SCE/004 21 a 26 de Outubro de 2001 Campinas - São Paulo - Brasil STE II SESSÃO TÉCNICA ESPECIAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM EDIFICAÇÕES – UTILIZANDO CONTROLADORES LÓGICOS PROGRAMÁVEIS R. C. G. Teive UNIVALI S. H. Vilvert RESUMO No novo panorama mundial do setor de energia elétrica, cada vez mais se investe em políticas de conservação de energia elétrica. Estes investimentos vêm não somente do governo, mais também das próprias empresas concessionárias de energia elétrica, preocupadas com o atendimento dos seus consumidores e com suas capacidades de geração. Dentro das várias modalidades de conservação de energia, o gerenciamento pelo lado da demanda tem sido uma alternativa bastante utilizada. Este trabalho propõe a utilização de um Controlador Lógico Programável para realizar o gerenciamento do consumo de energia em uma edificação, atuando diretamente sobre a carga. A metodologia tem sido aplicada para as instalações de um campus universitário, contudo a sua utilização poderá ser extrapolada para qualquer edificação. PALAVRAS-CHAVE : Conservação de Energia Elétrica, GLD, CLP 1.0 INTRODUÇÃO O novo modelo do setor elétrico brasileiro em vigência tem como consequência direta a introdução de competição nos segmentos de geração e comercialização de energia elétrica. Com relação à atividade de geração de energia elétrica, as empresas deste setor tenderão a praticar tarifas mais baixas como forma de atrair novos consumidores (clientes), aumentando o seu ‘market share’ e como meta final, vender mais energia. Universidade do Vale do Itajai – UNIVALI – São José UMA ABORDAGEM C. C. B. Camargo UFSC Entretanto, é importante salientar que as capacidades de geração destas usinas são limitadas, bem como os combustíveis das usinas termelétricas (carvão, óleo e gás natural) são não-renováveis, como conseqüência são finitos e ainda poluem o meio-ambiente. Da mesma forma, a água dos reservatórios das usinas hidrelétricas, dependendo de condições climáticas, também é finita. Assim, o uso da conservação de energia elétrica, mesmo que teoricamente sendo contrária ao princípio básico de busca de lucro sob quaisquer condições, será uma prática não somente adotada pelos consumidores, mas também estimulada pelas próprias empresas do setor, visando a manutenção e atendimento dos seus mercados. Além disto, neste novo modelo, o papel do governo ainda é importante, na medida que ele será responsável pela regulamentação, fiscalização e formulação de políticas para o setor elétrico. Desta forma, o PROCEL deve continuar incentivando políticas de conservação de energia, financiando também campanhas de conscientização dos consumidores da necessidade do uso racional de energia e de se evitar desperdícios. A cultura do desperdício ainda é muito forte no Brasil, especificamente quando se trata de energia elétrica. Atualmente, o desperdício de energia elétrica vem preocupando não somente o governo, mas também empresas do setor de energia elétrica. Isto pode ser comprovado pelo o que foi publicado em (1] e (2]. Conforme é colocado em (1], o investimento de dezessete distribuidoras de energia elétrica em conservação de energia superaram as expectativas, alcançando o montante de R$ 196 milhões no primeiro ano, o que acarretou o deslocamento de 250 MW da carga na ponta para um horário fora da ponta, onde o preço da geração é mais baixo. Outro exemplo do sucesso da aplicação da política de conservação de energia, é colocado em (3], que é o caso da empresa norte-americana Carolina Power and Light. Com a economia de energia advinda da política de conservação de energia adotada, a empresa evitou implantar duas usinas nucleares, num total de 1750 MW. Um ponto importante a ser mudado se refere a idéia de que existe uma relação direta entre o aumento do consumo de energia e o crescimento do PIB, conforme observado em (3]. Ou seja, deve-se procurar freiar o consumo de energia mesmo com o PIB em crescimento. Em países desenvolvidos, como os EUA e Japão, o crescimento de energia elétrica se dá a níveis inferiores aos do PIB, face as medidas de conservação de energia, incluindo aí eliminação de desperdícios e busca de equipamentos energeticamente mais eficientes. Do lado do consumidor, o que se tem falado muito ultimamente com relação a políticas de conservação de energia elétrica, se refere ao que se chama da prática do Gerenciamento do Lado da Demanda (GLD), ou seja, o consumidor gerenciando a sua própria carga ou consumo, para evitar desperdícios ou mesmo conseguir incentivos da concessionária a nível de redução de tarifas. Esta idéia é atrativa na medida que com a implantação de programas de incentivo aos pequenos consumidores à utilização do GLD, as concessionárias de energia podem controlar diretamente a carga de seus consumidores. Os consumidores ganham com uma redução da tarifa, enquanto que a empresa ganha com a modulação da carga e deslocamento da ponta, podendo evitar assim possíveis cortes de carga e consumidores descontentes. Este trabalho propõe a utilização de um Controlador Lógico Programável (CLP) para realizar o gerenciamento do consumo de energia em uma edificação, atuando diretamente sobre a carga. A metodologia tem sido aplicada para as instalações de um campus universitário, contudo a sua utilização poderá ser extrapolada para qualquer edificação. O CLP controla o consumo (magnitude e horário) das principais cargas, incluindo condicionadores de ar, iluminação, computadores e ventilação, buscando o uso mais econômico e racional de energia elétrica, reduzindo-se desperdícios e sobrecargas causadas pelo uso demasiado da energia em horários de maior consumo. O CLP tem como entradas os sinais provenientes dos sensores (iluminação e temperatura), as metas de consumo de energia e ponta tratadas com a concessionária e os horários de consumo. Como saídas o CLP envia sinais para as chaves que acionam os circuitos correspondentes. 2.0 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA No novo panorama mundial do setor de energia elétrica, cada vez mais se investe em políticas de conservação de energia elétrica. Estes investimentos vêm não somente do governo, mais também das próprias empresas concessionárias de energia elétrica, preocupadas com o atendimento dos seus consumidores e com suas capacidades de geração. A conservação de energia passa por uma mudança cultural e de hábitos de consumo, que cada vez mais é exigida pelas sociedades desenvolvidas, preocupadas com os níveis de poluição crescentes, limites de fontes de energéticos e capacidades das linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica. Desta forma, o incentivo ao uso racional de energia leva a políticas de conservação de energia e a mecanismos de GLD, os quais têm se mostrados cada vez são mais necessários para evitar futuros deficits , black-outs e racionamentos de energia, bem como a construção em série de novas usinas. A prática do GLD esta sendo muito estudada e aplicada com objetivo do próprio consumidor controlar a sua carga, como pode ser vistos pelos trabalhos (4], [5] e (6]. Devido a problemas culturais, para o sucesso de políticas de GLD, seria mais interessante a adoção, por parte das concessionárias de energia, de métodos incentivados para a prática de GLD. Neste sentido, é apresentado em (4] o caso de empresas concessionárias de energia elétrica européia, onde foi instituído incentivos a nível de redução de tarifas para o consumidores que permitissem a implantação de equipamentos para executar o GLD, especificamente para deslocar o consumo de energia elétrica da ponta (modulação de carga). No período de consumo na ponta, praticamente todas as usinas do sistema ficam gerando nas suas capacidades máximas, deixando o sistema mais sujeito a falhas. O objetivo da modulação da curva de carga é deslocar a ponta para horários onde a energia é mais barata, ou seja, em períodos onde os sistemas de geração possuem mais folga. No caso particular da aplicação de políticas de conservação de energia em campus universitárias, alguns trabalhos têm sido apresentados visando a busca do uso mais racional de energia, conforme apresentado em (7]. Especificamente, com relação a aplicação de GLD em edificações universitárias, o trabalho (8] apresenta um estudo de gerenciamento energético de cargas de um campus, buscando o uso racional de energia, atuando principalmente nas cargas dos condicionadores de ar, iluminação e aquecimento de água. No caso de cargas de condicionadores de ar, por exemplo, o controle é feito através de um sistema de relés. 3.0 CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL 3.1 Histórico módulos de entrada e saída. Todas as funções disponíveis devem ser programadas em uma memória interna e o hardware deve ser universal, podendo ser aplicado a todos os tipos de processos. Os CLP’s atuais são baseados em microprocessadores e microcontroladores. O princípio de funcionamento é idêntico para todos os fabricantes , ou seja, para exercer suas funções, um CLP processa sinais de entrada provenientes de botoeiras, chaves e sensores diversos e fornece sinais de saída que atuam sobre a máquina ou processo em questão. O esquema de controle de um CLP é apresentado na FIGURA 1, mostrada abaixo, a qual é baseada de Os CLPs foram originalmente inventados com a intenção de substituir lógicas de comando implementadas por meio de réles. Estes equipamentos foram inicialmente aplicados na indústria automobilística, passando mais tarde a ter larga aplicação em todos os setores industriais. O interesse inicial da indústria automobilística se deveu ao grande investimento que era necessário para a alteração da lógica de comando das linhas de montagem, implementadas com réles a cada modelo de carro fabricado. A partir do final dos anos 70 os CLPs começaram a ganhar larga aceitação industrial. A partir daí ocorreu a evolução dos CLP’s, aproveitando a tecnologia então emergente dos microprocessadores. Estes equipamentos, em pouco tempo dominaram o mercado dos controlares industriais, multiplicando-se as suas aplicações e os fabricantes no mundo inteiro (9]. Entretanto, conforme colocado em (9], os CLP´s demoraram muito para serem empregados no controle de usinas elétricas e nos sistemas de intertravamento de subestações, principalmente devido ao excesso de zelo dos engenheiros e técnicos responsáveis, que temiam as operações intempestivas dos microprocessadores em casos de surtos de tensão nas subestações. Contudo, nos últimos anos tem-se observado que estas desconfianças com relação aos CLP’s têm sido superadas, e estes equipamentos tem sido cada vez mais utilizado em problemas envolvendo energia elétrica. Como exemplo desta afirmação, em (10] é apresentado uma matéria onde é mostrado que CLP’s estão sendo instalados nas subestações de Brasília, para controle da operação e manobras em subestações. 3.2 OPERAÇÃO BÁSICA Define-se como CLP , um equipamento eletrônico digital que tem como objetivo implementar funções específicas de controle e monitoração sobre variáveis de uma máquina ou processo, por intermédio de FIGURA 1 – Configuração Básica de um CLP A vantagem de se utilizar um CLP é exatamente que ele substituirá o sistema de lógica a réles de tempo e contactores eletro-mecânicos, o qual normalmente é utilizado para fazer os acionamentos resultantes das ações de controle necessárias sobre uma planta ou processo. Além disto, os CLPs possuem funções envolvendo seqüenciamento, intertravamento elétrico, temporização (relógio de tempo real e contadores rápidos), controle PID (Proporcional-IntegralDerivativo), contagem e operações matemáticas básicas. As principais vantagens dos CLPs sobre a lógica de réles tradicional são: Redução do tempo de implementação e alteração de lógicas de controle e intertravamento, devido a facilidade de programação e reprogramação; Elevada confiabilidade; Pequenas dimensões e peso reduzido; Capacidade de comunicação com computadores e outros sistemas inteligentes (integração); Construção robusta, adequada a ambientes industriais; Projeto modular, de fácil expansão. Thank you for using Wondershare PDFelement. You can only convert up to 5 pages in the trial version. To get the full version, please purchase the prog ram here: http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=973&m=db