1 Igreja Presbiteriana do Cambeba – Reunião de oração e doutrina. Estudo da carta de Paulo aos Romanos: Superando o confronto de consciências opostas. Texto base: Romanos 14.1-23 (parte 1) Introdução Como lidar com as questões onde as Escrituras não são suficientemente claras, gerando assim a diferença de opinião entre os irmãos? Diante mão, é preciso fazer a ressalva que o contexto trata de questões secundárias, ou menores. Os reformadores chamavam essas questões de “adiáfora” que quer dizer, indiferentes. Hoje, veremos com Paulo, que a primeira atitude a ser tomada é acolher o fraco na fé e não transformar a igreja numa arena de guerra. 1. Os fortes e os fracos (Rm 14.1;15.1) O apóstolo Paulo, em Romanos 14 e 15, trata dos relacionamentos entre os fortes e os fracos na fé. Necessariamente a fraqueza exposta na consciência de alguns crentes de Roma, não se tratava de questões morais, mas sobre a clareza de fé para determinadas atitudes. Stott1 observa quatro possibilidades de intepretação sobre a fraqueza: Os fracos como recém convertidos Os fracos como ascetas Os fracos como legalistas Os fracos como cristãos judeus Por terem vindo do paganismo, a consciência deles os impedia de comer coisas sacrificadas aos ídolos. Alguns cristãos sinceros podiam ter sido influenciados pelo ideal ascético proposto pelos essênios. Os fracos confiavam que a lei era indispensável para a salvação. Eram cristãos genuínos, mas ainda profundamente ligados a regras judaicas de comida e dias. (Eles podiam ser judeus ou gentios – a questão era a consciência). 2. O amor aplicado (Rm 14.1) O trabalho pastoral de Paulo consistiu em aplicar o ensino do amor (Rm 12.9; 13.8) a fim de levar os fortes e os fracos à superação do choque das consciências opostas. O cristão egresso do paganismo não deveria ufanar-se da sua liberdade contra consciência dos cristãos que nasceram no ambiente judaico que nutria uma série de escrúpulos quanto a certos tipos de alimentos. Nesse sentido, a atitude de Paulo, concorda com a atitude do Concílio de Jerusalém que disse: "Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue." (Atos 15:19-20, RA) Mas, não resta dúvida que a posição dos fortes era a certa (14.14,20). Contudo, a questão de alimentos e dias não era essencial. Ela precisava ser discutida, para haver concórdia entre os crentes, mas ela não era um ponto essencial para a salvação. Vemos assim que questões podem ser corriqueiras (como comida e dias) precisam ser tratadas pastoralmente para não levar os crentes a divisões doloridas. 3. Superando o choque das consciências O ensino de Paulo para superar o choque das consciências considerava as seguintes atitudes: Aceitar o fraco na fé: mesmo frágeis, eles devem ser acolhidos, como amigos e em nossos corações (Fl 17). Paulo não está dizendo que devemos aceitar tudo, como se tivéssemos de ser uma “igreja inclusiva” de 1 STOTT, John. A mensagem de Romanos. São Paulo: ABU, 2000. p. 430-431 2 abertura a qualquer custo, sem os sinais da fé em Cristo e do arrependimento, que são atitudes do cristão perante o amor de Deus. (Atos 10.9-16; 11.1-18; Gl 2.11,21). Aceitar é “receber na comunhão diária”2. Não discutir (diakri,seij) assuntos controvertidos: Não devemos debater sobre a consciência do irmão em Cristo nessas matérias menores. “Não se deve fazer da igreja uma arena de discussões cuja característica central é a argumentação, e muito menos um tribunal onde os fracos são postos no banco dos réus, interrogados e acusados. A acolhida que nós lhe damos deve incluir o respeito a suas opiniões próprias.”3 Conclusão A posição de Paulo autoriza os cristãos judeus a viverem no serviço do Senhor de acordo com suas consciências restritivas de alimentos. Não há homogeneidade impositiva quanto à alimentação e dias. Elas não devem servir de impedimento para que os cristãos celebrem o Senhor juntos. Mais importante é a justiça, a paz de Deus e a alegria da ressurreição de Jesus. 2 3 HENDRIKSEN, William. Romanos. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. p. 601 Ibid., p. 435