A IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO DIGITAL NO AMBIENTE ESCOLAR E NA APRENDIZAGEM Marília Batista Rodrigues1 Orientadora: Gisele Cristina de Boucherville 2 RESUMO O presente artigo tem como finalidade propor uma discussão e reflexão acerca da importância da inclusão digital no ambiente escolar e na aprendizagem e os reflexos da formação do professor na atuação como docente integrante de uma sociedade digital. A inserção de novas tecnologias na sociedade atual marcada por rápidas mudanças fizeram com que a escola necessitasse de agilidade para acompanhar as mudanças educacionais e tecnológicas, com isso a formação do professor, na apropriação e na utilização do uso ideal de recursos tecnológicos, também é vista como uma problemática para a entrada das tecnologias dentro do espaço escolar e como ferramenta de interação, de comunicação e de novas formas de ensino/aprendizagem. Portanto, aprofunda-se o olhar para o acesso digital como possibilidade do professor na interação com o aluno, na troca de conhecimentos, na busca de sua autonomia e no estimulo do aprendizado. A pesquisa bibliográfica teve apoio nos autores como Lakatos et al, Soares, Giolo, Geremias e outros que colaboraram para o entendimento e o desenvolvimento das idéias contidas neste artigo. Palavras- Chave: Educação, inclusão, tecnologias e formação de professores. 1 Acadêmica do 9º Semestre do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Roraima UFRR 2 Mestre pela Universidade Federal de Juiz de Fora- UFJF, professora da Universidade Federal de Roraima - UFRR na área de Pedagogia e UAB 2 INTRODUÇÃO Este artigo apresentado ao curso de Pedagogia da Universidade Federal de Roraima - UFRR como trabalho de conclusão de curso, para a obtenção do título de licenciatura em Pedagogia, versa discutir a importância da inclusão digital no ambiente escolar. A escolha do tema deve-se a importância da discussão sobre a inclusão digital nas escolas e também na formação do profissional docente e as incessantes mudanças tecnológicas. Incluem-se neste artigo discussões baseadas nas citações de autores que vem a contribuir para a compreensão da importância da inclusão digital, mas que mostra ainda haver lacunas em sua estruturação que remete a interpretações equivocadas dificultando por vezes o processo da inclusão digital em sala de aula. Atendendo a essa recomendação, elaborou-se este artigo sobre inclusão digital, na tentativa de refletir sobre o tema. O artigo tem como metodologia a pesquisa bibliográfica “desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL, 2002, p.44). A discussão que se faz neste artigo recai sobre o uso digital de professores e alunos e a apropriação das ferramentas tecnológicas, para isso compreende-se que o uso das mesmas seja responsável, e devam levar o professor a instigar os alunos a utiliza-las adaptando em seus conteúdos pedagógicos a inclusão digital. A forma de levar os alunos a analisar, de forma crítica e criteriosa, as informações que são lançadas no seu cotidiano, é algo importante a citar, pois somente o conhecimento e a apropriação dos recursos de qualidade podem garantir a criticidade, quanto a isto se faze uma discussão baseada em autores tais como: Lakatos et al, Soares, Giolo, Geremias e outros. É assim que entramos com essa discussão, buscando ajustar os questionamentos de qual é o real papel da escola quanto aos grandes avanços tecnológicos, e se há a falta de conhecimento digital e tecnológico na escola, o que 3 a Educação deve fazer no sentido de preparar os professores e alunos tecnologicamente para o exercício da cidadania? Tem-se como objetivos propostos para o desenvolvimento deste artigo, refletir sobre a inserção de novas tecnologias na sociedade atual e entender a problemática da entrada das tecnologias dentro do espaço escolar como ferramenta de ensino/aprendizagem. INCLUSÃO DIGITAL A Inclusão digital é um campo bastante vasto de pesquisa e produção científica, que parece não haver indicativos de término desta novidade, principalmente quando se alia a ela outro bem mais recente e desafiante que é a introdução dessas tecnologias no ambiente educativo, permitindo a democratização das tecnologias. Esse assunto tem repercutido em todo o Brasil pelas dificuldades encontradas para a implantação das tecnologias em sala de aula. Segundo Soares (1995) incluir uma pessoa digitalmente significa fazer com que o conhecimento seja útil para melhorar sua vida, ou seja, fazer parte de um mundo informatizado não significa apenas ensinar como manusear esses recursos e instrumentos, e sim como utilizá-lo para proporcionar significados e aprendizado no seu dia a dia. Contudo, colocar um computador na mão das pessoas ou vendê-lo a um preço acessível não é necessariamente, inclusão digital. Soares (1995) considera que a inclusão digital é uma necessidade muito presente nas escolas, pois o mundo globalizado em que vivemos oferece muitas oportunidades de conhecimento individual, coletivo e intelectual através do acesso digital, assim o aluno estando longe desse acesso, automaticamente encontra-se em desvantagem, pois sabemos que o caráter interativo da internet é um dos meios mais notáveis dessa mídia em proporcionar inclusão. Mesmo as escolas que, de uma forma, ou de outra incorporam em seu contexto novas tecnologias de comunicação como recursos facilitadores ao educador, falta a essas instituições uma "reflexão contextualizada sobre a realidade representada pela presença da comunicação na sociedade contemporânea, uma 4 reflexão que supere o inócuo deslumbramento frente às novas e sempre mutantes tecnologias" (SOARES, 1995, p. 44). Além disso, como elucida Soares (1995) muitas vezes a inserção de novas tecnologias em sala de aula não produz uma mudança no paradigma meramente instrumental e mecanicista de ensino e, “nesses casos, a tecnologia acaba servindo para fazer, com uma roupagem nova, o que já se fazia na escola do século passado”. A mesma autora esclarece que uma das características importantes do uso de novas tecnologias nas salas de aula como alternativa de ensino frente a uma sociedade mediada por aparelhos eletrônicos é a discussão da importância da inclusão digital no ambiente escolar com foco nas criticas dos conteúdos transmitidos nesses meios. Conforme os autores A escola precisa observar o que está acontecendo nos meios de comunicação e mostrá-lo na sala de aula, discutindo-o com os alunos, ajudando-os a que percebam os aspectos positivos e negativos das abordagens sobre cada assunto. Fazer releituras de alguns programas em cada área do conhecimento, partindo da visão que os alunos têm, e ajudá-los a avançar de forma suave, sem imposições nem maniqueísmos. (LAKATOS, MARCONI E EVA MARIA, 1997, p.254). É consenso dos autores pesquisados que vivemos em uma sociedade tecnológica, em que, com enorme rapidez, toda a informação torna-se algo exposto. Nesse contexto há necessidade de que o professor se atualize constantemente, mantendo-se informados sobre as novas formas de conhecimento. E também a questão da importância da inclusão digital no ambiente escolar, não está na ferramenta usada, mas na proposta de ensino e de como tirar proveito dela a favor da aprendizagem em sala de aula. Ambiente escolar e as ferramentas de inclusão metodológicas Moraes (2005) evidencia que o ambiente escolar deve ser equipado com computadores em bom funcionamento, limpos e principalmente com docentes preparados e motivados com olhares voltados para a realidade dessa sociedade de informatização. Para que se possam adquirir fontes de conhecimentos o trabalho 5 deverá ser todo planejado, sendo assim os alunos sentem-se motivados por perceberem-se integrantes de um planejamento conectado com o seu cotidiano. É importante relacionar o que estará em estudo e esclarecer as diversas formas de uso da internet. Nesse contexto há necessidade de que o professor se atualize constantemente, mantendo-se informados sobre as novas formas de conhecimento, Que exigem que os indivíduos sejam alfabetizados no uso dos instrumentos eletrônicos e saibam produzir, armazenar e disseminar novas formas de representação do conhecimento, utilizando a linguagem digital. (MORAES, 1996, p. 65). O mesmo autor entende que as tecnologias de informação e comunicação (TICs) – computadores, internet, Web e tantos outros recursos já estão no cotidiano das pessoas, esses instrumentos vieram para melhorar e facilitar as informações e o dia-a-dia. Cabe ao professor e toda equipe da escola encontrar meios de inserir essas ferramentas de inclusão metodológicas no ambiente escolar. O autor Silveira (2011), entende que ainda falta muito para progredir em termos de inclusão digital no ambiente escolar. O principal desafio da inclusão digital na escola está ligado ao fato de os professores terem visões muito diferentes do que sejam esses recursos tecnológicos. Ele afirma que não há concordância entre eles sobre qual deva ser o papel do computador na escola. As mudanças na educação dependem, mais do que das novas tecnologias, de termos educadores, gestores e alunos maduros, intelectual, emocional e eticamente; pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar; pessoas com as quais valha à pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos. (SILVEIRA, 2001, p.18). Ressalta este autor que as visões que cada um adota ao uso do computador no ambiente escolar de educação são tão diversas quanto ao entendimento que se faz da Educação. Revela o autor que existem pessoas que veem a educação escolar como processo de transmissão de conteúdos informacionais pelos professores aos alunos, e sendo assim o computador é utilizado apenas como uma máquina de ensinar, ou melhor, como máquina para ajudar o professor ensinar melhor, colocando a educação escolar como processo de desenvolvimento pelos alunos tendo como base o papel desses na construção ou elaboração de sua própria 6 aprendizagem. Acredita o mesmo autor que a escola deva oferecer ambientes favoráveis de aprendizagem para os alunos desenvolverem estruturas cognitivas que se traduzem em competências e habilidades permitindo-lhes sempre aprender, sem omitir os avanços digitais e tecnológicos que a sociedade desenvolveu para melhorar a vida de cada um. Silveira (2001) afirma que os professores precisam se dispor a buscar pautar os objetivos da educação, revendo sempre os fins e os métodos utilizados para proporcionar uma educação inovadora, que esteja comprometida com a aprendizagem significativa para os alunos. Organizando-os dessa forma o mundo tecnológico escolar tende a ser processo de globalização político- sociocultural. Verificamos que há relação com a tese de doutorado de Catapan (2001) por tratar, em termos mais gerais, de analisar as interseções entre as áreas de pedagogia e de tecnologia. Conforme a autora a proeminência das tecnologias de comunicação e informação na vida cotidiana das pessoas tem despertado o interesse singular dos profissionais da educação no sentido de construir e utilizar a potencialidade desses recursos no trabalho pedagógico. (CATAPAN, 2001, p.16). De acordo com a autora os cursos de formação devem instigar nos futuros profissionais uma postura reflexiva e investigativa da sua própria ação, tais como desenvolvimento de projetos pedagógicos com o uso das novas tecnologias da informação e comunicação. Para que possam obter resultados satisfatórios no desenvolvimento da interação e do trabalho colaborativo, buscando qualidade no ensino por parte dos educadores e inovações metodológicas para proporcionar maior aprendizagem aos alunos. Para esta autora é válido o investimento nos cursos de formação continuada, quando percebemos que a relação teoria e prática estão presentes no “fazer pedagógico”. A formação do educador é necessária para que ele seja um agente de mudança de sua prática como formador, sendo assim a formação do educador precisa ser refletida para uma maior aproximação da realidade. Giolo, Jaime (2011) em seu artigo “A educação a distancia e a formação dos professores”, aborda esse tema em três momentos diferentes. Começa pela apresentação sintética da legislação; descreve o panorama da Educação Superior à 7 distância, na sua curta trajetória histórica com base nos dados do censo da educação superior do INEP, e situa as políticas de Estado nesse processo apontando o dilema que a Educação à distância esta criando para a atividade de formação docente, em destaque para os cursos presenciais. Elucida o autor que a Educação a distância se estruturou efetivamente a partir do ano de 2000, inicialmente conduzida pelas Instituições Públicas, e a partir de 2002 obteve a participação do setor privado, tornou-se um objeto de disputa no mercado educacional, em 2005 o poder público veio organizar o setor, pelo que consta atualmente não se regularizou nenhuma normatização para a formação presencial dos professores. Esclarece o autor Giolo, Jaime (2011) que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB. 9.394, de 20 de dezembro de 1996) concedeu estatuto de maioridade para a Educação à distância e garantiu o incentivo do poder público. A LDB seguiu o decreto n.2.494, de 10 de fevereiro de 1998 destinado a regularizar o art. 8º, que conceituou a Educação a distância, fixou as diretrizes gerais para a autorização e reconhecimento de cursos e credenciamentos de Instituição, tratou das matrículas, certificados, diplomas e outras tantas ações que também definiram padrões de qualidades e irregularidades. A listagem das instituições credenciadas e de cursos com autorização foi periodicamente divulgada pelo Ministério de Educação. Conforme o autor Giolo, Jaime (2011), o poder público foi atropelado no que diz respeito à implantação da Educação a distância nos termos definido pela LDB, pois orientava o Governo Federal que a introdução de tecnologias avançadas deveria ser feita no interior das escolas públicas de Educação Básica para que houvesse de fato o estabelecimento de uma estrutura que pudesse que qualificasse a formação dos professores que atuavam nas escolas do País. Sendo assim, a LDB previu as ofertas de cursos à distância em todos os níveis e modalidades, porém ela não previa a arrancada das instituições privadas. Menciona Giolo, Jaime (2011) que segundo a LDB a educação a distância teria que se desenvolver por meio de iniciativas públicas, ou seja, a Educação a distância somente entrou na lista de preferência da iniciativa privada quando a expansão da modalidade presencial começou a experimentar o cansaço causado pela diminuição progressiva da demanda, todo esse fenômeno alterou o sentido da 8 Educação a distância em vez de ser uma modalidade de ensino com uma vasta ampliação, tornou-se o raio de atuação da Educação Superior para além da esfera abrangida pela Educação presencial, tornando-se concorrente da presencial. Certos cursos foram visto como ameaça, contendo preços menores, facilidades práticas ligadas ao tempo, espaço e aos métodos utilizados na aprendizagem, tudo isso ocorreu porque o decreto n.4.44/1998 abriu o campo da EAD para a iniciativa privada, esta iniciativa vem causando um desequilíbrio na EAD nos termos de participação pública e privada e em termos de distribuição regional. O autor segue seu comentário dizendo que a tendência da Educação à distância no Brasil ainda não era suficientemente nítida, o projeto prioritário foi à implantação da Universidade Aberta do Brasil – UAB, com o intuito de moralizar a Educação a distância, popularizar o ensino, levar o conhecimento as regiões mais difíceis e pobres, democratizar o conhecimento, proporcionar formação regular e continuada aos professores em exercício da Educação Básica e disseminar o uso das tecnologias. Discorre Giolo Jaime (2011) que os cursos de formação de professores da esfera particular passaram a disputar os alunos dos cursos presenciais substituindo as salas de aulas pela formação dos espaços tradicionais de aprendizagem. Os ritmos de crescimento das matrículas presenciais e á distância experimentam muitos sentidos opostos, o crescimento das matrículas presenciais apresentou uma tendência à queda, e o crescimento das matrículas a distância passou por índices positivos. Todo esse turbilhão deu a entender que a oferta a distância estava buscando substituir a oferta presencial. Diz o autor que os cursos de formação de professores a distância não é exatamente a formação de professores para a docência à distância, mas para a docência presencial. O autor apóia-se em dados para emitir suas conclusões a respeito da Educação à distância. Refere que a EAD é um avanço importante, porém ele entende que é uma concorrência ao ensino presencial e faz outras criticas segundo o mesmo um bom professor é aquele que estar convivendo todos os dias em sala de aula, expõem que a educação virtual não satisfaz as pessoas, não se realizam não se formam apenas com base em relação instrumentalista mediada, são aspectos importantes, mas não suficientes, diz que as pessoas precisam de relações diretas, com EAD os alunos não criam autonomia e não conseguem deixar de ser inibida, 9 pois estes fatores só podem ser tratados cotidianamente com presenças de um convívio. Percebe-se que a visão do autor não é favorável a Educação à distância na formação dos professores presenciais, diferentemente de tantos outros autores como Soares, More, Tori, Geremias e Boucherville. Com o aumento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) as discussões e estudos sobre o assunto tem se proliferado. A utilização das tecnologias permitiu que se desenvolvessem maior amplitude, alcance e possibilidades de debates. As discussões e reflexões que são feitas sobre inclusão digital, vão desde conceito, teorias, métodos, prática pedagógica até chegar às diversidades das mídias utilizadas como um meio apropriado, a uma contínua atualização de conhecimentos, promoção de cursos e de treinamentos. Muitas foram às conquistas tecnológicas nos últimos anos e isso vem trazendo pontos positivos nos diversos setores e também na educação. Esses pontos vêm aos poucos se tornando necessários e começam a pressionar o professor no sentido da aprendizagem de suas ferramentas aplicáveis à Educação, principalmente em sala de aula. Boucherville et al (2010) em seu artigo “O uso da NTICs: Recurso de EAD e os cursos de formação de Professores” elucida que as ferramentas de conhecimento dos alunos como Orkut, facebook e twiter e outras estão acessíveis ao professor, onde o mesmo tem muita possibilidade de interagir com o aluno. O professor precisa falar a linguagem do aluno e usar do conhecimento contido na internet para se aproximar do aluno diante do que ele traz para sala de aula. Os autores explicam que muitas vezes o professor ainda não ingressou no mundo tecnológico e precisa de referências básicas e pessoas que o instruam para poder fazer o seu trabalho. Tendo em vista o aprendizado de várias tecnologias e os benefícios da televisão, do rádio, do correio, da internet, do computador para inserirlas nas práticas em sala de aula. Falando em novas tecnologias também são citadas pelos autores em questão as diversas ferramentas desenvolvidas no computador e na internet para aprimorar a comunicação e manter a melhor interação entre aluno e professor. Assim como: hipertextos; links; textos Wiki;; MSN; sites de busca (ex: Google); Orkut; salas de 10 bate papo; fóruns de discussões; correios eletrônicos e outras, que foram sendo desenvolvidas a partir do World Wide Web (www). Explicam eles que a www é a conexão física que se estabelece entre os computadores interconectados em rede e que se utilizam da linguagem HTML, para oferecer aos usuários da Web consultas em qualquer parte do mundo. Segundo os mesmos autores a interconexão dos computadores se faz através de plataformas, ferramentas e softwares. Esclarecem que a utilização das tecnologias possibilita ao professor, preocupado com sua carreira, oportunidade de formação especifica e continuada; disponibiliza conhecimento; diminui o déficit entre professores preparando-o para diversas áreas; diminuindo a distância entre alunos e professores levando em consideração que, segundo Tori (1999) e Moore (2007), “a distância é um fenômeno pedagógico e não simplesmente uma questão de distância geográfica”. Segundo Moore (2007) “o melhor professor é aquele que consegue conhecer cada aluno independente da distância física”, pois a educação a distancia ao proporcionar ao professor uma metodologia e ferramentas eficientes ele consegue, desenvolver as potencialidades do aluno dentro de seu perfil. INCLUSÃO DIGITAL E APRENDIZAGEM Percebemos que o mundo ao nosso redor está mudando de forma rápida e a Educação continua firmada no paradigma conservador/dominante, apesar de travestida de modelo crítico de interpretação da Educação, ainda reforça um ensino fragmentado e conservador, conforme elucida Boucherville et al (2010). Os autores desenvolveram um olhar crítico dos cursos de formação de professores e chegam à conclusão que, O futuro professor que veio do ontem, estuda no hoje e atuará no amanhã, deve priorizar os recursos tecnológicos e o trabalho colaborativo de construção do conhecimento, para isso torna-se urgente a necessidade de formar professores que conheçam o mundo virtual e presencial. Preparando o professor para aprender a aprender, estando atuante no seu desenvolvimento continuado profissional. (BOUCHERVILLE, 2010, p. 08) Um aspecto importante sobre o qual Boucherville et al (2010) faz menção, se direciona ao preparo do professor para aprender a aprender. Nesse sentido, 11 esclarecem que os cursos de formação de professores não podem restringir seus materiais de apoio didático, mas sim, devem proporcionar aos futuros docentes o direito de se atualizarem no contexto tecnológico atual, sabendo inserir as tecnologias nas metodologias para que se tenha uma verdadeira mudança de paradigma. Sabe-se que não se muda um paradigma educacional apenas colocando uma nova roupagem, camuflando velhas teorias, pintando a fachada da escola, colocando telas e telões nas salas de aula, se o aluno continua na posição de mero espectador, de simples receptor, presenciador e copiador. (MORAES, 1997, p. 17). Em relação à inclusão digital na aprendizagem significa valorizar o aluno e inseri-lo nesse universo digital, para que haja uma efetiva aprendizagem através dos recursos tecnológicos e digitais é necessário que, o professor deixe de lado teorias ultrapassadas de que na escola o computador só serve como mera distração entre os alunos. Entende-se, nesse ponto, que o computador em sala de aula não é apenas um instrumento de distração, mas sim uma exigência do mundo globalizado em que estamos inseridos, no qual os alunos futuramente terão mais oportunidades de melhores empregos, uma vida acadêmica com grandes evoluções e uma melhor interação entre a aprendizagem e conhecimento. Geremias (2011) em seu artigo “Entre o lápis e o mouse: processos de letramento tecnológico/digital dos professores” enriquecem esta discussão citando que através de questionários e entrevistas colheu algumas considerações relevantes sobre as concepções das professoras investigadas acerca do uso dos computadores no processo de ensino da leitura e escrita. Segundo a autora percebe-se na maioria das falas das professoras entrevistadas a presença dos computadores nas escolas é interpretada como positiva. Indicando que, contrariando aos discursos que as colocam como resistentes às inovações, estas estão abertas às novas experiências e tecnologias. Esclarece que a grande maioria das entrevistadas citaram os motivos que as impelem a utilizarem as TIC devem-se às suas percepções sobre a necessidade de se alfabetizarem-se tecnologicamente/digitalmente e sobre as implicações do uso dessas tecnologias no processo de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita 12 dos alunos, favorecendo uma maior compreensão dos textos e uma maior coesão na escrita dos alunos. Contudo, como diz a autora, à alfabetização digital destas professoras, estão implicadas: a formação para a utilização das TICs nas práticas pedagógicas, a inserção da tecnologia nas escolas (incluindo o ambiente denominado Sala Informatizada) e as dificuldades encontradas durante o percurso da formação e experiências na academia que passaram. A autora neste estudo, no que tange ao letramento tecnológico e digital dos professores, verificou que as TICs têm favorecido principalmente o aumento da autoestima e motivação dos alunos e professores, sendo que estes últimos passam a situar-se também como aprendizes (assim como os alunos) no que se refere à aprendizagem da tecnologia digital. Entretanto, como reflete Geremias (2011) a alfabetização digital dos professores, e sua formação para utilizar as tecnologias da informática no ensino, não ocorrem de fato, mas rapidamente em cursos de pequena duração. A formação do professor deve promover a reflexão teórica-prática na escola, através de cursos de capacitação e sua continuidade que ordene um trabalho integrado que articule as TIC às práticas cotidianas. A formação adequada aos professores, não deve se limitar ao treino de algumas ferramentas deve discutir os pressupostos teóricos, epistemológicos e metodológicos, numa linguagem específica deste novo suporte, que envolve a todos. Ao analisar as concepções das professoras investigadas, a autora Geremias (2011) verificou que elas afirmam que não há como a escola negar aos alunos o acesso às tecnologias, mas alertam que é necessário que ao desenvolverem as atividades com o auxilio das tecnologias garantem objetivos pedagógicos claros para utilizá-las. As mesmas argumentam que o enrijecimento escolar quanto ao uso das tecnologias, se baseia em moldes antigos, o que faz com que realizem seus trabalhos isoladamente, tornando-os com efeitos negativos. Sendo assim, acredita a autora que, para além dos cursos de formação dos professores, é necessário promover momentos de discussão sobre as possibilidades pedagógicas dos computadores no interior da escola, momentos estes, que permitam a troca de experiências entre os professores e o envolvimento de todos os membros da comunidade escolar. 13 Geremias (2011) observou através das opiniões das professoras, que as dificuldades encontradas no processo de alfabetização digital, do corpo docente e dos alunos, podem ser superadas através de um trabalho colaborativo, ou seja, a contribuição dos pares envolvidos, alunos, professores, coordenadora das salas informatizadas, o que é de suma importância neste movimento de aprendizado técnico e pedagógico. Segundo Moran (2006) “a Internet pode ajudar o professor a preparar melhor a sua aula, a ampliar as formas de lecionar, a modificar o processo de avaliação e de ajudar na comunicação com o aluno e com os seus colegas.” Concordando com o Moran (2006), podemos afirmar as possibilidades e opções que a internet apresenta trazem uma melhor elaboração ao planejamento das práticas; proporcionando a confecção de um material de qualidade com a implementação de mídias (vídeo, áudio, música, textos), e uma maior interação. O compromisso com a educação e a preocupação com o futuro de crianças e jovens, leva os professores a uma busca pelo novo, com a formação de valores e principalmente pela melhor forma de contextualizar consistentemente as práticas pedagógicas com as novas tecnologias. Partindo, desta apropriação para o uso das TIC’s cada professor planeja suas necessidades e realidades escolares, produzindo uma forma própria de utilização, sempre em consenso com o projeto político pedagógico de sua escola. Nessa perspectiva, a incorporação das TIC está se dando com o sentido de abrir possibilidades para fazer, pensar e conviver que não poderiam ser pensadas sem a presença dessas tecnologias. Como elas introduzem um novo sistema simbólico para ser processado, (re) organizam a visão de mundo de seus usuários, modificam hábitos cotidianos, valores e crenças, constituindo-se em elementos estruturantes das relações sociais, os processos evidenciam um movimento ininterrupto de construção de cultura e conhecimento. (BONILLA; PRETTO, 2005). Entretanto, como percebemos as TICs estão facilitando, abrindo possibilidades e proporcionando as pessoas um conhecimento mais aprofundado, e também, possibilitando a troca de pensamentos entre seus usuários. Resistências e dificuldades serão sempre encontradas no caminho da inovação. Segundo Bonilla e Pretto (2005) a apropriação das TIC’s por parte dos professores deve estar apoiada em um material de auxilio que possa ajudar a apropriar-se das mesmas. Mas esta apropriação não é passível de uma simples 14 leitura; para que os professores realmente entendam estes novos conteúdos e como utilizá-los são necessários uma nova postura. Características como responsabilidade, dinamismo, visão crítica de sua prática, bem como capacidade de lidar com novas situações, estão entre algumas novas posturas deste professor que busca capacitação para utilizar as TIC’s em sala de aula. Atrelada a esta concepção de mudança do paradigma está à compreensão de que o papel do profissional de educação na atualidade é o de estimular os alunos a aprenderem a buscar e selecionar as fontes de informações disponíveis para a construção do conhecimento, analisando-as e reelaborando-as (PIMENTEL, 2007). De acordo com essa afirmação o autor sugere que o professor pode usar a internet para uma nova pratica que é a pratica da pesquisa, em que os alunos auxiliados pelo professor. Segundo Pimentel (2007) a formação do profissional para atualidade deveria ser capaz de implantar mudanças na sua prática e outras especificidades que proporcionem ao professor um novo olhar diante de sua postura de mediação. No entanto, ela só se torna evidente quando o professor, após o término de um curso de capacitação, retorna à sua escola para aplicar na sua nova prática pedagógica, revivendo e aplicando o que aprendeu. O mesmo autor cita a necessidade de uma formação processual para o uso dos computadores no ensino, portanto, que não se limite á apenas um curso. É imprescindível que faça parte da sua formação em serviço e que leve ao repensar das práticas pedagógicas. Pimentel (2007) esclarece que atualmente o despertar, o interesse e a motivação dos alunos são desafios constantes na área educacional. E reitera que o uso desses recursos pode auxiliar a tornar a aprendizagem mais excitante e relevante para os alunos, através da combinação desses recursos com a aprendizagem, os estimulando de várias formas, tais como: • de uma forma multisensorial, estimulando não somente a visão, mas também a audição e os demais sentidos de formas variadas. • oferecendo uma aprendizagem enriquecedora, garantida pela filmagem podendo retornar a aula quantas vezes quiser solidificando os conceitos ensinados. • estimulando a aprendizagem, com a possibilidade de acesso a sites de referência na Internet, o uso de CD-ROM e em DVD para imagens, animações e etc. 15 O mesmo autor reflete que, entretanto esta contribuição dos recursos tecnológicos para a aprendizagem pode ser totalmente anulada se não se fizer presente no processo a interação aluno-professor, a qual tem uma importância crucial não só no processo de aprendizagem, mas, sobretudo, no estímulo para se obtiver sucesso nesse novo ambiente educacional. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para efeito de conclusão, gostaríamos de colocar que em relação às questões iniciais deste artigo: quanto aos questionamentos de qual é o real papel da escola quanto os grandes avanços tecnológicos, e se há a falta de conhecimento digital e tecnológico na escola, o que a Educação deve fazer no sentido de preparar os professores e alunos tecnologicamente para o exercício da cidadania e para a qualificação profissional? Entendemos que as concepções dos professores sobre a alfabetização tecnológica e as barreiras que vêm encontrando nesta caminhada, indicam que a inserção desses sujeitos à linguagem digital, é de suma importância para superar o medo desta tecnologia, mas não é suficiente para concretizar mudanças efetivas na forma de como lidam com a questão do ensino e aprendizagem. Sendo assim, as mudanças nas suas práticas pedagógicas e nas suas concepções, ocorrem em função dos ajustes que vão sendo feitos durante o processo das atividades no ambiente digital e em função das necessidades sociais. Compreendemos que a Educação e os meios educacionais devem se abrir as tecnologias para que a inserção de professores e alunos favoreça a aprendizagem e o seu direito a cidadania por isso é urgente que se faça ajustes na formação inicial do professor no sentido de incluir mais e de maneira eficaz as tecnologias a bem de uma educação mais contextualizada, dinâmica e inovadora. 16 REFERÊNCIAS BOUCHERVILLE et al. O uso da NTICs: Recurso de EAD e os cursos de formação de Professores. Disponível em: http://www.anped.org.br, acesso em: 10/09/2013. BONILLA, Maria Helena Silveira; PRETTO, Nelson De Luca. Formação de Professores: as tic estruturando dinâmicas curriculares horizontais. Disponível em: http://www.acauanfm.ufba.br/twiki/pub/UFBAIrece/ArtigoEAD/ead_isp_pretto_bo ni_09_final_cfotos_pq.pdf, acesso em: 20/09/ 2013. CATAPAN, A. H. TERTIUM: O novo modo do ser, do saber e do apreender. (Construindo uma Taxionomia para Mediação Pedagógica em Tecnologia de Comunicação Digital). Tese de doutorado. UFSC, 2001. GEREMIAS. Entre o lápis e o mouse: práticas docentes e Tecnologias da Comunicação Digital. Disponível em: http://portal.pmf.sc.gov.br, acesso em: 21/09/2013. GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. GIOLO, Jaime. A educação à distância e a formação dos professores. Disponível em: http://www.anped.org.br, acesso em: 10/10/2013. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2000. MOORE, Michael. Educação a distancia: uma visão integrada. São Paulo: Thomson Learning, 2007. MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus, 1997. MORAN, José Manuel. Como utilizar a internet na educação. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/internet.htm. Acesso em: 20/06/ 2013. 17 PIMENTEL, Fernando Silvio Cavalcante. Formação de Professores e Novas Tecnologias: possibilidades e desafios da utilização de webquest e webfólio na Formação continuada. Disponível em: http://www.ensino.eb.br/artigos/artigo_webquest_webfolio.pd. Acesso em: 21/11/2013. SILVEIRA. Escola e democracia: teorias da educação. 32 ed. Campinas: Autores Associados, v.5, 2001. TORI, R. “Tecnologias Interativas para a Educação Sem Distância”. 2000. Artigo disponibilizado na Plataforma de Gerenciamento de Cursos On-line WebCT, no curso “Tecnologias para uma Educação Virtual Interativa”, 2º semestre, 2001.