Ditylenchus dipsaci um Nematóide de Importância

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Comunicado 147
Técnico
ISSN 9192-0099
Brasília, DF
Dezembro, 2006
Ditylenchus dipsaci UM NEMATÓIDE DE
IMPORTÂNCIA QUARENTENÁRIA
PARA IMPORTAÇÃO DE DIVERSOS
PRODUTOS PELO BRASIL
Renata Cesar Vilardi Tenente1
______________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
Ditylenchus é um dos gêneros mais complexos de nematóide de plantas e sua posição
sistemática está dentro da Ordem Tylenchida, sendo trocado inúmeras vezes, com diversas
sinonímias, tendo diversas espécies sido transferidas para outros gêneros (STURHAN e
BRZESKI, 1991). Segundo esses autores, o gênero apresenta 81 espécies descritas e entre elas
somente três são de importância econômica, como parasitas de plantas superiores, D. dipsaci, D.
angustus e D. destructor. As espécies do gênero Ditylenchus apresentam uma faixa grande de
hospedeiros, incluindo plantas silvestres. Sua ocorrência tem sido relatada desde 60oN para 50oS
de latitude (LORDELLO, 1988). Os nematóides do gênero Ditylenchus provocam lesões em
plantas superiores e são responsáveis pelos danos diretos e indiretos na produção de diversas
culturas.
Dentre as espécies economicamente importantes, a mais devastadora é Ditylenchus dipsaci
(KUHN, 1857) Filipjev, 1936 e é a mais importante espécie no Brasil, para a cultura do alho. Esta
espécie é cosmopolita polífaga, com a qual originou a denominação de raças fisiológicas que se
referiam o nome a seu hospedeiro principal ou aqueles em que foram encontradas pela primeira
vez.
Onze raças distintas foram relatadas por Seinhorst (1956); e 20 a 21 por Hesling (1966), quinze
raças de D. dipsaci foram reconhecidas por Decker (1981); Sturhan (1971) e Kirjanova e Krall
(1971) citados por Gubina (1988). Entretanto, Metlitsky (1972) mencionou a presença de 15 raças
distintas, reconhecidas em 11 hospedeiros diferenciais. Mais tarde, Ladygina (1969) citado por
Gubina (1988) e Gubina (1988) relataram a presença de 30 e 15 raças, respectivamente. Por
estas diversas citações, pode-se verificar a complexidade da espécie D. dipsaci.
1
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
E-mail: [email protected]
Charchar et al. (1980) relataram pela
primeira vez a presença de D. dipsaci no
Brasil, na cultura do alho (Allium sativum)
nos Estados de Minas Gerais e Santa
Catarina. Desde então este nematóide foi
disseminado em quase todos os estados,
como os Estados de São Paulo, Paraná, Rio
de Janeiro, Espírito Santo e outros e
conseqüentemente em todos os municípios
plantadores de alho, devido ao uso de
bulbilhos contaminados com o parasita,
(CURI et al., 1984; SANTOS, 1988; SILVA et
al., 1984; ATHAYDE et al.,1982). Outros
relatos foram feitos sobre a presença de D.
dipsaci em Medicago sativa (MONTEIRO et
al., 1985) e em Triticum sativum (LUZ, 1982)
apenas no estado do Rio Grande do Sul,
para ambas as culturas.
Portanto, para um eficiente programa de
manejo fitossanitário desta espécie de
nematóide, é importante conhecer sobre esta
espécie, D. dipsaci, bem como sobre as
raças que ocorrem ou não no Brasil.
A posição taxonômica de D. dipsaci é:
Classe: Secernentea; Ordem: Tylenchida
Thorne, 1949 e a Família: Anguinidae
Paramonov, 1962. Este parasita é conhecido
com o nome vulgar de Nematóide dos bulbos
e caules ou nematóide do amarelão do alho,
no Brasil. No idioma em inglês é citado
como: stem and bulb nematode; stem
nematode; teasel nematode ou bulb
nematode.
Em referência as sinonímias desta espécie
de nematóide, estão listadas abaixo:
Anguillula dipsaci Kühn, 1857
Anguillulina dipsaci (KÜHN, 1857) Gervais e
Van Beneden, 1859
Tylenchus dipsaci (Kühn, 1857) Bastian,
1865
Anguillula secalis Nitschke, 1868
Anguillula devastatrix Kühn, 1869
Tylenchus askenasyi Bütschli, 1873
Anguillula putrefaciens Kühn, 1879
Tylenchus devastatrix (Kühn, 1869) Oerley,
1880
Tylenchus havensteinii Kühn, 1881
Tylenchus hyacinthi Prillieux, 1881
Tylenchus allii Beijerinck, 1883
Anguillulina dipsaci var. allocotus Steiner,
1934
Anguillulina dipsaci var. amsinckiae Steiner &
Scott, 1935
Anguillulina dipsaci var. communis Steiner &
Scott, 1935
Tylenchus dipsaci var. tobaensis Schneider,
1937
Ditylenchus dipsaci var. allocotus (Steiner,
1934) Filipjev & Schuurmans Stekhoven,
1941
Ditylenchus allocotus Filipjev & Schuurmans
Stekhoven, 1941
Ditylenchus amsinckiae Filipjev &
Schuurmans Stekhoven, 1941
Ditylenchus dipsaci var. hyacinthi (Prillieux,
1881) Filipjev & Schuurmans Stekhoven,
1941
Ditylenchus dipsaci var. narcissi Filipjev &
Schuurmans Stekhoven, 1941
Ditylenchus fragariae Kirjanova, 1951
Ditylenchus tobaensis Kirjanova, 1951
Ditylenchus trifolii Skarbilovich, 1957
Morfologia:
Gênero Ditylenchus Filipjev, 1936
(sensu Brzeski, 1991; STURHAN e
BRZESKI, 1991)
Vermes roliços, alongados, delgados,
afilados para as extremidades e
microscópicos (ver dimensões). Há pouca
diferença na morfologia da fêmea, do macho
e de suas fases juvenis livres (o primeiro
estádio juvenil, que ocorre no ovo, não tem
estilete), exceto quanto aos órgãos
reprodutores e copulatórios dos adultos e ao
tamanho dos juvenis.
Quando estão mortos, por aquecimento a 6065ºC, assumem postura reta ou muito pouco
curvada para o lado ventral. Região labial
baixa com armadura fracamente
esclerosada. Estilete pouco robusto, com
comprimento de 5 a 14 µm, e bulbos basais
pequenos; cone correspondendo de 1/3 a 1/2
do comprimento do estilete. Bulbo mediano
do esôfago muscular e “valvulado”, ou sem
músculos radiais e “válvula”, ou até mesmo
ausente; istmo longo e glândulas
esofagianas contidas em bulbo basal, que
pode se estender como lobo sobre o
intestino. Fêmea com vulva bem posterior,
ramo anterior do aparelho reprodutor bem
desenvolvido e saco uterino posterior. Cauda
conóide alongada. Macho geralmente com
cauda semelhante à da fêmea; bursa não
alcançando a ponta da cauda.
Suas dimensões variam em função da
espécie, raça, hospedeiro e fatores
ambientes diversos.
Descrição
Ditylenchus dipsaci (Kühn, 1857) Filipjev,
1936
Dimensões (STURHAN e BRZESKI, 1991)
Fêmeas: L (comprimento) = 1,0-2,2 mm; a =
36-64; b = 6,5-12; c = 11-20; c’ = 3-6; V = 7686; estilete = 10-13 µm (Figura 1).
Machos: L = 1,0-1,9 mm; a = 37-74; b = 615; c = 12-19; estilete = 10-12 µm (Figura 1).
Súmula morfológica
Fêmea: pouco maior que o macho (ver as
medidas acima). Postura, quando relaxada,
reta ou um pouco curvada para o lado
ventral. Poro excretor delicado, à altura do
terço posterior da região esofagiana. Vulva
bem posterior (V = 76-86%). Ânus aos 9195% do comprimento total do corpo. Cauda
cônica, com término sempre agudo e tão
longa quanto 3-6 diâmetros do corpo à altura
do ânus. Campo lateral com 4 linhas. Região
labial baixa, lisa, não ou muito pouco
destacada do corpo. Armadura labial
moderada. Estilete bucal moderadamente
robusto, relativamente longo (mais de 10 µm
de comprimento), com a metade anterior
formada pelo cone e haste com os bulbos
basais arredondados, bulbo mediano do
esôfago fusiforme, muscular e com “válvula”
medindo 4-5 µm de comprimento. Glândulas
esofagianas formando bulbo basal
claviforme, justaposto ao intestino ou
recobrindo-o por alguns micrômetros. Saco
uterino posterior (=SUP) estendendo-se por
40-70% da distância entre a vulva e o ânus.
Macho: semelhante à fêmea. Asas caudais
vão da altura da extremidade proximal dos
espículos até 40-70% do comprimento da
cauda. Espículos recurvados e longos.
Gubernáculo presente, curto e simples.
Distribuição geográfica de D. dipsaci é
apresentada neste trabalho e está mostrada
dentro dos continentes, nos países já
relatados e quando foi possível, nas
localidades dentro dos países:
África: África do Sul (HOOPER, 1972);
Argélia (HOOPER, 1972); Quênia
(HOOPER, 1972) e Marrocos (STURHAN e
BRZESKI, 1991), com um total de quatro
países.
América do Norte: Canadá (DECKER,
1989); EUA (HOOPER, 1972); Hawai
(HOOPER, 1972); México e Canadá
(NETSCHER e SIKORA, 1990), também em
quatro países.
América Central: Republica Dominicana
(NETSCHER e SIKORA, 1990); Haiti
(CAB..., 1997), com apenas dois países.
América do Sul: Argentina (HOOPER,
1972); Brasil (*) (BIBLIOGRAFIA..., 2002);
Chile (CAB..., 1997); Colômbia
(NETSCHER e SIKORA, 1990); Equador
(NETSCHER e SIKORA, 1990); Peru
(NETSCHER e SIKORA, 1990) e Venezuela
(NETSCHER e SIKORA, 1990).
(*) A ocorrência no Brasil é somente da raça
do alho que eventualmente parasita a cebola
(TENENTE et al., 2000; BIBLIOGRAFIA...,
2002). Nesta parte do Continente Americano,
a distribuição é maior, alcançando sete
países.
Ásia: Arábia Saudita (CAB..., 1997);
Azerbaijão (CAB..., 1997); Cazaquistão
(GUBINA, 1988); China (CAB..., 1997); Índia
(HOOPER, 1972); Irã (STURHAN e
BRZESKI, 1991); Japão (HOOPER, 1972);
Iraque (CAB..., 1997); Paquistão
(STURHAN e BRZESKI, 1991); Rússia
(STURHAN e BRZESKI, 1991); Tadjiquistão
(CAB..., 1997); Turquia (DECKER, 1989) e
Uzbequistão (CAB..., 1997). No Continente
Asiático, esta espécie já esta relatada em 13
países.
Europa: Albânia (CAB..., 1997); Alemanha
(HOOPER, 1972); Áustria (CAB..., 1997);
Belarus (CAB..., 1997); Bélgica (CAB...,
1997); Bulgária (CAB..., 1997); Dinamarca
(GUBINA, 1988); Escócia (CAB..., 1997);
Eslováquia (CAB..., 1997); Espanha
(HOOPER, 1972); Estônia (GUBINA, 1988);
Finlândia (GUBINA, 1988); França
(STURHAN e BRZESKI, 1991); Grécia
(HOOPER, 1972); Holanda (GUBINA, 1988);
Hungria (CAB..., 1997); Inglaterra (CAB...,
1997); Irlanda (GUBINA, 1988); Itália
(GUBINA, 1988); Iugoslávia (CAB..., 1997);
Ilha de Jersey (CAB..., 1997); Letônia
(CAB..., 1997); Lituânia (CAB..., 1997);
Luxemburgo (CAB..., 1997); Noruega
(GUBINA, 1988); Polônia (STURHAN e
BRZESKI, 1991); Portugal (HOOPER,
1972); Republica Checa (CAB..., 1997);
Romênia (CAB..., 1997); Suécia (GUBINA,
1988); Suíça (GUBINA, 1988) e Ucrânia
(GUBINA, 1988). É neste Continente que a
espécie tem uma maior distribuição,
alcançando 32 países.
Oceania: Austrália (HOOPER, 1972); Nova
Zelândia (HOOPER, 1972), em somente dois
países.
D.
Plantas hospedeiras
O número de plantas hospedeiras segundo
Goodey et al., (1965) ultrapassa a 450
espécies, estando listadas as principais, em
ordem alfabética:
A. Aethusa cynapium; Agropyron repens,
Agrosthema githago, Allium
ascalonicum; Allium cepa (cebola);
Allium fistulosum (cebolinha); Allium
porrum (alho-poró); Allium sativum
(alho); Allium spp.; Alloplectus sp.;
Alopecurus geniculatus; Amaryllis
spp.; Ambrosia elatior; Amsinckia
intermedia; Anagallis arvensis;
Anemone coronaria; Anemone
hepatica; Anemone japonica;
Angelica arcahngelica; Anthriscus
sylvestris; Anthyllis vulneraria; Apera
spica-ventri; Apium dulce; Apium
graveolens (aipo ou salsão); Arabis
spp.; Arenaria serpyllifolia; Armoracia
rusticana; Arrhenatherum elatius;
Aspargus plumosus; Asphodelina
lútea; Aster squamatus; Atriplex spp.;
Aubrieta deltóidea; Aucuba japonica;
Avena sativa (aveia, hospedeiro
indicador); Avena spp.
B. Baccharis subpingrafa; Begonia sp.;
Bellis perenis; Beta vulgaris
(beterraba, hospedeiro indicador);
Bouvardia humboldti; Brachypodium
pinnatum; Brassica napus; Brassica
oleraceae (repolho); Brassica rapa
(nabo); Brassica spp. (repolho,
nabo,couve, mostarda).
C. Calceolaria integrifólia; Callistephus
chinensis; Camelina sativa;
Campamula sp., Cannabis sativa;
Capsella bursa-pastoris; Capsicum
annuum (pimentão); Cardamina
pratensis; Cardaria draba; Carduus
acanthoides; Carex sp.; Carlia
vulgaris; Centaurea spp.; Cerastium
spp.; Ceratochloa unioloides;
Ceratonia siliqua; Chaetochloa sp.;
Cheiranthus spp.; Chelone glabra;
Chenopodium spp.; Chinodoxa spp.;
Chrysanthemum spp. (crisântemo);
Cichorium intybus (chicória); Cirsium
spp.; Colchium spp.; Coleus spp.;
Collomia spp.; Convalaria majalis;
E.
F.
G.
H.
I.
J.
K.
L.
M.
Convolvulus arvensis; Coronopus
squamatus; Crepis spp.; Crocus
sativus (açafrão); Cucumis sativus
(pepino); Cyclamen spp.; Cynara
cardunculus; Cynosurus cristatus.
Dactylis glomerat; Daucus carota
(cenoura); Delphinium ajacis;
Dianthus caryophyllus (cravo);
Dianthus spp.; Digitalis spp.;
Dipsacum fullonum (cardo,
hospedeiro tipo e indicador); Disa
uniflora.
Echinochloa crus-galli; Endymion
spp.; Erechtites praealta; Eremurus
bungei; Erigeron spp.; Erodium
cicutarum; Erysimum allionii;
Eucalyptus spp.; Eucharis sp.
Fagopyrum esculentum; Festuca spp.
(festuca); Fragaria spp. (morango,
hospedeiro indicador); Freesia
refracta; Fumaria officinalis.
Galanthus spp.; Galeopsis spp.;
Galinsoga parviflora; Galium spp.;
Geranium spp.; Gilia spp.; Gladiolus
spp. (gladiolos); Glycine spp. (soja);
Gossypium sp.; Gypsophilla spp.
Helenium spp.; Helianthemum
guttatum; Helianthus spp.;
Helichrysum orientale; Hibiscus spp.;
Hieracium pilosella; Holcus lanatus;
Hordeum vulgare (cevada); Humulus
lupulus; Hyacinthus spp. (jacinto,
hospedeiro indicador); Hydrangea
spp. (hortênsia); Hymenocallis
calathina; Hyoscyamus niger;
Hypochoeris radicata.
Ipomoea batatas (batata doce); Iris
spp.; Isatis tinctoria.
Juncus bufonius.
Kickxia spuria; Knautia arvensis;
Knipholia sp.; Koeleria pyramidata.
Lactuca candensis; Lamium spp.;
Lathyrus spp.; Lavandula vera; Lens
culinaris (lentilha); Leontopodium
alpinum; Lepedium spp.; Lepidium
sativum (agrião); Leucaena
leucocephalla; Liatris spicata; Lilium
spp.; Linaria spp.; Linum
usitatissimum (linho); Lolium spp.;
Lupinus spp.; Lycopersicon
esculentum (tomate); Lycoris radiata;
Lysimachia spp.
Manihot utilissima (mandioca);
Matricaria maritima; Medicago sativa
(alfafa, hospedeiro indicador);
Medicago spp.; Melampyrum spp.;
Melilotus alba; Mentha arvensis;
N.
O.
P.
Q.
R.
S.
T.
V.
Y.
Z.
Mercurialis annua; Mollugo verticillata;
Muscari spp.; Myositis spp.
Narcissus spp. (narciso, hospedeiro
indicador); Nerine spp.; Nicotiana
tabacum (fumo);
Odontites verna; Oenothera spp.;
Onobrychis viciifolia; Ornithogalum
sp.; Ornithopus sativus; Oxalis spp.
Paeomia officinalis; Panicum
miliaceum; Papaver spp.; Pastinaca
sativa; Pentstemon spp.;
Petroselinum crispum (salsa);
Phacelia spp.; Phaseolus coccineus;
Phaseolus spp.; Phleum pratense;
Phlox spp. (hospedeiro indicador);
Physalis pubescens; Pisum sativum
(ervilha, hospedeiro indicador);
Plantago spp.; Poa spp.; Polygonum
spp.; Polyphagous; Potentilla
anserina; Primula spp. (primula);
Prunus sp.; Puschkinia scilloides.
Ranunculus arvensis; Raphanus spp.;
Rheum rhaponticum (ruibarbo);
Rumex spp.;
Saccharum officinarum (cana-deaçúcar); Saponaria officinalis;
Saxifraga spp.; Schizanthus spp.;
Scilla spp.; Scorzonera tau-saghys;
Secale cereale (centeio); Sherardia
arvensis; Silene schafta; Sinapsis
spp.; Sinapsis spp. (mostarda);
Solanum tuberosum (batata,
hospedeiro indicador); Solanum spp.
(berinjela, jilo, batata silvestre);
Solidago canadensis; Sonchus spp.
(serralha); Spergula arvensis;
Spinacia oleraceae (espinafre);
Sprekelia formosissima; Stachys spp.;
Stellaria media; Stenophragma
thalianum; Sternbergia lutea.
Tagetes patula; Taraxacum spp.
(dente-de-leão); Thlaspi arvense;
Tigridia spp.; Tragopogon porrifolius;
Trifolium spp. (trevo branco,
vermelho, lilás, rosa, hospedeiro
indicador: branco e vermelho);
Triticum aestivum (trigo); Tulipa
spp.(tulipa, hospedeiro indicador).
Urtica urens (urtigão).
Valerianella spp.; Veronica spp.; Vicia
faba (feijão fava); Vicia spp.; Viola
spp.; Vitis vinifera (uva);
Yucca flaccida
Zea mays (milho); Zerna inermis.
Bioecologia
Ditylenchus dipsaci é um nematóide
endoparasita migrador com várias raças
biológicas que se alimenta nos tecidos do
parênquima da planta hospedeira, causando
a quebra de paredes celulares. Conhecido
como parasita de caules e bulbos, também
pode ser transmitido por sementes de
diversas culturas, a qual explica sua ampla
distribuição.
A duração do ciclo de vida é entre 19 e 23
dias, dependendo da temperatura (Figura 2).
A maior atividade e habilidade de invasão
nas plantas é geralmente entre 10o a 20oC.
Fêmeas podem por em média de 200 a 500
ovos. Juvenis do 4o estádio apresentam
grande resistência a condições adversas do
ambiente, com tendência a agregar-se na
região do tecido infectado formando uma
estrutura tipo novelo (LUC et al., 1990).
O nematóide pode entrar em anidrobiose
(dormência e desidratação), permanecendo
vivo por vários anos após a morte da planta
tanto em material vegetal ou no solo.
Fielding (1951), por exemplo, verificou a
presença de juvenis vivos em tecido vegetal
seco armazenado durante 23 anos.
Sintomas
Ditylenchus dipsaci é um parasita das
partes aéreas e subterrâneas da planta,
atacando preferencialmente folhas e
pecíolos.
Os sintomas nas plantas podem ser
observados:
Parte aérea: engrossamento do caule,
entrenós curtos e distorcidos, alargamento
tipo galhas, descoloração e desenvolvimento
de lesões locais. As folhas são distorcidas,
descoloridas e pequenas.
Partes subterrâneas: raízes e os tubérculos
podem apresentar podridão e definhamento
dos tecidos. Tubérculos infestados podem
apresentar as pontas cônicas, geralmente
acompanhadas de rupturas na casca, bem
como necroses e podridão, mesmo após a
colheita.
Em nível de campo: ocorre o
amarelecimento das plantas em forma de
reboleiras, sendo que algumas vezes ocorre
a morte da planta antes do período da
colheita.
Nota: A não observação de sintomas nas
raízes ou nos tubérculos ou mesmo
em sementes, não indicam
necessariamente a ausência do
nematóide (GUBINA, 1988).
Forma de Transmissão e/ou Dispersão:
Ditylenchus dipsaci pode ser transmitido
por sementes; tubérculos; raízes, tecidos
vegetais (diversas plantas hospedeiras),
partículas de solo que acompanham o
material importado, bem como nas
embalagens utilizadas no transporte do
material.
No campo, pode ocorrer a disseminação em
pequenas partículas de solo por meio do
vento ou tempestade, pelas águas das
chuvas, de irrigação e por ferramentas e
maquinários infestados pelo nematóide ou
ainda pelo próprio homem (JATALA e
BRIDGE, 1990).
Atuação como vetor
O protozoário Bodocaudatus (ordem:
Kinetoplastida) pode ser disseminado por
Ditylenchus dipsaci (CANNING, 1973).
Ditylenchus dipsaci pode carregar esporos
da bactéria Corynebacterium insidiosum para
as plantas de soja e alfafa (HAWN, 1963;
HAWN e HANNA, 1967).
Testes Biológicos
São utilizadas várias espécies de plantas,
chamadas plantas seletivas ou hospedeiros
diferenciais, ou ainda plantas indicadoras,
para a separação de raças de D. dipsaci,
por meio do grau de parasitismo do
nematóide em relação a planta como visto na
Tabela 1.
Testes Sorológicos:
As características sorológicas são pouco
usadas para fitonematóides, pois anti-soros
policlonais foram desenvolvidos para vários
nematóides, embora a identificação por
antígeno em várias espécies não foi
específica, pois apresentaram reações
cruzadas com outras espécies, sendo que a
especificidade foi obtida com o
desenvolvimento de anti-soro monoclonal
para outras espécies de nematóides.
Portanto esta técnica não é recomendada
para a identificação de D. dipsaci.
Testes Moleculares:
Ditylenchus dipsaci, apresenta uma grande
complexidade com diferentes números de
raças descritas por diversos pesquisadores e
atualmente a credibilidade da existência de
diversas raças de D. dipsaci continua sendo
discutida (NICKLE, 1991). Entretanto, um
número de técnicas moleculares tem-se
aproximado para esclarecer a distinção entre
populações deste nematóide e a definição de
espécies similares. Baseado em RAPDs,
usando 10 mer de marcadores arbitrários,
têm sido reportada a possibilidade de
separar claramente as espécies que muito se
assemelham dentro do gênero Ditylenchus
(D. dipsaci; D. destructor e D.
myceliophagus) (WENDT et al., 1993).
Segundo Subbotin et al.(2005), a região de
ITS do rDNA de 23 populações de D.
dipsaci, de vários hospedeiros, foram
amplificados e seqüenciados para análise
filogenética da seqüência completa e de
ITS2, usando a evolução mínima, parsimonia
máxima e a inferência Bayesian, sobre um
modelo complexo da evolução do DNA,
revelou árvores com dois principais claves,
sendo D. dipsaci senso stricto com número
de cromossomas diplóides que compreende
a maioria dos isolados da parte agrícola, de
ornamentais e algumas plantas silvestres,
reprodutíveis isolados de populações
diplóides, dividindo em seis subclaves, raça
gigante de Vicia faba, espécies de
Ditylenchus que parasitam Asteraceae e
Plantago marítima. Como resultado houve o
desenvolvimento de primers específicos para
identificação e quantificação de D. dipsaci
senso stricto.
Expressão Econômica:
Ditylenchus dipsaci pode parasitar várias
espécies de plantas de importância
econômica, atingindo mais de 450 diferentes
espécies que pertencem a mais de 40
famílias botânicas (THORNE, 1961;
GOODEY et al., 1965).
As perdas em geral variam de 60 a 80%. Em
Vicia faba, as perdas chegam a 80%.
Na cultura da batata esse nematóide pode
causar perdas de até 50% (DECKER, 1989)
em áreas onde as condições climáticas
favorecem o desenvolvimento desse
parasita.
O efeito qualitativo de D. dipsaci em
tubérculos de batata pode aparecer com a
continuação de sua reprodução após a
colheita ou no armazenamento, causando
rachaduras e lesões no produto dificultando a
sua comercialização (LUC et al., 1990).
Medidas Quarentenárias:
As medidas quarentenárias são de vital
importância pois minimizam a introdução e
dispersão de raças biológicas deste parasita
no país. Acrescentando sobre as medidas
quarentenárias de D. dipsaci, este parasita
consta da Lista A1 de pragas para o
COSAVE, devido que a maioria das raças
deste parasito não ocorre no país. Portanto,
estão listadas abaixo algumas medidas
quarentenárias que dão suporte a defesa
vegetal:
Apreensão do material procedente dos
países que constam na lista da Distribuição
Geográfica de D. dipsaci.
Reforçar o intercâmbio de material sadio.
Proceder as análises por ocasião da
chegada do Material ao Brasil, através dos
procedimentos já descritos.
As medidas quarentenárias são importantes
pois esta espécie de nematóide foi
interceptada por diversas vezes, na Estação
Quarentenária, Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia (Tabela 2)
(TENENTE et al., 1994). Para estes materiais
a erradicação do nematóide só foi
conseguida em pequenas quantidades de
sementes, através do tratamento térmico
úmido; tratamento térmico seco; com período
de pre-exposição das sementes em
temperaturas mais baixas, evitando o dano
físico às sementes. Testes com nematicidas
e soluções químicas (hipoclorito de sódio ou
formolaldeído) não serviram para erradicar D.
dipsaci de sementes.
Bibliografia:
ATHAYDE, J. T.; SANTOS, A. F.; PEREIRA,
J. O.; MARIN, A. J. Ocorrência de
Ditylenchus dipsaci em alho (Allium sativum
L.)
no
estado
do
Espírito
Santo.
Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 7, n. 3,
p. 568, 1982.
BIBLIOGRAFIA brasileira de nematóides.
Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, 2002. v. 2. 386 p. (Embrapa
Recursos
Genéticos
e
Biotecnologia.
Documentos, 76). Compilada por: Renata
Cesar Vilardi Tenente e outros.
CAB INTERNATIONAL. Crop protection
compendium. London, 1997. 1 CD-ROM.
CANNING, E. U. Protozool parasites as
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Tabela 1. Hospedeiros diferenciais de raças de Ditylenchus dipsaci, segundo Metlitsky (1972).
Hospedeiros diferenciais
Raças
Cardo
Trevo
Vermelho
Alfafa
Ervilha
Batata
Narciso
Jacinto
Tulipa
Morango
Flox
Aveia
Cardo
+++
--
0
--
0
-
-
0
+++
0
+++
Trevo
Vermelho
0
+++
++
--
++
+
+
+
+++
0
+
Trevo
Branco
0
--
+
--
0
+
0
++
0
--
+
Alfafa
--
++
+++
+++
+
--
+
+++
0
--
+
Centeio
++
--
0
+++
+
--
--
--
0
++
+++
Aveia
++
++
+
+++
++
-
+++
+++
0
0
+++
Cebola
+
+
+
+++
+
++
--
--
+++
0
--
Batata I
--
--
-
-+++
+++
0
0
--
+++
0
+++
Batata II
--
--
0
+++
+++
-
0
0
0
0
--
Jacinto
0
0
0
0
0
+
+++
+
++
0
--
Narciso
--
++
+
0
+
+++
++
++
+++
--
++
Tulipa
0
++
++
0
0
+++
+++
+++
+++
+++
+++
Beterraba
+
++
+++
+++
0
0
0
0
--
++
+++
Flox
0
0
0
++
--
--
--
0
--
+++
--
Morango
-++
++
+++
++
+
+
-+++
--Grau de infestação e multiplicação: (+++) infestação e multiplicação severas; (++) infestação e multiplicação moderadas; (+) infestação moderada, sem multiplicação;
(--) infestação e multiplicação fracas; (-) infestação fraca, sem multiplicação; (0) sem infestação.
Tabela 2 - Detecção de D. dipsaci em material de propagação de diferentes espécies de plantas e tratamentos aplicados aos materiais infectados.
Germoplasma
Allium cepa (cebola)
Avenae sativa (aveia)
País
Israel
EUA
Tratamento de Erradicação
Cultura de tecido
o
o
40 C/30min. e 60 C/8min.
o
OBS
Nematóide erradicado
Tratamento úmido, nematóide erradicado
Holanda; França
57 C/20min.
Tratamento úmido, nematóide erradicado
Guizotia abyssinia
EUA
54oC/20min.
Tratamento úmido, nematóide erradicado
Ornitopus sp.
EUA
Sem tratamento de erradicação
Beta vulgaris (beterraba)
Phaseolus vulgaris (feijão)
Colômbia
o
Tratamento úmido, nematóide erradicado
54 C/20min.
o
Phalaris bulbosa
Argentina
Descascar e 54 C/20min.
Pinus spp.
Inglaterra
Sem tratamento de erradicação
Sorghum bicolor (sorgo)
Triticum aestivum (trigo)
Zea mays (milho)
Bromelia
Cucumis melo (melão)
EUA
México; Paraguai
EUA;Chile; México;
Zâmbia
Colombia
Holanda
Incinerado
Tratamento úmido, nematóide erradicado
Incinerado
o
Tratamento úmido, nematóide erradicado
o
57 C/12min.
Tratamento úmido, nematóide erradicado
40oC/10min. e 54oC/15min.
Tratamento úmido, nematóide erradicado
57 C/15min.
Material Comercial
Sem tratamento de erradicação
Sem tratamento de erradicação
Incinerado
Incinerado
Comunicado
Técnico, 147
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da
Agricultura,
Pecuária
e
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