XXX Congresso de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo São Paulo/SP SUS e o direito à Saúde: política pública com qualidade e sustentabilidade Título da experiência: IMPLANTAÇÃO DE UNIDADE DE CUIDADOS PALIATIVOS EM UM SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL Tema da experiência: Gestão em Saúde Autores Dalva Yukie Matsumoto 1, Mônica Cecília Bochetti Manna 1 Instituição 1 PMSP/SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO PAULO - PMSP/SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO PAULO Resumo INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA O Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo é uma autarquia que tem como competência prestar assistência médica, hospitalar, odontológica e farmacêutica aos servidores municipais e seus dependentes. Em 2001 iniciou-se a discussão sobre cuidados paliativos no Programa de Qualidade e Humanização da Secretaria Municipal de Saúde. Foi realizado um levantamento sobre diagnósticos mais frequentes, principais necessidades e recursos necessários. Constatou-se que pacientes com mais de 60 anos representavam 28,7% do total de internações em 2003 e que em um total de 726 óbitos, 62,5% ocorreram em pacientes acima desta idade. As principais causas destes óbitos eram doenças cardiovasculares, seguidas das doenças neoplásicas. Observamos que apesar dos pacientes terem diagnóstico de doença incurável progressiva e mortal, a maioria acabava morrendo na UTI e na Sala de Choque do PS, submetidas a procedimentos invasivos e medicamentos desproporcionais e desnecessários, que além de não trazerem conforto, traziam mais sofrimento para o paciente e sua família prolongando o processo de morrer. A partir destes dados foi realizado o projeto da unidade de cuidados paliativos do HSPM, a Hospedaria de Cuidados Paliativos baseado na definição de cuidados paliativos da Organização Mundial de Saúde - OMS de 2002 (“Cuidado Paliativo é uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares que enfrentam uma doença que ameaça a vida. Promove o alívio da dor e de outros sintomas e proporciona suporte espiritual e psicossocial desde o diagnóstico até o final da vida e o período de luto”). Esta unidade é destinada a pacientes portadores de doenças terminais com prognóstico de semanas ou meses de vida e com necessidade de controle de sintomas, sendo a dor e a dispnéia os mais dramáticos. Foram identificados profissionais com perfil para assistência a pacientes na terminalidade da vida e realizado treinamento. A equipe é composta por médicos, profissionais da enfermagem (enfermeiro, técnico e auxiliares), terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, assistente social, psicóloga, fisioterapeuta, assistente espiritual, odontóloga e nutricionista. OBJETIVOS Prestar assistência ativa integral (bio-psico-socio-cultural-espiritual) a pacientes que não respondam mais ao tratamento modificador da doença, garantindo melhor qualidade de vida, tanto para ele como para seus familiares, usando técnicas onde prevaleça o conforto. METODOLOGIA Ações desenvolvidas por equipe multiprofissional em uma casa com espaço para 10 pacientes, propiciando um ambiente familiar que se distancia do aspecto hospitalar, aproximando as pessoas do contexto da rotina doméstica; visita médica formal 3 vezes por semana, com disponibilidade à distância 24h por dia e visitas extraordinárias, se necessário; assistência diária a pacientes e familiares pela equipe de enfermagem que deve desenvolver maior autonomia numa atitude proativa; reunião multiprofissional semanal para discussão clínica dos casos com levantamento das necessidades sociais, espirituais e financeiras do paciente e família para a elaboração de plano de cuidados; desenvolvimento de atividades programadas pela psicóloga, fono, técnica de fisioterapia e pela assistente social voltadas aos familiares, que visam o processo de morte e o luto. 506 RESULTADOS Desde o início de suas atividades em 04 de junho de 2004 até a presente data foram acolhidos na unidade 556 pacientes e seus familiares. Destes pacientes 80% eram portadores de neoplasias malignas e 20% de outras doenças, como demências, doenças neurológicas degenerativas, insuficiência de órgãos (cardíaca, renal e pulmonar) e síndrome da imunodeficiência adquirida. O ambulatório de cuidados paliativos é realizado uma vez por semana, com avaliação do médico e psicólogo em conjunto, com uma média de atendimento de 30 pacientes por mês, a maioria procedente da Oncologia Clínica do HSPM, e as interconsultas de pacientes internados pelas diversas especialidades são realizadas conforme a demanda, com uma média de 20 pacientes por mês. CONSIDERAÇÕES FINAIS Desde a implantação da modalidade de assistência em cuidados paliativos no HSPM observamos que os pacientes portadores de doença avançada atendidos pela equipe tem apresentado melhor controle dos sintomas (dor, dispnéia, náuseas, sangramento tumoral, delirium, fadiga, entre outros), permitindo que evoluam com qualidade de vida e dignidade até o momento de sua morte. Nossa experiência tem demonstrado que com uma boa abordagem em Cuidados Paliativos além da melhora na qualidade de vida muitos pacientes apresentam também um aumento na sobrevida, uma tendência descrita em trabalhos internacionais. O impacto junto à família é positivo e o acompanhamento precoce no processo de luto tem mostrado menor número de casos de luto complicado. A Hospedaria de Cuidados Paliativos do HSPM é pioneira na modalidade e referência em Cuidados Paliativos no Brasil segundo a Academia Nacional de Cuidados Paliativos- ANCP. Referências Bibliográficas 1. Di Sarno G, Chiattone HBC, Matsumoto DY, Rezende MSM, Carneiro RA. Cuidados Paliativos:a experiência da Casa de Apoio – Hospedaria de Cuidados Especiais do HSPM –São Paulo. RAS 2004;6(25): 123-32. 2. Figueiredo MTA. A dor no doente fora dos recursos de cura e seu controle por equipe multidisciplinar (hospice). Âmbito Hosp 1996;8: 63-7. 3. May P, Garrido MM, Cassel JB, Kelley AS, Meier DE, Normand C, Smith TJ, Stefanis L, Morrison RS. Prospective Cohort Study of Hospital Palliative Care Teams for Inpatients With Advanced Cancer: Earlier Consultation Is Associated With Larger Cost-Saving Effect. JCO September 1, 2015;33(25): 2745-2752. 4. Matsumoto DY. Cuidados Paliativos: conceito, fundamentos e princípios. Manual de Cuidados Paliativos ANCP- e.ed. ampl. e atual.- Porto Alegre: Sulina, 2012; 23-30. 5. Matsumoto DY, Manna MCB. Hospedaria. Cuidado Paliativo, CREMESP, 2008;(1-V):102-7. 507