Fator VII Recombiante ativado formatada

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Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do
Sistema Unimed
Indicações de uso do Fator VII Recombinante
Ativado “Novoseven®”
1
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I – Elaboração Final:
II – Autores: Dr Alvaro Koenig**, Dr Alexandre Pagnoncelli∗, Dr Carlos Augusto
Cardim de Oliveira*, Dra Claudia Regina de O. Cantanheda*, Dr Jurimar Alonso*,
Dr Luiz Henrique P. Furlan*, Dra Silvana M Bruschi Kelles*.
Declaração de isenção de conflito de Interesses
Os membros da Câmara Nacional de Medicina Baseada em Evidências
declaram que não mantêm nenhum vínculo empregatício, comercial ou
empresarial, ou ainda qualquer outro interesse financeiro com a indústria
farmacêutica ou de insumos para área médica. Todos os membros da Câmara
Nacional de Medicina Baseada em Evidências trabalham para o Sistema
Unimed.
III – Previsão de Revisão: ___ / ___ / _____
IV – Tema: Terapia anti-hemorrágica com fator VII recombinante ativado (rFVIIa)
V – Especialidade Envolvida: hematologistas, auditores médicos
VI – Questão Clínica: O rFVIIA apresenta eficácia e segurança no tratamento de
hemorragias graves?
VII – Enfoque: Tratamento
VIII – Introdução: O Fator VII recombinante ativado presumivelmente age no local
da lesão tecidual ao ligar-se ao fator tecidual exposto, gerando pequenas
quantidades de trombina, suficientes para ativar a adesão plaquetária.
* Membro da CTNMBE
** Membro da Câmara Estadual de MBE
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A agência Food and Drug Administration licenciou o uso de rFVIIa para as
seguintes indicações:
O rFVIIa é indicado para o tratamento de episódios de sangramento em
pacientes com hemofilia A ou B com inibidores(antagonistas) aos fatores VIII ou IX.
O fármaco deve ser administrado somente sob supervisão direta de um médico
experiente no tratamento de hemofilias.
Na Europa o rFVIIa é também licenciado para uso em hemofilia adquirida e
deficiência de fator VII e em pacientes com trombastenia de Glanzmann refratárias
à transfusão de plaquetas. O objetivo desta revisão é avaliar a efetividade e
segurança do rFVIIa em diferentes situações clínicas de hemorragias graves
consideradas off-label.
IX – Metodologia:
•
Fonte de dados: Pubmed, Sumsearch, Biblioteca Cochrane e centros de
avaliação de tecnologias em saúde.
•
Palavras-chaves: Eptacog, factor VII, bleeding, rFVIIa.
•
Desenhos dos estudos buscados: Ensaios clínicos randomizados,
metanálises, revisões sistemáticas e avaliações de tecnologias de saúde.
•
Período pesquisado: 2002 a 2007.
•
População incluída e excluída: Adultos e crianças com hemorragia aguda
severa.
•
Resultados da busca bibliográfica:
- ECR: 11
- Metanálises: 2
- Revisões sistemáticas: 5
3
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O grau de recomendação tem como objetivos dar transparência às
informações, estimular a busca de evidência científica de maior força e auxiliar a
avaliação crítica do leitor, o responsável na tomada de decisão junto ao paciente.
Nível de Evidência Científica por Tipo de Estudo - “Oxford Centre for
20
Evidence-based Medicine” - última atualização maio de 2001
Grau de
Nível de
Tratamento/
Recomendação
Evidência
Prevenção – Etiologia
Diagnóstico
Revisão Sistemática (com
1A
Revisão Sistemática (com homogeneidade)
homogeneidade)
de Ensaios Clínicos Controlados e
de Estudos Diagnósticos nível 1 Critério
Randomizados
Diagnóstico de estudos nível 1B, em
diferentes centros clínicos
A
1B
1C
2A
Ensaio Clínico Controlado e Randomizado
com Intervalo de Confiança Estreito
Coorte validada, com bom padrão de
referência Critério Diagnóstico testado
em um único centro clínico
Resultados Terapêuticos do tipo “tudo ou
Sensibilidade e Especificidade
nada”
próximas de 100%
Revisão Sistemática (com homogeneidade)
de Estudos de Coorte
Revisão Sistemática (com
homogeneidade)
de estudos diagnósticos de nível > 2
Coorte Exploratória com bom padrão de
2B
Estudo de Coorte (incluindo Ensaio Clínico
Randomizado de Menor Qualidade)
Referência Critério Diagnóstico
derivado ou validado em amostras
fragmentadas
ou banco de dados
B
Observação de Resultados Terapêuticos
2C
(outcomes research)
Estudo Ecológico
3A
Revisão Sistemática (com homogeneidade)
de Estudos Caso-Controle
Revisão Sistemática (com
homogeneidade)
de estudos diagnósticos de nível > 3B
Seleção não consecutiva de casos, ou
3B
Estudo Caso-Controle
padrão de referência aplicado de forma
pouco consistente
C
4
D
5
Relato de Casos (incluindo Coorte ou
Estudo caso-controle; ou padrão de
Caso-Controle de menor qualidade)
referência pobre ou não independente
Opinião desprovida de avaliação crítica ou baseada em matérias básicas (estudo
fisiológico ou estudo com animais)
X – Principais estudos encontrados:
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a) Pacientes com hepatopatia
(1) Ensaio clínico randomizado, duplo-cego, realizado em centros da
China, Taiwan e Tailândia
Objetivo: avaliar o efeito hemostático e a segurança do rFVIIa em pacientes
cirróticos submetidos à hepatectomia parcial.
Desfechos primários:
1- Proporção de pacientes que necessitaram de transfusão durante e
até 48 h após a cirurgia.
2 – volume de concentrado de hemácias a ser transfundido.
Intervenções: primeira dose 10 minutos antes da incisão, com doses
subseqüentes a cada 2 horas até o término da cirurgia.
Placebo = 76 pacientes
rFVII a 50µg/kg = 71 pacientes
rFVIIa 100 µg/kg = 74 pacientes
Resultados: sem diferença no total de concentrado de hemácias
transfundido e na proporção de pacientes que necessitaram de transfusão.
(2) ECR, duplo-cego, controlado por placebo
Objetivos: avaliar o efeito hemostático e a segurança do rFVIIa em
hepatectomia parcial de pacientes não cirróticos.
Desfechos: perda sanguínea (volume); necessidade transfusão concentrada
de hemácias no pré-operatório e até 7dias de pós-operatório; eventos
tromboembólicos.
Intervenções:
Placebo: 63pacientes
rFVIIa 20 µg/kg:63 pacientes
rFVIIa 80 µg/kg: 59
Resultados: sem diferença em qualquer desfecho entre os grupos.
(3) – ECR, duplo cego, controlado por placebo.
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Objetivos: determinar a eficácia e a segurança do rFVIIa em pacientes com
cirrose e sangramento digestivo alto, proveniente ou não de varizes esofágicas.
Intervenções: 245 pacientes randomizados para receber 8 doses de
placebo ou de rFVIIa 100 µg/kg, além do tratamento padrão.
Desfechos: não controle sangramento após 24 h da primeira dose; não
prevenção de ressangramento entre 1 e 5 dias; morte durante os 5 dias do estudo.
Cálculo amostral para detectar diminuição do desfecho composto de 30%
para 15%.
Resultados: não houve diferença no desfecho primário. Análise de
subgrupo, não prevista inicialmente, foi realizada, mostrando resultados favoráveis
ao rFVIIa, o que compromete a validade interna destes resultados.
(4) ECR, duplo cego, placebo controlado.
Objetivo: avaliar a eficácia e segurança do rFVIIa em transplante hepático.
Intervenção: 182 pacientes que receberam rFVIIa – 60 µg/kg ou 120 µg/kg
ou placebo.
Desfechos: unidades de concentrado de hemácias transfundidas; eventos
tromboembólicos
Resultados: não houve diferença nos desfechos entre os grupos
b) Controle de sangramento ativo ou prevenção de sangramento em
pacientes sem hemofilia.
Revisão sistemática Cochrane de ECR avaliando os efeitos hemostáticos e
a segurança de rFVIIa em hemorragias graves de pacientes não-hemofílicos,
subdivididos em prevenção e controle do sangramento agudo. Os desfechos
avaliados foram: mortalidade, necessidade de transfusão, volume transfundido e
efeitos tromboembólicos
Resultados:
A-Prevenção sangramento:
Seis estudos com 724 pacientes, 379 receberam rFVIIa e o restante
placebo.
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- Necessidade transfusão - RR 0,85 (IC95% 0,72 -1,01 )
- Eventos tromboembólicos - RR 1,25 (IC 95% 0,76 -2,07)
B-Controle Sangramento agudo:
Sete estudos com 1214 pacientes, 687 receberam rFVIIa e o restante
placebo.
- redução mortalidade - RR 0,82 ( IC 95% 0,64 -1,04)
Eventos tromboembólicos – RR 1,50(IC95% 0,86-2,92)
Conclusão: a efetividade do rFVIIa como droga hemostática, profilática ou
terapêutica, permanece incerta. Há tendências de redução de mortalidade, mas
também de aumento de eventos tromboembólicos.
c) Sangramento crítico em pacientes onco-hematológicos
(6) Revisão sistemática da literatura
Conclusão dos autores: No conjunto, os dados de literatura sugerem
potenciais benefícios do rFVIIa no manejo de hemorragias severas em pacientes
onco-hematológicos. No entanto, a maioria dos dados disponíveis provém de
estudos não controlados, basicamente relatos e séries de casos. São necessários,
portanto, ECR com grande número de pacientes para avaliar a eficácia e
segurança do rFVIIa neste contexto.
d) Controle de sangramento em cirurgia cardíaca
(7) Revisão sistematizada das evidências disponíveis na literatura
sobre eficácia, dose, segurança e custos do rFVIIa em cirurgia cardíaca.
Foram incluídos 2 ECR(146 pacientes), 4 estudos de coorte prospectivos, 16
estudos retrospectivos não-comparativos e 24 séries de casos(total de
pacientes= 501)
Conclusão: Não há evidências definitivas derivadas de ensaios clínicos
randomizados.
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OBS.: Revisão metodologicamente de baixa qualidade por incluir todos os
tipos de estudos, o que impossibilita qualquer conclusão definitiva.
(8) ECR, duplo cego, controlado com placebo
Objetivo: investigar a efetividade do RFVIIa profilático em lactentes
submetidos à correção de cardiopatia congênita.
Intervenção:
- Placebo – 36 pacientes
- rFVIIa – 40 pacientes
Desfecho primário:
- tempo para fechamento do tórax a partir da neutralização da
heparina pela protamina.
Desfecho secundários: volume transfundido de concentrado hemácias,
plaquetas e fatores coagulação; efeitos adversos.
Resultado: tempo para fechamento tórax rFVIIa= 98,8 X 55,3 placebo – p=
0,026; sem diferença nos desfechos secundários
e) Hemorragia intracerebral aguda primária
(9) Revisão sistemática Cochrane
Objetivo: avaliar a efetividade clínica e a segurança de drogas hemostáticas
em pacientes com hemorragia intracerebral aguda.
Incluídos 4 estudos fase II:
116 pacientes com placebo
371 pacientes com rFVIIa
2 pacientes com ácido epsilon aminocapróico
Resultados: redução no risco de morte ou dependência após 90 dias:
Usando a escala Rankin (RR 0,79 ( IC 95% 0,67 – 0,93); usando a “Glasgow
outcome scale”: RR 0,90 (IC 95% 0,81-1,01); efeitos adversos graves foram
semelhantes nos 2 grupos RR 1,47(IC95% 0,73-2,95); eventos tromboembólicos
foram semelhantes nos 2 grupos RR 3,33(IC95% 0,79-13,93); quando usado na
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dose de 160 µg/kg houve significativamente mais eventos de tromboembolismo
arterial com rFVIIa que com placebo – OR 7,17 p=0,004.
Conclusão: as evidências atuais não permitem conclusões claras sobre o
uso de fator VII em hemorragias intracerebrais agudas primárias.
f) Uso de fator VII recombinante ativado em pacientes pediátricos.
(10) Revisão sistemática:
Não foram encontrados ensaios clínicos randomizados com o uso de rFVIIa
em pacientes pediátricos, como tratamento adjuvante.
As publicações resumem–se a relatos de casos.
Ensaios clínicos randomizados são necessários para avaliar a eficácia e
segurança do rFVIIa em pediatria.
(11) ECR, duplo cego, placebo – controlado
Objetivo: avaliar eficácia e segurança do rFVIIa em crianças com dengue
hemorrágica grau II ou III, que necessitam transfusões de componentes
sanguíneos para controlar episódios hemorrágicos.
Intervenção: Placebo: 9 pacientes
rFVIIa 100 µg/kg (1 ou 2 doses) – 16 pacientes.
Desfecho: controle do sangramento e necessidade de transfusões.
Resultados: controle de sangramento semelhante após 6 h. Necessidade
de transfusão de concentrado de hemácias e plasma foi semelhante entre os
grupos.
g) Uso do rFVIIa em Trauma/Ortopedia
(12) ECR, duplo cego, placebo – controlado
Objetivos: avaliar eficácia e segurança de rFVIIa no controle do
sangramento em pacientes com trauma fechado ou penetrante.
Intervenção: pacientes > 16 e < 65, e necessidade de, pelo menos, 6
unidades de concentrado de hemácias nas primeiras 4 horas pós-trauma.
143 pacientes com trauma fechado
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134 pacientes com trauma penetrante
rFVIIa – 200 µg/kg após a transfusão da 8ª unidade de concentrado de
hemácias e 100 µg/kg 1 h e 2 h após ou Placebo – 3 doses nos mesmos tempos
Desfechos: primário: nº unidades de concentrado de hemácias
transfundidos nas primeiras 48 horas. Secundários: mortalidade; dias em
ventilação mecânica e na UTI; efeitos adversos; desfecho composto: Morte + FMO
+ SARA.
Resultados: no grupo de pacientes com trauma fechado a necessidade de
transfusão foi reduzida em 2,6 U por paciente em comparação com placebo. A
necessidade de transfusão maciça (>20U) foi reduzida em 50 % no grupo rFVIIa (
NNT= 5,4). No grupo de trauma penetrante não houve diferença no número de
unidades transfundidas. Sem diferença em mortalidade e eventos
tromboembólicos.
(13) ECR, duplo cego, placebo controlado
Objetivo: Avaliar a eficácia de rFVIIa em pacientes sem coagulopatia
submetidas à correção de fratura traumática de pelve ± acetábulo.
Intervenção: 48 pacientes receberam placebo ou
rFVIIa – 90 µg/kg antes da incisão cirúrgica.
Desfechos: perda sanguínea total durante a cirurgia; tempo hospitalização;
eventos tromboembólicos.
Resultados: não houve diferença entre os 2 grupos.
(14) Análise post- hoc dos dados do estudo da referência 12.
Objetivo: análise de subgrupo dos pacientes vítimas de trauma e com
distúrbio de coagulação. Nesta análise de subgrupo foram avaliados 60 pacientes
do grupo rFVIIa e 76 do grupo placebo. O distúrbio de coagulação foi definido
retrospectivamente com base na necessidade de transfusão de plasma,
crioprecipitado e sangue total.
Embora os resultados mostrem efeitos benéficos na redução do volume
transfundido e também na redução de SARA, estes resultados não podem ser
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considerados como definitivos em função da baixa qualidade metodológica e do
pequeno poder de evidência inerente às análises de subgrupo retrospectivas.
h) rFVIIa em sangramento pós transplante medula óssea(TMO)
(15) ECR controlado por placebo
Objetivo: verificar a eficácia de rFVIIa em complicações hemorrágicas pós
TMO.
Intervenções: 100 pacientes receberam rFVIIa – 40, 80 ou 100 µg/kg ou
placebo a cada 6 h, em um total de 6 doses.
Desfecho primário: controle da hemorragia até 38 h após do início da
terapêutica.
Resultados: sem diferença no controle da hemorragia e na incidência de
efeitos colaterais entre os grupos.
i) Segurança do rFVIIa
(16) Revisão do banco de dados do FDA de notificação de eventos
tromboembólicos relacionados ao rFVIIa usado em pacientes não
hemofílicos (usos off-label).
Resultados: O uso de rFVIIa aumentou de 349 casos em 2000 para 4520
casos em 2004. No mesmo período foram identificados 185 relatos de eventos
tromboembólicos em pacientes não hemofílicos. Quando separados quanto à
origem da notificação, temos 59 eventos relatados em ECR e 109 de relatos
espontâneos. Em 2004 houve 6 eventos tromboembólicos relatados em ECR e 34
relatados espontaneamente. O aumento de relatos de eventos tromboembólicos é
progressivo a cada ano, mostrando relação direta com a intensidade de uso do
rFVIIa.
Os eventos tromboembólicos tiveram a seguinte distribuição:
- AVC – 21,3%
- IAM – 18,6%
- Outros arteriais – 14,2%
- TEP – 17,5%¨
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- Outros venosos – 22,9%
- Oclusão dispositivos – 5,5%
A mortalidade associada aos eventos tromboembólicos apresenta aumento
progressivo embora com numero pequeno de casos.
Conclusão dos autores: A gravidade dos efeitos adversos, sua
plausibilidade biológica e a inerente limitação do método de vigilância
retrospectiva, adotada neste estudo, tornam imprescindível a realização de
ensaios clínicos randomizados com desfechos robustos e controles adequados
para avaliar a segurança e eficácia do rFVIIa.
(17) Revisão de 13 estudos financiados pela NovoNordisc, fabricante
do medicamento – sendo que um dos autores é funcionários da referida
empresa. Análise dos dados de segurança do rFVIIa em pacientes com
coagulopatia secundária.
Resultados: a incidência de eventos tromboembólicos foi semelhante nos
pacientes tratados com placebo e com rFVIIa na análise conjunta destes 13 ECR.
j) Análise de série de casos de trombastenia de Glanzmann pelo
registro internacional: administração profilática e terapêutica do f rVIIa em
pacientes com trombastenia de Glanzmann.
Objetivo: Obter informações sobre a experiência com o uso off-label do
FrVIIa em pacientes com TG, através de apresentações em congressos,
publicações e fóruns de hemostasia na website (HTTP://www.haemophiliaforum.org/). O FrVIIa foi utilizado profilaticamente em 34 procedimentos cirúrgicos:
9 grandes procedimentos e 25 procedimentos menores, sendo adultos, a maioria
dos pacientes. A profilaxia teve sucesso em oito grandes procedimentos cirúrgicos
pela aplicação do FrVIIa em bolus ou infusão contínua. Dos 25 procedimentos
cirúrgicos menores foi obtido o sucesso em 24 pacientes. Somente um paciente
submetido à retirada de stent urológico com o uso profilático do FrVIIa, que
manteve hematúria (113 µg/kg de FrVIIa por 8 dias). Para o tratamento de
sangramentos, o FrVIIa foi utilizado em 108 episódios de sangramentos (76
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graves e 32 moderados) do trato gastrointestinal, 45 epistaxes, 29 da orofaringe e
17 em outros sítios.
Resultados: para os sangramentos gastrointestinais houve sucesso
terapêutico em 7 episódios, recorrência do sangramento em 1 e falha terapêutica
em 4 episódios. Para sangramentos não gastrointestinais houve sucesso em 61
episódios, recorrência do sangramento em 7 e falha terapêutica em 16 episódios.
Foi relatado uso de anti-fibrinolítico associado com o FrVIIa em 27 dos 34
procedimentos invasivos, em 12 de 17 sangramentos do trato gastrointestinal e
em 70 dos sangramentos não gastrointestinais. Embora o uso do FrVIIa tenha sido
seguro, houve dois casos de trombose depois do seu uso por tempo prolongado,
em combinação com anti-fibrinolíticos.
Conclusão dos autores: o uso do FrVIIa em bolus parece ser efetivo como
alternativa para prevenção e tratamento de sangramentos em pacientes com TG,
que tenham desenvolvido anticorpos antiplaquetários e/ou refratariedade
plaquetária.
Comentário do GATS: Os resultados com o uso do FrVIIa foram favoráveis.
Embora a TG seja uma doença rara, considerável número de casos foi analisado.
Entretanto, há grande heterogeneidade de sangramentos estudados e grau de
gravidade com esquemas posológicos do FrVIIa variados. Além disso, a
associação de anti-fibrinolíticos foi heterogênea. Essas limitações dificultam as
conclusões.
Conflitos de interesses declarados: dois autores recebem honorários da
NovoNordisk, laboratório produtor do FrVIIa.
Nível de evidência: 4 Grau de Recomedação: C.
XI – Discussão: A maioria dos ECR foi financiada pelo fabricante do
medicamento em questão e apresenta desfechos clínicos intermediários como
volume de sangue ou derivados a ser transfundido e percentual de pacientes com
necessidade de transfusão. Poucos estudos avaliam mortalidade ou outros
desfechos clínicos primordiais.
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Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do
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Na hemorragia intracerebral aguda primária a metanálise de 4 ECR mostra
resultados conflitantes nos desfechos mortalidade e incapacidade, dependendo da
escala de avaliação usada para incapacidade e da dose de rFVIIa usada. No
entanto, parece haver uma tendência de diminuição da mortalidade com rFVIIa
80µg/kg bem como um aumento no número de eventos tromboembólicos com
160 µg/kg. Estudos maiores são necessários para comprovar definitivamente a
eficácia e segurança do rFVIIa neste cenário clínico.
Nos ECR sobre trauma fechado e penetrante, o RFVIIa mostrou benefícios
na redução do volume transfundido somente nos pacientes com trauma fechado,
sem, no entanto, diminuir a mortalidade entre os grupos. Nos pacientes com
trauma penetrante não houve benefícios.
Mesmo com a ausência de benefícios encontrada nos estudos e com a
possibilidade de eventos tromboembólicos mais freqüentes com o uso crescente,
a utilização de rFVIIa cresce quase que geometricamente a cada ano,
comprometendo a racionalidade da prescrição médica e, talvez, expondo os
paciente a maior risco que benefício.
O ensaio clínico sobre uso de rFVIIa em prostatectomia(18) apresenta
resultados favoráveis com o rFVIIa apenas em desfechos intermediários como
volume de sangue transfundido, além de ter um número extremamente pequeno
de pacientes(12 pacientes em cada braço), o que compromete sua validade e sua
significância clínico-farmacológica.
XII – Recomendação final:
Os dados disponíveis na literatura mostram que não há benefícios com o uso do
rFVIIa e que, portanto, seu uso está contra-indicado em hemorragias associadas
a:
- Hepatectomias parciais de pacientes cirróticos e não-cirróticos;
- Sangramento digestivo alto em pacientes com cirrose;
- Transplante hepático;
- Tratamento onco-hematológico;
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Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do
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- Cirurgia cardíaca em adultos e crianças;
- Dengue hemorrágica em crianças;
- Correção de fratura traumática da pelve/acetábulo;
- Trauma penetrante e fechado;
- Transplante de medula óssea.
- Trombastenia
Nas hemorragias intracerebrais primárias os resultados dos estudos, embora
ainda inconclusivos, parecem promissores mas vêm acompanhados de maior
número de eventos tromboembólicos, o que, por enquanto, contraindica seu uso
na prática clínica diária. Portanto, o rFVIIa deve ter seu uso restrito às indicações
do FDA, quais sejam:
• O rFVIIa é indicado para o tratamento de episódios de sangramento
em
pacientes com hemofilia A ou B com inibidores (antagonistas) aos fatores VIII ou
IX.
• O fármaco deve ser administrado somente sob supervisão direta de um médico
experiente no tratamento de hemofilias.
XIII – Bibliografia:
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Contatos com:
Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências
Viviam Siqueira Goor
Fone: (11) 3265-9794
e-mail: [email protected]
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