Redes Sociais Digitais: apontamentos e reflexões quanto

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Redes Sociais Digitais: apontamentos e reflexões quanto sua interação com a
1
cultura e comunicação organizacional
Fábio Fernandes2
Marco Antônio Cirillo3
Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, São Bernardo do Campo, SP.
Resumo
O presente artigo apresenta os percursos teóricos e metodológicos para a
consecução do trabalho de conclusão de curso do programa de Pós-Graduação em
Comunicação Empresarial da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, que está
em fase de elaboração e será defendido no final do ano de 2013. O estudo tem o
objetivo de entender a percepção das organizações quanto à utilização das redes sociais
digitais em suas estratégias de relacionamento e comunicação, e como isso afeta sua
cultura e ao mesmo modo, a de seus colaboradores.
Palavras-chave: Relacionamentos; estratégias; organizações; percepções.
Introdução
Podemos considerar um truísmo falar que a internet esta modificando a maneira
como as pessoas se comunicam e se relacionam na segunda década deste século, afinal a
convergência midiática, as tecnologias de informação e comunicação, bem como o
crescimento das redes sociais na internet está cada vez mais latente na cultura da
sociedade contemporânea.
Diariamente percebemos o aumento da participação popular na internet mundo a
fora, e principalmente a inserção de empresas dos mais variados setores, que buscam
através de seus sítios on-line, blogs corporativos e redes sociais como Facebook, Twitter
e LinkDin4, se aproximar de seus públicos de interesse, estreitando relações e
desenvolvendo novas estratégias de comunicação.
1
Estudo preliminar (projeto de pesquisa) realizado dentro do Programa de Pós-Graduação em Comunicação
Empresarial da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP.
2
Bacharel em Relações Públicas. Aluno do PósCom em Comunicação Empresarial da Universidade Metodista de
São Paulo – UMESP: [email protected]
3
Orientador do Estudo; Mestre em Comunicação Social; Professor Associado na Universidade Metodista de São
Paulo – UMESP: [email protected]
4
Estas são alguns exemplos das redes sociais mais populares no Brasil, mas para esta fase da pesquisa ainda não será
de grande relevância.
1
No entanto, todas essas transformações que vemos e vivenciamos ainda causam
estranheza, principalmente no fazer da comunicação em âmbitos empresariais. As
organizações sejam elas públicas, privadas, ou do terceiro setor buscam (re) pensar
métodos e formas de participação nessas comunidades virtuais, alinhando suas
estratégias formais de comunicação, com a vivência das redes sociais digitais.
Mas qual seria o real (e necessário) posicionamento das organizações frente ao
crescimento das redes sociais na internet? Estariam de fato alinhando suas estratégias
comunicacionais e sua cultura organizacional com esta convergência-midiática e de
relacionamentos?
É com base nesses questionamentos que esse estudo se orienta para buscar
entender a percepção das organizações quanto à utilização das redes sociais digitais,
caracterizando as estratégias de relacionamento e comunicação que as mesmas adotam
para se firmarem e serem aceitas junto aos usuários destas comunidades virtuais.
Outra perspectiva importante desta pesquisa faz referência à cultura
organizacional, quando supomos que a vivência das organizações nas redes de
relacionamentos digitais necessita também de modificações em seu ambiente interno, ou
seja, é preciso que todos os atores sociais das organizações conheçam e possam ter
acesso ao planejamento estratégico de comunicação digital que esta sendo adotado.
Pressupomos então que as mudanças culturais da vida organizacional (com o
crescimento das redes sociais digitais) também estarão alterando a cultura de seus
colaboradores.
Neste artigo são caracterizados os percursos teóricos e metodológicos que estão
sendo implementados na construção do referido estudo, onde através da articulação de
ideias, conhecimentos e da prática social das organizações e seus relacionamentos na
internet, busca-se traçar um panorama da comunicação e da cultura organizacional em
tempos de redes sociais digitais.
Deste modo, visualizar-se-á neste breve estado da arte, a forma de utilização das
redes sociais como um movimento de mudança e evolução da comunicação nas
organizações, orientando-se para métodos mais interativos de relacionamento. Do
mesmo modo a adoção de culturas mais flexíveis, e com foco na interatividade do
cliente interno, com as estratégias de comunicação efetivadas na internet, como sendo
2
algo potencializador dos objetivos e metas organizacionais, e também de suas relações
públicas.
Fundamentação Teórica
A qualificação da internet com a popularização das redes móveis e sem fio;
evolução de aparelhos de telefonia móvel, tabletes e computadores; e o
desenvolvimento constante de softwares para troca de dados e comunicação instantânea
esta modificando a cultura comunicacional e relacional das pessoas.
Hoje qualquer indivíduo com acesso a internet pode interagir de modo muito
simétrico com empresas, pessoas ou órgãos governamentais. O acesso à informação, o
direito de se posicionar sobre dado assunto, as agremiações sociais e até o
desenvolvimento de organizações especificas na internet esta ampliando o que podemos
chamar de “poder de participação social” 5.
O desenvolvimento da sociedade em rede e a formação das redes sociais digitais
favorecem a formação de comunidades específicas (mediadas por computador),
propiciando o direito a posicionamento, propaganda e espetacularização da vida privada
(mediada por comunicação). Além disso, a comunicação em rede (internet) transcende
fronteiras. É algo global, baseado em redes globais (CASTELLS, 2005).
A sociedade em rede, em termos simples, é uma estrutura social
baseada em redes operadas por tecnologias de comunicação e
informação fundamentadas na microeletrônica e em redes digitais de
computadores que geram, processam e distribuem informação a partir
de conhecimento acumulado nos nós dessas redes. A rede é a estrutura
formal. É um sistema de nós interligados. E os nós são, em linguagem
formal, os pontos onde a curva se intersecta a si própria. As redes são
estruturas abertas que evoluem acrescentando ou removendo nós de
acordo com as mudanças necessárias dos programas que conseguem
atingir os objetivos de performance para a rede (CASTELLS, 2005, p.
20).
5
Partindo do pressuposto de que comunicação é poder, e quem a detém passa a ter um diferencial sobre os outros,
queremos dizer com esta expressão – pode de participação social – que o advento das tecnologias de comunicação e a
popularização da internet (computadores e a fins) as pessoas, por mais simples que sejam e nos lugares mais
distantes, passam a ocupar um lugar diferente na sociedade, com um aumento significativo em sua “voz”, e
ampliando suas relações sociais e comunicacionais.
3
Deste modo, compreender o fazer da comunicação neste cenário tecnológico e
digital, nessa amplitude da sociedade em rede, é uma constante na vida das
organizações que vislumbraram novas estratégias de comunicação e relacionamento
mediadas pelas redes sociais na internet.
Hoje as organizações precisam sincronizar suas estratégias de comunicação
tradicional com suas estratégias de comunicação digital. É preciso o alinhamento e
adequação das mensagens, sua linguagem e tipologia visual e gráfica para que a
convergência-midiática6 ocorra de forma eficaz, alcançando seus variados públicos.
A comunicação constitui o espaço público, ou seja, o espaço cognitivo
em que as mentes das pessoas recebem informação e formam os seus
pontos de vista através do processamento de sinais da sociedade no
seu conjunto. Por outras palavras, enquanto a comunicação
interpessoal é uma relação privada, formada pelos atores de interação,
os sistemas de comunicação midiáticos criam os relacionamentos
entre instituições e organizações da sociedade e as pessoas no seu
conjunto, não enquanto indivíduos, mas como receptores coletivos de
informação, mesmo quando a informação final é processada por cada
indivíduo de acordo com as suas próprias características pessoais. É
por isso que a estrutura e a dinâmica da comunicação social é
essencial na formação da consciência e da opinião, e a base do
processo de decisão política (CASTELLS, 2005, p. 23).
De forma essencial a comunicação organizacional tem função de estabelecer
canais e redes de interação e informação. Nela se apresentam as ferramentas adequadas
para que a organização fale de maneira eficaz com seus públicos (CORRÊA, 2009),
mediando conflitos e aperfeiçoando o seu entendimento.
A comunicação empresarial/organizacional evoluiu de seu estágio
embrionário, em que se definia como mero acessório, para assumir,
agora, uma função relevante na politica negocial das empresas. Deixa,
portanto, de ser uma atividade que se descarta ou se relega ao segundo
plano, em momentos de crise e de carência de recursos, para se firmar
como insumo estratégico, de que uma empresa ou entidade lança mão
para idealizar clientes, sensibilizar multiplicadores de opinião ou
interagir com a comunidade (BUENO, 2000, p. 50).
6
Henry Jenkins (2009), explica a convergência midiática como o fluxo de conteúdos através e múltiplas plataformas
de mídia, a cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios
de comunicação.
4
No cenário contemporâneo – mediado pela internet – a comunicação
organizacional precisa estar em sincronia com o desenvolvimento tecnológico da
organização, da sociedade e de seus públicos de interesse. Os profissionais de
comunicação, do mesmo modo, estarão estabelecendo métodos para alcançar os
objetivos organizacionais, aperfeiçoando a comunicação nas plataformas digitais.
A sociedade digital, segundo o professor Tiago Manieri (2011), vem exigindo
das organizações perspectivas comunicacionais mais instantâneas, praticamente
onipresentes. Para ele, não basta a organização figurar nas mídias sociais mais
populares, é necessário o entendimento dessa lógica comunicacional imposta por essas
inovações na tecnologia digital. A excelência da comunicação nas plataformas digitais
acontecerá mediante o total alinhamento com o planejamento de comunicação da
organização. Como afirma Corrêa (2009), a comunicação ocorre estrategicamente se
integrada ao composto de comunicação organizacional da organização. Não é possível
falar em comunicação digital sem conhecer e compreender o plano de comunicação
estratégica global da organização.
A comunicação digital se configura no ambiente corporativo na
medida e na oportunidade em que a combinação entre proposta
comunicacional e características do público tiver mais eficiência, e se
realizada em ambiência digital. Temos, portanto, que definir e
desenvolver no ambiente de comunicação organizacional o plano de
comunicação digital integrada, baseado e sustentado pelo próprio
plano de comunicação estratégica integrada (CORRÊA, 2009, p, 322).
Da mesma forma, Carolina Terra (2011), afirma que a comunicação
organizacional nas plataformas digitais precisam contemplar os canais em que os
usuários gerem conteúdo, entendendo quais as percepções em torno da marca, da
empresa e produtos/serviços.
Para o pleno estabelecimento da comunicação em âmbitos digitais, assim como
da comunicação tradicional, as organizações precisam contemplar uma cultura flexível,
que contemple a inovação, tecnologia, uso de aparelhos digitais e a própria internet. A
cultura como função normatizadora do processo de comunicação organizacional ira
promover, ou não, a convivência de seus profissionais, independente de sua área de
5
atuação, com a comunicação/relacionamento nas redes sociais digitais. Esse
comportamento, se de inclusão digital, estará desenvolvendo as estratégias de
comunicação na internet, e ampliando as relações sociais começando pelo interno da
organização. O que aumentará as proporções de inserção e retorno de imagem para a
mesma.
No caso da prática de exclusão digital na organização, a mesma sofrerá com a
não sincronia da comunicação tradicional com a digital, não permitindo que seu
principal público, os colaboradores, conheçam, participem e influenciem suas
estratégias nas redes sociais. Algo negativo e que provavelmente acarretará na falta de
credibilidade para a organização.
Diante disso, Corrêa (2009) alerta para outra perspectiva sobre a inclusão ou
exclusão digital nas organizações. A autora lembra que é importante estar bem claro no
planejamento estratégico da empresa, a delimitação de seus públicos de interesse, e se
os mesmo detêm o habito e a possibilidade de acessar a internet. Do mesmo modo a
habilidade e o conhecimento para decifrar/entender as mensagens que estarão sendo
trocadas on-line.
O primeiro conjunto a ser considerado na formatação da comunicação
digital de uma empresa é a sua cultura e a relação desta com os
quesitos de inovação, tecnologia, uso de computadores de internet,
entre outros. Por exemplo, de nada adianta uma empresa lançar um
portal de relacionamento digital com seus clientes se, internamente,
em suas crenças e seus valores, usar computador não é fator
determinante. O segundo conjunto refere-se os públicos estratégicos
da empresa – quem são e quais suas afinidades com o ambiente digital
vivenciado. Por exemplo, se a empresa considera a comunidade de
moradores do entorno de sua sede como um público estratégico, é
preciso verificar se esse grupo tem por hábito o uso do computador e o
acesso à internet em sua rotina. Definir qual suporte tecnológico para
a criação de um canal direto de comunicação comunidade-empresa
dependera dessa avaliação de uso. Um “fale conosco” disponível na
página da web da empresa só será eficaz se essa comunidade usa
intensivamente a mídia digital. Caso contrário, provavelmente uma
linha telefônica ou um balcão de atendimento presencial sejam mais
eficazes (CORRÊA, 2009, p. 329),
A comunicação feita de forma digital ajudam as empresas obterem maior
audiência em suas relações com a comunidade de forma mais direta e simétrica
6
(TERRA, 2011), permitindo a troca continua e retroalimentada de informações, do
mesmo modo que favorecem a amplitude da participação dos atores sociais na vida da
organização.
Neste cenário as redes sociais digitais ganham influência, e se tornam grande
aliadas para as organizações em suas relações públicas, permitindo a interação em
tempo real e a realização do espaço digital no qual vivem as formas linguísticas e
culturais, favorecendo a circulação do saber e a formação de inteligência coletiva
(LEVY, 1999).
Recuero (2009) afirma que as redes sociais digitais constituem-se como um
espaço para a exposição e publicização das comunidades digitais e os autores
envolvidos na rede. É importante observar que as formações destas redes incentivam a
consecução de reclamações, opiniões e sugestões para empresas, como também a busca
por oportunidades de negócios ou empregos (MANIERI, 2011).
As redes sociais digitais são formadas, de acordo com Wasserman e Faust (apud
RECUERO, 2009) por um conjunto de dois elementos: 1 – atores sociais (pessoas,
instituições ou grupos, nós da rede); 2 – conexões (interações e laços sociais). Ambos
possuem características especificas, que servem de base para que a rede seja percebida e
suas informações conhecidas.
Uma rede, assim, é uma metáfora para observar os padrões de conexão
de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os
diversos atores. A abordagem de rede tem, assim, seu foco na
estrutura social, onde não é possível isolar os atores sociais e nem suas
conexões. O estudo das redes sociais na internet, assim, foca o
problema de como as estruturas sociais surgem, de que tipo são, como
são compostas através da comunicação mediada pelo computador e
como essas interações mediadas são capazes de gerar fluxos de
informação e trocas sociais que impactam suas estruturas
(RECUERO, 2009, p. 24).
É possível observar que a maior mudança proporcionada pelas redes sociais
digitais, é a permissão para qualquer individuo ser consumidor, produtor e transmissor
de informação (MANIERI, 2011). Essas características de atuação dos atores sociais nas
redes de relacionamento na internet favorecem o desenvolvimento da comunicação
7
organizacional, desde que tal prática, seja integrante e constante, na cultura das
organizações.
“Enquanto sujeito de um processo social e de trocas simbólicas, o indivíduo
torna-se partícipe do processo de comunicação organizacional num contexto digital
(MANIERI, 2011, p. 06)”. As redes digitais contribuem para a participação social.
Possibilitam a participação através de uma relação dialógica, onde a comunicação
aproxima os atores – sujeitos emissores e receptores – nessa relação em que não se
consegue designar exatamente o papel do emissor e do receptor (Ibidem), quando ambas
as características se fundem e se apresentam no perfil dos indivíduos em sua vivência
nas redes sociais da internet.
Tomando por base essas reflexões, buscamos em Corrêa (2009) uma perspectiva
sobre a geração de conhecimento como fundamentação estratégica para a comunicação
digital nas organizações. Para a autora
Essa ambiência digital determinada por relacionamentos e trocas tem
como raiz a disseminação e a geração de conhecimentos. Novos
conhecimentos e recombinações da rede passam a ser elementos
importantes no processo de comunicação digital. É o cenário para a
construção das estratégias de comunicação digital e sua utilização
adequada nos ambientes corporativos (CORRÊA, 2009, p. 327).
Carolina Terra (2011) também contribui com essas afirmações, quando fala da
importância estratégica da comunicação organizacional digital, e complementa
caracterizando as inquietações dos profissionais em relação ao desenvolvimento das
redes sociais digitais e tecnologias de mediação. A comunicação mediada por
computador oferece oportunidades para exposição institucional para as organizações, no
entanto também pode causar certa vulnerabilidade. A perda, simbólica, do controle
sobre as informações e relações organizacionais nesta perspectiva “nova” da
comunicação na internet, é um grande desafio para os profissionais que precisarão gerir
essa dupla consequência (Ibidem). Por isso o fator estratégico e cultural tem tanta
relevância para a prática da comunicação digital.
8
Como consequência desta postura cultural e da caracterização dos
públicos estratégicos, é importante que se delineiem os propósitos e as
intenções das ações de comunicação digital. Evidentemente, cada
ambiente corporativo gera um conjunto de propósitos específicos, mas
quase sempre relacionados a vantagens competitivas decorrentes do
uso dos meios digitais (CORRÊA, 2005, p. 177).
As organizações precisam estabelecer estratégias ativas de participação nas redes
sociais digitais. Precisa organizar-se em objetivos e metas, ampliando o contato com
seus públicos, e assim expandir as fronteiras empresariais. Mensurar estas estratégias é
outro fator de relevância para o sucesso da mesma, e assim verificar a eficácia das ações
como diferencial e potencializador de vendas e consolidação de sua marca (TERRA,
2011).
Uma estratégia de comunicação corporativa digital, portanto, deve
estar em sintonia com a estratégia global de comunicação. Devem-se,
também, contemplar os canais em que o usuário gera conteúdo,
entendendo quais são as percepções em torno da marca, da empresa,
dos produtos e serviços, qual sejam: atendimento, mapeamento,
classificação e monitoramento de tais expressões; e desenvolvimento
de um plano de ações tanto para construir uma presença sólida nesse
ambiente quanto para sanar possíveis danos á imagem e reputação da
organização (TERRA, 2011, p. 273).
É importante lembrar que as redes sociais virtuais não substituem as redes
tradicionais de relacionamento. Existe a soma e a congruência de esforços no
estabelecimento de estratégias e obtenção de objetivos. Como afirma Santaella (2010), a
internet se constitui em uma via alternativa bastante eficaz para o envolvimento de
grupos sociais, afinal, quanto maior for o desenvolvimento e a sofisticação, bem como a
participação nessas redes informais, as organizações será capaz de aprender, reagir
criativamente a essas mudanças, e assim evoluir positivamente (NEVES, 2008 apud
SANTAELLA, 2010).
Diante do exposto, entendemos ser as ideias, pesquisas e estudos dos autores
citados neste breve estudo da arte sobre as redes sociais digitais e sua relação com a
cultura e a comunicação das organizações, o ponto inicial para este estudo. Quando
percebemos que a comunicação organizacional digital, de forma integrada – redes
9
formais e informais – favorece a excelência relacional e comunicacional das
organizações com seus públicos, esta fomentada através de uma cultura flexível e
participativa, onde as redes sociais digitais integram o composto básico de comunicação
organizacional e ao mesmo modo pertencerem à cultura da organização e seus
colaboradores.
Metodologia
Com base nas articulações teóricas deste breve estudo da arte sobre redes sociais
digitais, cultura e comunicação nas organizações, torna-se importante a delimitação
metodológica para a consecução desta pesquisa. Para tanto, propõe-se como método
principal um estudo exploratório, o qual segundo Gil (1999) proporciona maior
familiaridade com os objetos de estudo de seus pesquisadores, algo pertinente com a
proposta deste trabalho. Com essa metodologia, será preconizado à explicitação de
abordagens existentes nos temas citados, para assim aprimorar seu entendimento e
oportunizar uma reflexão sobre o mesmo.
O uso de pesquisas exploratórias permite a seus pesquisadores, maior
flexibilidade no planejamento das ações, possibilitando a consideração dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado, como também busca modificar ou
clarificar conceitos (MARCONI; LAKATOS, 2003). Seu planejamento permite a
consideração de elementos variados para sua elaboração, podendo ser realizado através
de diversas técnicas, e geralmente com uma pequena amostra do que se pretende utilizar
(LOPES, 2003). Com base na metodologia adotada, serão determinadas para este estudo
as seguintes etapas:
A. Levantamento bibliográfico
Fase inicial deste estudo constitui-se por um levantamento das principais
referências teóricas no âmbito da comunicação e cultura, focado principalmente sob o
viés organizacional; e da formação, desenvolvimento e evolução das redes sociais de
relacionamentos mediadas pela internet. As pesquisas bibliográficas oferecem meios
para definir e resolver, não somente problemas já conhecidos, mas também explorá-los,
10
assim como a consecução de novas problemáticas. Deste modo ela não se torna mera
reprodução do que foi dito ou escrito, mas propicia a reavaliação destes enfoques ou
abordagens (MANZO, 1971 apud MARCONI; LAKATOS, 2003).
B. Estudo de campo
Com vistas a tornar mais táteis o recorte de ideias e discussões desta pesquisa,
propõem-se também a realização de um estudo de campo. A escolha de mais esse
método para integrar as etapas gerais desta pesquisa, se justifica por ser o estudo de
campo um modelo clássico de investigação, que pode focalizar comunidades específicas
e sem limitações geográficas (DUARTE; BAIRROS, 2008).
Segundo Santos (2004), os estudos de campo se caracterizam por seu traço
empírico forte, quando os dados coletados são provenientes da observação de situações,
matérias e físicas. Essa observação é uma das principais técnicas empregadas em
estudos de campo, pois favorece a consecução de informações, quando não se limita a
ver e ouvir os fatos, mas também em examinar os fenômenos que se pretendem estudar
(MARKONI; LAKATOS, 2003). “A observação ajuda o pesquisador a identificar e a
obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência,
mas que orientam seu comportamento” (Ibidem, 191).
Com base nestes argumentos, sugere-se para esta pesquisa, delimitar uma
amostra que represente os objetivos do estudo, e aplicar na mesma as etapas
metodológicas descritas. A amostra escolhida são empresas públicas ou privadas, de
pequeno, médio ou grande porte quem pertencem à mesorregião Noroeste RioGrandense7, (Rio Grande do Sul, Brasil), que é dividida em treze microrregiões. Será
escolhida uma organização por microrregião, onde serão analisados sua participação nas
redes sociais digitais, tipos de conteúdo, frequência de fluxo informacional, e níveis de
interação social num dado período.
7
A mesorregião do Noroeste Rio-Grandense é uma das sete mesorregiões do estado brasileiro do Rio Grande do
Sul. É formada pela união de 216 municípios agrupados em treze microrregiões, sendo elas: Carazinho; Cerro
Largo; Cruz Alta; Erechim; Frederico Westphalen; Ijuí; Não-Me-Toque; Passo Fundo; Sananduva; Santa
Rosa; Santo Ângelo; Soledade; e Três Passos.
11
C. Pesquisa de opinião
Com a pesquisa de opinião objetiva-se complementar os métodos descritos
anteriormente, auxiliando na discussão e resolução dos objetivos e a problemática deste
estudo. Ela é um, método de coleta de dados, que se mostra pertinente a esta pesquisa,
pois considera importante o conhecimento de opiniões diversas sobre os objetos aqui
discutidos.
As pesquisas de opinião com caráter qualitativo estimulam os entrevistados a
pensarem livremente sobre o tema, objeto ou conceito pesquisado. Elas fazem emergir
aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de
maneira espontânea (CHAGAS, 2000). São usadas quando se busca percepções e
entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a
interpretação.
Sendo assim, as empresas observadas no estudo de campo, serão questionadas
sobre diversos enfoques da utilização das redes sociais digitais em suas estratégias
comunicacionais, bem como sobre sua cultura e comportamentos relacionais de seu
público interno. A pesquisa será estruturada em perguntas abertas e fechadas, conforme
a complexidade das informações.
O uso deste método para a coleta de dados diminui os desvios provenientes da
objetividade excessiva dos métodos convencionais, com ele o indivíduo é percebido
como parte ativa no processo de investigação (PIROLO; FACHI, 2001).
Sua consecução é pertinente por agregar valor à amostra observada, trazendo
informações de indivíduos que pertencem ou participam das organizações pesquisadas
sobre sua cultura, estratégias de comunicação e participação nas redes sociais digitais e
no cenário global da internet. O cruzamento das informações obtidas com a pesquisa de
opinião, com as faces práticas da comunicação organizacional da amostra em questão
proporcionará maior garantia quanto à veracidade e relevância dos dados no fechamento
deste estudo.
12
Considerações Finais
Com este breve estudo da arte, percebemos as alterações gradativas nos
paradigmas de interação e relação social, pautados pela popularização da internet, e do
conhecimento que a mesma gera a seus usuários. A comunicação mediada por
computador já alterou os hábitos e as faces da cultura de boa parte da população
mundial. Estas mudanças também estão afetando as organizações, as quais precisam se
adaptar a essas inovações.
A exposição dos percursos teóricos e metodológicos desta pesquisa, ainda em
fase de desenvolvimento, buscou discutir conceitos, ideias e perspectivas acerca do
fenômeno: internet, e principalmente a formação das comunidades virtuais (redes
sociais de relacionamento), que mediadas pela comunicação já se efetivaram na vida da
sociedade contemporânea.
Compreender (ou descobrir) as reais influências que as redes sociais digitais
estão (estarão) causando na vida e estrutura (profissional) das organizações. Como esta
mudança nos paradigmas de suas relações públicas e da comunicação afeta a cultura
organizacional (hábitos, crenças, políticas, normas); se ocorre; se é positiva ou negativa;
quais benefícios; e principalmente o modo mais eficaz para desenvolver, de modo
flexível e dinâmico, uma cultura que aceita, integra e contempla as evoluções das
mídias digitais em sua vida, é o que objetivamos descobrir ao finalizarmos o estudo.
Delinear um cenário mais claro sobre a relação/influência das redes sociais
digitais com organizações (cultura e comunicação), com certeza estará (re) significando
os modos e métodos de estar e pertencer; conversar e interagir; publicizar e
comercializar das organizações na internet (redes sociais de relacionamento digital).
Ao final, estas articulações são destacadas como pontos chave para fundamentar
teórica e prática, a primeira etapa desta pesquisa, e ao findar seus resultados, contribuir
para o melhor entendimento sobre a importância da comunicação das organizações nas
redes sociais digitais, e no mesmo grau de relevância, o significado destas plataformas
para seus usuários, sejam eles, clientes externos ou internos.
13
Referências
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