"O Mar Não Está Pra Peixe 2: Tubarões à Vista" é didático em excesso

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"O Mar Não Está Pra Peixe 2: Tubarões à Vista" é didático em excesso
Publicado por: : Rosiane Souza
Qui, 01 de Novembro de 2012 11:17
Pê, o protagonista, quer defender o recife com luta
No cinema pré-Disney/Pixar as animações tinham uma compreensão simples e
fundamentalmente faziam rir e educar. Os primeiros filmes do império de Walt Disney também
eram estáticos, moldados a essa espécie e lineares. Com o advento da televisão, animação,
tecnologia e avanços sociais começaram (aos poucos) a falar a mesma palavra. Adultos se
embebedaram das histórias e essa plataforma enquanto representação de um conto, seja ele
infantil ou cabeça, fincou palanque no cinema mundial. Nesse prisma, soa estranho que “O
Mar Não Está Pra Peixe 2: Tubarões à Vista” exista.
O filme sequencia “O Mar Não Está Pra Peixe”, que mal conseguiu se pagar e acabou direto
em DVD em muitos países, sem grandes novidades. Na nova história, Pê vive seu cotidiano
no recife junto dos amigos e da família até que o tubarão Troy, seu grande desafeto do
passado, volta (mais forte) para devorá-lo junto de seus próximos. Mas nada é tão simples
quanto parece e os roteiristas Chris Denk e Johnny Hartmann adicionaram à história
subtramas que se perdem completamente com o tempo, da espera dos tubarões pela maré
alta ao teatro para trazer ao recife mergulhadores.
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Publicado por: : Rosiane Souza
Qui, 01 de Novembro de 2012 11:17
Os temidos tubarões do oceano
O excesso de didatismo descarado aponta para um público pouco usual no cinema, as
crianças de cinco a dez anos. “O Mar Não Está Pra Peixe 2”, portanto, funciona enquanto
iniciação sensorial do papel da imagem e das suas relações com o cotidiano e a ficção, mas
deve fazer dormir pais e mães. A surpresa do filme é ir contra a corrente, já que o que vinha
ocorrendo na produção mundial eram curtas-metragens cada vez mais elaborados – fora dos
grandes estúdios inclusive, com grande representação crítica – e blockbusters arrebatadores
em inovação (textual, tecnológica e metalinguística). E a partir desse aspecto o que à primeira
vista pode soar extremamente pedante é na verdade “educativo”.
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Publicado por: : Rosiane Souza
Qui, 01 de Novembro de 2012 11:17
Pê logo de cara é mostrado como o peixe mais forte do recife, uma espécie de líder, mas
imperativo. Sempre que dá, passa conselhos ao primogênito, orienta amigos e age com
destreza. Mas vê a normalidade do recife ameaçada com a invasão dos tubarões. A ele resta
um único plano: ensinar os amigos a lutar. Troy, o tubarão, também tem um plano e envia ao
recife um filhote de predador para servir de espião. A ideia desse James Bond do mal é atrair
mais humanos ao recife com uma apresentação teatral (?!?) e consequentemente livrar o lugar
da ira dos tubarões. A ideia, obviamente, se contrapõe ao planejado por Pê.
Mulher de Pê e o tubarão disfarçado
Os conflitos que surgem a partir de então “nadam” entre a sabedoria do mais velho, o talento
nato de cada peixe, perdão, arrependimento, amizade, amor, saudade, bons modos e
organização. Criam-se armadilhas, repete-se o enredo de “Esqueceram de Mim” e as quebras
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Publicado por: : Rosiane Souza
Qui, 01 de Novembro de 2012 11:17
de ritmo e tino para integrar melhor as tramas se entregam facilmente. O final é batido, as
sequências e a utilização de muitas cores também. Era o que os produtores julgaram ideal
para o que conseguiram criar.
“O Mar Não Está Pra Peixe 2: Tubarões à Vista” se perde quando tenta ser referencial ou
eficaz como “Procurando Nemo”. Ao invés de encarar a oportunidade para tratar diversos e
pequenos aspectos sob outro ângulo, age no modus operandi que boa parte do público se
acostumou a assistir em intermináveis sessões da tarde.
Essa animação se transforma assim num representante da formação boa moça do ser
humano, que religião e pressões familiares/históricas sempre cuidam de tratar. O espaço para
liberdade criativa é encurtado. Assim como a própria liberdade pessoal. Tenho a impressão
que esse roteiro nas mãos da Pixar poderia soar assim: peixe com histórico de perdas se
perde na sua cultura do egocentrismo e é ajudado pelos amigos (cada qual expressa uma
mazela e uma qualidade). Teríamos meia hora de silêncio. E não um dragão em pleno oceano.
Fonte:http://www.pop.com.br
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