Redes Sociais Digitais: apontamentos e reflexões quanto sua interação com a 1 cultura e comunicação organizacional Fábio Fernandes2 Marco Antônio Cirillo3 Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, São Bernardo do Campo, SP. Resumo O presente artigo apresenta os percursos teóricos e metodológicos para a consecução do trabalho de conclusão de curso do programa de Pós-Graduação em Comunicação Empresarial da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, que está em fase de elaboração e será defendido no final do ano de 2013. O estudo tem o objetivo de entender a percepção das organizações quanto à utilização das redes sociais digitais em suas estratégias de relacionamento e comunicação, e como isso afeta sua cultura e ao mesmo modo, a de seus colaboradores. Palavras-chave: Relacionamentos; estratégias; organizações; percepções. Introdução Podemos considerar um truísmo falar que a internet esta modificando a maneira como as pessoas se comunicam e se relacionam na segunda década deste século, afinal a convergência midiática, as tecnologias de informação e comunicação, bem como o crescimento das redes sociais na internet está cada vez mais latente na cultura da sociedade contemporânea. Diariamente percebemos o aumento da participação popular na internet mundo a fora, e principalmente a inserção de empresas dos mais variados setores, que buscam através de seus sítios on-line, blogs corporativos e redes sociais como Facebook, Twitter e LinkDin4, se aproximar de seus públicos de interesse, estreitando relações e desenvolvendo novas estratégias de comunicação. 1 Estudo preliminar (projeto de pesquisa) realizado dentro do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Empresarial da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP. 2 Bacharel em Relações Públicas. Aluno do PósCom em Comunicação Empresarial da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP: [email protected] 3 Orientador do Estudo; Mestre em Comunicação Social; Professor Associado na Universidade Metodista de São Paulo – UMESP: [email protected] 4 Estas são alguns exemplos das redes sociais mais populares no Brasil, mas para esta fase da pesquisa ainda não será de grande relevância. 1 No entanto, todas essas transformações que vemos e vivenciamos ainda causam estranheza, principalmente no fazer da comunicação em âmbitos empresariais. As organizações sejam elas públicas, privadas, ou do terceiro setor buscam (re) pensar métodos e formas de participação nessas comunidades virtuais, alinhando suas estratégias formais de comunicação, com a vivência das redes sociais digitais. Mas qual seria o real (e necessário) posicionamento das organizações frente ao crescimento das redes sociais na internet? Estariam de fato alinhando suas estratégias comunicacionais e sua cultura organizacional com esta convergência-midiática e de relacionamentos? É com base nesses questionamentos que esse estudo se orienta para buscar entender a percepção das organizações quanto à utilização das redes sociais digitais, caracterizando as estratégias de relacionamento e comunicação que as mesmas adotam para se firmarem e serem aceitas junto aos usuários destas comunidades virtuais. Outra perspectiva importante desta pesquisa faz referência à cultura organizacional, quando supomos que a vivência das organizações nas redes de relacionamentos digitais necessita também de modificações em seu ambiente interno, ou seja, é preciso que todos os atores sociais das organizações conheçam e possam ter acesso ao planejamento estratégico de comunicação digital que esta sendo adotado. Pressupomos então que as mudanças culturais da vida organizacional (com o crescimento das redes sociais digitais) também estarão alterando a cultura de seus colaboradores. Neste artigo são caracterizados os percursos teóricos e metodológicos que estão sendo implementados na construção do referido estudo, onde através da articulação de ideias, conhecimentos e da prática social das organizações e seus relacionamentos na internet, busca-se traçar um panorama da comunicação e da cultura organizacional em tempos de redes sociais digitais. Deste modo, visualizar-se-á neste breve estado da arte, a forma de utilização das redes sociais como um movimento de mudança e evolução da comunicação nas organizações, orientando-se para métodos mais interativos de relacionamento. Do mesmo modo a adoção de culturas mais flexíveis, e com foco na interatividade do cliente interno, com as estratégias de comunicação efetivadas na internet, como sendo 2 algo potencializador dos objetivos e metas organizacionais, e também de suas relações públicas. Fundamentação Teórica A qualificação da internet com a popularização das redes móveis e sem fio; evolução de aparelhos de telefonia móvel, tabletes e computadores; e o desenvolvimento constante de softwares para troca de dados e comunicação instantânea esta modificando a cultura comunicacional e relacional das pessoas. Hoje qualquer indivíduo com acesso a internet pode interagir de modo muito simétrico com empresas, pessoas ou órgãos governamentais. O acesso à informação, o direito de se posicionar sobre dado assunto, as agremiações sociais e até o desenvolvimento de organizações especificas na internet esta ampliando o que podemos chamar de “poder de participação social” 5. O desenvolvimento da sociedade em rede e a formação das redes sociais digitais favorecem a formação de comunidades específicas (mediadas por computador), propiciando o direito a posicionamento, propaganda e espetacularização da vida privada (mediada por comunicação). Além disso, a comunicação em rede (internet) transcende fronteiras. É algo global, baseado em redes globais (CASTELLS, 2005). A sociedade em rede, em termos simples, é uma estrutura social baseada em redes operadas por tecnologias de comunicação e informação fundamentadas na microeletrônica e em redes digitais de computadores que geram, processam e distribuem informação a partir de conhecimento acumulado nos nós dessas redes. A rede é a estrutura formal. É um sistema de nós interligados. E os nós são, em linguagem formal, os pontos onde a curva se intersecta a si própria. As redes são estruturas abertas que evoluem acrescentando ou removendo nós de acordo com as mudanças necessárias dos programas que conseguem atingir os objetivos de performance para a rede (CASTELLS, 2005, p. 20). 5 Partindo do pressuposto de que comunicação é poder, e quem a detém passa a ter um diferencial sobre os outros, queremos dizer com esta expressão – pode de participação social – que o advento das tecnologias de comunicação e a popularização da internet (computadores e a fins) as pessoas, por mais simples que sejam e nos lugares mais distantes, passam a ocupar um lugar diferente na sociedade, com um aumento significativo em sua “voz”, e ampliando suas relações sociais e comunicacionais. 3 Deste modo, compreender o fazer da comunicação neste cenário tecnológico e digital, nessa amplitude da sociedade em rede, é uma constante na vida das organizações que vislumbraram novas estratégias de comunicação e relacionamento mediadas pelas redes sociais na internet. Hoje as organizações precisam sincronizar suas estratégias de comunicação tradicional com suas estratégias de comunicação digital. É preciso o alinhamento e adequação das mensagens, sua linguagem e tipologia visual e gráfica para que a convergência-midiática6 ocorra de forma eficaz, alcançando seus variados públicos. A comunicação constitui o espaço público, ou seja, o espaço cognitivo em que as mentes das pessoas recebem informação e formam os seus pontos de vista através do processamento de sinais da sociedade no seu conjunto. Por outras palavras, enquanto a comunicação interpessoal é uma relação privada, formada pelos atores de interação, os sistemas de comunicação midiáticos criam os relacionamentos entre instituições e organizações da sociedade e as pessoas no seu conjunto, não enquanto indivíduos, mas como receptores coletivos de informação, mesmo quando a informação final é processada por cada indivíduo de acordo com as suas próprias características pessoais. É por isso que a estrutura e a dinâmica da comunicação social é essencial na formação da consciência e da opinião, e a base do processo de decisão política (CASTELLS, 2005, p. 23). De forma essencial a comunicação organizacional tem função de estabelecer canais e redes de interação e informação. Nela se apresentam as ferramentas adequadas para que a organização fale de maneira eficaz com seus públicos (CORRÊA, 2009), mediando conflitos e aperfeiçoando o seu entendimento. A comunicação empresarial/organizacional evoluiu de seu estágio embrionário, em que se definia como mero acessório, para assumir, agora, uma função relevante na politica negocial das empresas. Deixa, portanto, de ser uma atividade que se descarta ou se relega ao segundo plano, em momentos de crise e de carência de recursos, para se firmar como insumo estratégico, de que uma empresa ou entidade lança mão para idealizar clientes, sensibilizar multiplicadores de opinião ou interagir com a comunidade (BUENO, 2000, p. 50). 6 Henry Jenkins (2009), explica a convergência midiática como o fluxo de conteúdos através e múltiplas plataformas de mídia, a cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação. 4 No cenário contemporâneo – mediado pela internet – a comunicação organizacional precisa estar em sincronia com o desenvolvimento tecnológico da organização, da sociedade e de seus públicos de interesse. Os profissionais de comunicação, do mesmo modo, estarão estabelecendo métodos para alcançar os objetivos organizacionais, aperfeiçoando a comunicação nas plataformas digitais. A sociedade digital, segundo o professor Tiago Manieri (2011), vem exigindo das organizações perspectivas comunicacionais mais instantâneas, praticamente onipresentes. Para ele, não basta a organização figurar nas mídias sociais mais populares, é necessário o entendimento dessa lógica comunicacional imposta por essas inovações na tecnologia digital. A excelência da comunicação nas plataformas digitais acontecerá mediante o total alinhamento com o planejamento de comunicação da organização. Como afirma Corrêa (2009), a comunicação ocorre estrategicamente se integrada ao composto de comunicação organizacional da organização. Não é possível falar em comunicação digital sem conhecer e compreender o plano de comunicação estratégica global da organização. A comunicação digital se configura no ambiente corporativo na medida e na oportunidade em que a combinação entre proposta comunicacional e características do público tiver mais eficiência, e se realizada em ambiência digital. Temos, portanto, que definir e desenvolver no ambiente de comunicação organizacional o plano de comunicação digital integrada, baseado e sustentado pelo próprio plano de comunicação estratégica integrada (CORRÊA, 2009, p, 322). Da mesma forma, Carolina Terra (2011), afirma que a comunicação organizacional nas plataformas digitais precisam contemplar os canais em que os usuários gerem conteúdo, entendendo quais as percepções em torno da marca, da empresa e produtos/serviços. Para o pleno estabelecimento da comunicação em âmbitos digitais, assim como da comunicação tradicional, as organizações precisam contemplar uma cultura flexível, que contemple a inovação, tecnologia, uso de aparelhos digitais e a própria internet. A cultura como função normatizadora do processo de comunicação organizacional ira promover, ou não, a convivência de seus profissionais, independente de sua área de 5 atuação, com a comunicação/relacionamento nas redes sociais digitais. Esse comportamento, se de inclusão digital, estará desenvolvendo as estratégias de comunicação na internet, e ampliando as relações sociais começando pelo interno da organização. O que aumentará as proporções de inserção e retorno de imagem para a mesma. No caso da prática de exclusão digital na organização, a mesma sofrerá com a não sincronia da comunicação tradicional com a digital, não permitindo que seu principal público, os colaboradores, conheçam, participem e influenciem suas estratégias nas redes sociais. Algo negativo e que provavelmente acarretará na falta de credibilidade para a organização. Diante disso, Corrêa (2009) alerta para outra perspectiva sobre a inclusão ou exclusão digital nas organizações. A autora lembra que é importante estar bem claro no planejamento estratégico da empresa, a delimitação de seus públicos de interesse, e se os mesmo detêm o habito e a possibilidade de acessar a internet. Do mesmo modo a habilidade e o conhecimento para decifrar/entender as mensagens que estarão sendo trocadas on-line. O primeiro conjunto a ser considerado na formatação da comunicação digital de uma empresa é a sua cultura e a relação desta com os quesitos de inovação, tecnologia, uso de computadores de internet, entre outros. Por exemplo, de nada adianta uma empresa lançar um portal de relacionamento digital com seus clientes se, internamente, em suas crenças e seus valores, usar computador não é fator determinante. O segundo conjunto refere-se os públicos estratégicos da empresa – quem são e quais suas afinidades com o ambiente digital vivenciado. Por exemplo, se a empresa considera a comunidade de moradores do entorno de sua sede como um público estratégico, é preciso verificar se esse grupo tem por hábito o uso do computador e o acesso à internet em sua rotina. Definir qual suporte tecnológico para a criação de um canal direto de comunicação comunidade-empresa dependera dessa avaliação de uso. Um “fale conosco” disponível na página da web da empresa só será eficaz se essa comunidade usa intensivamente a mídia digital. Caso contrário, provavelmente uma linha telefônica ou um balcão de atendimento presencial sejam mais eficazes (CORRÊA, 2009, p. 329), A comunicação feita de forma digital ajudam as empresas obterem maior audiência em suas relações com a comunidade de forma mais direta e simétrica 6 (TERRA, 2011), permitindo a troca continua e retroalimentada de informações, do mesmo modo que favorecem a amplitude da participação dos atores sociais na vida da organização. Neste cenário as redes sociais digitais ganham influência, e se tornam grande aliadas para as organizações em suas relações públicas, permitindo a interação em tempo real e a realização do espaço digital no qual vivem as formas linguísticas e culturais, favorecendo a circulação do saber e a formação de inteligência coletiva (LEVY, 1999). Recuero (2009) afirma que as redes sociais digitais constituem-se como um espaço para a exposição e publicização das comunidades digitais e os autores envolvidos na rede. É importante observar que as formações destas redes incentivam a consecução de reclamações, opiniões e sugestões para empresas, como também a busca por oportunidades de negócios ou empregos (MANIERI, 2011). As redes sociais digitais são formadas, de acordo com Wasserman e Faust (apud RECUERO, 2009) por um conjunto de dois elementos: 1 – atores sociais (pessoas, instituições ou grupos, nós da rede); 2 – conexões (interações e laços sociais). Ambos possuem características especificas, que servem de base para que a rede seja percebida e suas informações conhecidas. Uma rede, assim, é uma metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os diversos atores. A abordagem de rede tem, assim, seu foco na estrutura social, onde não é possível isolar os atores sociais e nem suas conexões. O estudo das redes sociais na internet, assim, foca o problema de como as estruturas sociais surgem, de que tipo são, como são compostas através da comunicação mediada pelo computador e como essas interações mediadas são capazes de gerar fluxos de informação e trocas sociais que impactam suas estruturas (RECUERO, 2009, p. 24). É possível observar que a maior mudança proporcionada pelas redes sociais digitais, é a permissão para qualquer individuo ser consumidor, produtor e transmissor de informação (MANIERI, 2011). Essas características de atuação dos atores sociais nas redes de relacionamento na internet favorecem o desenvolvimento da comunicação 7 organizacional, desde que tal prática, seja integrante e constante, na cultura das organizações. “Enquanto sujeito de um processo social e de trocas simbólicas, o indivíduo torna-se partícipe do processo de comunicação organizacional num contexto digital (MANIERI, 2011, p. 06)”. As redes digitais contribuem para a participação social. Possibilitam a participação através de uma relação dialógica, onde a comunicação aproxima os atores – sujeitos emissores e receptores – nessa relação em que não se consegue designar exatamente o papel do emissor e do receptor (Ibidem), quando ambas as características se fundem e se apresentam no perfil dos indivíduos em sua vivência nas redes sociais da internet. Tomando por base essas reflexões, buscamos em Corrêa (2009) uma perspectiva sobre a geração de conhecimento como fundamentação estratégica para a comunicação digital nas organizações. Para a autora Essa ambiência digital determinada por relacionamentos e trocas tem como raiz a disseminação e a geração de conhecimentos. Novos conhecimentos e recombinações da rede passam a ser elementos importantes no processo de comunicação digital. É o cenário para a construção das estratégias de comunicação digital e sua utilização adequada nos ambientes corporativos (CORRÊA, 2009, p. 327). Carolina Terra (2011) também contribui com essas afirmações, quando fala da importância estratégica da comunicação organizacional digital, e complementa caracterizando as inquietações dos profissionais em relação ao desenvolvimento das redes sociais digitais e tecnologias de mediação. A comunicação mediada por computador oferece oportunidades para exposição institucional para as organizações, no entanto também pode causar certa vulnerabilidade. A perda, simbólica, do controle sobre as informações e relações organizacionais nesta perspectiva “nova” da comunicação na internet, é um grande desafio para os profissionais que precisarão gerir essa dupla consequência (Ibidem). Por isso o fator estratégico e cultural tem tanta relevância para a prática da comunicação digital. 8 Como consequência desta postura cultural e da caracterização dos públicos estratégicos, é importante que se delineiem os propósitos e as intenções das ações de comunicação digital. Evidentemente, cada ambiente corporativo gera um conjunto de propósitos específicos, mas quase sempre relacionados a vantagens competitivas decorrentes do uso dos meios digitais (CORRÊA, 2005, p. 177). As organizações precisam estabelecer estratégias ativas de participação nas redes sociais digitais. Precisa organizar-se em objetivos e metas, ampliando o contato com seus públicos, e assim expandir as fronteiras empresariais. Mensurar estas estratégias é outro fator de relevância para o sucesso da mesma, e assim verificar a eficácia das ações como diferencial e potencializador de vendas e consolidação de sua marca (TERRA, 2011). Uma estratégia de comunicação corporativa digital, portanto, deve estar em sintonia com a estratégia global de comunicação. Devem-se, também, contemplar os canais em que o usuário gera conteúdo, entendendo quais são as percepções em torno da marca, da empresa, dos produtos e serviços, qual sejam: atendimento, mapeamento, classificação e monitoramento de tais expressões; e desenvolvimento de um plano de ações tanto para construir uma presença sólida nesse ambiente quanto para sanar possíveis danos á imagem e reputação da organização (TERRA, 2011, p. 273). É importante lembrar que as redes sociais virtuais não substituem as redes tradicionais de relacionamento. Existe a soma e a congruência de esforços no estabelecimento de estratégias e obtenção de objetivos. Como afirma Santaella (2010), a internet se constitui em uma via alternativa bastante eficaz para o envolvimento de grupos sociais, afinal, quanto maior for o desenvolvimento e a sofisticação, bem como a participação nessas redes informais, as organizações será capaz de aprender, reagir criativamente a essas mudanças, e assim evoluir positivamente (NEVES, 2008 apud SANTAELLA, 2010). Diante do exposto, entendemos ser as ideias, pesquisas e estudos dos autores citados neste breve estudo da arte sobre as redes sociais digitais e sua relação com a cultura e a comunicação das organizações, o ponto inicial para este estudo. Quando percebemos que a comunicação organizacional digital, de forma integrada – redes 9 formais e informais – favorece a excelência relacional e comunicacional das organizações com seus públicos, esta fomentada através de uma cultura flexível e participativa, onde as redes sociais digitais integram o composto básico de comunicação organizacional e ao mesmo modo pertencerem à cultura da organização e seus colaboradores. Metodologia Com base nas articulações teóricas deste breve estudo da arte sobre redes sociais digitais, cultura e comunicação nas organizações, torna-se importante a delimitação metodológica para a consecução desta pesquisa. Para tanto, propõe-se como método principal um estudo exploratório, o qual segundo Gil (1999) proporciona maior familiaridade com os objetos de estudo de seus pesquisadores, algo pertinente com a proposta deste trabalho. Com essa metodologia, será preconizado à explicitação de abordagens existentes nos temas citados, para assim aprimorar seu entendimento e oportunizar uma reflexão sobre o mesmo. O uso de pesquisas exploratórias permite a seus pesquisadores, maior flexibilidade no planejamento das ações, possibilitando a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado, como também busca modificar ou clarificar conceitos (MARCONI; LAKATOS, 2003). Seu planejamento permite a consideração de elementos variados para sua elaboração, podendo ser realizado através de diversas técnicas, e geralmente com uma pequena amostra do que se pretende utilizar (LOPES, 2003). Com base na metodologia adotada, serão determinadas para este estudo as seguintes etapas: A. Levantamento bibliográfico Fase inicial deste estudo constitui-se por um levantamento das principais referências teóricas no âmbito da comunicação e cultura, focado principalmente sob o viés organizacional; e da formação, desenvolvimento e evolução das redes sociais de relacionamentos mediadas pela internet. As pesquisas bibliográficas oferecem meios para definir e resolver, não somente problemas já conhecidos, mas também explorá-los, 10 assim como a consecução de novas problemáticas. Deste modo ela não se torna mera reprodução do que foi dito ou escrito, mas propicia a reavaliação destes enfoques ou abordagens (MANZO, 1971 apud MARCONI; LAKATOS, 2003). B. Estudo de campo Com vistas a tornar mais táteis o recorte de ideias e discussões desta pesquisa, propõem-se também a realização de um estudo de campo. A escolha de mais esse método para integrar as etapas gerais desta pesquisa, se justifica por ser o estudo de campo um modelo clássico de investigação, que pode focalizar comunidades específicas e sem limitações geográficas (DUARTE; BAIRROS, 2008). Segundo Santos (2004), os estudos de campo se caracterizam por seu traço empírico forte, quando os dados coletados são provenientes da observação de situações, matérias e físicas. Essa observação é uma das principais técnicas empregadas em estudos de campo, pois favorece a consecução de informações, quando não se limita a ver e ouvir os fatos, mas também em examinar os fenômenos que se pretendem estudar (MARKONI; LAKATOS, 2003). “A observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento” (Ibidem, 191). Com base nestes argumentos, sugere-se para esta pesquisa, delimitar uma amostra que represente os objetivos do estudo, e aplicar na mesma as etapas metodológicas descritas. A amostra escolhida são empresas públicas ou privadas, de pequeno, médio ou grande porte quem pertencem à mesorregião Noroeste RioGrandense7, (Rio Grande do Sul, Brasil), que é dividida em treze microrregiões. Será escolhida uma organização por microrregião, onde serão analisados sua participação nas redes sociais digitais, tipos de conteúdo, frequência de fluxo informacional, e níveis de interação social num dado período. 7 A mesorregião do Noroeste Rio-Grandense é uma das sete mesorregiões do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. É formada pela união de 216 municípios agrupados em treze microrregiões, sendo elas: Carazinho; Cerro Largo; Cruz Alta; Erechim; Frederico Westphalen; Ijuí; Não-Me-Toque; Passo Fundo; Sananduva; Santa Rosa; Santo Ângelo; Soledade; e Três Passos. 11 C. Pesquisa de opinião Com a pesquisa de opinião objetiva-se complementar os métodos descritos anteriormente, auxiliando na discussão e resolução dos objetivos e a problemática deste estudo. Ela é um, método de coleta de dados, que se mostra pertinente a esta pesquisa, pois considera importante o conhecimento de opiniões diversas sobre os objetos aqui discutidos. As pesquisas de opinião com caráter qualitativo estimulam os entrevistados a pensarem livremente sobre o tema, objeto ou conceito pesquisado. Elas fazem emergir aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea (CHAGAS, 2000). São usadas quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação. Sendo assim, as empresas observadas no estudo de campo, serão questionadas sobre diversos enfoques da utilização das redes sociais digitais em suas estratégias comunicacionais, bem como sobre sua cultura e comportamentos relacionais de seu público interno. A pesquisa será estruturada em perguntas abertas e fechadas, conforme a complexidade das informações. O uso deste método para a coleta de dados diminui os desvios provenientes da objetividade excessiva dos métodos convencionais, com ele o indivíduo é percebido como parte ativa no processo de investigação (PIROLO; FACHI, 2001). Sua consecução é pertinente por agregar valor à amostra observada, trazendo informações de indivíduos que pertencem ou participam das organizações pesquisadas sobre sua cultura, estratégias de comunicação e participação nas redes sociais digitais e no cenário global da internet. O cruzamento das informações obtidas com a pesquisa de opinião, com as faces práticas da comunicação organizacional da amostra em questão proporcionará maior garantia quanto à veracidade e relevância dos dados no fechamento deste estudo. 12 Considerações Finais Com este breve estudo da arte, percebemos as alterações gradativas nos paradigmas de interação e relação social, pautados pela popularização da internet, e do conhecimento que a mesma gera a seus usuários. A comunicação mediada por computador já alterou os hábitos e as faces da cultura de boa parte da população mundial. Estas mudanças também estão afetando as organizações, as quais precisam se adaptar a essas inovações. A exposição dos percursos teóricos e metodológicos desta pesquisa, ainda em fase de desenvolvimento, buscou discutir conceitos, ideias e perspectivas acerca do fenômeno: internet, e principalmente a formação das comunidades virtuais (redes sociais de relacionamento), que mediadas pela comunicação já se efetivaram na vida da sociedade contemporânea. Compreender (ou descobrir) as reais influências que as redes sociais digitais estão (estarão) causando na vida e estrutura (profissional) das organizações. Como esta mudança nos paradigmas de suas relações públicas e da comunicação afeta a cultura organizacional (hábitos, crenças, políticas, normas); se ocorre; se é positiva ou negativa; quais benefícios; e principalmente o modo mais eficaz para desenvolver, de modo flexível e dinâmico, uma cultura que aceita, integra e contempla as evoluções das mídias digitais em sua vida, é o que objetivamos descobrir ao finalizarmos o estudo. Delinear um cenário mais claro sobre a relação/influência das redes sociais digitais com organizações (cultura e comunicação), com certeza estará (re) significando os modos e métodos de estar e pertencer; conversar e interagir; publicizar e comercializar das organizações na internet (redes sociais de relacionamento digital). Ao final, estas articulações são destacadas como pontos chave para fundamentar teórica e prática, a primeira etapa desta pesquisa, e ao findar seus resultados, contribuir para o melhor entendimento sobre a importância da comunicação das organizações nas redes sociais digitais, e no mesmo grau de relevância, o significado destas plataformas para seus usuários, sejam eles, clientes externos ou internos. 13 Referências BARICHELLO, Eugenia Mariano da Rocha. Mídia e Territorialidades. Animus: revista interamericana de comunicação midiática, vol. V, n. 1 (jan/jun 2006), UFSM, Santa Maria (RS), NedMidia, 2006. BUENO, Wilson da Costa. 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