Artigo Original Análise do PET-CT no estadiamento do câncer epidermoide de cabeça e pescoço Analysis of PET-CT in the staging of head and neck cancer Resumo Introdução: O carcinoma epidermoide na cabeça e pescoço tem uma recidiva loco-regional em 40% dos casos em dois anos, tornando necessário o seguimento convencional e por meio de exames de imagens, somando-se a técnica do 18F-FDG-PET. Objetivo: Demonstrar os primeiros dois anos de indicações e resultados da PET-CT em uma instituição pública. Método: Estudo retrospectivo de 50 exames de julho de 2009 a junho de 2012, realizados consecutivamente em 49 pacientes com carcinoma epidermoide das vias aerodigestivas superiores de estádios clínicos I (4,1%), II (10,2%), III (32,7%) e IV (53%). Resultados: Em 12 casos, o exame foi realizado durante o estadiamento inicial. Em quatro casos, a PET foi realizado por tumor primário oculto na apresentação inicial. A PET-CT foi realizada pós-tratamento em 31 casos, sendo que houve mudança de estádio clínico em 12 desses pacientes após a realização da PET-CT. Foram realizados dois exames em pacientes sob cuidados paliativos com sobrevida superior à esperada, sendo um diagnosticado sem doença e outro com segunda lesão. Conclusão: O diagnóstico e estadiamento do câncer na cabeça e pescoço fazem-se por meio de exame direto com biópsia e exame histológico. Exames de imagem metabólicos e anatômicos - PET-CT - auxiliam, especialmente, no diagnóstico das recidivas loco-regionais. Helma Maria Chedid 1 Ali Amar 2 Abrão Rapoport 3 Otávio Alberto Curioni 4 Ricardo Pires de Souza 5 Rogerio Aparecido Dedivitis 6 Abstract Introduction: Patients with head and neck squamous cell carcinoma have 40% of locoregional recurrence in the first two years and conventional imaging tests, adding to the technique of 18F-FDG-PET, are necessary in the follow-up. Aim: To demonstrate the first two years of experience at indications and results of PETCT in a public institution. Method: Retrospective study of 50 consecutive exams performed in 49 patients with squamous cell carcinoma of the upper aerodigestive tract. Results: In 12 cases, the exam performed during the initial stage was in agreement with conventional methods in 11. In four cases, PET was performed for occult primary tumor at initial presentation, identifying the primary site in one case. The PET-CT was performed after treatment in 31 cases, changing the stage of 12 of these patients, but in only two the treatment was modified. Conclusion: The diagnosis and staging of head and neck cancer rely of direct examination with biopsy and histology. Imaging tests, metabolic and anatomical PET-CT is helpful for diagnosis of locoregional recurrences. Key words: Positron-Emission Tomography; Neoplasm Staging; Neoplasm, Residual; Carcinoma, Squamous Cell; Head and Neck Neoplasms. Descritores: Tomografia por Emissão de Pósitrons; Estadiamento de Neoplasias; Neoplasia Residual; Carcinoma de Células Escamosas; Neoplasias de Cabeça e Pescoço. Introdução A medicina atual traz inúmeros desafios à prática clínica, em especial, o crescente avanço dos métodos diagnósticos de imagem por diagnóstico e no acompa- nhamento das doenças. Com o advento da tomografia por emissão de pósitrons (PET) utilizando-se a fluorodesoxiglicose marcada com flúor18 (18-F-FDG), notou-se uma mudança de paradigma na avaliação dos tumores que, historicamente, eram avaliados por meio de dados 1)Mestre pelo Curso de Pós-graduação em Ciências da Saúde do Hospital Heliópolis, São Paulo. Médica do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis, São Paulo. 2)Doutor em Medicina pelo Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Universidade Federal de São Paulo, Brasil. Médico do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis, São Paulo. 3)Docente Livre pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Diretor Técnico de Departamento de Saúde do Hospital Heliópolis, São Paulo. Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital São José da RBBP, São Paulo. 4)Docente Livre pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas de Santos, Fundação Lusíada. Chefe do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis, São Paulo. Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital São José da RBBP, São Paulo. 5)Doutor em Radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Radiologista do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis, São Paulo. 6)Professor Livre Docente do Departamento de Cirurgia da Fundação Lusíada Unilus. Médico Assistente do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Chefe dos Serviços de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Ana Costa e da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Santos. Instituição: Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis. São Paulo / SP – Brasil. Correspondência: Rogério A. Dedivitis - Rua Cônego Xavier, 276 - São Paulo / SP – Brasil – CEP: 04231-030 - Telefone: (+55 13) 8193-5000 - E-mail: [email protected] / [email protected] Artigo recebido em 07/07/2013; aceito para publicação em 01/09/2013; publicado online em 23/09/2013. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.42, nº 3, p. 153-156, julho / agosto / setembro 2013 – ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 153 Análise do PET-CT no estadiamento do câncer epidermoide de cabeça e pescoço. Chedid et al. de métodos de imagens morfológicos para uma análise baseada em dados metabólicos moleculares. Nesse contexto, os pacientes portadores de câncer na cabeça e pescoço merecem atenção particular do especialista no seu diagnóstico e tratamento, uma vez que, independentemente da abordagem terapêutica inicial, ocorre recidiva loco-regional em 40% dos casos nos primeiros dois anos1. Assim, é necessário o seguimento clínico convencional e por meio de métodos de imagens, tais como tomografia computadorizada (CT) e ressonância magnética (RNM)2. A esses exames, deve-se agregar a técnica do 18F-FDG-PET na detecção das recidivas locais, regionais e a distância, por meio de identificação de trocas metabólicas3, avaliando-se o valor da PET-CT no planejamento terapêutico inicial e no re-estadiamento do carcinoma das vias aerodigestivas superiores. O objetivo do estudo foi demonstrar a experiência dos primeiros dois anos nas indicações e resultados da PET-CT em centro de referência terciária, avaliando o valor do exame no tratamento inicial e, em especial, no re-estadiamento pós-tratamento da doença. 36 eram masculinos e 13 femininos, com idade média de 57 anos (42 a 76 anos). Quanto ao sítio primário, dez apresentavam tumores na laringe, dez apresentavam tumores de boca, 24 de faringe, quatro primários ocultos e um em seios paranasais. Os exames foram avaliados de acordo com a sua indicação e momento de realização (pré ou pós-tratamento), considerando a concordância com os outros métodos diagnósticos habituais (CT e RNM) e a eventual mudança de conduta terapêutica. Resultados Em 12 pacientes o exame foi realizado durante o estadiamento, sendo concordante em 11 casos com os métodos convencionais. Um paciente apresentava imagem sugestiva de metástase hepática, descartada pela PET-CT. Dos cinco casos com tumor primário oculto, em um paciente o exame foi realizado após o tratamento. Nos quatro casos em que o exame foi realizado no estadiamento inicial, a PET-CT identificou o sítio primário em dois casos, sendo um na rinofaringe, que foi confirmado posteriormente no exame loco-regional e o outro no recesso piriforme. Esse último não foi detectado no exame direto (telescopia e laringoscopia) e pode corresponder a um caso falso-positivo. A distribuição dos pacientes que realizaram PET-CT, de acordo com o estadiamento clínico inicial foi exemplificada a seguir – Tabela 1. Em relação ao tratamento inicial, 28 pacientes foram submetidos ao procedimento cirúrgico associado ou não à radioterapia pós-operatória e os casos restantes tiveram a indicação inicial de radioterapia/radioquimioterapia. Dentre as indicações de radioterapia inicial, 14 casos eram na faringe, quatro na laringe, dois na boca, um no antro maxilar e um caso de tumor primário oculto. O exame foi realizado após o tratamento em 31 pacientes, sendo que em 20 casos havia suspeita clínica de recidiva – Tabela 2. Nesses 20 casos houve mudança Método O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição onde foi realizado sob o registro número 33. Trata-se de estudo retrospectivo de 50 exames realizados, consecutivamente, no período de julho de 2009 a junho de 2012, em 49 pacientes com carcinoma das vias aerodigestivas superiores. Os critérios de inclusão foram pacientes com lesões de estádios clínicos de I a IV, sendo que, dois pacientes eram de estádio clínico inicial I, cinco estádio II, 16 estádio III e 26 estádio IV – Tabela 1. Foram excluídos os casos de lesões primárias múltiplas com sítio primário no pescoço, como a tireoide (um caso). Quanto ao tipo histológico, 45 pacientes apresentavam no exame histológico o carcinoma epidermoide bem ou moderadamente diferenciado, dois apresentavam o carcinoma pouco diferenciado e dois, o carcinoma indiferenciado. Quanto ao gênero, Tabela 1. Distribuição do estadiamento clínico inicial, em relação aos sítios anatômicos. Sítio primário/ Estádio clínicoBoca I II III IV Faringe 1 1 2 6 LaringeTumor primário ocultoSeios paranasais 0 3 8 14 1 2 6 0 0 0 0 5 0 0 0 1 n = 49 pacientes. Foi excluído um caso por ausência de estadiamento clínico inicial Tabela 2. Diferença entre o diagnóstico clínico e o diagnóstico da PET-TC realizada após o tratamento. Diagnóstico Clínico Tumor Sem Doença Indeterminado Total Diagnóstico PET_TC Tumor 18 2 0 Sem Doença 1 5 0 Indeterminado 1 2 2 Total 20 9 2 20 6 5 31 154 e�������������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.42, nº 3, p. 153-156, julho / agosto / setembro 2013 Análise do PET-CT no estadiamento do câncer epidermoide de cabeça e pescoço. Chedid et al. de estadiamento em 11, com mudança de conduta oncológica em dois pacientes. A mudança de conduta excluiu a proposta de resgate uma vez que foi detectada maior extensão da doença nos dois casos. Nos 11 casos que não apresentavam sinais de recidiva, a PET-TC foi suspeita em um caso de recidiva local, que foi confirmada posteriormente, e detectou uma recidiva regional. Em dois casos, o exame foi realizado em pacientes recebendo cuidados paliativos com sobrevida superior à esperada, descartando doença em um deles e identificando no segundo paciente um possível segundo tumor primário no reto. Em um caso isolado, a PET foi utilizada como método auxiliar inicial em um caso de doença consumptiva, sendo diagnosticado um tumor primário pulmonar. Nos 20 casos do exame realizado após o tratamento e com suspeita de recidiva no exame loco-regional, 12 eram na faringe, cinco na laringe, dois na boca e um caso de tumor primário oculto. Somente seis casos foram submetidos ao tratamento cirúrgico inicial. casos teve por objetivo avaliar os benefícios e limitações do método em diversas situações. A utilização da PET-CT no planejamento do tratamento inicial mostrou-se sem impacto significativo na prática clínica quando indicada nos estádios clínicos precoces (I e II), sendo abandonada a indicação. A literatura demonstra a detecção pela PET-CT de tumor primário oculto metastático no pescoço em 25% a 40% dos casos, com os exames convencionais e as pan-endoscopias negativas, além do poder adicional de orientar eventual biópsia8,9. Todavia, nos quatro casos submetidos ao exame na apresentação inicial, demonstrou-se supérflua quando comparada a um exame locoregional completo, minucioso e realizado por mais de um especialista – cirurgião de cabeça e pescoço. Embora a utilização da PET-CT seja crescente em nosso meio, não se sabe qual o impacto que isso poderia representar no re-estadiamento do carcinoma de cabeça e pescoço. Nos 12 casos desse estudo que levaram à mudança de conduta oncológica, oito pacientes realizaram o exame na presença de suspeita clínica de recidiva loco-regional, doença residual/persistente, metástase à distância ou indicação da PET-CT no seguimento pósradioterapia/radioquimioterapia com ou sem dúvida na tomografia computadorizada. Esses oito casos foram reestadiados pelo exame e, embora, os nossos resultados não nos permitam levantar tal hipótese, com o aumento do número de pacientes com câncer na cabeça e pescoço, seria possível no futuro, um estudo para demonstrar o diagnóstico de doença subclínica com o PET-CT positivo. A PET-CT apresenta, ademais, alto valor preditivo negativo, sendo seu resultado negati-vo indicativo de alta probabilidade de ausência de doença. Sendo assim, nos poderia ser mais útil no re-estadiamento pósterapêutico. Tais questões são particularmente significativas nos carcinomas de laringe e hipofaringe, devido ao alto potencial de cura das lesões laríngeas que impõe a consideração de tratamento com preservação da função fonatória, a saber, as laringectomias parciais e a radioterapia, exigindo estrito acompanhamento pós-tratamento pela possibilidade de resgate cirúrgico com finalidade curativa, em muitos casos; e, a alta agressividade biológica das lesões de hipofaringe que vem questionando o paradigma do procedimento terapêutico cirúrgico inicial mutilador para associações de radioterapia e quimioterapia. Os primeiros trabalhos na literatura demonstrando a utilização do exame para detecção de doença subclínica após o tratamento inicial em pacientes assintomáticos, apresentam índices de 20% (24/123) de diagnóstico de recidivas, sendo o evento mais frequente a metástase à distância. Dentre os pacientes re-tratados com doença em estádio precoce (I e II), os resultados de sobrevida livre de doença foram desfavoráveis10. Todavia, devemos considerar o pequeno número de pacientes tratados no resgate e questionar se devemos utilizar o exame em todos os casos no seguimento ou em pacientes selecio- Discussão O exame de PET-CT é uma valiosa arma no arsenal de estadiamento e planejamento terapêutico dos pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço, sendo disponibilizado pela Secretária da Saúde do Estado de São Paulo, nos últimos três anos, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). Portanto, um exame de alto custo e indisponível em vários locais, passou a ser considerado disponível como outros métodos de diagnósticos complementares. Os tumores da cabeça e pescoço são acessíveis ao exame físico e os métodos complementares pouco adicionam ao exame feito pelo especialista. Em relação ao estadiamento inicial, talvez os pacientes com maior risco de metástases à distância, ou seja, aqueles com extensa doença linfonodal, poderiam beneficiar-se do método. Em relação ao estadiamento do pescoço N0, a PET não tem sensibilidade e especificidade adequadas para substituir o esvaziamento eletivo, portanto, não altera a conduta baseada no exame físico. Outro fator de relevância crescente na literatura, quanto ao diagnóstico e ao estadiamento iniciais é a utilização da PET-CT nas lesões de orofaringe, associando os índices médios de SUV com o status do papilomavírus (HPV), fator prognóstico em tais tumores. Índices médios de SUV máx iguais ou superiores a 7.0 apresentam associação com maior probabilidade de risco negativo para o HPV4. As indicações clínicas dos 50 exames iniciais não foram alicerçadas tão somente em evidências científicas, tais como a suspeita de metástase a distância na apresentação inicial; no diagnóstico de tumor primário oculto após a investigação usual; na avaliação da resposta de radioterapia após 3 meses e na suspeita clínica e/ou de exames de imagem sugestivos de doença residual /recidiva5-7. A indicação mais liberal do exame nesta série de Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.42, nº 3, p. 153-156, julho / agosto / setembro 2013 – ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 155 Análise do PET-CT no estadiamento do câncer epidermoide de cabeça e pescoço. Chedid et al. nados, uma vez que a metástase a distância foi a ocorrência mais frequente no resultado das PET-CT scans11. Na nossa casuística, dentre os exames realizados no pós-tratamento e com suspeita de recidiva no exame loco-regional, em um caso a conduta médica foi alterada, submetendo-se o paciente ao esvaziamento cervical. Talvez o maior benefício da PET nos tumores de cabeça e pescoço seja o diagnóstico precoce de recidivas, especialmente nos pacientes submetidos a reconstruções complexas. Também, é útil na difícil avaliação de doença residual após tratamento radioterápico. Contudo, a PET negativa não permite espaçar o seguimento desses pacientes, que deve ser realizado mensalmente nos primeiros 12 a 18 meses pós-tratamento. A imagem tomográfica ainda é relevante para o diagnóstico das recidivas e avaliação da ressecabilidade. Como a tomografia realizada na PET geralmente é de baixa resolução e sem contraste, acaba sendo necessário repetir o exame tomográfico nesses pacientes. Indiscutivelmente, a PETTC é um exame com grande potencial na área da oncologia, embora modifique a conduta em poucos casos. Ainda não é possível avaliar o seu efeito nos resultados do tratamento, que deve ser ainda menor uma vez que exames não alteram a evolução da doença. Em algumas situações pode ter uma relação custo-benefício muito superior aos métodos complementares tradicionais, como no caso de síndrome consumptiva descrito e pode ser empregada antes mesmo de outros métodos mais simples. Assim como qualquer recurso complementar, deve ser usado com critério para que esteja disponível em tempo hábil quando realmente imprescindível, além de fornecer informação importante na condução do caso ao invés de causar confusão. tológico. Os exames de imagem, em especial, a complementação com imagens metabólicas e anatômicas – PET-CT – ficam para um segundo momento, com a maior finalidade de auxiliar no re-estadiamento da recidiva loco-regional. Conclusões O diagnóstico e o estadiamento clínico dos carcinomas das vias aerodigestivas superiores fazem-se por meio do exame direto com biópsia e o exame histopa- Referências 1. Curioni OA, Souza RP, Amar A, Viana D, Rapoport A, Dedivitis RA, Cernea CR, Brandão LG. 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