o modelo brasileiro de controle do mosquito transmissor do vírus da

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EIXO TEMÁTICO:
( ) Biodiversidade e Unidade de Conservação
( ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis
( ) Cidades Sustentáveis
( ) Educação e Práticas Ambientais
( ) Gestão e Gerenciamento dos Resíduos
( ) Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos
( x ) Saúde Pública e o Controle de Vetores
O MODELO BRASILEIRO DE CONTROLE DO MOSQUITO TRANSMISSOR DO
VÍRUS DA DENGUE, ZIKA, FEBRE AMARELA E CHICUNGUNYA
Brazilian model in control mosquito transmitter dengue virus, zika, yellow fever and
chicungunya
Modelo brasileña en el control de mosquitos transmisor de virus del dengue, zika, la
fiebre amarilla y chicungunya
Evellyn Crystine Pessoa de Lima
Enfermeira pós graduanda, UNAMA, Brasil.
[email protected]
Stephanie Sommerfeld de Lara
Enfermeira mestranda, UFMT, Brasil.
[email protected]
Poliana Roma Greve Nodari
Enfermeira mestranda, UNEMAT, Brasil.
[email protected]
Páginas 1269-1276
RESUMO
O Ministério da Saúde através da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) é responsável nacionalmente por todas as
ações de vigilância. No que diz a respeito do controle vetorial do mosquito do gênero Aedes, o setor de saúde
reconhece que por si só, não há possibilidade de resolver a complexidade dos fatores que favorecem a proliferação
deste vetor, que é responsável pela transmissão das doenças febre amarela, dengue, chicungunya e zika vírus. O
objetivo deste estudo foi analisar o modelo vigente de controle vetorial do Aedes aegypti no Brasil. Trata-se de um
estudo bibliográfico do tipo revisão da literatura utilizando como critérios de inclusão publicações no período de
2002 a 2015 com os seguintes descritores: Brasil, Aedes, Controle de Vetores, sendo selecionados ao final, 15
artigos para a análise do estudo. As diretrizes brasileiras no controle do vetor Aedes aegypti não estão produzindo
impacto no combate ao mosquito, pois existem diversos fatores externos ao setor saúde que determinam a
proliferação do vetor. Conclui-se que o modelo vigente de controle vetorial do Aedes aegypti no Brasil, ainda não é
efetivo o suficiente para o combate ao mosquito, pois existem diversos fatores externos ao setor saúde que
determinam a proliferação do mosquito. Dessa forma, aponta-se a necessidade urgente da revisão da estratégia
que vem sendo adotada na área de Saúde Pública do Brasil.
PALAVRA - CHAVE: Brasil, Aedes aegypti, Controle de vetores.
ABSTRACT
The Ministry of Health through the Department of Health Surveillance (SVS) is responsible nationally for all
surveillance actions. As regarding vector control genus Aedes mosquito, the health sector recognizes that alone,
there is no possibility of resolving the complexity of the factors that favor the proliferation of this vector, which is
responsible for transmitting the disease yellow fever, dengue, chicungunya and zika virus. The aim of this study was
to analyze the current model vector control of Aedes aegypti in Brazil. This is a bibliographic study of the kind
review of the literature using as inclusion publications criteria from 2002 to 2015 with the following keywords:
Brazil, Aedes, Vector Control, being selected at the end, 15 articles for analysis of the study. The Brazilian guidelines
on vector control Aedes aegypti are not producing impact in the fight against mosquitoes, as there are many factors
outside the health sector that determine the vector proliferation. We conclude that the current model vector
control of Aedes aegypti in Brazil, it is still not effective enough to combat the mosquito, because there are many
factors outside the health sector that determine the proliferation of mosquitoes. Thus, it points up the urgent need
to review the strategy that has been adopted in the Public Health area in Brazil.
KEYWORDS: Brazil, Aedes aegypti, Vector control.
RESUMEN
El Ministerio de Salud a través del Departamento de Vigilancia de la Salud (SVS) es responsable a nivel nacional de
todas las acciones de vigilancia. Como con respecto a género de control de vectores Aedes mosquito, el sector de la
salud reconoce que solo, no existe la posibilidad de resolver la complejidad de los factores que favorecen la
proliferación de este vector, que es responsable de la transmisión de la enfermedad de la fiebre amarilla, el dengue,
el virus Chikungunya y Zika. El objetivo de este estudio fue analizar el modelo de control del vector de corriente de
Aedes aegypti en Brasil. Se trata de un estudio bibliográfico de la revisión clase de la literatura utilizando como
criterios de inclusión publicaciones desde 2002 hasta 2015 con las siguientes palabras clave: Brasil, Aedes, control
de vectores, siendo seleccionado al final, 15 artículos para el análisis del estudio. Las directrices brasileñas en el
control del vector Aedes aegypti no están produciendo impacto en la lucha contra los mosquitos, ya que hay
muchos factores fuera del sector de la salud que determinan la proliferación de vectores. Llegamos a la conclusión
de que el actual modelo de control vectorial de Aedes aegypti en Brasil, todavía no es suficiente para combatir el
mosquito efectiva, porque hay muchos factores fuera del sector de la salud que determinan la proliferación de
mosquitos. De este modo, se pone de manifiesto la urgente necesidad de revisar la estrategia que se ha adoptado
en el ámbito de la Salud Pública en Brasil.
PALABRAS CLAVE: Brasil, Aedes aegypti, Controle de vectores.
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1. INTRODUÇÃO
A denominação Saúde Pública surgiu na Inglaterra, no século XIX, por influência do processo
de industrialização, que aumentava o número de trabalhadores assalariados no meio urbano,
gerando assim agravos nas condições sanitárias e de saúde da população. Dessa forma, a
Saúde Pública se referia às intervenções realizadas pelo Estado através de campanhas
sanitárias, voltadas para o bem-estar social (SILVA, 2014).
O Brasil sofreu influência dos países que possuíam ações de Saúde Pública, sendo introduzido
no período da Primeira República (1889-1930), com ações de saúde e saneamento voltadas
para o espaço urbano e o controle de epidemias. Este período ficou marcado pela realização
de campanhas sanitárias para o controle da febre amarela urbana, coordenadas por Oswaldo
Cruz, posteriormente, assumido pelo Departamento Nacional de Saúde do Ministério da
Educação, e a partir de 1953, com a criação do Ministério da Saúde, tais ações foram
transferidas e ainda são realizadas até os dias de hoje (SILVA, 2014). Embora a Saúde Pública
no Brasil tenha seus fundamentos definidos, está continuamente sendo reconstruída e
reelaborada (BRASIL, 2009).
O Ministério da Saúde, através da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), é responsável
nacionalmente por todas as ações de vigilância, prevenção e controle de doenças
transmissíveis, pela vigilância de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas
não transmissíveis, saúde ambiental e do trabalhador e também pela análise de situação de
saúde da população brasileira, em todos os níveis de atenção (BRASIL, 2016a).
No que diz a respeito do controle vetorial do mosquito do gênero Aedes, o setor de saúde
reconhece que por si só, não há possibilidade de resolver a complexidade dos fatores que
favorecem a proliferação deste vetor, que é responsável pela transmissão das doenças febre
amarela, dengue, chicungunya e zika vírus (BRASIL, 2009; BRASIL, 2016b).
Dentre os fatores que favorecem a proliferação do vetor, pode-se listar a rápida urbanização
do país, que gerou déficits estruturais de saneamento básico, como a ausência de rede para
abastecimento de água potável, de serviços de coleta e destino de lixo adequado,
esgotamento sanitário e tratamento, não esquecendo também do intercâmbio de pessoas e
mercadorias entre diversas regiões do continente e do mundo, o que poderia chamar de uma
“globalização” de vetores e agentes etiológicos (FRANÇA et al, 2004; BRASIL, 2009).
Apesar do setor de saúde reconhecer a impossibilidade e complexidade de controlar o vetor
Aedes, existem vários manuais de saúde e diretrizes nacionais voltadas para a prevenção e
controle das doenças transmitidas pelo mosquito. No entanto, poucas literaturas enfatizam de
forma dialética o modelo vigente do controle vetorial. Torna-se evidente que a expansão
territorial da infestação pelo Aedes representa o fracasso da estratégia nacional de controle
(ABRASCO, 2016). Desse modo, este artigo teve como objetivo analisar o modelo vigente de
controle vetorial do Aedes aegypti no Brasil.
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2. OBJETIVO
Analisar o modelo vigente de controle vetorial do Aedes aegypti no Brasil.
3. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliográfico do tipo revisão da literatura, com a finalidade de propiciar
a análise de um tema sob novo enfoque ou abordagem, inovando com conclusões críticas.
Para isto, selecionou-se manuais e artigos contidos na base de dados da Scientific Electronic
Library Online (SciELO), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS)
e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os critérios de inclusão foram publicações nas bases de
dados citadas no período de 2002 a 2015. Utilizou-se os seguintes descritores: Brasil. Aedes.
Controle de Vetores.
Encontrou-se na busca 49 artigos, no entanto, tornou-se necessário utilizar o filtro de “texto
completo disponível” para melhor aprofundamento na leitura, que por fim, totalizou 34 artigos
completos disponíveis. O processo de seleção envolveu primeiramente a leitura dos resumos
dos artigos e manuais a fim de verificar se tratavam do tema proposto. Após isto, selecionouse 15 estudos para analisar. Os artigos que deixaram margens de duvidas foram descartados
do estudo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 A importância do mosquito Aedes aegypt na transmissão de doenças
A dengue é um dos principais problemas de saúde pública. Estima-se que 2/5 da população
global, esta vulnerável a contrair a dengue. Ocorre e dissemina-se especialmente nos países
tropicais e subtropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e
a proliferação do Aedes aegypti, responsável pela transmissão da febre amarela, zika,
chicungunya e a dengue, considerada a mais importante arbovirose que afeta o ser humano.
Outro tipo de vetor que também transmite o vírus é o Aedes albopictus, entretanto menos
frequente que o Aedes Aegypti.
O quadro epidemiológico atual no Brasil caracteriza-se pela dispersão do vetor em todas as
regiões, com circulação dos três sorotipos virais (DENV1, DENV2 e DENV3) e vulnerabilidade
para o sorotipo DENV4. A dengue é uma doença febril de amplo aspecto clínico, podendo
evoluir para uma forma clínica leve ou progredir para a doença grave (BRASIL, 2009). No
entanto, desde o ano de 2006 houve um aumento do número de casos de formas graves da
doença e de hospitalizações em crianças, sendo o ano de 2008, o pior em relação ao total de
internações e óbitos, tais epidemias representaram um padrão de migração de gravidade para
as crianças, que apresentaram 50% dos pacientes internados em cidade mais populosas e 25%
em cidades com menor número de habitantes.
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O zika vírus, outra doença transmitida pelo vetor Aedes Aegypti, é um RNA vírus, do gênero
Flavivírus, família Flaviviridae. Caracteriza-se por doença febril aguda, autolimitada, com
duração de 3 à 7 dias e menos de 80% dos indivíduos infectados não desenvolvem as
manifestações clínicas da doença, porém quando sintomáticas apresentam exantema
maculopapular pruriginoso, febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem
prurido, artralgia, mialgia e dor de cabeça e menos frequentemente, edema, dor de garganta,
tosse, vômitos e haematospermia (BRASIL, 2016). No ano de 2014, ocorreram surtos de zika
vírus no Brasil, fato que foi relacionado com aumento do número de casos de microcefalia no
país, dados que ainda estão sendo investigados.
A Chicungunya, caracteriza-se por febre acima de 39 graus, de início repentino, e dores
intensas nas articulações dos pés e mãos – dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer, também,
cefaleia, dores musculares e manchas vermelhas na pele. O período de incubação é de até 12
dias. O vírus pode afetar pessoas de qualquer idade, no entanto é mais prevalente em crianças
e idosos, sendo que em 30% dos casos não apresentaram sintomas (BRASIL, 2016).
A febre amarela é uma doença infecciosa aguda, de curta duração e de gravidade variável. Os
sintomas são: febre, cefaleia, calafrios, náuseas, vômitos, dores no corpo, icterícia e
hemorragias. Em relação as outras doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti, á febre amarela
possui vacinação, que é distribuída gratuitamente pelos postos de saúde do país em qualquer
época do ano, sendo contraindicada apenas em gestantes e imunodeprimidos.
4.2 O modelo de controle do mosquito Aedes no Brasil
Controlar o mosquito vetor Aedes possibilita a interrupção da transmissão da dengue e demais
doenças associadas e ele. Porém, trata-se de uma atividade complexa, tendo em vista os
diversos fatores externos ao setor saúde, que são importantes e determinantes na
manutenção e dispersão tanto da doença quanto de seu vetor transmissor (BRASIL, 2009).
Cita-se o surgimento de aglomerados urbanos, inadequadas condições de habitação,
irregularidade no abastecimento de água, destinação imprópria de resíduos, o crescente
intercambio de pessoas e mercadorias entre países e as mudanças climáticas provocadas pelo
aquecimento global como os principais fatores que influenciam na sobrevivência e reprodução
do mosquito Aedes (BRASIL, 2009).
De acordo com o Ministério da Saúde, é fundamental atuar diante destes aspectos
determinantes, pois somente assim será efetivo o enfrentamento do vetor, e
consequentemente, as doenças transmissíveis por esta espécie.
Necessita-se da
implementação de uma política baseada na intersetorialidade, de forma a envolver e
responsabilizar os gestores e a sociedade. O controle vetorial é uma ação de responsabilidade
coletiva e que não se restringe apenas ao setor saúde e seus profissionais (BRASIL, 2009).
O Ministério da Saúde defende, que no âmbito do setor saúde, a necessidade de articulação
sistemática da vigilância epidemiológica e entomológica com a atenção básica, integrando suas
atividades de maneira a potencializar o trabalho e evitar a duplicidade das ações,
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considerando especialmente o trabalho desenvolvido pelos Agentes Comunitários de Saúde
(ACS) e pelos Agentes de Controle de Endemias (ACE).
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, o método de controle vetorial vigente no país
engloba o controle mecânico, controle biológico, controle legal e controle químico.
No controle mecânico, devem ser adotadas práticas capazes de impedir a procriação do Aedes,
tendo como principais atividades a proteção, a destruição ou a destinação adequada dos
criadouros. Estas ações devem ser executadas sob a supervisão de ACS ou ACE, e também
pelo morador ou proprietário (BRASIL, 2009).
Arduino e Ávila (2015), encontram em seu estudo uma nova característica do Aedes aegypti,
que demanda identificar e inspecionar novos recipientes antes não ocupados por esta espécie,
pois o vetor mosquito não está se reproduzindo apenas na água limpa, mas sim, em outros
lugares com água parada e suja, exigindo maior atenção na inspeção. Estes conhecimentos
devem ser incluídos no conteúdo de cursos para ACS e em campanhas e programas de
prevenção da dengue como contribuição para o enfrentamento do problema.
No controle biológico, utiliza-se inseticidas para impedir a procriação do Aedes, entretanto,
uma das dificuldades identificadas é o rápido aumento da resistência do mosquito a vários
inseticidas químicos e os danos causados por estes ao meio ambiente (BRASIL, 2015). Em um
estudo realizado com agentes endêmicos em São Paulo, constatou-se que mesmo utilizando
equipamentos de proteção individual (EPI) os trabalhadores de saúde pública ao aplicar
nebulizações do inseticida estavam expostos ao veneno indicando risco à saúde dos
trabalhadores, pois estão suscetíveis a toxicidade dos agrotóxicos, como intoxicações agudas,
problemas respiratórios, endócrinos, paralisias, entre outros desfechos (LEME et al., 2014).
Refere ao controle legal do mosquito Aedes, são aplicadas normas de conduta regulamentadas
por instrumentos legais de apoio às ações de controle da doença dengue e seu vetor. As
medidas de caráter legal visam responsabilizar o proprietário pela manutenção e limpeza de
terrenos baldios, assegurar a visita domiciliar do ACE aos imóveis fechados, abandonados e
onde exista recusa à inspeção (BRASIL, 2009).
Um estudo realizado em Salvador/BA identificou elevados percentuais soroprevalência (67,7%)
e soroincidência (70,6%) de dengue na população do município. Possivelmente, o baixo
impacto do programa de combate vetorial resulta em uma estratégia inadequada em Salvador,
e que também vem sendo adotada em muitas outras cidades do país, permanecendo altos
níveis de doenças transmitidas pelo vetor Aedes (TEIXEIRA et al., 2002).
A autora supra citada discute que não são desenvolvidas ações de saneamento do meio
ambiente capazes de reduzir significativamente a quantidade de criadouros potenciais
do Aedes aegypti, são insuficientes as atividades de educação/informação para que a
população participe de modo contínuo na destruição e ou proteção dos depósitos que podem
se transformar em ambiente propício à proliferação deste mosquito.
Por fim, no controle químico, utiliza-se substâncias químicas – inseticidas – para controle do
vetor nas fases larvária e adulta. Para a utilização destes inseticidas em saúde pública, existem
normas técnicas e operacionais oriundas da Organização Mundial de Saúde (OMS), que
preconiza os princípios ativos desses produtos e recomenda as doses para os vários tipos de
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tratamento disponíveis. Ressalta-se o uso racional e seguro dos inseticidas nas atividades de
controle vetorial, tendo em vista que o seu uso indiscriminado determina impactos
ambientais, além da possibilidade de desenvolvimento da resistência dos vetores aos
produtos.
Uma nota técnica publicada pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO, 2016),
problematiza o uso de produtos químicos na Saúde Pública, pois trazem danos ao ambiente e à
saúde humana. Ressalta-se que o uso de produtos químicos no controle vetorial, ainda não foi
devidamente estudado ou revelado às populações vulneráveis, incluindo os trabalhadores de
Saúde Pública.
A ABRASCO (2016), frisa o simplismo no trato da questão por parte do MS que reduz a
causalidade da Dengue, da Zika e da Chicungunya, centrando as ações na tentativa de eliminar
ou reduzir o vetor, o que deve ser substituído, insistimos, pela ação de medidas de cunho
intersetorial para intervir no contexto socioeconômico e ambiental, visando eliminar o
mosquito a ação orientada pelo MS acaba, também, envenenando seres humanos.
Quanto aparece alguma epidemia ocasionada pelo vetor Aedes, é justificado o uso do
“fumacê” por ser um problema de Saúde Pública, mesmo com produtos químicos sabidamente
tóxicos, como o Malathion, considerado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer
(IARC) como potencialmente cancerígeno para os seres humanos. Além disso, utilizam-se
continuamente de larvicidas para colocar na água de consumo das pessoas, sem qualquer
preocupação sobre sua concentração final, pois por orientação das normas do MS é indicada a
diluição dos larvicidas apenas considerando o volume físico do recipiente e não pela
quantidade interna de água no recipiente.
Em 1998, um alerta formal sobre este erro de diluição foi realizado por químicos, médicos e
engenheiros sanitaristas reconhecidos, mas até hoje os documentos oficiais do MS
recomendam a adição do larvicida nas caixas d’água considerando apenas o volume físico e
não a quantidade de água que de fato existe em seu interior (ABRASCO, 2016).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Face ao exposto conclui-se que o modelo vigente de controle vetorial do Aedes aegypti no
Brasil, ainda não é efetivo o suficiente para o combate ao mosquito, pois existem diversos
fatores externos ao setor saúde que determinam a proliferação do mosquito.
Dessa forma, aponta-se a necessidade urgente da revisão da estratégia que vem sendo
adotada na área de Saúde Pública do Brasil. Ações de combate ao vetor sem o risco a saúde
humana, devido a exposição aos produtos químicos e/ou biológicos, uma vez que a população
esta vulnerável a estas exposições, seja dos produtos já existentes como também de novos
que irão surgir, a fim de mitigar este problema de saúde pública persistente no Brasil.
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