UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL IURI HONORIO SANTOS TÉCNICAS ESTATÍSTICAS PARA ANÁLISE DE DADOS DE OPACIDADE COM PROPORÇÕES DE BIODIESEL JUAZEIRO – BA 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL IURI HONORIO SANTOS TÉCNICAS ESTATÍSTICAS PARA ANÁLISE DE DADOS DE OPACIDADE COM PROPORÇÕES DE BIODIESEL Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Ciências Agrárias, como requisito da obtenção de título de Bacharel em Eng. Agrícola e Ambiental. Orientador: Prof. Dr. Jorge W. Cortez JUAZEIRO – BA 2012 S237t Santos, Iuri Honório. Técnicas estatísticas para análise de dados de opacidade com proporções de biodiesel / Iuri Honório Santos. – Juazeiro, 2012. 48 f. : il. ; 28 cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental) - Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Juazeiro – BA, 2012. Orientador: Prof. Dr. Jorge W. Cortez. Bibliografia. 1. Biodiesel – métodos estatísticos. 2. Poluição Atmosférica – controle 3.. I. Título. II. Cortez, Jorge W. CDD 662.88 Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF Bibliotecário: Renato Marques Alves 4 AGRADECIMENTOS A Deus, o que seria de mim sem a fé que eu tenho nele. A UNIVASF, em especial ao Colegiado, muito obrigado, pois todos de alguma forma colaboraram para minha formação. Ao amigo e orientador Prof. Dr. Jorge Wilson Cortez pelo incentivo, ajuda, paciência e compreensão durante o curso de graduação. Ao Laboratório de Processos Químicos pela produção do biodiesel e disponibilidade do motor para o teste, em nome de sua coordenadora Profª. Dra. Vivianni Marques Leite dos Santos. A oficina Mecânica do curso de Eng. Mecânica da Univasf pela disponibilidade das instalações para realização do teste. Aos alunos da graduação Camila Coelho Guimarães e Davi Soares da Silva e ao aluno de Mestrado em Engenharia Agrícola o Eng. Agrônomo Hideo de Jesus Nagahama pela ajuda na realização do ensaio. Aos meus familiares, em especial a minha esposa Sabrina da Cruz Silva pelo apoio na realização deste trabalho. Um abraço aos meus queridos professores. Agradeço a DEUS simplesmente por tudo. 5 SANTOS, I.H. Técnicas estatísticas para análise de dados de opacidade com proporções de biodiesel. 2012. 48F. Monografia, Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Juazeiro-BA. RESUMO TÉCNICAS ESTATÍSTICAS PARA ANÁLISE DE DADOS DE OPACIDADE COM PROPORÇÕES DE BIODIESEL A utilização do biodiesel em mistura, de diferentes proporções, com o diesel em motores de combustão interna é uma técnica que ajusta reduzir a emissão da opacidade (fumaça preta) na atmosfera, devido ao fato do biodiesel ter características peculiares que o confere esse efeito na queima pelo motor. O objetivo do trabalho foi comparar diferentes técnicas estatísticas com dados de opacidade obtidos em ensaio prévio. O experimento foi realizado na Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Juazeiro (BA), utilizando um tacômetro universal, um opacimetro de fluxo parcial, um motor estacionário monocilindro de 4 tempos e diferentes proporções de biodiesel/diesel. Foram utilizadas técnicas estatísticas como: análise descritiva, análise de variância, controle estatístico do processo, análise multivariada – agrupamento, para avaliar as emissões provenientes da queima das proporções de biodiesel de 10% (B10), 15% (B15), 25% (B25), 50% (B50) e 75% (B75), com 10 repetições cada. Pela análise descritiva, análise de variância e o dendograma (agrupamento) verificou-se que nas menores concentrações de biodiesel (B5 e B15) os níveis de opacidade (fumaça preta) foram maiores; e a partir da concentração de biodiesel de 25% (B25) foram verificados os melhores (menores) índices de opacidade, tendo as amostras sob controle, isto determinada por meio do controle estatístico do processo (CEP). Palavras-chave: Poluição atmosférica, biocombustíveis, testes estatísticos. 6 SANTOS, I.H. Statistical techniques for data analysis opacity with proportions of biodiesel. 2012. 48F. Monograph, Federal University of São Francisco Valley - UNIVASF, Juazeiro-BA. ABSTRACT TECHNICAL ANALYSIS STATISTICAL DATA FOR OPACITY WITH PROPORTIONS OF BIODIESEL The use of biodiesel blended in different proportions, with diesel in internal combustion engines is a technique that adjusts to reduce the emission of opacity (black smoke) in the atmosphere, due to the fact that biodiesel have characteristics peculiar that gives this effect burning in the engine. The objective of this study was to compare different statistical techniques with opacity data obtained in testing. The experiment was conducted at the Federal University of São Francisco Valley - UNIVASF, Juazeiro (BA), using a universal tachometer, a partial flow opacimeter, an engine 4-stroke single cylinder stationary and different proportions of biodiesel / diesel. Statistical techniques were used as descriptive analysis, variance analysis, statistical process control, multivariate analysis - grouping, to assess emissions from the burning of the proportions of 10% biodiesel (B10), 15% (B15), 25% (B25), 50% (B50) and 75% (B75), with 10 repetitions each. For the descriptive analysis, variance analysis and dendrogram (cluster) found that lower concentrations of biodiesel (B5 and B15) levels of opacity (black smoke) were higher, and from the concentration of 25% biodiesel (B25) were checked the best (lowest) rate of opacity, and the samples under control, it determined through statistical process control (SPC). Keywords: Air pollution, biofuels, statistical tests. 7 LISTA DE FIGURAS “Páginas” Figura 1. Controlador serial utilizado no ensaio. .............................................. 25 Figura 2. Tacômetro universal para medição de rotação. ................................ 26 Figura 3. Medidor de opacidade – opacímetro de fluxo parcial. ....................... 27 Figura 4. Conjunto motor-gerador. ................................................................... 27 Figura 5. Distribuição de frequência com curva normal e box-plot para os valores de opacidade: TOTAL (a), B5 (b) e B15 (c). ......................... 34 Figura 6. Distribuição de frequência com curva normal e box-plot para os valores de opacidade: B25 (a), B50 (b) e B75 (c). ............................ 35 Figura 7. Teste de normalidade dos dados de opacidade (Ryan Joiner similar ao Shapiro Wilk). ............................................................................... 36 Figura 8. Regressão polinomial para os dados de opacidade. ........................ 38 Figura 9. Carta de controle dos dados de opacidade para TOTAL (a), B5 (b), B15 (c), B25 (d), B50 (e) e B75 (f). UCL: limite superior de controle; LCL: limite inferior de controle; e X; média. ....................................... 39 Figura 10. Dendograma obtido por meio da análise multivariada – agrupamento. .................................................................................... 41 8 LISTA DE TABELAS “Páginas” Tabela 1. Tratamentos utilizados de biodiesel e diesel. ................................... 28 Tabela 2. Limites máximos de opacidade em aceleração livre. ....................... 29 Tabela 3. Análise descritiva dos dados de opacidade (m-¹) considerando o total e cada proporção de combustível. .................................................. 33 Tabela 4. Análise de variância dos dados de opacidade. ................................ 37 9 SUMÁRIO “Páginas” 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 10 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................... 12 3. 4. 2.1 Biodiesel .............................................................................................. 12 2.2 Biodiesel e emissões em motores........................................................ 13 2.3 Técnicas estatísticas ............................................................................ 16 2.3.1 Analise descritiva.......................................................................... 16 2.3.2 Análise de Variância e Regressão................................................ 21 2.3.3 Controle Estatístico do Processo (CEP) ....................................... 22 2.3.4 Analise descritiva.......................................................................... 23 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 25 3.1 Local .................................................................................................... 25 3.2 Equipamentos e insumos ..................................................................... 25 3.3 Parâmetros e condições de avaliação ................................................. 28 3.4 Técnicas estatísticas e análise dos dados ........................................... 29 3.4.1 Análise descritiva.......................................................................... 29 3.4.2 Análise descritiva.......................................................................... 30 3.4.3 Controle estatístico do processo (CEP)........................................ 30 3.4.4 Análise Multivariada ..................................................................... 31 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 32 4.1 Estatística descritiva ............................................................................ 32 4.2 Análise de Variância e Regressão ....................................................... 37 4.3 Controle estatístico do processo .......................................................... 38 4.4 Análise Multivariada ............................................................................. 40 5. CONCLUSÕES ......................................................................................... 42 6. REFERÊNCIAS ........................................................................................ 43 10 1. INTRODUÇÃO Uma das maiores descobertas da humanidade foi o petróleo, chamado de “ouro negro” é fonte de riqueza e desenvolvimento para aqueles países que o detém em grandes quantidades, que são chamados autossuficientes em produção e consumo interno ou, até mesmo, para exportação a outros países que não tem produção ou possuem poucas fontes. Dentre os principais produtores estão à Arábia Saudita, Rússia e EUA, aonde o Brasil, recentemente, destaca-se no cenário mundial devido à descoberta das grandes reservas de petróleo existentes no pré-sal. Nesse sentido, a principal importância do petróleo está na enorme capacidade de geração de energia, onde esse líquido precioso, armazenado durante muito tempo e sob alta pressão, adquiriu grande potencial de armazenamento energético. Do petróleo obtêm-se, por meio do complexo processo de refinamento, vários subprodutos como o diesel, a gasolina e óleos diversos. Uma das principais formas de aproveitamento energético do petróleo é a utilização desses subprodutos (diesel e gasolina) na conversão da energia química existente nesses, por meio da combustão, em energia mecânica em automóveis. Aproximadamente em 1900, Rudolf Diesel desenvolveu uma máquina capaz de fazer, justamente, esta conversão de energia proveniente do petróleo em energia mecânica. Assim, criava-se o motor de combustão interna, que utiliza os subprodutos do petróleo – diesel e gasolina, e que iriam revolucionar a forma de utilização energética. O petróleo é extraído em camadas profundas no solo e com o passar do tempo se foi descobrindo que a quantidade do mesmo era limitada. Conforme sua escassez, os preços se elevaram, assim como, especificamente, o diesel devido a pouca oferta e alta demanda. Além disso, conforme surgiu a preocupação com o meio ambiente, devido as catástrofes naturais (furacões, terremotos, tsunamis, aumento da temperatura média da terra, entre outros) foi verificado que o diesel (derivado do petróleo), por meio da queima em motores de combustão interna, liberam altos teores de dióxido de carbono (CO 2), 11 enxofre e outros gases e materiais particulados, também chamado de fumaça, influem direta e prejudicialmente na qualidade da atmosfera terrestre e está intimamente associado com um fenômeno natural de aquecimento da temperatura da terra que é o “efeito estufa” - fenômeno onde os raios solares incidem sobre a superfície terrestre e parte desses raios são absorvidas e transformada em calor, e a outra parte deveria ser refletida para o espaço, mas isso não ocorre porque uma camada de gases (poluição) existente sobre a terra impede que isso ocorra, aumentando a temperatura média da terra. Em consequência desses fatos, surgiram diversos estudos com relação a produtos que possam substituir todo ou parcialmente o diesel. Como previu Rudolf Diesel – onde o mesmo utilizou óleo vegetal na sua primeira demonstração da utilização da sua invenção (o motor de combustão interna), esses óleos de origem vegetal ou animal podem ser uma solução ao diesel convencionalmente utilizado. Esses óleos, que não devem utilizados in natura nos motores, passam por um complexo processo chamado de transesterificação adquirindo características peculiares que passam a ser chamados de biocombustíveis e podem ser misturados, ou até mesmo substituir totalmente o diesel. As consequências deste processo de mistura ou substituição do diesel com o biodiesel são de uma redução nos gases liberados pela queima nos motores e, por o biodiesel ser um produto renovável diferentemente do diesel, corrobora para uma exploração, do meio ambiente, mais sustentável e equilibrada. Ante o exposto, tomou-se como objetivo comparar técnicas estatísticas de dados de opacidade obtidos em ensaio prévio. 12 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Biodiesel A partir da Crise Energética de 1973, com os aumentos desenfreados do petróleo, originou-se um novo pensamento do mundo a respeito da produção e consumo de energia, principalmente quando derivada de matérias-primas não renováveis, como é o exemplo do petróleo, dentre vários combustíveis fósseis. Essa crise representou um marco na história energética do mundo, pois o ser humano passou a dar maior valor às energias, dispondo-as em evidência com relação aos bens de sua coexistência. Com isso, o mundo passou a se dedicar, cada vez mais, a conservar ou economizar energia e a utilizar fontes de energias alternativas em relação às de combustíveis fósseis (PARENTE, 2003). No Brasil, desde a década de 1970, quando foi lançado o Proálcool, o etanol ganhou grande impulso e se tornou, definitivamente, uma fonte importante de energia renovável. E devido a isso o País se tornou destaque no cenário mundial por seu pioneirismo na introdução, em sua matriz energética, de um biocombustível a partir da cana-de-açúcar: o etanol (PETROBRAS, 2012). Atualmente cerca de 45% da energia e 18% dos combustíveis consumidos já são renováveis, e por isso o Brasil encontra-se numa condição almejada por muitos países que buscam fontes renováveis de energia como alternativas estratégicas ao petróleo, uma vez que 86% da energia mundial vêm de fontes energéticas não renováveis (ANP, 2012). Como as propriedades do óleo mineral, fluidodinâmicas (viscosidade e densidade), assemelham-se as do biodiesel, na grande maioria das vezes não há necessidade de adaptação ou regulagem no sistema de injeção dos motores (BEZERRA, 2005). Para Parente (2003) biocombustível é um combustível renovável, biodegradável e ambientalmente correto que substitui o óleo diesel mineral, constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de qualquer triglicerídeo com um álcool de cadeia curta, metanol ou etanol, respectivamente. E pelas semelhanças 13 fluidodinâmicas e termodinâmicas, o diesel e o biodiesel são equivalentes, principalmente em relação à combustibilidade em motores diesel; Os consumos nos motores são equivalentes; são miscíveis, permitindo misturas de várias proporções, não havendo necessidade de modificação ou adaptação nos motores; e nesse sentido, possui várias vantagens em relação ao óleo diesel do petróleo como: não conter enxofre, ser biodegradável, não ser corrosivo, ser renovável e não contribuir para o aumento do efeito estufa. Conforme a ANP (2012), biocombustíveis são provenientes da biomassa renovável que substituem, parcial ou totalmente, combustíveis derivados do petróleo e gás natural em motores à combustão ou em outro tipo de geração de energia. Segundo Bilich e Silva (2006), o biodiesel é um combustível natural usado em motores de compressão interna de ciclo diesel, produzido a partir de fontes renováveis e que atende às especificações da ANP, podendo ser utilizado puro ou em mistura com o óleo diesel, em qualquer proporção. De acordo com a Lei nº 11.097 (BRASIL, 2005), o biodiesel é um biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna de ciclo diesel ou para a geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis derivados de petróleo. Segundo Barbosa et al (2008), comparado aos combustíveis derivados do petróleo, o biodiesel possui características vantajosas, devido ao fato de ser virtualmente livre de enxofre e de compostos aromáticos, possuir alto número de cetano, teor médio de oxigênio, maior ponto de fulgor, menor emissão de partículas (HC, CO e de CO2), caráter não tóxico e biodegradável, além de ser provenientes de fontes renováveis. 2.2 Biodiesel e emissões em motores Em 1895, Rudolf Diesel concebeu o motor de ignição por compressão, que mais tarde foi denominado, em sua homenagem, de motor diesel. Durante a Exposição Mundial de Paris, em aproximadamente 1900, um motor diesel foi 14 apresentado ao público funcionando com óleo de amendoim (PARENTE, 2003). Entretanto, os combustíveis derivados do petróleo emitem gases responsáveis por alterações na composição do ar atmosférico, entre eles estão o dióxido de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOx), Metano (CH4), hidrocarbonetos (HC), dióxido de enxofre (SO2), entre outros que fazem parte do grupo dos Gases do Efeito Estufa (GEE’s), além do material particulado (MP). Por outro lado, os biocombustíveis utilizam matéria prima renovável que apresentam um potencial de emissão de GEEs e de material particulado menor que os combustíveis fósseis mais utilizados, como a gasolina e o diesel. O biodiesel possui características semelhantes ao diesel mineral e ainda confere algumas vantagens em relação ao mesmo como maior viscosidade, potencialmente livre de enxofre e de compostos aromáticos, alto número de cetano, maior ponto de fulgor, caráter não tóxico e biodegradável (FERREIRA, 2010). A poluição atmosférica pode ser definida como a presença de substâncias estranhas na atmosfera, resultantes da atividade humana ou de processos naturais, em concentrações suficientes para interferir direta ou indiretamente na saúde, segurança e bem estar dos seres vivos. Pode ser de fontes naturais, como queima acidental de biomassa (animal ou vegetal), e/ou de fontes antropogênicas, como a queima de combustíveis fósseis nos motores à combustão (CANÇADO et al, 2006). Dentre os principais parâmetros para análise de uma atmosfera equilibrada, está um importante fator que é o nível de fumaça (opacidade) que, ocasionada da queima de combustíveis, determina a quantidade de gases e compostos químicos (CO, CO2, enxofre, etc) presentes no meio, gases esses que são agravantes à atmosfera e causadores do efeito estufa. Em relação ao óleo diesel derivado do petróleo, o Biodiesel pode reduzir em 78% as emissões líquidas de gás carbônico, considerando-se a reabsorção pelas plantas. Além disso, reduz em 90% as emissões de fumaça e praticamente elimina as emissões de óxido de enxofre (HOLANDA, 2004). 15 Com relação a emissões de poluentes na atmosfera, é possível inferir a constituição da fumaça – partículas compostas de carbono resultante do processo de combustão, sendo que quanto mais clara a fumaça (fumaça branca), há evidências de maior quantidade de vapor d’água condensada e combustível não queimado; e quanto mais escura a fumaça (fumaça preta), há sinais de excesso de carbono resultante do processo de combustão e, consequentemente, maiores serão os valores de opacidade e material particulado da fumaça, estando esses dentre os principais parâmetros indicadoras de qualidade do ar atmosférico (TECNOMOTOR, 2010). Tabile (2008), avaliou o efeito de biodiesel de mamona no diesel interior (quantidade de enxofre total máxima de 2.000 mg kg-1) e metropolitano (quantidade de enxofre total máxima de 500 mg kg -1) em trator agrícola e constatou que na linha do diesel interior quanto no diesel metropolitano, verificou-se que a opacidade reduziu 22% à medida que aumentou a quantidade de biodiesel, até a proporção de B75 (interior). Para o metropolitano, o comportamento foi o mesmo, sendo a redução de 10,6%. Nos dois tipos de diesel, a partir de B75, a opacidade voltou a aumentar, especificamente para o metropolitano, em que B100 foi semelhante a B0. Verificou-se, ainda, que o diesel metropolitano apresentou melhor resultado em B0 e B5 (redução em relação ao diesel interior de 13,8 e 11,4%, respectivamente). A partir de B15, o diesel interior se iguala ao metropolitano, tornando-se notória a capacidade do biodiesel em reduzir a opacidade. Teixeira, (2010), analisou as emissões e o desempenho de motores diesel utilizando óleo diesel comercial, biodiesel de palma (B100) e misturas (BX) e verificou que, em relação às emissões de CO2, o óleo diesel comercial (B3) emite, em média, 8% a mais se comparado aos demais combustíveis testados. Além disso, pode ser observado que as emissões de CO2 aumentam de acordo com a carga a que o motor é submetido. Camara (2009) analisou a opacidade em função da proporção de mistura, e verificou que houve redução significativa com o acréscimo de biodiesel a mistura, mesmo em pequenas quantidades, como na proporção B5, atingindo uma melhoria de 50,4% comparando B100 com B0. E atribuiu esse fato à 16 menor emissão de material particulado quando se utiliza biodiesel, pois, no referido biocombustível, há a presença de oxigênio livre na molécula, e, sendo assim, aumenta a eficiência na combustão. Para Liotti (2010), onde avaliou a opacidade da fumaça de trator agrícola em função do uso de biodiesel de dendê e das condições climáticas, todos os horários ensaiados, a opacidade da fumaça foi menor à medida que se aumentou a quantidade de biodiesel. Tal fato aconteceu em virtude de o biodiesel favorecer o processo de combustão no motor, sendo assim, a adição de biodiesel de dendê no diesel mostrou-se como procedimento eficiente para reduzir a opacidade da fumaça no motor do trator agrícola. 2.3 Técnicas estatísticas Liotti (2010) utilizou análise de variância e o teste de comparação de médias (tukey a 5% de probabilidade) para avaliar a variabilidade da opacidade em função do uso de biodiesel de dendê. Tabile (2008), em ensaio de opacidade, aplicou a análise de variância e teste de médias (teste de Tukey a 5% de probabilidade) para avaliar os dados de opacidade; além da análise de regressão para determinar o melhor ajuste do comportamento de consumo de combustível no ensaio. Passos (2010) utilizou o controle estatístico do processo (CEP) na produção de ração animal e do óleo vegetal, extraídos do caroço de algodão. Mingoti (2005) diz que, recentemente, os métodos multivariados têm sido aplicados em um grande universo de áreas diferentes como: engenharia, química, física, ergonomia, entre outras; e essas aplicações dessas técnicas estão relacionada ao fato do grande número de softwares estatísticos com módulos de análise multivariada implementados. 2.3.1 Análise descritiva A estatística descritiva ou dedutiva é aquela encarregada dos primeiros passos do processo estatístico, como a coleta, a organização e a descrição (ou 17 apresentação) dos dados. Esta etapa inicial pode ser resumida apenas como organização e síntese dos dados. Os principais parâmetros para serem avaliados são: média aritmética, mediana, amplitude, mínimo, máximo, desvio-padrão, erro padrão da média, e os coeficientes de variação, assimetria e curtose e o teste de normalidade. Para Torezani (2004), podem-se determinar características de um conjunto de dados por meio de medidas por apenas um número. Dentre essas medidas estão: a média aritmética e a mediana, e descrevem a tendência central que os dados têm de se agrupar em torno de certos valores. A média pode ser considerada como a medida de posição ou medida de tendência central e é calculada como a soma do conjunto de dados dividido pelo número deles, da seguinte forma (equação 1): x x (1) n em que, x = média aritmética; x = dados do conjunto; n = número de elementos do conjunto. A segunda medida de tendência central é a mediana (Med), que é o valor que ocupa a posição central do conjunto dos dados ordenados (equação 2): pos em que, pos = posição da mediana; n1 2 (2) 18 n = número de elementos do conjunto. O processo para determinar a mediana é o seguinte: Ordenar os valores; Se o número de dados é ímpar, a mediana é o valor que está no centro da série; Se o número de dados é par, a mediana é a média dos dois valores que estão no centro da série. Além da média ( x ) e mediana (Med), destaca-se, como medida de posição a moda (Mo), que é o valor (elemento) mais frequente da distribuição. Nesse contexto, existem outros importantes parâmetros, como medidas de dispersão, que são: o desvio padrão, a variância e coeficiente de variação. Para Pimentel-Gomes e Garcia (2002), a média aritmética, não permite avaliar a dispersão. Existem formas simples de determinar essas variabilidades (dispersão) dos valores em relação a média, onde se destaca a de considerar a diferença entre o valor máximo ( Xmáx ) e mínimo ( Xmín ) da amostra, chamada de amplitude total (equação 3): At Xmáx Xmín (3) em que: At = amplitude total; Xmáx = maior valor da série; Xmín = menor valor da série. Outro parâmetro de análise de dispersão em relação à média é os desvios de cada valor (x) em relação à média ( x ), isto é: di = x – x . Logo, se os desvios (di) forem baixos, teremos pouca dispersão; caso os desvios forem 19 altos, teremos elevada dispersão. A partir dos desvios, também chamado de erros ou afastamentos, que podem ser positivos ou negativos, calcula-se a variância (equação 4): S² di² (4) n 1 em que: S² = variância; di = desvios; n = número de elementos do conjunto. Sendo quanto maior S² , maior a dispersão dos dados amostrais, e para melhor interpretar a dispersão de uma variável calcula-se a raiz quadrada positiva da variância, obtendo-se o desvio padrão S. Para se determinar o intervalo de confiança ou precisão da média calculase do erro padrão da média (equação 5): S( x ) S r (5) em que: S ( x ) = erro padrão da média; S = desvio padrão; r = repetições. Segundo Martins (2005) enquanto a amplitude (At), a variância (S²), e o desvio padrão (S) são medidas absolutas de dispersão, o coeficiente de 20 variação (CV) é o desvio padrão em porcentagem da média e mede a dispersão relativa (equação 6): CV S .100 x (6) em que: CV = coeficiente de variação; S = desvio padrão; x = média estimada. A assimetria é o grau de deformação de uma distribuição em relação ao eixo de simetria. Segundo Medri (2011), embora as médias de posição e de variação possibilitam descrever estatisticamente um conjunto de dados, é necessário verificar como está se comportando de forma geral essa distribuição, o que é possível por meio da distribuição de frequência e de histograma. Em uma distribuição simétrica, a média ( x ), a mediana (med) e a moda (Mo) são iguais, isto é, x = Med = Mo. Em uma distribuição assimétrica positiva ou assimétrica à direita, a média é maior que a mediana, e esta, por sua vez, maior que a moda ( x > Med > Mo), ao passo que, em uma distribuição assimétrica negativa ou assimétrica à esquerda, a média é menor que a mediana, e esta, menor que a moda ( x < Med < Mo). Medri (2011) acrescenta que curtose é o grau de achatamento de uma distribuição em relação a uma distribuição padrão denominada de curva normal. Segundo Rodrigues (2010) os testes aplicados para normalidade dos dados, têm por objetivo direcionar o pesquisador, a saber, qual o tipo de teste será utilizado, se paramétrico ou não paramétrico. Os testes usualmente utilizados são Klomogorov–Smirnov, ou teste K-S, que é um teste tradicional de normalidade, onde se compara a distribuição real dos dados (amostra) com 21 uma distribuição normal gerada por uma média e um desvio padrão supostamente conhecidos (populacionais); e o teste de Shapiro-Wilks, ou teste S-W, que vem sendo empregado com maior frequência e é uma boa opção para se testar a normalidade de uma distribuição. E devido à capacidade de adaptação do teste S-W a uma variada gama de problemas sobre a variação da normalidade, este vem sendo preferido ao teste K-S. 2.3.2 Análise de Variância e Regressão Para Martins (2005) a análise de variância trata-se de um método estatístico que verifica se fatores (variáveis independentes) produzem mudanças sistemáticas em alguma variável de interesse (variável dependente) por meio do teste de igualdade de médias. Segundo Anjos (2009), a ideia principal da analise de variância não é o quanto as médias amostrais estão distantes, mas o quão distantes estão relativamente à variabilidade de observações individuais. Esta técnica estatística compara a variação resultante de fontes especificas com a variação entre indivíduos que deveriam ser semelhantes. Em particular, testa se várias populações tem a mesma média, comparando o afastamento entre as médias amostrais com a variação existente dentro das amostras. Segundo Rodrigues (2010) da mesma forma que o teste de KruskalWallis, o teste de análise de variância é um substitutivo ao teste F para análise de variância paramétrica, sendo utilizado quando as amostras, cujas observações podem verificar valores com acentuada variação e em cada tratamento são constituídos blocos com a intenção de que isto resulte em um pareamento considerável entres os diversos tratamentos. Os tratamentos podem ser quantitativos, ou seja, podem ser dispostos em uma ordem, como por exemplo, doses de nutrientes, quantidade de lubrificante, níveis de temperatura, valores de opacidade, etc.; ou qualitativos que não podem ser dispostos numa ordem, como variedades de plantas, métodos de preparação de alimento, marcas de equipamentos e outros. O tipo de tratamento tem importância na forma como os dados serão analisados. 22 Quando os tratamentos são quantitativos, pode-se usar, por exemplo, técnicas de análise de regressão (ANJOS, 2009). Para Martins (2005) a análise de regressão é usada com o propósito de previsão, ou seja, tem o objetivo de desenvolver um modelo estatístico que pode ser usado para prever valores de uma variável dependente em função de valores de uma ou mais variáveis independentes e é representada por um gráfico de dispersão. Existe a análise de regressão linear, que é uma dispersão com equações mais simples, e análise de regressão múltipla que é utilizada na maioria das aplicações práticas das regressões lineares e requerem modelos mais complexos, às vezes necessitando de softwares estatísticos para serem calculados devido ao trabalho para efetuaram-se os mesmos. 2.3.3 Controle Estatístico do Processo (CEP) O CEP é definido como uma filosofia de gerenciamento, ou seja, um conjunto de técnicas e habilidades provenientes da estatística e da engenharia que tende a garantir a estabilidade e a melhoria contínua de um processo de produção; visando, sempre, o controle e a melhoria do processo (VILAÇA e OLIVEIRA, 2011). Um processo está estável, ou operando sob controle estatístico, quando a única fonte de variação é a de causas comuns. Esse controle não é uma condição natural do processo, mas ela é obtida pela eliminação das causas especiais de variação (COM ÊXITO, 2010). O CEP trabalha com gráficos ou cartas de controle que permitem avaliar se o processo está com o desempenho esperado ou se está fora de controle. O objetivo destas cartas é detectar desvios de parâmetros representativos do processo, reduzindo a quantidade de produtos fora de especificações e os custos de produção (VILAÇA e OLIVEIRA, 2011). As Cartas de Controle são gráficos onde possui uma linha central (LC) que é a média ( x ) da estatística que está sendo controlada, a partir da qual estabelecemos o Limite de Controle Superior (LCS) – soma da média mais 3 vezes o desvio padrão, e Limite de Controle Inferior (LCI) – soma da média 23 menos 3 vezes o desvio padrão, que nos permite uma visualização da localização e dispersão do processo (MONTGOMERY e RUNGER, 2003). Os limites extremos (distância de três desvios padrão da média) definem uma área grande que vai evitar alarmes falsos. O desvio padrão utilizado é o desvio padrão das médias (erro padrão), teoricamente o desvio padrão da população dividido pela raiz quadrado do tamanho da amostra - σ/√n. Em termos estatísticos, os dois limites de controle definem um intervalo de confiança com nível de confiança de 99,73% (SAMOHYL, 2009). 2.3.4 Análise descritiva A estatística multivariada se baseia no conjunto de métodos estatísticos utilizados em que várias variáveis são medidas simultaneamente, em cada elemento amostral. A estatística multivariada se divide em técnicas exploratórias de sintetização (simplificação) da estrutura da variabilidade dos dados e em técnicas de inferência estatística (MINGOTI, 2005). Dentro da primeira técnica e sendo a mais utilizada, encontra-se, justamente, a análise de agrupamentos que vem sendo empregada, nos últimos anos, diversas áreas como engenharia florestal, experimentos agronômicos, medicina, sociologia, administração, entre outras. Segundo Johnson e Wichern, 1992; Cruz & Regazzi, 1994 citado por Albuquerque (2005), a análise de agrupamento tem por finalidade reunir por algum critério de classificação as unidades amostrais em grupos que exista semelhança ou distinção dentre esses grupos objetivando propor classificações. Os objetos em um grupo são relativamente semelhantes, em termos dessas variáveis, e diferentes de objetos de outros grupos; e envolve basicamente duas etapas: a primeira se refere à estimação de uma medida de similaridade ou dissimilaridade entre os indivíduos e a segunda, refere-se à adoção de uma técnica de formação de grupos. Entre as medidas de dissimilaridade, mais apropriada a variáveis quantitativas, temos a distância euclidiana, a distância generalizada ou ponderada e a distância de Minkowsky; Já entre as medidas de similaridades, 24 mais apropriada a variáveis qualitativas, temos o coeficiente de concordância simples, coeficiente de concordância positiva, coeficiente de concordância de Jaccard e a distância euclidiana média (MINGOTI, 2005). Com a definição da medida de similaridade ou dissimilaridade a ser utilizada, a etapa seguinte é a adoção de uma técnica de agrupamento para formação dos grupos. Para realização desta tarefa, existem vários métodos disponíveis, dos quais o pesquisador tem de decidir qual o mais adequado ao seu propósito, uma vez que as diferentes técnicas podem levar a diferentes soluções (SOUZA et al., 1997). As técnicas de agrupamentos mais comuns e que se encontram na maioria dos softwares estatísticos são: método de ligação simples (single linkage), método de ligação completa (complete linkage), método da média das distâncias (average linkage), método do centroide (centroid method) e método de Ward. O Dendograma ou gráfico em árvore representa uma síntese gráfica do trabalho desenvolvido, sintetizando a informação. Esse gráfico é de grande utilidade para a classificação, comparação e discussão de agrupamentos. Há duas formas de se representar um dendograma: horizontal e verticalmente. No dendograma horizontal, as linhas verticais, ou o eixo y, representam os grupos unidos por ordem decrescente de semelhança, e a posição da reta, na escala ou o eixo x, indica as distâncias entre os grupos que foram formados. O dendograma é lido de cima para baixo, quando for feito na forma horizontal. No dendograma vertical, a leitura é feita da direita para esquerda, no qual as linhas verticais, ou o eixo y, indicam as distâncias entre os grupos que foram formados, e a posição da reta na escala, ou o eixo x, representa os grupos unidos por ordem decrescente de semelhança (VICINI, 2005). 25 3. MATERIAL E MÉTODOS1 3.1 Local O experimento para a coleta de dados de opacidade foi, anteriormente, realizado na Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Campus das Engenharias, Juazeiro (BA), conduzido pela equipe do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola juntamente com a equipe do Laboratório de Processos Químicos e de Engenharia Mecânica na oficina deste campus. A altitude local é de aproximadamente 350 m. 3.2 Equipamentos e insumos Na coleta de dados foi utilizado um controlador serial (Figura 1) da marca Tecnomotor (TM616) que permite a comunicação com os demais equipamentos com apenas 1 (uma) porta serial ao microcomputador. Como acessórios deste equipamento foram utilizados: pinça indutiva e cabo de alimentação (220 volts). Figura 1. Controlador serial utilizado no ensaio. 1 A citação de marcas comerciais não implica em recomendação por parte do autor. 26 Foi utilizado um tacômetro universal (Figura 2) da marca Tecnomotor (TM529) para fazer leituras de rotação do motor entre os limites de 300 a 9.990 rotações por minuto (rpm) acoplado a pinça indutiva do controlador serial. Sendo o sinal da rotação obtido por meio de um sensor magnético. Figura 2. Tacômetro universal para medição de rotação. Foi utilizado um opacimetro de fluxo parcial da marca Tecnomotor (Figura 3) - modelo TM 133, para coletar os dados de opacidade, ou seja, a fuligem do gás de escapamento, composta de carbono elementar. O princípio de funcionamento do opacímetro é da seguinte forma: a fumaça é captada por este por meio de uma sonda e levada até a câmara de medição existente em seu interior, na câmara existe um emisssor que emite um facho de luz (que é interceptado pelas partículas da fumaça) e um receptor onde vai medir essa diferença entre a emissão e a recepção desse sinal de luz, quantificando assim a opacidade. As medições foram realizadas com base no coeficiente de absorção de luz (K) e têm como unidade m-¹. Como acessorios deste equipamento foram utilizados: cabo de alimentação (220 volts), um cabo serial (micro), um gabinete com entrada e saida de gás e um coletor de gás (sonda). O equipamento funciona auxiliado por um software de inspeção veicular denominado IGOR® da Tecnomotor que é ligado a um computador por meio da porta serial do controlador serial. 27 Figura 3. Medidor de opacidade – opacímetro de fluxo parcial. O motor estacionário (Figura 4) utilizado no ensaio foi da marca Branco Diesel BD10.0 monocilindro de 4 tempos, com potência de 6,7 kW (9,07 HP) e 406 cilindradas que foi acoplado a um gerador de 35 Kva. Figura 4. Conjunto motor-gerador. 28 A mistura biodisel/diesel foi produzida no Laboratório de Processos Químicos da UNIVASF pelo processamento do óleo de soja comercial na rota metílica, utilizando catalisador básico. Para obtenção do biodiesel foi utilizado óleo de soja, metanol 99,8 P.A., hidróxido de sódio (NaOH) e silicato de magnésio hidratado em uma mini usina com capacidade de produção até 15 L por batelada. Na etapa de secagem foi utilizado magnesol como agente secante. O biodiesel foi designado segundo a nomenclatura padrão (Tabela 1), exemplo: B5 considera-se 5% de biodiesel e 95% de diesel. Tabela 1. Tratamentos utilizados de biodiesel e diesel. Tratamento B5 B15 B25 B50 B75 Biodiesel Diesel % 5 15 25 50 75 95 85 75 50 25 Para obter as proporções de misturas (B5, B15, B25, B50, B75) utilizouse diesel S-1.800 (quantidade de enxofre total máxima de 1.800 mg kg -1) obtido nos postos da região, auxiliado por provetas de 1 L, funil e recipientes de 1 L para cada mistura, para auxiliar no transporte até o local do ensaio e dois recipientes de 20 L para material de descarte. 3.3 Parâmetros e condições de avaliação O ensaio de material particulado ou opacidade é chamado de “Ensaio de Aceleração Livre” conforme a norma NBR 13.037/1993. O ensaio de material particulado foi com as proporções de combustível com 10 repetições, medida pelo opacímetro de absorção de luz com fluxo parcial ligado ao controlador serial e ligado ao computador portátil com software. 29 Ao término de cada determinação, foi realizada a drenagem completa do sistema de alimentação, evitando, com isso, a contaminação do ensaio seguinte, seguido do novo abastecimento. Além disso, depois de trocado o combustível, o motor ficou em funcionamento em torno de quinze minutos antes do início de cada teste. Os níveis de opacidade indicados por m-1 foram comparados utilizando a norma do CONAMA 251/1999, citada na Resolução CONAMA 16/1995 (CONAMA, 1999) como pode ser visto na Tabela 2. Tabela 2. Limites máximos de opacidade em aceleração livre. Tipo de motor Aspirado ou Turboalimentado Altitude turboalimentado com LDA(1) Opacidade (m-1) Até 350 m 1,7 2,1 Maior que 350 m 2,5 2,8 (1) LDA é o dispositivo de controle da bomba injetora de combustível para adequação do seu débito à pressão do turboalimentador. 3.4 Técnicas estatísticas e análise dos dados 3.4.1 Análise descritiva Inicialmente os dados foram analisados por meio da estatística descritiva, para permitir a visualização geral do comportamento dos dados (VIEIRA et al., 2002). Foram calculadas a média aritmética, mediana, amplitude, mínimo, máximo, desvio-padrão, erro padrão da média, e os coeficientes de variação, assimetria e curtose. Foram construídos gráficos da distribuição de frequência, Box-plot e o teste de normalidade. A averiguação da normalidade dos dados foi realizada pelo teste de Ryan-Joiner similar ao Shapiro Wilk (teste K-W), por meio do software MINITAB, que busca testar se os dados provêm ou não de uma distribuição normal. A escolha do teste de Ryan-Joiner é devido a sua disponibilidade no software estatístico e por ser 30 superior, devido à semelhança ao teste K-S (SOARES, 2006), aos outros testes disponíveis no software como Anderson-Darling e Kolmogorov-Smirnov. Segundo Rodrigues (2010) o teste R de Ryan-Joiner é similar ao teste SW, pois ambos calculam o “coeficiente de correlação” entre os dados em forma ordenada em um gráfico de probabilidade normal em relação aos pontos de percentagem a partir da distribuição normal padrão. Caso este modelo seja adequado o gráfico construído com os dados amostrais devem mostrar uma linha reta. 3.4.2 Análise descritiva Foi realizada a análise de variância para todas as avaliações, utilizando o delineamento inteiramente casualizado e realizou-se análise de regressão polinomial ortogonal quando os fatores quantitativos foram significativos pelo teste de Fisher “F” a, pelo menos, 5% de probabilidade (PIMENTEL GOMES, 1987). Essas análises foram realizadas por meio do software “estat” - UNESP. 3.4.3 Controle estatístico do processo (CEP) No controle estatístico do processo utilizaram-se as cartas de controle por variáveis. As cartas de controle foram feitas a partir do limite inferior e superior de controle. Para estimar as linhas médias e os limites dos gráficos de controle foram usadas as equações 7, 8 e 9 (TRINDADE et al., 2000), calculadas através do software MINITAB: x UCL 3 LCL 3 (7) (8) c2 n c2 n (9) 31 em que, X : linha média; : média das médias dos subgrupos; UCL: limite superior de controle; : desvio padrão; c2: fator de ajuste à distribuição normal, tabelado em função de n; n: tamanho da amostra; LCL: limite inferior de controle. Quando o cálculo do LCL resultou em valores negativos, considerou-se o mesmo com valor nulo (LCL=0). 3.4.4 Análise Multivariada Na análise multivariada os dados foram padronizados e em seguida as análises multivariadas foram processadas, de modo que, cada variável ficou com média nula e variância unitária. Assim, procedeu-se a análise de agrupamento (hierárquica) conforme a metodologia proposta por Sneath e Sokal (1973), e utilizado como coeficiente de semelhança entre pares de locais a distância euclidiana. A estratégia de agrupamento adotada foi o método de Ward. Assim, o objetivo da análise de agrupamento foi de encontrar a melhor maneira de descrever os padrões de similaridades mútuas. O resultado da análise foi apresentado em forma gráfica (dendrograma) que auxiliou na identificação dos agrupamentos. Para esta análise foi utilizado o software Estatística versão 7.0. 32 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Estatística descritiva Pela estatística descritiva (Tabela 3) verifica-se que na média os maiores valores de opacidade (material particulado) foram encontrados para a proporção B5 e B15, que apresentam as menores concentrações de biodiesel, ou seja, com o aumento de biodiesel no diesel ocorreu diminuição da emissão de material particulado. Em relação ao coeficiente de variação (CV) as proporções avaliadas e utilizando a classificação atribuída por Pimentel-Gomes (1987), as proporções apresentaram CV baixo (CV < 20%) que demonstra a simetria dos dados. A assimetria (As) pode ser avaliada pelo coeficiente de Pearson (As), (Tabela 3), o qual demonstrou em todas as camadas apresentaram distribuição assimétrica (|As|>0,15), sendo classificada como moderada (0,15<|As|<1,0) para as proporções de B5, B15, B50 E TOTAL (média dos dados), e forte (|As|>1,0) para as proporções de B25 e B75. O coeficiente de curtose (k) observa o grau de achatamento da distribuição (ACCIOLY, 2011). Nesse caso, os parâmetros avaliados apresentaram k<2,63, o que classifica sua distribuição como leptocúrtica ou alongada, ou seja, os dados apresentam menor variação e frequência modal mais acentuada. O teste de Normalidade de Ryan-Joiner foi também utilizado para avaliar se os dados seguem distribuição normal, similar ao teste de Shapiro-Wilk, pois ambos calculam o “coeficiente de correlação” entre os dados. Nesse tipo de distribuição, é necessário que o coeficiente de correlação se aproxime de 1 e a hipótese nula (H0: os dados seguem distribuição normal) seja aceita. A partir do teste de Ryan-Joiner foi possível verificar que todas proporções e o total apresentaram P > 0,050 (aceita H0), que os dados seguem distribuição normal. 33 Tabela 3. Análise descritiva dos dados de opacidade (m-¹) considerando o total e cada proporção de combustível. Parâmetros TOTAL B5 B15 B25 B50 B75 Média 9,3 11,2 10,8 7,2 9,3 7,9 EP 0,2 0,4 0,1 0,2 0,3 0,2 DP 1,7 1,4 0,4 0,6 0,9 0,6 Variância 3,1 2,0 0,2 0,4 0,9 0,3 C.V. 18,9 12,7 3,7 8,9 10,0 7,0 Mínimo 6,1 8,3 10,3 6,1 7,9 6,9 Máximo 12,8 12,8 11,5 7,9 10,3 8,6 Mediana 9,0 11,2 10,7 7,4 9,7 8,0 Amplitude 6,8 4,5 1,2 1,8 2,4 1,7 Assimetria 0,18 -0,78 0,55 -1,04 -0,46 -1,13 Curtose -0,98 0,38 -0,01 -0,11 -1,77 0,34 Normalidade R² 0,98 0,97 0,99 0,94 0,94 0,93 P >0,10* >0,10* >0,10* >0,10* >0,10* 0,09* EP: erro padrão da média; DP: desvio padrão; C.V.: coeficiente de variação (%); P: probabilidade. *: distribuição normal pelo teste de Ryan-Joiner (Similar a Shapiro-Wilk). **: distribuição não normal pelo teste de Ryan-Joiner (Similar a Shapiro-Wilk). Pela distribuição de frequência (Figura 5), percebe-se que nas amostras TOTAL, B5 e B15 seguem a linha normal. Em relação ao box-plot, na amostra de B5 a mediana ficou em torno de 11,2 m-1 de opacidade, o valor máximo obtido dentre as amostras foi de 12,8 m-1, e o mínimo de 8,3 m-1, sendo a diferença entre o valor máximo e o mínimo a amplitude total dos dados – que foi de 4,5 m-1 ; Além disso pode-se perceber que os dados estão distribuídos com assimetria, tendo valores de opacidade mais altos do que baixos. Já na amostra de B15 a mediana foi mais baixa, em relação a B5, com valor de 10,7 m-1 de opacidade, máximo de 11,5 m-1, mínimo de 10,3 m-1 e amplitude de 1,2 m-1. Semelhante à amostra B5, a de B15 apresentou a mesma assimetria, sem valores atípicos. 34 13 10 12 8 Opacidade (m-¹) Frequência 11 6 4 10 9 8 2 7 0 6.0 7.5 9.0 10.5 Opacidade (m-¹) 12.0 13.5 6 (a) 13 3.0 12 2.0 11 1.5 B5 Frequência 2.5 10 1.0 0.5 9 0.0 8 9 10 11 B5 12 13 14 8 11.6 3.0 11.4 2.5 11.2 2.0 11.0 1.5 B15 Frequência (b) 10.8 1.0 10.6 0.5 10.4 0.0 10.0 10.4 10.8 B15 11.2 11.6 10.2 (c) Figura 5. Distribuição de frequência com curva normal e box-plot para os valores de opacidade: TOTAL (a), B5 (b) e B15 (c). As amostras B25 e B50 (Figura 6) apresentaram frequências dispersas em relação à linha de tendência central. Analisando o box-plot, a mediana da amostra B25 ficou em torno de 7,4 m-1 de opacidade, o valor máximo obtido dentre as amostras foi de 7,9 m-1, e o mínimo de 6,1m-1, sendo a amplitude total dos dados de 1,8 m-1; observa-se ainda que os dados estão distribuídos com assimetria, tendo valores de opacidade mais altos do que baixos. Na amostra B50 a mediana foi mais alta, em relação a B25, com valor de 9,7 m-1 de opacidade, máximo de 10,3 m-1, mínimo de 7,9 m-1 e amplitude de 2,4 m-1. Semelhante à amostra B25, a de B50 apresentou a mesma assimetria. Ao 35 contrário, em B75 as amostras apresentaram-se de forma simétrica, ou seja, os valores acima e abaixo da mediana foram similares. As maiores emissões de carbono elementar foram nas amostras de B5 e B15, e as menores proporções emitidas foram nas amostras de B25, B50 e B75 com 7,4, 9,7 e 8,0 m-1 de mediana, respectivamente; sendo B75 com a melhor simetria (box-plot) e menor amplitude, ou seja, menor discrepância dentre valores máximos e mínimos das amostras. 8.0 4 7.5 B25 Frequência 3 2 7.0 1 6.5 0 6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 B25 6.0 4 10.5 10.0 3 9.5 2 B50 Frequência (a) 9.0 1 8.5 0 8 9 10 11 8.0 B50 (b) 3.0 8.6 8.4 8.2 2.0 8.0 1.5 B75 Frequência 2.5 7.8 7.6 1.0 7.4 0.5 7.2 0.0 6.8 7.2 7.6 8.0 B75 8.4 8.8 9.2 7.0 (c) Figura 6. Distribuição de frequência com curva normal e box-plot para os valores de opacidade: B25 (a), B50 (b) e B75 (c). 36 No teste de normalidade (Figura 7) observa-se que os pontos acompanham a linha central, o que indica a tendência de normalidade e confirmada pelo teste (Tabela 3). A partir do teste de Ryan-Joiner foi possível verificar que todas proporções e o total apresentaram P > 0,050 (aceita H0), ou seja, que os dados seguem distribuição normal. 99 99 95 90 80 70 60 50 40 30 20 Porcentagem (%) Porcentagem (%) 95 90 10 10 5 5 1 1 6 7 8 9 10 Opacidade (m-¹) 11 12 13 14 7 99 99 95 90 95 80 70 60 50 40 30 20 80 70 60 50 40 30 20 8 9 10 11 12 Opacidade (m-¹) para B5 13 14 15 90 Porcentagem (%) Porcentagem (%) 5 10 10 5 5 1 10.00 10.25 10.50 10.75 11.00 11.25 Opacidade (m-¹) para B15 11.50 1 11.75 6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 Opacidade (m-¹) para B25 99 99 95 90 95 90 80 70 60 50 40 30 20 80 70 60 50 40 30 20 Porcentagem (%) Porcentagem (%) 80 70 60 50 40 30 20 10 10 5 5 1 1 7 8 9 10 Opacidade (m-¹) para B50 11 12 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 Opacidade (m-¹) para B75 9.0 9.5 Figura 7. Teste de normalidade dos dados de opacidade (Ryan Joiner similar ao Shapiro Wilk). 37 4.2 Análise de Variância e Regressão Verifica-se, na Tabela 4, que as diferentes proporções de biodiesel influenciaram nos diferentes valores de opacidade, onde os maiores valores de emissões de carbono elementar ocorreram nas menores proporções de biodiesel no diesel (B5 e B15), as menores emissões ocorreram nas proporções de B25 e B75, sendo B50 intermediário. Os dados de redução da opacidade em motores estacionários com o aumento de biodiesel no diesel são similares aos encontrados por Tabile (2008) e Liotti (2010) que confirmam que há redução da opacidade com o aumento da concentração de biodiesel no diesel em motores de tratores agrícolas. Tabela 4. Análise de variância dos dados de opacidade. Proporções de Biodiesel Opacidade (m-¹) B5 11,2 A B15 10,8 A B25 7,25 C B50 9,2 B B75 7,9 C Teste de F Proporções 39,65** CV 9,3 ** Significativo a 1% de probabilidade. CV.: coeficiente de variação (%). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Na análise de regressão polinomial (Figura 8) verifica-se que o melhor ajuste observado foi para a equação de 3º grau que apresentou significância no teste com maior R². A curva apresenta os maiores valores de opacidade nas menores proporções de biodiesel no diesel e que a partir de B25 há uma tendência de estabilização. 38 14.00 12.00 Opacidade (m-¹) 10.00 8.00 6.00 4.00 y = -8E-05x3 + 0,01x2 - 0,40x + 13,43 R² = 0,68 2.00 0.00 0 20 40 60 80 Proporções de biodiesel (%) Figura 8. Regressão polinomial para os dados de opacidade. Considerando os limites preconizados de 2,5 m-¹ para a opacidade (CONAMA, 1999), os atuais valores encontrados para o motor estão muito acima do permitido. Na análise visual da fumaça, que apresentava cor preta, há indícios de uma mistura rica, ou seja, excesso de combustível e pouco oxigênio. Outro fato que pode ter ocasionado os altos valores, pode ser que devido o motor ser novo, os componentes internos ainda não amaciados podem provocar maiores emissões. Nesse caso, sugere-se nova avaliação da opacidade deste motor após o mesmo ter trabalhado pelo menos 100 horas. 4.3 Controle estatístico do processo As cartas de controle (Figura 9), para todas as amostras (B5, B25, B50 e B75) estão sob controle, pois em todas as repetições oe valores de opacidade encontram-se dentro dos limites de controle inferior (LCL) e superior (UCL) caracterizando, assim, um padrão de comportamento estatisticamente estável do processo. 39 1 13 17.5 1 1 UCL=16.36 1 UCL=11.877 15.0 Opacidade (m-¹) para B5 12 Opacidade (m-¹) 11 10 _ X=9.290 9 8 _ X=11.18 10.0 7.5 7 LCL=6.704 1 6 5 10 15 LCL=6.01 1 20 25 30 Observações 5.0 35 40 45 1 50 2 3 4 (a) Opacidade (m-¹) para B25 11.5 11.0 5 6 Observações 7 8 9 10 (b) 9 UCL=12.052 12.0 Opacidade (m-¹) para B15 12.5 _ X=10.787 10.5 10.0 UCL=9.005 8 _ X=7.259 7 6 LCL=5.513 LCL=9.522 9.5 1 2 3 4 5 6 Observações 7 8 9 5 1 10 2 3 4 (c) 5 6 Observações 7 8 9 10 (d) 10 11.0 UCL=10.972 UCL=9.645 Opacidade (m-¹) para B75 Opacidade (m-¹) para B50 10.5 10.0 9.5 _ X=9.282 9.0 8.5 9 _ X=7.94 8 7 8.0 LCL=6.235 LCL=7.592 7.5 1 2 3 4 5 6 Observações 7 8 9 6 1 10 (e) 2 3 4 5 6 Observações 7 8 9 10 (f) Figura 9. Carta de controle dos dados de opacidade para TOTAL (a), B5 (b), B15 (c), B25 (d), B50 (e) e B75 (f). UCL: limite superior de controle; LCL: limite inferior de controle; e X; média. Segundo Werkema (1995), Pitt (1994) e Kume (1993), citado por Souza (2002), se os pontos plotados da amostra situarem-se sempre dentro dos limites e controle, não apresentado sequências de pontos acima ou abaixo da média, nem tendências, dentre outras situações, caracterizam um processo sob controle estatístico. Para a análise TOTAL (Figura 9a) com todas as proporções verifica-se que ocorreram pontos com um índice 1 fora dos limites LCL e UCL, ou seja, são pontos que fogem do controle. Os pontos ocorreram tanto para o limite superior como o inferior de controle. Individualmente as 40 proporções estão sob controle, pois seguem as variações da mesma proporção e da demanda do motor. 4.4 Análise Multivariada Pelo dendograma (Figura 10), observa-se que foram construídos 3 grupos distintos. O primeiro (Grupo I) formado por B50 e B5 que são semelhantes devido a menor distância euclidiana; o segundo (Grupo II) por B15 isolado dos demais, e por último (Grupo III) as proporções de B75 e B25. Poder-se-ia dividir também em apenas dois grupos para facilitar a análise, em que as proporções B5, B15 E B50 formam um grupo (GI’) e B25 e B75 outro grupo (GII’). Na análise para dois grupos pode-se inferir que o GI’ apresenta as maiores emissões de opacidade enquanto que o GII’ apresentam as menores emissões. Assim, para o uso em motores estacionários as proporções recomendadas seriam B75 e B25, mas considerando o custo do biodiesel, a proporção B25 seria mais economicamente viável, entretanto, em relação às questões ambientais a proporção B75 seria mais recomendada, pois por meio de sua queima pelo motor essa proporção liberaria menos gases, como o dióxido de carbono (CO2), e grande parte deste seriam reabsorvidos por meio dos processos fisiológico dos vegetais. 41 5.5 5.0 Distância Euclidiana 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 B75 B25 B15 B50 B5 Figura 10. Dendograma obtido por meio da análise multivariada agrupamento. – 42 5. CONCLUSÕES Pelos resultados obtidos e nas condições em que se desenvolveu este trabalho, pode-se concluir que: Pela análise descritiva, análise de variância e o dendograma verifica-se que nas menores concentrações de biodiesel (B5 e B15) e maiores valores de diesel, os níveis de opacidade (fumaça preta) foram maiores e a partir da concentração de biodiesel de 25% (B25) foram verificados os melhores (menores) índices de opacidade. Em relação ao controle estatístico do processo (CEP) verifica-se que as amostras estão sob controle, caracterizando assim um processo sobre controle estatístico, com poucas variações durante a amostragem. Em relação às técnicas estatísticas, o melhor método ou que melhor se adequou ao experimento foi a análise de variância com regressão, pois mostrou diferença significativa entre os respectivos tratamentos, caracterizando assim a influência das diferentes proporções de biodiesel em relação a emissão de opacidade e significância, por meio da regressão, no teste de R². 43 6. REFERÊNCIAS ACCIOLY, C.V. Assimetria e Curtose (Aula 10). Disponível em: < http://www1.eeg.uminho.pt/economia/priscila/intocaveis/FMIE04/links/assimetri acurtose.pdf>. Acessado em 11 de abr 2011. ALBUQUERQUE, M. A. Estabilidade em análise de agrupamento (cluster analysis). 2005. 62f. Dissertação (mestrado em Biometria) - Universidade Federal Rural de Pernambuco. ANJOS. A. Estatística II. Departamento de Estatística. Universidade Federal do Paraná. Curitiba. 2009. Pág. 112 – 121. ANP – Agência Nacional do Petróleo. Biocombustíveis. Disponível em: http://www.anp.gov.br/?id=470 Acesso em 28 de março de 2012. 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