER, C. E.; KNOWLES. Nitric oxide synthases: structure,
function and inhibition. Biochemical Journal. vol. 357; p. 593-615, 2001.
ALLAN, S E; PASSERINI L; BACCHETTA R. The role of FOXp3 isoforms in the
generation of human CD4+ Tregs. J. Clin. Invest. vol. 115, p. 3276–3284, 2005.
ALMEIDA, L. B. Malária em mulheres de idade de 10 a 49 anos, segundo o SIVEP
- Malária, Manaus, Amazonas, 2003 - 2006. (Dissertação de Mestrado). Universidade
do Estado do Amazonas, Manaus, 2008.
ALUVIHADE, V R; KALLIKOURDIS, M; BETZ AG. Regulatory T cells mediate
maternal tolerance to the fetus. Nat Immunol. vol. 5, p. 266-271, 2004.
ALVES, GB. Effects of activating and inhibitory molecules present in conventional
and regulatory CD4+ T cells on the modulation of the immune response during the
acute phase of malaria by Plasmodium chabaudi AS. (Dissertação de Mestrado).
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
ANDRADE, B; REIS-FILHO, A; SOUZA-NETO, SM; CLARENCIO , J; CAMARGO,
LM; BARRAL, A; et al. Severe Plasmodium vivax malaria exhibits marked
inflammatory imbalance. Malar J. p. 9:13, 2010.
ANDRADES, M.E.; MORINA, A.; SPASIĆ, S.; SPASOJEVIĆ, I. Bench-to-bedside
review: Sepsis - from the redox point of view. Critical Care. p. 215:230, 2011.
ANSTEY, NM; HANDOJO, T; PAIN, MC; KENANGALEM, E; TJITRA, E; PRICE,
RN; MAGUIRE, GP. Lung injury in vivax malaria: pathophysiological evidence for
pulmonary vascular sequestration and posttreatment alveolar-capillary inflammation. J
Infect Dis. vol.195, p. 589-596, 2007.
ANSTEY, NM; RUSSELL, B; YEO, TW; PRICE RN. The pathophysiology of vivax
malaria. Trends in Parasitology. vol. 25, p.220-227, 2009.
ARAUJO, C. F.; LACERDA, M. V G.; ABDALLA, D. S. P.; LIMA, E. S. The role of
platelet and plasma markers of antioxidant status and oxidative stress in
thrombocytopenia among patients with vivax malaria. Memórias do Instituto Oswaldo
Cruz. vol. 103, p. 517-521, 2008.
ARIBOT, G.; ROGIER, C.; SARTHOU, J. L. et al. Pattern of immunoglobulin isotype
response to Plasmodium falciparum blood-stage antigens in individuals living in a
holoendemic area of Senegal (Dielmo, west Africa). The American journal of tropical
medicine and hygiene. vol. 54, p. 449-57, 1996.
ARTAVANIS-TSAKONAS K; RILEY, EM. Innate immune response to malaria: rapid
induction of IFN-gamma from human NK cells by live Plasmodium falciparum infected
erythrocytes, J Immunol. vol. 169, p. 2956-2963, 2002.
87
ATAÍDE, R; MURILLO, O; DOMBROWSKI, JG; SOUZA, RM; LIMA, FA; LIMA,
GFMC, et al. Malaria in Pregnancy Interacts with and Alters the Angiogenic Profiles of
the Placenta. PLoS Negl Trop Dis, 2015.
BAIRD, JK. Cloroquine resistence in Plasmodium vivax. Antimicrobial Agents and
Chemotherapy. Trends Parasitol. vol. 48, p.4075-4083, 2004.
BAIRD, J. Neglect of Plasmodium vivax malaria. Trends Parasitol.vol. 23, p. 533–
539, 2007.
BALDE AT, ARIBOT G, TALL A, SPIEGEL A, ROUSSILHON C. Apoptosis
modulation in mononuclear cells recovered from individuals exposed to Plasmodium
falciparum infection. Parasite Immunol. vol. 22, p. 307-318, 2000.
BANIC, D.M.; GOLDBERG, A.C.; PRATT-RICCIO, L.R.; OLIVEIRA-FERREIRA,
J.; SANTOS, F.; GRAS- MASSE, H.; CAMUS, D.; KALIL, J.; DANIEL-RIBEIRO,
C.T. Human leukocyte antigen class II control of the immune response to p 126-derived
amino terminal peptide from Plasmodium falciparum. Am. J. Trop. Med. vol 66, p.
509–615, 2002.
BANKS, WA; KASTIN, AJ; GUTIERREZ, EG. Penetration of interleukin-6 across the
murine blood-brain barrier. Neurosci Lett. vol. 179, p. 53-56, 1994.
BASHAWRI, L. A. M.; MANDIL, A. A.; BAHNASSY, A. A.; AHMED, M. A.
Malaria: hematological aspects. Annals of Saudi medicine. vol. 22, p. 372-376, 2002.
BECKER, K; TILLEY, L; VENNERSTROM, JL; ROBERTS, D; ROGERSON, S;
GINSBURG, H. Oxidative stress in malaria parasite-infected erythrocites: host parasite
interation. Int J Parasitol. vol. 34 p. 163-189, 2004.
BELKAID,Y;ROUSE, BT. Natural regulatory T cells in infectious disease. Nat
Immunol. vol. 6, p. 353-60, 2005.
BELKAID, Y. Regulatory T cells and infection: a dangerous necessity. Nat Rev
Immunol vol.7, p. 875, 2007.
BELKAID, Y.; TARBELL, K. Regulatory T cells in the control of host-mocroorganism
interactions. Annu Rev Immunol. vol. 27, p. 551-589, 2009.
BEESON, JG; DUFFY, PE. The immunology and pathogenesis of malaria during
pregnancy. Curr Top Microbiol Immunol. vol. 297, p. 187-227, 2005.
BEESON, JG; OSIER, FH; ENGWERDA, CR. Recent insights into humoral and
cellular immune responses against malaria. Trends Parasitol. vol. 24, p. 578-584,
2008.
BOUHAROUN-TAYOUN, H; OEUVRAY, C; LUNEL, F; DRUILHE, P. Mechanisms
underlying the monocyte-mediated antibody-dependent killing of Plasmodium
falciparum asexual blood stages. J Exp Med. vol. 182, p. 409-418, 1995.
88
BRABIN, BJ; ROMAGOSA, C; ABDELGALIL, S; MENE´NDEZ, C; VERHOEFF,
FH; MCGREADY, R; FLETCHER, KA; OWENS, S; D’ALESSANDRO, U;
NOSTEN, F; FISCHER, PR; ORDI, J. The sick placenta-the role of malaria. Placenta.
vol. 25, p. 359–378, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. Brasília, 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de
diagnóstico laboratorial da malária. Brasília, 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Serviço de
Vigilância Epidemiológica da Malária—SIVEP Malária. Brasília, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Serviço de
Vigilância Epidemiológica da Malária—SIVEP Malária. Brasília, 2014.
BUENO, L. L; et al. Plasmodim vivax recombinant vaccine candidate AMA-1 plays na
important role in adaptive immune response eliciting differentiation of dendritic cells.
Vaccine. vol. 27, p. 5581-5588, 2009.
BUENO, L.L.; MORAIS, C.G.; ARAUJO, F.F.; GOMES, J.A.; CORREA-OLIVEIRA,
R.; SOARES, I.S.; LACERDA, M.V.; FUJIWARA, R.T.; BRAGA, E.M. Plasmodium
vivax: induction of CD4 + CD25 + FoxP3+ regulatory T cells during infection are
directly associated with level of circulating parasites. PLoS One. vol. 5, 2010.
BUENO, L.L. Resposta imune celular e humoral de indivíduos infectados por
Plasmodium vivax frente ao antígeno 1 de membrana apical (AMA-1). (Tese de
doutorado). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.
BUENO, LL; MORAIS, CG; LACERDA, MV; FUJIWARA, RT; BRAGA, EM.
Interleukin-17 producing T helper cells are increased during natural Plasmodium vivax
infection. Acta Trop. vol. 123, p. 53-57, 2012.
BULGUER, E. M.; MAIER, R. Antioxidantes no Paciente Crítico. Investigação
Original. Archives of Surgery. American Medical Association. vol. 136, 2001.
BUSSE, M.; KRECH, M.; MEYER-BAHLBURG, A.; HENNIG, C.; HANSEN, G.
ICOS mediates the generation and function of CD4+CD25+Foxp3+regulatory T cells
conveying respiratory tolerance. J. Immunol. vol. 189, p. 1975–1982, 2012.
CALVOSA, V.S. P. Avaliação do papel de anticorpos (lgG) antimaláricos
transferidos da mãe para o feto na ocorrência de malária neonatal: outros fatores
de importância. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Pará, Belém,
1995.
CAMPOS, IM; URIBE, ML; CUESTA, C; FRANCO-GALLEGO, A; CARMONAFONSECA, J; MAESTRE, A. Diagnosis of gestational, congenital, and placental
malaria in Colombia: comparison of the efficacy of microscopy, nested polymerase
chain reaction, and histopathology. Am J Trop Med Hyg. vol. 84, p. 929-935, 2011.
89
CARVALHO, B; LOPES, S; NOGUEIRA, P; ORLANDI, P; BARGIERI, D;
BLANCO, Y; MAMONI, R; LEITE, J; RODRIGUES, M; SOARES, I; OLIVEIRA, T;
WUNDERLICH, G; LACERDA, M; DEL PORTILLO, H; ARAÚJO, M; RUSSELL,
B; SUWANARUSK, R; SNOUNOU, G; RÉNIA, L; COSTA, F. On the Cytoadhesion
of Plasmodium vivax-Infected Erythrocytes. J Infect Dis. 2010.
CHAGAS, E. C.D.S.; NASCIMENTO, C. T. D.; SANTANA FILHO, F. S. E. D.;
BÃ’TTO-MENEZES, C. H.; MARTINEZ-EPINOSA, F. E. Malária durante a gravidez:
efeito sobre o curso da gestação na região amazônica. Rev. Pan. de Saúde Pública, vol.
26, p. 203-208, 2009.
CHAIKITGOSIYAKUL, S; RIJKEN, MJ; MUEHLENBACHS, A; LEE, SJ; CHAISRI
U, et al. A morphometric and histological study of placental malaria shows significant
changes to villous architecture in both Plasmodium falciparum and Plasmodium vivax
infection. Malar J., 2014.
CHOTIVANICH, K; UDOMSANGPETCH, R; SUWANARUSK, R;
PUKRITTAYAKAMEE, S; WILAIRATANA, P; BEESON, JG; DAY, NP; WHITE,
NJ. Plasmodium vivax adherence to placental glycosaminoglycans. PLoS One, 2012.
CIRCU, M. L.; AW, T. Y. Reactive oxygen species, cellular redox systems, and
apoptosis. Free Radical Biology and Medicine. vol. 48, p. 749-762, 2010.
CLARK, IA; BUDD, AC; ALLEVA, LM; COWDEN, WB. Human malarial disease: a
consequence of inflammatory cytokine release. Malar J. vol. 5, p. 85-117, 2006.
COSTA, KMM; ALMEIDA, WAF; MAGALHÃES, IB; MONTOYA, R; MOURA,
MS; LACERDA, MVG. Malária em Cruzeiro do Sul (Amazônia Ocidental brasileira):
análise da série histórica de 1998 a 2008. Rev Panam Salud Publica. vol. 28, p. 353–
60, 2010.
COSTA, P.A.C. Caracterização de moléculas reguladoras durante a malária vivax.
[Dissertação de Mestrado] Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte,
2013.
COX-SINGH, J; DAVIS, TM; LEE, KS; SHAMSUL, SS; MATUSOP, A; RATNAM
S, et al. Plasmodium knowlesi malaria in humans is widely distributed and potentially
life threatening. Clin Infect Dis. vol. 46, p. 165–171, 2008.
COX, MJ; KUM, DE; TAVUL, L; NARARA, A; RAIKO, A; et al. Dynamics of
malaria parasitemia associated with febrile illness in children from a rural area of
Madang, Papua New Guinea. Trans R Soc Trop Med Hygv. vol. 88, p.191–197, 2012.
CUZZOCREA, S.; NOCENTINI, G.; DI PAOLA, R.; AGOSTINI, M.; MAZZON, E.;
RONCHETTI, S.; CRISAFULLI, C. et al. Proinflammatory role of
glucocorticoidinduced TNF receptor-related gene in acute lung inflammation. J.
Immunol. vol. 177, p. 631–641, 2006.
90
DE LACERDA, MV; ZACKIEWICZ, C; ALECRIM, WD; ALECRIM, MG. The
neglected Plasmodium vivax: are researchers from endemic areas really concerned about
new treatment options? Rev Soc Bras Med Trop. vol. 40, p. 489-490, 2007.
DELLICOUR, S.; TATEM, A. J.; GUERRA, C. A.; SNOW, R. W.; TER KUILE, F. O.
Quantifying the number of pregnancies at risk of malaria in 2007: a demographic study.
PLoS. vol. 7, 2010.
DESAI, MTER; KUILE, FO; NOSTEN, F; MCGREADY, R; ASAMOA, K; et al.
Epidemiology and burden of malaria in pregnancy. Lancet Infect Dis. vol. 7, p. 93–
104, 2007.
DIALLO, M; ALDEBERT, D; MOREAU, JC; NDIAYE, M; JAMBOU, R. Decrease of
lymphoid dendritic cells in blood from malaria-infected pregnant women. Int J
Parasitol. vol. 38, p. 1557-1565, 2008.
DONADI, E.A. Como entender a nomenclatura e os mecanismos de associação entre os
antígenos e os alelos de histocompatibilidade com as doenças. Medicina, Ribeirão
Preto, v. 33, p.7-18, 2000.
DOOLAN, D. L.; HOFFMAN, S. L. IL-12 and NK cells are required for antigenspecific adaptive immunity against malaria initiated by CD8+ T cells in the Plasmodium
yoelii model. J Immunol. vol.163, p. 884-892, 1999.
DUFFY, P; FRIED, M. Malaria in the pregnant woman. Curr Top Microbiol
Immunol. vol. 295, p. 169-200, 2005.
DUFFY P. Plasmodium in the placenta: parasites, parity, protection, prevention and
possibly preeclampsia. Parasitology. vol. 134, p. 1877-1881, 2007.
ENGWERDA, CR; GOOD, MF. Interactions between malaria parasites and the host
immune system. Curr Opin Immunol. vol. 17, p. 381-387, 2005.
EREL, O.; VURAL, H.; AKSOY, N.; ASLAN, G.; ULUKANLIGIL, M. Oxidative
stress of platelets and thrombocytopenia in patients with vivax malaria. Clinical
Biochemistry. vol. 34, p. 341-344, 2001.
EVANS, W. J. Vitamin E, vitamin C, and exercise. American Society for Clinical
Nutrition. vol. 72, p. 647– 652, 2000.
FERNANDES, A P M et al. Como entender a Associação entre o sistema HLA e as
doenças auto-imunes endócrinas. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e
Metabologia. vol. 47, 2003.
FERREIRA, JO; RIBEIRO, CTD. Protective immunity against the preerythrocytic
stages of Plasmodia. J Brasilian Associat Advanc of Science. vol. 52, p. 241-245,
2000.
91
FONSECA, L; SEIXAS, E; BUTCHER, G; LANGHORNE, J. Cytokine responses of
CD4+T cells during a Plasmodium chabaudi chabaudi (ER) blood-stage infection in
mice initiated by the natural route of infection. Malar J. vol. 6, p. 77-85, 2007.
FOWKES, FJ; MCGREADY, R; CROSS, NJ; HOMMEL, M; SIMPSON, JA;
ELLIOTT, SR; RICHARDS, JS; LACKOVIC, K; VILADPAI-NGUEN, J; NARUM,
D; TSUBOI, T; ANDERS, RF; NOSTEN, F; BEESON, JG. New insights into
acquisition, boosting, and longevity of immunity to malaria in pregnant women. J
Infect Dis. vol. 206, p. 1612-1621, 2012.
FREITAS DO ROSÁRIO, A.P. Análise dos compartimentos de linfócitos T e B de
memória em animais tratados e não tratados com cloroquina durante a infecção
pelo Plasmodium chabaudi AS. (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2008.
FRIED, M; DUFFY PE. Adherence of Plasmodium falciparum to chondroitin sulfate A
in the human placenta. Science. vol. 272, p.1502-1504, 1996.
FRIED, M; MUGA, RO; MISORE, AO; DUFFY, PE. Malaria elicits type 1 cytokines
in the human placenta: IFN-gamma and TNF-alpha associated with pregnancy
outcomes. J Immunol. vol. 160, p. 2523-2530, 1998.
FRIED, M; MUGA, RO; MISORE, AO; DUFFY, PE. Malaria elicits type 1 cytokines
in the human placenta: IFN-gamma and TNF-alpha associated with pregnancy
outcomes. J Immunol. vol. 160, p. 2523-2530, 1998.
FRITZCHING, B; OBERLE, N; EBERHARDT, N; QUICK, S; HAAS, J;
WILDEMANN, B; KRAMMER, PH; SURI-PAYER, E. Cutting edge: in contrast to
effector T cells, CD4+CD25+FOXp3 regulatory T cells are highly susceptible to CD95
ligand – but not to TCR-mediated cell death. J Immunol. vol. 175, p. 32-36, 2005.
GRAMAGLIA, I; WEINBERG, AD; LEMON, M. OX40 ligand: a potent costimulatory
molecule for sustaining primary CD4 T cell responses. J Immunol. vol. 161, 65106517. 1998.
GREENWALD, RJ; FREEMAN, GJ; SHARPE, AH. The B7 family revisited. Annu
Rev Immunol. vol. 23, p. 515-548, 2005.
GREENWOOD, BM; FIDOCK, DA; KYLE, DE; KAPPE, SH; ALONSO, PL;
COLLINS, FH; DUFFY, PE. Malaria: progress, perils, and prospects for eradication. J
Clin Invest. vol. 118, p. 1266-1276, 2008.
GRIFFITH, O. W.; STUEHR, D. J. Nitric oxide synthases: and catalytic mechanism.
Ann. Rev. Physiol. vol. 57, p. 707-736, 1995.
GONÇALVES, R. M. et al. CD4+ CD25+Foxp3+ regulatory T cells, dendritic cells,
and circulating cytokines in uncomplicated malaria: do different parasite species elicit
similar host responses? Infect Immun. vol. 78, p. 4763-4772, 2010.
92
GOOD, MF; XU, H; WYKES, M; ENGWERDA, CR. Development and regulation of
cell mediated immune responses to the blood stages of malaria: implications for vaccine
research. Annu Rev Immuno, vol. 23, p.69-99, 2005.
GUPTA, S; SNOW, RW; DONNELLY, CA; MARSH, K; NEWBOLD, C. Immunity to
noncerebral severe malaria is acquired after one or two infections. Nat Med. p. 340343, 1999.
HAN, Y; NIU; M, AN L; LI, W. Upregulation of proinflammatory cytokines and NO
production in BV-activated avian macrophage-like cell line (HD11) requires MAPK and
NF-kB pathways. International Immunopharmacology. vol. 9, p. 817-823, 2009.
HANANANTACHAI, H; PATARAPOTIKUL, J; OHASHI, J; NAKA, I;
LOOAREESUWAN, S; TOKUNAGA, K. Polymorphisms of the HLA-B and HLADRB1 genes in Thai malaria patients. Jpn. J. Infect. Dis. vol. 58, p. 25–28, 2005.
HANDAYANI, S.; CHIU, D. T.; TJITRA, E. et al. High Deformability of Plasmodium
vivax-Infected Red Blood Cells under Microfluidic Conditions. Journal of Infectious
Diseases. vol. 199, p. 445-450, 2009.
HARADA, H; SALAMA, AD; SHO, M; IZAWA, A; SANDNER, SE; ITO, T; AKIBA,
H; YAGITA, H; SHARPE, AH; FREEMAN, GJ; SAYEGH, MH. The role of the
ICOS-B7h T cell costimulatory pathway in transplantation immunity. J Clin Invest.
vol. 112, p. 234-43, 2003.
HIDEMI, E.; KARAZAWA, I.; JAMRA, M. NORMAL HEMATOLOGICAL
PARAMETERS. Revista de Saúde Publica. vol. 23, p. 58-66, 1989.
HISAEDA, H. et al. Escape of malaria parasites from host immunity requires
CD4+CD25+ regulatory T cells. Nat Med. vol.10, p.29-30, 2004.
HISAEDA, H; HAMANO, S; MITOMA-OBATA, C; TETSUTANI, K; IMAI T; et al.
Resistance of regulatory T cells to glucocorticoid-induced [corrected] TNFR familyrelated protein (GITR) during Plasmodium yoelii infection. Eur J Immunol. vol. 35, p.
3516–3524, 2005.
HVIID, L; KURTZHALS, JA; GOKA, BQ; OLIVER-COMMEY, JO; NKRUMAH,
FK; THEANDER, TG. Rapid reemergence of T cells into peripheral circulation
following treatment of severe and uncomplicated Plasmodium falciparum malaria.
Infect Immun. vol. 65, p. 4090-4093, 1997.
IBITOKOU, SA; BOSTRÖM, S; BRUTUS, L et al. Submicroscopic infections with
Plasmodium falciparum during pregnancy and their association with circulating
cytokine, chemokine, and cellular profiles. Clin Vaccine Immunol. vol. 21, p.859-866,
2014.
IMAI, T; SHEN, J; CHOU, B; DUAN, X; TU, L; TETSUTANI, K; MORIYA, C;
ISHIDA, H; HAMANO, S; SHIMOKAWA, C; HISAEDA, H; HIMENO, K.
Involvement of CD8+ T cells in protective immunity against murine blood-stage
93
infection with Plasmodium yoelii 17XL strain. Eur J Immunol. vol. 40, p. 1053–1061,
2010.
INOUE S. I et al. Roles of IFN- and T cells in protective immunity against bloodstage malaria. Frontiers in immunology, 2013.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA (IBGE). Indicadores e
dados básicos da saúde, 2007.
ISHII, N; TAKAHASHI, T.; SOROOSH, P.; SUGAMURA K. Chapter 3 – OX40–
OX40 Ligand Interaction in T-Cell-Mediated Immunity and Immunopathology.
Advances in Immunology. vol. 105, p. 63–98, 2010.
JANGPATARAPONGSA, K; SIRICHAISINTHOP, J; SATTABONGKOT, J; CUI, L;
MONTGOMERY, SM; et al. Memory T cells protect against Plasmodium vivax
infection. Microbes Infect. vol.8, p.680–686, 2006.
JANGPATARAPONGSA, K; XIA, H; FANG, Q; HU, K; YUAN, Y; et al. Immunity to
Malaria in Plasmodium vivax Infection: A Study in Central China. PLoS ONE. vol. 7,
2012.
JARUDE, R. Malária em gestantes de uma maternidade pública de Rio Branco,
Acre, Brasil. [Dissertação de Mestrado]. Universidade Federal da Bahia. Salvador,
2003.
JASON, J; ARCHIBALD, LK; NWANYANWU, OC; BELL, M; BUCHANAN, I;
LARNED, J; KAZEMBE, PN; DOBBIE, H; PAREKH, B; BYRD, MG; EICK, A;
HAN, A; JARVIS, WR. Cytokines and malaria parasitemia. Clin Immunol. vol. 100, p.
208-218, 2001.
JOHNSON, A.H., LEKE, R.G., MENDELL, N.R., SHON, D., SUH, Y.J., BOMBANKOLO, D., TCHINDA, V., KOUONTCHOU, S., THUITA, L.W., VAN DER WEL,
A.M., THOMAS, A., STOWERS, A., SAUL, A., ZHOU, A., TAYLOR, D.W.,
QUAKYI, L.A. Human leukocyte antigen class II alleles influence levels of antibodies
to the Plasmodium falciparum asexual-stage apical membrane antigen 1 but not to
merozoite surface antigen 2 and merozoite surface protein 1. Infect. Immun. vol. 72, p.
2762–2771, 2004.
JOSEFOWICZ, SZ; LU, LF; RUDENSKY, AY. Regulatory T cells: mechanisms of
differentiation and function. Annu Rev Immunol. vol. 30, p. 531–564, 2012.
KAMIMURA, Y; IWAI, H; PIAO, J; HASHIGUCHI, M; AZUMA, M. The
glucocorticoid-induced TNF receptor-related protein (GITR)-GITR ligand pathway acts
as a mediator of cutaneous dentritic cell migration and promotes T cell-mediated
acquired immunity. J Immunol. vol. 182, p. 2708-2716, 2009.
KARUNAWEERA, ND; WIJESEKERA, SK; WANASEKERA, D; MENDIS, KN;
CARTER, R. The paroxysm of Plasmodium vivax malaria. Trends Parasitol. vol. 19,
p. 188–93,2003.
94
KASSA, D.; PETROS, B.; MESELE, T.; HAILU, E.; WOLDAY, D. Characterization
of peripheral blood lymphocyte subsets in patients with acute Plasmodium falciparum
and P. vivax malaria infections at Wonji Sugar Estate, Ethiopia. Clinical and Vaccine
Immunology. vol. 13, p. 376-379, 2006.
KIM, JI; SONAWANE, SB; LEE, MK; LEE, SH; DUFF, PE; MOORE, DJ;
O’CONNOR, MR; LIAN, MM; DENG, S; CHOI, Y; YEH, H; CATON, AJ;
MARKMANN, JF. Blockade of GITR-GITRL interaction maintains Treg function to
prolong allograft survival. Eur J Immunol. vol. 40, p. 1369-1374, 2010.
KIMURA, A.; KISHIMOTO, T. IL-6: regulator of Treg/Th17 balance. Eur. J.
Immunol. vol. 40, p. 1830–1835, 2010.
KLEIN, J.; SATO A. The HLA System - first of two parts. N Engl J Med. vol. 343, p.
702-709, 2000.
KOLLS, JK AND LINDEN, A. Interleukin-17 family members and inflammation
Immunity. vol. 21, p. 467–476, 2004.
KORN et al.IL-17 and Th17 cells. Annu. Rev. Immunol. vol. 27, p. 485–517, 2009.
KORNETE, M; SGOUROUDIS, E; PICCIRILLO, CA. ICOS dependent homeostasis
and funciono f FOXp3 regulatory T cells in islets of nonobese diabetic mice. J
Immunol. vol. 188, p. 1064-1074, 2012.
KRAMMER, PH. CD95’s deadly mission in the immune system. Nature. vol. 407, p.
789-795, 2000.
KUHNERT, M; SEELBACH-GOEBEL, B; BUTTERWEGGE, M. Predicting the fetal
arterial oxygen saturation and fetal scalp pH: Results of the German multicenter study.
Am J Obstet Gynecol. vol. 178, p. 330-335, 1998.
LACERDA, MV; MOURÃO, MP; ALEXANDRE, MA; SIQUEIRA, AM;
MAGALHÃES, BM; MARTINEZ-ESPINOSA, FE; FILHO, FS; BRASIL, P;
VENTURA, AM; TADA, MS; COUTO, VS; SILVA, AR; SILVA, RS; ALECRIM,
MG. Understanding the clinical spectrum of complicated Plasmodium vivax malaria: a
systematic review on the contributions of the Brazilian literature. Malar J, vol. 11,
2012.
LANGHORNE, J; NDUNGU, FM; SPONAAS, AM; MARSH K. Immunity to malaria:
40 more questions than answers. Nat Immunol. vol. 9, p. 725-732, 2008.
LEORATTI, FM; TREVELIN, SC; CUNHA, FQ; ROCHA, BC; COSTA, PA;
GRAVINA, HD; et al. Neutrophil paralysis in Plasmodium vivax malaria. PLoS Negl
Trop Dis, 2012.
LISCHKE, T et al. Comprehensive analysis of CD4+ T cells in the decision between
tolerance and immunity in vivo reveals a pivotal role for ICOS. J Immunol. vol. 189, p.
234-244, 2012.
95
LITTMAN, DR; RUDENSKY, AY. Th17 and regulatory T cells in mediating and
restraining inflammation. Cell. vol. 140, p. 845–858, 2010.
LIU, W. et al. CD127 expression inversely correlates with FoxP3 and suppressive
function of human CD4+ T reg cells. J Exp Med. vol. 203, p. 1701-1711, 2006.
LONGLEY, RJ; HILL, AV; SPENCER, AJ. Malaria vaccines: identifying Plasmodium
falciparum liver-stage targets. Front Microbiol.vol. 6, p. 965, 2015.
LUZ, TCB; SUÁREZ-MUTIS, MC; MIRANDA, ES; MORITZ, AFE; FREITAS, LF;
BRASIL, JC; OSÓRIO-DE-CASTRO, CGS. Uncomplicated malaria among pregnant
women in the Brazilian Amazon: local barriers to prompt and effective case
management. Acta Trop. vol. 125, p. 137-142, 2013.
LYKE, KE; BURGES, R; CISSOKO, Y; SANGARE, L; DAO, M; DIARRA, I; et al.
Serum levels of the proinflammatory cytokines interleukin-1 beta (IL-1beta), IL-6, IL-8,
IL-10, tumor necrosis factor alpha, and IL-12(p70) in Malian children with severe
Plasmodium falciparum malaria and matched uncomplicated malaria or healthy
controls. Infect Immun. vol. 72, p. 5630-5637, 2004.
MACCHI, B M; QUARESMA, J A S; HERCULANO, A M; CRESPO-LÓPEZ, M E;
DAMATTA, R A; DO NASCIMENTO, J L M. Pathogenic action of Plasmodium
gallinaceum in chickens: Brain histology and nitric oxide production by blood
monocyte-derived macrophages. Veterinary Parasitology. vol. 172, p. 16-22, 2010.
MACCHI, B M; MIRANDA, FLB; DE SOUZA, FS; DE CARVALHO, EC;
ALBERNAZ, AP; DO NASCIMENTO, JLM; DAMATTA, RA. Chicens treated with a
nitric oxide inhibitor became more resistant to Plasmodium gallinaceum infection due
to reduced anemia, thrombocytopenia and inflammation. Veterinary Research. vol. 44,
p. 44-48, 2013.
MALAGUARNERA, L; MUSUMECI S. The immune response to Plasmodium
falciparum malaria. Lancet Infect Dis. vol. 2, p. 472-478, 2002.
MARIN-MENE´NDEZ, A; BARDAJI, A; MARTINEZ-ESPINOSA, FE; BOTTOMENEZES, C; LACERDA, MV; ORTIZ, J; CISTERO,´ P; PIQUERAS, M; FELGER,
I; MUELLER, I; ORDI, J; DEL PORTILHO, H; MENE´NDEZ, C; WAHLGREN, M;
MAYOR, A. Rosetting in Plasmodium vivax: a cytoadhesion phenotype associated with
anaemia. PLoS Negl Trop Dis. vol.7, 2013.
MARKS, E; VEROLIN, M; STENSSON, A; LYCKE, N. Differential CD28 an
inducible costimulatory molecule signaling requirements for protective CD4+ T cell
mediated immunity against genital tract Chlamydia trachomatis infection. Infect
Immun. vol. 75, p. 4638-4647, 2007.
MAYOR, A.; BARDAJI, A.; FELGER, I.; KING, C. L.; CISTERO, P.; DOBANO, C.;
STANISIC, D. I.; SIBA, P.; WAHLGREN, M.; DEL PORTILLO, H.; MUELLER, I.;
MENENDEZ, C.; ORDI, J.; ROGERSON, S. Placental infection with Plasmodium
vivax: a histopathological and molecular study. Journal of Infectious Diseases. vol.
206, p. 1904–1910, 2012.
96
MCADAM, AJ; CHANG, TT; LUMELSKY, AE; GREENFIELD, EA; BOUSSIOTIS,
VA; DUKE-COHAN, JS; et al. Mouse inducible costimulatory molecule (ICOS)
expression is enhanced by CD28 costimulation and regulates differentiation of CD4+ T
cells. J Immunol. vol. 165, p. 5035-5040, 2000.
MCCLEAN, A R D; ATAÍDE, R.; SIMPSON, J A; BEESON, J G; FOWKES, F J I.
Malaria and immunity during pregnancy and postpartum: a tale of two species.
Parasitology. vol. 142, 999–1015, 2015.
MCHUGH, RS; WHITTERS, MJ; PICCIRILLO, CA; YOUNG, DA; SHEVACH, EM;
et al. CD4(+)CD25(+) immunoregulatory T cells: gene expression analysis reveals a
functional role for the glucocorticoid-induced TNF receptor. Immunity. vol. 16, p.
311–323, 2002.
MCGREADY, R; DAVISON, BB; STEPNIEWSKA, K; CHO, T; SHEE, H;
BROCKMAN, A, et al. The effects of Plasmodium falciparum and P. vivax infections
on placental histopathology in an area of low malaria transmission. Am J Trop Med
Hyg. vol. 70, p. 398-407, 2004.
MICHIE, CA; MCLEAN, A; ALCOCK, C; BEVERLEY, PC. Lifespan of human
lymphocyte subsets defined by CD45 isoforms. Nature. vol. 360, p. 264-265, 1992.
MOORE, JM; NAHLEN, BL; MISORE, A; LAL, AA; UDHAYAKUMAR, V.
Immunity to placental malaria. I. Elevated production of interferon-gamma by placental
blood mononuclear cells is associated with protection in an area with high transmission
of malaria. J Infect Dis. vol. 179, p.1218-1225, 1999.
MOORE, SA; SURGEY, EG; CADWGAN, AM. Malaria vaccines: where are we and
where are we going? Lancet Infect Dis. vol. 2, p. 737-743, 2002.
MOORMANN, AM; SULLIVAN, AD; ROCHFORD, RA; CHENSUE, SW; BOCK,
PJ; NYIRENDA, T; MESHNICK, SR. Malaria and pregnancy: placental cytokine
expression and its relationship to intrauterine growth retardation. J Infect Dis. vol. 180,
p.1987-1993, 1999.
MOUNT, AM; MWAPASA, V; ELLIOTT, SR; BEESON, JG; TADESSE, E; LEMA,
VM; et al. Impairment of humoral immunity to Plasmodium falciparum malaria in
pregnancy by HIV infection. Lancet. vol. 363, p.1860-1867, 2004.
NAKAE, S.; SUTO, H.; IIKURA, M.; KAKURAI, M.; SEDGWICK, J. D.; TSAI, M.;
GALLI, S. J. Mast cells enhance T cell activation: Importance of mast cell
costimulatory molecules and secreted TNF. J. Immunol. vol. 176, p. 2238–2248, 2006.
NARDIN, E.H.; CALVO-CALLE, J.M.; OLIVEIRA, G.A.; NUSSENZWEIG, R.S.;
SCHNEIDER, M.; TIERCY, J.M.; LOUTAN, L.; HOCHSTRASSER, D.; ROSE, K. A
totally synthetic polyoxime malaria vaccine containing Plasmodium falciparum B cell
and universal T cell epitopes elicits immune response in volunteers of diverse HLA
types. J. Immunol. vol. 166, p. 481–489, 2001.
97
NISHIOKA, T; NISHIDA, E; IIDA, R; MORITA, A; SHIMIZU J. In vivo expansion of
CD4+Foxp3+ regulatory T cells mediated by GITR molecules. Immunol Lett. vol. 121,
p. 97–104, 2008.
NOCENTINI, G; RONCHETTI, S; CUZZOCREA, S; RICCARDI, C. GITR/GITRL:
more than an effector T cell co-stimulatory system. Eur J Immunol. vol. 37, p. 1165–
1169, 2007.
NOSTEN, F; ROGERSON, SJ; BEESON, JG; MCGREADY, R; MUTABINGWA,
TK; BRABIN, B. Malaria in pregnancy and the endemicity spectrum: what can we
learn? Trends Parasitol. vol. 20, p.425–32, 2004.
NURLEILA, S; SYAFRUDDIN, D; ELYAZAR, IR; BAIRD JK. Serious and fatal
illness associated with falciparum and vivax malaria among patients admitted to hospital
at West Sumba in eastern Indonesia. Am J Trop Med Hyg. vol. 87, p.41-49, 2012.
OAKLEY, MS; MAJAM, V; MAHAJAN, B; GERALD, N; ANANTHARAMAN, V;
WARD, JM; FAUCETTE, LJ; MCCUTCHAN, TF; ZHENG, H; TERABE, M;
BERZOFSKY, JA; ARAVIND, L; KUMAR, S. Pathogenic roles of CD14, galectin-3,
and OX40 during experimental cerebral malaria in mice. Plos One. vol. 4, 2009.
OCANA-MORGNER, C.; MOTA, M. M.; RODRIGUEZ, A. Malaria blood stage
suppression of liver stage immunity by dendritic cells. J Exp Med. vol.197, p.143-151,
2003.
OJO-AMAIZE, E. A.; VILCEK, J.; COCHRANE, A. H.; NUSSENZWEIG, R. S.
Plasmodium berghei sporozoites are mitogenic for murine T cells, induce interferon,
and activate natural killer cells. J Immunol. vol.133, p.1005-1009, 1984.
OLIVEIRA-FERREIRA, J.; PRATT-RICCIO, L.R.; ARRUDA, M.; SANTOS, F.;
RIBEIRO, C.T.; GOLDBERG, A.C.; BANIC, D.M. HLA class II and antibody
responses to circumsporozoite protein repeats of P. vivax (VK210 VK247 and P. vivaxlike) in individuals naturally exposed to malaria. Acta Trop. vol. 92, p. 63–69, 2004.
OLIVEIRA-FERREIRA , J; LACERDA, MV; BRASIL, P; LADISLAU, JL; TAUIL,
PL; DANIEL-RIBEIRO, CT. Malaria in Brazil: an overview. Malar J. p. 9-11, 2010.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Mapa de distribuição de malária e números
de casos estimados de malária no Brasil. Disponível em <http:
//www.who.int/malaria/world_malária_report_2009/all_mal2009_profiles. pdf Acesso
em: 03 de fevereiro de 2015.
PABON, A.; CARMONA, J.; BURGOS, L. C.; BLAIR, S. Oxidative stress in patients
with non-complicated malaria. Clinical Biochemistry. vol. 36, p. 71-78, 2003.
PATERSON, R.L; GALLEY, H.F; DHILLON, J.K.; WEBSTER, N.R. Increased NFkB
activation in critically ill patients who die. Critical Care Medicine. p. 1047–1051,
2000.
98
PEAKMAN, M; MAHALINGAM, M; LESLIE, RD; VERGANI, D. Co-expression of
CD45RA (naive) and CD45R0 (memory) T-cell markers. Lancet. vol.12, p.343, 1994.
PICCINNI, MP. T cell tolerance towards the fetal allograft. J Reprod Immunol. vol.
85, p. 71-75, 2010.
PLEBANSKI, M; HILL, AV. The immunology of malaria infection. Curr Opin
Immunol. vol. 12, p 437 - 441, 2000.
PRICE, RN; DOUGLAS, NM; ANSTEY, NM. New developments in Plasmodium
vivax malaria: severe disease and the rise of chloroquine resistance. Curr Opin Infect
Dis. vol. 22, p. 430-43, 2009.
RAGHUPATHY, R. Th1-type immunity is incompatible with successful pregnancy.
Immunol Today. vol. 18, p. 478–82, 1997.
RICCIO, E. K. P.; NEVES, I.; RICCIO, L. R. P. et al. Malaria associated apoptosis is
not significantly correlated with either parasitemia or the number of previous malaria
attacks. Parasitology Research. vol. 90, p. 9-18, 2003.
ROETYNCK, S. et al. Natural killer cells and malaria. Immunological Reviews. vol.
214, p. 251–263, 2006.
ROGERSON, SJ; BROWN, HC; POLLINA, E; ABRAMS, ET; TADESSE, E; et al.
Placental tumor necrosis factor alpha but not gamma interferon is associated with
placental malaria and low birth weight in Malawian women. Infect Immun. vol. 71, p.
267–270, 2003.
ROGERSON, SJ; HVIID, L; DUFFY, PE; LEKE, RF; TAYLOR, DW. Malaria in
pregnancy: pathogenesis and immunity. Lancet Infect Dis. vol. 7, p. 105–117, 2007.
ROWE, JH; ERTELT, JM; WAY, SS. Regulatory T cells and the immune pathogenesis
of prenatal Infection. Immunology. vol. 146, 2013.
RUBIO, JM; ROCHE, J; BERZOSA, PJ; MOYANO, E; BENITO, A. The Potencial
Utility of the Semi-Nested Multiplex PCR Technique for the Diagnosis and
Investigation of Congenital Malaria. Diagnostic microbiology and infectious disease.
vol. 38, 233-236, 2000.
SALEK-ARDAKANI, S; CROFT, M. Regulation of CD4 T cell memory by OX40
(CD134). Vaccine. vol. 24, p 872–883, 2006.
SALWATI, E.; MINIGO, G; WOODBERRY, T; PIERA, KA; DE SILVA, HD; et al.
Differential cellular recognition of antigens during acute Plasmodium falciparum and
Plasmodium vivax malaria. J Infect Dis. vol.203, p.1192–1199, 2011.
SANTOS, R. C. S. Malária em gestantes atendidas no Hospital da Mulher Mãe
Luzia (HMML), em Macapá, Amapá, no período de 2009 a 2010. (Dissertação de
Mestrado). Universidade Federal do Amapá. Macapá, 2011.
99
SANTUCCI, L.; AGOSTINI, M.; BRUSCOLI, S.; MENCARELLI, A.; RONCHETTI,
S.; AYROLDI, E.; MORELLI, A. et al. GITR modulates innate and adaptive mucosal
immunity during the development of experimental colitis in mice. Gut. vol. 56, p. 52–
60, 2007.
SARAIVA, M. D. G. A. G.; AMORIM, R. D. S.; MOURA, M. A. N. S. I.;
MARTINEZ-ESPINOSA, F. E.; BARBOSA, M. D. G. A. V. Expansão urbana e
distribuição espacial da malária no município de Manaus, Estado do Amazonas. Soc.
Brasil. de Med. Tropical, vol. 42, p. 515-522, 2009.
SASAKI, Y; SAKAI, M; MIYAZAKI, S; HIGUMA, S; SHIOZAKI, A; SAITO, S.
Decidual and peripheral blood CD4+CD25+ regulatory T cells in early pregnancy
subjects and spontaneous abortion cases. Mol Hum Reprod. vol. 10, p. 347–353, 2004.
SCHMIDT, NW; BUTLER, NS; HARTY, JT: Plasmodium-host interactions directly
influence the threshold of memory CD8 T cells required for protective immunity. J
Immunol. vol. 186, p. 5873–5884, 2011.
SCHMITZ, I; WEYD, H; KRUEGER, A; BAUMANN, S; FAS, SC; KRAMMER, PH;
KIRCHHOFF, S. Resistance of short term activated T cells to CD95 mediated apoptosis
correlates with de novo protein synthesis of c- FLIP short. J Immunol. vol. 172, p.
2194-2200, 2004.
SCHOLZEN, A.; MITTAG, D.; ROGERSON, S.J.; COOKE, B.M.; PLEBANSKI, M.
Plasmodium falciparum-mediated induction of human CD25Foxp3 CD4 T cells is
independent of direct TCR stimulation and requires IL-2, IL-10 and TGF beta. PLoS
Pathog , 2009.
SEDDIKI, N; SANTNER-NANAN, B; MARTINSON, J; et al.: Expression of
interleukin (IL)-2 and IL-7 receptors discriminates between human regulatory and
activated T cells. J Exp Med, 2006.
SERGHIDES, L.; SMITH, T. G.; PATEL, S. N.; KAIN, K. C. CD36 and malaria:
friends or foes? Trends Parasitol. vol. 19, p. 461-469, 2003.
SHEVACH, EM; DIPAOLO, RA; ANDERSSON, J; ZHAO, DM; STEPHENS, GL;
THORNTON, AM. The lifestyle of naturally occurring CD4+CD25+Foxp3+ regulaty T
cells. Immunol Rev. vol. 212, p. 60-73, 2006.
SHEVACH, EM; STEPHENS, GL. The GITR-GITRL interaction: costimulation or
contra suppression of regulatory activity? Nat Rev Immunol. vol. 6, p. 613–618, 2006.
SHIMIZU, J; YAMAZAKI, S; TAKAHASHI, T; ISHIDA, Y; SAKAGUCHI, S.
Stimulation of CD25 (+)CD4(+) regulatory T cells through GITR breaks immunological
self tolerance. Nat Immunol. vol. 3, p. 135–142, 2002.
SIDDIQUI, AA; SINGH, N; SHARMA, YD. Expression and purification of a
Plasmodium vivax antigen – PvTARAg55 tryptophan – and alanine-rich antigen and its
immunological responses in human subjects. Vaccine. vol. 26, p. 96- 107, 2007.
100
SILVA, A R; TAUIL, PL; BASTOS JÚNIOR, JL; MATOS, WB; COSTA, EAP;
GONÇALVES, EGR. Aspectos da transmissão focal de malária na Ilha de São Luís,
Maranhão. Rev Soc Bras Med Trop. vol. 39, p. 250, 2006.
SILVA, Ana Luiza Teixeira. Caracterização fenotípica de linfócitos T de memória
na infecção por Plasmodium vivax. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal
de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.
SIMÕES, M. C. R. Prevalência de partos prematuros no Hospital de Base Dr. Ary
Pinheiro (Porto Velho - RO) causados por malária durante a gestação no período
de 2001 A 2003 em usuárias do SUS. (Dissertação de Mestrado). Universidade de
Brasília. Brasília, 2006.
SINGH, H.; PARAKH, A.; BASU, S.; RATH, B. Plasmodium vivax malaria: is it
actually benign? Journal of Infection and Public Health. vol. 4, p. 91-95, 2011.
SO T, CROFT M. OX40 inhibits TGF-beta and antigen-drive conversion of naïve CD4
T cells into CD25+FOXp3+ T cells. J Immunol. vol. 179, p. 1427-1430, 2007.
SOMERSET, DA; ZHENG, Y; KILBY, MD; SANSOM, DM; DRAYSON, MT.
Normal human pregnancy is associated with an elevation in the immune suppressive
CD25+ CD4+ regulatory T-cell subset. Immunology. vol. 112, p. 38–43, 2004.
SOUZA, A. I; FILHO, M B; FERREIRA L. O. C. Alterações hematológicas na
gravidez. Revista Brasileira de hematologia e hemoterapia. vol. 24, p. 29-36, 2002.
SOUZA, RM; ATAÍDE, R; DOMBROWSKI, JG; IPPÓLITO, V; AITKEN EH, et al.
Placental Histopathological Changes Associated with Plasmodium vivax Infection
during Pregnancy. PLoS Negl Trop Dis, 2013.
STEVENSON, MM.; RILEY M. Innate immunity to malaria. Natl. Rev. Immunol. vol.
4, p.169–180, 2004.
STRAUSS, L; BERGMANN, C; WHITESIDE, TL. Human circulating CD4+CD25HI
FOXp3+ regulatory T cells ill autologous CD8+ but not CD4+ responder cells by FASmediated apoptosis. J Immunol. vol. 182, p. 1469-1480, 2009.
STRUIK, SS; RILEY, EM. Does malaria suffer from lack of memory? Immunol Rev.
vol. 201, p. 268-290, 2004.
SUGUITAN, AL; LEKE, RG; FOUDA, G; ZHOU, A; THUITA, L; METENOU, S;
FOGAKO, J; MEGNEKOU, R; TAYLOR, DW. Changes in the levels of chemokines
and cytokines in the placentas of women with Plasmodium falciparum malaria. J Infect
Dis. vol. 188, p. 1074-1082, 2003.
TAYLOR-ROBINSON, AW; PHILLIPS, RS; SEVERN, A; MONCADA, S; LIEW,
FY. The role of Th1 and Th2 cells in a rodent malaria infection. Science. vol. 260, p.
1931-1934, 1993.
101
TAYLOR-ROBINSON, AW; SMITH, EC. A dichotomous role for nitric oxide in
protection against blood stage malaria infection. Immunol Lett. vol. 67, p. 1-9, 1999.
TAYLOR-ROBINSON, AW. Regulation of immunity to Plasmodium: implications
from mouse models for blood stage malaria vaccine design. Exp Parasitol. vol. 126, p.
406-414, 2010.
TROWBRIDGE, IS; THOMAS, ML. CD45: an emerging role as a protein tyrosine
phosphatase required for lymphocyte activation and development. Annu Rev Immunol
Review. vol. 12, p. 85-116, 1994.
TSUJI MA. Retrospective evaluation of the role of T cells in the development of
malaria vaccine. Exp Parasitol. vol.126, p. 421–425, 2010.
TURNER, D. The human leukocyte antigen (HLA) system. Vox Sanguinis. p. 87-90,
2004.
URBAN, BC; FERGUSON, DJ; PAIN, A; WILLCOX, N; PLEBANSKI, M;
AUSTYN, JM; ROBERTS, DJ. Plasmodium falciparum-infected erythrocytes modulate
the maturation of dendritic cells. Nature. vol. 400, p. 73-77, 1999.
URBAN, B et al. Peripheral blood dendritic cells in children with acute Plasmodium
falciparum malaria. Blood. vol. 98, p. 2859–2861, 2001.
VALZASINA,B; GUIDUCCO, C; DISLICH, H; KILLEEN, N; WEINBERG, AD;
COLOMBO, MP. Triggering of OX40 (CD134) on CD4+CD25+ T cells blocks their
inhibitory activity: a novel regulatory role for OX40 and its comparison with GITR.
Blood. vol.105, p. 2845-2851, 2005.
VASCONCELOS, SML et al. Espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio,
antioxidantes e marcadores de dano oxidativo em sangue humano: principais métodos
analíticos para sua determinação. Quim. Nova. vol. 30, p. 1323-1338, 2007.
VERONESI, R.; FOCACCIA, R. Tratado de infectologia. 3 ed. Atheneu. São Paulo,
2006.
WALTER, PR; GARIN, Y; BLOT, P. Placental pathologic changes in malaria. A
histologic and ultrastructural study. Am J Pathol. vol. 109, p. 330–342, 1982.
WEGMANN, TG; LIN, H; GUILBERT, L; MOSMANN, TR. Bidirectional cytokine
interactions in the maternal-fetal relationship: is successful pregnancy a TH2
phenomenon? Immunol Today. vol. 14, p. 353-356, 1993.
WEINBERG, AD; EVANS, DE; THALHOFER, C; SHI, T; PRELL, RA. The
generation of T cell memory: a review describing the molecular and cellular events
following OX40 (CD134) engagement. J Leukoc Biol. vol. 75, p. 962–972, 2004.
WICKRAMASINGHE, SN; ABDALLA, SH. Blood and bone marrow changes in
malaria. Baillieres Best Pract Res Clin Haematol. vol 13, p. 277-299, 2000.
102
WING, K; SAKAGUCHI, S. Regulatory T cells exert checks and balances on self
tolerance and autoimmunity. Nat Immunol. vol. 11, p. 7–13, 2010.
WINGER, EE; REED, JL. Low circulating CD4(+) CD25(+) Foxp3(+) T regulatory cell
levels predict miscarriage risk in newly pregnant women with a history of failure. Am J
Reprod Immunol. vol. 66, p. 320–328, 2011.
WINKLER, S; WILLHEIM, M; BAIER, K; SCHMID, D; AICHELBURG, A;
GRANINGER, W; KREMSNER, PG. Reciprocal regulation of Th1- and Th2- cytokineproducing T cells during clearance of parasitemia in Plasmodium falciparum malaria.
Infect Immun. vol. 66, p. 6040-6044, 1998.
WIPASA, J; ELLIOTT, S; XU, H; GOOD, MF. Immunity to asexual blood stage
malaria and vaccine approaches. Immunol Cell Biol. vol. 80, p. 401-414, 2002.
WIPASA, J; SUPHAVILAI, C; OKELL, LC; COOK, J; CORRAN, PH; THAIKLA, K;
et al. Long-lived antibody and B Cell memory responses to the human malaria parasites,
Plasmodium falciparum and Plasmodium vivax. PLoS Pathog, 2010.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Monitoring Antimalarial Drug
Resistance. WHO/CDS/CSR/EPH/. Geneva. 2010.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Monitoring Antimalarial Drug
Resistance. WHO/CDS/CSR/EPH/. Geneva. 2013.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Monitoring Antimalarial Drug
Resistance. WHO/CDS/CSR/EPH/. Geneva. 2014.
XIAO, X; GONG, W; DEMIRCI, G; LIU, W; SPOERL, S; CHU, X; BISHOP, DK;
TURKA, LA; LI, XC; New insights on OX40 in the control of T cell immunity and
immune tolerance in vivo. J Immunol. vol. 188, p. 892-901, 2012.
XU, H; WIPASA, J; YAN, H; ZENG, M; MAKOBONGO, MO; FINKELMAN, FD; et
al. The mechanism and significance of deletion of parasite-specific CD4(+) T cells in
malaria infection. J Exp Med. vol. 195, p. 881-892, 2002.
YAGI, H., et al. Crucial role of FOXp3 in the development and function of human
CD25+CD4+ regulatory T cells. Int. Immunol, vol. 6, p. 1643-1656, 2004.
YAMAGUCHI, S.; KUBOTA, T.; YAMAGISHI, T. et al. Severe thrombocytopenia
suggesting immunological mechanisms in two cases of vivax malaria. American
Journal of Hematology. vol. 56, p. 183-186, 1997.
ZHANG, Q.; XUE, X.; XU, X.; WANG, C.; CHANG, W.; PAN, W. Influence of HLADRB1 alleles on antibody responses to PfCP-2.9-immunized and naturally infected
individuals. J. Clin. Immunol. vol. 29, p. 454–460, 2009.
103
APÊNDICE – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Comitê de Ética em pesquisa do UNICEUMA
Fone 3214-4189 ou [email protected]
Título do Estudo: CARACTERIZAÇÃO IMUNOLÓGICA E EPIDEMIOLÓGICA
DE GESTANTES INFECTADAS PELO Plasmodium vivax NO MUNICÍPIO DE
CRUZEIRO DO SUL (AC).
Este estudo se destina a avaliar aspectos imunológicos e clínico-epidemiológicos
na infecção pelo Plasmodium vivax (malária). Este estudo é importante porque pretende
determinar a função de marcadores de ativação e células T regulatórias e sua correlação
com a evolução clínico-epidemiológica durante a infecção pelo P. vivax.
Será feita a caracterização clínico-epidemiológica das pacientes encaminhados
às Maternidades. Será realizada coleta de sangue dos participantes nos laboratórios
descritos acima para separação do plasma sanguíneo e isolamento de leucócitos para
análise de fatores e marcadores produzidos pelo sistema imunológico.
Existe um pequeno incômodo no momento da coleta do exame, pela picada da
agulha. O risco de infecção é desprezível, pois a coleta de sangue será realizada por
profissionais habilitados e com materiais descartáveis do próprio hospital. Você contará
com a assistência do pesquisador se necessário, em todas as etapas de sua participação
no estudo.
Os benefícios que você deverá esperar com a sua participação, mesmo que
indiretamente serão: auxiliar na classificação e melhor caracterização das formas
clínico-epidemiológicas, possibilitando um tratamento mais adequado e avaliação de
prognóstico.
104
Sempre que você desejar serão fornecidos esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo. A qualquer momento, você poderá recusar a continuar participando do
estudo e, também, poderá retirar seu consentimento, sem que para isto sofra qualquer
penalidade ou prejuízo, ou seja sem qualquer prejuízo da continuidade do seu
acompanhamento médico.
Será garantido o sigilo quanto a sua identificação e das informações obtidas pela
sua participação, exceto aos responsáveis pelo estudo, e a divulgação das mencionadas
informações só será feita entre os profissionais estudiosos do assunto. Você não será
identificado/a em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.
Você será indenizado/a por qualquer despesa que venha a ter com sua
participação nesse estudo e, também, por todos os danos que venha a sofrer pela mesma
razão, sendo que, para essas despesas estão garantidos os recursos.
___________________________________________________
Pesquisador responsável
Prof. Dr. Marcos Augusto Gregolin Grisotto
Aluna: Thayanne França Muniz
Pró-Reitoria de Pós-Graduação , Pesquisa e Extensão
UNICEUMA
Local e data, ______/_____/______
____________________________________________________
Nome e Assinatura do paciente ou responsável
105
ANEXO A – QUESTIONÁRIO CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO
106
ANEXO B – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
107
Download