FÍSICA GERAL III (Lic. Optometria e Ciências da Visão) 2006/07 TRABALHO PRÁTICO Nº 1 ASSOCIAÇÃO DE RESISTÊNCIAS E LEI DE OHM OBJECTIVOS • Medição de resistências em série e em paralelo. • Verificação da lei de Ohm para vários condutores. INTRODUÇÃO A resistência, R, de um condutor é definida como a razão entre a queda de potencial entre os seus terminais, V, e a intensidade de corrente que o percorre, I: R = V/I Os condutores podem ser classificados como ohmicos ou não ohmicos. Nos condutores ohmicos verifica-se que o valor V/I é constante, existindo proporcionalidade directa entre V e I. Este enunciado constitui a lei de Ohm. V V =cte. I I Trabalho prático 1 página 1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 1. Material: - Fonte de tensão c.c. - Dois módulos de resistências - Dois multímetros (um Amperímetro (A) e um Voltímetro (V)) 2. Método experimental: 1ª parte: Associação de resistências • Identifique as resistências que fazem parte do módulo de resistências, utilizando o ohmímetro e através do código de cores. • Medir a resistência total dos seguintes conjuntos de resistências, com R1 ≅ 200 Ω, R2 ≅ 120 Ω e R3 ≅ 300 Ω. a) R1 R2 R1 b) R2 R1 c) R3 R2 Trabalho prático 1 página 2 2ª parte: Verificação da lei de Ohm Proceda à montagem do seguinte circuito com R = 8KΩ: V R A 1. Varie a tensão da fonte de alimentação entre 0V (*) e 6V de 1V em 1V e registe os valores lidos no voltímetro e no amperímetro. Apartir do gráfico V versus I obtenha o valor da resistência R. 2. Substitua a resistência R=8 KΩ por uma de 56 Ω e repita o procedimento do passo 1. Meça o valor da resistência com o ohmímetro e compare com o valor obtido a partir do gráfico. Justifique a diferença entre os valores encontrados. 3. Substitua a resistência por uma lâmpada e proceda como no passo 1. O que conclui da análise do gráfico V versus I no caso da lâmpada? (*) A única forma de obter 0V à saida da fonte de alimentação é desligando-a no botão de power. Trabalho prático 1 página 3 FÍSICA GERAL III (Lic. Optometria e Ciências da Visão) 2006/07 TRABALHO PRÁTICO Nº 2 VERIFICAÇÃO EXPERIMENTAL DAS LEIS DE KIRCHHOFF OBJECTIVOS: • Montar circuitos eléctricos constituídos por mais do que uma malha. • Verificar experimentalmente a validade das leis de Kirchhoff. • Utilizar as leis de Kirchhoff na análise de circuitos. INTRODUÇÃO 1) Circuitos eléctricos Um circuito eléctrico é uma rede de vários componentes eléctricos interligados entre si, distinguindo-se cada um dos componentes dos restantes pela relação entre a tensão aos seus terminais e a corrente que o atravessa. Por exemplo, para as resistências tem-se V = RI, te para as fontes de tensão ideias V = C , etc. Os pontos de um circuito aos quais se ligam três ou mais elementos designam-se por NÓS. O conjunto de componentes ligados entre dois nós, através dos quais flui a mesma corrente, designa-se por RAMO. Um conjunto de ramos formando um percurso fechado designa-se por MALHA (fig.1). No circuito da figura 1 existem dois nós: b e d (nos pontos a e c não estão ligados três ou mais elementos), e três ramos: bad, bcd e bd. Figura 1 – Exemplo de um circuito de duas malhas Trabalho prático 2 página 1 2) Leis de Kirchhoff As leis de Kirchhoff são as leis fundamentais da teoria de circuitos eléctricos e são válidas para todo o tipo de circuitos eléctricos (lineares, não lineares, activos, passivos, corrente contínua, corrente alternada). Permitem determinar as correntes em cada ramo de um circuito eléctrico, desde que sejam conhecidos os vários componentes que fazem parte do circuito eléctrico. • 1ª Lei de Kirchhoff ou Lei dos Nós A soma algébrica de todas as correntes que entram e saem de um nó é nula, ou seja Σ Ii = 0. • 2ª Lei de Kirchhoff ou Lei das Malhas A soma algébrica das diferenças de potencial (ddp) numa malha fechada é nula, ou seja Σ Vi = 0. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL: 1. Material: • Fonte de tensão contínua • Módulo de resistências • Dois multímetros (um Amperímetro (A) e um Voltímetro (V)) • Fios de ligação 2. Procedimento experimental: 2.1 Montagem do circuito • Escolha para R1, R2 e R3 resistências com valores aproximadamente iguais a 100 Ω, 120 Ω e 1000 Ω e registe os seus valores lidos no multímetro. • Proceda à montagem do seguinte circuito: Trabalho prático 2 página 2 2.2 Verificação das leis de Kirchhoff Parte I: Lei dos Nós 1. Depois do circuito ser verificado pelo professor, ligue a fonte e ajuste a tensão aos seus terminais para cerca de 5V. Registe o valor lido pelo voltímetro, na fonte. 2. Meça a corrente em R3, inserindo o amperímetro no circuito, de acordo com o esquema: 3. Desenhe como deve inserir o amperímetro no circuito para medir a intensidade da corrente que passa em R2. Insira o amperímetro como ilustrou e meça a intensidade de corrente que passa em R2. 4. Repita o ponto 3 para a resistência R1. 5. Qual o sentido das várias correntes? 6. Verifique a validade da 1ª lei de Kirchhoff para os vários nós deste circuito. Sugestão: Marque o sentido das correntes no esquema. Parte II: Lei das Malhas 7. Meça a diferença de potencial aos terminais de R3, inserindo o voltímetro no circuito, como mostra o esquema seguinte: V(R3) = ____________ Trabalho prático 2 página 3 8. Desenhe como deve inserir o voltímetro no circuito para medir a ddp aos terminais de R2 , R1 e da fonte de alimentação. Insira o voltímetro como ilustrou e meça as várias ddp. V(R2) = ____________ V(R1) = ____________ V(fonte) = ____________ 9. Verifique a validade da 2ª lei de Kirchhoff para a malha ABCD. 10. Escolha um dos seguintes circuitos e repita as partes I e II. Trabalho prático 2 página 4 FÍSICA GERAL III (Lic. Optometria e Ciências da Visão) 2006/07 TRABALHO PRÁTICO N.º 3 ASSOCIAÇÃO DE CONDENSADORES ESTUDO DA CARGA E DESCARGA DE UM CONDENSADOR NUM CIRCUITO RC OBJECTIVOS: • Verificar as leis de associação de condensadores em série e em paralelo. • Estudar a dependência temporal da diferença de potencial aos terminais de um condensador, nos processos de carga e descarga através de uma resistência. • Determinar o valor e apurar o significado físico da constante de tempo de um circuito RC. INTRODUÇÃO As cargas eléctricas têm tendência para se distribuírem uniformemente (em termos macroscópios), sem haver zonas com excesso de cargas positivas ou negativas. Para “arrumar” as cargas é necessário fornecer energia. Quanto maior for a quantidade de carga eléctrica a “arrumar”, isto é, quanto mais concentradas ficarem as cargas do mesmo sinal e mais afastadas das de sinal contrário, tanto maior será a energia necessária. Esta energia fica armazenada sob a forma de campo electrostático e é libertada quando as cargas se voltarem a “misturar”. Neste guia, o termo condensador é utilizado para identificar um dispositivo eléctrico capaz de armazenar carga eléctrica (e energia). A geometria habitual consiste em duas folhas condutoras separadas por uma folha fina de um material isolador – o dieléctrico (ver figura 1). Figura 1 – Desenho esquemático de um condensador ligado a uma fonte de tensão Trabalho prático 3 página 1 A razão entre a carga Q armazenada e a tensão VC aos terminais do condensador é constante e chama-se capacitância (ou capacidade) do condensador (C): C= Q VC (1) A energia armazenada no condensador (ou o trabalho realizado pela fonte de tensão para armazenar essa energia), W, pode ser calculada por integração: W = ∫ Pdt ; em que P = VC I e I= dQ dt (2) 2 Q dQ Q W = ∫ VC Idt ⇔ W = ∫ VC dt ⇔ W = ∫ VC dQ ⇔ W = ∫ dQ ⇔ W = dt C 2C 1 W = CVC2 2 (3) A figura 2-a) mostra dois símbolos para representar um condensador: o da direita é usado quando a tecnologia de fabrico do condensador exige que ele seja utilizado de forma que o terminal “+” fique sempre a um potencial superior ao do outro terminal. Figura 2 – a) Símbolo do condensador; b) circuito RC A figura 2-b) representa um circuito típico que contém um condensador em série com uma resistência, a que se chama circuito RC. Neste circuito a intensidade da corrente não é constante porque a tensão Vc aos terminais do condensador varia à medida que o condensador se carrega ou descarrega. Trabalho prático 3 página 2 Quando se associam condensadores, em série ou paralelo, a capacidade total equivalente é dada por: paralelo C = C1 + C2 + ... + CN (4) série 1 1 1 1 = + + ...+ C C1 C 2 CN (5) Processo de carga: Considere-se o circuito da figura 2-b). Estando o condensador descarregado inicialmente, estabelece-se uma corrente, variável no tempo, e o condensador adquire uma certa carga. Este processo de carga não é instantâneo. A tensão VC no condensador e a corrente I que percorre o circuito podem ser obtidas a partir da lei das malhas: VR + VC − VF = 0 (6) Se atendermos que a tensão VR aos terminais da resistência R, pela lei de Ohm, é dada por: VR = RI e que a tensão VC aos terminais do condensador, pela relação (1), é dada por: Q VC = C então podemos escrever a equação (6) na forma Q RI + − VF = 0 C Atendendo a que I = R (7) dQ , e substituindo em (7), obtém-se: dt dQ Q dQ Q dQ CVF − Q dQ CVF − Q + − VF = 0 ⇔ R = VF − ⇔ R = ⇔ = dt RC dt C dt C dt C (8) Separando as variáveis, isto é, individualizando num termo as cargas e no outro o tempo, temse que: dQ dt = CVF − Q RC (9) Retomando a expressão anterior e integrando, tem-se: Trabalho prático 3 página 3 Q ∫0 t dt dQ = ∫0 CVF − Q RC (10) Efectuando a integração indicada, obtem-se: − ln(CVF − Q) |Q0 = t RC (11) Obtendo-se para a carga no condensador num instante t: Q = CVF (1 − e − t RC ) (12) e, para a diferença de potencial aos terminais do condensador num instante t do processo de carga tem-se: VC = VF (1 − e − t RC ) (ver figura 3) (13) A expressão para a intensidade da corrente que percorre o circuito deduz-se facilmente se considerarmos que no condensador t I =C dVC VF − RC = e R dt Figura 3 – Evolução de VC com o tempo para a carga de um condensador. (As escalas foram normalizadas). Trabalho prático 3 página 4 Processo de descarga: Considere-se o circuito da figura 4, admitindo que inicialmente o condensador se encontra carregado com a carga Q = CVF (na situação anterior, no final de um processo de carga prolongado, a carga no condensador teria precisamente este valor). Fechado o circuito, estabelece-se uma corrente variável, no tempo, descarregando-se o condensador. Este processo de descarga não é instantâneo. A tensão VC no condensador e a corrente I que percorre o circuito podem ser obtidas a partir da lei das malhas: VR + VC = 0 (14) Como anteriormente R dQ Q + =0 dt C (15) Separando variáveis: dQ dt =− Q RC (16) t dt dQ = − ∫0 Q RC (17) e integrando: Q ∫0 tem-se que t RC ln Q |QCVF = − (18) Obtendo-se para a carga no condensador num instante t: Q = CVF e − t RC (19) e, para a diferença de potencial aos terminais do condensador num instante t do processo de descarga tem-se: VC = VF e − t RC (ver figura 4) (20) A corrente que percorre o circuito durante a descarga do condensador é dada por: t dQ VF − RC I =− = e R dt Trabalho prático 3 página 5 Figura 4 – Evolução de VC com o tempo para a descarga de um condensador. (As escalas foram normalizadas). O produto RC tem as dimensões de tempo e chama-se constante de tempo, τ ,do circuito. Ele representa o intervalo de tempo necessário para o condensador atingir a tensão limite se se mantivesse o ritmo de carga inicial (tangente AB). Assim, se τ for grande, o circuito responde lentamente e o condensador leva muito tempo a carregar-se; se τ for pequeno, o circuito responde rapidamente e o condensador leva pouco tempo a ficar carregado. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL: 1. Material: • Fonte de tensão contínua. • Módulo de resistências e condensador • Multímetro • Fios de ligação • Relógio ou cronómetro O módulo de montagem contém dois condensadores e duas resistências (note que a resistência RA está ligada em série com o condensador C2). Está ainda disponível no módulo um comutador que permite ligar electricamente o ponto O ou ao ponto X ou ao ponto Y e uma ‘lâmpada’ (LED) com um botão que fecha o circuito quando pressionado. Trabalho prático 3 página 6 2. Associação de condensadores Estabeleça a seguinte sequência de montagens e anote os resultados na folha reservada para o efeito. Seja cuidadoso: o resultado da experiência depende da correcta execução de todos os pormenores. Durante esta série de experiências deve concentrar-se nas montagens e nas observações. Para que cada experiência tenha sucesso, a mesma deve ser executada rapidamente. 1. Espere 30 segundos. 2. Pressione o botão. Que vê no LED? 3. Qual o valor da tensão? 4. Regule a tensão para 10 V. 5. Espere 30 segundos. 6. Qual o valor da tensão? 7. Qual o valor da tensão? 8. Qual o valor da tensão? 9. ... para evitar curtocircuitos! 10. Qual o valor da tensão? 11. Meça o tempo durante o qual o LED se mantém aceso com o botão pressionado. 12. Repita agora com o condensador C2. 13. Espere 30 segundos. 14. Qual o valor da tensão? 15. .para evitar curtocircuitos! 16.Espere 30 segundos. 17. Qual o valor da tensão? 18. Qual o valor da tensão? 19. Qual o valor da tensão? 20. ...para descarregar os condensadores. Trabalho prático 3 página 7 3. Circuito RC: carga e descarga de um condensador 1. Coloque o comutador na posição Y, regule a fonte de tensão para 10V e certifiquese que o condensador C2 está descarregado (se necessário curto-circuite durante 30 segundos os terminais do condensador). Estabeleça as ligações mostradas no seguinte esquema: 2. Use um relógio de pulso como cronómetro. No instante t=0s mude o comutador para a posição X. De cinco em cinco segundos tome nota da tensão lida no multímetro. No instante t=60s mude novamente o comutador para a posição Y e continue a ler a tensão até t=120s. Repita o procedimento usando a resistência RB B no lugar de RA e, depois, C1 no lugar de C2. Trabalho prático 3 página 8 Registo de resultados e questionário: I – Associação de condensadores REGISTO Montagem nº Registos 2 Observações: 3 VC2 = 6 VC1 = 7 VC2 = 8 V8 = 10 V10 = 11 tC1 = ; outras observações: 12 tC2 = ; outras observações: 14 V14 = 17 VC1 = 18 VC2 = 19 V19 = QUESTIONÁRIO Nota: ‘ [n ] ’ significa ‘[montagem n]’ a) Porque é que a tensão em [7 ] é diferente da de [3] ? b) Explique os valores da tensão obtidos em [8] e [10] . c) Como justifica o valor da tensão obtido em [14] ? d) Porque é que o LED não acendeu em [2] e fê-lo em [11] ? e) Como explica a diferença de tempo durante o qual o LED se manteve aceso em [11] e [12] ? f) Explique numericamente a diferença de tensões obtidas em [17] , [18] e [19] . Trabalho prático 3 página 9 II - Circuito RC: carga e descarga de um condensador REGISTO RA = ____________; RB = ____________; C1 = ____________; C2 = ____________ t (s) 0 VCi VCii VCiii (C2; RA) (C2; RB) (C1; RB) Notas Comutar para X 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 Comutar para Y 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 Trabalho prático 3 página 10 QUESTIONÁRIO a.1.) Represente graficamente o sinal VCi (C2; RA): a.2.) Trace, em papel milimétrico ou recorrendo a um computador, o gráfico de lnVc em função do tempo, para o processo de descarga do condensador (note que t = 0 quando se inicia a descarga). Ajuste uma recta e determine a constante de tempo do circuito (RA; C2) a partir do declive. τi = ……………………. b.1.) Represente graficamente o sinal VCii (C2; RB): b.2.) Utilizando um procedimento análogo ao de a.2) determine a constante de tempo do circuito (RB; C2). τii = …………………. Trabalho prático 3 página 11 c.1.) Represente graficamente o sinal VCiii (C1; RB): c.2.) Utilizando um procedimento análogo ao de a.2) determine a constante de tempo do circuito (RB; C1). τiii = …………………. d) Determine, a partir dos valores de R e C, as mesmas constantes de tempo: τi = ..................................... = .......................... ; τii = .................................... = .......................... ; τiii = ................................... = .......................... . e) Comente os valores obtidos nas alíneas anteriores. Trabalho prático 3 página 12 FÍSICA GERAL III (Lic. Optometria e Ciências da Visão) 2006/07 TRABALHO PRÁTICO Nº 4 ESTUDO DO CAMPO MAGNÉTICO DE UMA BOBINA 1. OBJECTIVOS • Verificar que o campo magnético numa bobina varia linearmente com a intensidade da corrente que a percorre. • Verificar que o campo magnético numa bobina depende da densidade de espiras (numericamente igual ao número de espiras por unidade de comprimento). 2. INTRODUÇÃO Uma corrente eléctrica percorrendo uma bobina cria no interior desta um campo magnético que, nos pontos afastados das bordas, é, em boa aproximação, constante. A intensidade do campo depende da intensidade da corrente que percorre as espiras da bobina e do número de espiras por unidade de comprimento que formam o enrolamento. Sejam I a intensidade de corrente que percorre a bobina, n o número de espiras por unidade de comprimento e μ0 a permeabilidade magnética do vazio (4π×10-7 TmA-1) (aproximadamente igual à permeabilidade magnética do ar). O módulo do vector indução magnética B (neste caso coincidente com o vector campo magnético) no interior da bobina, é dado por B = μ 0 nI (1) Pretende-se neste trabalho verificar experimentalmente esta relação. Para medir a intensidade do campo magnético utiliza-se um sensor magnético. O sensor tem a forma cilíndrica e mede a componente do campo magnético paralela ao eixo do cilindro. O sistema de medida produz uma tensão, U, que varia linearmente com a intensidade do campo magnético: B = a + bU (2) Quando B é expresso em gauss (1 gauss = 10-4 tesla) e U é expresso em volt, os coeficientes a e b tomam os valores: a = 2.1, b = -2.8. Trabalho prático 6 página 1 O campo magnético anula-se quando U = 0.75 ± 0.03 (V) e toma valores positivos ou negativos quando U < 0.75 V e U > 0.75 V, respectivamente. O sensor só pode ser utilizado num reduzido intervalo de valores do campo magnético: entre aproximadamente –0.30 gauss e 0.30 gauss. Assim, deve trabalhar com campos magnéticos que dão origem a tensões do sistema de medida na gama ~0.64 V a ~0.86 V (nas bobinas que são utilizadas neste trabalho, estes valores são obtidos utilizando correntes eléctricas com intensidades inferiores a 15 mA). 3. MATERIAL • bobina com 5 enrolamentos sobrepostos (200 espiras por cada enrolamento) • 2 multímetros • sensor de campo magnético e acessórios • resistência • fios condutores de ligação • fonte de tensão 4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 4.1 Ligue o sensor de campo magnético à caixa de alimentação associada (caixa preta). Ligue o voltímetro à mesma caixa para medir a diferença de potencial fornecida pelo sistema de medida do campo magnético. Coloque o sensor em várias posições, rodando-o, e verifique que existe um campo magnético no laboratório (este campo é o resultado da sobreposição do campo magnético terrestre com campos magnéticos devidos a diversas correntes eléctricas existentes no laboratório). 4.2 Ligue uma das bobinas à fonte de alimentação, introduzindo em série no circuito uma resistência de aproximadamente 100 Ω (para evitar curto-circuito) e um amperímetro. 4.3 Ainda com a fonte de alimentação desligada coloque o sensor magnético no interior da bobina e oriente-a de tal modo que a tensão fornecida pelo sistema de medida de campo magnético seja a correspondente a um campo nulo. Fixe a bobina nessa posição. 4.4 Ligue a fonte de alimentação. Faça variar a tensão na fonte de modo a que a intensidade de corrente, I, que percorre a bobina, não ultrapasse o valore acima recomendado (I < 15 mA). Registe os valores de I e os correspondentes valores da tensão, U, fornecida pelo sistema de medida de campo magnético. Para cada valor de U calcule a intensidade do campo magnético utilizando a expressão (2) e trace um gráfico de B em função de I. Trabalho prático 6 página 2 4.5 Verifique que a intensidade do campo magnético é proporcional ao número de espiras por unidade de comprimento, n, fazendo o estudo do campo magnético usando diversas bobinas (200 espiras, 400 espiras, ...). Para tal, fixe a intensidade da corrente que percorre as bobinas. 4.6 Monte o circuito apropriado para verificar que o campo magnético de uma bobina pode ser anulado com o campo magnético de outra bobina igual e sobreposta com a primeira, mas percorrida por uma corrente eléctrica em sentido inverso. (Sugestão: utilize, por exemplo, duas bobinas de 200 espiras cada.) Trabalho prático 6 página 3 FÍSICA GERAL III (Lic. Optometria e Ciências da Visão) 2006/07 TRABALHO PRÁTICO N.º 5 O OSCILOSCÓPIO OBJECTIVOS • Familiarizar-se com o princípio de funcionamento do osciloscópio. • Familiarizar-se com os comandos do osciloscópio e as suas funções. • Utilizar o osciloscópio para visualizar diferenças de potencial (ddp) em função do tempo. • Ajustar o osciloscópio de modo a observar variações periódicas de uma tensão eléctrica em função do tempo. • Medir o período e a amplitude de sinais eléctricos. • Medir tensões contínuas e alternadas periódicas com o osciloscópio. INTRODUÇÃO O osciloscópio é um aparelho que permite visualizar num ecrã diferenças de potencial (ddp) em função do tempo. É particularmente útil para o estudo de tensões eléctricas que variam periodicamente com o tempo. Algumas notas sobre o funcionamento deste aparelho encontram-se no apêndice 1 do livro “Física experimental - uma introdução” de M. C. Abreu, L. Matias e L. F. Peralta, Editorial Presença, Lisboa, 1994. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 1. Material: • Fonte de tensão contínua • Multímetro • Fonte de tensão variável no tempo (gerador de sinal) • Osciloscópio • Fios de ligação Trabalho prático 4 página 1 2. Exploração dos comandos do osciloscópio. Observação e análise de sinais eléctricos. Este trabalho será orientado pelo professor. Deve assegurar-se que compreendeu os seguintes pontos: - funcionamento do modo X-Y e do modo de varrimento (modo Y-T); - sincronismo e nível de disparo. Deve ainda assegurar-se que sabe executar cada uma das seguintes tarefas: - posicionar o feixe num dado ponto do ecrã (por exemplo, no centro do ecrã); - controlar o brilho e a focagem do feixe; - aplicar tensão às placas horizontais e verticais; - utilizar o comutador de acoplamento do sinal nas posições AC, DC e GND; - medir tensões contínuas usando os amplificadores verticais e horizontais (em modo X-Y); - medir tensões contínuas usando o modo de varrimento; - utilizar o sincronismo e o nível de disparo; - regular a base de tempo de forma a visualizar um sinal periódico; - medir a frequência e amplitude de um sinal periódico; - medir a componente DC de um sinal eléctrico; - medir desfasamentos entre dois sinais periódicos. Trabalho prático 4 página 2 FÍSICA GERAL III (Lic. Optometria e Ciências da Visão) 2006/07 TRABALHO PRÁTICO N.º 6 CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA OBJECTIVOS: • Estudar circuitos de corrente alternada usando o osciloscópio • Observar tensões alternadas sinusoidais nos terminais de resistências, condensadores e bobines. • Determinar impedâncias em circuitos de corrente alternada sinusoidal. • Determinar a frequência de ressonância de um circuito RLC. INTRODUÇÃO Nos primeiros trabalhos realizados nas aulas práticas foram utilizadas fontes de tensão contínua que, como o nome indica, são preparadas para manterem uma diferença de potencial constante entre os seus terminais. Deste modo, para caracterizarmos totalmente a tensão fornecida ao circuito só precisamos de medir o seu valor. CORRENTE ALTERNADA SINUSOIDAL Quando a tensão fornecida é variável, a medição do seu valor não é só por si suficiente, uma vez que esse valor é função do tempo. Mais do que o seu valor num dado instante, precisamos de saber qual a sua forma ao longo do tempo, ou seja, a maneira como varia ao longo do tempo. Neste trabalho apenas vamos utilizar tensões alternadas sinusoidais, e, neste caso, precisamos de conhecer a sua amplitude, a sua frequência e a sua fase para determinar a forma como a tensão (V(t)) e a intensidade de corrente (I(t)) variam com o tempo (t): V (t ) = Vmáx .sen(ω .t + αV ) (1) I (t ) = I máx .sen(ω .t + α I ) (2) em que: 1 • Vmáx, Imáx, amplitudes da tensão (= Vpp/2) e da intensidade, respectivamente • ω, frequência angular comum a todas as funções do circuito (= 2πf) • α V a fase inicial de tensão (ângulo de fase quando t = 0) • α I , a fase inicial da corrente (ângulo de fase quando t = 0) 1 Vpp corresponde à diferença de potencial entre dois picos opostos de uma onda Trabalho prático 5 página 1 Utilizando a notação de números complexos estas funções passam a escrever-se: V (t ) = Vmáx .sen(ω .t + α V ) = Vmáx Im e j (ωt +α V ) (3) I (t ) = I máx .sen(ω .t + α I ) = I máx Im e j (ωt +α I ) (4) Nestes circuitos, onde a frequência é comum a todas as funções (tensão e corrente), é suficiente indicar a amplitude e a fase para identificar cada sinal. A expressão (3) pode ser escrita: ⎞ ⎛V V (t ) = 2 Im⎜⎜ máx e jαV e jωt ⎟⎟ (5) ⎠ ⎝ 2 1 onde o factor é destacado por assim convir para cálculos que envolvam energia ou 2 potência, passando somente a interessar determinar: V= Vmáx jα V e 2 (6) Analogamente, para a expressão (4) ⎛I ⎞ I (t ) = 2 Im⎜ máx e jα I e jωt ⎟ ⎝ 2 ⎠ (7) com: I= I máx jα I e 2 (8) I Vmáx e máx são, respectivamente, tensão eficaz e intensidade de corrente eficaz, e 2 2 são os valores da média quadrática da respectiva função. Podem ser obtidos por medição directa nos multímetros e correspondem aos valores que teriam de ser usados num circuito de tensão contínua para que este libertasse a mesma energia, por efeito de joule. em que LEI DE OHM EM CORRENTE ALTERNADA SINUSOIDAL Contrariamente aos circuitos de corrente contínua (DC), nos circuitos de corrente alternada (AC) existem outros componentes activos além das resistências. Como puderam observar no trabalho 4, os condensadores são componentes capazes de armazenar energia eléctrica e cuja tensão aos seus terminais varia com o tempo até atingir uma tensão igual à da fonte. Se a fonte for de corrente contínua (DC), o condensador a partir desse momento comporta-se como um circuito aberto, deixando de haver corrente no circuito. De modo similar, uma bobine só produz algum efeito num circuito enquanto houver variação da corrente que a percorre. Deste modo, num circuito AC estes efeitos tornam-se permanentes. Num circuito AC, composto apenas por componentes lineares (resistências, bobines e condensadores), a relação entre a tensão e a corrente é dada por uma expressão equivalente à lei de ohm para circuitos DC, e traduz-se por: Z= Trabalho prático 5 V I (15) página 2 onde Z representa a impedância do circuito. Quando Z é mínimo ⇒ I é máximo Por se tratar de um número complexo, a impedância total do circuito é da forma: Z = R + jX (16) sendo R a resistência total do circuito (componente real da impedância) e X a sua reactância (componente imaginária da impedância). Ou usando a notação de números complexos: Z = Z e jα Z com: α = arctg X De onde vem para a Lei de Ohm: Z = Vef e jαV I ef e jα I = Z e jα Z Vef I ef Z = e R 2 + X2 ) (17) V I sendo α Z = αV − α I V =Z (R ou (18) = Z I (19) Logo: 2Vef 2 I ef V máx = Z ou = Z I máx (20) O efeito de cada um dos componentes (resistências, bobines e condensadores) sobre o circuito é dado pela sua impedância que se traduzirá para cada um por: Impedância Resistiva Impedância Indutiva Impedância Capacitiva ZR = R (puramente real) Z L = j. ω. L ou Z L = ωLe j π (puramente imaginário) 2 π 1 1 −j2 e ZC = ou Z C = (puramente imaginário) j.ω .C ωC (21) (22) (23) em que - L indutância da bobine - C capacidade do condensador. Em corrente alternada, as leis de associação de impedâncias são similares às leis de associação de resistências em corrente contínua: Associação em série Trabalho prático 5 Z total = Z1 + Z 2 + Z 3 + ... (24) página 3 Associação em paralelo 1 Z total = 1 1 1 + + + ... Z1 Z 2 Z 3 (25) Outra relação importante entre as impedâncias traduz-se por: ⎛ Im(Z ) ⎞ ⎟⎟ = ϕ arctan⎜⎜ ( ) Re Z ⎠ ⎝ (26) em que φ corresponde ao ângulo de desfasamento, ou factor de potência. RESSONÂNCIA Como foi referido, as impedâncias dos condensadores e das bobinas dependem da frequência angular, ω, da tensão aplicada ao circuito. Também foi visto que são imaginárias e que os sinais algébricos dessas impedâncias são opostos; as impedâncias das bobines e dos condensadores estão em oposição de fase (diferença de fase de 180º). Ora, para cada circuito, haverá um valor de ω para o qual a componente imaginária da sua impedância se anula. Essa frequência é denominada “frequência de ressonância” e, nessa situação, a impedância do circuito é apenas real e mínima. Consequentemente, e para esse valor da tensão aplicada, a intensidade de corrente é máxima. Z = R + jX Z = (R 2 em ressonância: ⇒ X = 0, Z = R ) +X e 2 jarctg X R em ressonância: ⇒ Z = Re 0 = R α Z = arctg 0 = 0 A tensão e a corrente no circuito estão em fase. Trabalho prático 5 página 4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL: 1. Material: • Osciloscópio • Bobine • Condensador de 4,7μF • Resistência de 330Ω • Multímetro • Fonte de tensão periódica (gerador de sinal) • Fios de ligação Nos módulos de montagem a utilizar deverá constar uma resistência, uma bobina e um condensador 2. Método experimental: I - Análise de uma tensão Sinusoidal Ligue em paralelo o multímetro e o osciloscópio ao seu gerador de funções (figura 1) e, usando o osciloscópio, regule o último para uma onda sinusoidal com uma frequência de 400 Hz e uma tensão de 10 Vpp. Figura 1 Meça o valor da tensão aos terminais do gerador de sinais. Vmáx = ________________ Vpp = _________________ Vef = _________________ T = ___________________ Verifique se os valores experimentais da tensão confirmam a relação esperada. Vef = Trabalho prático 5 Vmáx 2 página 5 II - Estudo de um circuito RC em corrente alternada a) Meça a tensão aos terminais do condensador e o seu desfasamento em relação à tensão da fonte. VC = ___________________ Arg (VC ) = ___________________ b) Meça a corrente no circuito e o seu desfasamento em relação à tensão da fonte. I = ___________________ Arg (I ) = ___________________ c) Calcule a impedância do condensador usando a lei de Ohm. d) Usando o multímetro meça a tensão aos terminais do condensador, VC ,a intensidade de corrente que atravessa o circuito, I , e compare com os valores obtidos nas alíneas a) e b). VC = ___________________ I = ___________________ e) Usando os valores obtidos na alínea anterior calcule a módulo da impedância do condensador. Z C = ___________________ f) A partir das características do condensador e do sinal de tensão, calcule novamente o valor da impedância do circuito e compare com os valores obtidos em c) e e). III - Estudo de um circuito RL em corrente alternada a) Meça a tensão aos terminais da bobine ( L ) e o seu desfasamento em relação à tensão da fonte. VL = ___________________ Arg (VL ) = ___________________ b) Meça a corrente no circuito e o seu desfasamento em relação à tensão da fonte. I = ___________________ Trabalho prático 5 Arg (I ) = ___________________ página 6 c) Calcule a impedância da bobine usando a lei de Ohm. Z L = ___________________ Arg ( Z L ) = ___________________ g) A partir das características do condensador e do sinal de tensão, calcule novamente o valor da impedância do circuito e compare com os valores obtidos em c) e e). IV- Estudo de um circuito RLC série em corrente alternada a) Visualize a tensão aos terminais da resistência e a tensão aos terminais do gerador. b) Determine a frequência de ressonância do circuito, variando a frequência do gerador até que a corrente no circuito (tensão aos terminais da resistência) passe por um máximo. fressonância = ___________________ c) Determine a frequência de ressonância usando o desfasamento entre a corrente no circuito e tensão no gerador. fressonância = ___________________ d) Compare os valores obtidos em b) e c) com o valor teórico. Trabalho prático 5 página 7