VII SEMEAD ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS: A VISÃO DOS ALUNOS E PROFISSIONAIS DA ÁREA Autores: Silvio Roberto Stefano Mestre em Administração – Gestão de Negócios – PPA/UEL-UEM Docente do Curso de Administração da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) e Faculdades Guarapuava. Professor em cursos de especialização nas áreas de Estratégia Empresarial, Empreendedorismo e Gestão de Pessoas. Rua Pres. Zacarias, 875 – Santa Cruz – Guarapuava PR E-mail: [email protected] Fone/Fax: (42) 621-1066 Solange Iatskiu [email protected] Graduanda em Administração Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO, Campus Universitário de Irati. PR 153, Km 07 – Riozinho, s/n, Irati – PR, CEP – 84500-000. Elaine Rodrigues Lopes [email protected] Graduanda em Administração Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO, Campus Universitário de Irati. PR 153, Km 07 – Riozinho, s/n, Irati – PR, CEP – 84500-000. RESUMO A vida educacional do ser humano está em constantes mudanças. Paradigmas estão sendo novamente estabelecidos, especialmente no que tange ao aprendizado e utilização dos subsistemas de gestão de pessoas nas organizações. Este estudo objetiva analisar a relevância do ensino dos subsistemas da gestão de pessoas e o processo de ensino-aprendizagem na perspectiva dos estudantes e profissionais da área. A pesquisa exploratória contou com levantamento de dados primários (pesquisa realizada com nove profissionais de gestão de pessoas da região Sul do Estado do Paraná e vinte e três alunos de graduação do curso de Administração da Unicentro, que cursam a disciplina de Recursos Humanos) e secundários (revisão bibliográfica e dados de outras pesquisas). A pesquisa é fundamentalmente qualitativa e o período é ocasional compreendendo os meses de março a maio de 2004. Os resultados demonstram a necessidade de reformulação das práticas didático-pedagógicas, contribuindo para a formação de gestores de pessoas, incluindo o desenvolvimento de estratégias interdisciplinares e a ligação da teoria a prática através da realização de estágios curriculares e extra-curriculares, visitas técnicas, estudos de casos e exercícios dos subsistemas da área de gestão de pessoas. Palavras chaves: Ensino Superior, Recursos Humanos e Processo ensino-aprendizagem. Ensino de Administração de Recursos Humanos: a visão dos alunos e profissionais da área 1 Introdução O papel da educação A educação é um fator muito importante como instrumento de mudança da sociedade, segundo Sérgio Hadad (2004), membro do secretariado Internacional do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, “Se um outro mundo é possível, então, com certeza, a educação deve estar no processo de transformação da sociedade”. A ciência administrativa vem passando por gradativas e constantes mudanças, a cada dia antigos paradigmas são quebrados e surgem novos pensamentos. Devido a crescente globalização e dos processos contínuos de transformação surge à necessidade de pessoas com formação sólida e generalista com capacidade de adaptação ao mercado já que torna-se cada dia mais forte a pressão e a influência das forças ambientais externas na vida das organizações e das pessoas. Dentro deste contexto, a função de recursos humanos precisou passar por gradativas transformações, o departamento de recursos humanos surgiu da necessidade de controlar as horas trabalhadas pelos funcionários para efeito de pagamentos e descontos, com o passar dos anos foram atribuídas mais funções, atualmente o contexto é extremamente complexo, com o aumento na instabilidade ambiental e a crescente competição entre as organizações a flexibilidade e a agilidade tornam-se fatores imprescindíveis para fazer frente ao processo de mudança que vem ocorrendo, os gestores de recursos humanos precisam dedicar-se menos à administração e mais à estratégia. Os profissionais de RH precisam encarar seu trabalho corrente como parte de uma cadeia evolutiva e explicá-lo com menor jargão e mais autoridade (UBRICH, 2001). A conseqüência desse processo de transformação será a exigência de maior empenho e competência do corpo gerencial em compatibilizar a criatividade com a escassez de recursos financeiros e a crescente competitividade vivenciada. Torna-se cada vez mais importante à função de RH dentro das empresas como meio para a condução de mudanças com o intuito de criar uma organização cuja atuação seja mais eficaz e efetiva em um ambiente extremamente instável, Ubrich (2001, p.280) afirma que “[...] as ferramentas para criar organizações competitivas provêm da redefinição e aprimoramento dos recursos humanos”. A educação desempenha um papel fundamental na contribuição para o êxito de um país, é uma fonte de vantagem competitiva, o recurso humano absorve tecnologia trazendo soluções para todos os tipos de organizações. Este estudo objetiva analisar a relevância do ensino dos subsistemas da gestão de pessoas e o processo de ensino-aprendizagem na perspectiva dos estudantes e profissionais da área. A pesquisa exploratória contou com levantamento de dados primários (pesquisa realizada com nove profissionais de gestão de pessoas da região Sul do Estado do Paraná e vinte e três alunos de graduação do curso de Administração da Unicentro, que cursam a disciplina de Recursos Humanos) e secundários (revisão bibliográfica e dados de outras pesquisas). A pesquisa é fundamentalmente qualitativa e o período é ocasional compreendendo os meses de março a maio de 2004. 2 Referencial Teórico 2.1 O Ensino de Administração A Administração surgiu da necessidade imposta pelo crescente numero de organizações cada vez mais complexas que surgiram ao longo do tempo, embora Administração como ciência exista a pouco tempo vem desempenhando um papel muito importante para as organizações e para a sociedade em geral, conforme Maximiano (2000, p.25), “o processo de administrar é relevante em diversas situações onde existam pessoas utilizando recursos com a finalidade de atingir algum objetivo”, qualquer tipo de organização, seja pública ou privada, surgiu em função de um objetivo, mas o que muitos não compreendem é que este jamais poderá ser alcançado se não houver um senso administrativo que impulsione a organização para este fim. Os profissionais de administração têm um desafio constante que é a obtenção de vantagem competitiva e o sucesso das organizações depende enormemente do conhecimento, qualificações e habilidades das pessoas. De acordo com Bohlander, Snell e Sherman (2003 p.02) “a chave para o sucesso de uma empresa está no estabelecimento de um conjunto de competências essenciais” Segundo os mesmos autores um dos desafios do profissional de Administração de RH é atingir vantagem competitiva sustentada por meio de pessoas, para isso é necessário atrair pessoas de valor com habilidades e conhecimentos diferenciados, de difícil imitação com capacidade de desenvolver uma força de trabalho organizada a fim de atingir os objetivos organizacionais, é necessário ver as despesas de RH como investimento estratégico e não como custo a ser minimizado. O gerenciamento estratégico das habilidades, conhecimento e das capacidades dos funcionários é muito importante, já que são os recursos mais distintos e renováveis sobre os quais uma empresa pode se basear. O profissional do terceiro milênio deve estar preparado para os novos desafios, o mercado competitivo aponta para a necessidade de mudança, desta forma o processo de aprendizado deve estar sintonizado com as mudanças tanto no ambiente institucional como no organizacional. Organizações privadas, governo e Instituições de Ensino Superior - IES devem estar engajados em oferecer ensino de qualidade com o objetivo de formar administradores capazes de atender as expectativas no que tange à melhoria da sociedade. É visível a necessidade de uma reformulação em todos os níveis do sistema de educação com o intuito de contribuir para a formação sólida e generalista de um profissional que se adapte ao mercado, que tenha condições de enfrentar os desafios da sociedade atual, identificando-se com questões culturais, ambientais e com valores éticos e de responsabilidade social. 2.2 A Evolução do Profissional de Gestão de Pessoas Desde a transformação de uma economia baseada na agricultura para uma economia industrial no final do século XVIII, muitas mudanças aconteceram, nos últimos tempos ocorreram constantes transformações mundiais que influenciaram excessivamente o desenvolvimento das organizações. Inicialmente houve a migração de milhares de pessoas para a industria, surgiu assim a necessidade de administrar pessoas, MARRAS (2003) classificou a evolução da gestão de pessoas em cinco fases: Contábil, Legal, Tecnicista, Administrativa e Estratégica. Segundo o autor a fase contábil e pioneira surgiu antes de 1930 devido a preocupação com os custos da organização, nesta fase as pessoas eram vistas somente sob enfoque contábil como se fossem máquinas. Entre 1930 e 1950 na fase legal o profissional denominado chefe de pessoal deveria preocupar-se com as leis trabalhistas. A fase tecnicista, que surgiu após 1950, alavancou a função de RH ao nível gerencial, representando para a organização e para os trabalhadores grande melhoria nas relações. Passou a existir como função de RH o treinamento, recrutamento e seleção, cargos e salários, higiene e segurança, benefícios entre outros. A fase administrativa (1965 a 1985) também conhecida como sindicalista devido a revolução movida pelas bases trabalhadoras é tida como um marco histórico onde houve uma nova mudança desta vez mais significativa na responsabilidade do então denominado gerente de RH, com o objetivo de transformar os procedimentos burocráticos e operacionais em responsabilidades voltadas para os indivíduos e suas relações. A fase estratégica surgiu após 1985 juntamente com os primeiros programas de planejamento estratégico relacionados ao planejamento estratégico central das organizações. Nesta fase há uma preocupação mais a longo prazo por parte das empresas com seus trabalhadores, o profissional de RH passa do nível tático para um nível mais alto como diretoria no nível estratégico dentro da organização. Para Milkovich e Boudreau (2000, p.504) os profissionais de recursos humanos devem possuir três competências básicas: 1) Conhecimento do negócio, ou seja, o entendimento dos aspectos financeiros, estratégicos, tecnológicos e organizacionais. 2) Fornecimento das práticas de recursos humanos, que consiste na capacidade de criar e implementar adequadamente atividades de recursos humanos, como recrutamento e seleção, remuneração, treinamento, estruturação organizacional, relações com empregados e comunicação. 3) Administração da mudança, que é a capacidade de gerenciar o processo de mudança e entender quais as mudanças necessárias, como a inovação e a criatividade. Para Bohlander, Snell e Sherman (2003) além dessas três competências o profissional de RH deve conquistar credibilidade pessoal e confiança, desenvolvendo relações pessoais com os clientes, demonstrando os valores da empresa, defendendo as próprias crenças e sendo justo ao lidar com os outros. Muito se tem exigido do profissional de gestão de pessoas, o que as empresas querem são pessoas capazes de aplicar práticas de RH com o intuito de executar estratégias, operar eficientemente, envolver e comprometer funcionários e gerenciar a mudança gerando valor para a organização e garantindo bons resultados em um mercado cada dia mais acirrado. “Nunca as pessoas foram tão importantes nas empresas quanto hoje”. (BOHLANDER, SNELL, SHERMAN, 2003, p.02) A administração de recursos humanos deve fornecer aos colaboradores boas condições ambientais e organizacionais para que desenvolvam seu trabalho de forma satisfatória, tanto para a empresa quanto para o próprio individuo. É necessário remunerar adequadamente, estimular a participação nas decisões da empresa bem como oferecer programas que incentivem o aperfeiçoamento e o desenvolvimento profissional. A necessidade de administrar pessoas é crescente e muito se discute sobre a carreira do profissional de RH, que deve estar de acordo com as expectativas da empresa, conforme MARRAS (2003) o profissional deve ter uma formação humanista, e principalmente ser dotado de uma empatia profunda para que possa estabelecer relações proveitosas tanto com os executivos da empresa como com os trabalhadores de chão-de-fábrica. Apesar da grande evolução do perfil do profissional de RH, ainda encontra-se nas empresas pessoas preocupadas meramente com funções burocráticas como folha de pagamento ou com questões legais, isso ocorre principalmente em empresas de pequeno e médio porte que não se adaptam as novas exigências do mercado, os profissionais devem desenvolver um perfil voltado para a liderança estratégica de forma a atender empresas com caráter inovativo. 2.3 Visão sistêmica da gestão de pessoas De uma forma geral a administração consiste em trabalhar com e através de pessoas com a finalidade de atingir determinados objetivos. É de responsabilidade do profissional de RH a integração dos demais profissionais para que atuem de forma proativa em busca de objetivos estabelecidos, sendo que resultados organizacionais alcançados têm relação direta com o desempenho de seus colaboradores. As atividades exercidas pelo administrador de gestão de pessoas são um conjunto de ações em que cada uma acaba afetando as demais, é preciso desenvolver e manter uma base ampla de informações referente ao ambiente interno e externo, utilizando o modelo sistêmico o profissional deve estar atento às interações e influências do ambiente onde esta inserido, já que, uma atividade praticada em uma área da empresa afeta a empresa como um todo. A área de RH é um órgão de assessoria ou seja não esta diretamente envolvida com a produção, é um provedor de serviços para as demais áreas, cabe aos gerentes e chefias a decisão final de pessoal. Entende-se que é um órgão de staff e conforme MARRAS (2003, p.46) “[..] sua ação esta limitada a influenciar e aconselhar as unidades de linha.” Abrangendo assim a atividade-meio da empresa. A área de Gestão de pessoas deve também levar em consideração o caráter contingencial, ou seja, de acordo com o ambiente em que a organização está inserida, sua estrutura, ramo de atuação, porte, demanda e níveis hierárquicos as atividades desenvolvidas pelo profissional de RH podem variar consideravelmente. De acordo com Palmeira (1999), o sistema de administração de recursos humanos divide-se em cinco subsistemas: a) provisão, engloba pesquisa de mercado de profissionais, recrutamento, seleção e integração de novos colaboradores; b) aplicação, esta relacionado à análise e descrição de cargos, planejamento e alocação, plano de carreiras e avaliação de desempenho; c) manutenção, envolve a administração de salários, plano de benefícios sociais, higiene e segurança do trabalho e relações trabalhistas; d) desenvolvimento, refere-se ao treinamento e ao desenvolvimento pessoal e organizacional; e) monitoração, este subsistema engloba banco de dados, sistemas de informação e auditoria de recursos humanos. A correta aplicação e desenvolvimento destes subsistemas garante a organização encontrar a pessoa certa para o cargo certo, estimula o comprometimento dos colaboradores com a organização, mantêm o desenvolvimento profissional podendo verificar seu desempenho bem como possibilita a aplicação de ações corretivas de acordo com a necessidade. 3 Método Este estudo tem como base uma pesquisa exploratória com levantamento de dados primários (pesquisa realizada com nove profissionais de gestão de pessoas da região Sul do Estado do Paraná e vinte e três alunos de graduação do curso de Administração da Unicentro, que cursam a disciplina de Recursos Humanos) e secundários (revisão bibliográfica e dados de outras pesquisas). A pesquisa é fundamentalmente qualitativa e o período é ocasional compreendendo os meses de março a maio de 2004. 3.1 Coleta de Dados A coleta de dados primários ocorreu através de questionários semi estruturados respondidos pelos profissionais de Gestão de Pessoas, aplicados pelos acadêmicos do 3º ano do curso de Administração da Unicentro/Irati. O universo compreende aproximadamente trinta profissionais de recursos humanos e a amostra compreende nove profissionais. A pesquisa realizada com os acadêmicos foi efetuada através de um questionário estruturado adaptado de (IKEDA, 2004), respondido pelos estudantes da disciplina, sendo que o universo compreende vinte e nove acadêmicos que fazem a disciplina de Recursos Humanos e a amostra compreende vinte e três acadêmicos. 4 Resultados e Discussão 4.1 Pesquisa realizada com profissionais da área de Gestão de Pessoas a) Perfil dos profissionais de gestão de pessoas: a amostra foi representada por seis homens e 3 mulheres, num total de nove, sendo que oito dos profissionais entrevistados possuem curso superior em diversas áreas como segue: quatro em administração, um em ciências contábeis, um em direito, um em administração e psicologia, um em letras português/inglês e serviço social. Destes cinco possuem curso de especialização em diversas áreas de conhecimento. O nono profissional entrevistado, não é graduado, mas possui curso técnico em contabilidade. Um dos profissionais entrevistados desenvolve o trabalho de “Head Hunter”, os demais trabalham na área de gestão de pessoas em empresas publicas ou privadas de diversos ramos. b) Pontos fortes e fracos da área de gestão de pessoas: os principais pontos fortes de acordo com os profissionais entrevistados estão relacionados com os benefícios oferecidos aos colaboradores, preocupação com a educação, desenvolvimento e integração destes, com o intuito de criar um clima organizacional que atenda as expectativas dos funcionários visando um maior comprometimento com a empresa e o aumento na produtividade e qualidade dos produtos e/ou serviços oferecidos. Os pontos fracos referem-se à falta de apoio do corpo diretor, escassez de recursos para investir na qualificação profissional dos colaboradores. Quando há preocupação da empresa em atender as necessidades dos colaboradores, buscando maneiras de propiciar um clima organizacional saudável o comprometimento destes para com a empresa tende a crescer, no entanto é importante verificar se o que a empresa oferece condiz realmente com o esperado, conforme Boog (1991) é preciso buscar o equilíbrio entre os objetivos das partes com o objetivo do todo, o colaborador precisa de uma participação inteligente, deve estar capacitado e estimulado para agir no interesse do todo. c) Principais atividades que a área de gestão de pessoas desenvolve: os profissionais entrevistados desenvolvem diversas atividades com o intuito de atingir os objetivos organizacionais, alguns com maior ênfase em procedimentos legais e burocráticos, meramente rotineiros, outros em manutenção de pessoas, de um modo geral todos coordenan atividades relacionadas aos subsistemas de gestão de pessoas. Quatro dos profissionais entrevistados demonstraram maior preocupação com o desenvolvimento de atividades relacionadas com a melhoria do clima organizacional e qualidade de vida no trabalho dos seus colaboradores d) Relação entre teoria e prática na área de gestão de pessoas: Todos reconheceram a importância da teoria vista nas universidades, mas reforçam a necessidade de desenvolver a teoria na prática, através de estágios ou mesmos visitas a empresas mais especificamente dentro da área de recursos humanos. e) Considerações dos profissionais da área de gestão de pessoas: lO RH é uma área vital dentro da empresa, assim como o comercial, finanças, produção e demais; lO profissional de recursos humanos deixou de ser aquele profissional extremamente burocrático e passou a ser mais gerencial, estratégico, desenvolvendo habilidades em todas as áreas da empresa; lMuitos profissionais se preocupam com cargos, salários, responsabilidade social, benefícios e esquecem da segurança de seus colaboradores; lPor detrás de uma empresa eficiente, lucrativa e competitiva no mercado sempre tem uma grande equipe de colaboradores; lAs pessoas vêem no profissional de gestão de pessoas um líder e este deve ter espírito de equipe e capacidade de trabalhar com os outros; lSe desejar ser profissional da área é interessante ingressar antes mesmo de concluir o curso, buscando aliar conhecimento técnico e conceitual com o prático; lAprimorar seus conhecimentos em subsistemas da área de RH, reconhecendo e dominando as ferramentas necessárias para a gestão da área; lOportunizar para que os alunos realizem estágios e/ou visitas em empresas dentro da área de recursos humanos; lSerem mais práticos do que teóricos; lEstágios não só no ultimo período e parte dele voltado à área de gestão de pessoas. 4.2 Pesquisa realizada com acadêmicos da disciplina de Recursos Humanos Imagem da disciplina de RH Com o objetivo de identificar como os alunos vêem a disciplina de RH utilizou-se uma escala semântica, onde os acadêmicos avaliaram várias características referentes à disciplina, foi calculada a média, sendo 3 o ponto neutro. Os resultados estão ilustrados no quadro 1. Quadro 1 – Imagem da disciplina de RH VARIÁVEL Fácil/difícil Teoria/prática Qualitativa/quantitativa Próxima da realidade/longe da realidade Tem conceitos sólidos/conceitos mal estruturados Forte/fraca Feminina/masculina Ética/anti-ética Confiável/não confiável Elitista/popular Alta tecnologia/baixa tecnologia Intuitiva/técnica MÉDIA 2,48 1,96 2,65 2,91 1,96 2,48 2,87 1,78 2,00 2,43 3,26 3,09 Analisando o quadro 1 nota-se que de um modo geral a disciplina de RH tem uma imagem positiva perante os alunos já que as médias ficaram em sua maioria abaixo do ponto neutro (3), ou seja, mais próximos das características positivas. Complementando o entendimento da imagem da disciplina de RH há a análise do grau de concordância em relação a variadas frases que se referem a disciplina em questão. Quadro 2 – Concordância em relação a várias frases que se referem à disciplina de RH (em %): Concordo Concordo mais Nem Discordo mais Discordo totalmente que discordo concordo/nem que concordo Totalmente discordo Gosto da disciplina de RH 39 48 4 4 4 Sou um bom aluno de RH 13 39 43 4 Gostaria de ter mais 35 26 22 4 13 disciplinas de RH RH é importante para 83 17 minha formação Gostaria de estudar RH com 69 22 9 casos brasileiros Gosto de estudar RH com 13 13 39 17 17 casos internacionais Gosto de estudar RH com 30 30 39 livros nacionais Gosto de estudar RH com 9 17 39 13 22 livros internacionais Gostaria de ter mais teoria 13 13 17 30 26 em RH Gostaria de aprender mais 78 22 sobre as práticas de RH Acho que terei boas 44 44 4 4 4 oportunidades profissionais estudando RH O profissional de RH na 4 22 22 52 minha opinião é picareta RH é minha disciplina 9 39 30 4 17 preferida Com base nos dados do quadro 2, pode-se afirmar que os estudantes possuem uma percepção positiva em relação a disciplina de RH, consideram que ela é importante para a sua formação profissional, embora não seja a disciplina favorita de todos, preferem estudar RH com livros nacionais e casos brasileiros, gostariam de aprender mais sobre as práticas de RH e não gostariam de ter mais teoria. Dos alunos entrevistados a maioria (80%) mostra-se confiante de que ter boas oportunidades profissionais estudando RH. Os entrevistados foram solicitados a apontar o melhor equilíbrio entre teoria e prática na disciplina de RH, com base nas respostas temos o resultado apresentado no quadro 3. Quadro 3 – Equilíbrio entre teoria e prática na disciplina de RH Mais teoria/conceitos 30% Mais aplicação/prática 48% Igual teoria/prática 22% Percebe-se que a maioria dos acadêmicos (48%) prefere que o equilíbrio entre teoria e prática seja de forma que tenham mais aplicação do que conceitos e teoria, a minoria (22%) gostaria que tivesse mesmo percentual de teoria e de prática. Habilidades e Competências de um professor de RH A fim de conhecer o que os alunos consideram importante em um professor de RH, foi solicitado que atribuíssem notas que variaram de “extrema importância” a “nenhuma importância”, às várias características conforme ilustrado no quadro a seguir: Quadro 4 – Habilidades e Competências de um professor de RH CARACTERÍSTICAS Extrema Muita Média Importância Importância Importância Ter experiência de mercado 65 17 17 Ser formado em boas escolas 22 39 35 Ter muito conhecimento 17 48 30 teórico Ter cursos no exterior 48 Ter vivência no exterior 35 Exigir dos alunos 22 35 43 Ser didático 57 30 9 Utilizar exemplos práticos 87 13 Ter doutorado 9 17 43 Dar feedback sobre meu desempenho 48 43 4 Ser acessível aos alunos 91 4 4 Ter carisma 65 26 8 Pouca Importância 4 4 Nenhuma Importância - 39 35 4 26 13 30 4 - 4 - - Na opinião dos alunos para ser um bom professor de RH é importante ter experiência de mercado, conhecimento teórico, deve ser exigente com os alunos e dar feedback sobre o desempenho destes, ser didático, utilizar exemplos práticos, ser acessível e ter carisma. Quando solicitados a escolher os dois itens mais importantes em um professor de RH, os respondentes apontaram o seguinte: 1o item mais importante: ter experiência de mercado. 2o item mais importante: utilizar exemplos práticos. Métodos e Estratégias de Ensino mais importantes em RH Para identificar quais os métodos e estratégias de ensino mais importantes em RH na opinião dos acadêmicos, foi solicitado que os mesmos atribuíssem notas que variaram de “ extrema importância” a “nenhuma importância” a uma série de recursos, conforma ilustrado no quadro abaixo: Quadro 5 – Métodos e Estratégias de Ensino mais importantes em RH RECURSOS Extrema Muita Média Importância Importância Importância Adoção de livro base 26 26 35 Adoção de apostilas 9 35 30 Indicação de livros complementares 26 52 22 Ter palestras 48 30 22 Utilização de textos em inglês ou em outras 4 22 línguas estrangeiras Realização de visitas a empresas 43 26 22 Utilização de recursos de informática 9 30 57 Utilização de cases 48 39 13 Aplicação de exercícios 39 52 4 Discussão em grupos 57 26 17 Gestão simulada (jogo de empresas) 52 22 17 Utilização de vídeos 22 43 35 Pouca Importância 13 17 - Nenhuma Importância 9 - - - 39 35 9 - 4 - 4 - 4 - 4 - Conforme ilustrado no quadro 5, os recursos de ensino considerados mais importantes são: palestras, realização de visitas às empresas, utilização de cases, aplicação de exercícios, discussão em grupos, gestão simulada e utilização de vídeos. Conforme respostas dos alunos, os dois métodos e estratégias de ensino mais importantes são as seguintes: 1o item mais importante: realização de visitas a empresas. 2o item mais importante: ter palestras. Formas mais eficazes de avaliação da aprendizagem de RH Foi solicitado aos alunos que indicassem os instrumentos que deveriam e que não deveriam ser aplicados para avaliar os conhecimentos em RH. Os resultados estão ilustrados no quadro 6. Quadro 6 – Instrumentos que devem ser aplicados na avaliação dos conhecimentos de RH (em %) INSTRUMENTOS SIM Prova escrita 65 Trabalho prático em grupo 100 Trabalho individual extra classe 43 Resolução de exercícios em classe (em grupo) 96 Discussão de casos 91 Prova oral 9 Seminários em grupo 78 NÃO 35 57 4 9 91 22 Conforme o quadro 6, foram apontados pelos alunos da disciplina de rh: trabalhos práticos em grupo, resolução de exercícios em classe também em grupo e discussão de casos foram os instrumentos mais indicados pelos alunos para avaliação de conhecimentos em RH. A maioria (91%) dos acadêmicos apontou que a prova oral não deve ser utilizada como forma de avaliação dos conhecimentos em RH. Foi solicitado aos acadêmicos pesquisados que apontassem a área de interesse profissional em que gostariam de atuar: 26% responderam que têm interesse de atuar na área de RH, os demais preferem outras áreas como marketing, finanças, produção, entre outras. 5 Considerações Finais O acelerado ritmo das mudanças e acirrada concorrência global, faz com que as organizações busquem constantemente atingir vantagem competitiva, seja por meio de novas tecnologias e informação ou através do desenvolvimento de novas habilidades. Muitas vezes as organizações tem grande potencial oculto na forma de recursos humanos, desta forma, é necessário saber fazer uso destes recursos reconhecendo o seu valor. Considerando que os cursos de Administração desempenham um papel muito importante na formação dos profissionais da área, entende-se que deve haver um maior comprometimento por parte das Instituições de Ensino Superior em oferecer ensino de qualidade para a formação de profissionais capacitados para contribuir com o desenvolvimento da sociedade. Cabe ao Administrador ter pleno conhecimento das condições do ambiente onde atua. E uma boa gestão de pessoas é fator crucial para produzir resultados satisfatórios para a organização. Qualidade de vida, respeito as pessoas, e um bom ambiente de trabalho faz grande diferença no desempenho dos colaboradores. Desta forma o profissional de gestão de pessoas deve estar apto a desenvolver seu trabalho de modo que assegure o comprometimento dos funcionários com os objetivos organizacionais. Deve adequar-se ao funcionamento da organização como um todo, contribuindo para o alcance de metas e otimizar o desempenho organizacional por meio da participação dos colaboradores (FEUERSCHUTTE; BRAND; CANCELLIER, 2004). O conhecimento e a correta aplicação dos subsistemas de gestão de pessoas de forma sistêmica e integrada é fator indispensável para fazer o melhor uso das pessoas dentro da organização. Referencias BOHLANDER, G.; SNELL, S.; SHERMAN, A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. BOOG, G.G. O desafio da competência. São Paulo: Best Seller, 1991. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. FEUERSCHUTTE, S.G.; BRAND, A.F.; CANCELLIER, E.L.P.L. Autopercepção da função estratégica dos profissionais de gestão de pessoas: um estudo em prestadoras de serviços de saúde. Estratégias para o Desenvolvimento e Inserção Global. 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