anatomia radiográfica da mão de suíno “casco-de-burro”

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ANATOMIA RADIOGRÁFICA DA MÃO DE SUÍNO “CASCO-DE-BURRO”
Jennifer Stello Minuzzi(1), Rafaela da Silveira Prestes(2), Ivanir José Coldebella(3),
Ricardo Pozzobon(4), Paulo de Souza Junior(5)
(1)
Graduanda em Medicina Veterinária, bolsista do Programa de Desenvolvimento Acadêmico (PDA) da Universidade
Federal do Pampa; Uruguaiana, RS; [email protected]
(2)
Médica Veterinária Residente do Hospital Veterinário; Universidade Federal do Pampa
(3)
Professor Adjunto; Universidade Federal de Santa Maria; Frederico Westphalen, RS; [email protected]
(4)
Co-orientador; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, RS; [email protected]
(5)
Orientador; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, RS; [email protected]
RESUMO: Os suínos casco-de-burro constituem uma “raça” considerada rústica com a peculiaridade de apoiar o
membro no solo com um casco fundido. Esta característica é pouco estudada. Objetivou-se neste trabalho analisar a
anatomia óssea da mão de um indivíduo desta raça por meio de radiografias. Para tal, foram realizadas três projeções
radiográficas nas mãos de um animal do sexo masculino. Comparativamente a outras raças de suínos, as imagens
sugerem que a falange média do dedo IV é mais desenvolvida que as demais e que existe uma fusão das falanges
distais dos dedos III e IV (sindactilia). Os ossos sesamóides e falanges dos dedos II e V não apresentaram diferenças.
Estudos que avaliem estes ossos em um maior número de animais e em diferentes etapas do crescimento poderão
aprofundar o entendimento da disposição anatômica das extremidades dos membros nesta raça.
Palavras-Chave: anatomia radiográfica, casco-de-mula, sindactilia.
INTRODUÇÃO
Os suínos casco-de-burro (ou casco-de-mula) são resultantes de adaptações e cruzamentos de
suínos na América que resultaram em um casco fundido tocando o solo (CAVALCANTE-NETO et al., 2013).
Esta raça sofreu um processo de diminuição numérica devido à preferência por outras importadas que
atendessem a um novo perfil de consumidor (ROPPA, 2009). Atualmente se encontram em risco de
extinção resultando em ameaça à diversidade genética nativa brasileira (VIANA, 1985).
Nos suínos domésticos tipicamente existem quatro dedos, sendo dois principais (dedos III e IV), que
apoiam no solo, e dois reduzidos que não tocam no solo (II e V), inexistindo o dedo I. Cada dedo possui três
falanges (proximal, média e distal) e três ossos sesamóides. A falanges distal de cada dedo é encoberta por
um casco individual (SISSON, 1986).
No caso dos suínos casco-de-burro, observam-se os mesmos dois dedos reduzidos, porém apenas
um casco apoia no solo. Objetivou-se com este trabalho analisar a anatomia radiográfica dos ossos das
mãos de um suíno casco-de-burro e estabelecer comparações com as descrições para as demais raças de
suínos.
METODOLOGIA
Foram analisadas as mãos de um cadáver suíno “casco-de-burro” abatido para consumo, sexo
masculino, com idade aproximada de nove meses. Os membros foram seccionados transversalmente ao
nível do carpo e conservados congelados até a realização das radiografias. Após descongelamento em
temperatura ambiente, as mãos foram submetidas a radiografias digitais em três projeções: látero-medial,
dorso-palmar e oblíqua. As radiografias foram realizadas no Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital
Veterinário da UNIPAMPA com aparelho da marca Phillips Áquilla Plus 300, com técnica que utilizou 45 KV
e 15 mAs. Posteriormente as imagens foram editadas no software Kodak DirectView EPV e convertidas
para o formato JPG.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As radiografias (Figura 1) revelaram que a falange média do dedo IV é maior, pois se desenvolve
transversalmente na direção da falange média do dedo III, inclusive avançando além do eixo longitudinal da
mão. Lemus et al. (2013) realizou radiografia da mão de dois suínos casco-de-burro mexicanos com dois
meses de idade e afirmou que havia uma falange média “extra” entre os dedos III e IV. Entretanto, tal estudo
só realizou radiografias na projeção dorso-palmar. O suíno radiografado neste presente estudo possuía
nove meses de idade e não foi observada uma falange “extra” distinta das demais. Talvez, a ossificação
ocorra entre os dois e nove meses de vida. Seria necessária uma amostragem maior com radiografias
seriadas em diferentes idades para esclarecer se existe de fato uma falange média “extra” que ossifica junto
à do dedo IV ou se a falange média do dedo IV é mais desenvolvida.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
As falanges distais dos dedos III e IV se fusionam para serem encobertas por um único casco,
caracterizando uma sindactilia. Segundo Arias (2000), esta característica tornaria os suínos casco-de-burro
mais resistentes à peste suína e febre aftosa, além de deixarem estes indivíduos menos propensos a
problemas locomotores.
Os sesamóides proximais (ao nível das articulações metacarpofalangianas) e distais (ao nível das
articulações interfalangianas distais) mantêm o padrão descrito para as demais raças de suínos (SISSON,
1986).
Figura 1. Radiografias da mão direita de suíno caso-de-burro, macho, nove meses de idade, nas
projeções dorso-palmar (A), látero-medial (B) e dorso-látero-palmar oblíqua (C). Fusão das falanges
distais dos dedos III e IV (seta amarela); falange média do dedo IV (seta branca); falange média do
dedo III (seta vermelha); ossos sesamóides distais (setas verdes); ossos sesamóides proximais (seta
laranja).
Fonte: Acervo do Laboratório de Anatomia Animal da UNIPAMPA
CONCLUSÕES
Com base nas imagens radiográficas conclui-se que o tamanho e formato da falange média do dedo
IV são diferentes na mão do suíno casco-de-burro. Verificou-se uma fusão das falanges distais dos dedos III
e IV (sindactilia).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARIAS, D.F. 2000. El cerdo Sinda colombiano. Memoria V Congreso Iberoamericano de Razas Autóctonas y
Criollas. La Habana, Cuba. pp. 267.
CAVALCANTE-NETO. O suíno casco-de-burro da América: conservação e uso na agricultura familiar. Disponível
em < http://www.iip.co.cu/RCPP/202/202_02artresACNeto.pdf >. Acesso em !4 set. 2015
LEMUS, C., Alonso, M.R. e Alonso, M. 2003. Morphological characteristics in Mexican native pigs. Archivos
de Zootecnia, 52:105-108
ROPPA, L. 2009. Atualização sobre os níveis de colesterol, gordura e calorias da carne suína. Disponível em: <
www.abipecs.org.br/colesterol.pdf >. Acesso em 14 set. 2015.
SISSON, S.; GROSSMAN, J. D. Anatomia dos animais domésticos. 5ª ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.
2v.
VIANA, A.T. 1985. Os Suínos: Criação Prática e Económica. Nobel. São Paulo, pp 384
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
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