Memória dos Catadores de Materiais Recicláveis de Assis (2001-2007) (risos). Não tem nenhum galã, não, né. São tudo feio mesmo (risos). Não tem nenhum Gianechini aqui não, mas também estamos participando (risos). Se tivesse avisado, tinha passado pelo menos uma maquiagem, né (risos). Entrevistadoras: E sobre as atividades de formação, você participa? — C.D.O.: As atividades de formação política, a gente discutiu um pouquinho. Como é construir a política, como acessar as políticas. Eu participei da discussão da Lei de Resíduos. Ela durou vinte anos para ser aprovada. Mas, na reta final a gente conseguiu participar do Plano Nacional de Resíduo. Eu participei de cinco discussões. Ajudei amarrar as coisas para colocar lá dentro. E a minha participação dentro do movimento, eu faço parte da articulação política do movimento nacional. Então, eu participei dessa discussão. Do plano estadual eu participei também da [discussão] dos resíduos: da discussão e das audiências. Então, foi muito importante isso, porque isso aí não dá para você ficar assistindo só. Tem que participar. A gente foi lá, fez articulação, fez amarração política. Foi muito importante isso. E isso é um processo. A formação é um processo contínuo. Você não tem como parar porque tem sempre demanda de informação. Às vezes, era para a economia solidária, para o cooperativismo. Hoje, a demanda é outra. Comercializar em rede e cooperativismo de segundo grau. Então, é um processo, não se acaba, né. Porque a gente está descobrindo, está participando ativamente. Entrevistadoras: Faz quanto tempo que você está na direção da Cooperativa? — C.D.O.: Então, eu participei na segunda gestão como diretor vogal. Aí, em 2006, teve eleição. Eu fui eleito presidente, né. E hoje estou no processo de reeleição. Está terminando, também. Em dezembro termina. Aí é outra diretoria. Tive dois mandatos. Mais presidente trabalha do mesmo jeito. Não ganha pelo cargo. Entrevistadoras: Não tem benefícios? — C.D.O.: Não tem. Só cumulativo. Tem que trabalhar, presidir e assinar. E responder criminalmente. Bem complicado o negócio de ser presidente, meu Deus do céu. Geralmente a gente tem trabalho e recebe no final do mês. Aqui, a gente tem um processo todo. Então, você tem que trabalhar, gerenciar e pagar as contas da Cooperativa e tirar renda disso. Não é um processinho assim. Você chegou aqui oito horas e deu seis horas e seu dia terminou. Não! Você tem que vê se está produzindo, pois não é um processo simples. É difícil todo dia a gente matar um urso. Choveu hoje ou não, você tem que trabalhar. Tem que se organizar e puxar mais o horário, vir no final de semana para dá conta. A gente é responsável por todo o resíduo da cidade, né. Então, é muita irresponsabilidade. E estou aqui. Todo esse processo de coleta seletiva, do trabalho ninguém ensinou. A gente aprendeu. Entrevistadoras: Aprendeu na prática? — C.D.O.: Na prática, então, para quem está vindo, e para os grupos que estão nascendo, 133