BCN aumenta quota para 10% do mercado - Primeiro diário caboverdia... 2 de 4 http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article107462&ak=1 A SEMANA : Primeiro di?rio caboverdiano em linha BCN aumenta quota para 10% do mercado O Banco Cabo-Verdiano de Negócios (BCN) já responde por 10% do mercado financeiro nacional. O presidente da Comissão Executiva, Fernando Rodrigues, fala-nos nesta entrevista de uma instituição que está presente em todas as ilhas, viabiliza projectos empresariais em sectores estratégicos como o turismo, capta Investimento Directo Estrangeiro e está na primeira linha da inovação no sector da banca. Tranquiliza em relação às incertezas resultantes da reestruturação do accionista Banif e diz que o banco tem autonomia financeira, técnica e humana. A Semana - Dez anos depois de surgir no mercado financeiro apresentando-se como um banco efectivamente cabo-verdiano, uma pergunta se impõe: Como é que o Banco Cabo-verdiano de Negócios (BCN) contribui para o desenvolvimento do país, sabendo que nesse período a economia pouco cresceu? Fernando Rodrigues - O BCN nestes dez anos cresceu de forma muito significativa, tendo passado de uma quota de mercado de cerca de 1% em crédito e 3% em recursos para cerca de 10% em ambas as vertentes do negócio bancário. Adicionalmente, o BCN neste período expandiu a sua rede de Agências, passando a estar presente em todas as ilhas e aumentou o número de colaboradores em cerca de 80 pessoas, criando assim igual nº de postos de trabalho directos no sector bancário. Além disso, o BCN alargou significativamente a sua base de clientes, contribuindo para a viabilização de muitos projectos empresariais, designadamente em sectores estratégicos como o turismo, e com isso contribuiu também para a criação de um número difícil de quantificar de postos de trabalho indirectos e para o aumento das receitas fiscais. - O Presidente do Conselho de Administração do BCN, Luís Amado, afirmou na cerimónia comemorativa dos 10 anos do banco que a economia cabo-verdiana continua sendo, “naturalmente, muito dependente do exterior, mas com uma expectativa muito grande de desenvolvimento”. O BCN, inclusive pela sua composição societária – parceria com o BANIF – não estará vocacionado para fazer essa ponte com o exterior? Como? Sem dúvida que esta “ponte” tem sido um dos principais pontos fortes do Banco Cabo-Verdiano de Negócios, na medida em que o banco, nestes últimos dez anos, tem estado muito activo no apoio à captação de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) para Cabo Verde, inclusive actuando como Agente de sindicatos bancários internacionais que permitiram a mobilização de fundos para a viabilização de grandes projectos e que não poderiam ser assumidos apenas pelas instituições financeiras locais a operar em Cabo Verde. Futuro do BCN - A propósito, reina alguma incerteza em relação ao futuro do BCN, nomeadamente com o seu parceiro estratégico, o Banif. Há tempos este banco português anunciou a sua intenção de vender as acções que detém no banco cabo-verdiano. Como estão as negociações? Já encontraram comprador? Até que ponto a perda do parceiro estratégico pode fazer perigar a existência do BCN? Como é sabido, o Grupo Banif encontra-se num processo de reestruturação, em que assumiu perante as autoridades europeias o compromisso de redução da sua exposição a mercados fora de Portugal. Nesse sentido, todos os Accionistas do BCN acordaram em iniciar um processo conjunto para conduzir à entrada de novos accionistas no BCN. Apesar de termos tido diversos interessados e desenvolvido diversas negociações, até à data a transacção não se materializou, mas continuamos abertos à entrada de novos accionistas. O que é importante salientar é o facto do BCN ser hoje uma instituição financeira muito autónoma face ao Banif, tanto em termos financeiros como em termos técnicos e humanos. 20-02-2015 11:56 BCN aumenta quota para 10% do mercado - Primeiro diário caboverdia... 3 de 4 http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article107462&ak=1 Nestes anos, o BCN tem vindo a evoluir de forma muito positiva em termos de solvabilidade e liquidez, o que faz com que a decisão de uma eventual alteração da composição accionista não tenha um grande efeito a nível da actividade operacional do Banco. Fazer crescer a economia - O BCN sempre foi visto no mercado como um banco pequeno, mas muito dinâmico. Como perspectiva os próximos dez anos, tendo em conta os desafios que o país lança aos bancos comerciais neste momento de fazer crescer a economia? O mercado financeiro mudou muito em Cabo Verde, com um aumento significativo do nível de concorrência, passando o sector a ter oito bancos comerciais em actividade. Por outro lado, os clientes têm hoje um nível superior de conhecimento e exigência sobre os serviços financeiros, a par da evolução positiva que se verificou a nível da supervisão bancária. Isto faz com que o BCN tenha o desafio de, nos próximos dez anos, continuar a inovar, como o fez no passado. Essa inovação foi visível, por exemplo, a nível do sistema de pagamentos. O BCN foi o banco pioneiro em Cabo Verde na emissão de cartões VISA (pré-pagos e de débito internacional Electron). Também inovou a nível da oferta de crédito, onde foi o primeiro banco no país a oferecer um produto específico destinado a financiar estudos superiores e universitários (BCN Bolsa de Estudos). Para os próximos anos, a retoma do crescimento da carteira de crédito, com níveis aceitáveis de risco e garantias adequadas, vai ser fundamental para o crescimento da economia e para a rentabilidade dos bancos comerciais. - O Governador do Banco de Cabo Verde, João Serra, lançou um repto aos bancos comerciais, no sentido de facilitarem o acesso ao crédito. Qual é a posição do BCN neste sentido? E quanto a uma eventual baixa da taxa de juros? Esta medida é realista no contexto actual? Os bancos são os principais parceiros do desenvolvimento em qualquer país. Sem um sector bancário forte e sólido capaz de seleccionar risco e de apoiar as famílias e as empresas através do crédito, o país não cresce. Por isso, o BCN vê o crescimento da actividade creditícia como essencial para a economia de Cabo Verde e para a melhoria dos níveis de rentabilidade do sector bancário, que nos últimos anos têm estado muito pressionados. Contudo, não nos podemos esquecer que estamos ainda a sofrer os efeitos da deterioração da qualidade das carteiras de crédito nos bancos e os rácios de incumprimento estão ainda numa tendência de subida. Perante isso, apesar dos bancos em Cabo Verde, em geral, terem níveis de liquidez e solvabilidade que lhes permitem concretizar a retoma do crescimento do crédito, o verdadeiro obstáculo ao acesso ao crédito tem a ver com o perfil de risco e com a existência de garantias adequadas por parte dos clientes e não tanto com o factor preço. Assim, as empresas têm que evoluir para serem mais fortes em termos de capitais próprios, com uma maior abertura da estrutura de capital a novos accionistas se necessário, bem como o Estado tem que as apoiar através de esquemas de partilha de risco e de facilitação no acesso a garantias. Por outro lado, a margem financeira do sector bancário está em redução, penalizada pelo aumento do crédito vencido e pelas elevadas taxas de juro pagas pelos bancos na captação de recursos a nível doméstico, o que dificulta descidas significativas nas taxas de juro do crédito, pelo menos para já. Bancos conservadores - Analistas dizem que os bancos comerciais cabo-verdianos são muito conservadores, dificilmente saem da sua zona de conforto. Ou seja, limitam-se a gerir a sua carteira de clientes. Ninguém arrisca outros filões, sabendo que o risco faz parte da equação da banca. Quer comentar? É verdade que a banca em Cabo Verde é bastante tradicional e pouco diversificada. Mas, num contexto de crise económica, este perfil revelou-se fundamental para manter um sector sólido, em que os accionistas e depositantes mantiveram confiança. É importante salientar que não houve em Cabo Verde uma crise bancária, como sucedeu noutros países. Pelo contrário, tivemos um aumento da solvabilidade e dos fundos próprios no sector. - Estes 10 anos do BCN são celebrados sob o signo da mudança na instituição. O banco mudou o Conselho de Administração, a Comissão Executiva e outros órgãos. O que isso significa em termos de vida nova? 20-02-2015 11:56 BCN aumenta quota para 10% do mercado - Primeiro diário caboverdia... 4 de 4 http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article107462&ak=1 A mudança verificada nos órgãos sociais do Banco Cabo-Verdiano de Negócios tem muito a ver com a introdução de um novo quadro de governo corporativo, induzido em parte pela nova legislação bancária introduzida pelo BCV em 2014. Assim, o BCN foi o primeiro (e aparentemente até agora o único) banco a cumprir com o Aviso nº4/2014, adequando a composição dos seus órgãos de Administração e Fiscalização, através da realização da sua Assembleia-Geral de Accionistas em 15 de Dezembro de 2014. Em síntese, temos um reforço do papel dos elementos independentes na governação do Banco, o que está alinhado com as melhores práticas internacionais, bem como procedemos à promoção de quadros formados no Banco, o que demonstra a maturidade da sua organização interna. - Se tivermos que descrever o BCN no contexto da banca comercial cabo-verdiana, o que diríamos em termos de resultados, carteira de negócios e resposta aos desafios de Cabo Verde? Esses resultados satisfazem, para já, a ambição do banco? Quando olhamos para os nossos primeiros 10 anos, estamos bastante satisfeitos com os resultados alcançados – o Banco cresceu de forma significativa e tem hoje uma organização interna e uma estrutura financeira muito sólida, o que nos faz acreditar fortemente no futuro da instituição. Contudo, os próximos anos vão exigir muito de todos os operadores económicos em Cabo Verde e o BCN tem que continuar a apostar na melhoria da qualidade de serviço, na formação dos seus quadros e no apoio à internacionalização da economia nacional. Se conseguirmos fazer isso, daqui a 10 anos teremos um BCN ainda melhor. Constânça de Pina 20-02-2015 11:56