CASO CLÍNICO I ENF. 25 anos, sexo feminino, casado, leucodérmico, natural/residente em Betim. Em junho de 1989 procurou atendimento médico em Belo Horizonte em decorrência do surgimento de nódulo na região cervical de aparecimento recente(seis meses). Ao exame clínico suspeitou-se de nódulo tireoidiano e a paciente foi submetida a uma punção biópsia(agulha fina) que não encontrou evidências de malignidade. Foi submetida à cirurgia para retirada do nódulo tireoidiano com preservação do restante da glândula. O exame anatomopatológico evidenciou um adenoma benígno(congelação e parafina). Foi dada alta para a paciente. Cerca de um ano após a cirurgia a paciente percebeu um novo nódulo cervical, logo seguido de outros. Não procurou, imediatamente, atendimento médico por considerar que se tratava de processo benígno. Em março de 1994 procurou o mesmo serviço médico em Belo Horizonte, sendo novamente submetida à cirurgia para retirada, apenas, dos nódulos uma vez que a biópsia(congelação) não evidenciou sinais de malignidade. após o resultado “definitivo” do anatomopatológico,evidenciando sinais de malignidade, a paciente foi submetida à tireoidectonia “quase-total”. A varredura de corpo inteiro com iodo-131, realizada dois meses após, evidenciou grande quantidade de tecido iodo-captante na região do lobo direito da tireóide e em ambos os campos pulmonares. Nesta época a paciente apresentava dispnéia aos médios esforços. A paciente foi submetida, novamente, à cirurgia para complementação da tireoiectomia. Em setembro de 1994 foi submetida à radioiodoterapia, na dose de 200 mCi (miliCuries) de iodo-131. A varredura de corpo inteiro realizada em março de 1995 evidenciou dois focos iodocaptantes em campos pulmonares e a dosagem de tireoglobulina sérica foi de 165 ng/ml. Em julho de 1995 foi submetida a uma nova dose de 200 mCi iodo-131. A varredura de corpo inteiro realizada em janeiro de 1996 não evidenciou qualquer área iodo-captante e a dosagem de tireoglobulina sérica de 1,5 ng/ml. CASO CLÍNICO II IDENTIFICAÇÃO: feminina, 32 anos, branca, casada, procedente de POA. QUEIXA PRINCIPAL: desânimo e cansaço nas atividades diárias. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: Paciente refere que há 3 anos começou a apresentar perda de peso, embora com apetite aumentado, nervosismo, palpitações e fraqueza. Procurou cardiologista que prescreveu propranolol 40 mg de 8/8 horas com certa melhora do quadro. Após 8 meses, familiar notou aumento de volume em região cervical e a paciente percebeu que os olhos estavam avermelhados e com lacrimejamento. Consultou com endocrinologista por piora dos sintomas, inclusive com intolerância ao calor, sudorese, tremores de extremidades, prurido e dispnéia aos pequenos e médios esforços. Iniciou tratamento com Tapazol 40 mg/dia. Em 3 meses os sintomas tinham desaparecidos, parou o medicamento por conta própria. Após 4 meses os sintomas voltaram e a paciente foi encaminhada para tratamento com iodo radioativo. Fez acompanhamento por 6 meses e não retornou mais. Atualmente refere desânimo, cansaço freqüente, sono, constipação intestinal e edema de MMII. REVISÃO DE SISTEMAS Geral: dificuldade para perder peso, pele e cabelos secos, queda de cabelos. Endócrino: intolerância ao frio. Gastrointestinal: fezes muito ressequidas, evacua 1 vez na semana, sendo que antes evacuava 2 ou 3 vezes ao dia. Genitourinário: ciclos menstruais irregulares com períodos de 2 a 3 meses e com menorragia. Gesta 3, Pare 3, Abortos 0. Olhos e região periorbitária: edema palpebral. Cardiovascular: Tinha pressão normal, mas recentemente foi detectada pressão alta (sic). Neurológico: relata pensamento lento, dificuldade de concentração e diminuição da memória. Muscular: fraqueza principalmente em braços e pernas, dores articulares e dificuldade para movimentar-se. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA: Apendicectomia e cirurgia de úlcera gástrica há 20 anos. Não fuma e não faz uso de bebida alcoólica. HISTÓRIA FAMILIAR: Mãe e 2 irmãos com bócio e hipertireoidismo. Tia fez tireoidectomia. Nega diabetes na família. EXAME FÍSICO: Altura 1,56, Peso 68kg, IMC 27. Regular estado geral, hipocorada, com voz rouca TA 150 X 90 mmHg e FC 60 bpm. Pele: amarelada, áspera, seca e descamativa e fria. Cabelos secos e ralos. Cabeça: edema palpebral, ausência de hiperemia ou lacrimejamento oculares. Mobilidade ocular preservada. Tireóide: diminuída de tamanho com consistência aumentada, sem nódulos. Pulmões - limpos, sem estertores, murmúrio vesicular simétrico. Ausculta cardíaca: bulhas hipofonéticas, ritmo regular, 2 tempos, sem sopros audíveis. Abdome - sem alterações. Membros inferiores - edema de + / 4, pulsos periféricos pediosos e tibiais presentes. EXAMES LABORATORIAIS: DATA 02/2005 04/2006 04/2007 01/2008 TSH (0,4-4,5 mUI/L) < 0,01 0,4 6,0 40 T4 (4,5-12 µg/dL) 24 11 6,5 2,5 Hemograma: Hemoglobina: 10,5g/dl Hematócrito: 32% Ácido úrico: 9,2 mg/dl Colesterol total: 420mg/dl, colesterol LDL: 190mg/dl, colesterol HDL: 40 mg/dl Triglicerídeos: 280mg/dl Antitireoperoxidase (Anti-TPO): 250 UI/mL (< 34 UI/mL) CASO CLÍNICO III Identificação: Homem, 51 anos, caucasiano, autónomo, comerciante de automóveis, residente no Porto. História da doença atual: Diagnóstico de Cardiomiopatia Hipertrófica em 2004, com taquicardias ventriculares (TV) frequentes, portador de CDI desde essa data e sob terapêutica com amiodarona até 2010 Semanas antes da consulta, episódios de TV. Estudo da função tiroideia pelo cardiologista assistente, que revelou: - TSH 0,02 uUI/mL (0,27-4,2) - T4L 2,5 ng/dL (0,93-1,7) - T3L 7,7 pg/mL (2,0-4,4) Contactada Endocrinologia; Metibasol 5mg/dia Medicação atual: Lopressor (metoprolol) 100mg/dia; Cipralex (escitalopram) 10mg/dia; Alprazolam 0,5mg/dia; Amiodarona 200mg/dia; Pradaxa 110mg 2x/dia Antecedentes familiares: Nega familiares com patologia tireoidiana. Exame objetivo: IMC: 23,9 kg/m2; TA: 123/56mmHg, Pulso: 68bpm; ACP sem alterações; Sem tremores; Mãos suadas; Tiróide palpável, sem outras alterações. Exames Complementares: Anti-TPO negativo; Anti-TGB negativo; Trab negativo Ecografia da Tiróide Tireoide globosa e dimensões aumentadas, o lobo direito com 24*21*60mm de e o lobo esquerdo com 26*24*51mm, de ecoestrutura heterogéna compatível com bócio difuso incipiente, com pequena formação 4,4mm sonolucente à direita, sugerindo acumulação de coloide. Cintigrafia tiroideia: Captação do radiofármaco globalmente diminuída; não se observam alterações focais sugestivas de nódulos tiroidianos.