Princípio do Funcionamento do Transformador - Feis

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BOLETIM TÉCNICO N
Princípio do Funcionamento do Transformador
Lucas Fortuna Nunes da Silva
BOLETIM TÉCNICO Nº 20
AGOSTO DE 2015
O
transformador opera segundo o princípio da
indução mútua entre duas (ou mais) bobinas
indutivamente acoplados, ou seja, os circuitos não são
ligados fisicamente. Para poder ser facilmente entendido,
o trabalho apresentará o princípio do funcionamento do
transformador através de análises considerando o seu
funcionamento em vazio e depois em carga. No primeiro
caso, aplica-se ao enrolamento primário uma tensão V1,
deixando o secundário aberto; no segundo caso, analisase quando o enrolamento secundário é efetivamente
utilizado para alimentar uma carga. Essas análises serão
feitas em um transformador ideal, no qual as bobinas
tenham reatâncias elevadas (L1, L2, M = ∞); fluxos
dispersos Ø1 e Ø2 = 0; coeficiente de acoplamento
unitário (k = 1) e enrolamentos primário e secundário
sem perdas (R1 = R2 = 0). Tal transformador possui
apenas fluxo mútuo Øm, comum a ambas às bobinas,
primária e secundária.
Fig. 1. Transformador de núcleo de ferro, indutivamente acoplado, com os símbolos
definidos.
ANALISE EM CARGA
ANALISE EM VAZIO
Quando V1 é aplicada nos extremos do enrolamento
primário de N1 espiras, o primário comporta-se como um
circuito puramente indutivo. Este absorverá, portanto,
determinada corrente Iµ (corrente de magnetização), defasada
de 90° em atraso com respeito à tensão aplicada V1, que
circula mesmo quando o transformador está descarregado.
Esta corrente produzirá um fluxo Øm, que fica canalizado no
núcleo. Este fluxo é um fluxo alternado que varia com a
mesma fase de Iµ que o produz. O fluxo induz em cada espira
que o abraça uma f.e.m. E1, defasada de 90° em atraso com
respeito ao fluxo. A Fig. 2 ilustra o resumo citado acima.
V1
E1
I1 = Iµ
∅
Fig. 2 – Diagrama de reações do primário em vazio.
No enrolamento primário composto de N1 espiras
agrupadas em série, gera-se uma f.e.m. E1 total que adquire
seu valor máximo:
∅ (1)
Analogamente o mesmo fluxo induz no outro
enrolamento composto por N2 espiras, a f.e.m. secundária E2,
cujo valor máximo será:
∅ (2)
Dividindo-se membro a membro a razão entre as f.e.m.
induzidas (1) e (2), temos:
(3)
Assim se obtém a relação das tensões do transformador,
onde E1 e E2 estão entre si na relação direta dos números das
espiras de seus respectivos enrolamentos.
Uma carga indutiva ligada aos terminais do secundário
do transformador ideal, produz uma corrente I2, atrasada em
relação a E2 de um ângulo θ2. A corrente I2 produz sobre o
núcleo uma força magneto-motriz N2I2 em fase com I2, a qual
tende a alterar o fluxo produzido pela f.m.m. N1Iµ, agindo
como um fluxo desmagnetizante que reduz o fluxo mútuo
Øm, e as f.e.m. induzidas E2 e E1, instantaneamente.
A redução de E1 obriga o enrolamento primário a
absorver da linha que o alimenta, além de Iµ, também outra
corrente I1’ (corrente primária de reação) que circula no
primário, tal que N1I1’ = N2I2, restabelecendo Øm em seu
valor original. Esta igualdade é necessária a fim de que
f.m.m. primarias restauradas sejam iguais e opostas a f.m.m.
secundárias desmagnetizante. Assim se obtém a relação das
correntes, onde a razão entre as correntes no primário e
secundário é inversamente proporcional à relação de espiras:
(4)
O efeito da componente primária da corrente de carga
I1’ é visto na Fig. 3, onde a corrente primária total I1 é a
resultante de Iµ e I1’. A corrente I1 resulta defasada com
respeito à tensão V1=-E1 de um ângulo θ1, o qual depende do
valor e da defasagem θ2 de I2. Assim variando I2, fica
inalterada Iµ, mas varia junto à corrente I2 a corrente I1’.
N2 I2
E2
I2
-E1
Θ2
E1
Iµ
Θ2 Θ1
I1’
∅
N1I1’=-N2I2
I1
Fig. 3 – Diagrama de reações do secundário em carga.
Laboratório de Qualidade da Energia Elétrica – LAQEE
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP – Campus de Ilha Solteira/SP
V1
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