Antropologia da Saúde

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Antropologia da Saúde
A Saúde, enquanto fenómeno humano global, é também objecto da Antropologia,
considerando esta sob dois pontos de vista fundamentais:
como reflexão filosófica sobre a peculiaridade da natureza humana, que
considera o Homem como o ser que, na unidade da sua corporeidade
animada, existe no mundo historicamente, concretamente, olhando assim o
Homem doente e os problemas existenciais conexos com as vicissitudes da
saúde;
como projecto de aplicar o conhecimento do Homem enquanto ser cultural – ou
que cria a cultura para responder aos desafios do ambiente e é por ela
modelado – à saúde e à doença na vida humana, assim como às instituições
sanitárias criadas por cada cultura específica.
Métodos de ensino e de aprendizagem
Aulas teóricas, privilegiando a interactividade entre docente e discentes e a análise de
alguns casos de estudo.
Avaliação
Elaboração de um ensaio, com um número mínimo de quatro e máximo de seis
páginas, sobre tema à escolha no âmbito da Antropologia da Saúde, após diálogo com
o responsável do Curso, a entregar até um mês após o fim do Curso.
Duração
Maio de 5 a 8, entre as 14h e as 18h:30.
Objectivos
Fundamentar a necessidade da reflexão antropológica no contexto das
ciências da saúde, nomeadamente da Medicina.
Valorizar a centralidade sistémica da Pessoa, enquanto sujeito cultural
e social, no discurso e nos processos relativos à prevenção e promoção
da saúde e à prestação de cuidados
Transmitir o contributo que a Antropologia Médica, nas suas duas
correntes, filosófica e cultural, oferece à Saúde Pública.
Competências
Reconhecer o carácter antropológico da Medicina, como ciência e como
praxis.
Adquirir, ou aprofundar, a consciência do significado e das implicações
de o ser humano – que é sujeito – constituir o seu objecto.
Compreender a importância e a complementaridade entre as duas
correntes que convergem na Antropologia Médica/da Saúde: a
Antropologia Filosófica e a Antropologia Cultural (Medical
Anthropology).
Compreender o ser humano, realidade plural, íntegra e una, destacando
a importância das dimensões cultural e social no âmbito da Saúde
Pública.
Aprender a reconhecer a diversidade de olhares sobre o Homem na sua
relação com a saúde e a doença, em contexto de multi-culturalidade,
como horizonte de compreensão e instrumento de intervenção em
Saúde Pública.
Conteúdos
I
II
III
IV
Adquirir a capacidade de adoptar uma prática profissional que
transcenda o olhar hegemónico da bio-tecno-medicina, em ordem a
uma maior eficiência e humanização dos programas e serviços de
saúde.
Introdução à Antropologia – Conceitos e Métodos. Interdisciplinaridade.
Antropologia e Antropologias – a especificidade da Antropologia da
Saúde. Antropologia Física, Antropologia Cultural e Antropologia
Médica.
Análise crítica dos reducionismos antropológicos.
Grandes paradigmas antropológicos da Cultura Ocidental.
Alguns contributos fundamentais da Antropologia Filosófica
contemporânea.
Pluridimensionalidade estrutural constitutiva da Pessoa Humana:
relação, corporeidade, interioridade, comunicação, ética, historicidade,
indigência, vulnerabilidade, mistério.
Antropologia Médica: elementos conceptuais e metodológicos para uma
abordagem da saúde e da doença, no âmbito da Saúde Pública
Importância dos factores culturais e sociais na consideração do binómio
saúde-doença.
Aspectos culturais determinantes da inter-acção médico-doente no
processo terapêutico.
Incidência dos factores culturais na Epidemiologia.
Definições culturais de anatomia e de fisiologia
A Pessoa Humana sujeito de cultura e à cultura (cultura e culturas) –
vivências e representações de saúde e doença, do sofrimento e morte.
O Homem entre a evidência e o mistério.
O processo de medicalização da vida e da condição humana.
A Medicina entre o paradigma humanista e o Tecnocosmos; Modelos
de Humanismo emergentes na Medicina.
Bibliografia de referência
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