UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO E DOUTORADO EDILENE CASTRO DOS SANTOS VALIDAÇÃO DE PROTOCOLO ASSISTENCIAL DE ENFERMAGEM PARA O PACIENTE EM PROCESSO DE TERMINALIDADE NATAL Janeiro / 2015 EDILENE CASTRO DOS SANTOS VALIDAÇÃO DE PROTOCOLO ASSISTENCIAL DE ENFERMAGEM PARA O PACIENTE EM PROCESSO DE TERMINALIDADE Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Área de Concentração: Enfermagem na Atenção à Saúde Linha de Pesquisa: Desenvolvimento Tecnológico em Saúde e Enfermagem Orientadora: Prof.ª Dra. Alexsandra Rodrigues Feijão NATAL Janeiro / 2015 Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN VALIDAÇÃO DE PROTOCOLO ASSISTENCIAL DE ENFERMAGEM PARA O PACIENTE EM PROCESSO DE TERMINALIDADE Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Aprovada em:_____/_____/______. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________________ Prof.ª Dra. Alexsandra Rodrigues Feijão (Presidente) Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN _______________________________________________________________ Prof. Dr. Ednaldo Cavalcante de Araújo (Titular) Universidade Federal de Pernambuco-UFPE _______________________________________________________________ Prof.ª Dra. Rejane Maria Paiva de Menezes (Titular) Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN Primeiramente, dedico esta dissertação ao meu irmão, Marcos César (in memoriam), que ao longo da minha vida foi meu mestre, companheiro e amigo. Que em meio ao sofrimento de sua enfermidade nunca perdeu a capacidade de amar, sorrir e, acima de tudo, ter fé. Ele foi minha maior inspiração para a concretização desta pesquisa, pois suas atitudes diante da terminalidade de sua vida me fizeram adquirir um novo olhar diante da morte. Sua trajetória foi marcante no decorrer dos 29 anos de convivência. Batalhou arduamente pela vida e inesperadamente sua finitude chegou, retirando de nós o seu sorriso e as belas canções que compusera. Tenho a certeza que sempre esteve ao meu lado quando não sabia mais como proceder. Hoje, sou grata a Deus por ter escolhido você para ser meu irmão, o nosso caçulinha, e pela oportunidade de aprender com teus ensinamentos vitais. Finalmente, dedico também a minha querida paciente Analayflan, a qual viveu sua finitude ao meu lado. Exercer com ela uma assistência de qualidade no final da vida diante das dimensões humanas foi primordial na construção deste protocolo assistencial. Diante dessas duas pessoas que hoje habitam no reino celeste, o processo de morrer configurou um novo significado para minha vida e percebi que cada gesto humano faz sentido, uma vez que somos finitos. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço a Deus, criador de todas as coisas e pai de infinita misericórdia, o qual através da iluminação e sabedoria me proporcionou fortaleza para concretizar mais esse sonho. A Jesus Cristo e Maria Santíssima, pois na representação da “Pietà” a morte deixa de causar medo, apenas um cuidar para que ela seja serena, digna, sem dores e cercada da família e amigos. Aos amados pais, José Lourenço e Maria da Salete, pela educação proporcionada, pelo amor e por mostrarem capacidade de enfrentar a vida com determinação e honestidade. A Pedro, meu esposo, pelo total desprendimento, companheirismo e incentivo para realização dessa vitória. A minha sogra, Antônia Rodrigues, e cunhadas, Maria das Neves e Maria da Conceição, pelo apoio, carinho e por fazerem parte da minha nova família. Aos meus familiares e amigos, principalmente aos legionários de Maria, pelos domingos de ausência no grupo. À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo acolhimento e retorno à academia após 10 anos, e por ser propulsora para realização dessa etapa da vida profissional. Ao Departamento de Enfermagem da UFRN, representado pela coordenadora do Programa de Pós Graduação em Enfermagem, Profa. Dra. Ana Luisa Brandão de Carvalho Lira, pela oportunidade de mostrar novos desafios para a enfermagem. A todos os professores da Pós-Graduação em Enfermagem, pelo compartilhamento de novos saberes. A minha querida orientadora, Prof.ª Dra. Alexsandra Rodrigues Feijão, pelos ensinamentos, compreensão e acolhimento. Ao Centro Universitário do Rio Grande do Norte e Estácio-Fatern, através da coordenadora do Curso de Enfermagem Rejane Millions e Elizabete Couto, respectivamente, pela compreensão nos momentos de ausência, bem como aos colegas de trabalho pela força. A todos os professores da Escola de Enfermagem da UFRN e, principalmente, a Diretora Edilene Rodrigues, pelo carinho no decorrer dos anos que dediquei-me ao ensino nessa Instituição. Aos funcionários, Sebastião, Zefinha e Aparecida, pelo suporte e carinho. Aos meus pacientes que, ao longo do exercício profissional em UTI, pude compartilhar com eles os cuidados paliativos. Aos queridos alunos, pela dedicação em participar ativamente das discussões na disciplina Tanatologia instituída no UNI-RN durante o decurso do Mestrado. Aos colaboradores da minha pesquisa, os quais doaram seu precioso tempo para avaliar meu instrumento viabilizando, assim, o andamento do estudo. Enfim, a todos que direta e indiretamente contribuíram para o alcance desta jornada. “Trouxeste toda cor, o brilho da natureza, o som de todos os sons, o canto que engrandece [...] Aos males, o saber; às lágrimas a alegria, do chão aos corações jamais faltou a vida” (Marcos Santos) SANTOS, E.C. Validação de protocolo assistencial de enfermagem para o paciente em processo de terminalidade. Natal, 2014. 133f. Dissertação (mestrado em enfermagem) – Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2014. RESUMO A terminalidade configura-se num assunto geralmente evitado, embora todos tenham ciência de sua inevitabilidade. Sobretudo, não se caracteriza como uma tarefa de fácil discussão diante da sociedade, pois se vivencia com angústia os momentos da finitude. O estudo teve como objetivo validar uma proposta de protocolo assistencial de enfermagem para pacientes em terminalidade internados em Unidades de Terapia Intensiva no município de Natal-RN. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, do tipo metodológico, no qual realizou-se primeiramente uma revisão integrativa da literatura. A validação resultou do julgamento de experts envolvidos na assistência e/ou docência. A amostra ocorreu por intencionalidade e os colaboradores foram selecionados pela análise de Currículo Lattes com a adaptação do sistema de pontuação proposto por Fehring, totalizando 11 enfermeiros, mediante aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Os critérios de inclusão foram enfermeiros experts em terminalidade atuantes como assistencialistas e/ou docentes das disciplinas de tanatologia, bioética ou afins. A operacionalização ocorreu por meio da concordância entre as respostas obtidas pelo Índice de Validade de Conteúdo através da avaliação dos juízes em uma rodada. Como resultados, a revisão mostrou os seguintes elementos da assistência de enfermagem: o alívio da dor, promoção de conforto, higiene, afeto, reavaliação de suporte ventilatório, hidratação, aplicação de compressas, posicionamento do paciente, toque e uso de musicoterapia; apoio psicológico e espiritual de paciente e família elencados por domínios de cuidado. Os aspectos bioéticos trataram o respeito à autonomia e dignidade dos pacientes, além da comunicação com os familiares ser deficitária. Foram avaliados 15 itens, sendo nove correspondentes ao histórico de enfermagem e seis referentes às intervenções de enfermagem durante o processo de enfermagem na terminalidade, no qual apresentou-se favorável para 0,9 de IVC. Das 165 respostas, 67,27% mostraram-se adequados; 30,91% adequados com alterações e somente 1,82% foi considerado inadequado, o que atesta a validade de conteúdo em 67% das respostas elaboradas pelos juízes. Diante das sugestões dos juízes, procurouse reformular o protocolo buscando uma melhor compreensão e clareza dos itens que compunham o instrumento, visando a torná-lo exequível. A importância do estudo para a enfermagem de cuidados paliativos destaca-se pela uniformidade das ações no fim de vida para que seja assegurada uma assistência mais humana e de qualidade. Palavras-chave: Enfermagem de Cuidados Paliativos. Enfermagem. Pesquisa Metodológica em Enfermagem. Assistência de SANTOS, E.C. Assistance protocol Validation of nursing for the patient in process of Terminality. Natal, 2014. 133f. dissertation (master's degree in nursing) - Nursing Department, University Federal of Rio Grande do Norte, 2014. ABSTRACT The context of the terminality sets up a subject generally avoided even though everyone has their science inevitability. Above all, it is characterized as an easy task discussion on society, because if experience with anguish the moments of finitude. This study aimed to validate a proposed for nursing assistance protocol for terminally ill patients admitted to Intensive Care Units in the municipality of Natal-RN. This is a cross-sectional study, descriptive methodological type, where there was first an integrative review of the literature. Validation resulted from the judgment of experts involved in assistance and/or teaching. The sample occurred by intentionality and collaborators were selected through analysis of curriculum Lattes with the adaptation of the scoring system proposed by Fehring totalling 11 nurses upon approval of the Committee of ethics in research. The points of inclusion were nurses complete experts acting as paternalistic and/or teachers of disciplines of thanatology, bioethics or the like. The operation occurred through the concordance between the answers obtained by content Validity index through the evaluation of judges in a round. As a result, the review showed the following elements of nursing care: pain relief, promoting comfort, hygiene, affection, appreciation of ventilatory support, moisturizing, application of compresses, patient positioning, touch and use of music therapy; psychological and spiritual support of patient and family listed by areas of care. The operation occurred through the concordance between the answers obtained by content Validity index through the evaluation of judges in a round. As a result, the review showed the following elements of nursing care: pain relief, promoting comfort, hygiene, affection, appreciation of ventilatory support, moisturizing, application of compresses, patient positioning, touch and use of music therapy; psychological and spiritual support of patient and family listed by areas of care. Bioethical aspects dealt with respect for the autonomy and dignity of patients, in addition to communicating with the families be deficient. Assessed 15 items, being 9 corresponding to the history of nursing and 6 regarding nursing interventions during the nursing process on completion, where it presented itself in favour to 0.9 of IVC. Of the 165 replies, 67.27% proved to be appropriate; 30.91% suitable with changes and only 1.82% inadequate consideration, which attests to the validity of content in 67% of responses prepared by the judges. On the suggestions of the judges sought to redesign the Protocol mostly seeking greater understanding and clarity of the items composing the instrument in order to make it feasible. The importance of the study to the palliative care nursing is distinguished by the uniformity of the shares at the end of life by ensuring a more humane and quality assistance. Keywords: Palliative care Nursing; Nursing care; Methodological research in nursing. LISTA DE REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS Figura 1: Fluxograma de seleção dos artigos. Natal/RN, 2014...................................................................................................................34 Figura 2: Achados da revisão integrativa dispostos em categorias. Natal/RN, 2014...................................................................................................................45 Figura 3: Victoria Hospice Society. J Pall Care, v. 9, n. 4, p. 26-32. Tradução livre de Maria Goretti Maciel/Ricardo Tavares de Carvalho, 2009..................................................................................................................59 Quadro 1: Variáveis do protocolo assistencial. Natal/RN, 2014..................................................................................................................36 Quadro 2: Critério para a seleção de experts (LIRA e LOPES, 2011; FEHRING, 1987).................................................................................................................37 Quadro 3: Requisitos a serem analisados para cada um dos itens da avaliação sobre o processo de terminalidade. Natal/RN, 2014..................................................................................................................38 Quadro 4: Distribuição temporal dos artigos selecionados de acordo com código, título, periódico, autor, base dados, ano e nível de evidência. 2014..................................................................................................................42 Tabela 1: Perfil dos juízes, Natal/RN, 2014...................................................................................................................46 Tabela 2: Estatística descritiva das variáveis demográficas dos juízes da pesquisa. Natal/RN, 2014...................................................................................................................46 Tabela 3: Análise da validade do conteúdo dos itens do protocolo assistencial proposto. Natal/RN, 2014...................................................................................................................47 Tabela 4: Classificação quanto ao nível de concordância entre os juízes da pesquisa. Natal/RN, 2014...................................................................................................................48 Tabela 5: Itens do protocolo assistencial avaliados pelos juízes da pesquisa. Natal/RN, 2014..................................................................................................49 Gráfico 1: Validação de aplicação dos Itens, Natal/RN, 2014...................................................................................................................48 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ANCP Academia Nacional de Cuidados Paliativos CEP Comitê de Ética em Pesquisa CP Cuidados Paliativos CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CIPE Classificação de Intervenções para a Prática de Enfermagem DECS Descritores em Ciências da Saúde ECG Escala de Coma de Glasgow EVA Escala Visual Analógica ESAS Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton EDK Escala de Desempenho de Karnofsky HQLS Hospice Quality of Life Scale IVC Índice de Validade de Conteúdo LET Limite de Esforço Terapêutico LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe MESH Medical Subject Headings MEDLINE Literatura internacional em Ciências da Saúde MQOL-CSF McGill Quality of Life Questionnaire-Cardiff Short Form NE Nível de Evidência NIC Nursing Outcomes Classification NOC Nursing Interventions Classification OMS Organização Mundial de Saúde PPS Palliative Performance Scale PQLI Palliative Care Quality of Life Instrument QV Qualidade de vida SUS Sistema Único de Saúde SiELO Scientific Electronic Library Online SPSS Statistical Package for Social Science TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UTI Unidade de Terapia Intensiva SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................12 2 OBJETIVO.............................................................................................................................................17 3 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................................................18 3.1 O CUIDAR NA TERMINALIDADE......................................................................................................18 3.2 A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DURANTE O PROCESSO DE TERMINALIDADE................24 2.1.1 Práticas Complementares e os cuidados paliativos...........................................................27 2.1.2 Comunicação do enfermeiro com familiares.......................................................................27 3.3 A QUALIDADE DE VIDA NO PROCESSO DE MORRER................................................................28 4 MÉTODO...............................................................................................................................................31 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO....................................................................................................31 4.2. PROCEDIMENTO DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS..............................................................32 4.2.1 Primeira etapa: Revisão Integrativa.............................................................................................32 4.2.2 Segunda etapa: Elaboração do protocolo e validação de conteúdo........................................35 4.3 VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO IVC......................................................................................................39 4.4 ASPECTOS ÉTICOS..........................................................................................................................40 5 RESULTADOS......................................................................................................................................41 5.1 ACHADOS DA REVISÃO INTEGRATIVA..........................................................................................41 5.2 PERFIL DOS JUÍZES..........................................................................................................................44 5.3 DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS DA VALIDADE DE CONTEÚDO................................................46 5.4 ADEQUAÇÃO DO PROTOCOLO ASSISTENCIAL............................................................................49 6 DISCUSSÃO .........................................................................................................................................52 6.1 ANÁLISE QUANTO À REVISÃO INTEGRATIVA...............................................................................52 12 1 INTRODUÇÃO O processo de terminalidade perpassa a vida humana, principalmente, a dos enfermeiros assistenciais atuantes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) que no cotidiano do exercício profissional se deparam com situações de enfrentamento da morte. O conceito de morte é um assunto geralmente evitado, embora todos tenham ciência de sua inevitabilidade, sobretudo, por não ser uma tarefa de fácil discussão perante a sociedade atual devido ser vivenciada com angústia a consciência da própria finitude. Entretanto, o tema nem sempre foi visto dessa maneira, na Idade Média, era abordado no âmbito familiar sem nenhuma dramaticidade ou eloquência. Com o advento da globalização, que é um processo de estruturação mais recente da sociedade, a morte tem sido encarada como um tabu favorecendo, dessa maneira, o distanciamento do convívio familiar em detrimento ao ambiente hospitalar. (SANTOS; BUENO, 2010) Nessa perspectiva, as pesquisas desenvolvidas nos estudos de Silva e Teixeira (2013) têm como objetivo oferecer uma melhor assistência à saúde das pessoas acometidas de uma enfermidade em estágio avançado, na tentativa de causar menos impacto no seu processo de terminalidade, com a redução de efeitos colaterais das terapias medicamentosas, a fim de estabelecer qualidade de vida. O efeito dessa realidade ser investigada em UTI ocorre por se tratar de um setor, onde o enfermeiro atua com frequência no cuidado direto às pessoas sem possibilidades de cura, salientando ser este profissional detentor de um conhecimento especializado e de outras demandas que exigem cuidados diferenciados e individualizados. Diante disso, a assistência de enfermagem durante o processo de terminalidade deverá estar pautada na padronização das ações no final de vida, desenvolvendo um cuidado sistematizado, seguro e de qualidade. 13 Considerando a abrangência do processo do cuidar no contexto da terminalidade, cabe citar Boff (2014) quanto à valorização do indivíduo e a sua capacidade de acolher a vida com base em suas virtudes e entusiasmo mas também em sua finitude e mortalidade. Isto traduz a capacidade de conviver, de crescer e de humanizar-se com estas dimensões de vida, de doença e de morte. Com respaldo, o cuidado deve permear toda a conduta durante o processo de existência a fim de promover qualidade e assistência holística. O cuidado deve envolver toda a estrutura do ser humano, nas dimensões do ser social, biopsíquico e espiritual, resgatando sua essência na tentativa de um melhor enfrentamento diante do processo de concretude da vida. Conforme Chaves e Massarollo (2008), o avanço tecnológico e científico contribuiu sobremaneira para o grande emprego de recursos na manutenção da vida fazendo com que novas formas de tratamento surgissem como esperança para o enfrentamento de diversos problemas tornando possível, portanto, a extensão dos limites da existência. Neste sentido, as instituições hospitalares tornaram-se espaços privilegiados para o desenvolvimento dessas tecnologias acompanhando o progresso científico da humanidade na medida em que se observa a crescente mercantilização da saúde. Para facilitar o diagnóstico e o tratamento, houve um aumento significativo nos números das internações e, dentre os pacientes internados, havia os que necessitavam de cuidados mais especializados em face ao grau de complexidade e medidas de suporte para a manutenção de suas funções vitais. Dentre esses cuidados, estão a reanimação cardiopulmonar, a diálise, uso de antibióticos de amplo espectro, a inserção de cateteres de artéria pulmonar, entre outros que tiveram seu uso intensificado da metade para o final do século XX. As práticas utilizadas para combater a mortalidade juntamente às iniciativas públicas de melhoria no saneamento carregavam a promessa de tratar as causas de morte, tão quanto estender a vida, gerando um aumento na expectativa de vida no ano de 2000 para 77 anos (MORTON E FONTAINE, 2013). 14 Esse aumento da sobrevida gerou um número considerável de pacientes internados nas UTIs e, consequentemente, a vivência frequente cada vez mais do profissional enfermeiro no processo de terminalidade. Surge, nessa conjuntura, a presença dos cuidados paliativos na tentativa de amenizar o sofrimento das pessoas que estão no final de vida. Morton e Fontaine (2013) ressaltam que os cuidados paliativos abordam três níveis de ação: o primário, de responsabilidade dos enfermeiros para intervirem diretamente no alívio dos sinais e sintomas, além de minimizar o sofrimento; o secundário, oferecido pelos especialistas em hospices, proporciona subsídios para os profissionais de nível primário; e o cuidado paliativo terciário diz respeito às pesquisas para a aquisição de novos conhecimentos e disseminação através de programas educacionais. No estudo ressaltado por Silva, Quintana e Nietsche (2012) destacase a escassez dessa temática no tocante a implementação de protocolos assistenciais que indiquem padronização no cuidado aos pacientes em fase terminal, tornando ainda mais desafiadora à assistência de enfermagem com impossibilidades de uma ação profissional mais objetiva. O anseio em estudar o contexto de terminalidade da vida surgiu ao longo dos 5 anos de atuação em UTI adulta de uma Instituição privada situada na cidade de Natal-RN, onde pude perceber que as ações da equipe de enfermagem eram executadas com dificuldade, uma vez que inexistia padronização dos cuidados e quais seriam as condutas sobre as questões de distanásia versus ortotanásia, bem como uma situação pessoal de um ente querido que desejava não mais sofrer com o tratamento quimioterápico no momento da recidiva da leucemia. Observa-se que, nas UTIs, o convívio com os pacientes graves e, inevitavelmente, com a morte constante, sobretudo, as implicações pessoais, legais, éticas e profissionais que esse contexto encerra, determinam que a equipe atuante busque conhecimento especializado a respeito do assunto, de maneira a construir seu próprio juízo crítico, o qual é permeado por dilemas éticos, condutas e comportamentos que envolvem a situação de morte no ambiente hospitalar. 15 Partindo da necessidade de estabelecer critérios para nortear a assistência de enfermagem durante o processo de morte e morrer, o referido estudo propiciou a elaboração e validação de um protocolo assistencial de enfermagem para atender pacientes em seu processo de terminalidade. O uso de protocolos assistenciais na atenção aos pacientes sob as condições finais de vida é de suma importância, uma vez que torna a assistência de enfermagem sistematizada. Associa-se ao uso da Classificação da Intervenções de Enfermagem (NIC) para que as ações sejam uniformizadas e resultados efetivos, proporcionando, assim, um atendimento mais humano, um morrer digno e menos sofrível. Percebe-se o uso de protocolos para vários níveis da assistência curativa (curativos, ventilação mecânica, drogas vasoativas, cateterismo vesical e gástrico etc), porém, no tocante a terminalidade da vida, não há intervenções norteadas nas dimensões humanas durante este processo, mas sim, voltadas para o preparo do corpo propriamente dito. Concebe-se que há instrumentos voltados para pacientes em fase terminal, entretanto, o uso em unidades de terapia intensiva na assistência de enfermagem ainda inexiste. A escassez desses protocolos, bem como de sua observância na prática profissional, impulsionou-nos a desenvolvê-los. Para isso, torna-se imprescindível a validação destes antes da aplicabilidade, uma vez que conferem confiabilidade nos quesitos do instrumento e transformam-se em subsídios para futuros estudos nesse enfoque. A partir disso, esta pesquisa traz a seguinte questão norteadora: o protocolo assistencial de enfermagem para pacientes internados em UTI em processo de terminalidade proposto neste estudo possui validade de conteúdo? A necessidade de formação e aprimoramento constante de profissionais que atuam em unidades de terapia intensiva é inquestionável, inclusive, quanto aos aspectos humanísticos para a promoção do cuidado holístico. Assim, a prática baseada em evidência deve permear esse processo, sendo um elo das evidências extraídas da literatura científica e das atividades assistenciais do enfermeiro. 16 Com isso, justifica-se a importância da elaboração um protocolo que subsidie a assistência de enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva durante o processo de terminalidade, uma vez que os estudos sobre esta temática são escassos, o qual se apresenta no cotidiano da vida profissional dos enfermeiros. Portanto, a escassez de estudos sobre o tema, bem como a carência no Brasil de protocolos assistenciais de enfermagem implementados para cuidados paliativos e executados em tais circunstâncias, contribuiu na decisão de sua realização. Concebe-se que o referente estudo poderá trazer contribuições aos serviços e enfermeiros prestadores de assistência aos pacientes terminais não só na seara da reflexão a respeito dos aspectos que envolvem a assistência de enfermagem no processo de terminalidade, como também numa ação efetiva, pois a implementação do protocolo contribuirá significativamente para o cuidado humanizado e de qualidade no fim de vida proporcionando, dessa maneira, uma morte digna e sem maiores sofrimentos. Além disso, por ser um tema pouco estudado, tem potencial para subsidiar novas pesquisas contribuindo para a ampliação do conhecimento científico em enfermagem e para uma atuação mais efetiva no processo de morte e morrer, pois também servirá como auxílio relevante no ensino do cuidado aos pacientes terminais e na realização do registro desses cuidados por toda a equipe cuidadora favorecendo os aspectos ético e legal servindo como fonte de pesquisas retrospectivas neste âmbito. A questão sobre terminalidade da vida atualmente vem sendo estudada por se tratar de um tema instigante e que poucos profissionais da saúde refletem sobre isso. Com isso, propõe-se a pesquisá-la para que assim haja uma melhor assistência de enfermagem e de qualidade dos cuidados prestados aos pacientes terminais internados em unidades de terapia intensiva na região do Nordeste, onde este assunto é pouco debatido em virtude das culturas imbuídas em cada profissional durante o seu processo de formação. 17 2 OBJETIVO Validar uma proposta de protocolo assistencial de enfermagem para pacientes em terminalidade internados em Unidades de Terapia Intensiva. 18 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 O CUIDAR NA TERMINALIDADE DA VIDA Relativo ao processo de morte e morrer, no início do século XIX, as pessoas não o experienciavam durante muito tempo, pois o espaço de tempo entre adoecer e morrer era curto. Na Antiguidade, a morte era esperada no leito domiciliar. Realizava-se uma cerimônia pública e organizada no quarto do moribundo, o qual se tornava um lugar público com livre circulação. (PESSINI, 2007) Ainda, segundo Pessini (2007), os médicos no final do século XVIII e XIX, com a descoberta dos métodos de higiene, queixavam-se do excesso de pessoas. Até mesmo aquelas que passavam nas ruas acompanhavam o padre levando o viático (sacramento da eucaristia dado aos moribundos próximos a morrer) ao doente e entravam livremente na casa. Havia uma importância da presença dos parentes, amigos e vizinhos, bem como das crianças. A morte era familiar, em contrapartida, existia um medo social dos mortos. Concomitante a isso, as cerimônias funerárias tinham como objetivo impedir que os defuntos voltassem para incomodar os vivos. O advento da globalização trouxe a sofisticação tecnológica com requisição da mão de obra cada vez mais qualificada, dando origem as Unidades de Terapia Intensiva que, para Souza et al (2009), consiste em um setor hospitalar altamente especializado com destino ao atendimento de pacientes graves ou de risco potencialmente recuperáveis sob uma ótica de vigilância contínua. Este setor objetiva oferecer suporte, monitorização 19 hemodinâmica, metabólica, nutricional e ventilatória, bem como reabilitação de pacientes com doenças graves e condições críticas de desequilíbrio de sua saúde. Com isso, se fazem necessários recursos materiais e humanos especializados em uma área física delimitada. Com a expansão da cultura hospitalocêntrica, a terminalidade sai do contexto familiar e adentra às Unidades de Terapia Intensiva, onde os recursos artificiais trouxeram a possibilidade de adiar a morte por períodos quase ilimitados. Quanto ao tratamento de pacientes criticamente enfermos, esses avanços tecnológicos concretizaram, em muitos casos, esperanças de sobrevida. Entretanto, tornou-se comum o sustento artificial dos sinais vitais de maneira indefinida a qualquer custo e, principalmente, perda significativa da dignidade humana e qualidade de vida. (BARUZZI; IKEOKA, 2013) Diante de tantos aparatos tecnológicos sofisticados favorecendo a um tratamento especializado, a equipe cuidadora em terapia intensiva tem tendência em deixar de lado o conceito da morte e os significados que dele emanam. Destarte, faz-se necessário o ato de cuidar de maneira harmoniosa mediante a valorização humana permeado na condição em saber viver para melhor cuidar no momento final da vida. A intenção curativa dos tratamentos, segundo Pessini (2007), revela as raízes da problemática da finitude no envelhecimento das populações, nas tendências de mercado, nas pressões culturais, na medicalização da vida, no aprimoramento humano e no progresso científico e tecnológico. Esse cenário contextualiza a origem dos fatores que compõem esta discussão em conformidade com os princípios da Bioética - a justiça, a beneficência, a não maleficência e a autonomia na prestação da assistência. Concebe-se a adoção de medidas terapêuticas que prolongam o processo de morrer e não a vida como promotora de aumento do sofrimento e minimizadora da dignidade no momento da morte. Nos Estados Unidos, este ato é chamado de “futilidade médica”, na Europa, de “obstinação terapêutica” e, no Brasil, de “distanásia”. (PESSINI, 2011) 20 A distanásia é uma conduta que visa manter a vida do paciente terminal, sujeito a muito sofrimento. Esta conduta estende o processo de morrer, mas não afeta o prolongamento da vida. O avanço da ciência e sua aplicação, por vezes, comprometem a qualidade de vida das pessoas levando ao sofrimento e, consequentemente, afetando a sua dignidade. Na contramão, dessa prática, os cuidados paliativos, bem como o respeito ao direito do paciente, são meios eficazes para a prevenção da prática da distanásia. (MENEZES; SELLI; ALVES, 2009). Etimologicamente, a palavra distanásia, segundo Rios (2010), significa morte lenta e com muito sofrimento. No prefixo grego dis-, significa “afastamento”. Então, a distanásia caracteriza-se como prolongamento exagerado da morte de um paciente terminal. Trata-se de uma intervenção por parte da medicina que se alarga o sofrimento de pacientes e famílias na vigência do processo final em curso. Como mencionado anteriormente, a obstinação terapêutica tornouse um problema ético de grande relevância na medida em que o avanço técnico-científico passou a interferir de forma decisiva nas fases finais da vida humana. Assim, as ciências da saúde têm diante de si um desafio ético de grande relevância: o comprometimento em humanizar a vida durante o seu transcurso, no intuito de garantir a dignidade das pessoas. Para Almeida, Veloso e Blaya (2006), o ato de humanizar significa cuidar de pessoas como um todo, englobando o contexto familiar e social, incorporando e respeitando os seus valores, princípios éticos, morais, crenças, esperanças, aspectos culturais e as preocupações de cada indivíduo inserido neste contexto. Uma das premissas básicas da humanização destaca em oferecer todo o investimento possível e viável em recursos tecnológicos e terapêuticos ao paciente com doença potencialmente reversível e recuperável. A busca da humanização não deve comprometer a segurança do paciente e não deve transpor as barreiras éticas e legais. 21 A distanásia é vista como aspecto bioético comumente enfrentado pelos enfermeiros intensivistas, pode emergir e remontar a uma atitude não só terapêutica mas também a uma conduta familiar visando tentativas rigorosas mesmo contra o princípio da autonomia. A aceitação familiar diante da morte é burlada tornando a manutenção do paciente em condições de não sobrevivência. Logo, torna-se claro direito do paciente em fase terminal de agir autonomamente mediante o esclarecimento das consequências de sua decisão, contrariando a postura tradicional paternalista. Diante do exposto, a norma aponta que os médicos não são obrigados a sempre lançar mão de todos os recursos científicos disponíveis, pois utilizar medidas extraordinárias, desproporcionais, que acarretam mais sofrimento do que benefícios potenciais, podem constituir-se em prática distanásica, não significando que esteja omitindo assistência aos pacientes ou até mesmo esteja desejando uma ação eutanásica. O Código Civil (2001. p. 3-4) afirma em: “seu art. 13, expressa que “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes”. Essa afirmação é carregada por um viés paternalista, cabendo aos médicos definirem o que é exigido, podendo ser conflituoso com o disposto no art. 15, ao afirmar que “ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou intervenção cirúrgica”. No Brasil, a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde em seu terceiro princípio assegura ao cidadão o atendimento acolhedor e livre de discriminação, visando à igualdade de tratamento e à uma relação mais pessoal e saudável. Este enunciado garante o direito à dignidade humana e a opção pelo local de morte expressos nos incisos a seguir: VI - A informação a respeito de diferentes possibilidades terapêuticas de acordo com sua condição clínica, considerando as evidências científicas e a relação custo-benefício das alternativas de tratamento, com direito à recusa, atestado na presença da testemunha. VII - A opção pelo local de morte. (BRASIL, 2006a) 22 Observa-se que a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde está em consonância com a valorização e a dignidade do ser humano frente ao processo de morte e morrer favorecendo um atendimento mais humano e acolhedor. Esta valorização humana é ressaltada pelas Diretivas Antecipadas de Vontade estabelecida pela Resolução CFM nº 1.995/2012, p. 1, na qual se visa: “definir diretivas antecipadas de vontade como o conjunto de desejos, prévia e expressamente manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade”. Para Silva (2009), os enfermeiros intensivistas convivem no seu cotidiano com pacientes críticos potencialmente curáveis mas também lidam com pacientes que são admitidos fora de possibilidade de cura ou se tornam terminais na vigência do tratamento. Com base nisso, pacientes terminais são aqueles acometidos por uma doença de difícil tratamento, por um conjunto de situações em que se esgotam as possibilidades terapêuticas de cura ou para prolongar vida de forma digna, ou então quando há uma disfunção irreversível do sistema nervoso central. (STEFANINI, ROSENTHAL e SIMON, 1998) Dessa complexidade, emerge o conceito de cuidado paliativo (CP) definido pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos-ANCP (2009, p.7) como: “Cuidado Paliativo, sem dúvida, é o exercício da arte do cuidar aliado ao conhecimento científico, em que a associação da ciência à arte proporciona o alívio do sofrimento relacionado com a doença. Por ser parte fundamental da prática clínica, pode ocorrer de forma paralela às terapias destinadas à cura e ao prolongamento da vida.” 23 O termo paliativo deriva do latim pallium, que significa “manto”, “capa”, “proteção”, mostrando a essência dos cuidados paliativos oferecendo um manto para aquecer os necessitados ao longo do exercício da profissão. (PESSINI, 2007) Nas considerações de Mccoughlan (2011) e Floriani (2013), os cuidados paliativos ou cuidados de hospice foram introduzidos em 1967 por Cecily Saunders, que fundou em Londres o St. Christopher Hospice para vivenciar a filosofia do cuidar de pessoas em processo de terminalidade. Foi a primeira pesquisadora a abordar a dor total caracterizada pela dor física, psicológica, social e espiritual culminando em um cuidado ativo total. Esse cuidado só é possível por meio de um trabalho ativo com a família do paciente a fim de estabelecer objetivos da qualidade, e não da quantidade, além das habilidades não serem usadas simplesmente quando nada mais pode ser feito. Mccoughlan (2011) diz ainda que parte integrante dos cuidados paliativos são voltados para o alívio dos sintomas e sofrimento, promover a dignidade da pessoa em terminalidade e sua família, profissionais habilitados para proporcionar conforto sem grandes tecnologias sofisticadas, do compromisso do governo, educação permanente dos profissionais da saúde e acesso às medicações para controle da dor. Segundo World Health Organization (2014), os princípios norteadores dos cuidados paliativos visam proporcionar o alívio da dor e sintomas angustiantes; afirmar a vida e encarar a morte como algo natural; não apressar e nem adiar a morte; integrar os aspectos psicológicos e espirituais do cuidado ao paciente; oferecer um sistema de apoio aos pacientes a viveram ativamente na medida do possível até a morte; usar uma abordagem de equipe para atender às necessidades de pacientes e famílias incluindo aconselhamento de luto; melhorar a qualidade de vida; ser aplicado no início do curso da doença conjuntamente com outras terapias que prolongam a vida e gerenciar as complicações clínicas. 24 A abordagem para o alívio da dor é regulamentada pela Portaria MS/GM nº 3.150, de 12 de dezembro de 2006, na qual foi criada uma câmara técnica em controle da dor e cuidados paliativos visando determinar diretrizes nacionais sobre o controle da dor e CP; ações efetivas e seu desenvolvimento no âmbito coletivo e individual; atualizações de normas e procedimentos referente ao CP; projeto que incentivem ao controle da dor; estruturação em redes de atenção; qualificação de profissionais da área; e avaliação de estudos e pesquisas no tocante a esta temática. (BRASIL, 2006c) No tocante ao aspecto bioético centrado nesse cuidado, encontra-se um termo recente denominado kalotanásia, proveniente do termo kalós (boa, bela) e thánatos (morte). Este consiste numa possibilidade oferecida nos cuidados de fim de vida baseada na expressão filosófica do moderno movimento hospice, pois seu significado permeia no tipo peculiar de luta travada pelas instâncias mais profundas da natureza humana assumindo um novo enfrentamento e disposição para transcendê-la, ou seja, é o processo de morrer em si. (FLORIANI, 2013) Floriani (2013) também diz que a kalotanásia é um conjunto de características que convergem para condutas médicas mais suaves de alívio do sofrimento, de respeito pelas decisões de quem está no processo de terminalidade, de acolhimento incondicional e de um enfrentamento percebido pelo paciente e ritualizado socialmente diante do cenário do cuidar, sendo este eticamente desejável. Ressalta-se a falta de estudos voltados para a enfermagem neste aspecto do cuidar, uma vez que o enfoque é sempre abordado para as condutas médicas. 3.2 A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DURANTE O PROCESSO DE TERMINALIDADE Diante da terminalidade da vida, inúmeras ações de enfermagem podem ser realizadas com ênfase na ortotanásia ou Limite de Esforço Terapêutico (LET), a qual é derivada do prefixo grego orto, que significa “correto”, ou seja, morte no seu tempo certo, sem abreviações, nem 25 prolongamentos desproporcionados do processo de morrer. (PESSINI, 2009; MORITZ, 2012) O processo de prolongamento remonta a defesa da ortotanásia, referendada pelo Art. 5º, inciso III, da Constituição, que assevera suporte jurídico a esta prática, trazendo fundamentação em seu conteúdo, pois a morte é tida como uma fatalidade e não uma escolha, e que o indivíduo deve ter a garantia e o poder de exercer sua autonomia assegurando que essa chegue na hora certa, sem sofrimentos inúteis e degradantes, de forma digna. (BRASIL, 1988) Silva, Medeiros e Nóbrega (2013) ressaltam que, ao longo dos anos, a enfermagem vem construindo vocabulários próprios para descrever a sua prática e melhorar a qualidade dos cuidados prestados a indivíduos, família e comunidade. Tais cuidados são executados através dos sistemas de classificações, dentre elas: Nursing Interventions Classification (NIC), Nursing Outcomes Classification (NOC) e Classificação Internacional para a Prática de Enfermgem (CIPE). Esses sistemas são base para a assistência durante a terminalidade, uma vez que norteiam a prática do enfermeiro permitindo a tomada de decisão juntamente com a família do paciente. Nessa conjuntura, observa-se que a clínica ampliada harmoniza-se no ambiente dos cuidados paliativos através da atuação de uma equipe interdisciplinar em prol da integralização do cuidar baseada na construção de responsabilidades e vínculo estável entre equipe e paciente. A proposta da clínica ampliada é rever as formas de atuar ampliando as possibilidades de intervenções para um morrer com dignidade. (SILVA, MEDEIROS E NÓBREGA, 2013) Na perspectiva dos cuidados paliativos, o cuidar é voltado para a sistematização direcionada ao paciente e família enfocando as dimensões humanas (física, psicológica, social e espiritual). As intervenções são voltadas para o controle da dor, náuseas, vômitos, diarreia, repouso, técnicas de relaxamento, aconselhar acerca do medo, reforçar a identidade pessoal, estabelecer confiança, ensinar a família acerca da doença e tratamento, avaliar 26 crenças espirituais e favorecer o serviço religioso. (SILVA; AMARAL; MALAGUTTI, 2013) Corroborando com o exposto, Kretzer (2012) enfatiza a incorporação do modelo paliativista nas UTIs com vistas a complementar o modelo tradicional do cuidar. A inserção deste modelo através dos princípios holísticos contribui para aliviar o sofrimento físico e psíquico tanto dos pacientes internados neste setor como familiares. Percebe-se que um dos pilares fundamentais dos CP é o controle dos sinais e sintomas, como: a dor, dispneia, roncos terminais, delírios, alteração de sono, fraqueza, boca seca e medo. Essa sintomatologia deve ser abordada por uma equipe interdisciplinar baseada tanto em medidas farmacológicas quanto não farmacológicas. (KRETZER, 2012) Moritz et al (2011) ressaltam que a assistência intensiva voltada para os pacientes criticamente enfermos deve esta pautada em três fases: a primeira quando a morte é pouco provável, na qual os CP são focados para aliviar o desconforto da doença e do tratamento intensivo; a segunda fase é direcionada na vigência da morte em dias, semanas ou meses com prioridade para a qualidade de vida possível; e a terceira fase é atribuída à morte prevista para horas ou dias, daí o cuidado paliativo passa a ser exclusivo com conforto para pacientes e familiares. O papel do enfermeiro na equipe interdisciplinar é de mediador no estabelecimento da relação do trinômio paciente, família e demais profissionais para condução das ações do final de vida. Considera-se a identificação do sofrimento social, as intervenções diante do sofrimento paciente e família proporcionando conforto dentro da unidade (quarto privativo, iluminação e acústica adequada, flexibilizar normas e rotinas engessadas) e intervenções diante do sofrimento da equipe. (NILSON, 2012) É notório que a participação dos enfermeiros ainda é pouco assertiva no processo de tomada de decisão. Torna-se necessário a discussão dos aspectos bioéticos, assim como momentos de reflexão a fim de auxiliar na prática clínica com pacientes críticos terminais internados e a implantação de 27 protocolos de cuidados paliativos nas UTIs valorizando as dimensões humanas. (NILSON, 2012) Firmino (2009) aponta que o enfermeiro atuante em cuidados paliativos é considerado um elo entre os demais membros da equipe numa relação direta, processual, dialógica, interativa e subjetiva. Este tem a capacidade de desenvolver habilidade clínica no manejo do controle dos sinais e sintomas, bem como comunicação para agregar ações diversas existentes na equipe interdisciplinar de uma forma sistematizada e prioritária para cada paciente. No tocante ao processo de terminalidade, existem instrumentos comumente utilizados por enfermeiros que permitem avaliar de maneira global a situação do enfermo. Dentre eles, têm-se a Escala Visual Analógica (EVA), Escalas Numéricas, Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton (ESAS), Escala de Desempenho de Karnofsky (EDK) e Palliative Performance Scale (PPS). (AMARAL, POVEDA E MENEZES, 2013; FORTE, 2012; MACIEL, CARVALHO, 2009) 3.2.1 Práticas complementares e os cuidados paliativos A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS) foi instituída pelo Ministério da Saúde por meio da Portaria n. 971, de 03 de maio de 2006. Esta política visa à introdução de práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito dos serviços de saúde, possibilitando uma nova alternativa de cuidar e uma relação de interação entre terapeuta e paciente. (BRASIL, 2006b). No contexto da terminalidade da vida, as práticas integrativas e complementares fazem parte da atuação da enfermagem paliativista com intuito de oferecer possibilidades de intervenções não farmacológicas no cuidar de pessoas sob estas condições. Algumas modalidades de terapias complementares podem oferecer conforto e contribuir para o alívio dos sinais e sintomas associados ao processo 28 de terminalidade, dentre elas: massagem, musicoterapia, aromaterapia, arteterapia, reiki e meditação. (AMARAL; SILVA, 2013) 3.2.2 Comunicação do enfermeiro com familiares Na assistência de enfermagem, a comunicação é considerada uma ferramenta de suma importância, pois promove elo entre equipe, paciente e família mediante o uso de comunicação verbal e não-verbal. Todavia, observase que os profissionais enfermeiros não estão preparados para situações que envolvam a comunicação na terminalidade humana. Com isso, procuram evitar o contato verbal e se afastam dos pacientes. (ALVES, 2013) Ainda ressalta estratégias de comunicação verbal como, veracidade, bom humor, o ouvir e clareza nas informações e na comunicação não-verbal é necessário empatia, posturas, expressões faciais, contato visual e toque. Andrade, Costa e Lopes (2013) dizem que, na prática dos cuidados paliativos, quando a comunicação é subsidiada por uma relação de cooperação, atitude e sensibilidade são impulsionadoras da interação enfermeiro-paciente. Vai além de palavras, considera-se uma medida terapêutica, pois resgata a relação humana. Destarte, a modalidade de comunicar faz parte integrante da assistência paliativa e deve ser considerada uma das habilidades mais eficazes do enfermeiro para fortalecimento de vínculo entre ele, paciente e sua família. 3.3 A QUALIDADE DE VIDA NO PROCESSO DE MORRER Pesquisas sobre a qualidade de vida (QV) têm aumentado significativamente na atualidade com o intuito de mostrar aquilo que o avanço tecnológico não foi capaz de fazer, trazendo aspectos como bem-estar, felicidade, boas condições de vida e satisfação na vida. (LENTZ et al, 2000). 29 Ainda conforme as considerações Lentz (2000), o conceito de qualidade de vida remete a um sentimento de satisfação individual, capacidade mental de avaliar sua própria vida dita como satisfatória, um estado aceitável de saúde física, emocional, mental e social, bem como uma avaliação objetiva realizada por outro, cujas condições de vida não são ameaçadoras. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), qualidade de vida significa percepção do indivíduo de sua própria posição na vida no âmbito da cultura e sistema de valores em que vivem voltados para os objetivos, expectativas e padrões a serem alcançados durante sua existência. É uma construção subjetiva e multidimensional. (WHOQOL Group, 1994) Almeida, Gutierrez e Marques (2012) ressaltam que a QV está ligada a percepção das pessoas diante do modo de viver. Mesmo no momento final da vida, a qualidade é indispensável na prestação de uma assistência voltada às necessidades humanas inerentes a essa condição. A qualidade no final de vida é vivenciada pelos cuidados paliativos, pois trata-se de uma filosofia de cuidados para promover melhoria na vida dos pacientes e familiares no processo de enfrentamento da terminalidade por meio da identificação precoce, alívio do sofrimento, avaliação e tratamentos ligados tanto a problemas físicos, psicossociais como espirituais (CORREIA E DE CARLO, 2012). Concebe-se que a prática deste cuidado está intrinsecamente interligada às quatro dimensões holísticas do ser. Neste contexto, observa-se o desenvolvimento de Escalas de avaliação adaptadas culturalmente e validadas em diferentes realidades no que tange à qualidade dos cuidados no final da vida, como por exemplo, a McGill Quality of Life Questionnaire-Cardiff Short Form (MQOL-CSF); McGill Quality of Life Questionnaire; Hospice Quality of Life Scale (HQLS); e a Escala Palliative Care Quality of Life Instrument (PQLI). (CORREIA E DE CARLO, 2012) Ressalta-se que, especificamente na enfermagem, os cuidados paliativos durante a terminalidade são contemplados na Taxonomia da Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC). A NIC tem grande 30 relevância nas condutas dos enfermeiros, pois estas tornam-se ações padronizadas nas diversas especialidades a fim de promover o engajamento dos profissionais para melhor assistir de acordo com as necessidades dos pacientes. (BULECHEK; BUTCHER; DOCHTERMAN, 2010) Burlá e Py (2011) ressalvam que a paliação, bem como a observação e manutenção da qualidade de vida, é uma prática multidisciplinar meramente de caráter intervencionista, pois exige do profissional: maturidade, decisão, trabalho em equipe de forma ativa e de compromisso humanitário. O enfoque é a qualidade de vida que permanece até o final visando alívio de qualquer forma de padecimento físico, emocional e espiritual, no qual não há limite para os cuidados, que devem alcançar prontamente os sintomas inerentes à terminalidade (dor, fadiga, insônia, dispneia, náusea e constipação, confusão mental, agitação, anorexia e desidratação), bem como incluir os cuidados espirituais. 31 4 MÉTODO 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO Estudo transversal, descritivo, do tipo metodológico com abordagem quantitativa, para a validação do conteúdo de protocolo assistencial de enfermagem após a elaboração com vistas a otimizar a assistência na terminalidade de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva. Optou-se por um estudo transversal, pois, conforme Newman (2003), se caracteriza por ser observacional, no qual todas as medições de uma pesquisa são realizadas em um momento único. O pesquisador examina as variáveis preditoras e de desfecho dentro da amostra, sendo bastante utilizado na descrição de variáveis e seus padrões de distribuição. No contexto dos estudos observacionais, a pesquisa descritiva visa a observar, registrar e analisar, além de correlacionar fenômenos sem a interferência por parte do pesquisador diante das situações no universo percebido pelo homem, seja em grupos, pessoas e comunidades complexas. Com isso, é possível encontrar o fenômeno, bem como sua relação com outros processos que o envolve (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). Os estudos metodológicos incluem a validação de instrumentos, na qual é necessário investigar métodos de obter, organizar e analisar os dados, abordando a elaboração, validação e avaliação de instrumentos de pesquisa 32 objetivando construir instrumentos viáveis e, assim, aplicá-los por meio de outros pesquisadores (POLIT; BECK; HUNGLER, 2011). Conforme Hulley et al (2008), a validação pode ser considerada um tipo especial de acurácia (grau de medida) para representar o fenômeno a ser pesquisado. No presente estudo, será realizada a validação de conteúdo, a qual permite aferir todos os aspectos do evento estudado incluindo os julgamentos subjetivos (validade aparente). 4.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS 4.2.1 Primeira etapa: Revisão Integrativa da literatura No intuito de subsidiar a elaboração do instrumento com seus itens aplicáveis na assistência de enfermagem durante o processo de terminalidade, optou-se por uma revisão integrativa. Esta objetiva identificar as práticas executadas pelos profissionais de enfermagem e os protocolos operacionais existentes. A revisão seguiu seis etapas pré-determinadas: a elaboração da pergunta norteadora, busca na literatura (estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de artigos), coleta de dados (definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados), análise crítica dos estudos, apresentação e discussão dos resultados e apresentação da revisão como um todo. (SOUZA, SILVA e CARVALHO, 2010; URSI e GAVÃO, 2006) No primeiro passo, a questão norteadora foi construída com base na estratégia PICO (representa um acrônimo para Pacientes, Intervenção, Controle e Outcomes). (SANTOS, PIMENTA e NOBRE, 2007), a saber: como ocorre a assistência de enfermagem a pacientes sem possibilidade de cura nas unidades de terapia intensiva? 33 A amostragem e busca dos artigos foi realizada por meio do cruzamento entre os descritores controlados dispostos a seguir: (Cuidados de Enfermagem), (Morte) e (Unidade de Terapia Intensiva) separados pelo operador booleano “AND”, encontrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e igualmente na biblioteca virtual SciELO (Scientific Electronic Library Online) e na base de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe). Enquanto que, na MEDLINE (Literatura internacional em Ciências da Saúde) e SCOPUS, o cruzamento foi (Care Nursing), (Death) e (Intensive Care Units) também separados pelo operador AND, encontrados no Medical Subject Headings (MeSH). Para nortear a coleta de dados, foram adotados os seguintes critérios de inclusão: artigos científicos publicados na íntegra e gratuitamente na base de dados e biblioteca virtual SciELO e MEDLINE, selecionados sem restrição de idioma. Excluíram-se cartas ao editor, editoriais, objeto relacionado à pediatria ou dimensionamento da equipe de enfermagem, bem como teses e dissertações, pois para garantir a validade interna é necessário a avaliação por pares e, assim, subsidiar a construção do protocolo. A figura 1 mostra o fluxograma da estratégia adotada para a busca e inclusão dos artigos. ESTRATÉGIA PICO Como ocorre a assistência de enfermagem a pacientes sem possibilidade de cura nas unidades de terapia intensiva? LILACS: 41 SciELO: 9 MEDLINE: 20 SCOPUS: 3 Aplicado os critérios de inclusão e após leitura de títulos e resumos 34 LILACS: 8 SciELO: 4 MEDLINE: 1 SCOPUS: 0 TOTAL: 13 artigos. Figura 1: Fluxograma de seleção dos artigos. Natal/RN, 2014. Ao realizar a primeira fase de buscas, a LILACS foi a que apresentou mais estudos (41), seguindo-se a SciELO (9), MEDLINE (20) e SCOPUS (3). Após a leitura dos títulos dos manuscritos encontrados, o número de artigos selecionados totalizou (25) LILACS, (7) SciELO, (8) MEDLINE e (3) SCOPUS. Após a seleção dos artigos, iniciou-se a leitura dos resumos reduzindo, dessa forma, o número de artigos selecionados para (8) LILACS, (4) SciELO, (1) MEDLINE e nenhum na SCOPUS. Posteriormente, realizou-se a leitura dos artigos na íntegra perfazendo uma amostra de 13 estudos. Para a fase de coleta de dados, analisou-se os seguintes dados: título, resumo, introdução com os objetivos claramente estabelecidos, metodologia e resultados da pesquisa a fim de extrair as informações gerais dos artigos. Com isso, distribuiu-se as seguintes variáveis com vistas a sintetizar a abordagem da revisão, contendo uma codificação atribuída ao estudo, os títulos dos artigos, os nomes dos autores, os anos de publicação, os títulos dos periódicos, bases de dados/ biblioteca virtual e nível de evidência baseado na Colaboração Cochrane. (THE COCHRANE COLLABORATION, 2014) Com relação ao nível de evidência (NE) utilizado para esta revisão, empregou-se o sistema de classificação contendo sete níveis, a saber: Nível I – evidências provenientes de revisões sistemáticas ou metanálise de ensaios clínicos; Nível II – evidências advindas de pelo menos um ensaio clínico randomizado controlado bem desenhado; Nível III – estudos oriundos de ensaios clínicos sem randomização; Nível IV – estudos de coorte e caso- 35 controle com delineamento explícito; Nível V – estudos derivados de revisão sistemática de estudos descritivos ou qualitativos; Nível VI – contemplando um único estudo qualitativo e Nível VII – correspondente à opinião de autoridades ou relatórios de comitês de especialistas. (STILLWELL et al, 2010) Após a análise, os achados dos resultados foram categorizados da seguinte maneira: assistência de enfermagem no processo de terminalidade com enfoque nos cuidados paliativos e seus desdobramentos (higiene, conforto, sintomas álgicos, hidratação, suporte ventilatório, necessidades humanas básicas, uso de compressas, o toque e uso da música, posicionamento do paciente e ambiência); aspectos bioéticos mediante a terminalidade e a comunicação efetiva com os familiares neste processo. Esses aspectos foram utilizados para a elaboração do protocolo assistencial e seguimento do processo de validação. 4.2.2 Segunda etapa: Elaboração do protocolo e validação do conteúdo A construção do protocolo assistencial constituiu-se em duas partes: a primeira refere-se ao histórico de enfermagem, contemplando itens concernentes com a literatura de Morton e Fontaine (2013). A segunda etapa diz respeito às intervenções listadas conforme as dimensões humanas norteadas pela Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC) para uniformizar a nomenclatura das ações durante o processo de terminalidade. (BULECHEK; BUTCHER; DOCHTERMAN, 2010) O histórico (parte I) abrangeu variáveis concernentes a dados de identificação, nível de consciência, ventilação e hidratação, eliminação vesical, balanço hídrico, eliminação intestinal, higiene corporal e curativos. As intervenções (parte II) constam de controle da dor, dos sintomas respiratórios, náuseas e vômitos, diarreia e obstipação, delírio e demência, identificação das fases de Klübler-Ross, cuidado psicológico, apoio familiar e ao paciente, apoio espiritual, intervenção no ato da terminalidade e cuidados pós- morte. (APÊNDICE D) 36 O quadro 1 permite visualizar todas as variáveis elencadas propostas para o protocolo assistencial. HISTÓRICO DE ENFERMAGEM INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM Nível de consciência e estado de consciência Controle da dor. Ventilação Controle dos sintomas respiratórios. Acesso venoso Controle de náuseas e vômitos. Alimentação Controle de diarreia e obstipação. Hidratação Controle da fadiga. Eliminação vesical e Controle do delírio e demência. Balanço hídrico Identificação das fases de Kübler-Ross. Eliminação intestinal Cuidado psicológico; Apoio familiar e ao paciente. Higiene corporal Apoio espiritual. Curativos Ato da terminalidade; Cuidados pós-morte. Quadro 1. Variáveis do protocolo assistencial. Natal/RN, 2014. Selecionou-se juízes enfermeiros assistenciais de unidades de terapia intensiva de hospitais da cidade de Natal-RN e docentes das principais universidades brasileiras. A identificação destes ocorreu pelos sites das referidas Instituições de Ensino Superior e por meio da identificação pela Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em sequência, a amostragem ocorreu por intencionalidade obedecendo aos seguintes critérios adaptados com base no sistema de pontuação proposto por Fehring (LIRA; LOPES, 2011; FEHRING, 1987), conforme o quadro 2, nos quais foram considerados para compor a amostra os enfermeiros que apresentaram escores maior ou igual a 5 pontos. CRITÉRIOS PONTUAÇÃO Mestre em enfermagem; 1 Doutor em enfermagem; 2 37 Ter desenvolvido dissertação de mestrado envolvendo processo de terminalidade; Ter desenvolvido tese de doutorado envolvendo processo de terminalidade; Trabalho publicado em relação ao processo de terminalidade; Participar de grupos e/ou projetos de pesquisa que envolvam a temática terminalidade ou afins; Docente do curso de enfermagem nas disciplinas de bioética e terminalidade; Experiência profissional (mínimo de um ano) como enfermeiro assistencial em UTI e que tenha vivenciado o processo de cuidar na terminalidade. 1 2 1 1 2 2 Quadro 2. Critério para a seleção de experts (LIRA e LOPES, 2011; FEHRING, 1987). A coleta ocorreu em setembro de 2014, na qual os currículos dos juízes foram capturados, avaliados e selecionados na plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) a partir da pontuação de mínimo 5 como mencionado anteriormente. Os sujeitos que não completaram o processo de avaliação foram automaticamente excluídos da amostra. Após a seleção, a abordagem dos juízes aconteceu por meio eletrônico (e-mail). Foi enviada uma carta convite (APÊNDICE A) com ênfase na justificativa e objetivo do estudo, o parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), além do TCLE a ser assinado em caso de aceite (APÊNDICE B). Com a devolutiva do TCLE devidamente assinado, o protocolo assistencial e o instrumento de análise do protocolo foram enviados também por e-mail (APÊNDICES C e D). (MACHADO, 2010) O parecer dos juízes embasou-se na avaliação global do protocolo, a qual foi fundamentada na análise baseada em 10 requisitos expressos no quadro 3. (TIBÚRCIO, 2013; TRISTÃO, 2008). CÓDIGO REQUISITOS ANALISADOS 1 Pertinência CRITÉRIOS DE ANÁLISE A questão é relevante e atende a finalidade relativa ao 38 procedimento proposto. 2 Consistência 3 Clareza 4 O conteúdo apresenta profundidade suficiente para a compreensão da questão. Encontra-se clara, simples e inequívoca. Permite resposta pontual. Objetividade 5 Simplicidade 6 A questão expressa uma única ideia. A questão é aplicável. Exequível 7 Atual 8 Vocabulário 9 Precisão 10 Sequência de instrução dos tópicos As etapas seguem as evidências mais atuais. Palavras não contêm ambiguidades. Cada item do protocolo é diferente dos demais, não havendo confusão. A sequência das etapas do procedimento é coerente. Quadro 3. Requisitos a serem analisados para cada um dos itens da avaliação sobre o processo de terminalidade. Natal/RN, 2014. A concordância entre as respostas dos experts foi obtida por meio do Índice de Validade de Conteúdo (IVC), pois se apresenta imprescindível para tornar o protocolo válido e posterior aplicabilidade. O Índice de Validade de Conteúdo compreende um método muito utilizado na área da saúde e foi proposto por Waltz, Strickland, Lenz (1991), os quais referem que o foco principal da validação de conteúdo visa determinar se os itens elencados no protocolo representam a adequação do conteúdo do critério expresso dele, uma vez que objetiva definir a função de como o instrumento foi elaborado, bem como se os resultados obtidos foram analisados. 39 Nas considerações de Alexandre e Coluci (2011), o IVC permite avaliar cada item do instrumento e após avaliação em sua totalidade. Também avalia a capacidade de um instrumento em medir precisamente o fenômeno proposto ao estudo. A avaliação de conteúdo caracteriza-se relevante, pois associa conceitos abstratos com indicadores mensuráveis. Esta validação configura em um processo composto por duas fases, a primeira consiste na construção do instrumento e a segunda a análise deste por especialistas que envolvem a temática em questão. Recomenda-se no mínimo de 5 a 10 juízes e uma taxa de concordância não inferior a 0,78. Polit, Beck e Owen (2007) mostram que o índice de validade de conteúdo é um dos métodos mais utilizados pelos pesquisadores na enfermagem para quantificar vários itens de um determinado instrumento através da análise de peritos de relevância na área. Esse método expressa confiabilidade na aplicabilidade de protocolos assistenciais. 4.3 VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO-IVC Com vistas a avaliar a validade de conteúdo dos itens elencados no protocolo, foi utilizado o IVC proposto por Waltz, Strickland e Lenz (1991), calculado da seguinte maneira: IVC= Número de itens avaliados como equivalentes por 2 juízes Total de itens da escala A avaliação de cada juiz foi comparada com as avaliações dos demais, calculando-se o IVC para cada par de juízes (juiz 1 x juiz 2; juiz 1 x juiz 3; juiz 2 x juiz 3; ... e assim consecutivamente). Para o tratamento estatístico dos dados, foi construído um banco de dados em formato xlsx e para a construção de tabelas e gráficos, utilizou-se 40 Excel 2010 e os softwares estatísticos SPSS (Statistical Package for Social Science), versão 20.0. Em se tratando da análise de cada item elegível para compor o protocolo assistencial, no decorrer na pesquisa é possível a retirada e/ou modificações de alguns quesitos conforme as adaptações sugeridas pelos avaliadores, portanto, estabeleceu-se um critério de 50% das observações entre eles, além dos achados da revisão. 4.4 ASPECTOS ÉTICOS Por se tratar de uma pesquisa envolvendo seres humanos, o estudo levou em consideração a garantia dos preceitos básicos da bioética de autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. Isto visa assegurar direitos e deveres no que diz respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado de acordo com a Resolução 466/2012 (BRASIL, 2012). Dessa forma, o projeto de pesquisa foi enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/UFRN) da UFRN (ANEXO A) para apreciação e seu deferimento favorável, obtendo aprovação pelo parecer número 750.848 e CAAE: 33913514.9.0000.5537. Considerou-se também os aspectos éticos que dizem respeito ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) a ser assinado pelos participantes mediante explicação acerca da intenção e dos objetivos da pesquisa. Garantiu-se o anonimato, a participação voluntária, a isenção de gastos, bem como o não recebimento de incentivos financeiros por fazer parte da pesquisa (APÊNDICE B). Além disso, garantia de indenização em 41 caso de danos físicos, legalmente comprovados, advindos da participação do enfermeiro na pesquisa. 5 RESULTADOS Os resultados estão descritos obedecendo aos seguintes subtópicos: os achados da revisão integrativa, a caracterização dos juízes e a descrição dos resultados da validação de conteúdo. 5.1 ACHADOS DA REVISÃO INTEGRATIVA Os resultados evidenciados foram compilados no Quadro 4 contendo a distribuição temporal dos artigos selecionados de acordo com código, título, periódico, autor, base de dados e biblioteca virtual, ano e nível de evidência. Código Título Periódico A1 O cuidador de enfermagem e o cuidar em uma unidade de UNOPAR Cient. Ciênc Biol Saúde Autores Alves EF. Base de Dados e Biblioteca virtual LILACS Ano 2013 NE 42 terapia intensiva. VI A2 Cuidados paliativos na UTI: compreensão dos enfermeiros. A3 A4 A5 Revista de pesquisa: Cuidado é fundamental Silva KCO, Quintana AM, Nietsche EA. SciELO 2013 VI Escola Nery Suspensão de tratamentos em unidades de terapia intensiva e seus fundamentos éticos. Revista Bioética Saraiva AMP. LILACS 2012 Refletindo sobre finitude: um enfoque na assistência de enfermagem frente à terminalidade. Revista RENE Medeiros YF, Bonfada D. LILACS 2012 Crit Care Med. Ho LA, Engelberg RA, Curtis JR, Nelson J, Luce J, Ray DE, Levy MM. MEDLINE 2011 Cuidando do paciente no processo de morte na unidade de terapia intensiva. Revista da Escola de Enfermagem USP Silva RS, Campos AER, Pereira A. SciELO 2011 Vivência dos enfermeiros de unidade de terapia intensiva frente à morte e o morrer. Revista Gaúcha de Enfermagem Sanches PG, Carvalho MDB. LILACS Comparing clinician ratings of the quality of palliative care in the intensive care unit. A8 LILACS Obstinação terapêutica em unidades de terapia intensiva: perspectiva de médicos e enfermeiros. Anna A6 A7 Barros NCB, Alves ERP, Oliveira CDB, Dias MD, França ISX, Freire MEM. 2012 VI V VI VI VI 2009 VI 43 A9 Percepção de enfermeiros sobre dilemas éticos relacionados a pacientes terminais em unidades de terapia intensiva. Revista da Escola de Enfermagem USP Chaves AAB, Massarollo MCKB. LILACS Revista Brasileira Terapia Intensiva Moritz RD, Lago PM, Souza RP, Silva NB, Meneses FA, Othero JCB, et al. SciELO 2008 Costa Filho RC, Costa JLF, Gutierrez FLBR, Mesquita AF. SciELO 2008 Moritz RD. LILACS A10 Terminalidade e cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva. A11 A12 A13 de Como implementar cuidados paliativos de qualidade na unidade de terapia intensiva. Revista Brasileira Terapia Intensiva Como melhorar a comunicação e prevenir conflitos nas situações de terminalidade na unidade de terapia intensiva. Revista Brasileira Terapia Intensiva Profissionais de enfermagem frente ao processo de morte em unidades de terapia intensiva. Acta Paulista de Enfermagem de de 2008 V VI VI 2007 VI Gutierrez BAO, Ciampone MHT. LILACS 2006 Quadro 4. Distribuição temporal dos artigos selecionados de acordo com código, título, periódico, autor, base de dados e biblioteca virtual, ano e nível de evidência. 2014. Na Figura 2, é possível visualizar os achados e a apresentação das evidências, os quais foram categorizados da seguinte maneira: assistência de enfermagem no processo de terminalidade com enfoque nos cuidados paliativos e seus desdobramentos (higiene, conforto, sintomas álgicos, hidratação, suporte ventilatório, necessidades humanas básicas, uso de compressas, o toque e uso da música, posicionamento do paciente e ambiência); aspectos bioéticos mediante a terminalidade e comunicação efetiva com os familiares neste processo. VI 44 Cabe ressaltar que essas evidências encontradas por meio da revisão subsidiaram a elaboração do protocolo assistencial submetido à validação de conteúdo pelos juízes da pesquisa. Assistência de enfermagem com enfoque nos cuidados paliativos Aspectos bioéticos Queixas álgicas, higiene, conforto, bemestar e afeto, ambiência, musicoterapia, toque Princípios da autonomia e da não maleficência; Distanásia frequente Hidratação, compressas frias, posição no leito Atender a pedido da família quanto ao uso de medidas extraordinárias de tratamento Domínios de cuidado Enfermagem sem participação ativa, dificuldade na tomada de decisão Decisões dos médicos são desvinculadas dos outros profissionais Decisões antecipadas de vontade; Necessidade de guidelines na tomada de decisões durante a terminalidade Comunicação efetiva com familiares Qualidade dos serviços, na assistência humanizada, para diminuir riscos e interpretações equivocadas Opinião de familiares é aceita de forma variada Informações sobre condição e óbito acontecem nos corredores Não clareza da não reanimação, ausência de registros nos prontuários Figura 2. Achados da revisão integrativa dispostos em categorias. Natal/RN, 2014. 45 5.2 PERFIL DOS JUÍZES Dos 28 especialistas, mestres e doutores contatados tanto das principais universidades brasileiras quanto de instituições hospitalares apenas 11 devolveram o protocolo completamente analisado e avaliado. Os 11 enfermeiros avaliaram itens correspondentes ao histórico de enfermagem codificado por H1, H2.... sucessivamente, e para a segunda parte do protocolo, os itens referentes às intervenções de enfermagem com código I1, I2.... e assim, consecutivamente. Os juízes analisaram o protocolo assistencial considerando pertinência, consistência, clareza, objetividade, simplicidade, ser exequível, atual, com vocabulário não gerador de ambiguidades e preciso. Inicialmente, compilou-se dados referentes ao perfil dos juízes nas variáveis sexo e formação ilustrada na frequência absoluta descrita na Tabela 1 e a descrição das variáveis demográficas visualizada pela Tabela 2. Tabela 1. Perfil dos juízes da pesquisa, Natal/RN-2014. Perfil Frequência absoluta % Feminino 9 81,82 Masculino Total 2 11 18,18 100,00 Especialista 5 45,46 Mestre 3 27,27 Doutor Total 3 11 27,27 100,00 Sexo Formação 46 Percebe-se que 81,82% dos juízes eram do sexo feminino, enquanto que o gênero masculino apresentou um percentual de 18,18%. Na variável formação, apresentou-se que a maioria era especialista (45,46%). Tabela 2. Estatística descritiva das variáveis demográficas dos juízes da pesquisa, Natal/RN-2014. Variáveis Mínimo Máximo Média DP Idade 24,00 56,00 36,64 8,51 Tempo formação 2,00 35,00 11,91 8,95 Tempo trabalho 2,00 35,00 10,27 8,64 Pontuação 5,00 12,00 6,55 2,30 formaçãoformação A Tabela 2 mostra que a idade mínima dos juízes foi 24,00 e máxima 56,00, média de 36,64 anos com desvio padrão de 8,51, enquanto que o tempo de formação foi mínimo (2,00), máximo (35,00) e médio (11,91) com desvio padrão de 8,95. O tempo de trabalho expressa-se em 2,00; 35,00; 10,27 e 8,64, respectivamente. A pontuação necessária para elegibilidade dos juízes foi no mínimo 5,00; máxima 12,00; média 6,55 com desvio padrão de 2,30. 5.3 DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS DA VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO Cada juiz avaliou 15 itens, sendo nove correspondentes ao histórico de enfermagem e seis referentes às intervenções de enfermagem durante o processo de enfermagem na terminalidade (APÊNDICE D). Tabela 3. Análise da validade do conteúdo dos itens do protocolo assistencial proposto pela pesquisa, Natal/RN-2014. IVC Juiz 1 Juiz 2 Juiz 3 Juiz 4 Juiz 5 Juiz 6 Juiz 7 Juiz 8 Juiz 9 Juiz 10 Juiz 11 Juiz 1 ** 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 ** 0,9 1 1 1 1 1 0,9 1 1 ** 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 ** 1 1 1 1 0,9 1 1 ** 1 1 1 0,9 1 1 Juiz 2 Juiz 3 Juiz 4 Juiz 5 47 Juiz 6 ** Juiz 7 1 1 0,9 1 1 ** 1 0,9 1 1 ** 0,9 1 1 ** 0,9 0,9 Juiz 8 Juiz 9 Juiz 10 ** Juiz 11 1 ** Na tabela 3, ilustra-se os valores obtidos pelo cálculo do Índice de Validade de Conteúdo. Representa-se os onze juízes pelos números de 1 a 11, a intersecção das linhas abcissas com as ordenadas expõe o valor que corresponde ao índice de concordância entre os mesmos, na qual se constata uma correlação favorável à validade de conteúdo, sendo que somente os juízes 1, 3 e 9 apresentaram respostas desfavoráveis à validação ao quesito H2 “estado de consciência”. Aplicando-se a fórmula do IVC anteriormente supracitada, obteve-se que o número de itens em concordância entre os avaliadores foi de 14 dividido pelo total de itens (15), conseguindo-se o valor aproximado de 0,9 para este estudo. O Gráfico 1 expressa a validade de aplicação dos itens do protocolo assistencial, como mostra a seguir: 11 10 9 Adequado 8 Juízes 7 Adequado com alteração Inadequado 6 5 4 3 2 1 H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 I1 I2 I3 I4 I5 I6 Gráfico 1. Validação de aplicação dos Itens, Natal/RN, 2014. 48 No Gráfico 1, estão representadas, consecutivamente, as respostas dos avaliadores em relação à validade de aplicação dos itens que compõem o instrumento. Observa-se a concentração de respostas consideradas adequadas, seguido por adequado com alteração e apenas um item (H2) mostrando-se inadequado entre três juízes. A Tabela 4 demonstra o percentual de concordância entre os juízes quanto à classificação e suas respectivas frequências absolutas. Tabela 4. Classificação quanto ao nível de concordância entre os juízes da pesquisa, Natal/RN-2014. Classificação n % Adequado 111 67,27 Adequado com alteração 51 30,91 Inadequado Total 3 165 1,82 100,00 De forma ilustrativa, a tabela acima vem demonstrar a porcentagem das respostas feitas pelos juízes. Totalizou em 165 respostas, nas quais 67,27% dos itens avaliados foram considerados adequados; 30,91% adequados com alterações e somente 1,82% considerado inadequado, o que atesta a validade de conteúdo em 67% das respostas elaboradas pelos juízes. Os resultados são apresentados na Tabela 5. Tabela 5. Itens do protocolo assistencial avaliados pelos juízes da pesquisa, Natal/RN2014. Itens Nível de consciência Estado de consciência Ventilação Acesso venoso Alimentação e hidratação Eliminação vesical e Balanço hídrico Eliminação intestinal Higiene corporal Frequência Adequado Adequado com alteração Inadequado Total n % n % n % n % n % n % n % n 9 81,82 7 63,64 9 81,82 7 63,64 9 81,82 6 54,55 8 72,73 7 2 18,18 1 9,09 2 18,18 4 36,36 2 18,18 5 45,45 3 27,27 4 ----3 27,27 ----------------------- 11 100,00% 11 100,00% 11 100,00% 11 100,00% 11 100,00% 11 100,00% 11 100,00% 11 49 Curativos Dimensão biológica Dimensão psicológica Dimensão social Dimensão espiritual Intervenção no ato terminal Intervenção na pós-morte % n % n % n % n % n % n % n % 63,64 6 54,55 7 63,64 8 72,73 7 63,64 7 63,64 7 63,64 7 63,64 36,36 5 45,45 4 36,36 3 27,27 4 36,36 4 36,36 4 36,36 4 36,36 ------------------------------- 100,00% 11 100,00% 11 100,00% 11 100,00% 11 100,00% 11 100,00% 11 100,00% 11 100,00% A validade de conteúdo está representada pela Tabela 5 com o intuito de visualizar a classificação do protocolo com suas respectivas frequências absolutas no histórico e intervenções de enfermagem. Ao analisar a Tabela 5, observa-se quanto ao aspecto do histórico de enfermagem que o valor mais elevado de concordâncias foi nos quesitos nível de consciência, ventilação, alimentação e hidratação, com uma porcentagem de 81,82% e apenas 18,18% para serem ajustadas. Apesar de o percentual ter variado entre os itens avaliados, percebe-se que o mínimo obteve um valor de 54,55% para adequação do protocolo, o que confere relevância do material. O que chamou a atenção foi a presença de 27,27% na classificação inadequada referente ao tópico estado de consciência, havendo discordância com os demais juízes. Vale salientar que no aspecto das intervenções de enfermagem 63,64% correspondente a sete juízes concordaram que o protocolo estava adequado para as dimensões biológica, social e espiritual, bem como as intervenções no ato da terminalidade e cuidados pós-morte, entretanto, a dimensão psicológica apresentou 72,73% de acordo para adequação do instrumento entre oito juízes. 5.4 ADEQUAÇÃO DO PROTOCOLO ASSISTENCIAL 50 Durante a leitura do protocolo, os enfermeiros foram orientados a registrar no próprio material as correções e recomendações que julgassem necessárias. Desta orientação, houve sugestões consideradas pertinentes, as quais foram acatadas com vistas a aperfeiçoar o protocolo proposto. Reformulou-se o instrumento com base nos seguintes critérios: sugestões com mais de 50% dos juízes nos blocos histórico de enfermagem e intervenção de enfermagem, bem como corroborar com a literatura por meio das evidências extraídas da revisão integrativa. Essas alterações podem ser visualizadas na íntegra no APÊNDICE E. As sugestões dizem respeito a alguns itens que poderiam causar confusão ao profissional enfermeiro em sua aplicação. Primeiramente, foi retirado o item “estado de consciência” contido no histórico de enfermagem. Foi acrescentada no tópico de nível de consciência a Escala de Performance Paliativa (PPS) por se tratar de um instrumento voltado para os cuidados paliativos e mantida a Escala de Coma de Glasgow (ECG) e Escala de Ramsay no mesmo bloco. No quesito acesso venoso do histórico de enfermagem, acrescentou-se a via subcutânea associada ao uso de “Hipodermóclise” no item da hidratação. Em seguida, realizou-se a adaptação dos itens propostos para alimentação, como “não aceita”. Na eliminação vesical, houve introdução dos itens: “Anúria”, “Nefrostomia”, “Ureterostomia”, “Briker”, “Urostomia” e “Colostomia úmida”. Nos itens correspondentes à eliminação intestinal, acrescentou-se o termo “Ausentes” e “Jejunostomia”. Seguindo a análise das observações, no item higiene corporal, complementou-se com “Banho de aspersão com auxílio”, “Banho de aspersão sem auxílio”, “Higiene oral e íntima”. Um dos juízes sugeriu acrescentar um tópico de grande relevância, como o sono e repouso, o qual foi adicionado ao protocolo com as características “Preservado” e “Comprometido”. Quanto ao quesito curativos, procurou-se melhorar introduzindo o curativo cirúrgico e a avaliação do aspecto de cada parte deste tópico. 51 Após a análise das intervenções de controle da dor, foram excluídos os seguintes itens: “Observar a ocorrência de indicadores não verbais de desconforto”, pois já havia contemplado no número anterior, e “Usar medidas de controle antes do agravamento”, sem necessidade para o protocolo. No tocante à intervenção controle dos sintomas respiratórios, percebeu-se a necessidade de deixar mais claro o item 9 quando ressalta uma medida para aliviar a tosse. Da mesma forma, na intervenção controle de náuseas e vômitos, foram necessários mais detalhes quanto à explicação da medida não farmacológica expressa no item 10. Para a intervenção da fadiga, acrescentou-se os tipos de atividades que poderão ser realizadas para minimizar esse desconforto, bem como o uso de canções e massagens estimulantes expressas no item 9. Com relação à dimensão psicológica no cuidado psicológico, procurou-se ajustar a identificação das fases de Kübler-Ross em “sinais de negação, raiva, barganha, depressão e aceitação”, sendo registrada nas 24h, e não por turno conforme a proposta inicial. Na mesma intervenção, retirou-se “escutar o paciente ativamente e solicitar serviço psicológico” das fases de Kübler-Ross, uma vez que não se trata de um componente desta fase. Portanto, este item passou a compor o primeiro da sequência desta intervenção. Na dimensão espiritual em que se ressalta a intervenção apoio espiritual, um juiz sugeriu o detalhamento dos recursos espirituais listados no item 7, como “eucaristia”, “unção dos enfermos”, “água benta”, “reza do terço”, “orações”, “óleo ungido” e “água fluidificada”. Durante o ato da terminalidade, apenas foi acrescentado no item 2 o “cuidado com janelas”, “sons ambientes” e “temperatura”. Referente à intervenção cuidados pós-morte, foi necessária a introdução do horário do óbito, uma vez que a morte é um evento pontual. Um enfermeiro julgou a modificação do item 7 para “oferecer apoio e escuta aos familiares durante a permanência no hospital e após sepultamento por meio de contato telefônico”, e, por fim, um ajuste no último item (registrar as medidas adotadas no prontuário) desta intervenção proposta pelo protocolo assistencial. 52 6 DISCUSSÃO 6.1 ANÁLISE QUANTO À REVISÃO INTEGRATIVA Concebe-se que a fase final da vida humana deve ser cuidada tão quanto no momento em que as pessoas estão criticamente enfermas com potencial de cura previsível. É nessa seara que emerge a modalidade dos cuidados paliativos na assistência de enfermagem em unidades de terapia intensiva com o enfoque nos aspectos físicos, comunicativos e nos preceitos bioéticos. Ficou clara a supremacia dos aspectos físicos nos cuidados paliativos sobre os demais achados. Concorda-se quanto à implantação de planos terapêuticos paliativistas, dos quais a prioridade abarca o controle da dor e desconforto em prol da promoção do bem-estar. Cabe ressaltar que a suspensão de tratamento fútil faz parte do enfoque paliativo e que as medidas ainda não são totalmente efetuadas na prática médica devido à repercussão de cunho legal. (SANTOS et al, 2012) Ressalta-se que os cuidados de enfermagem nessas unidades de tratamento são voltados para procedimentos técnicos por meio de normas e rotinas. Os estudos abordam a presença desse cuidado, além da execução dos 53 mesmos cuidados prestados aos pacientes com possibilidades de cura juntamente à ausência no enfoque emocional, espiritual e promoção da dignidade durante a morte e o morrer. Esse cuidar técnico é enfatizado na prática curativa, porém não se deve esquecer um olhar mais além do curar. (SADALA; SILVA, 2008). Diante dessa conjuntura nas regiões do sudeste e sul do Brasil, esses cuidados são desenvolvidos em hospices, pois proporcionam um manejo adequado da equipe multiprofissional diante da morte e da capacidade de perceber o desejo dos pacientes quanto às medidas invasivas, bem como preservar a vida com dignidade e respeito, principalmente sem manobras de ressuscitação, devendo apenas humanizar o processo de morrer transcendendo às limitações do cuidado tecnicista. Ao analisar esses estudos, constata-se que não há padronização dos cuidados paliativos nas unidades estudadas. Existem diferentes modelos, como o integrativo, que incorpora as intervenções paliativas na prática do cotidiano dos intensivistas, e o consultivo, que ocorre por meio de interconsultas com equipes de cuidados paliativos, incorporado à prática dos cuidados em unidades de alta complexidade (BIONDO; ARAÚJO; SILVA, 2013). Corroborando com os achados, uma revisão sistemática realizada em Portugal no ano de 2011 mostrou que os componentes principais envolvidos nos cuidados paliativos são: o alívio dos sintomas; o apoio psicológico, espiritual e emocional; o apoio à família durante o luto e a interdisciplinaridade. Após a análise de 14 estudos, os autores puderam construir um checklist abordando cuidados de higiene, alimentação, eliminação, alternância de decúbito, uso de equipamentos, controle dos sintomas e administração de medicamentos. A comunicação parte da negociação e envolvimento na tomada de decisão através da segurança da equipe multidisciplinar (FONSECA; REBELO, 2010). Silva, Amaral e Malagutti (2013) afirmam que os cuidados finais de vida são essenciais e devem ser proporcionados de maneira individual em todo o momento da internação em unidades de terapia intensiva. É primordial que o 54 enfermeiro intensivista adquira as habilidades necessárias para realizar adequadamente os cuidados paliativos. Além disso, os alicerces se ancoram nos quatro princípios bioéticos (autonomia, justiça, beneficência e não maleficência) para promover qualidade de vida. Concorda-se com Biondo, Silva e Dal Secco (2009) quando trazem em seus estudos a deficiência no conhecimento acerca desses princípios, bem como dos conceitos de eutanásia, distanásia e ortotanásia pelos enfermeiros que vivem em sua prática o processo de finitude, o que incapacita o uso destes em busca cada vez mais do morrer dignamente. Estudiosos no assunto propuseram ações que o enfermeiro deve exercer enquanto atuante multidisciplinar em UTI, a saber: cumprir os princípios bioéticos, assegurando que as informações possam chegar aos pacientes e sua família na tomada de decisão livre e consciente; a cada ação ou discussão da equipe, assegurar a justiça, respeito, competência, responsabilidade e honestidade visando à promoção do ser humano na totalidade em situação de morte e pós-morte (SILVA; AMARAL; MALAGUTTI, 2013). Ainda deve-se objetivar a ortotanásia; individualizar o cuidado; promover alívio do sofrimento e qualidade de vida; utilizar habilidades de comunicação verbal e não verbal; a cada ação técnica assegurar que não está realizando distanásia; participar ativamente das decisões; capacitar-se científica e humanamente; fazer elo entre conhecimento biológico e humanidades durante as decisões; valorizar a comunicação verbal otimista; identificar situações discordantes dos princípios bioéticos e cuidar sempre do binômio paciente-família. As ações nacionais estão em consonância quando enfoca através da Câmara Técnica em controle da dor e cuidados paliativos as ações de controle da dor e CP no âmbito coletivo ou individual na assistência pública; as recomendações das ações nas entidades públicas e privadas que integram o SUS, a incorporação tecnológica das ações; projeto de incentivo; estruturação de redes de atenção; formação e qualificação profissional e avaliação dos estudos e pesquisas na área (BRASIL, 2006c). 55 É incontestável que a expectativa de vida vem aumentando significativamente e a medicina tem permitido o tratamento de diversas doenças, entretanto, em muitas situações, a tecnociência leva a um prolongamento do processo de terminalidade, surgindo assim dilemas éticos na sua prática cotidiana. Diante do exposto, a vigilância ética representa fundamental importância em não deixar que a máquina seja mais importante do que o ser cuidado. Concorda-se ao dizer que a obstinação terapêutica frequentemente vivenciada nas unidades de terapia intensiva é geradora de grande sofrimento e infringe a dignidade do paciente em estado terminal. Há, sem dúvida, a obrigação moral em tratar e curar um paciente, porém deve ser medida conforme as situações concretas avaliando os meios terapêuticos de cunho objetivo e proporcionando as perspectivas de melhoramento (PESSINI, 2011). Um aspecto imprescindível na relação equipe-paciente-família é a troca de informações, principalmente quando o diagnóstico se caracteriza como desfavorável provocando sentimentos intensos de dor. Com isso, a comunicação tem sido uma tarefa difícil de ser vivenciada entre as equipes que trabalham em UTI. Uma das dificuldades neste aspecto é o sentimento de medo na falha terapêutica, bem como o medo de ser considerado culpado, impotente e preocupação em âmbito legal (RIBEIRO, 2008). Também estabelece alguns princípios que devem ser elencados para que a comunicação seja efetiva, como escolher um momento de descanso e com tempo necessário; avaliar o estado emocional e psicológico do paciente; uso de linguagem clara e simples, sem termos técnicos; ser humanitário; fornecer informações reais; assegurar a continuidade da conversa posteriormente; e uniformizar as informações com os demais profissionais envolvidos. Os profissionais de saúde sentem-se despreparados para ter um diálogo quando os pacientes estão nessa fase da vida, tendenciado, assim, a falar mais tecnicamente e sem detalhes para evitar possíveis questionamentos. É necessária a criação de habilidades na comunicação para a tomada de 56 decisão bem informada e promover qualidade de fim de vida (REYNIERS et al, 2014; EPNER; BAILE, 2014; MEDEIROS; BONFADA, 2012). 6.2 ANÁLISE QUANTO À VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO A validação de um conteúdo requer a construção de instrumentos com rigor metodológico a partir de desenhos em que as etapas estejam bem definidas (MARTIN ARRIBAS, 2004). Vale salientar que a referida pesquisa obedeceu a três etapas preestabelecidas, a saber: 1) realização da revisão integrativa; 2) elaboração do protocolo assistencial; e 3) validação do conteúdo através de juízes com experiência na terminalidade. Quanto ao perfil dos colaboradores da pesquisa, verificou-se que a maioria foi do sexo feminino e especialistas. A predominância de mulheres na pesquisa reitera a característica da enfermagem. Essa questão de gênero persiste desde o início da profissão, pois o cuidado era exercido eminentemente por mulheres (STEIN BACKES et al, 2008). Em relação à titulação, a maioria era especialista, o que configura a necessidade das instituições de assistência hospitalar incentivar seus enfermeiros quanto à inserção em programa de pós-graduação, garantindo dessa forma qualidade e aprimoramento profissional. Referente ao tempo do exercício profissional, percebeu-se que a média representou 10,27 anos, permitindo identificar que os cuidados prestados no tocante à terminalidade são executados por profissionais experientes na área. Ao analisar a validade de conteúdo propriamente dito, os resultados obtidos por meio do cálculo do IVC mostraram-se válidos para 67% das respostas analisadas pelos juízes, visto que o valor do nível de concordância entre eles foi no mínimo de 0,9. Corrobora-se com Alexandre e Coluci (2011) quando se recomenda a taxa de concordância não inferior a 0,78. Sendo 57 assim, observa-se que o ponto de corte foi alcançado através do valor encontrado. De acordo com a teoria postulada por Pasquali (2003), a validação de conteúdo consiste quando os itens de um instrumento correspondem ao que se deseja mensurar, que representam fidedignamente seus objetivos propostos, sendo avaliados por um corpo de especialistas em questão. Um ponto crucial que merece destaque no referido trabalho diz respeito às intervenções propostas para o protocolo, pois houve um nível de concordância considerável das dimensões humanas biológica, social e espiritual, além dos cuidados no ato da terminalidade e pós-morte, perfazendo o ajuizamento de sete avaliadores para adequação do instrumento. Destarte, este protocolo assistencial considerou-se válido, uma vez que ultrapassou o ponto de corte proposto por Alexandre e Coluci (2011), bem como do total de respostas favoráveis à validação em 67%. Mesmo assim, há necessidade de novos estudos porque esta temática é permeada em um universo de saberes e pormenores do ser humano. Cabe destacar a impossibilidade de realizar uma segunda rodada entre os juízes devido ao curto espaço de tempo. Com isso, necessita-se da continuidade do processo de validação deste protocolo no tocante ao seu melhoramento e futura aplicabilidade clínica. 6.3 ANÁLISE QUANTO À ADEQUAÇÃO DO PROTOCOLO APÓS A VALIDAÇÃO A elaboração do protocolo aconteceu após as evidências extraídas da literatura científica e pela prática clínica dos enfermeiros assistenciais intensivistas e docentes atuantes na temática proposta. 58 Quanto à adequação do protocolo assistencial, considerou-se as % Deambulação Atividade e evidência da doença Autocuidado Ingesta Nível da Consciência observações e sugestões apresentadas pelos avaliadores conforme o critério exposto anteriormente devido a sua pertinência nas ações no final de vida. Após essa análise, procurou-se adequar o instrumento proposto. Em relação ao histórico de enfermagem na avaliação do nível de consciência, acrescentou-se a PPS, embora apenas um juiz tenha sugerido o uso dessa escala por ser comumente utilizada em cuidados paliativos. Segundo Maciel e Carvalho (2009), os escores dessa Escala permitem avaliar o estado funcional do paciente continuamente, além de ser um excelente instrumento de comunicação entre equipe interdisciplinar e o enfermo. A seguir, pode-se visualizar os itens da PPS pela Figura 3. 59 100 Completa Completo Normal Completa Completo Normal Completa Completo Normal ou reduzida Completa Completo Completa Assistência ocasional Normal ou reduzida Normal ou reduzida Maior parte de tempo sentado ou deitado Atividade normal e trabalho; sem evidência de doença Atividade normal e trabalho; alguma evidência de doença Atividade normal com esforço; alguma evidência de doença Incapaz para o Trabalho; Doença significativa Incapaz para hobbies/trabalho doméstico Doença significativa Incapacitado para qualquer trabalho; Doença extensa 90 Completa 80 Completa 70 Reduzida 60 Reduzida 50 Assistência Considerável Normal ou reduzida 40 Maior parte do tempo acamado Incapaz para a maioria das atividades. Doença extensa Assistência quase completa Normal ou reduzida 30 Totalmente acamado Incapaz para qualquer atividade. Doença extensa Dependência Completa Normal ou Reduzida 20 Totalmente acamado Incapaz para qualquer atividade. Doença extensa Dependência Completa 10 Totalmente acamado Incapaz para qualquer atividade. Doença extensa Dependência Completa Mínima a pequenos goles Cuidados com a boca 0 Morte - - - Completa ou períodos de confusão Completa ou períodos de confusão Completa ou sonolênci +/- confusão Completa ou sonolência +/- confusão Completa ou sonolência +/- confusão Sonolência ou coma +/- confusão - Figura 3. Victoria Hospice Society. J Pall Care, v. 9, n. 4, p. 26-32. Tradução livre de Maria Goretti Maciel/Ricardo Tavares de Carvalho, 2009. Ainda nesse enfoque, as Escalas de Coma de Glasgow e de Ramsay foram mantidas no mesmo bloco, que segundo Morton e Fontaine (2013) servem para avaliação rápida dos pacientes internados em UTI, bem como a de Ramsay, quando existe o uso de sedação. Em relação à hidratação e manejo de drogas em pacientes assistidos em UTI no contexto dos cuidados paliativos, a Hipodermóclise é uma alternativa por meio da via subcutânea, sendo segura, eficaz e, sobretudo, confortável. Ressalvada por Oliveira e Carvalho (2013) e CREMESP (2008), essa técnica consiste na infusão de líquidos na hipoderme com scalp ou jelco de calibre variados entre 18G a 27G conforme avaliação e quantidade de tecido subcutâneo nas regiões da face externa das coxas, escapular, face anterolateral do abdômen, parte anterior do tórax e anterior dos braços. Devese atentar para que o volume de líquidos não ultrapasse 3000 ml nas 24h e as soluções sejam isotônicas. A manutenção do cateter ocorre a cada 4h, podendo permanecer in situ até 72h. 60 No tocante à eliminação vesical com a adição de derivações urinárias do tipo “Ureterostomia”, “Briker”, “Urostomia” e “Colostomia úmida” no protocolo, percebe-se que é comum o uso de tais ostomias, pois diante das considerações de Costa (2007) o uso melhora a qualidade de vida dos pacientes em CP. A colostomia úmida também conhecida como ureterossigmoidostomia permite a saída de urina e fezes em um mesmo estoma. A ureteroileostomia ou derivação de Briker consiste na implantação dos ureteres em segmento isolado de íleo terminal. Dentre as variáveis correspondentes ao histórico de enfermagem, acrescentou-se o item sono e repouso, pois um juiz sugeriu por ser uma das necessidades importantes que o paciente apresenta diante de sua terminalidade. Este aspecto é abordado por Kretzer (2012) quando a alteração do padrão sono-vigília é modificado devido a inúmeros fatores, como ambientais, interrupção do sono para a realização de coletas de exames, ansiedade, uso de sedativos e analgésicos. Percebe-se que a manutenção do sono deve ser estimulada ao máximo a fim de promover qualidade no final de vida, como também minimização de eventos estressantes. Com relação aos aspectos de controle de sintomas respiratórios e digestórios, foi sugerido uma ênfase maior no que se refere às medidas não farmacológicas para o alívio desses desconfortos. É notória a presença das terapias integrativas e complementares também no cuidado paliativo. Trata-se de ações paliativas não invasivas e aceitas pelos pacientes durante esse processo. Uma unidade de CP deve contar com recursos, como psicoterapia, acupuntura, massagens e técnicas de relaxamento corporal e musicoterapia (CREMESP, 2008). Corroborando com essas ações, Amaral e Silva (2013) acrescentam ainda as modalidades de acupressão, eletroacupuntura, shiatsu, reflexologia, aromaterapia, meditação, arteterapia, terapia floral, reiki e toque terapêutico. Ressalta-se que a visão holística dos cuidados complementares integra de forma clara algumas das teorias de enfermagem. Dentre elas, destaca-se o modelo de Henderson elencando as 14 necessidades básicas do ser humano; a Teoria de Peplau das relações interpessoais; Rogers descreve a 61 importância do campo energético do ser humano como sistema de energias; Leninger através da Teoria da Diversidade e da Universalidade dos cuidados culturais e Watson com o cuidado transpessoal (TOMEY; ALLIGOOD, 2010). A respeito da dimensão espiritual, um dos juízes mostrou a clareza da descrição ao abordar os recursos espirituais na intervenção apoio espiritual. Aitken (2008) diz que o atendimento espiritual deverá ser oferecido de acordo com as crenças religiosas e correspondem à qualidade no fim de vida. O cuidado paliativo reconhece que as curas espirituais podem acontecer mesmo quando a cura física é impossibilitada. A última intervenção sugerida após a avaliação dos juízes foi no cuidado pós-morte em que houve a necessidade de adicionar a conduta de oferecer apoio e escuta aos familiares durante a permanência no hospital e após sepultamento por meio de contato telefônico. A finitude da vida não termina com o preparo do corpo. Silva (2014) evidencia que a dor e o sofrimento do outro, no caso a família, tem de ser compartilhada e expressa pelos sujeitos, uma vez que a humanização transita no diálogo, gerando, assim, a possibilidade de reinventar a vida e o morrer com o outro. 62 7 CONCLUSÃO A validação de conteúdo que visa validar uma proposta de protocolo assistencial de enfermagem para pacientes em terminalidade internados em Unidades de Terapia Intensiva foi realizada por 11 juízes. Do total, a maioria era do sexo feminino, especialistas, média de idade de 36,64 anos e tempo de trabalho de 10,27 anos em média. Durante o processo de julgamento, os juízes avaliaram 15 quesitos divididos em histórico e intervenções de enfermagem. Obteve-se um percentual de 67,27% das respostas consideradas adequadas ao protocolo assistencial, 30,91% adequadas, porém necessitando de alterações, e apenas 1,82% dos juízes julgou o quesito estado de consciência no bloco do histórico de enfermagem como inadequado. O índice de validade de conteúdo aplicado ao protocolo assistencial durante o processo de terminalidade mostrou-se favorável, uma vez que a avaliação global totalizou no mínimo 0,9. Ressalta-se que as sugestões dos juízes foram acatadas em sua maioria buscando uma melhor compreensão e clareza dos itens que compunham o instrumento visando torná-lo exequível. Após a realização da validação e inclusão das sugestões por parte dos colaboradores da presente pesquisa, construiu-se uma nova proposta de protocolo assistencial de enfermagem durante o processo de terminalidade. Na reformulação, retirou-se apenas o item estado de consciência que compõe o histórico de enfermagem por ter sido julgado inadequado para essa proposta, bem como foi acrescentado o quesito sono e repouso conforme recomendado. Como produto final, este protocolo apresenta-se válido, porém é imprescindível a realização de novos estudos com amostra maior para uma representatividade e poder de generalização. As limitações do estudo foram a não disponibilidade de alguns juízes, reduzindo, assim, o tamanho da amostra, como também o longo período 63 referente à devolução dos protocolos devidamente preenchidos e avaliados, além da impossibilidade da aplicação da técnica de Delphi devido ao curto espaço de tempo. Cabe salientar que esta pesquisa não encerra aqui, faz-se necessária uma nova rodada do protocolo aos juízes para uma nova apreciação, além da continuidade do processo com a validação de critério para prática clínica em um possível doutoramento. REFERÊNCIAS 64 ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS. Manual de cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009, p.320. ALEXANDRE, Neusa Maria Costa; COLUCI, Marina Zambon Orpinelli. Validade de conteúdo nos processos de construção e adaptação de instrumentos de medidas. Ciência & Saúde Coletiva. v.17, n.7, p.3061-3068, 2011. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/csc/v16n7/06.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2014. 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Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n1/v14n1a17.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2014. 72 WALTZ, Carolyn F; STRICKLAND, Ora Lea; LENZ, Elizabeth R. Measurement in Nursing Research. Ed. FA. Davis Company: Philadelphia, 1991. WHOQOL Group, 1994. Development of the WHOQOL: Rationale and current status. International Journal of Mental Health, v. 23, n.3, 1994, p.24-56. WHOQOL Group. The World Health Organization quality of life assessment (WHOQOL): position paper from the World Health Organization. Soc Sci Med. 1995, v. 41, p.1403-1409. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Definition of palliative care [document da internet] 2014. Disponível em: <http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en>. Acesso em: 16 set. 2014. 73 APÊNDICE A UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CARTA CONVITE AOS JUÍZES DA PESQUISA Aos avaliadores, Vimos por meio desta respeitosamente convidá-lo a compor o Corpo de Juízes destinado a avaliar o instrumento (check list) para verificar os conhecimentos e habilidades técnicas referentes aos procedimentos de enfermagem realizados com os pacientes em processo de terminalidade. Desta forma, solicitamos sua colaboração na leitura e apreciação do instrumento, assim como comentários e sugestões acerca da manutenção ou exclusão dos itens e inclusão de novos, caso julgue necessário. A avaliação deste material compõe a primeira etapa do projeto de pesquisa ao nível de mestrado intitulado: “Validação de um instrumento para a assistência de enfermagem durante o processo de terminalidade”, cujo objetivo consiste em elaborar e validar um protocolo assistencial de enfermagem direcionado para pacientes em terminalidade internados em Unidades de Terapia Intensiva. Esta pesquisa servirá como subsidio na assistência de enfermagem através da ação efetiva na implementação do protocolo, onde contribuirá significativamente ao cuidado humanizado e de qualidade no fim de vida proporcionando uma morte digna e sem maiores sofrimentos. O projeto obteve parecer aprovado, cujo protocolo é 787.224 CAAE: 33913514.9.0000.5537 de 11 de setembro de 2014 e está sendo desenvolvido pela mestranda Edilene Castro dos Santos. Caso nos honre com a sua participação para compor o quadro de juízes, o material será disponibilizado através de correspondência eletrônica e deverá ser avaliado em 15 dias a contar da data de recebimento dos instrumentos. Gostaríamos de ressaltar que o instrumento deverá ser mantido em completo sigilo. Na certeza de contarmos com a compreensão e empenho dos docentes, agradecemos antecipadamente. Atenciosamente, Mesd. Edilene Castro dos Santos 74 APÊNDICE B UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM Campus Universitário – Br 101 – Lagoa Nova – Natal, RN. CEP: 59072-970. Fone/fax: (84) 3215-3196. E-mail: [email protected] TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO EU, __________________________________________________________, RG ___________________________, declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido(a) por Edilene Castro dos Santos, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, consinto em participar como juiz avaliador na pesquisa intitulada “validação de um instrumento para a assistência de enfermagem durante o processo de terminalidade”, sob coordenação da professora orientadora Dra. Alexsandra Rodrigues Feijão, que tem como objetivo Elaborar e validar um protocolo assistencial para os pacientes em terminalidade internados em Unidades de Terapia Intensiva no município de Natal-RN. Estou ciente que tenho a liberdade para participar e para retirar o consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo de caráter econômico, social, psicológico ou moral, sendo garantido o anonimato e o sigilo dos dados referentes à minha identificação. Sei também que terei acesso aos resultados desta pesquisa, se assim desejar, após sua publicação e que a equipe da pesquisa se responsabilizará por possíveis custos, bem como indenizações de danos decorrentes da minha participação na pesquisa, desde que fique comprovado legalmente sua necessidade. _______________________________________________________________ Assinatura do participante COMPROMISSO DO PESQUISADOR: Eu, Edilene Castro dos Santos, brasileira, CPF:02720135445, residente a Rua Luiz Cúrcio Cabral, 08 A. Natal/RN, CEP:59060430, Tel: (84) 88136465, Email:[email protected], discuti as questões acima apresentadas ao participante no estudo. Natal, _____ de ____________de 2014. __________________________________ Profa. Edilene Castro dos Santos Pesquisadora responsável 75 APÊNDICE C UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM – CURSO DE MESTRADO INSTRUÇÕES PARA O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO CONTEÚDO DOS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS Prezado (a) Juiz (a),______________________________________________ Leia atentamente as instruções a seguir para o preenchimento do instrumento do presente estudo intitulado “validação de um instrumento para a assistência de enfermagem durante o processo de terminalidade”. O objetivo deste instrumento é captar o parecer dos juízes da pesquisa acerca de cada um dos itens de avaliação dos indicadores durante o processo de terminalidade em unidades de terapia intensiva. Este instrumento é composto por um quadro demonstrativo com os requisitos (quadro 1) e seus respectivos códigos numéricos, a serem analisados em cada um dos itens dos instrumentos de coleta. Cada instrumento de check list do processo de terminalidade estão dispostos, para avaliação, da seguinte maneira: a primeira coluna contém os itens a serem avaliados; segue-se com duas colunas revelando se cada item é compreensível e sugestões dos juízes; a última coluna contém categorias com respostas dicotômicas “Adequado (1)”, Adequado com alterações (2)” e “Inadequado (3)”, que devem ser assinaladas com um “X”. Em caso de inadequação, deverão ser listados os respectivos códigos numéricos, contidos no instrumento, na coluna seguinte; e uma última coluna para designar de forma escrita os motivos de inadequações e/ou sugestões a fim de se adequar o item avaliado. Assinalar com um “X” na opção “Adequado (1)” se o item de avaliação preencher todos os requisitos e, na opção “ Adequado com alterações (2)” e “Inadequado (I)” se não preencher algum(ns) dos requisitos, explicitando o código respectivo do requisito inadequado e o motivo e/ou sugestão para melhoramento do item. Marcar somente uma opção. Será disponibilizado, em anexo, o instrumento gabarito do check list de cada procedimento (ANEXO D), o qual contém os parâmetros considerados adequados para a correta atuação na terminalidade em UTI. Por fim, o juiz deverá emitir um parecer final para o instrumento, através de requisitos prédeterminados e por escrito. 1. HISTÓRICO DE ENFERMAGEM 76 SUBDIVISÕES ESTE ITEM CATEGORIAS CÓDIGOS PARECE EM COMPREENSÍVEL SUGESTÃO ? NUMÉRICOS CASO DE CASO JULGUE QUE ALGUM ITEM NÃO ESTEJA CLARO E COMPREENSIVO ACRESCENTE SUA SUGESTÃO NO ESPAÇO DESTINADO PARA CADA ITEM. NÍVEL DE ( ) Sim CONSCIÊNCIA ( ) Não 1. Adequado 2. Adequado com alterações 3.Inadequado ESTADO DE ( ) Sim 1. Adequado CONSCIÊNCIA ( ) Não 2. Adequado com alterações 3.Inadequado VENTILAÇÃO ( ) Sim 1. Adequado ( ) Não 2. Adequado com ( ) Sim ( ) Não ACESSO VENOSO alterações 3.Inadequado ( ) Sim 1. Adequado ( ) Não 2. Adequado com alterações 3.Inadequado ALIMENTAÇÃ E ( ) Sim 3. Adequado HIDRATAÇÃO ( ) Não 4. Adequado com alterações 3.Inadequado 77 ELIMINAÇÃO ( ) Sim 1. Adequado VESICAL E ( ) Não 2. Adequado BALANÇO HÍDRICO com alterações 3.Inadequado ELIMINAÇÃO ( ) Sim 1. Adequado INTESTINAL ( ) Não 2. Adequado com alterações 3.Inadequado HIGIENE CORPORAL ( ) Sim 1. Adequado ( ) Não 2. Adequado com alterações 3.Inadequado CURATIVOS ( ) Sim 1. Adequado ( ) Não 2. Adequado com alterações 3.Inadequado 2.INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NAS DIMENSÕES HUMANAS SUBDIVISÕES ESTE ITEM CATEGORIAS CÓDIGOS PARECE EM COMPREENSÍVEL SUGESTÃO ? NUMÉRICOS CASO DE CASO JULGUE QUE ALGUM ITEM NÃO ESTEJA CLARO E COMPREENSIVO ACRESCENTE SUA SUGESTÃO NO ESPAÇO DESTINADO PARA CADA ITEM. DIMENSÃO ( ) Sim 1. Adequado BIOLÓGICA ( ) Não 2. Adequado com alterações 3.Inadequado DIMENSÃO ( ) Sim 1. Adequado PSICOLÓGICA ( ) Não 2. Adequado 78 com alterações 3.Inadequado DIMENSÃO SOCIAL ( ) Sim 1. Adequado ( ) Não 2. Adequado com alterações 3.Inadequado DIMENSÃO ( ) Sim 1. Adequado ESPIRITUAL ( ) Não 2. Adequado com alterações 3.Inadequado INTERVENÇÃO NO ( ) Sim 1. Adequado ATO DA ( ) Não 2. Adequado TERMINALIDADE com alterações 3.Inadequado INTERVENÇÃO NO ( ) Sim 1. Adequado PÓS-MORTE ( ) Não 2. Adequado com alterações 3.Inadequado Quadro 1: quadro demonstrativos dos requisitos a serem avaliados durante o processo de terminalidade 79 APÊNDICE D PARTE I PROTOCOLO HISTÓRICO DE ENFERMAGEM Data:___________________ Setor:______________Leito:______________ Paciente:________________________________________ Idade:________ Diagnóstico médico:___________________________________________ NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 1. Consciente ( ) 2.Letárgico ( ) 3. Torporoso ( ) 4. Semicomatoso ( ) 5. Comatoso ( ) ESTADO DE CONSCIÊNCIA Glasgow: AO:_________; RV:___________ RM:____________ VENTILAÇÃO 1. Ar ambiente ( ) 2. Máscara de Venturi ( ) à________ % 3. Cateter ( ) à _______ l/min 1. TQT ( ) 5. TOT ( ) 6. BiPAP ( ) 7. CPAP ( ) 8. VMNI ( ) 9. VMI ( ) 9.1. Modalidades: C/A ( ) VSIO ( ) VSP ( ) VCP ( ) VLPA ( ) OPGV ( ) FiO2:_____________ SPO2:______________________ ACESSO VENOSO 80 1. Periférico ( ) 2. Central ( ) 3. Flebotomia ( ) 4.Cateter totalmente implantado ( ) 5. Cateter semi-implantado ( ) 6.Sem acesso ( ) ALIMENTAÇÃO E HIDRATAÇÃO 1. Oral com ajuda ( ) 2. Oral sem ajuda ( ) 3.SNG ( ) 4.SNE ( ) 5.GTM ( ) 6. JTM( ) 7.NPT ( ) 8. Zero ( ) 1. Hidratação Oral ( ) 2. Venosa hidratação ( ) ELIMINAÇÃO VESICAL 1. Espontânea no banheiro ( ) 2. Fralda ( ) 3. Aparadeira ( ) 4. Papagaio ( ) 5.Dispositivo urinário tipo camisinha ( ) 6.SVD ( ) 7. SVA ( ) 8.Cistostomia ( ) BALANÇO HÍDRICO Líquidos infundidos:___________________ Líquidos eliminados:__________________ Total:____________________ ELIMINAÇÃO INTESTINAL 1. Espontânea no banheiro ( ) 2. Fralda ( ) 3. Ileostomia ( ) 4. Colostomia ( ) HIGIENE CORPORAL 81 1. Banho de aspersão ( ) 2. Banho no leito ( ) CURATIVOS / REGIÃO 1. Acesso venoso central: __________________________________ 2. Úlcera de pressão: ______________________________________ 3. Dreno: ______________________________________________ OBSERVAÇÕES ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ _________________ ENFERMEIRO-M ___________________ ENFERMEIRO-T ________________ ENFERMEIRO- N 82 PARTE II INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM DURANTE A TERMINALIDADEDIMENSÃO BIOLÓGICA INTERVENÇÃO-CONTROLE DA DOR 1. Realizar avaliação da dor. 2. Observar a ocorrência de indicadores não verbais de desconforto. 3.Assegurar que o paciente receba cuidados precisos de analgesia. 4.Investigar o conhecimento do paciente sobre a dor de acordo com sua crença. 5.Reduzir ou eliminar fatores desencadeantes da dor(medo, cansaço, falta de informação). 6.Escolher estratégias que aliviam a dor(não farmacológica), conforme apropriado. MANHÃ TARDE NOITE Valor: Valor: Valor: ______ ______ _____ 83 7.Usar medidas de controle antes do agravamento. 8.Encorajar o paciente a conversar sobre a experiência da dor. 9.Utilizar abordagem multidisciplinar de controle da dor. 10.Medidas Não farmacológicas (massagem, música) INTERVENÇÃO -CONTROLE DOS SINTOMAS RESPIRATÓRIOS 1.Avaliar a intensidade da dispneia e tosse. 2.Avaliar fatores desencadeantes da dispneia. 3.Avaliar a necessidade de aspiração. 4.Manter vias aeras pérvias. 5.Posicionamento de semi Fowler. 6.Promover tranquilidade. 7.Ofertar oxigênio suplementar se necessário. 8.Monitorar o fluxo dos litros de oxigênio. 9.Comprimir o abdome do paciente abaixo do MANHÃ TARDE NOITE 84 apêndice xifoide, com a mão espalmada, enquanto o ajuda a flexionar-se para frente, ao mesmo tempo que tosse. INTERVENÇÃO -CONTROLE DE NÁUSEAS E VÔMITOS 1.Identificar os fatores causadores de náusea e vômito. 2.Controlar os fatores ambientes capazes de evocar náuseas e vômitos. 3.Reduzir fatores pessoais que precipitem a náusea e vômito (ansiedade, medo e falta de conhecimento). 4.Posicionar para prevenção de aspiração. 5.Manter via aérea oral permeável. 6.Higienização da cavidade oral com clorexidine 2%. 7.Oferecer gelo 40min antes das refeições para minimizar os sintomas. 8.Monitorar o equilíbrio eletrolítico. 9.Encorajar o repouso. 10.Ensinar medidas não farmacológicas para controlar náuseas e vômitos (pressionar por 2min na medida de três dedos à prega da flexão do punho entre os tendões do músculo palmar longo e flexor radial do carpo; 4 dedos abaixo da MANHÃ TARDE NOITE 85 patela e lateral à tuberosidade da tíbia) 11.Oferecer líquidos incolores conforme apropriado. 12.Em caso de vômitos fecaloides realizar o cateterismo gástrico para descompressão. INTERVENÇÃO -CONTROLE DE DIARREIA E MANHÃ TARDE NOITE MANHÃ TARDE NOITE OBSTIPAÇÃO 1.Avaliar os episódios de diarreia quanto à cor, volume, frequência e consistência das fezes. 2.Avaliar a ausência das eliminações intestinais em dias. 3.Avaliar fatores desencadeantes de constipação (opiácios, dieta). 4.Monitorar os ruídos hidroaéreos. 5.Oferecer alimentação 6-8 vezes ao dia. 6.Oferta de líquidos isotônicos. 7.Avaliação nutricional para adaptação da dieta. 8.Realizar mudança de decúbito 2/2h. 9.Promover higienização corporal e conforto. 10.Manter controle hídrico. INTERVENÇÃO -CONTROLE DA FADIGA 1.Encorajar a expressão de sentimentos sobre 86 as limitações. 2.Monitorar a ingestão nutricional para garantir aporte energético adequado. 3.Selecionar as intervenções para reduzir a fadiga conforme apropriado._____________________________ 4.Prática de exercícios conforme apropriado. 5.Uso da massagem com óleos aromáticos conforme a necessidade. 6.Auxiliar o paciente a identificar as preferências por atividades. 7.Limitar estímulos ambientais (ruídos e iluminação) para facilitar o relaxamento. 8.Encorajar períodos alternados de descanso e atividade. 9.Oferecer recursos complementares (música). INTERVENÇÃO -CONTROLE DO DELÍRIO E DEMÊNCIA 1.Monitorar o estado neurológico continuamente. Escala de Coma de Glasgow:______________ 2.Permitir que o paciente mantenha rituais que limitam a ansiedade. 3.Encorajar visitas de pessoas significativas. 4.Orientar o paciente sobre pessoa, lugar e MANHÃ TARDE NOITE 87 tempo se necessário. 5.Usar indicadores ambientais (fotos, cores, objetos) que estimulem a memória. 6.Aproximar-se lentamente do paciente e sempre pela frente. 7.Fornecer iluminação adequada e não excessiva. 8.Manifestar interesse pelo paciente. 9.Evitar perguntas que ele não consegue responder. DIMENSÃO PSICOLÓGICA IDENTIFICAÇÃO DAS FASES DE MANHÃ KÜBLER-ROSS 1. Negação 2. Raiva 3. Barganha 4. Depressão 5. Aceitação 6.Escutar o paciente ativamente. INTERVENÇÃO-CUIDADO PSICOLÓGICO 7.Promover o envolvimento familiar. 8.Permitir que o paciente se expresse ativamente 9.Manter a comunicação efetiva entre equipe e TARDE NOITE 88 paciente. 10.Promover uma relação de confiança com a família. DIMENSÃO SOCIAL INTERVENÇÃO -APOIO FAMILIAR E AO PACIENTE 1.Avaliar a reação emocional da família à condição do paciente. 2.Escutar as preocupações, sentimentos e perguntas da família. 3.Facilitar a comunicação entre os membros da família. 4.Aceitar os valores da família e paciente sem julgamento. 5.Responder a todas as perguntas da família e paciente juntamente com a equipe multiprofissional. 6.Ajudar a família a solucionar conflitos de valores. 7.Ensinar os planos de cuidado à família. 8.Proporcionar conhecimentos necessários aos familiares que auxiliarão na tomada de decisão. 9.Oportunizar a visita de pessoas que o paciente deseje. 10.Orientar a família e paciente quanto as MANHÃ TARDE NOITE 89 diretivas antecipadas de vontade. 11.Proteção dos direitos do paciente. 12.Não exercer a distanásia. DIMENSÃO ESPIRITUAL INTERVENÇÃO -APOIO ESPIRITUAL MANHÃ TARDE NOITE MANHÃ TARDE NOITE 1.Usar da comunicação efetiva para estabelecer confiança e cuidados com empatia. 2.Tratar a pessoa com dignidade e respeito. 3.Encorajar a participação em interação com familiares e amigos. 4.Oferecer privacidade para as atividades espirituais. 5.Compartilhar a própria perspectiva espiritual, conforme apropriado. 6. Facilitar o processo de perdão. 7.Organizar visitas de conselheiro espiritual. 8.Encorajar o uso de recursos espirituais, quando desejado. 9.Proporcionar música, literatura, ou programas de TV ou rádio espirituais do paciente. 10.Estar junto ao paciente no tocante aos rituais religiosos. INTERVENÇÕES NO ATO DA TERMINALIDADE 90 1.Permanecer fisicamente próximo ao paciente quando estiver assustado. 2.Modificar o ambiente com base na necessidade e desejos do paciente. 3.Respeitar solicitações específicas de cuidado feitas pelo paciente e família. 4.Apoiar os esforços da família para permanecer junto ao leito. 5.Incluir a família nas decisões e atividades de cuidado, se for o desejo. INTERVENÇÃO -CUIDADOS PÓS-MORTE 1.Retirar todos os drenos, sondas, acessos, como convier. 2.Higienizar o corpo se necessário. 3.Colocar prótese dentária se possível. 4.Fechar os olhos do paciente. 5.Realizar tamponamento dos orifícios com algodão e espátula sem deixar aparente. 6.Manter o alinhamento corporal correto. 7.Oferecer apoio aos familiares. 8.Identificar o paciente com uma etiqueta em duas vias contendo (nome, idade, data do óbito, hora do óbito e setor), onde uma deverá ser fixada no tórax do paciente e a outra no invólucro externo. MANHÃ TARDE NOITE 91 9.Organizar os pertences do paciente, protocolar e entregar à família. 10.Orientar a família quanto a declaração de óbito fornecida e preenchida pelo médico de plantão (entregar a via amarela e orientar a procurar o cartório até 15 dias). 11.Transferir o paciente ao necrotério. 12. Registro no prontuário APÊNDICE E PARTE I PROTOCOLO REFORMULADO HISTÓRICO DE ENFERMAGEM 92 Data:___________________ Setor:______________Leito:______________ Paciente:________________________________________ Idade:________ Diagnóstico médico:______________________Dias de internação:_______ NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 1. Vigília: 1.1 Consciente ( ) 1.1 Inconsciente ( ) 2. Letargia ( ) 3. Confusão mental ( ) 4. Estupor ( ) 5. Coma ( ) PPS:__________ ECG:_______________ Ramsay:_____________ VENTILAÇÃO VNI: 1. Ar ambiente ( ) 2. Máscara de Venturi ( ) à________ % 3. Cateter ( ) à _______ l/min 4. BIPAP ( ) 5. CPAP ( ) 6. Macronebulização ( ) à ____l/min VI: 1. TQT ( ) 2. TOT ( ) Modalidades: C/A ( ) VSIO ( ) VSP ( ) VCP ( ) VLPA ( ) OPGV ( ) FiO2:__________ SPO2:___________ ACESSO VENOSO 1. Periférico ( ) em:______ 2. Central: 2.1 Cateter totalmente implantado ( ) 2.2 Cateter semi-implantado ( ) 3. Flebotomia ( 5.Jelco hidratado ( ) 6. Sem acesso ( ) ) 4. Subcutâneo ( ALIMENTAÇÃO 1. Oral com ajuda ( ) 2. Oral sem ajuda ( ) 3. Não aceita ( ) 4.SNG ( ) 5.SNE ( ) 6.GTM ( ) 7.JTM ( ) 8.NPT ( ) 9. Zero ( ) HIDRATAÇÃO 1. Hidratação Oral ( ) 2. Hidratação venosa ( ) ____ml/h 3. Ambas ( ) 3. Hipodermóclise ( ) ELIMINAÇÃO VESICAL ESPONTÂNEA: 1. Banheiro ( ) 2. Fralda ( ) 3. Aparadeira ( 4. Papagaio ( ) ) 5. Anúria ( ) DISPOSITIVO: 1.Dispositivo urinário ( ) 2. SVD ( ) 3. SVA ( ) 4.Cistostomia ( ) 5. Nefrostomia ( ) 6. Ureterostomia ( ) ) 93 7. Briker ( ) 8. Urostomia ( ) 9. Colostomia úmida ( ) BALANÇO HÍDRICO Líquidos infundidos:______ Líquidos eliminados:_____ BH:______ ELIMINAÇÃO INTESTINAL ESPONTÂNEA: 1. Banheiro ( ) 2. Fralda ( ) DISPOSITIVO: 1. Ileostomia ( ) 2. Colostomia ( ) 3. Jejunostomia ( ) 4.Ausentes há_____dias HIGIENE CORPORAL 1. Banho de aspersão c/ auxílio ( ) 2. Banho de aspersão s/ auxílio ( ) 3.Banho no leito ( ) 4.Higiene oral ( ) 5.Higiene intima ( ) SONO E REPOUSO 1. Preservado ( ) 2. Comprometido ( ) CURATIVOS 1. Acesso venoso central ( ) Local:______________________________ Aspecto:_________________________________________________ 2.Úlcera de pressão ( ) Local:__________________________________ Aspecto: __________________________________________________ 3.Dreno ( ) Local:____________________________________________ Aspecto:__________________________________________________ 4.Incisão cirúrgica ( ) Local:____________________________________ Aspecto:__________________________________________________ 5.Outros ( ) Quais/Local:_____________________________________ Aspecto:___________________________________________________ OBSERVAÇÕES_________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________ ___________________ ________________ 94 ENFERMEIRO-M ENFERMEIRO-T ENFERMEIRO- N PARTE II INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM DURANTE A TERMINALIDADEDIMENSÃO BIOLÓGICA INTERVENÇÃO-CONTROLE DA DOR 1. Avaliar intensidade da dor. 2.Assegurar que o paciente receba cuidados precisos de analgesia conforme prescrito. 3.Investigar o conhecimento do paciente sobre a dor de acordo com sua crença. 4.Promover medidas que possibilite reduzir ou eliminar fatores desencadeantes da dor(medo, cansaço, falta de informação). 5.Escolher estratégias não farmacológica (massagem, música) que aliviam a dor. Especificar__________________ 6.Encorajar o paciente a conversar sobre a experiência da dor. 7.Utilizar abordagem multidisciplinar de controle da dor. MANHÃ TARDE NOITE Escore: ______ Escore: ______ Escore: ______ 95 INTERVENÇÃO-CONTROLE DOS SINTOMAS RESPIRATÓRIOS MANHÃ TARDE NOITE MANHÃ TARDE NOITE 1.Avaliar a intensidade da dispneia e tosse. 2.Avaliar fatores desencadeantes da dispneia. 3.Avaliar a necessidade de aspiração. 4.Manter vias aéreas pérvias. 5.Viablize o posicionamento confortável no leito em semi Fowler. 6.Promover tranquilidade. 7.Ofertar oxigênio suplementar SN conforme prescrito. 8.Monitorar o fluxo de oxigênio de acordo com o dispositivo utilizado. 9.Quando houver tosse: comprimir o abdome do paciente abaixo do apêndice xifoide, com a mão espalmada, enquanto o ajuda a flexionar-se para frente, ao mesmo tempo que tosse. INTERVENÇÃO-CONTROLE DE NÁUSEAS E VÔMITOS 1.Identificar os fatores causadores de náusea e vômito. 2.Controlar os fatores ambientes capazes de desencadear náuseas e vômitos. 3.Reduzir fatores pessoais que precipitem a náusea e vômito (ansiedade, medo e falta de conhecimento). 4.Posicionar para prevenção de broncoaspiração. 5.Manter via aérea permeável. 6.Higienização da cavidade oral com clorexidine 2%. 7.Oferecer gelo 40min antes das refeições para minimizar os sintomas. 96 8.Monitorar o equilíbrio hidroeletrolítico. 9.Encorajar o repouso. 10.Ensinar medidas não farmacológicas para controlar náuseas e vômitos da seguinte forma: Medir três dedos à prega da flexão do punho e pressionar entre os tendões do músculo palmar longo e flexor radial do carpo por 2 min. Medir 4 dedos abaixo da patela e lateral à tuberosidade da tíbia pressionando por 2 min. 11.Oferecer líquidos conforme apropriado. 12. Realizar o cateterismo gástrico para descompressão em caso de vômito fecaloide. INTERVENÇÃO-CONTROLE DE DIARREIA E OBSTIPAÇÃO 1.Avaliar os episódios de diarreia quanto à cor, volume, frequência e consistência das fezes. 2.Avaliar a ausência das eliminações intestinais diariamente. 3.Avaliar fatores desencadeantes de constipação (opiáceos, dieta). 4.Monitorar os ruídos hidroaéreos. 5. Avaliação nutricional para adequação da dieta. 6.Oferecer líquidos isotônicos. 7.Oferecer alimentação 6-8 vezes ao dia conforme nutrição. 8.Realizar mudança de decúbito 2/2h para controle da diarreia conforme resposta de conforto do paciente. 9.Promover higienização corporal e conforto após episódios diarreicos. 10.Manter controle hídrico. MANHÃ TARDE NOITE 97 INTERVENÇÃO-CONTROLE DA FADIGA MANHÃ TARDE NOITE MANHÃ TARDE NOITE 1.Encorajar a expressão de sentimentos sobre as limitações. 2.Monitorar a ingestão nutricional para garantir aporte energético adequado. 3.Selecionar as intervenções (exercício aeróbio, atividades manuais) para reduzir a fadiga.___________________________ 4.Praticar exercícios conforme apropriado. 5.Uso da massagem com óleos aromáticos conforme a necessidade. 6.Auxiliar o paciente a identificar as preferências por atividades. 7.Limitar estímulos ambientais (ruídos e iluminação) para facilitar o relaxamento. 8.Encorajar períodos alternados de descanso e atividade. 9.Oferecer recursos complementares (música). INTERVENÇÃO-CONTROLE DO DELÍRIO E DEMÊNCIA 1.Monitorar o estado neurológico continuamente. 2.Permitir que o paciente mantenha rituais que limitam a ansiedade. 3.Encorajar visitas de pessoas significativas. 4.Orientar o paciente sobre pessoa, lugar e tempo se necessário. 5.Usar indicadores ambientais (fotos, cores, objetos) que estimulem a memória. 6.Ao abordar o paciente, aproximar-se lentamente dele e preferencialmente pela frente. 7.Fornecer iluminação adequada e não excessiva. 8.Manifestar interesse verbal e não verbal pelo paciente. 98 9.Evitar perguntas que ele não consiga responder. DIMENSÃO PSICOLÓGICA IDENTIFICAÇÃO DAS FASES DE KÜBLER-ROSS NAS 24H 1. Sinais de negação 2. Sinais de raiva 3. Sinais de barganha 4. Sinais de depressão 5. Sinais de aceitação INTERVENÇÃO-CUIDADO PSICOLÓGICO MANHÃ TARDE NOITE MANHÃ TARDE NOITE 1.Escutar o paciente ativamente e solicitar serviço psicológico. 2.Promover o envolvimento familiar. 3.Permitir que o paciente se expresse ativamente 4.Manter a comunicação efetiva entre equipe e paciente. 5.Promover uma relação de confiança com a família. DIMENSÃO SOCIAL INTERVENÇÃO-APOIO FAMILIAR E AO PACIENTE 1.Avaliar a reação emocional da família à condição do paciente. 2.Escutar as preocupações, sentimentos e perguntas da família. 3.Facilitar a comunicação entre os membros da família. 4.Aceitar os valores da família e paciente sem julgamento. 5.Responder a todas as perguntas da família e paciente juntamente com a equipe 99 multiprofissional. 6.Ajudar a família a solucionar conflitos de valores. 7.Ensinar os planos de cuidado à família. 8.Proporcionar conhecimentos necessários aos familiares que auxiliarão na tomada de decisão. 9.Oportunizar a visita de pessoas que o paciente deseje. 10.Orientar a família e paciente quanto as diretivas antecipadas de vontade. 11.Promover atitudes que visem a proteção dos direitos do paciente. 12.Evitar procedimentos que prologuem o sofrimento. DIMENSÃO ESPIRITUAL INTERVENÇÃO-APOIO ESPIRITUAL 1.Usar da comunicação efetiva para estabelecer confiança e cuidados com empatia. 2.Tratar a pessoa com dignidade e respeito. 3.Encorajar a participação em interação com familiares e amigos. 4.Oferecer privacidade para as atividades espirituais. 5. Facilitar o processo de perdão na família e círculo social. 6.Organizar visitas de conselheiro espiritual. 7.Encorajar o uso de recursos espirituais, quando desejado (eucaristia, unção dos enfermos, água benta, reza do terço, orações, óleo ungido e água fluidificada). Especificar:_________________ 8.Proporcionar música, literatura, ou programas de TV ou rádio espirituais do paciente. 9.Estar junto ao paciente no tocante aos rituais MANHÃ TARDE NOITE 100 religiosos. INTERVENÇÕES NO ATO DA TERMINALIDADE MANHÃ TARDE NOITE 1.Permanecer fisicamente próximo ao paciente quando ele(a) estiver assustado ou com medo. 2.Modificar o ambiente com base na necessidade e desejos do paciente (cuidado com janelas, sons ambientes, temperatura). 3.Respeitar solicitações específicas de cuidado feitas pelo paciente e família. 4.Apoiar os esforços da família para permanecer junto ao leito. 5.Incluir a família na tomada de decisões e atividades de cuidado, se for o desejo. INTERVENÇÃO-CUIDADOS PÓS-MORTE 1.Retirar todos os drenos, sondas e acessos. 2.Higienizar o corpo se necessário. 3.Colocar prótese dentária se possível. 4.Fechar os olhos do paciente. 5.Realizar tamponamento dos orifícios com algodão e espátula sem deixar aparente. 6.Manter o alinhamento corporal correto. 7.Oferecer apoio e escuta aos familiares durante a permanência no hospital e após sepultamento por meio de contato telefônico. 8.Identificar o paciente com uma etiqueta em duas vias contendo (nome, idade, data do óbito, hora do óbito e setor), onde uma deverá ser fixada no tórax do paciente e a outra no invólucro externo. 9.Organizar os pertences do paciente, protocolar e entregar à família. 10.Orientar a família quanto a declaração de óbito fornecida e preenchida pelo médico de plantão (entregar a via amarela e orientar a HORÁRIO:__________ 101 procurar o cartório até 15 dias). 11.Transferir o paciente ao necrotério. 12. Registrar as medidas adotadas no prontuário. ANEXO A- Protocolo Comitê de Ética em Pesquisa 102 103 104 105 ANEXO B- Artigo submetido à REME Assistência de enfermagem durante o processo de terminalidade: revisão integrativa Nursing care during process the terminal illness: integrative review Asistencia de enfermería durante el proceso de terminalidade: repaso integrativa Autores: Edilene Castro dos Santos. Enfermeira. Professora do Centro Universitário do Rio Grande do Norte e Faculdade Estácio do Rio Grande do Norte. Mestranda da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN. Natal-RN. Alexsandra Rodrigues Feijão. Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN. Natal-RN. Brasil. Regimar Carla Machado. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN. Natal-RN. Brasil. Autor responsável pela correspondência Edilene Castro dos Santos Rua Luiz Cúrcio Cabral, 08A. Nossa Senhora de Nazaré. CEP: 59060430. Tel: 8432057869. Natal(RN). Brasil. Email: [email protected]. Categoria do artigo: Revisão teórica (Integrativa) 106 Assistência de enfermagem durante o processo de terminalidade: revisão integrativa RESUMO Este estudo visa identificar a assistência de enfermagem durante o processo de terminalidade em unidades de terapia intensiva. Tem como método revisão integrativa da literatura realizado nas bases de dados SciELO, LILACS, PUBMED E SCOPUS. A amostra totalizou em 13 estudos. Os achados abordaram a assistência de enfermagem nos cuidados paliativos como, alívio da dor, conforto, afeto, hidratação e posicionamento do paciente. Os aspectos bioéticos enfocando autonomia, beneficência, não maleficência e justiça para promover dignidade durante a morte, bem como a comunicação efetiva entre a equipe multidisciplinar na tomada de decisão. Ficou evidenciado que a terminalidade é um assunto ainda visto como entrave na assistência de enfermagem em unidades de terapia intensiva. Deve estar voltada para os cuidados paliativos e proporcionar uma morte digna além da construção de protocolos assistenciais nesta fase de vida. Descritores: Cuidados de Enfermagem; Morte; Unidade de terapia intensiva. Nursing care during process the terminal illness: integrative review ABSTRACT This study aims to identify the nursing care during process of terminally illness in intensive care units. Its integrative review of the literature method held in databases SciELO, LILACS, PUBMED and SCOPUS. The sample totaled in 13 studies. The findings raised the nursing care in palliative care, such as pain relief, comfort, affection, hydration and patient positioning.Bioethical aspects focusing on autonomy, beneficence, non-maleficence and justice to promote dignity in death, as well as effective communication between the multidisciplinary team decision-making. It was evident that the terminally ill is a subject still seen as obstacle in nursing care in intensive care units. Must be focused on palliative care and provide a dignified death in addition to the construction of assistive protocols at this stage of life. Key words: Nursing care; Death; The intensive care unit Asistencia de enfermería durante el proceso de terminalidade: repaso integrativa RESUMEN Este estudio visa identificar la asistencia de enfermería durante el proceso de terminalidade en unidades de terapia intensiva. Tiene como método repaso integrativa de la literatura realizado en las bases de datos SciELO, LILACS, PUBMED Y SCOPUS. La muestra totalizó en 13 estudios. Los hallazgos abordaron la asistencia de enfermería en los cuidados paliativos como, alivio del dolor, conforto, afecto, hidratación y posicionamiento del paciente. Los aspectos bioéticos enfocando autonomía, beneficencia, no maleficencia y justicia para promover dignidad durante la muerte, así como la comunicación efectiva entre el equipo multidisciplinar en la tomada de decisión. Quedó evidenciado que la terminalidade es un asunto aún visto como entrabe en la asistencia de enfermería en unidades de terapia intensiva. Debe estar vuelta para los cuidados paliativos y proporcionar una muerte digna además de la construcción de protocolos asistencias en esta fase de vida. Descriptores: Cuidados de Enfermería; Muerte; Unidad de terapia intensiva. 107 Assistência de enfermagem durante o processo de terminalidade: revisão integrativa INTRODUÇÃO Assim como o nascer, o processo de morrer faz parte da vida do ser humano, apesar dos avanços científicos tentando prolongar a vida humana, a morte é uma certeza. Para ser encarada como um processo natural, a morte e suas significações devem ser discutidas com o paciente, família e profissional na tentativa de promover um ambiente tranqüilo e sereno fazendo com que tal situação seja menos sofrível. 1 A literatura2 relata que apesar de sua inevitabilidade, o processo de morte e morrer se caracteriza por uma tarefa árdua a ser refletida diante das ações profissionais. O cuidado no fim da vida é adotado na modernidade como cuidados paliativos, embora não visem à cura, proporcionam o conforto para minimizar o sofrimento gerando qualidade de vida tanto a clientes como familiares diante de doenças terminais.3 Nesse contexto, novas pesquisas estão sendo desenvolvidas com o objetivo de oferecer uma melhor assistência à saúde dessas pessoas acometidas de uma enfermidade em estágio avançado, na tentativa de causar menos impacto no seu processo de terminalidade, com a redução de efeitos colaterais das terapias medicamentosas, a fim de estabelecer qualidade de vida. 4 Essa realidade vem sendo observada nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), por caracterizar um local que o enfermeiro atua com frequência no cuidado direto às pessoas fora de possibilidades de cura, salientando que este profissional deverá ser detentor do conhecimento de outras demandas que também exigem cuidados diferenciados e individualizados. Sobre a temática, estudo multicêntrico realizado em 1990 em cinco hospitaisescola dos Estados Unidos com o intuito de caracterizar o processo de morrer, constatou entre 9105 pacientes acompanhados durante os seus seis últimos meses de vida por médicos e enfermeiros, que a metade permaneceu consciente e relatou dor moderada a severa e 38% permaneceram na UTI pelo menos 10 dias antes de seu falecimento. 108 Entretanto, um dado alarmante, foi a apresentação da maioria dos médicos não conhecer as preferências de seus pacientes frente ao processo de terminalidade. 5 Com isso, grande esforço vem sendo estabelecido na última década na tentativa de melhorar os cuidados paliativos em moldes baseados em evidência científica, com a finalidade de exercê-los na UTI de forma mais humanizada e segura.5 Todavia, para que a assistência de enfermagem se estabeleça de forma mais humana é imprescindível o conhecimento dos princípios bioéticos por parte do enfermeiro e que saibam ancorar suas ações diante da terminalidade. O privilégio em poder prestar uma assistência por tempo prolongado permite a identificação de sinais verbais e não verbais com riqueza de detalhes em suas várias dimensões e assim, implementar seus cuidados junto á equipe multidisciplinar em benefício do binômio paciente-família. Portanto, os cuidados que remetem à dignidade humana no final de vida são exercidos através dos cuidados paliativos que podem e devem ser exeqüíveis nas UTIs, uma vez que a promoção à saúde e a bioética se aliam pela defesa da qualidade no fim da vida. 5 Ao considerar estes aspectos, percebe-se a necessidade de uma assistência humanizada no que concerne os cuidados paliativos, bem como a necessidade de o enfermeiro adequar sua práxis a este conceito e às mudanças no pensar e agir que vêm emergindo recentemente neste sentido. Com isso, evidencia-se a relevância de subsídio teórico e metodológico para auxiliar o profissional de enfermagem na implementação de suas ações fundamentadas em evidências. Assim, o objetivo desta pesquisa é identificar a assistência de enfermagem durante o processo de terminalidade em unidades de terapia intensiva. MÉTODO Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que seguiu seis etapas prédeterminadas: a elaboração da pergunta norteadora, busca ou amostragem na literatura (estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de artigos), coleta de dados (definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados), análise crítica 109 dos estudos incluídos, apresentação e discussão dos resultados e apresentação da revisão. 6,7 Para a definição da pergunta norteadora, utilizou-se a estratégia PICO8 como segue: Como ocorre a assistência de enfermagem a pacientes sem possibilidade de cura nas unidades de terapia intensiva? A busca dos artigos foi realizada através do cruzamento entre os descritores controlados “Cuidados de Enfermagem”, “Morte” e “Unidade de Terapia Intensiva através do operador booleano “AND” encontrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) igualmente nas bases de dados SciELO, LILACS e enquanto que nas bases PUBMED e SCOPUS o cruzamento foi “Care Nursing”, ”Death” e “Intensive Care Units” encontrados no Medical Subject Headings (MeSH.) Os critérios de inclusão adotados para a pesquisa foram: artigos científicos disponíveis nos idiomas português, inglês ou espanhol, publicados na íntegra e gratuitamente nas bases de dados selecionadas no momento da pesquisa; estudos que apresentavam a assistência de enfermagem durante o processo de terminalidade e suas implicações bioéticas. Foram excluídos, editoriais, cartas ao editor, resumos, temática voltada para a pediatria, doação de órgãos e dimensionamento da equipe de enfermagem. Ao realizar a primeira fase de buscas a base de dados LILACS foi a que apresentou mais estudos (41), seguindo-se a SciELO (9), PUBMED (20) e SCOPUS (3). Após a leitura dos títulos dos manuscritos encontrados, o número de artigos selecionados totalizaram (25) LILACS, (7) SciELO, (8) PUBMED (3) SCOPUS. Então foi realizada a leitura dos resumos reduzindo o número de artigos selecionados para (8) LILACS, (4) SciELO, (1) PUBMED e nenhum na SCOPUS. Por fim foi realizada a leitura dos artigos na íntegra perfazendo uma amostra de 13 estudos. Para a fase de coleta de dados foi construído um instrumento contendo a revista, título, resumo, introdução com os objetivos claramente estabelecidos, metodologia com fonte de dados abordada, critérios de inclusão, resultados da pesquisa, discussão e conclusão a fim de extrair as informações gerais dos artigos e identificar a assistência de enfermagem durante o processo de terminalidade. 110 Foi elaborado um quadro comparativo para sintetizar a abordagem da revisão, o qual contém um codinome atribuído ao estudo, os títulos dos artigos, os nomes dos autores, os anos de publicação, os títulos dos periódicos e as bases de dados. Visando viabilizar a análise dos achados e apresentação das evidências, os resultados foram categorizados da seguinte maneira: assistência de enfermagem no processo de terminalidade com enfoque nos cuidados paliativos e seus desdobramentos (higiene, conforto, sintomas álgicos, hidratação, suporte ventilatório, necessidades humanas básicas, uso de compressas, o toque e, uso da música, posicionamento do paciente, e ambiência); aspectos bioéticos mediante a terminalidade e comunicação efetiva com os familiares neste processo. RESULTADOS Os resultados evidenciados foram compilados no quadro 1 contendo a distribuição temporal dos artigos selecionados de acordo com codinome atribuído, título, autor, base dados e ano. Código Título Periódico A130 O cuidador de enfermagem e o cuidar em uma unidade de terapia Autores Base de Dados Ano de Nível de publicação evidência UNOPAR Cient. Ciênc Alves EF. LILACS 2013 LILACS 2013 Biol Saúde VI intensiva. A229 Cuidados paliativos Barros na Revista de Alves UTI: pesquisa: compreensão Cuidado dos fundamental enfermeiros. Oliveira NCB, ERP, CDB, é Dias MD, França ISX, MEM. Freire VI 111 A328 Obstinação terapêutica em unidades de terapia Escola Anna intensiva: Nery Quintana KCO, AM, SCIELO 2012 VI Nietsche EA. perspective de médicos Silva e enfermeiros. A427 Suspensão de tratamentos em V unidades de terapia Revista intensiva e Bioética Saraiva AMP. LILACS 2012 LILACS 2012 seus fundamentos éticos. A526 Refletindo sobre finitude: um enfoque na assistência Revista Medeiros de Bonfada D. RENE YF, enfermagem frente à terminalidade. A631 Ho LA, Comparing clinician ratings of the quality of palliative care in the Engelberg RA, Crit Med. Care Curtis JR, Nelson J, Luce J, Ray DE, Levy MM. PUBMED 2011 VI 112 intensive care unit. A725 Cuidando do paciente no processo de morte na unidade de terapia Revista da Escola de Enfermagem USP Silva RS, 2011 VI LILACS 2009 VI LILACS 2008 V PM, Souza RP, SCIELO Silva NB, 2008 Campos AER, SCIELO Pereira A. intensiva. A824 Vivência dos enfermeiros de unidade de Revista terapia Gaúcha de intensiva Enfermagem Sanches PG, Carvalho MDB. frente à morte e o morrer. A923 Percepção de enfermeiros sobre dilemas éticos Revista relacionados a Escola pacientes da de Enfermagem terminais em USP unidades Chaves AAB, Massarollo MCKB. de terapia intensiva. A1022 Terminalidade e cuidados paliativos na unidade de Revista Brasileira de Terapia Moritz RD, Lago Meneses FA, VI 113 terapia Intensiva Othero JCB, et intensiva. A1121 al. Como implementar cuidados paliativos Revista Costa Filho RC, de Brasileira de Costa JLF, qualidade na Terapia Gutierrez FLBR, unidade Mesquita AF. de Intensiva SCIELO 2008 VI terapia intensiva. A1220 Como melhorar a comunicação e prevenir Revista conflitos situações nas Brasileira de de Terapia terminalidade Moritz RD. LILACS 2007 LILACS 2006 VI Intensiva na unidade de terapia intensiva. A1319 Profissionais de enfermagem frente ao Acta processo de Paulista morte em Enfermagem unidades de terapia intensiva. de Gutierrez BAO, Ciampone MHT. VI 114 Quadro 1. Distribuição temporal dos artigos selecionados de acordo com codinome atribuído, título, autor, base dados e ano. 2014. Nos artigos analisados, foram observados diversos desenhos de pesquisa, sendo (8) com abordagem qualitativa, (3) revisão e (2) quantitativos do tipo transversal. Assistência de enfermagem com enfoque nos cuidados paliativos Percebeu-se que todos os artigos abordaram a assistência de enfermagem durante o processo de fim de vida nas unidades de terapia intensiva. Em sua maioria, evidenciou-se que os cuidados de enfermagem eram voltados para as queixas álgicas e sintomas associados dos pacientes em estado terminal seguidos de ações paliativas, onde descreviam como sendo cuidados de higiene, conforto, promoção de bem estar e os artigos (13) e (2) dos abordaram a questão de proporcionar afeto ao paciente. 19, 29 Foi observado que apenas o artigo (10)22 relata a importância de reconhecer e tratar aspectos físicos e psicológicos da dispneia e reavaliação da necessidade do suporte ventilatório; o estudo (7)25 trata da hidratação, higiene e uso das mesmas medicações prescritas por vários dias. O estudo (2)29 mostrou o uso de compressas frias para aliviar a hipertermia, bem como o posicionamento do paciente no leito a fim de promover bem estar foi abordado. No estudo (1)30 diz que o toque e a música são exercidos como terapia complementar e integrativa de cuidado no tocante à terminalidade. Quanto ao cenário onde acontece a promoção dos cuidados paliativos, o qual é de fundamental importância para a assistência, evidenciaram-se nos achados (12) e (2) a ênfase na ambiência em unidades de terapia intensiva com vista a promover melhor atendimento no fim da vida. 20, 29 Apenas na pesquisa (3)28 foi relatada que a assistência de enfermagem está voltada para atender ao pedido da família quanto ao uso de medidas extraordinárias de tratamento. Observa-se que ao invés de trabalhar com esta acerca da compreensão e aceitação da condição do paciente, se investe todas as possibilidades existentes de manutenção de vida. 115 Cabe ressaltar que nos artigos (11)21 e (6)31 houve consonância quando classificaram os cuidados de saúde executados em UTI entre 6-7 domínios como: cuidado centrado na família e paciente; comunicação adequada entre equipe multidisciplinar, paciente e família; um cuidado sustentado e continuado; suporte emocional e prático ao paciente e família; controle dos sintomas e promoção de conforto; suporte espiritual; suporte emocional e organizacional à equipe da UTI. Mediante tais achados o (10)22 aponta a necessidade de protocolos assistenciais para minimizar a dor e o sofrimento dos pacientes que passam pelo processo de finitude. Com isso, é imprescindível o preparo adequado da equipe de enfermagem para assistir durante esta fase da vida, pois esses cuidados vão além da técnica, envolvem questões culturais, étnicas, humanas, sociais e espirituais. No tocante ao preparo do corpo, o estudo (4) mostrou dificuldades dos profissionais de enfermagem em enfrentar esse momento. 27 Aspectos bioéticos Dentre os 13 artigos analisados, 10 trataram de aspectos bioéticos durante a terminalidade, nos quais os princípios da autonomia e da não maleficência em 50% dos estudos foram preservados. Embora alguns relatarem que se evita a obstinação terapêutica, no estudo (9) demonstrou que a prática da distanásia em sua unidade era exercida frequentemente, e que as decisões dos médicos são desvinculadas dos outros profissionais com discordâncias nas condutas e sem consenso, além da enfermagem não ter participação ativa neste processo gerando assim, sentimentos de impotência perante a morte contrariando seus valores e crenças. 23 A dificuldade dos profissionais em aceitar as atitudes relativas à tomada de decisão com o uso da tecnologia que não prolonguem a vida e sim o sofrimento dos pacientes, dos familiares e até do próprio profissional foram mais citadas em (3;8;9;10;13). 19,22,23,24,28 Muitas vezes os pedidos obstinados da família para adiar a morte do ente querido repercutem diretamente nas condutas. Somente no estudo (2) abordou as decisões antecipadas de final de vida. 29 Diante disso, a pesquisa (4)27 realizada em Portugal apontou a necessidade de guidelines na tomada de decisões durante a terminalidade a fim de uniformizar as 116 condutas com respaldo ético para a equipe de unidade de terapia intensiva. Mostra ainda que a apreciação da fundamentação ética de decisão pode ser feita tanto pelo médico como pelo enfermeiro, doente e família. Tudo isto deve estar registrado formalmente em prontuário. Comunicação efetiva com familiares Para que os cuidados no fim de vida sejam de qualidade é importante a comunicação efetiva entre a equipe multiprofissional e os familiares dos pacientes envolvidos, pois a comunicação é dos principais fatores na qualidade dos serviços, na assistência humanizada para diminuir riscos e interpretações equivocadas. Ficou evidenciado em 4 artigos (3;11;12;13) que a opinião dos familiares quanto aos cuidados durante a terminalidade é aceito de forma bastante variável e que as informações da condição do paciente e até mesmo do óbito acontece informalmente nos corredores que antecedem a UTI gerando insatisfação. 19, 20, 21, 28 Este déficit também foi observado quanto ao prognóstico dos enfermos e da não clareza em não reanimar em caso de parada cardiorrespiratória além da ausência dos registros nos prontuários. Algo que chama atenção é a divergência de opiniões entre a equipe multiprofissional dificultando assim, a tomada de decisões diante da terminalidade. Dois deles (2 e 10)22, 29descrevem elementos essenciais para uma boa comunicação na unidade de terapia intensiva, como: paciência, humildade, transparência, segurança, boa didática, envolver a família nos cuidados, negociação das necessidades especiais, permitirem que a família participe do processo de morrer juntamente com o preparo e suporte para o luto. DISCUSSÃO Ao analisar os artigos desta revisão pode-se observar que a maioria deles foram publicados em revistas que apresentam boa classificação nos estratos do Qualis/CAPES refletindo na qualidade dos resultados destes estudos. Em contrapartida, a maioria apresentou nível de evidência VI, apenas dois teve V. Portanto, observou-se muitos estudos descritivos com baixo potencial de recomendação. O que sugere a 117 necessidade de ampliação desses estudos na área da enfermagem, principalmente no Brasil. Ficou clara a supremacia dos aspectos físicos nos cuidados paliativos sobre os demais achados. Concorda-se quanto a implantação de planos terapêuticos paliativistas, dos quais a prioridade é para o controle da dor e desconforto em prol da promoção do bem estar. Cabe ressaltar que a suspensão de tratamento fútil faz parte do enfoque paliativo e que as medidas ainda não são totalmente efetuadas na prática médica devido à repercussão de cunho legal.9 Ressalta-se que nos cuidados de enfermagem nessas unidades de tratamento são voltados para procedimentos técnicos através de normas e rotinas. Os estudos abordam a presença desse cuidado, além da execução dos mesmos cuidados prestados aos pacientes com possibilidades de cura, além da ausência no enfoque emocional, espiritual e promoção da dignidade durante a morte e o morrer. Esse cuidar técnico é enfatizado na prática curativa11, porém não se deve esquecer-se de um olhar mais além do curar. Diante dessa conjuntura em alguns lugares do Brasil esses cuidados são desenvolvidos em hospices, pois proporcionam um manejo adequado da equipe multiprofissional frente à morte e a capacidade de perceber o desejo dos pacientes quanto às medidas invasivas, bem como preservar a vida com dignidade e respeito principalmente sem manobras de ressuscitação devendo apenas humanizar o processo de morrer transcendendo às limitações do cuidado tecnicista. Ao analisar esses estudos, constata-se que não há padronização dos cuidados paliativos nas unidades estudadas. Existem diferentes modelos como: o integrativo, onde incorpora as intervenções paliativas na prática do cotidiano dos intensivistas e o consultivo, que ocorre por meio de interconsultas com equipes de cuidados paliativos, incorporado à prática dos cuidados em unidades de alta complexidade.5 Corroborando com os achados uma revisão sistemática realizada em Portugal no ano de 2011 mostra que os componentes principais envolvidos nos cuidados paliativos são: o alívio dos sintomas; o apoio psicológico, espiritual e emocional; o apoio à família durante o luto e a interdisciplinaridade. Após a análise de 14 estudos, os autores 118 puderam construir um checklist abordando cuidados de higiene, alimentação, eliminação, alternância de decúbito, uso de equipamentos, controle dos sintomas e administração de medicamentos. A comunicação parte da negociação e envolvimento na tomada de decisão através da segurança da equipe multidisciplinar.10 Percebe-se que os cuidados finais de vida são essenciais e devem ser proporcionados de maneira individual em todo o momento da internação em unidades de terapia intensiva. É primordial que o enfermeiro intensivista adquira as habilidades necessárias para realizar adequadamente os cuidados paliativos. Além disso, os alicerces se ancoram nos quatro princípios bioéticos (autonomia, justiça, beneficência e não maleficência) para promover qualidade de vida.14 Concorda-se quando dizem que a deficiência no conhecimento acerca desses princípios, bem como dos conceitos de eutanásia, distanásia e ortotanásia pelos enfermeiros que vivem em sua prática o processo de finitude incapacita o uso destes em busca cada vez mais do morrer dignamente.15 Estudiosos no assunto propuseram ações que o enfermeiro deve exercer enquanto atuante multidisciplinar em UTI, a saber: cumprir os princípios bioéticos, assegurando que as informações possam chegar aos pacientes e sua família na tomada de decisão livre e consciente; a cada ação ou discussão da equipe, assegurar a justiça, respeito, competência, responsabilidade e honestidade, visando à promoção do ser humano na totalidade em situação de morte e pós-morte.14 Ainda deve-se objetivar a ortotanásia; individualizar o cuidado; promover alívio do sofrimento e qualidade de vida; utilizar habilidades de comunicação verbal e não verbal; a cada ação técnica assegurar que não está realizando distanásia; participar ativamente das decisões; capacitar-se cientifica e humanamente; fazer elo entre conhecimento biológico e humanidades durante as decisões; valorizar a comunicação verbal otimista; identificar situações discordantes dos princípios bioéticos e cuidar sempre do binômio paciente-família. No ano de 2006, o Ministério da Saúde através da Portaria15 MS/GM Nº 3.150, de 12 de dezembro de 2006, instituiu a Câmara Técnica em controle da dor e cuidados paliativos, cabendo pronunciar a respeito das diretrizes nacionais sobre o controle da 119 dor e cuidados paliativos; as ações de controle da dor e cuidados paliativos no âmbito coletivo ou individual na assistência pública; as recomendações das ações nas entidades públicas e privadas que integram o Sistema Único de Saúde e, quando solicitado o sistema de saúde suplementar; atualização das normas e procedimentos do SUS; a incorporação tecnológica das ações; projeto de incentivo; estruturação de redes de atenção; formação e qualificação profissional e avaliação dos estudos e pesquisas na área. É incontestável que a expectativa de vida vem aumentando significativamente e a medicina tem permitido o tratamento de diversas doenças. Entretanto, em muitas situações, a tecnociência leva a um prolongamento do processo de terminalidade surgindo dilemas éticos na sua prática cotidiana. Diante do exposto, a vigilância ética é de fundamental importância em não deixar que a máquina seja mais importante do que o ser cuidado. Concorda-se com quando diz que a obstinação terapêutica frequentemente vivenciada nas unidades de terapia intensiva é geradora de grande sofrimento e infringe a dignidade do paciente em estado terminal. Há, sem dúvida, a obrigação moral em tratar e curar um paciente, porém deve ser medida conforme as situações concretas avaliando os meios terapêuticos de cunho objetivo e proporcionando às perspectivas de melhoramento.12 Um aspecto imprescindível na relação equipe-paciente-família é a troca de informações principalmente quando o diagnóstico se caracteriza como desfavorável provocando sentimentos intensos de dor. Com isso, a comunicação tem sido uma tarefa difícil de ser vivenciada entre as equipes que trabalham em UTI. Uma das dificuldades neste aspecto é o sentimento de medo na falha terapêutica, bem como o medo de ser considerado culpado, impotente e preocupação em âmbito legal.13 Este autor estabelece alguns princípios que devem ser elencados para que a comunicação seja efetiva, como: escolher um momento de descanso e com tempo necessário, avaliar o estado emocional e psicológico do paciente, uso de linguagem clara e simples sem termos técnicos, ser humanitário, fornecer informações reais, 120 assegurar a continuidades da conversa posteriormente e uniformizar as informações com os demais profissionais envolvidos. Portanto, os profissionais de saúde sentem-se despreparados para ter um diálogo quando os pacientes estão nessa fase da vida, tendendo assim, a falar mais tecnicamente e sem detalhes para evitar possíveis questionamentos. É necessária a criação de habilidades na comunicação para na tomada de decisão bem informada e promover qualidade de fim de vida17,18, 26. CONCLUSÃO Nessa conjuntura fica evidenciado que a terminalidade é uma temática ainda vista como um entrave na assistência de enfermagem no âmbito das unidades de terapia intensiva, pois é geradora de dilemas éticos relevantes. É notório que a assistência deverá estar voltada para os cuidados paliativos devido à existência da ortotanásia em detrimento à distanásia. Os resultados obtidos dizem respeito ao aspecto físico como controle da dor, sinais e sintomas, posicionamento, conforto, afeto, na comunicação efetiva, do aspecto bioético além do uso da música como uma modalidade no cuidar. Sendo assim, a assistência de enfermagem durante a terminalidade em unidades de terapias intensiva abordam de modo mais efetivo o aspecto físico do ser humano. Pode-se perceber que ao longo desta revisão integrativa, não há uma padronização dos cuidados de enfermagem no tocante ao processo de morte e morrer, uma vez que o receio de implicações legais leva aos profissionais não estabelecerem condutas ativas quanto à morte. Destarte, é imprescindível a elaboração de protocolos assistenciais nas UTIs brasileiras a fim de tornar a finitude uma experiência muito significativa englobando as dimensões não só física como também, psicológica, emocional e espiritual tendo em vistas a melhoria da qualidade dos cuidados no final de vida assegurando a uniformidade das ações. REFERÊNCIAS 121 1. Schramm FR. Morte e finitude em nossa sociedade: implicações no ensino de cuidados paliativos. Revista Brasileira de Cancerologia (online) [internet] 2002 Jan [cited 2013 Nov 11] 48(01):17-20. Available from: <http://www.inca.gov.br/rbc/n_48/v01/pdf/opiniao.pdf 2.Silva EP, Sudigursky D. Concepções sobre cuidados paliativos: revisão bibliográfica. 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Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21283006 [included in the review] 126 ANEXO C- Artigo publicado na REUOL O CUIDAR DURANTE O PROCESSO DE TERMINALIDADE EM UNIDADES DE TERAPIAS INTENSIVA THE CARE DURING TERMINAL PROCESS IN INTENSIVE THERAPY UNITS EL CUIDADO DURANTE EL PROCESO TERMINAL EN UNIDADES DE TERAPIAS INTENSIVAS Edilene Castro Santos, Alexsandra Rodrigues Feijão, Rejane Maria Paiva de Menezes Edilene Castro dos Santos. Enfermeira, Professora, Centro Universitário do Rio Grande do Norte e Faculdade Estácio do Rio Grande do Norte. Mestranda, Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. Natal (RN), Brasil. Email: [email protected]. Alexsandra Rodrigues Feijão. Enfermeira, Professora, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Natal (RN), Brasil. Email: [email protected]. Rejane Maria Paiva de Menezes. Enfermeira, Professora, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Natal (RN), Brasil. Email: [email protected] ABSTRACT Objective: to analyze the contextual aspects of the terminal process in the intensive care unit environment. Method: theoretical and critical reflection based on the method of context analysis discussed during the master's discipline Philosophical and Theoretical Foundations of Nursing Practice, in 2013, at the Federal University of Rio Grande do Norte, Natal-RN. Results: the obtained results are closely linked to immediate, specific, general and meta-context about the phenomenon of terminality and care developed by the nursing staff, where palliative care, encompass the quality of provided care. Conclusion: the debate about the subject in care environments and universities is necessary to modify reality and provide a more humane care at end of life. Descriptors: Terminality of life; Nursing; Palliative Care. RESUMO Objetivo: analisar os aspectos contextuais do processo de terminalidade em ambiente de unidade de terapia intensiva. Método: reflexão teórica e crítica com base no método de análise de contexto discutida durante a disciplina de mestrado Bases Filosóficas e Teóricas da Prática de Enfermagem, no ano de 2013, na 127 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN. Resultados: os resultados obtidos estão intrinsecamente ligados ao contexto imediato, específico, geral e metacontexto a respeito do fenômeno da terminalidade e no cuidado desenvolvido pela equipe de enfermagem, em que os cuidados paliativos englobam a qualidade na assistência prestada. Conclusão: é necessária a discussão sobre a temática em ambientes assistenciais e universidades para modificar a realidade e proporcionar uma assistência mais humana no fim da vida. Descritores: Terminalidade da vida; Enfermagem; Cuidados Paliativos. RESUMEN Objetivo: analizar los aspectos conceptuales del proceso terminal en el medio ambiente de una unidad de cuidados intensivos. Método: reflexión teórica y crítica basada en el método de análisis de contexto, discutida durante la disciplina de maestría Bases Filosóficas y Teóricas de la Práctica de Enfermería, en 2013, de la Universidad Federal de Río Grande do Norte, Natal-RN. Resultados: los resultados obtenidos están estrechamente relacionados al contexto inmediato, específico, general y meta-contexto sobre el fenómeno de terminalidad y en la atención desarrollada por el personal de enfermería, en que los cuidados paliativos abarcan la calidad de la atención prestada. Conclusión: es necesaria la discusión sobre el tema en los ambientes de atención y las universidades para modificar la realidad y ofrecer una atención más humana en el final de la vida. Descriptores: Terminalidad de la vida; Enfermería; Cuidados Paliativos. INTRODUÇÃO A terminalidade ainda é vista com ressalvas na sociedade atual por muitas pessoas embora todos tenham ciência de sua inevitabilidade. Aliado a isso tem o sofrimento que causa interesse àquele que observa, refletindo a condição do outro em sua totalidade. A medicina, na tentativa de buscar caminhos para superar os poderes da finitude do corpo, experimenta o perigo da interrupção de sua duração.1 Na antiguidade a morte era esperada no leito domiciliar e realizava-se uma cerimônia pública e organizada no quarto do moribundo que se tornava um lugar público com livre circulação.2 O processo do morrer do ser humano aumentou para cinco anos em média, levando a crer que há uma tentativa em negar a morte com atitudes que visam postergá-la tornando o doente, ignorante de sua própria morte. Acrescenta-se a isso que o aconchego familiar foi substituído por grandes enfermarias e Unidades de Terapias Intensivas levando o enfermo ao anonimato absoluto. O indivíduo não é mais importante, e sim a equipe médica ou os profissionais que cuidam dele e de sua doença. Isso acarreta a despersonalização da morte e da doença deixando o cuidado no fim da vida à mercê da inevitabilidade.2 Em âmbito hospitalar diante da tecnologia sofisticada leva a equipe cuidadora de terapia intensiva em deixar de lado o conceito da morte e os significados que dele emana e favorece a um tratamento especializado. Deste modo, faz-se necessário o ato de cuidar de maneira harmoniosa através da valorização humana permeado na condição em saber viver para melhor cuidar no momento final da vida. Isto traduz a capacidade de conviver, de crescer e de humanizar-se com estas dimensões de vida, de doença e de morte. Baseado nisto, o cuidado deve permear toda a conduta 128 durante o processo de existência a fim de promover qualidade e assistência holística, ou seja, na dimensão biopsíquico, espiritual e social.3 OBJETIVO ● Analisar os aspectos contextuais do processo de terminalidade em ambiente de unidade de terapia intensiva. METODOLOGIA Trata-se de uma reflexão teórica e crítica com base no método de análise de contexto discutida durante a disciplina de mestrado Bases Filosóficas e Teóricas da Prática de Enfermagem, no ano de 2013, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, Natal-RN. Como referencial de análise utilizou-se o método de análise proposto por Hinds, Chaves e Cypress, que aborda o contexto em quatro níveis interativos, a saber: o contexto imediato, o contexto específico, o contexto geral e o metacontexto.4 O contexto imediato se caracteriza pela imediação. O contexto específico analisa o passado recente de um determinado ato relevante englobando o tempo, a pessoa e ambiente no instante que acontece a situação vivenciada. Por sua vez, o nível do contexto geral, focaliza as experiências vivenciadas pelo indivíduo acerca de um dado evento, bem como suas interpretações através das interações remotas e atuais trazendo o significado que o sujeito formou imbuído em suas crenças através do tempo transcorrido. Estes três níveis interrelacionam-se com o metacontexto, que incorpora as situações sociopolíticas e institucionais influenciando diretamente os comportamentos e eventos ocorridos a fim de gerar o conhecimento numa perspectiva social compartilhada.5 Estudos sobre a temática em questão foram analisados e posteriormente dividido em categorias temáticas relacionadas aos níveis contextuais do fenômeno exposto. As fontes pesquisadas foram os materiais impressos, como livros, documentos do Ministério da Saúde que abordassem o tema, bem como a busca on line na Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Na Literatura Latino-Americana e do caribe em Ciências da Saúde (LILACS) com os Descritores em Ciências da Saúde (Decs) a saber, terminalidade da vida, enfermagem e cuidados paliativos em recorte temporal. RESULTADOS Pelo processo dialógico entre a literatura pertinente e a análise de contexto do processo de terminalidade em ambiente de unidade de terapia intensiva, como ponto de partida definiram-se as temáticas por níveis desse contexto em: o cuidar na terminalidade, como ele surge e é executado; o ser cuidado em processo de terminalidade em terapia intensiva, mostrando a ambiência onde acontece o processo de morte e morrer e a maioria dos pacientes fora de possibilidade de cura são cuidados. A terceira categoria temática sob o tema das culturas e crenças sobre o processo de finitude focalizou-se as crenças e compreensões a respeito na terminalidade, bem como a maneira que esses pacientes são cuidados no âmbito hospitalar e assim, 129 reorientar a prática assistencial na tentativa de humanizar o processo da morte e morrer. Numa perspectiva sociopolítica na categoria as políticas que englobam a terminalidade refletiu-se sobre as políticas que norteiam o assunto, bem como a mudança na formação acadêmica dos profissionais de enfermagem no que tange aos aspectos bioéticos encontrados na exeqüibilidade da prática profissional. ● O cuidar na terminalidade O ato de cuidar no processo de morte e morrer envolve diversos aspectos em seu contexto, e o profissional de enfermagem está diretamente ligado no transcurso desse exercício em suas atividades cotidianas. O avanço tecnológico e científico contribuiu sobremaneira para o grande emprego de recursos na manutenção da vida fazendo com que novas formas de tratamento surgissem com a esperança para o enfrentamento de diversos problemas tornando possível estender os limites da vida. Isso acarretou a crescente mercantilização da saúde.6 Concebe-se a adoção de medidas terapêuticas que prolongam o processo de morrer e não a vida como promotora de aumento do sofrimento e minimizadora da dignidade do paciente. A despeito disso encontra-se na bioética o termo distanásia, onde é uma conduta que visa manter a vida do paciente terminal, sujeito a muito sofrimento prolongando-se o processo de morrer, mas não afeta a extensão da vida.7 Em contrapartida dessa prática contemporânea, os cuidados paliativos são meios eficazes para prevenir a prática distanásica numa atitude de oferecer qualidade de final de vida chamada de ortotanásia na tentativa de avaliar os limites de suporte de vida.7, 8 ● O ser cuidado-ambiente em processo de terminalidade em Unidade de Terapia Intensiva O cenário em que as questões éticas são observadas e vivenciadas com mais intensidade é a unidade de terapia intensiva devido ao contingente de pacientes com evolução desfavorável, pois a sua condição clínica é incurável e irreversível, surge assim, o arsenal tecnológico com vista a oferecer a todo custo suporte para sustentação da vida em qualquer circunstância. Esse ambiente destina-se ao atendimento de pacientes graves ou de risco potencialmente recuperáveis sob uma ótica de vigilância contínua requerendo recursos materiais e humanos especializados em uma área física delimitada.9 Um sinônimo comumente utilizado, obstinação terapêutica, está muito presente no dia a dia da equipe de enfermagem que trabalha na UTI, onde diversas decisões sobre o tratamento são tomadas sem prévia discussão com os próprios pacientes e família frente ao processo de terminalidade, restringindo-se a deliberação de uma só pessoa, geralmente o médico plantonista. 10 Com isso a enfermagem se depara com atitudes não condizentes sendo obrigadas a cumpri-las em detrimento ao anseio de manter a vida a qualquer preço, levando parte da equipe a um sofrimento e a se questionar quanto aos valores que fundamentam a sua prática profissional. 130 É notório que a questão da morte ainda é tratada de forma inadequada na formação médica quando se verifica o despreparo em lidar com os momentos sofridos dos pacientes que estão nesse processo. O aparato tecnológico que adentra as UTIs permite preservar variáveis biológicas sem considerar que isso é feito a custas de grande sofrimento muitas vezes a manutenção de um ser vegetativo. Portanto, se faz necessário resgatar sentimentos de compreensão, solidariedade e compaixão para o paciente e família que ao contrário disso estaria fazendo uma ciência fria e não contemplando a dignidade humana.11 ● Culturas e crenças acerca no processo de morte e morrer As culturas e crenças que permeiam este processo remetem ao início do século XX, onde as pessoas não ficavam morrendo durante muito tempo e o espaço de tempo entre adoecer e morrer era curto sendo esperada no leito domiciliar. Havia uma importância da presença dos parentes, amigos e vizinhos, bem como crianças. A morte era familiar, em contrapartida existia um medo social dos mortos.2 No tempo hodierno o processo do morrer aumentou em sua temporalidade levando a crer que há uma tentativa em negar a morte por meio de atitudes que visam evitálas. Diante disso, o enfermo passa a ser um desconhecedor de sua própria morte. O advento da tecnologia fez a terminalidade ser vivenciada primordialmente no âmbito da unidade de terapia intensiva. Chama-se a atenção que a pessoa permanece isolada em seu leito, distante do que para ele é bastante precioso, como sua casa, seus objetos pessoais, ou seja, seu ambiente social se restringindo aos horários de visita predeterminados pelas instituições. Não obstante a tanta privação, os cuidados dos profissionais da saúde mesmo com tanta sofisticação tecnológica ainda é limitado centrados em procedimentos técnicos.12 É imperativo que o profissional enfermeiro se aproprie do conhecimento pautado no cuidado holístico e humanizado frente ao paciente em terminalidade, que aborde, além dos aspectos técnicos, as necessidades espirituais com base na crença e valor de cada enfermo utilizando instrumentos de comunicação interpessoal, valorização de crenças e incentivo a atividades religiosas. 13 ● As políticas que englobam a terminalidade No Brasil, o contexto sociopolítico é observado através na elaboração da Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde em seu terceiro princípio assevera ao cidadão o atendimento acolhedor e livre de discriminação, visando à igualdade de tratamento com uma relação mais pessoal e saudável. Este enunciado garante o direito à dignidade humana e a opção pelo local de morte expressos nos incisos a seguir: VI - A informação a respeito de diferentes possibilidades terapêuticas de acordo com sua condição clínica, considerando as evidências científicas e a relação custo-benefício das alternativas de tratamento, com direito à recusa, atestado na presença da testemunha e, o inciso VII - A opção pelo local de morte.14 Observa-se que a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde está em consonância com a valorização e a dignidade do ser humano frente ao processo de morte e morrer favorecendo um atendimento mais humano e acolhedor. 131 DISCUSSÃO Diante do contexto imediato pode-se perceber que o fenômeno da terminalidade está intrinsecamente envolvido durante a prática profissional da equipe de saúde mais intimamente a enfermagem, pois lida diretamente com os pacientes sujeitos a muita dor. Em consonância a isso surgem aspectos peculiares durante esse processo permitindo que a equipe cuidadora se aproprie do assunto para melhor compreender as situações da bioética inerentes a esta fase da vida humana. Ao analisar o contexto específico observa-se que a unidade de terapia intensiva é palco para a realização de um tratamento especializado, onde os efeitos da tecnologia são importantes e eficazes para a terapêutica preconizada neste momento da vida, porém não deve-se assumir dela toda fonte inesgotável de conduta em detrimento ao respeito à dignidade humana do paciente sob condições de terminalidade. Diante desse fenômeno se faz necessário compreender o contexto social que o indivíduo se insere, bem como o senso comum apreendido ao longo de uma vida para assim, entender a melhor maneira de cuidar dos pacientes em fase final de vida, pois o resgate de um cuidado domiciliar neste momento junto à família oferece dignidade e qualidade no cuidar quando a sofisticação de máquinas e procedimentos não são capazes de manter o ser em suas capacidades vitais favorecendo as atitudes distanásicas. O Metacontexto é observado diante dos recursos usados na manutenção das funções biológicas destacando a biotecnociência resgatando o velho desejo humano de vencer a morte, gerando assim, a obstinação terapêutica exercida por muitos profissionais médicos. Assim, reafirma-se o processo de morrer cuja gênese remete ao tempo de Platão explicitado no livro III A República. Este, mostra que o propósito da filosofia estava em aprender a morrer. Inferindo sua crítica referente à obstinação terapêutica, antevista de forma contemplativa e filosófica.15 Em 2012 fala-se sobre a validade do testamento vital destinado aos pacientes terminais. Conhecido como living Will é um documento pessoal e intransferível cujo objetivo é concretizar as escolhas relacionadas aos tratamentos médicos nos momentos que antecedem a terminalidade em pacientes fora de possibilidades de cura.16 Tal descrição proporciona meios de se pensar sobre a finitude humana em vez de evitar com avidez assegurando a qualidade nos cuidados envolvidos no processo de morrer enxergado pelo prisma da ortotanásia. Isso envolve uma equipe preparada para lidar com o sofrimento e as perspectivas da morte no cotidiano laboral mantendo um ambiente tranquilo e seguro para paciente e família.17 CONCLUSÃO Esta análise contextual do fenômeno da terminalidade permitiu refletir sobre os desafios encontrados durante esse processo, pois ainda se encontra enraigado o desejo de se manter a vida em toda circunstância. 132 É imprescindível a discussão sobre a terminalidade tanto em ambientes assistenciais como nos órgãos formadores na tentativa de melhor refletir sobre essa questão escondida entre inúmeras atividades exercidas pela enfermagem com o intuito de modificar a realidade a fim de proporcionar uma assistência mais digna, humana e de qualidade mesmo quando a vida chegou ao seu curso final. Destarte, há um grande desafio por parte dos profissionais da saúde, das instituições de ensino e governo em se criar políticas mais acessíveis à população que se encontra em fase terminal e garantam sua dignidade. 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Submissão: 25/05/2014 Aceito: 01/06/2014 Publicado: 01/08/2014 Correspondência Edilene Castro dos Santos Rua Luiz Cúrcio Cabral, 08ª Bairro Nossa Senhora de Nazaré CEP 59060430 Natal (RN). Brasil 134