BCN aumenta quota para 10% do mercado

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BCN aumenta quota para 10% do mercado - Primeiro diário caboverdia...
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A SEMANA : Primeiro di?rio caboverdiano em linha
BCN aumenta quota para 10% do mercado
O Banco Cabo-Verdiano de Negócios (BCN) já responde por 10% do mercado
financeiro nacional. O presidente da Comissão Executiva, Fernando Rodrigues,
fala-nos nesta entrevista de uma instituição que está presente em todas as ilhas,
viabiliza projectos empresariais em sectores estratégicos como o turismo, capta
Investimento Directo Estrangeiro e está na primeira linha da inovação no sector da
banca. Tranquiliza em relação às incertezas resultantes da reestruturação do
accionista Banif e diz que o banco tem autonomia financeira, técnica e humana.
A Semana - Dez anos depois de surgir no mercado financeiro apresentando-se como um banco
efectivamente cabo-verdiano, uma pergunta se impõe: Como é que o Banco Cabo-verdiano de
Negócios (BCN) contribui para o desenvolvimento do país, sabendo que nesse período a
economia pouco cresceu?
Fernando Rodrigues - O BCN nestes dez anos cresceu de forma muito significativa, tendo passado de
uma quota de mercado de cerca de 1% em crédito e 3% em recursos para cerca de 10% em ambas as
vertentes do negócio bancário. Adicionalmente, o BCN neste período expandiu a sua rede de Agências,
passando a estar presente em todas as ilhas e aumentou o número de colaboradores em cerca de 80
pessoas, criando assim igual nº de postos de trabalho directos no sector bancário. Além disso, o BCN
alargou significativamente a sua base de clientes, contribuindo para a viabilização de muitos projectos
empresariais, designadamente em sectores estratégicos como o turismo, e com isso contribuiu também
para a criação de um número difícil de quantificar de postos de trabalho indirectos e para o aumento das
receitas fiscais.
- O Presidente do Conselho de Administração do BCN, Luís Amado, afirmou na cerimónia
comemorativa dos 10 anos do banco que a economia cabo-verdiana continua sendo,
“naturalmente, muito dependente do exterior, mas com uma expectativa muito grande de
desenvolvimento”. O BCN, inclusive pela sua composição societária – parceria com o BANIF – não
estará vocacionado para fazer essa ponte com o exterior? Como?
Sem dúvida que esta “ponte” tem sido um dos principais pontos fortes do Banco Cabo-Verdiano de
Negócios, na medida em que o banco, nestes últimos dez anos, tem estado muito activo no apoio à
captação de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) para Cabo Verde, inclusive actuando como Agente de
sindicatos bancários internacionais que permitiram a mobilização de fundos para a viabilização de
grandes projectos e que não poderiam ser assumidos apenas pelas instituições financeiras locais a
operar em Cabo Verde.
Futuro do BCN
- A propósito, reina alguma incerteza em relação ao futuro do BCN, nomeadamente com o seu
parceiro estratégico, o Banif. Há tempos este banco português anunciou a sua intenção de vender
as acções que detém no banco cabo-verdiano. Como estão as negociações? Já encontraram
comprador? Até que ponto a perda do parceiro estratégico pode fazer perigar a existência do
BCN?
Como é sabido, o Grupo Banif encontra-se num processo de reestruturação, em que assumiu perante
as autoridades europeias o compromisso de redução da sua exposição a mercados fora de Portugal.
Nesse sentido, todos os Accionistas do BCN acordaram em iniciar um processo conjunto para conduzir à
entrada de novos accionistas no BCN.
Apesar de termos tido diversos interessados e desenvolvido diversas negociações, até à data a
transacção não se materializou, mas continuamos abertos à entrada de novos accionistas. O que é
importante salientar é o facto do BCN ser hoje uma instituição financeira muito autónoma face ao Banif,
tanto em termos financeiros como em termos técnicos e humanos.
20-02-2015 11:56
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Nestes anos, o BCN tem vindo a evoluir de forma muito positiva em termos de solvabilidade e liquidez, o
que faz com que a decisão de uma eventual alteração da composição accionista não tenha um grande
efeito a nível da actividade operacional do Banco.
Fazer crescer a economia
- O BCN sempre foi visto no mercado como um banco pequeno, mas muito dinâmico. Como
perspectiva os próximos dez anos, tendo em conta os desafios que o país lança aos bancos
comerciais neste momento de fazer crescer a economia?
O mercado financeiro mudou muito em Cabo Verde, com um aumento significativo do nível de
concorrência, passando o sector a ter oito bancos comerciais em actividade. Por outro lado, os clientes
têm hoje um nível superior de conhecimento e exigência sobre os serviços financeiros, a par da evolução
positiva que se verificou a nível da supervisão bancária. Isto faz com que o BCN tenha o desafio de, nos
próximos dez anos, continuar a inovar, como o fez no passado. Essa inovação foi visível, por exemplo, a
nível do sistema de pagamentos. O BCN foi o banco pioneiro em Cabo Verde na emissão de cartões
VISA (pré-pagos e de débito internacional Electron). Também inovou a nível da oferta de crédito, onde foi
o primeiro banco no país a oferecer um produto específico destinado a financiar estudos superiores e
universitários (BCN Bolsa de Estudos). Para os próximos anos, a retoma do crescimento da carteira de
crédito, com níveis aceitáveis de risco e garantias adequadas, vai ser fundamental para o crescimento da
economia e para a rentabilidade dos bancos comerciais.
- O Governador do Banco de Cabo Verde, João Serra, lançou um repto aos bancos comerciais, no
sentido de facilitarem o acesso ao crédito. Qual é a posição do BCN neste sentido? E quanto a
uma eventual baixa da taxa de juros? Esta medida é realista no contexto actual?
Os bancos são os principais parceiros do desenvolvimento em qualquer país. Sem um sector bancário
forte e sólido capaz de seleccionar risco e de apoiar as famílias e as empresas através do crédito, o país
não cresce. Por isso, o BCN vê o crescimento da actividade creditícia como essencial para a economia
de Cabo Verde e para a melhoria dos níveis de rentabilidade do sector bancário, que nos últimos anos
têm estado muito pressionados.
Contudo, não nos podemos esquecer que estamos ainda a sofrer os efeitos da deterioração da qualidade
das carteiras de crédito nos bancos e os rácios de incumprimento estão ainda numa tendência de subida.
Perante isso, apesar dos bancos em Cabo Verde, em geral, terem níveis de liquidez e solvabilidade que
lhes permitem concretizar a retoma do crescimento do crédito, o verdadeiro obstáculo ao acesso ao
crédito tem a ver com o perfil de risco e com a existência de garantias adequadas por parte dos clientes e
não tanto com o factor preço.
Assim, as empresas têm que evoluir para serem mais fortes em termos de capitais próprios, com uma
maior abertura da estrutura de capital a novos accionistas se necessário, bem como o Estado tem que as
apoiar através de esquemas de partilha de risco e de facilitação no acesso a garantias.
Por outro lado, a margem financeira do sector bancário está em redução, penalizada pelo aumento do
crédito vencido e pelas elevadas taxas de juro pagas pelos bancos na captação de recursos a nível
doméstico, o que dificulta descidas significativas nas taxas de juro do crédito, pelo menos para já.
Bancos conservadores
- Analistas dizem que os bancos comerciais cabo-verdianos são muito conservadores,
dificilmente saem da sua zona de conforto. Ou seja, limitam-se a gerir a sua carteira de clientes.
Ninguém arrisca outros filões, sabendo que o risco faz parte da equação da banca. Quer
comentar?
É verdade que a banca em Cabo Verde é bastante tradicional e pouco diversificada. Mas, num contexto
de crise económica, este perfil revelou-se fundamental para manter um sector sólido, em que os
accionistas e depositantes mantiveram confiança. É importante salientar que não houve em Cabo Verde
uma crise bancária, como sucedeu noutros países. Pelo contrário, tivemos um aumento da solvabilidade
e dos fundos próprios no sector.
- Estes 10 anos do BCN são celebrados sob o signo da mudança na instituição. O banco mudou o
Conselho de Administração, a Comissão Executiva e outros órgãos. O que isso significa em
termos de vida nova?
20-02-2015 11:56
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A mudança verificada nos órgãos sociais do Banco Cabo-Verdiano de Negócios tem muito a ver com a
introdução de um novo quadro de governo corporativo, induzido em parte pela nova legislação bancária
introduzida pelo BCV em 2014.
Assim, o BCN foi o primeiro (e aparentemente até agora o único) banco a cumprir com o Aviso nº4/2014,
adequando a composição dos seus órgãos de Administração e Fiscalização, através da realização da sua
Assembleia-Geral de Accionistas em 15 de Dezembro de 2014.
Em síntese, temos um reforço do papel dos elementos independentes na governação do Banco, o que
está alinhado com as melhores práticas internacionais, bem como procedemos à promoção de quadros
formados no Banco, o que demonstra a maturidade da sua organização interna.
- Se tivermos que descrever o BCN no contexto da banca comercial cabo-verdiana, o que diríamos
em termos de resultados, carteira de negócios e resposta aos desafios de Cabo Verde? Esses
resultados satisfazem, para já, a ambição do banco?
Quando olhamos para os nossos primeiros 10 anos, estamos bastante satisfeitos com os resultados
alcançados – o Banco cresceu de forma significativa e tem hoje uma organização interna e uma estrutura
financeira muito sólida, o que nos faz acreditar fortemente no futuro da instituição. Contudo, os próximos
anos vão exigir muito de todos os operadores económicos em Cabo Verde e o BCN tem que continuar a
apostar na melhoria da qualidade de serviço, na formação dos seus quadros e no apoio à
internacionalização da economia nacional. Se conseguirmos fazer isso, daqui a 10 anos teremos um
BCN ainda melhor.
Constânça de Pina
20-02-2015 11:56
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