po / quando o estresse do cuidado chega ao limite

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VIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar
QUANDO O ESTRESSE DO CUIDADO CHEGA AO LIMITE
PO - 30
Aryane Matioli, Livia Brescamin, Danielle da Silva, Jane Hartmann, Karolina dos Santos
Maringá/PR, Hospital Universitário de Maringá
Este trabalho consiste no relato de um caso atendido pelo serviço de psicologia do Hospital Universitário,
em que aborda a difícil tarefa de ser cuidador de uma pessoa idosa. P. de 51 anos, cuidava de sua mãe,
uma senhora de 80 anos, já há 10 anos. Ele nunca se casou e, apesar de possuir 4 irmãos, assumiu a
responsabilidade de assistir à mãe sozinho. Ele relatava que sua mãe era uma pessoa muito rigorosa
e que não aceitava pessoas de outras culturas que não a japonesa, portanto, a vida social de P. ficou
extremamente restrita. Sua mãe não concordava que ele saísse ou conhecesse outras pessoas, então,
sempre que havia uma tentativa de P. nesse sentido ela reclamava e insistia em ligar várias vezes pedindo
que ele retornasse para casa. Como ela não falava português, tornou-se dependente de P. e, conforme os
atendimentos à família prosseguiam, observou-se que P. parecia também depender muito dela. Os outros
irmãos sabiam das dificuldades em cuidar de sua mãe, julgavam-na uma pessoa muito difícil também.
Mas como P. era o único que não havia se casado, parecia natural que ele se encarregasse de cuidar
da mãe. Segundo P. sua mãe sentia dores intensas preferia estar morta do que na situação em que se
encontrava. Aparentemente sem saída, P. toma a iniciativa de colocar chumbo na bebida de sua mãe e
na sua, com a intenção de que viessem a falecer. Após o episódio, seus irmãos pareciam ter reconhecido
a extrema dificuldade de P. em abrir mão de sua vida pessoal para ser, exclusivamente, o companheiro e
cuidador de sua mãe. Com isso, a família estava tentando encontrar alternativas de enfrentamento. Neste
caso em particular, além das vicissitudes psicológicas da situação de cuidado, nos deparamos, também,
com questões culturais relacionadas à comunidade japonesa, fator que não deve ser menosprezado
se queremos atender um paciente e sua família sob uma perspectiva global, considerando-o como um
indivíduo inserido numa sociedade e, portanto, pertencente à uma cultura específica. A mãe de P. ensinou
seus filhos a nunca levar problema para os outros, e sua família acreditava que P. havia feito o que fez
por conta disso, pelo fato de achar que era seu dever resolver os problemas sozinho. Enquanto equipe da
psicologia, pensamos que o pedido de ajuda de P. só pode aparecer sob a tentativa de acabar com tudo,
livrar-se da situação. Nosso trabalho consistiu no acompanhamento desta família na decisão sobre os
cuidados com a mãe, e na possibilidade de encaminhar P. para atendimento psicológico. Observamos que
tanto P. quanto sua família pareciam estar mais próximos e solidários uns com os outros, sem julgamento,
entendendo que a tarefa de assistir à mãe deveria ser compartilhada por todos.
Palavras-Chave: Psicologia, Cuidador, Sofrimento psíquico.
E-mail de contato: [email protected]
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